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Tema: Globalização

Data: 15/11/19

Introdução (Mariana)

A globalização destaca-se como um dos grandes temas da atualidade cobrindo uma grande
variedade de temáticas distintas como a política, a economia, a cultura e o ambiente.
Dentro das diversas perspetivas é importante referir que a globalização não é um fenómeno
puramente económico e técnico, mas sim um processo complexo e multidimensional (envolvendo
diferentes atores e tocando diversos âmbitos da vida dos homens e mulheres contemporâneas),
insere-se na trajetória do capitalismo e da economia do mercado.
Por fim, a planificação do presente trabalho obedece assim, a três capítulos: 1. Impacto da
globalização; 2. vantagens da globalização; 3. desvantagens da globalização.

(VÍDEO)

1. Impacto da globalização (Jéssica)

A globalização é um dos processos de aprofundamento internacional da integração económica,


social, cultural e política que foi impulsionada pelo barateamento dos meios de transporte e
comunicação dos países no final do século 20 e início do século 21.

O termo “globalização” surge a propósito de diversos factos, contextos e circunstâncias tais como:
deslocalização de uma fábrica; de grandes marcas e produtos desportivos, de cadeias alimentares,
entre outros; utilização da internet e/ou meios de comunicação; dos produtos num supermercado;
do funcionamento dos mercados (trabalho, capitais, bens e serviços); de problemas ambientais;
da competitividade das empresas; das migrações internais e do comercio internacional.

Nos termos da Comissão Mundial sobre a Dimensão Social da Globalização «A globalização é


um fenómeno complexo de muitas repercussões. Não é, por conseguinte, surpreendente que o
termo “globalização” tenha adquirido numerosas conotações emocionais (...). No limite ela é
considerada como uma força irresistível e benéfica que trará́ a prosperidade económica a todos
os habitantes do mundo. No outro extremo, vê-se nela a fonte de todos os males
contemporâneos.».
Santos (2001) afirma que a globalização é um “fenómeno multifacetado com dimensões
económicas, sociais, políticas, culturais, religiosas e jurídicas interligadas de modo complexo. É
resultado do surgimento de uma economia mundial, da expansão dos laços transnacionais entre
unidades económicas que criam novas formas de tomada de decisão coletivas, do
desenvolvimento de instituições intergovernamentais e como que supranacionais.”

2. Contextualização histórica (Jéssica)

Embora o termo “globalização” (com o sentido que hoje conhecemos) seja relativamente recente
e só́ se tornou recorrente na última década do século 20 (anos 90), a origem do processo a que
chamamos globalização parece ser bastante mais remota.

Para alguns autores os primórdios da globalização remontam aos séculos 15 e 16 com as grandes
navegações e descobertas marítimas (expansão ultramarina empreendida pelo mundo Ocidental,
designadamente pelos portugueses e espanhóis). Neste contexto histórico, os europeus entraram
em contacto com povos de outros continentes, estabelecendo relações comerciais e culturais.

No século 18 com a Revolução Industrial, verificou-se um crescimento acentuado do processo de


globalização através do surgimento e desenvolvimento de novas formas de transporte (navios e
comboios a vapor); progressão das máquinas nas fábricas, entre outros.

Porém, a globalização tornou-se mais recorrente no final do século 20, logo após as
transformações sociopolíticas nos países do Leste Europeu e na União Soviética ao longo da
década de 80 que conduziram, por um lado, à abertura política e económica deste conjunto de
países ao modelo ocidental e, por outro lado, no plano ideológico, representaram um forte abalo
no modelo alternativo que constituíam. Por outras palavras, o neoliberalismo ganhou força na
década de 1970 e como tal, impulsionou o processo de globalização económica.
3. Impacto da globalização

3.1 Dimensão cultural (Mariana)

Segundo Alexandre Melo (2002) muitos dos marcos da história dos povos podem ser conhecidos
como uma progressão da globalização cultural, nomeadamente, o surgimento da linguagem, da
escrita e da moeda.

Vantagem

A globalização cultural permite o fluxo de ideias, informações, valores, gostos, opiniões e práticas
culturais. Admitindo assim, desenvolvimentos culturais e transnacionais e ligam culturas que
anteriormente se encontravam isoladas.

Nesta perspetiva a globalização representa a coabitação cultural e preservação de várias


identidades. Por exemplo, a cadeia McDonald’s, encontra-se presente por todas as cidades e
países.

