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PUC-SP
MESTRADO EM GERONTOLOGIA
SÃO PAULO
2017
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
MESTRADO EM GERONTOLOGIA
SÃO PAULO
2017
Banca Examinadora
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
Dedico está conquista:
A Profª. Drª. Maria Helena Villas Bôas Concone, minha orientadora, pelo
apoio, incentivo e orientação.
A Profª. Drª Maria Elisa Gonzales Manso, ao Profº. Drº. Luiz Alberto David
Araujo, pelo carinho, acolhida e aceite em participar da banca examinadora desta
dissertação, e as contribuições de extrema valia durante minha orientação.
Aos meus pais que desde criança me apoiaram e me incentivaram nos meus
estudos para meu aprendizado e crescimento intelectual.
Figura 12. Relação entre PIA e população idosa: número de pessoas em idade ativa
(15 a 64 anos) por idoso (65 anos ou mais)...............................................................38
Figura 13. Brasil: pirâmides populacionais sobrepostas (1980, 2010 e
2060)..........................................................................................................................39
Figura 15. Figura 15. Razão de Dependência (total e por grupos etários) -Variante
Média - Brasil, 2000 a 2050....................................................................................... 41
Figura 16. Brasil: despesas com previdência – aposentadorias e pensões por morte
do RGPS e do RPPS (2020 a 2060)..........................................................................42
AT Annuity Table.
CF Constituição Federal.
Dra Doutora.
Dro Doutor.
EC Emenda Constitucional.
EFPC Entidade fechada de previdência complementar.
MS Ministério da Saúde.
nº Número.
Prof° Professor.
Profa Professora.
The twenty-first century demographic revolution signals the rapid aging process in
the world, revealing a historical milestone in contemporary society that is the
Longevity Revolution, making existing notions of old age and retirement rethought,
with increased life expectancy. An elderly population presents social and economic
challenges, with systematic and endogenous changes in economic behavior,
specially on savings. This scenario requires adjustments and reforms in social
security and stimulus in pension funds helping people to a more balanced financial
situation throughout the life, generating welfare of the families. The objective of this
research was to outline the scientific approaches to aging in Brazil, identifying in
these approaches the intention of collaborating with the definitions of public policies
in the scope of social security and pension funds. The method used was the
bibliographic review called "state of the art" of the retrospective and secondary type.
With the definition of the descriptors the research was carried out in theses and
dissertations published during the last 10 years (2006 to 2016). In the qualitative
analysis, it was observed that the need for reforms and adjustments in social security
and the importance of fostering complementary social security as a long-term savings
instrument provides social welfare for families and contributes, above all, to the
country's development. It is concluded that aging engenders great human
development and challenges in the elaboration of public policies in diverse areas,
mainly creates opportunities in new products and services. Facing challenges in a
provident way will allow the aging of people with dignity and security in a
comprehensive social transformation of contemporary society.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 21
CAPÍTULO 1 – OBJETIVOS..................................................................................... 45
estruturador ............................................................................................................... 65
3.2.4 Trabalho IV: Estado, Políticas Públicas e Previdência Social no Brasil: uma
INTRODUÇÃO
Temática e Problematização
Em maio de 2012, entrou em vigor a Lei nº 12.618 que instituiu novo regime
de previdência complementar para o funcionalismo federal. A gestão da nova
previdência será de responsabilidade do Fundo de Previdência Complementar do
Servidor Público Federal (FUNPRESP) e cada um dos poderes da União terá o seu
próprio fundo (BRASIL, 2012).
de Bem-Estar Social tem por objetivo aliviar o desequilíbrio social, da proteção social
aos trabalhadores de forma compulsória e contributiva, sendo da competência
unicamente da União para legislar sobre seguridade social artigo 22, XXIII da
Constituição Federal (CF) (BRASIL, 1988).
Segundo a forma resumida por Leite, apud, Balera (1998, p. 17) 1, o conceito
de seguridade social é o conjunto de medidas com as quais o Estado, procura a
atender às necessidades básicas do ser humano, proporcionando tranquilidade ao
dia de amanhã.
