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Sumário
Aula 01: Propedêutica Obstétrica Complementar ............................................................................................................ 1
Aula 02: Assistência ao parto baseada em evidências ...................................................................................................... 7
Aula 03: Elementos e mecanismos do parto .................................................................................................................. 35
Seminários: O que vai ser cobrado em cada um............................................................................................................. 43
Conceito:
Exames complementares de rotina da gestante:
o Os exames que fazem parte da Propedêutica Obstétrica Complementar, cujo objetivo é
identificar condições de adaptação as mudanças induzidas pela gravidez e estabelecer o
risco materno ou fetal.
o São procedimentos de rastreamento que visam à prevenção, e ou a identificação precoce
de intercorrências clínicas preexistentes ou obstétricas aquelas que se desenvolvem
durante a gravidez.
Exames complementares de gestante
o Exames de rotina
Não invasivos
Laboratoriais: Patologia clínica
Imagem: ultrassonografia
o Exames especiais
Não invasivos
Ecocardiografia fetal (indicações precisas)
Ressonancia Nuclear Magnética (ex: em casos de placenta prévia com
acretismo placentário – invasão ao miométrio, podendo chegar até a cerosa
uterina, com altíssimo risco para sangramentos na ocasião do parto, por isso
devemos conhecer bem a RNM para conhecer melhor esse grau de invasão
para se preparar melhor para o parto).
Invasivos
Amniocentese, biopsia de vilo corial (quando há suspeita de uma
cromossomopatia, a biopsia é guiada por USG)
PRIMEIRA CONSULTA:
Tipagem sanguínea
o Grupo sanguíneo e Fator Rh ( se a tipagem sanguínea ado pai for desconhecido, devemos
considera-la como Rh positivo.)
o Pesquisa de Anticorpos Irregulares – PAI, quando pertinente
Hemograma
Glicemia de jejum
2 Larissa Nóbrega ( med 71)
Perfil tireoidiano* (não pedir rotineiramente, mas em alguns casos como com tireoide aumentata,
com ganho de peso exagerado no período inicial da gestação, história familiar de tireoideopatias)
Sorologias: sífilis, toxoplasmose, HIV, Hepatites B e C*, rubéola*
Urina tipo I
Parasitológico de fezes
Colpocitologia oncótica (faz parte da rotina, mas deve seguir o protocolo de rastreamento)
ACOMPANHAMENTO LABORATORIAL
Entre 12 e 16 semanas:
o Urocultura (independente de sintomas, justificado pelo aumento da frequência urinária,
situação comum a quem tem ITU)
Mensalmente:
o Teste de Coombs indireto (Pesquisa de Anticorpos Irregulares – PAI) (para aquelas que
tem Rh negativo. Só passa a ter valor significativo com valor igual ou superior a 1/8. Caso dê
1/1 ou ½ pode estar identificando alguma situação autoimmune, como lupus)
Bimensalmente:
o Sorologias para Toxoplasmose se a gestante apresentar IgG e IgM negativos (suscetível)
Segundo trimestre (entre 24 e 28 semanas):
o TOTG 75 g com coleta tríplice
Terceiro trimestre (entre 28 e 32 semanas):
o Hemograma, Sorologias para Sífilis, anti HIV 1 e 2, HBSAg, Urocultura
Terceiro trimestre (entre 34 e 37 semanas):
o Pesquisa para Estreptococos B (risco de septicemia grave)
PRIMEIRA CONSULTA
Ultrassonografia obstétrica
o Solicitar sob demanda:
Quando há dúvida ou desconhecimento da DUM;
Início tardio do pré-natal;
Sangramento genital qualquer durante a gestação;
Discrepância IG e AFU (altura de fundo de útero): a maior ou a menor;
3 Larissa Nóbrega ( med 71)
Suspeita de insuficiência cervical; (em idade em que alguma providência possa ser
tomada, ou seja, entre 13-15 semanas, sendo a 14sem a melhor. Então, quando na
12sem já podemos pedir exame para avaliar o colo uterino)
Suspeita de óbito fetal; (quando não conseguimos detector batimentos fetais)
Suspeita de rotura prematura das membranas.
o Não existem dados até o momento que suportem sua recomendação como rotina. De igual
forma, não há evidência da sua efetividade na redução da morbimortalidade materna e
perinatal (grau de recomendação A). Se for solicitada, na ausência de indicações específicas,
a época ideal seria em torno de 16 a 20 semanas de gestação, quando podemos detectar
malformações fetais e calcular a idade gestacional (grau de recomendação A).