Desvantagem

Perante o aumento de imigrantes que trazem novos costumes, muitas pessoas receiam que o seu
país esteja a tornar-se fragmentado, que os seus valores estejam a perder-se. Assim, gerir a
diversidade cultural tornou-se num dos principais desafios do mundo atual, não só́ para alguns
países, mas para a grande maioria (Castells, 2002; PNUD, 2004).

Por outro lado, atualmente verifica-se a estandardização, ou seja, a cultura é cada vez mais
investida de dinâmicas de ordem económica, sendo associado com aquilo que pode ser vendido e
comercializado. Os padrões de consumo tornaram-se mundiais (América do Norte): marcas como
a Adidas, Nike; cultura pop, etc.

Assistimos, assim, a um processo de uniformização das culturas, de extinção da diversidade


cultural. De facto, muitas tradições culturais e linguísticas estão em vias de extinção, através da
adoção de uma cultura e/ou de uma língua dominante, na maioria dos casos vindas dos E.U.A e
do Mundo Ocidental.
3.2 Dimensão tecnológica e científica (Jéssica)

A dimensão tecnológica e científica constitui um aspeto central do processo de globalização, na


medida em que este processo é em larga medida definido pela forma de tecnologia disponíveis
(McMahon, 2001).

Vantagem

A primeira grande transformação na globalização ocorreu graças aos avanços tecnológicos no


campo da comunicação e dos meios de transporte. Tal configuração tornou possível o
conhecimento, a comunicação interpessoal e o acesso à informação em tempo real e em qualquer
parte do mundo, diminuindo o isolamento social, económico e geográfico. Exemplo: surgimento
da Internet (“sociedade em rede”).

Desvantagem

Por outro lado, verifica-se uma discrepância de acesso ainda muito grande: os países
industrializados, com cerca de 15% da população do planeta, representam 88% dos utilizadores
da internet (Castells, 2002; Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 1999).

Vantagem

A expansão da internet e dos restantes meios de comunicação veio acelerar o processo de


descobertas científicas e permitir um intercâmbio mais rápido e simplificado entre a comunidade
científica (Castells, 2002).

Desvantagem

Contudo, com o surgimento da globalização o conhecimento científico passou a ser determinado


por uma lógica de competição no mercado global não havendo lugar para a investigação não
lucrativa. Por exemplo, há́ medicamentes que tem prioridade visto que permitem rentabilizar os
investimentos, e é impedida a sua produção a um custo mais baixo para evitar perda de lucros.
3.3 Dimensão económico-política (Sara e Ângela)

As posições assumidas sobre o fenómeno são díspares e bastante antagónicas, chegando em


alguns casos a raiar o fundamentalismo. Mas sejam elas quais forem, é um dado adquirido, tratar-
se de um fenómeno que passou por fases marcantes, que o consolidaram e tornaram irreversível.

Vantagens

Segundo Soros (2003), as empresas privadas são mais eficazes na criação de riqueza do que os
Estados. A livre competição global liberou incentivos e talento empreendedor, além de acelerar
inovações tecnológicas.

A liberalização do mercado permitiu a livre circulação de pessoas, bens e capitais e


consequentemente melhorou a relação entre países; o crescimento de novos serviços e postos de
trabalho; melhoramento a nível das remunerações e condições de trabalho; crescimento da riqueza
e consequentemente emancipação de milhões de pessoas.

Igualmente, verificou-se uma descida no preço médio dos produtos (embora não seja uma
caraterística constante). Através da integração da política mundial, muitos produtos começaram
a serem produzidos em escala e com preços reduzidos, sendo largamente difundidos em todo o
lado.

Desvantagens

O fenómeno da globalização não tem em conta as desigualdades existentes, tendo provocado a


marginalização daqueles que não estavam preparados para o receber e que não tinham
conhecimento nem preparação para as novas regras impostas - mercados globais.

Por outras palavras, a expansão do fenómeno é desigual visto que beneficia os países
desenvolvidos ao contrário dos países em desenvolvimento que se tornaram dependentes
economicamente. Igualmente verifica-se uma má distribuição de recursos entre bens privados e
públicos.

No campo económico, uma das maiores desvantagens é a desigualdade. A expansão das empresas
multinacionais contribuiu para a diminuição dos preços, contudo, prejudica a livre concorrência
visto que as maiores instituições/empresas controlam a maior parte do mercado mundial. Além
disso, o deslocamento das fábricas permite a aquisição de matérias-primas e de mão-de-obra
barata verificando-se posteriormente uma redução dos salários, o que contribuiu para a
desregulamentação progressiva da lei do trabalho.
A relação entre o ser humano e o trabalho também sofreu alterações, tornou-se flexível nas
remunerações e condições de trabalho, mas desigual nas possibilidades de realizações pessoais
oferecidas ao trabalhar e também mais precária no sentir de menor garantia de estabilidade.

