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UNIVERSIDADE

FEDERAL DO
ESTADO DO RIO DE
JANEIRO

Disciplina: Seminário de Práticas Educativas 1


Coordenador: Professor Dr. Charles Feitosa.
Atividade 1 – 2019/2

Aluno: Fabiano Pereira Silva


Matrícula: 18216080040
Polo: Professor Darcy Ribeiro – Volta Redonda

Texto 1

Qual a diferença entre tristeza e melancolia? Quais aspectos positivos e


negativos da tristeza?

Segundo Sigmund Freud (1915), a diferença entre tristeza e melancolia pode ser
observada na comparação entre luto e melancolia quando diz, que “O luto, via de
regra, é a reação à perda de uma pessoa querida ou de uma abstração que esteja
no lugar dela, como pátria, liberdade, ideal etc. A melancolia se caracteriza por um
desânimo profundamente doloroso, uma suspensão do interesse pelo mundo
externo, perda da capacidade de amar, inibição de toda atividade e um
rebaixamento do sentimento de autoestima, que se expressa em autorrecriminações
e autoinsultos, chegando até a expectativa delirante de punição”.
Portanto podemos inferir que a tristeza é um sentimento que será superado depois
de algum tempo, assim como o luto. Porém a melancolia seria um sentimento de luto
ou tristeza profunda, onde o indivíduo não consegue superar a perda, pois a mesma
foi retirada da consciência.
“O melancólico nos mostra ainda algo que falta no luto: um rebaixamento
extraordinário do seu sentimento de autoestima, um enorme empobrecimento do
ego. No luto é o mundo que se tornou pobre e vazio; na melancolia é o próprio ego.
O doente nos descreve o seu ego como indigno, incapaz e moralmente desprezível;
ele se recrimina, se insulta e espera ser rejeitado e castigado. Humilha-se perante
os demais e tem pena dos seus por estarem eles ligados a uma pessoa tão indigna.
Não julga que lhe aconteceu uma mudança, mas estende sua autocrítica ao
passado: afirma que ele nunca foi melhor. O quadro desse delírio de inferioridade –
predominantemente moral – se completa com insônia, recusa de alimento e uma
superação – extremamente notável do ponto de vista psicológico – da pulsão que
compele todo ser vivo a se apegar à vida”. Freud (1915).
Diante destes fatos podemos concluir que a melancolia é um comportamento
patológico que requer cuidados específicos e tratamento psicológico que coloca o
melancólico em um estado de doente sem a necessidade de contradizê-lo diante
das acusações contra o seu ego. Ainda refletindo a respeito desses sentimentos
podemos destacar pontos negativos e positivos da tristeza.
A tristeza é essencial no equilíbrio emocional. Faz-nos refletir e perceber melhor os
nossos sentimentos, ela nos permite fazermos uma avaliação interior de nós
mesmos. Não devemos demonizar este sentimento, pois a Bíblia nos relata
exemplos de homens e mulheres que sentiram tristeza como: Elias, Jeremias e
Noemi. Sendo assim devemos valorizar este sentimento como um aspecto positivo
para as nossas vidas, ela permite reconhecermos as nossas falhas, erros e
pensarmos que nem tudo é só felicidade que a frustração faz parte da vida e que
podemos superar e crescer como pessoa. Entretanto quando não superamos este
estágio de sentimento podemos entrar em um estado de tristeza profunda
desencadeando fatores patológicos que afetam o ego caracterizando a melancolia,
sendo assim um aspecto negativo da tristeza.
Texto 2

Qual a diferença entre raiva ou cólera e o ódio? Quais aspectos positivos e


negativos da raiva?

Segundo Aristóteles (2000), a diferença entre raiva ou cólera e o ódio é explicita