INTERPRETAÇÕES
Tipagem sanguínea
o Grupo Sanguíneo – Sistema de classificação ABO (A, B, AB e O) e Fator Rh – Sistema de
Classificação Rhesius (Rh- quando a Fração D– (Du-) ou Rh+ quando a Fração D+ (Du+))
o Se a mãe é Rh – (negativo, Du – ) e o parceiro Rh – (negativo, Du – ) = não há
discordância, não há seguimento;
o Se a mãe é Rh – (negativo, Du – ) e o parceiro Rh + (positivo) = há seguimento: com
Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI) – Teste de Coombs Indireto, mensalmente);
o Teste de Coombs indireto positivo, procede-se a titulação e realiza-se seguimento com o
Protocolo de Isoimunização pelo Fator Rh;
o Importante: Sendo a tipagem sanguínea do parceiro desconhecida tratar com sendo Rh
+.
Hemograma
o Série vermelha, Série branca e Plaquetas
o Hematimetria: Hemácias, Hemoglobina ≥ 11 g/dl e hematócrito ≥ 33% (VCM, CHCM e
HCM), “anemia fisiológica da gravidez” – 50% volume plasmático e 25% volume
eritrocitário;
o Leucometria: Numero total – 8.000 a 16.000 mm3, o quadro clínico geral deve nortear a
investigação das leucocitoses e leucopenias;
o Plaquetas: entre 150.000 a 400.000 /mm3 (≥ 100.000 mm3).
Obs: se na pré-eclampsia tiver plaquetas menores que 100.000, podemos ter a
situação de uma Síndrome de HELLP
Sorologia para Sífilis
o Testes treponêmicos: alta especificidade; alta sensibilidade,
4 Larissa Nóbrega ( med 71)
OBS: dando positivo, devemos tratar a gestante para prevenir a infecção fetal. O protocolo
diz que se houver rotura das membranas que perdure mais que 18 horas, entre a ocorrência
do nascimento do bebê, eu tenho que iniciar antibiótico. O de escolha é a Penicilina
Cristalina ou as Cefalosporinas de primeira geração ou Ampicilina. Para alérgicos:
Clindamicina.
Para aquelas que não fizeram a pesquisa para o estreptococo, não devemos trata-las,
mesmo decorrido o período de mais que 18h.
7 Larissa Nóbrega ( med 71)
Obs: Diretriz de Assistência ao parto normal do Ministério da Saúde (consultar resumo das recomendações
publicado este ano, é um de capa azul com uma gestante na capa).
- Período expulsivo
Posição contraindicada: mulher deitada com as pernas levantadas ( “posição de frango assado”,
talha litotômica) compressão aortocava, aumenta tempo do período expulsivo, etc.
8 Larissa Nóbrega ( med 71)
Posições permitidas: de cócoras, na cadeira de parto, de quatro, na cama ppp, em pé, etc...Inclusive
em analgesia, ela pode escolher a posição.
- Episiotomia
Desnecessária.
Meta: períneo íntegro.
- Terceiro período:
Cuidados com o bebê (contato precoce pele a pele do bebe com a mãe, cobrir com campo aquecido;
clampeamento oportuno/tardio apenas quando para de pulsar – contraindicado em casos de mãe
HIV+; evitar postergar todos os procedimentos: estimular amamentação)
OMS: duas ampolas de ocitocina IM para prevenir hemorragia pós-parto (a mulher pode optar por
não fazer ocitocina, quando em parto fisiológico, amamentando, etc). 4 ampolas IV na cesariana.
SLIDES
NÍVEIS DE EVIDÊNCIAS
Revisão sistemática, metanálise > ECR> Coorte > Caso controle > Séries de casos > Opinião dos
especialistas
Ia Metanálises de ensaios clínicos randomizados
Ib Estudos clínicos randomizados
IIa Ao menos um estudo clínico bem desenhado sem randomização
IIb Ao menos um outro tipo de estudo bem desenhado
III Estudos descritivos bem desenhados
IV Relatos de comitês de experts e/ou experiência clínica de autoridades
9 Larissa Nóbrega ( med 71)
GRAUS DE RECOMENDAÇÃO
A: Exige ao menos um ECR como parte de experiência clínica publicada de boa qualidade e
dirigida à recomendação específica (níveis Ia, Ib)
B: Exige a disponibilidades de estudos controlados bem desenhados mas não randomizados
relativos à recomendação (níveis IIa, IIb, III)
C: Exige evidências obtidas de relatos de comitê de experts ou opiniões e/ou experiência clínica
de autoridades reconhecidas. Indica a ausência estudos clínicos de boa qualidade (nível IV).
