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RESENHA CRÍTICA
Dibs: em busca de si mesmo, é um livro escrito pela autora Virginia M. Axline, psicóloga e
precursora no desenvolvimento da técnica de ludoterapia. A obra se divide em vinte e quatro
capítulos, que abordam o decorrer do processo terapêutico do pequeno Dibs, na qual a mesma
nos propõe uma viagem de muito aprendizado e crescimento através das experiências e
evoluções que o garoto vai desenvolvendo no decorrer de cada sessão.
CAPITULO I
Dibs era uma criança de cinco anos de idade, e estava sempre na sua. Estando na escola, era
hora de ir embora e todas as crianças corriam para pegar seus materiais e casacos, porém Dibs
estava no canto da parece, de cabeça baixa, sem falar nada, era um comportamento frequente
na hora de ir embora. Havia na sala duas professoras, Miss Jane e Hedda, que nesse momento
organizava e ajudava na saída das crianças e após isso ia conversar com Dibs que continuava
no seu cantinho. Professora Hedda se aproxima de modo carinhoso e tenta convencer o garoto
que é hora de guardar os materiais e esperar sua mãe. O autor traz uma fala bem grotesca que
adjetiva Dibs de o “monstrinho”, pois a professora ao se aproximar, Dibs a tenta agredir, com
chutes mordidas e dando forte e repetidos gritos dizendo que não iria para casa. Sempre que o
ia busca na escola era sua mãe e por vezes quando o encontrava agressivo, chamava um
motorista que também costumava busca-lo e o levava para o carro. Dibs repassava
preocupação as professoras e outros profissionais que ali trabalhavam, eles viam nele algo
diferente, mas que não sabiam identificar. Já faziam dois anos que o garoto estava na referida
escola, mas seu desenvolvimento era lento, pois Dibs somente ficava se rastejando pela sala,
sem falar nada, por vezes com livros que intrigava as professoras, pois elas não sabiam
identificar se ele sabia ler, e se não sabia, como podia ficar tanto tempo admirado com um
livro.
Os pais de Dibs pareciam não se preocuparem em saber o que realmente ele tinha, pois as
professoras nunca viram se que o pai de Dibs, e a mãe enchia de elogios a outra filha Dorothy,
na qual dizia considera-la perfeita. Com as reclamações de outros pais devido a presença de
Dibs e pelo mesmo ter arranhado uma criança, a equipe da escola se reúnem para tratar dos
problemas do garoto, chegando a decisão de acompanhar o caso de Dibs com a psicóloga que
iria vê-lo em algumas sessões de ludoterapia.
Aluno do 6º período do curso de Psicologia da Faculdade Evolução Alto Oeste Potiguar¹
CAPITULO II
CAPITULO III
A psicóloga Axline busca a mãe de Dibs para conversar sobre um provável acompanhamento
profissional com o menino, diante disso fica certo de se verem no dia seguinte. Como relatado
anteriormente, a mãe de Dibs foi logo evidenciando que não tinha expectativa de nenhuma
melhora, e propõe e os encontros poderia ser em sua residência e ainda que pagaria pelo
serviço, porém Axline disse que as sessões aconteceriam na escola que não receberia o
dinheiro dela. A psicóloga expos uma declaração por escrito onde os dados que constatava a
família seriam esquecidos caso o relatório viesse a ser divulgado. A mãe de Dibs deixou
evidente não concederia dados acerca do caso de seu filho e optava junto com o marido por
permanecerem distanciados das sessões, tendo vista que não teriam nada a ofertar de
informações a mais ao caso. Apesar de apresentar uma estrutura de família nuclear, faltavam
características peculiares aos pais, como a vínculo emocional.