quando diz que, “a cólera, pois, provém daquilo que nos toca pessoalmente,
enquanto o ódio surge mesmo sem nenhuma ligação pessoal; de fato, se supomos
que uma pessoa tem tal ou tal caráter, nós a odiamos. Além disso, a cólera volta-se
sempre para o individual, por exemplo, para Calias ou Sócrates, mas o ódio volta-se
também para as classes de pessoas, pois todo homem odeia o ladrão e o sicofanta.
A primeira pode ser curada com o tempo, mas o outro é incurável. A cólera é o
desejo de causar desgosto, mas o ódio, o de fazer mal, visto que o colérico quer
notar o desgosto causado, enquanto ao que odeia nada importa. As coisas que
causam desgosto são todas perceptíveis, as que acarretam os maiores males são
as menos perceptíveis: a injustiça e a insensatez, pois a presença do vicio não nos
causa nenhum desgosto. A cólera traz consigo desgosto, mas o ódio não é
acompanhado de desgosto, visto que o colérico sente desgosto, enquanto aquele
que odeia, não. O primeiro poderia sentir compaixão em muitas circunstancias, mas
o outro, em nenhuma; um deseja que o causador de sua cólera sofra por seu turno,
enquanto o outro, que ele desapareça”.
Desse modo podemos entender que a raiva ou cólera é um sentimento que dá e
passa, ou seja, é momentâneo, tem um período de duração e está associado ao
sentimento de tristeza. Pois o colérico fica triste por algo que alguém fez contra ele e
logo pode ficar com raiva e também associada ao desdenho, pois sentimos raiva
quando somos desdenhados. Mas se tratando do ódio é um sentimento contrário ao
amor que está associado à maldade, um desejo de vingança seguido de violência ou
até morte. Por sua vez, este por um momento acaba gerando ações que nunca
poderiam resultar em boa coisa. Assim motivados por preconceitos surgiram os
denominados crimes de ódio, onde a vitima é escolhida por ser negra, mulher,
homossexual, índio, pessoa com deficiência, judeu, evangélico e etc. Entre estes
sentimentos existem outros sentimentos opostos aos mesmos, onde o contrário de
ódio é o amor e o de raiva ou cólera é a calma.
“Quando se acham em estado de ânimo contrário ao da cólera, é evidente que as
pessoas são calmas, como, por exemplo, no jogo, no riso, na festa, num dia feliz,
num momento de sucesso, na realização dos desejos e, em geral, na ausência da
dor, no prazer inofensivo e na esperança justa”. Aristóteles (2000). “Digamos a quem
se ama ou se odeia, e por que, após ter definido a amizade e o amor. Seja amar o
querer para alguém o que se julga bom, para ele e não para nós, e também o ser
capaz de realizá-lo na medida do possível. Amigo é o que ama e, por sua vez,
amado. Consideram-se amigos os que assim se acham dispostos reciprocamente”.
Aristóteles (2000). Consequentemente podemos observar ainda que entre estes
sentimentos a raiva possui aspectos positivos e negativos. Por exemplo, a dor que
funciona como um organismo de defesa do corpo, um alerta para que tomamos
providências, assim também é a raiva, um alerta que ativa nosso mecanismo de
proteção quando algo está nos agredindo ou oprimindo, ela pode aumentar a
determinação para superarmos obstáculos e problemas. Entretanto a raiva não pode
ser considerada como algo do mal, o que podemos fazer para que seja bem utilizada
está na maneira como reagimos diante dela. Mas quando somos controlados pela
raiva ficando irado com facilidade, esse sentimento descontrolado é perigoso, pois
causa um efeito extremamente mau sobre os relacionamentos, sentimentos e
comportamentos.
Diante dos fatos mencionados podemos concluir que a diferença entre raiva ou
cólera e ódio está na maneira como reagimos nesses estados de humor, ou seja,
depende das reações que expressamos. Assim sendo a raiva é algo passageiro e
momentâneo, ao contrário do ódio que é potencializado e prolongado. São
sentimentos que fazem parte da nossa vida e cabe a nós expressá-los de modo
controlado para serem apropriados.
Texto 3

Qual a diferença entre inveja e ressentimento? Quais aspectos positivos e


negativos da inveja?