LOCAL DO PARTO
Parto domiciliar
Casas de Parto
Centros de Parto Normal dentro ou próximo do complexo hospitalar
Parto hospitalar em suítes de parto
Parto hospitalar em ambiente cirúrgico
Olsen O, Clausen JA. Home versus hospital birth (Cochrane Review, 2012)
Um ECR incluindo 11 mulheres
Boa qualidade mas muito pequeno para extrair conclusões
Não há evidências fortes para favorecer tanto o parto hospitalar planejado como o parto
domiciliar planejado
Evidências de estudos observacionais sugerem que o parto domiciliar associa-se a menor taxa de
intervenções médicas, sem aumento da chance de efeitos maternos / neonatais adversos:
necessária RS desses estudos
10 Larissa Nóbrega ( med 71)
Hodnett ED, Downe S, Walsh D, Weston J. Alternative versus conventional institutional settings for
birth (Cochrane Review, 2012)
10 ECR: 11.795 mulheres
Parto vaginal espontâneo: RR = 1,03 (1,01 – 1,05)
↓ necessidade de analgesia: RR = 0,80 (0,74 – 0,87)
↓ necessidade de ocitocina: RR = 0,77 (0,67 – 0,88)
↓ episiotomia: RR = 0,83 (0,77 – 0,90)
↑ amamentação com 6-8 semanas: RR = 1,04 (1,02 – 1,06)
↑ visão muito positiva da assistência: RR = 1,96 (1,78 – 2,15)
Não houve associação com desfechos maternos e perinatais adversos (morbidade materna,
HPP, escores de Apgar, admissão em UTI neonatal, mortalidade perinatal)
Locais de parto alternativos (CPN, PPP) de base hospitalar associam-se com aumento da chance
de parto espontâneo, redução de intervenções médicas e aumento da satisfação materna.
Tanto mulheres como gestores devem ser informados sobre os benefícios do parto nesses
locais.
Sandall J, Soltani H, Gates S, Shenam A, Devane D. Midwife-led versus other models of care for
childbearing Women. Cochrane Review, 2016.
15 ECR: 17.674 mulheres
Menor risco de analgesia regional: 0,85 (0,78 – 0,92)
Menor risco de episiotomia: 0,84 (0,77 – 0,92)
Menor risco de parto instrumental: 0,90 (0, 83 – 0,97)
Maior chance de parto espontâneo: 1,05 (1,03 – 1,075)
Menor risco de parto prematuro < 37 sem: 0,76 (0,64 – 0,91 )
Menor risco de morte fetal/neonatal: 0,84 (0,71-0,99)
Menor taxa de amniotomia: 0,80 (0,66 – 0,98)
Menor risco de perda fetal < 24 semanas: 0,81 (0,66 – 0,98)
Maior chance de ser atendida pelo mesmo provedor no parto: 7,04 (4,48 – 11,08)
Sem diferença na taxa de hospitalização antenatal, cesariana, indução do parto, uso de
ocitocina, HPP, laceração perineal requerendo sutura, início da amamentação, BPN, escores de
Apgar, admissão em UTIN e duração da hospitalização neonatal.
achieve clinically important improvements in maternity care, particularly around normalising and
humanising birth, and preventing preterm birth should consider midwife-led continuity models of
care and consider how financing of midwife-led services can be reviewed to support this.
TRICOTOMIA
SUPOSTOS BENEFÍCIOS (JOHNSTON & SIDALL, 1922; KANTOR ET AL., 1965)
o Higiene
o Redução da infecção na cesárea e no parto normal
o Facilita a sutura perineal
o Basevi V, Lavender T. Routine perineal shaving on admission in labour (Cochrane Review,
2014)
3 ECR = 1039 mulheres
Não houve diferença na morbidade febril materna (OR 1,14; IC 95% 0,73-1,76)
Não houve diferença nas taxas de infecção e deiscência perineal no ECR mais
recente (500 mulheres)
No ensaio clínico menor, as mulheres que não foram tricotomizadas
apresentaram menor colonização por bactérias gram negativas (OR 0,83; IC 95%
0,70-0,98)
As evidências para que se recomende a tricotomia de rotina no pré-parto são
insuficientes
RESUMO DAS EVIDÊNCIAS ATUAIS
o Não existem evidências que recomendem sua utilização rotineira
o Em cirurgia já está comprovado o aumento do risco de infecção quando mais de uma
hora transcorre entre a tricotomia e a incisão da pele
o O procedimento aumenta o risco de infecção por HIV e hepatite para a parturiente e para
o pessoal de saúde
RECOMENDAÇÕES (OMS)
o NÃO REALIZAR TRICOTOMIA DE ROTINA
o Evitar tricotomia para os partos normais, salvo se for solicitado pela parturiente (devem
ser explicados os riscos e a falta de necessidade)
o Caso se verifique indicação de cesárea, realizar a tricotomia (aparar e não raspar!) DO
LOCAL DA INCISÃO imediatamente antes do procedimento
ENEMA ROTINEIRO
SUPOSTOS BENEFÍCIOS
o Estímulo das contrações uterinas
o O intestino vazio facilita a descida da cabeça
o Redução da contaminação no período expulsivo
o Redução do risco de infecção materna e neonatal
DESVANTAGENS
o Prática incômoda
o Considerada constrangedora por diversas mulheres
o Pequeno risco de lesão intestinal
o Risco de eliminação de fezes liquefeitas no período expulsivo
o Uso rotineiro já abandonado até mesmo em cirurgia geral quando são realizadas cirurgias
de cólon.