1
Este conceito está exibido no livro Curso de Direito Previdenciário, organizado por Wagner Balera.
São Paulo. LTr, 1998.
24
2
Bismarck um dos grandes da História foi um estadista na Alemanha, cuja figura histórica, é
considerada, uma das mais importantes na segunda metade do século XIX e na primeira do século
XX. “Não se pode pensar a Alemanha moderna sem Bismark” (FERNANDES. M. L. 1974 p. 12 – Livro
BISMARCK – Biblioteca de História- grandes personagens de todos os tempos- Editora Três, Rio de
Janeiro).
25
3
O termo Estado do Bem-Estar Social (Welfare State) foi utilizado pela primeira vez em 1884,na
Noruega por Ebbe Hertzberg. (nota retirada de o livro curso de direito previdenciário, Fabio Zambitte
Ibrahim, 14ª edição, Rio de Janeiro, 2009, p.47).
4
“A abolição da miséria exige, em segundo lugar, um ajustamento das rendas, tanto nos períodos de
salários como nos de interrupção dele, às necessidades da família.” (BEVERIDGE, 1943, p. 13)- Livro
O Plano Beveridge, William Beveridge, Editora José Olympio, Rio de Janeiro, 1943. Original inglês:
Social Insuranceand Allied Services, Sir William Beveridge.
26
Estado do bem-estar social está associada à crise fiscal provocada pela dificuldade
em equilibrar os gastos públicos com o crescimento econômico (CANCIAN, 2007,
p.2).
Esse quadro pode ser visto atualmente no Brasil, quando o País está
enfrentando sua pior crise econômica das últimas décadas, com o aumento do
desemprego (14 milhões de pessoas), e a redução da arrecadação do sistema
previdenciário. Segundo projeções de estudo do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), o efeito do envelhecimento populacional deverá ser bastante
intenso e rápido impactando as contas da previdência social, o que deverá exigir
ajustes no sistema para garantir a sustentabilidade a médio e longo prazo da
Seguridade Social, conforme dados da Figura 1 (COSTANZI & ANSILIERO, 2017,
pp. 21- 22),
Figura 1. Brasil: despesas com previdência – aposentadorias e pensões por morte do RGPS e do
RPPS (2020-2060).
5
A previdência social no Brasil é adota o regime de repartição simples para seu financiamento, a luz
do artigo 195 da Constituição Federal de 1988 que cita que o sistema será financiado por toda a
sociedade e no artigo 10 da Lei 8.212 de 1991 que instituiu o plano de custeio da previdência social.
6
Dados do site do Ministério da Fazenda, 30/03/2017 (www.fazenda.gov.br).
7
Este dado consta da proposta orçamentária do Ministério da Previdência Social, aprovada em 2014
pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), servindo de subsídio para o projeto de Lei
Orçamentária Anual (LOA) 2015. (www.previdencia.gov.br).
28
No Brasil essa taxa reduziu para apenas 1,77%, o que não é suficiente para
cobrir o número de óbitos no país a cada ano. Conforme podemos observar na
Figura 2, que a redução da fecundidade começa na década de 60 e perpassa pelos
anos 80 e 90 (IBGE, 2010).
29
8
Mudança Demográfica no Brasil no Início do Século XXI Subsídios para as projeções da população.
IBGE, Rio de Janeiro, 2015.
31
Figura 6. Proporção de óbitos por causas segundo os grupos de idade- Homens- Brasil, 2009.
Fonte: MS/ SVS/ DASIS, Sistema de Informação sobre Mortalidade- SIM (2009).
Figura 7. Proporção de óbitos por causas segundo os grupos de idade- Mulheres- Brasil, 2009.
Fonte: MS/ SVS/ DASIS, Sistema de Informação sobre Mortalidade- SIM (2009).