A globalização gera crescimento assimétrico e desequilibrado, ou seja, verifica-se um aumento


dos fluxos relacionados com a imigração laboral, de zonas mais pobres para regiões mais ricas;
também ela, geradora de tensão social e políticas em muitos dos Estados afetados.

Por fim, no campo financeiro uma das maiores desvantagens é a forma como consegue disseminar
rapidamente crises económicas especulativas - “os mercados financeiros globais são propensos a
crises”, ou seja, os mercados servem para facilitar a livre troca de bens e serviços entre a
população, mas muitas das vezes não são capazes de cuidar de necessidades coletivas. Por
exemplo, a crise imobiliária dos EUA (2008), foi sentida no mundo inteiro, ou seja, provocou um
colapso dos sistemas de especulação, ampliando as taxas de desemprego e das dividas públicas.

3.4 Dimensão ambiental (Sara)

Os problemas ambientais constituem uma das dimensões mais impactantes da globalização,


tornando-se notória pela população em geral.

Desvantagens

A evolução científica no fim do século 20 e o ritmo consumista cada vez mais intensificado
colocaram em risco o ambiente (desflorestação, desertificação, poluição dos oceanos, destruição
da camada do ozono). As perigosas alterações climáticas ameaçam produzir uma deslocação
humana em massa e o colapso dos meios de subsistência, com repercussões extensíveis para além
das localidades diretamente afetadas.

Vantagens

A população iniciou uma tomada de consciência e reflecção acerca dos problemas ambientais
ocorrentes (PNUD, 2007) – a chamada “world risk society” (Beck, 1992).

Na 2a metade do século 20, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano
(1972) iniciou-se um movimento ambientalista internacional e da ecologia política à escala
internacional (Deléage, 2000). Posteriormente foi criado o Protocolo Quioto e outras medidas de
prevenção relativas ao meio ambiente.
O Protocolo de Quioto consiste num acordo com a ONU, que determina que os países
industrializados certos limites que este tem de cumprir relativamente à emissão anual de gases
(diminuição das emissões) que contribuem para o aquecimento da atmosfera, isto é, o efeito de
estufa.

4. Antiglobalização (Ângela)

Surgiu nos anos 90, para descrever o movimento de oposição aos aspetos capitalistas-liberais da
globalização. A contestação e o desafio à globalização neoliberal traduziu-se num crescente
reconhecimento de identidades comuns, visões partilhadas e objetivos entre redes, organizações
e indivíduos envolvidos nos mais diversos movimentos sociais.

Os acontecimentos de Seattle (Novembro, 1999)


Este movimento impedia a tomada de certas decisões e o cancelamento de encontros devido à sua
forte adesão.

O Fórum Social Mundial (Janeiro, 2001)


O objetivo deste movimento foi discutir criticamente as consequências económicas, sociais e
ambientais da globalização e desenvolver propostas alternativas que promovam uma globalização
ética e solidária.

O Fórum Social Português (1o Fórum: Junho, 2003; 2o Fórum 2006)


Surgiu através da influência do Fórum Social Mundial, tendo como lema “um outro mundo e um
outro Portugal são possíveis”. Este movimento sucedeu para tentar combater a especulação
financeira e defender a regulação dos movimentos de capitais.
Conclusão (Mariana)

Em suma, podemos considerar que a globalização é um processo dinâmico, complexo e


multidimensional. Insere-se em diversas áreas sociais como um único processo, que atua em
distintas dimensões. Atualmente, verifica-se que a sua ação permitiu uma evolução e melhoria do
nosso dia-a-dia, contudo acelerou as questões da desigualdade em diversos aspetos.

Este fenómeno deu início à mais de um século, desenvolveu-se nas últimas décadas, e tem sido
reconhecido e definido desde então. Tratando-se assim de um processo de mudança, que ocorre
de forma gradual nas diversas dimensões referidas anteriormente.

Assim pode-se afirmar que a globalização é, um processo moroso e incompleto que permite a
conexão entre diferentes pontos do mundo de modo a aproximar mercadorias, pessoas, costumes,
tradições, informação, entre muitas outras.

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