o Projeto ACERTO: evitar enemas!
o ACERTANDO A RECUPERAÇÃO TOTAL PÓS-
o OPERATÓRIA
Reveiz L, Gaitán Hg, Cuervo Lg. Enemas during labour (Cochrane Review, 2013)
o 4 ECR = 1917 mulheres
o Ausência de efeitos sobre infecção neonatal e puerperal
o Não previne a eliminação de fezes no 1o. e no 2o. estágio do TP
o Não afeta a duração do TP nem a dinâmica uterina
15 Larissa Nóbrega ( med 71)
MONITORIZAÇÃO MATERNA
AVALIAÇÃO
o Sinais vitais
o Bem-estar
o Diurese
o Dinâmica uterina
o Exame vaginal (toque): restringir!
o Avaliação da progressão do tp
TOQUE VAGINAL
TOQUE VAGINAL INTRAPARTO PARA MELHORAR DESFECHOS MATERNOS E PERINATAIS
o 2 ECR: 457 mulheres
o 1 ECR toque retal vs. vaginal (307 mulheres)
o 1 ECR toque vaginal 2/2 vs. 4/4 horas (150 mulheres)
o Toque retal não previne infecção; toque retal mais desconfortável
o Toque 2/2 vs. 4/4h: sem efeitos na duração do TP e outros desfechos
17 Larissa Nóbrega ( med 71)
MONITORIZAÇÃO FETAL
AUSCULTA INTERMITENTE
o Estetoscópio de Pinard
o Estetoscópio
o Sonar
o A cada 15-30 minutos (1º estágio do TP)
o Após cada contração (2º estágio do TP)
o Simples, fácil utilização e garante liberdade na movimentação
CARDIOTOCOGRAFIA CONTÍNUA
CARDIOTOCOGRAFIA INTRAPARTO CONTÍNUA
o 13 ECR = > mais de 37.000 mulheres (CT vs. AI ou CI)
o Não houve diferença na mortalidade perinatal e PC
o Redução de 50% nas crises epilépticas neonatais
o Aumento da taxa de cesárea (RR 1,63; IC 95%1,29-2,0,7)
o Aumento dos partos instrumentais (RR 1,15; IC95%1,01-1,33)
RECOMENDAÇÕES DA OMS: BAIXO RISCO
o Ausculta fetal intermitente a intervalos
30 minutos: fase ATIVA
15 minutos: período EXPULSIVO
o Não há evidências de que a monitorização fetal eletrônica melhore os resultados
perinatais
18 Larissa Nóbrega ( med 71)
PARTOGRAMA
Acompanhar a evolução do TP
Documentar o TP
Diagnosticar alterações no TP
Indicar a tomada de condutas apropriadas para correção destes desvios
Evitar intervenções desnecessárias
Uso não foi validado para partos domiciliares
MONITORAMENTO DO PROGRESSO DO TP: PARTOGRAMA
PARTOGRAMA
Lavender T, Hart A, Smyth RMD Effect of partogram use on outcomes for women in spontaneous
labour at term (Cochrane Review, 2013)
6 ECR: 7706 mulheres (somente 2 ECR partograma ou não)
Não houve diferença na incidência de cesárea, parto instrumental ou baixos escores de Apgar
Linha de ação com 3 horas x 4 horas: maiores taxas de cesárea e uso de ocitocina
Partograma sem fase latente: menores taxas de cesárea
Uso do partograma resultou em redução do risco de cesárea em países de baixa renda (1 ECR)
Com base nos achados desta revisão, nós não podemos recomendar o uso rotineiro do
partograma como parte do manejo padrão do TP. Tendo em vista que o partograma tem
atualmente uso disseminado e é geralmente aceito, parece razoável que, até que mais forte
evidência esteja disponível, o uso do partograma seja localmente determinado. Novos ECR são
necessários para estabelecer a eficácia do uso do partograma.