34
Estudos mais recentes do IBGE (2013), com projeções para até 2060,
confirmam a trajetória do aumento da expectativa de vida, da população brasileira,
9
Transição epidemiológica refere-se às mudanças de longo prazo, nos padrões de morbidade,
invalidez, e morte de uma população e que em geral, ocorrem com outras transformações
demográficas sociais e econômicas. Há correlação direta entre os processos de transição
demográfica e epidemiológica, modificando o perfil de saúde da população com predominância de
doenças crônicas que implicam em anos de tratamento e utilização de serviços de saúde, ao invés
das doenças infecciosas que se resolvem rápido através da cura ou com o óbito.
Fonte: www.ibge.gov.br/pnad
35
De acordo com o último censo de 2010 do IBGE para cada 100 brasileiros, 69
estão em idade produtiva. Porém esse quadro só vai permanecer até a próxima
década. Conforme demonstrado na Figura 11, a seguir:
37
Figura 12. Relação entre PIA e população idosa: número de pessoas em idade ativa (15 a 64 anos)
por idoso (65 anos ou mais).
Fonte: World Population Prospects: The 2012 Revision, Disponível em: http://esa.un.org/unpd/wp
p/index.htm.
Dessa forma, o Brasil tem pouco tempo para aproveitar o bônus demográfico,
aumentar a produtividade, diminuir a pobreza e investir em infraestrutura econômica
e social.
Figura 15. Razão de Dependência (total e por grupos etários) -Variante Média - Brasil, 2000 a 2050.
Figura 16. Brasil: despesas com previdência – aposentadorias e pensões por morte do RGPS e do
RPPS (2020 a 2060)
A Lei Complementar n.º 109 de 2001 é a norma geral que dispõe sobre o
regime de previdência complementar, e regulamenta o artigo 202, caput da
43
CAPÍTULO 1 – OBJETIVOS
CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA
Idioma: português;
A primeira busca foi uma combinação do termo “previdência social” com cada
uma das demais palavras sendo: “previdência social” AND “envelhecimento”;
“previdência social” AND “demografia”; “previdência social” AND “economia”;
“previdência social” AND “longevidade”; “previdência social” AND “idoso”;
“previdência social” AND “velhice”; “previdência social” AND “fundamentos”.
Título da pesquisa;
Datada publicação;
Resumo da pesquisa;
Área do conhecimento.
Nº de trabalhos
Combinação das expressões e Nº de trabalhos
selecionados
palavras – chave encontrados
Previdência Social e
Envelhecimento
43 8
Previdência Social e
Demografia
11 4
Previdência Complementar
e Economia
28 3
TOTAL 89 15
Fonte: Pesquisadora.
Fonte: Pesquisadora.
Local e Ano
Ordem Título da Autor Palavras- chave ID para Publicação Área do
publicação consulta saber
Previdência social
Universidade MESQUITA, Seguridade social
I ENSAIOS SOBRE Federal do Riovaldo Risco de longevidade http://hdl.hand TESE Economia
SEGURIDADE SOCIAL NO Rio Grande Alves de Envelhecimento le.net/10183/7
BRASIL do Sul populacional 0013
(2012) Demografia
Previdência social
A PREVIDÊNCIA SOCIAL Universidade IBRAHIM, Seguridade social http://www.bdt
NO ESTADO do Estado do Fábio Financiamento d.uerj.br/tde_b Ciências
II
CONTEMPORÂNEO Rio de Zambitte Aposentadoria usca/arquivo.p TESE Humanas
FUNDAMENTOS, Janeiro Direitos fundamentais hp?codArquivo
FINANCIAMENTO E (2011) Direitos sociais =2637
REGULAÇÃO Regulação
REFORMA DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL: Universidade MARRI, Previdência social http://www.bibli
V SIMULAÇÕES E IMPACTOS Federal de Izabel Desigualdade de otecadigital.uf TESE Economia
SOBRE OS DIFERENCIAIS Minas Gerais Guimaraes gênero mg.br/dspace/
DE GÊNERO (2009) Microssimulações handle/1843/A
MSA-7ZTH32
ENSAIO DE UMA DIDÁTICA
DA MATEMÁTICA COM Universidade Didática da
FUNDAMENTOS NA Estadual MATTIAZZO Matemática Educação
VI
PEDAGOGIA HISTÓRICO- Paulista- Cardia, Matemática e http://hdl.handl TESE para a
CRÍTICA UTILIZANDO O UNESP Elizabeth seguridade social e.net/11449/10
Ciência
TEMA SEGURIDADE (2009) Matemática e 1987
SOCIAL COMO EIXO previdência social
ESTRUTURADOR
* UnB/UFPB/UFRN- Universidade de Brasília, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