A diferença entre inveja e ressentimento pode ser bem compreendida a partir das
citações abaixo.
“É verdade que a inveja é certo pesar pelo sucesso evidente dos bens já referidos,
em relação aos nossos iguais, não visando ao nosso interesse, mas por causa
deles. Tais pessoas, com efeito, sentirão inveja das que são iguais a elas ou
parecem sê-lo. Chamo iguais aos semelhantes em nascimento, parentesco, idade,
hábitos, reputação e bens. São igualmente invejosos aqueles há quem pouco falta
para possuírem tudo (por isso os que fazem grandes coisas e os felizes são
invejosos), pois creem que todos tentam arrebatar o que lhes pertence”. Aristóteles
(2000).
“O ressentimento é um afeto, ou uma constelação de afetos — composta de ira,
inveja, amargura, desejos de vingança, queixas melancólicas —, que desperta
reações ambivalentes. Ninguém quer se reconhecer como ressentido; o
ressentimento é condenado moralmente, tal qual a inveja, como uma disposição
mesquinha. É um afeto que "não ousa dizer seu nome". Não queremos nos
reconhecer como ressentidos, mas isso não impede que manifestações camufladas
do ressentimento sejam muito bem acolhidas e mesmo valorizadas socialmente. Se
o ressentido declarado é malvisto em razão da baixeza de seus sentimentos, o
ressentimento camuflado exibe traços que se confundem com pureza moral,
nobreza de espírito, e com as aflições secretas daqueles que nasceram com uma
sensibilidade privilegiada. A face sublime do ressentimento é aquela que se
apresenta como sinal de pureza moral. O ressentido é um nostálgico da inocência
perdida, um que se recusa a sujar as mãos no jogo bruto da vida e que suspira
inconformado, porque o mundo não está à altura de suas altas pretensões”. Maria
Rita Kehl (2004).
A inveja está associada ao desejo de possuirmos algo que não temos e vimos no
outro, já o ressentimento delegamos ao outro certa culpa por não possuirmos algo.
Entretanto quando sentimos angústia e raiva diante do que o outro tem e nós não
temos, ou seja, desejo de ter o que a outra pessoa tem e fica frustrado, rancoroso e
quer possuir seja bens materiais, qualidades ou atributos de outro, estamos
elucidando a inveja. Logo o ressentimento é um misto de sentimentos, onde
atribuímos ao o outro culpa por não possuir algo, por um estado de infelicidade,
desemprego e descontentamento, onde ruminamos isso transformando em rancor,
um ódio implícito e contido que não se expressa, mas está presente porque o outro
é a causa da minha dor.
Diante dos fatos mencionados podemos inferir que a diferença entre inveja e
ressentimento é extremamente explícita. Pois há uma distância muito grande entre
as definições, por ser a inveja um sentimento de tristeza e quanto ao ressentimento
é um misto de sentimentos que o torna em algo mais complexo e complicado, porém
não difícil de discernir. Continuando para a inveja podemos perceber aspectos
positivos quando observamos que o outro que é parecido conosco, tem aquilo que
não temos e que podemos também conseguir, ou seja, quando somamos esforços
para conseguir alcançar a mesma coisa demonstrando certa capacidade também.
Por outro lado podemos observar também aspectos negativos quando desejamos
que o outro não consiga porque nós não conseguimos, não procuramos o nosso
bem, mas desejamos que o outro perca o bem. Logo mesmo sendo sentimentos
presentes na sociedade e que compreendemos, porém não os admitimos ou
reconhecemos porque “o ressentimento é condenado moralmente, tal qual a inveja,
como uma disposição mesquinha”. Rita Kehl (2004).
Texto 4

Em que medida os afetos ditos negativos (tristeza, raiva e inveja) podem servir
de mobilização ou de imobilização para as práticas pedagógicas do educador?

Os afetos ditos negativos como tristeza, raiva e inveja fazem parte do nosso
cotidiano, estão presentes na vida de qualquer ser humano. Pois eles são
importantes para nos ensinarmos a conviver com as frustrações, afinal todos nós
passamos por momentos frustrantes na vida seja em casa, no trabalho, na escola ou
na faculdade e nos relacionamentos pessoais ou interpessoais. O problema não é
sentir essas emoções negativas, mas se tornar alguém dominado por elas. O
fundamental para que nos ajudem e não se tornem um obstáculo é saber lidar com
elas.
Esses afetos podem servir de mobilização para as práticas pedagógicas do
educador na medida em que ele saiba gerir as suas emoções, quando não são
dominados por elas e através de formação em educação emocional aprofundem o
seu conhecimento. Logo do lado oposto podem também servir de imobilização na
medida em que não saiba lidar com as suas emoções, sendo controlados por elas.
Entretanto as práticas são estimuladas a partir do momento em que o educador
utiliza a tristeza, a raiva e a inveja administrando as de forma positiva e a formação
em educação emocional nada mais é que a possibilidade de educarmos as nossas
emoções. Educadores que saibam lidar com as suas emoções desenvolvem melhor
e tem sucesso nas suas práticas pedagógicas.
Portanto quando o educador é dominado pelos aspectos negativos das emoções,
não sabe lidar com elas, não tem controle sobre ele mesmo, neutralizam as práticas.
Consequentemente práticas pedagógicas que valorizam e destacam os aspectos
positivos da tristeza, raiva e inveja tem a tendência de formar alunos capazes de
controlar as suas emoções e que saibam lidar com as frustrações da vida tornando
os pessoas capazes de se relacionarem com o mundo de forma saudável.
Um exímio educador preza pelo seu cuidado emocional quando trabalha de forma
saudável todas as suas emoções, pois interioriza e faz reflexões que são capazes
de gerar mudanças comportamentais que serão notórias por todos seja no ambiente
escolar ou não. Portanto hoje se faz cada vez mais necessário pessoas que saibam
gerir as suas emoções visto que vivemos em um mundo em evolução onde cada vez
mais indivíduos se tornam imediatistas.
Diante dos fatos mencionados podemos concluir que os afetos ditos negativos
(tristeza, raiva e inveja) podem servir de mobilização ou de imobilização para as
práticas pedagógicas do educador na medida em que são canalizados seja para os
aspectos negativos ou positivos. Quando utilizados de forma negativa podem deixar
consequências desastrosas, porém quando utilizados de forma positiva podem
contribuir para um desenvolvimento pessoal, emocional e profissional.

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