PARTOGRAMA: CRÍTICAS
Os dados de Friedman (1954) são antigos, têm casuística escassa (n=500) e não refletem
necessariamente o padrão “normal” de evolução do TP
Cerca de 50% das mulheres não dilatam 1cm/hora até alcançarem 5-6cm
Estudos recentes (ZHANG et al., 2010) demonstram padrão de evolução diferente que pode ser
usado para definir fase ativa
PARTOGRAMA: REFLEXÕES
O uso do partograma não foi validado com base nas mais recentes evidências científicas
No entanto, recomendamos a sua utilização para:
o Documentar o trabalho de parto
o Identificar e corrigir possíveis distocias
o Ter parâmetros objetivos para transferência
o Proteção profissional
19 Larissa Nóbrega ( med 71)
USO DE OCITOCINA
O uso de rotina não é recomendado
Pode ser usada para tratamento de parada de progressão associada à hipoatividade uterina,
encurtando a duração do trabalho de parto (prevenção do parto prolongado?)
Não reduz a taxa de cesariana
Não é recomendado de rotina para prevenir parada da progressão quando se faz analgesia
peridural
Uso judicioso com baixas doses
20 Larissa Nóbrega ( med 71)
OCITOCINA + AMNIOTOMIA
o Relaxamento (Smith CA, Levett KT, Collins CT, Crowther CA. Relaxation techniques for
pain management in labour. Cochrane Review, 2011.
11 ECR = 1374 mulheres
Relaxamento ↓ a dor durante a fase latente e tardia do TP
↑ satisfação com o alívio da dor
↓ risco de parto instrumental
Yoga ↓ dor e duração do TP e ↑ satisfação com o TP
o Aromaterapia (Smith CA, Collins CT, Crowther CA. Relaxation techniques for pain
management in labour. Cochrane Review, 2011.
2 ECR = 235 mulheres
Não houve diferença na intensidade da dor, parto instrumental, cesárea e outros
desfechos perinatais
Mais pesquisas são necessárias
o Biofeedback (Loayz IMB, Solà I, Prat CJ. Biofeedback for pain management during
labour. Cochrane Review, 2011.
4 ECR = 186 mulheres (alto risco de bias)
Não houve diferença na intensidade da dor, parto instrumental, uso de ocitocina,
analgesia, cesárea e outros desfechos perinatais
Mais pesquisas são necessárias
o TENS (Dowswell T, Bedwell C, Lavender T, Neilson JP. Transcutaneous electrical nerve
stimulation (TENS) for pain relief in labour. Cochrane Review, 2011.
19 ECR = 1671 mulheres
Não houve diferença significativa na intensidade da dor
↓risco de dor grave (TENS nos pontos de acupuntura): RR= 0,41 (0,32 – 0,55)
A maioria das mulheres referiu que usaria o TENS novamente
Evidências limitadas
Mulheres deveriam ter a chance de usar o TENS
Cluett E R, Burns EE. Immersion in water in pregnancy, labour and birth (Cochrane Review, 2011)
12 ECR = 3243 mulheres
Imersão em água durante o primeiro estágio do parto reduz efetivamente a dor e a necessidade
de analgesia
↓duração do 1o. estágio do parto (média de -32,4 minutos)
Não há diferença em relação a cesariana, parto instrumental, uso de ocitocina, infecção
materna, trauma perineal e resultados neonatais
Aumento da satisfação com a experiência do nascimento
Imersão em água durante o TP.
Apoio (apoio contínuo intraparto) - doulas
POSIÇÃO NO PARTO
Posição horizontal (talha litotômica) (Laborie-Duncan)
Posição lateral (sims)
Parto vertical
o Sentada
o Semi-sentada
o Cócoras
o Ajoelhada
Quatro apoios
PARTO VERTICAL
Gupta JK, Hofmeyr GJ, Smyth R. Position in the second stage of labour for women without
epidural anaesthesia (Cochrane Review, 2012)
o 22 ECR (heterogêneos): 7280 mulheres
o Benefícios das posições verticais/laterais
o Desvantagem da posição vertical: maior perda sanguínea **, sem necessidade de
transfusão
o Mulheres devem ser encorajadas a parir na posição mais confortável.