** FGV- Fundação Getúlio Vargas.
55
Ibrahim (2011) que uma reforma mais adequada estaria traçada em três
pilares de previdência social, apresentada sob novos fundamentos. O primeiro pilar
seria compulsório, público e universal, exigindo requisitos mínimos como idade, por
exemplo, e um benefício básico.
A tese defendida pela autora Maria Aura Marques Aidar, publicada em 2014,
tem como tema central o estudo dos aspectos relativos aos idosos, com uma análise
subjetiva do velho e seu problema no contexto social, como o aumento da
expectativa de vida e o impacto nas contas públicas. A autora também aponta a
60
O trabalho apresenta uma discussão sobre a Previdência Social, que tem por
objetivo prover um benefício na doença, velhice e morte e que pelas dificuldades
econômicas geram a necessidade de políticas públicas, para que os benefícios
previdenciários tenham cobertura para uma vida digna.
As leis e políticas públicas que têm o idoso como foco principal é outro ponto
discutido pela autora. A Organização das Nações Unidas (ONU) se destacou como
motivadora de leis e políticas públicas, para que o direito da cidadania dos idosos
seja respeitada, o quem nem sempre é visto na sociedade.
A tese aborda a velhice como uma forma de problema social no Brasil, pela
atenção dada pela ONU a este tema, mas principalmente pela fragilidade que se
encontra boa parte dos idosos no país. Esta situação acaba por excluir os idosos da
sociedade, pois são carentes de recursos, sem acesso a informação, com serviços
de saúde precários.
A autora Aidar (2014) conclui seu trabalho como principal ponto a ser
considerado, a educação contínua, para os velhos e para os jovens. Ela defende o
desenvolvimento do censo crítico e da consciência política, de modo que os
processos políticos sejam associados como direitos sociais e conclui que é preciso
se preparar para a vida, para o reconhecimento do outro, para a cidadania e para o
direito de reivindicar. Quem se organiza, avança.
Nos Estados Unidos, a autora apresenta uma dicotomia para a questão dos
cuidados de longa duração, onde idosos pobres são assegurados por programas
assistências públicos e os idosos com melhores condições de renda possuem várias
alternativas de programas e modalidades oferecidas pelo setor privado.
10
O BPC é um benefício da assistência social assegurado pelo Governo, à luz da Lei nº 8.742 de
07/12/1992 – Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). O valor do BPC corresponde ao valor de
um salário mínimo, pago para pessoas idosas com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência de
qualquer idade e que não têm direito à previdência social. Para se ter direito a renda familiar nos dois
casos deve ser inferior a 1/4 do salário mínimo. Não há pagamento de 13º nem direito a pensão por
morte.
64
Os impactos das alterações nas regras do BPC merecem outro olhar nos
resultados, por ser um benefício assistencial e que atende a população de
baixíssima renda. Aumentar a idade para a elegibilidade ao recebimento, bem como
a redução do valor do benefício, afetaria negativamente as mulheres que são a
maioria que percebem o BPC, aumentando a desigualdade entre os idosos.
11
Esta realidade aplica-se principalmente às famílias de baixa renda que não possuem recursos para
terceirizar o cuidado com familiares (filhos e idosos), segundo informado na conclusão do trabalho.
12
Segundo nota do trabalho a linha de pobreza foi definida em ½ salário mínimo vigente em 2006,
tendo como referência a renda familiar per capita. A redução do valor da pensão segundo a idade dos
filhos não teria impactos significativos sobre o número de pobres.