CAPITULO IV
Após alguns dias nenhuma resposta dos pais de Dibs teria chegado, Axline se informa com a
diretora da escola, mas nenhum retorno foi dado e Dibs continuava na mesma, em sala. Enfim
a autorização chegou e logo foi marcada a ludoterapia com ele. Ao chegarem na sala, que era
diferente da anterior, Dibs começa a nomear todos os objetos que encontrara e questiona-se
sobre suas semelhanças, igualmente fez no primeiro encontro. Quis tirar o agasalho e Axline
deixou livre para tirar, mas ele não fazia nenhum gesto, dando a entender que queria ajuda,
igual sempre acontecia em sala de aula, e assim Axline ajudou-o. Logo após vai em direção as
tintas e organiza-as, formando os números de seis cores no espectro, e depois ia lendo seus
rótulos. A terapeuta mantinha-se neutra e surpresa mas tentou não transmitir nenhuma reação.
Logo mais ele se direciona para brincar na caixa de areia, onde organiza os soldados de dois
em dois. Ao entrar areia em seu sapato ele fica choramingando de modo a pedir ajuda para
retira-los, pois Dibs não fazia nada sozinho, mas confirmou quando Axline perguntou se ele
gostava se suas ajudas. Passando pouco tempo em contato com a areia, Dibs escuta um
barulho de carro na rua e pede para fechar a janela, e Axline o questiona se realmente quer
isso, pois a sala estava muito quente.
CAPITULO V
Semana seguinte ao chegar na sessão de ludoterapia, Dibs observa o letreiro que está na porta
e questiona algumas vezes lendo-os. Ele desta vez fala para tirar o casaco, só que usava a
terceira pessoa do singular para referir a si próprio. Novamente ele vai brincar com a casinha
de bonecas e observa que nenhuma das portas tinha fechaduras, o que fez com que ele
desenhasse as fechaduras, pois relatou que as portas tinha que ficar fechadas e trancadas.
Nessa sessão Axline observou que Dibs, além de ler, tinha um rico vocabulário mesmo que
não utilizasse muito, e também que sabia resolver problemas por si só. Após brincar com
alguns brinquedos ele foi brincar com tintas-a-dedo, indagando que não conhecia. Faltando
apenas cinco minutos para ir embora ele decide brincar com as aquarelas. Desenhou uma casa
com fechaduras e grades nas janelas e disse que nela havia um porão e um quarto repleto de
brinquedos. Acabando o tempo, Dibs ficou procurando várias outras atividades, fingindo não
ouvir o que a terapeuta, dizia para não ir embora, pois queria ficar ali para sempre, até que
Axline o convenceu após falar que semana que vem ele voltaria. Um ganho nesse encontro foi
que Dibs sorriu e se comunicou mais frequentemente, confirmando assim o que a escola
sempre acreditou, que ele não terá um retardado mental. Ao sair Dibs muda novamente o
letreiro da porta, de “Não perturbe” para “Sala de Ludoterapia”, e ainda surpreende sua mãe
em não encontra-lo esperneando, e sim a acompanhando suavemente. Dibs mostra nessa
sessão que é um garoto inteligente e esperto, mas parece que algo o bloqueia de modo a não
agir de forma desinibida continuamente.
CAPITULO VI
Entrando a semana seguinte Axline consegue sondar que Dibs sempre que se aproxima-se de
algo que o arremete a questões emocionais ele retirava-se, o fazendo ir para outro ponto mais
especifico, como por exemplo as leituras dos rótulos. Diante dessa sessão a psicóloga se
questiona muito sobre questões curiosas de Dibs, tipo, como poderia ele saber ler, solucionar
problemas se o mesmo não tinha uma interação social, e ainda porque tinha uma linguagem
verbal considerável e sendo como principal para assinalar os estímulos. Dibs através do
diálogo arquitetou o que iria fazer com o tempo que lhe restava, quando Axline anunciou que
restava apenas poucos minutos e ele sempre fingia ignorar, de modo que estava sempre
mamando em uma mamadeira cheia de água, a morder o bico que era de borracha. Ao passar
pela casa de boneca, faz um concerto na janela quebrada, e ao ser informado que que restava
apenas cinco minutos para finalizar, ele comunicou que desejava que os brinquedos
permanecessem todos no mesmo lugar. Após isso, recolhe seu casaco e sai da sala.