Kibuka M, Thornton JG. Position in the second stage of labour for women with epidural
anaesthesia (Cochrane Review, 2017)
o 5 ECR=879 mulheres (posição vertical vs. deitada)
o Não houve diferença nos principais desfechos
o Evidências insuficientes para fazer recomendações
o Mulheres com analgesia peridural devem ser encorajadas a parir na posição que
preferirem ou acharem mais confortável
o Novos ECR necessários com maior tamanho amostral (2 ECR em andamento)
Kemp E, Kingswood CJ, Kibuka M, Thornton JG. Position in the second stage of labour for
women with epidural anaesthesia (Cochrane Review, 2013)
o Evidências insuficientes para fazer recomendações
27 Larissa Nóbrega ( med 71)
o Mulheres com analgesia peridural devem ser encorajadas a parir na posição que
preferirem ou acharem mais confortável
o Novos ECR necessários (um grande ECR em andamento)
PUXOS E COMANDOS
Força – Força – Força
Força comprida
Trinque os dentes e faça força
Força de cocô
Seu bebê não pode ficar parado aí
Puxos:
o Involuntários
o Não prolongados
ESFORÇOS EXPULSIVOS MATERNOS
o PRECOCES X TARDIOS
o ORIENTADOS X NÃO ORIENTADOS
o MANOBRA DE VALSALVA X OUTRAS MANOBRAS
Duração do período expulsivo
Bem estar materno
Desfechos perinatais
Parto instrumental / Cesariana
Desfechos perineais
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Entre as frases mais ouvidas:
“Não chora que, no ano que vem, você está aqui de novo” (15%);
“Na hora de fazer não chorou nem chamou a mamãe, por que está fazendo [isso] agora?” (14%);
“Se gritar, eu paro agora o que estou fazendo, não vou te atender” (6%);
“Se gritar vai fazer mal para o seu neném, seu neném vai nascer surdo” (5%).
EPISIOTOMIA
Músculos seccionados
o Transverso superficial do períneo
o Bulbocavernoso
o Feixes puborretais do músculo elevador do ânus
o Fibras do esfíncter estriado do ânus
o Transverso profundo do períneo
28 Larissa Nóbrega ( med 71)
o Partos espontâneos sem intervenções: períneo íntegro e lacerações podem não requerer
sutura
o Fio de sutura = corpo estranho, isquemia
o Princípios básicos: menos suturas, menos fios de sutura, menos tensão
o Amorim (2015): sutura apenas de lacerações sangrantes ou com distorção importante da
anatomia
ASSISTÊNCIA NEONATAL
Cuidados imediatos com o recém-nascido
Contato pele a pele
Amamentação na primeira meia hora de vida
Clampeamento tardio do cordão
“ Todo recém-nascido tem direito à assistência neonatal de forma humanizada e segura”
Em mais de 90% dos nascimentos a adaptação do RN do ambiente intra para o extra-uterino
ocorre em um período rápido, de maneira fisiológica, atingindo a estabilização
Em torno de 10% podem necessitar de cuidados especiais
Esse percentual é bem menor em RN a termo de parturientes de baixo risco
A necessidade de manobras de reanimação em partos de baixo risco fica em torno de 1-3%
(HERMANSEN & HERMANSEN, 2005)
“Com os RN normais, nada mais deve ser realizado além de enxugá-los, aquecê-los, avaliar as
suas condições e entregá-los às suas mães para estabelecer um contato precoce e íntimo. As
manobras de reanimação devem ser realizadas apenas em situações necessárias, sendo
desaconselhável empregar estes procedimentos de forma rotineira. ” ( MS, 2005)
PROFILAXIA DE HPP
RECOMENDAÇÕES DA OMS (2006, 2012)
o Manejo ativo reduz HPP de 13% para 5%
o Reduz HPP grave de 3% para 1%
o Ocitocina é a droga de escolha
o Aplicar imediatamente após a saída do ombro posterior (embora o tempo ideal ainda
permaneça por ser determinado)
o Misoprostol pode ser alternativa em locais ermos
o Ocitocina 10 UI (2 ampolas) IM após desprendimento do ombro posterior pós-parto
normal
o Ocitocina 20 UI (4 ampolas) IV após desprendimento do concepto na cesárea
o Massagem uterina
o Tração controlada do cordão (precauções) RETIRADA
o Cuidados com a estocagem da ocitocina (termoestabilidade afetada em ambientes com
temperatura elevada)
REFLEXÕES:
o O manejo ativo do terceiro período, bem como o uso isolado de ocitocina, NÃO foi
validado para partos de baixo risco / PD em modelo de atenção 1: 1.
o Ocitocina pode NÃO ser realizada em parturientes de baixo risco para HPP, vigiando-se a
contração uterina (globo de segurança de Pinard) e o sangramento pós-parto. EXPLICAR
RISCOS E BENEFÍCIOS.
o Administrar 2 ampolas (10UI) em situações de risco.
o Partos em modelos de atenção não 1: 1 já são situações de risco!!!
Conteúdo
Elementos do parto
o Trajeto (por onde o bebe vai passar, vai sair do útero ultrapassar o canal vaginal e vir ao
mundo exterior. É a partir do fundo do útero até região perineal.)
o Objeto (O concepto, aquele que está sendo impulsionado/conduzido a vencer algum
obstáculo que virá a surgir durante o TP)
o Força (é a contração do útero)
Mecanismo do parto (desde o momento do trabalho de parto, até o momento em que o concepto
sai para o mundo externo)
o Movimentos sincrônicos de adaptações e ajustes, para a expulsão fetal.