65
renda, estimulando assim o mercado de trabalho dessas pessoas que não possuem
incentivos a contribuir, já que possuem um benefício assistencial garantido pelo
sistema de igual valor e em idade muito próxima da aposentadoria.
Por fim, a conclusão da autora é que todas alterações das regras que foram
dispostas no trabalho, tendem a aumentar o diferencial de renda entre os gêneros,
observando-se maior redução na renda média das mulheres e contribuindo para o
aumento da pobreza entre as famílias e mulheres, destacando que as políticas
públicas que não levarem em consideração estes impactos, sugere o aumento
indesejado de desigualdade de renda entre os sexos na velhice.
Esta tese desenvolvida pela autora Cardia Elizabeth Mattiazzo (2009), que é
professora, teve como abordagem de pesquisa o ensaio de uma Didática da
Matemática, embasada na Pedagogia Histórico- Crítica e foi desenvolvida com a
participação de professores e alunos de escolas públicas na aplicação de conteúdos
66
Por fim, a autora Mattiazzo (2009) concluiu que os conhecimentos das áreas
de matemática e atuarial podem ajudar-nos a compreender e avaliar o sistema de
seguridade social contribuindo para suas reformas, quando necessárias e ainda
67
13
Regime financeiro orçamentário ou repartição simples consiste na arrecadação dos recursos
suficientes para cobrir as despesas esperados do mesmo exercício. Não há constituição de reservas
matemáticas para fazer frente aos compromissos calculados sob esse regime.
14
O regime financeiro de capitalização prevê acumulação de recursos, durante a fase laboral, para
pagamento dos benefícios futuros. Neste regime há constituição de reservas matemáticas.
68
idosos com idade avançada, em seus próprios lares, com enfermeiras e médicos
alocados para este tipo de atendimento, permitindo desafogar os hospitais do
sistema público.
O autor Felix (2009), citou em seu trabalho opinião da Dra. Ana Amélia
Camarano de Mello Moreira, pesquisadora do IPEA, em temas como
envelhecimento populacional, demografia e arranjos familiares. Camarano destaca a
falta de atenção à formalização do mercado de trabalho, e a retração do emprego
que causam maior impacto no equilíbrio das contas da previdência social do que o
envelhecimento populacional. Camarano ainda ressalta a necessidade de
70
15
AEPS Infologo é o Anuário Estatístico da Previdência Social que reúne dados históricos da
Previdência Social, sendo instrumento como principal fonte de informações para pesquisadores,
estudantes, gestores públicos e privados. Está disponível no site: www.previdencia.gov.br.
72
Por fim a autora Lima (2013), conclui que o equilíbrio financeiro e atuarial é
fundamental para garantia do pagamento de benefícios previdenciários a longo
prazo e indica como uma das alternativas para o financiamento, a técnica de
segregação de massa, e a adoção de modelos híbridos de financiamento como vem
acontecendo em experiências internacionais observadas em países como a França,
Itália, Espanha e Estados Unidos.
73
O autor Vigna (2006), fez uma breve síntese do histórico regulatório que
aprovou as alíquotas de contribuição do imposto previdenciário, onde transcrevo na
íntegra a seguir, para melhor entendimento dos resultados do estudo:
Quando a LOPS (Lei Orgânica da Previdência Social – Lei nº 3.807 de
26/08/1960) foi aprovada, as alíquotas de contribuição do imposto
previdenciário eram de 6,8% do salário-de-contribuição pagos pelo
trabalhador, além de outros 6,8% referentes à participação do empregador.
Em 1972, a Lei nº 5.859 elevou ambas alíquotas para 8%. Em 1981,
introduziu-se a progressividade das alíquotas: a mais alta, para salários
entre 15 e 20 salários-mínimos. Em 1989, a Lei nº 7.787 elevou a alíquota
de contribuição dos empregadores para 20% da folha de pagamentos. Em
agosto de 1995, passou a vigorar nova escala de alíquotas de contribuição
dos trabalhadores, variando de 7,65% a 11%, determinada pela Lei 9.032
de 28/04/1995 (VIGNA, 2006, p.35).