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CAPITULO VII
CAPITULO VIII
No dia seguinte a mãe de Dibs telefonou para Axline e marcou de se encontrarem ás dez horas
do mesmo dia. Se mostrando extremamente ansiosa, iniciou relatando uma preocupação com
o filho, já que ele se mostrava mais infeliz nos últimos dias, apesar de ter saído mais do
quarto. A psicóloga acreditava que essa mudança de atitude se deveria ao fato de a mãe ter
passado a perceber o sofrimento do filho. O afeto havia ganhado espaço na relação, e
consequentemente, houve uma mudança no comportamento. Ela nunca teve nenhum tipo de
experiência como mãe e mulher (dona de casa), e quando Dibs nasceu “foi como uma espada
em seu coração”, tamanho desapontamento. Seu marido era um cientista renomado e ela, uma
cirurgiã bem sucedida, e com a gravidez passaram a afastar-se um do outro, e da vida social.
Após o nascimento de Dibs, ela abandonou o trabalho e viu seus sonhos da família serem
destruídos, com a chegada de uma criança “anormal”. Ela, juntamente com o marido, se
envergonhava do filho, e não queria que os amigos o conhecessem. Levaram Dibs a um
neurologista, que não detectou problema algum. Logo depois foram a um psiquiatra, que foi
enfático ao afirmar que Dibs não apresentava deficiência mental, era apenas uma criança
rejeitada, e os pais é quem precisavam de ajuda profissional. Eles ficaram chocados, pois
apesar de não terem muitos amigos, eram respeitados pelos que os conheciam, e nunca
haviam apresentado problemas pessoais. A partir daí, tentaram conviver com o filho da
melhor maneira possível, mas este fato desestabilizou o casamento. Sem nunca expor a
situação para ninguém, decidiram ter outro filho (Dorothy), para que interagisse com Dibs,
porém eles nunca se deram bem.
Em casa, depois da última sessão, o pai relatou para a esposa, o diálogo do filho sobre o Dia
da Independência, como algo idiota e sem sentido, e ela começou a chorar. Dibs ouviu a
conversa dos pais e num acesso de raiva, disse ao pai que o odiava. Ele também chorou, pela
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primeira vez, e a partir daquele momento, os dois começaram a se reaproximar, e se viram
amedrontados frente a situação. A mãe relatou que, após as sessões, os ataques e fúria de Dibs
desapareceram. Diante daquele relato, Axline inferiu que, durante a vida, os pais se
preocuparam em serem pessoas bem sucedidas e manter um status, ou seja, a posição no
sistema social. Era mais fácil ver o filho como um doente mental, do que acreditar que ele era
resultado de suas incapacidades em lidar com as emoções.
CAPITULO IX
Na semana seguinte Dibs chegou à sessão atestando estar feliz. Comentou que havia mais
alguém na Sala de Ludoterapia, pois ouvira conversar abafadas ali, demonstrando ótima
percepção do ambiente. Brincou na caixa de areia, sempre falando suas ações. Ao aproximar-
se o fim da sessão, ele permanecia na areia, e parou rapidamente para referir-se a Dorothy, sua
irmã, e dizendo que desejava trancá-la na casa de bonecas. Dibs saiu mais cedo, pois iria ao
médico tomar algumas vacinas. Mas antes de se retirar, relatou a psicóloga que se alegraria
caso o médico espetasse a irmã com as agulhas. É interessante observar que crianças só
demonstra, ou quase sempre, tais comportamentos agressivos, como o de Dibs com a irmã,
em função da observação de alguém fazendo.
CAPITULO X
Ao chegar à sessão seguinte, Dibs parou em frente à porta e leu a tabuleta: “Favor não
perturbe”. Entrou calmamente, tirou seu agasalho e passeou por alguns brinquedos. Parou no
depósito de areia, formou uma montanha e brincou que os soldadinhos lutavam para subir até
o cume. Ao final, enterrou um dos soldadinhos na areia, se referindo a ele como seu pai.