Insinuação
Descida
Desprendimento
O ciclo gravídico
Gravidez
o Evolução e preparação para finalização
Parto
o Finalização
Puerpério
o Regressão
O parto
Eliminar o conteúdo intra-uterino: concepto e anexos ovulares;
Temporalmente ocorre mais frequentemente entre 38 e 42 semanas;
Nascimento de um ou mais conceptos. ( Mesmo sendo dois conceptos, trata-se de um parto.
Conseidera-se parto quando é mais de 20 semanas)
Trabalho de parto
o Apagamento e dilatação do colo do útero – período de dilatação, primeiro período;
Nas primíparas ele primeiro fica fino para depois começar o processo de dilatação.
o Expulsão do produto conceptual – período expulsivo, segundo período
Quando o colo do útero já completou completamente a dilatação, começando o
período expulsivo. Daí até a saída total do bebê, será chamado de período expulsivo.
o Eliminação dos anexos ovulares – dequitadura/delivramento, terceiro período.
o Involução uterina (contratura firme do músculo uterino) – quarto período.
Logo após a saída dos anexos, começa o puerpério (período caracterizado por
acidentes hemorrágicos importantes. No momento de 1-2h após o parto, para poder
dar a devida atenção à mulher, evitando possíveis complicações. Avaliar de 15 em 15
minutos como está o sangramento) –Chamado de Período de Greenberg
Pós-parto
Trabalho de parto
É o tempo que decorre do início das contrações à expulsão do concepto e anexos ovulares.
Características:
o Queixas de dores cólicas, lombares com irradiação para o baixo ventre, com
regularidade;
36 Larissa Nóbrega ( med 71)
Elementos do parto
Força
o Contração uterina – contratilidade (faz o colo ficar fino e dilatado. A contração sozinha não
é sozinha para expulsar, é necessário uma parede abdominal para auxiliar)
Elemento dilatador de diafragmas ou esfíncteres – colo uterino e períneo e,
propulsor – impulsiona o concepto através do canal de parto
Cacateristica fundamental: Triplo Gradiente Descendente (A contraçãose inicia no
fundo do útero, dura mais e é mais intensa no fundo do útero. Com esse
comportamento, traz as estruturas inferiores , ou seja, o colo do útero é repuxado
para o seguimento inferior, e o seguimento inferior ao corpo, fazendo com que o
colo se dilate e desapareça).
Contratilidade Uterina
37 Larissa Nóbrega ( med 71)
A progesterona vai permitir que o útero cresça, que se torne potente do ponto de vista muscular e
a gravidez não seja interrompida. O mesmo fenômeno, ao final da gestação, com a falência da
placenta (principal produta de progesterona), esse processo se desencadeia, ou seja, a
progesterona começa a diminuir e o útero, a mercê da prostaglandina, começa o trabalho de parto.
Durante a gestação, principalmente a partir da semana 30, há percepção das contrações (sente a
barriga ficar dura, são contrações não dolorosas, as contrações de Braxton Hits, popularmente
chamadas de contrações de treinamento)
5 contrações em 10 min pronto para expulsar o feto.
Durante a contração, há uma diminuição na ordem de 55-75% do aporte de oxigênio para o bebe (
risco de sofrimento fetal agudo, ou déficit de oxigenação sem maiores consequências, ou hipóxia
importante, ou lesões neurológicas – paralisias cerebrais...). Por isso, é importante uma grande
vigilância no período expulsivo.
o Se o bebe prolongar, devemos finalizar/intervir.
o Se existe uma dilatação completa, mas não existiu simultanemante a descida do concepto
para a profundidade da pelve, algo pode estar impedindo-o de descer Nesses casos devemos
interpretar, em poucos minutos, para dar um direcionamento. Pode ocorrer uma
desproporcionalidade entre o tamanho do bebe a passagem que está sendo oferecida
(desproporção feto-pelvica). Outro caso é a atitude do bebe, que pode estar não favorável a
sua passagem (distorcia de progressão por uma variedade posterior persistente).
Expulso o concepto, continua a haver contração, até expulsar o conteúdo uterino, os anexos fetais,
mas ainda continua contraindo para fazer o processo involutivo, que é aquela contratura firme e
prolongada que acontece após eliminação dos anexos ovulares. Sem dor. Por isso, surgiu o termo
parir como sinônimo de descansar, “ a mulher descansou”.
A cada mamada, a descarga de ocitocina, temos contração uterina (cólicas durante a
amamentação).
Uma contração dura em torno de 3min. A parturiente vai referir dor em torno de 40 a 50 segundos.
Dilatação e impulso
(imagem)
O parto considerado modelo tem como referencia a apresentação cefalica e dorso à esquerda. A
apresentação pélvica é considerada anômala, portanto, pode ter um tipo de intervenção própria
(parto cesariana).