25,2% maior comparada ao cenário da coluna “1960”. Desta forma, podemos afirmar
que os aspectos demográficos impactam o regime previdenciário quando financiado
pelo regime de repartição.
16
Taxa de reposição previdenciária corresponde ao percentual do benefício pago pela Previdência
Social comparado ao rendimento bruto, recebido na ativa.
77
Figura 17. Distribuição das pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de
referência, por sexo, segundo as Grandes Regiões – 2º trimestre de 2013.
Fonte: IBGE, Diretora de Pesquisa, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua 2013.
Figura 18. Distribuição das pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de
referência, por posição na ocupação no trabalho principal, segundo as Grandes Regiões – 2º
trimestre de 2013.
Figura 19. Percentual de pessoas com carteira de trabalho assinada na população de pessoas de 14
anos ou mais de idade, empregadas no setor privado no trabalho principal, segundo as Grandes
Regiões – 2º trimestre de 2012 e 2013.
Fonte: IBGE, Diretora de Pesquisa, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua 2013.
Outro ponto que a autora Cavallieri (2009), constatou em sua análise é que a
Emenda Constitucional nº 20/98 não expandiu os direitos sociais com a inclusão da
população que está fora do sistema previdenciário, por estarem inseridos no
mercado informal de trabalho, restringindo apenas aos direitos trabalhistas e
previdenciários, dispondo apenas sobre os assuntos atuariais, demográficos e
fiscais. As novas exigências para concessão da Aposentadoria por Tempo de
Contribuição geraram redução no número de novos benefícios reduzindo as
despesas previdenciárias no período entre 1998 e 2000.
Um ponto crítico do trabalho foi que a reforma foi conduzida sem considerar
as necessidades reais da maioria excluída, sem o debate com a participação da
população, ficando restrita a pequenos grupos, resultando em uma reforma precária
e sem bases sólidas de sustentação.
período laborativo. O autor Souza (2015), salienta que a partir da década de 1970 se
inicia o período de acumulação financeira por todo o mundo, notadamente, gerando
maior mobilidade do capital e a desregulamentação dos sistemas financeiros. O
autor ressalta uma característica importante do ciclo de expansão financeira, os
chamados investidores institucionais17, tendo como papel de destaque os Fundos de
Pensão que são instituições, sem fins lucrativos, que arrecada contribuições dos
participantes em período laborativo, sendo estes recursos investidos no mercado
financeiro com o objetivo de auferir rentabilidade, a longo prazo, para no futuro
promover o pagamento de benefícios previdenciários, estruturado no regime de
capitalização, se tornando um agente capitalista adotado no mundo todo.
17
Investidor Institucional é uma instituição financeira ou estatal que investe no mercado de capitais.
São considerados investidores institucionais o Estado e outras instituições públicas, os bancos, as
seguradoras, os fundos de investimento, os fundos de pensões e outras entidades que invistam no
mercado de capitais comprando e vendendo grandes quantidades de valores mobiliários. Pelos
grandes volumes de títulos que movimentam nos mercados financeiros, os investidores institucionais
são considerados como os mais importantes agentes no mercado de capitais, atuando com uma
perspectiva de longo prazo e muitas vezes assumindo riscos mais elevados desde que as
expectativas de retorno sejam elevadas. Por: Paulo Nunes Economista pela Universidade Nova de
Lisboa, professor universitário nas áreas da economia e da gestão, gestor e consultor de empresas.
Mail de contacto: geral@knoow.net
83
o
Art. 1 A relação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e
empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto patrocinadores de
entidades fechadas de previdência complementar, e suas respectivas
entidades fechadas, a que se referem os §§ 3o, 4o, 5o e 6o do art. 202 da
Constituição Federal, será disciplinada pelo disposto nesta Lei Complementar
(BRASIL,2001).
o
Art. 1 O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado
de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, é
facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício, nos
termos do caput do art. 202 da Constituição Federal, observado o disposto
nesta Lei Complementar (BRASIL, 2001).
o
Art. 2 O regime de previdência complementar é operado por entidades de
previdência complementar que têm por objetivo principal instituir e executar
planos de benefícios de caráter previdenciário, na forma desta Lei
Complementar (BRASIL,2001).