Estava sepultando-o sem chance para subir a colina. Ele parecia fugir daquele assunto ao falar
sobre outras coisas, menos perigosas. Dibs apresentava algumas situações não agradáveis em
relação ao seu pai diante de suas brincadeiras, assim como por sua irmã, representando senas
como forma de externar seus sentimentos.
CAPÍTULO XI
Dibs retornou à sessão bastante agitado. Começou a brincar com uma caixa de prédios, e
assim permaneceu montando uma cidade. Ao deixar a caixa, montou um quebra-cabeça,
enquanto mencionava as professoras (D. Jane e Hedda) como pessoas adultas, bem como a
mãe e as empregadas. Falou sobre o jardineiro de sua casa, com quem conversava e lhe
contava histórias. Dibs sentia saudades dele e tristeza, pois não o via desde que deixou sua
casa, já que haviam criado um vínculo afetivo. A identidade de valores, presente na relação
contribuiu para a atração interpessoal entre Dibs e o jardineiro. O horário de ir embora
chegou, apesar de que Dibs quisesse ficar mais tempo.
CAPITULO XII
CAPITULO XIII
Dibs voltou a sessão com bastante alegria, pois sua mãe iria buscá-lo um pouco mais tarde, já
que tinha alguns compromissos. Cantarolou uma música com o nome de todas as cores que
estavam no cavalete, e revelou que não gostava da cor amarela. Passou a brincar com água,
lavou louças e fez uma festa imaginária para outras crianças, onde mudava o tom de voz
constantemente. Ora sua voz era formal como a de sua mãe, ora era submissa e humilde.
Durante a brincadeira Dibs tropeçou numa xícara, e derramou a água no chão. Parou com a
festa imaginária e começou a brigar consigo mesmo, se chamando de estúpido e desatento.
Após esta cena chamou Axline para que fossem para o escritório. A psicóloga acreditou que
ele de fato havia passado por uma situação semelhante, por conta da intensidade do ocorrido.
Já no escritório ele marcou no calendário que estava sobre a mesa, a data do seu aniversário,
da mãe, do pai e da avó. Mencionou apagar a marcação do aniversário do pai, mas não o fez.
Um pouco depois do horário habitual a mãe chegou para buscar Dibs. Mais uma vez Dibs
demostra algo intrigante na relação entre ele e o pais, mas que a psicóloga ainda não sabia o
que seria exatamente.
CAPITULO XIV
Axline estava na recepção quando Dibs chegou com sua mãe, e elogiou de forma espontânea,
o vestido que ela usava. Ele havia levado para a sessão o presente que ganhou do pai de
aniversario, um conjunto internacional de códigos. Durante a conversa Dibs afirmou que não
gosta de falar com as pessoas, apesar de ouvi-las e entende-las. Axline percebeu que ele
preferia falar sobre objetos concretos. Relatou também que gosta da psicóloga, pois ela o
ajuda e não o chama de idiota. Fez muita bagunça com água e trocou mensagens com Axline
em sua máquina. Os relatos de Dibs, demostras haver um não respeito em relação ao convívio
familiar, ao menos não com ele, pois Dibs frisa bastante em palavras pesadas, nas quais ele
não gosta.