Trajeto:
Canal de parto
o Parte dura – pelve óssea
o Parte mole – estrutura musculo-aponeurotica pelve-
perineal.
- A melhor atitude é quando ele encosta o queixo no peito.
Canal de parto
Do fundo do útero até região perineal.
o Obs: promontório inatingível (se conseguir atingir,
fazemos uma medida dessa distancia, diminuído 1,5cm
da distancia que encontrarmos, temos uma ideia do
estreito superior da bacia. Se está acima de 9,5cm está
condizente com a passagem do perímetro cefálico).
Quando dizemos que é inatingível, é porque é maior
que 12 cm (cada examinador deve saber o tamanho do
seu dedo)
Trajeto – parte dura
- O estreito superior da bacia é um ambiente onde as dimensões transversais e latero-laterais são as
maiores dimensões. É dessa forma que o bebe começa a entrar na pelve obstétrica. Tudo que está acima da
linha inominada chama-se de grande bacia, e o que está abaixo chama-se pequena bacia. A espinha
esquiática, a partir do qual, quando o bebe atinge esse ponto, dizemos que a apresentação está insinuada.
Nessas situações, quando acontece uma parada a partir desse ponto, o parto deve ser ultimado por via
vaginal, ou seja, se algo acontece e esse bebe não está evoluindo, ou entra em déficit de oxigenação, devo
utilizar algum mecanismo de faze-lo sair por baixo, e não tentar a via alta, como um fórceps ou vácuo
extrator.
39 Larissa Nóbrega ( med 71)
Objeto
Concepto
o Tamanho – pequeno, normal e grande, proporcionalidade entre as dimensões do feto ou
cabeça e a bacia. ( distorcia biacromial, ou seja, o bebe vai passar a cabeça facilmente, mas
os ombros não vem – geralmente quando >4,5kg. Daí vem a lesão do plexo braquial, que
muitas vezes é irreversível, levando a uma atrofia muscular deltoidea).
o Situação – longitudinal, oblíqua ou transversa
o Apresentaçao – cefálica, pélvica e córmica
o Atitude – flexão e flexão máxima, indiferença e deflexão.
Situação e apresentação
o As direitas sempre são mais difíceis. O iedal: cefálica, com dorso a esquerda.
o Atitude de flexão, atitude de deflexão, apresentação pélvica completa, pélvica incompleta
modo de nádegas; apresentação transversal ( apresenta o ombro e o gradeado costal ao
dedo do examinados, é a apresentação córmica).
40 Larissa Nóbrega ( med 71)
Atitude – objeto
o C e D tendem a ter partos traumáticos
Mecanismo do parto
Parto em primiparturiente, de concepto em apresentação cefálica, dorso a esquerda e fletido:
o Insinuação – primeira fase
o Descida – segunda fase
o Desprendimento – terceira fase
É o conjunto de movimentos e fenômenos ativos e, em especial, passivos do feto durante sua
passagem no canal de parto
o Insinua fletindo,
o Desce rodando e
o Desprende defletindo.
Insinuação: primiparturientes e multiparturientes
o Passagem do maior diâmetro da parte apresentada, perpendicular à linha de orientação
fetal, pelo estreito supeior da bacia materna;
o Contrações uterinas vigorosas, rítmicas e dolorosas, alongam o segmento inferior e, em
concomitância com a cunha fetal, impõem o apagamento e diltação ao colo uterino;
o Orientação de diâmetros e Flexão máxima;
o Cefálica fletida: ponto de reparo: lambda, ponto de referencia: occiopicio e linha de
orientação: sutura sagital
o Variedade de posição OEA, ODP,
OEP e OET. ( Occipito-esquerda-
anterior, Occipito-Direita-
Posterior, Occipito-Esquerda-
Posterior e Occipito-Esquerda-
Tranversa)
Mecanismo do parto
Descida e rotação interna da cabeça
o Contrações vigorosas e prensa abdominal
o Orientaçao de diâmetros e flexaomáxima
o Dsitensao do assoalho pelviperineal (vagina)
o Variedade de posição OEA, ODP, OP e OS.
Rotação interna da cabeça
o Estreito médio da bacia: anteroposterior
o Músculos elevadores do anus – calha
Mecanismo do parto
Desprendimento da cabeça e das espáduas:
o Rotação externa da cabeça e rotação interna das espáduas
Contrações vigorosas e Prensa abdominal
Apoiado o occipital no subpube e em deflexão
Variedadede posição OP
Restituição da condição anterior – esquerda para esquerda; direita para direita;
Rotaçao externa da cabeça e rotação interna das espáduas
Desprendimento das espáduas.