18
Disponível em: http://www.previdencia.gov.br/.
84
O autor Souza (2015), conclui com sua pesquisa, que o Estado atua na
economia através dos Fundos de Pensão, visando a expansão financeira do
capitalismo que utiliza o mercado financeiro se articulando com investidores públicos
e privados e ainda ressalta a importância do aprofundamento da pesquisa teórica e
empírica sobre Fundos de Pensão, que servem de instrumentos oferecidos pelo
direito econômico, pela sociologia economia e pela economia política e sugere cinco
linhas de pesquisas:
O terceiro trabalho foi elaborado por Luis Felipe Lopes Martins (2015), que
investigou a adesão automática no sistema de previdência complementar fechada, a
partir do conceito de racionalidade, tendo como base a Análise Econômica e
Comportamental do Direito. O autor Martins (2015), verificou que existem desvios de
racionalidade das pessoas na hora de decidir sobre sua participação na previdência
complementar, onde ele chama de vieses cognitivos.
O autor Martins (2015), destaca sua conclusão baseado nos resultados das
pesquisas quantitativas, onde indicam que o percentual de pessoas que optam por
sair do sistema de previdência complementar é bem menor que o percentual de
pessoas que opta por aderir aos planos e por tanto, a regulação jurídica do sistema
deve levar em consideração esses resultados para garantir o bem-estar das
pessoas.
89
CONSIDERAÇÕES FINAIS
19
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, com sede em Paris na França é um
organismo composto por 34 membros. Reúne os países mais industrializados do mundo e alguns países
emergentes atuando nos âmbitos internacional e intergovernamental. Fonte: WWW.sain.fazenda.gov.br
20
PLDO 2016 (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias):http://bit.ly/1KiiUpu
90
O aumento médio da taxa de poupança no futuro será provável uma vez que
a estrutura populacional será composta em grande parte por trabalhadores e idosos
com alto nível de poupança. Mas é importante destacar, que este efeito só será
alcançado através de políticas públicas que criem incentivos para a poupança
privada em instituições confiáveis para os investidores. O Brasil ainda terá um
período de bônus demográfico até 2030, segundo projeções do IPEA, onde pessoas
em plena atividade devem ser incentivadas a poupar, se preparando para um
período de aposentadoria com ganhos extras de vida, e com recursos que possam
manter suas necessidades e seu bem-estar (COSTANZI & ANSILIERO, 2017).
Segundo Vales et al., (2015, p. 47) “É preciso traçar uma estratégia para
enfrentar necessária e simultaneamente os dois desafios ditos gêmeos: poupança e
previdência complementar”,
A poupança de longo prazo, não visa apenas proteger as famílias para o seu
bem-estar social, mas para projetos de investimentos de longo prazo, sobretudo na
área de infraestrutura, ampliando o desenvolvimento do país.
[...] a capacidade das pessoas que avançam em idade terem uma vida
produtiva na sociedade e na economia. O que quer dizer que possam
determinar a forma como repartem o tempo entre as atividades de
aprendizagem, o trabalho, o lazer e os cuidados a outros (OCDE, 2000).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
___________. Direito Previdenciário. 8° ed. São Paulo. Ed. Quartier Latin, 2010
MARTINS, S. P. Direito da seguridade social. 23° ed. São Paulo: Editora Atlas,
2006.
TAVARES, M. L. Direito previdenciário. 14° ed. 14ª ed. Niterói, Rio de Janeiro:
Impetus, 2012.
e/bitstr eam/handle/10438/1788/Bruno.Vigna.pdf?sequence=4&isAllowed=y>.
Acesso em jan de 2017.