Dibs retornou na semana seguinte fazendo planos para a sessão. Passou os olhos pela casinha
de bonecas e identificou nela toda sua família. No meio da conversa, sempre mencionava um
microscópio que possui. Na casa de bonecas Dibs começou a contar uma história. Nela, sua
mãe queria ficar sozinha e por isso foi passear no parque, a irmã foi embora para a escola e o
pai estava isolado fumando um charuto. O pai também resolveu ir passear, comprou um
microscópio para seu garoto e voltou par casa. Ao retornar o pai chamou Dibs, que saiu tão
apressado ao seu encontro, que esbarrou na mesa e quebrou um objeto. O pai gritou,
chamando de idiota, e Dibs buscou a boneca mãe. Um menino gigante apareceu, trancou todas
as portas e janelas para que os pais não pudessem sair, e quando o pai acendeu um novo
charuto, provocou acidentalmente um incêndio. Os bonecos pai e mãe se debatiam e Dibs
agiu como se fosse salvá-los. Ele começou a chorar diante daquela brincadeira, demonstrando
nervosismo. Confessou á Axline que chorava, não porque os pais estavam trancados no
incêndio, mas porque reviveu os momentos em que seus pais o trancavam no quarto, apesar
de não fazerem mais isso. Para Axline, Dibs sofrera também pela privação de amor e respeito
pelo qual havia passado. Diante dessa sessão Dibs denota sofrimentos que veio em sua
lembrança de momentos passados, que veio à tona através das brincadeiras.
CAPITULO XVI
Dibs entrou na Sala de Ludoterapia sorrindo e, ao avistar uma cerca na areia, feita por outra
criança, foi logo desmanchando e dizendo que não as apreciava. Passou para o conserto de
uma casinha de bonecas e relatou que seu pai não gosta que ele fale com o vento ou coisas
inanimadas. Quando o pai lhe pergunta algo, ele ignora, deixando-o furioso. Parou em frente a
um boneco, chamando- o de pai, e dizendo que o mataria. Em outro momento falou sobre as
crianças de sua classe, mencionando seus nomes pela primeira vez. Axline havia pensado em
inserir outra criança na sessão, para verificar uma possível interação, mas quando levantou
essa possibilidade para Dibs, ele respondeu negativamente, de forma agressiva, afirmando que
aquele tempo era somente dos dois. Voltou-se para as tintas no cavalete e logo chamou Axline
para irem até seu escritório. Chegando lá se alegrou ao observar a estante cheia de livros. O
tempo da sessão havia acabado e, antes de se despedir, reforçou que não queria outra mais
ninguém na sessão, além dos dois. Quando a mãe chegou Dibs correu em sua direção,
abraçou-a fortemente e disse com espontaneidade que lhe queria bem. Ambas ficaram
surpresas com a reação inesperada e a mãe chorou de emoção. Aos poucos Dibs estava
desabrochando seus sentimentos afetivos, embora ainda tenha muitos interiorizados de modo
que o causa sofrimento.
CAPITULO XVII
No dia seguinte a mãe de Dibs ligou para Axline marcando de se encontrarem. Ela a procurou
para relatar as melhoras percebidas no filho, e se encorajou após a demonstração explicita de
afeto, no dia anterior. Ele se mostrava mais calmo e mais feliz. Apesar de conversar pouco já
apresentava um interesse pelos acontecimentos da casa. A mãe afirmou que, mesmo
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acreditando que o filho era deficiente mental, desde muito cedo o incentivou a ler e se
comportar como pessoas normais. Os seus sentimentos em relação à Dibs eram ambíguos,
pois duvidava a capacidade do filho, mas ao mesmo tempo tinha esperanças de que ele
mudasse. Para ela, Dibs só encontrava paz na presença da avó, que lhe aconselhava a ser
paciente e deixá-lo desabrochar. A mãe se culpava e entendia que havia feito muito mal ao
filho. Mostrou para Axline, desenhos feitos por Dibs e relatou que ele possuía uma estranha
habilidade, incomum para uma criança de seis anos. A mãe já havia entendido que não
permitirá que Dibs fosse uma criança normal, ao forçá-lo a provar suas capacidades, desde
muito cedo. Afirmou que todos esses sentimentos negativos estavam se transformando, e
sentia-se orgulhosa dos avanços do filho. O pai, apesar de não querer ter filhos, também
estava se transformando. Para Axline, inúmeras crianças não encontravam tratamento
profissional por conta da resistência dos próprios pais em tentar curar-se, junto com o filho.
CAPITULO XVIII
CAPITULO XIX
Ao chegar à sessão Dibs pediu que fossem para o escritório. Chegando lá pediu para usar o
gravador de Axline, e gravou sua própria voz, dizendo seu nome, de todos da sua casa,
professores e colegas da escola. Em outra gravação, encenou seu pai se zangando e
chamando-o de estúpido. Em seguida ele mudava sempre de assunto, ora falando de coisas
banais, ora ouvindo suas gravações. Voltou a gravar, e desta vez contou a história de um
garoto que morava com os pais e a irmã em um casarão. Na gravação ele brigava com o pai,
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dizendo que o odiava e que iria puni-lo, mas ao desligar o gravador, disse que aquela história
era um faz de conta. Ouviram a última gravação e, ao final, disse odiar o pai e que o
desprezava, pois já não significava muito para o filho. Pediu para retornarem à sala de
brinquedos e foi logo cavando um buraco profundo no deposito de areia, onde enterrou o
boneco pai. Dibs afirmava que ia prendê-lo para que lamentasse tudo de ruim que lhe fizera e
lhe deixara triste. Na encenação o pai implorava para que não fosse preso e se dizia
arrependido. Dibs pegou o boneco filho e o fez salvar o pai da prisão. Ao falar com Axline,
disse que havia conversado com o pai em casa, e que eles haviam saído para passear na praia,
durante o fim de semana. No passeio o pai ensinou coisas sobre o mar, os dois fizeram
castelos de areia juntos, “sem palavras zangadas”, o que o deixou feliz.
CAPITULO XX
No encontro seguinte Dibs chegou dizendo que não teria muitas oportunidades para ver
Axline antes das férias, já que restavam somente mais dois encontros. A família tida,
incluindo a avó, iria para uma ilha. Dibs pegou uma boneca e disse ser sua irmã. Relatou que
iria envenená-la com um pudim de arroz, para que desaparecesse, pois ela o perturba e eles
brigam quando estão juntos em casa. No ano seguinte ela voltará a morar com a família, e
Dibs afirma que não se importa, pois sua presença já não o perturba mais. No cavalete,
misturou várias cores de tintas e afirmou ser o veneno. Mas antes de envenená-la, pegou a
boneca mãe e ordenou para que ela construísse uma montanha. Dibs virou-se para Axline e
disse que confeccionaria presentes para todos da família, para que ninguém ficasse esquecido.
Retornou ao deposito de areia e embalou a boneca mãe nos braços, dizendo que iria cuidar
dela, colocando-a posteriormente junto aos outros bonecos na casinha. Pintou manchar
brilhantes num papel e afirmou que o desenho era a felicidade. Reafirmou que faltavam
apenas mais dois encontros e Axline lhe assegurou que poderia voltar para uma visita, caso
desejasse. Segundo a psicóloga, com aquele crescente processo de autoconhecimento, Dibs
estava aprendendo a lidar com suas emoções e habilidades, formando em si uma autonomia
outrora esquecida.
CAPITULO XXI
Na semana seguinte Axline levou para a sessão um material novo, que consistia em várias
miniaturas de pessoas, casas animais, árvores, entre outros. O material foi projetado como um
teste de personalidade, mas seria usado na ocasião, apenas como mais um brinquedo. Dibs
abriu o estojo, dispôs as peças no chão e foi logo montando uma cidade inteira. Á medida que
ia construindo, ia também contando uma história e relatando a finalidade de cada objeto.
Durante a construção do seu mundo, ele vai até a parede recoberta pelo espelho, onde bate
forte e diz que construiu uma cidade completa, como Nova York, e que sem dúvida alguém
datilografava naquele escritório. Continuou a construção e se lembrou de que iria ao barbeiro
quando terminasse a sessão. Ele relatou que não sentia mais medo ao cortar o cabelo,
certamente porque estava crescendo (tomando consciência de si). Identificou um boneco
como sendo seu pai, e o colocou em frente a um sinal de “PARE”, em sua miniatura de
cidade. O pai estava esperando o sinal mudar para continuar o trajeto, mas quando o horário
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terminou, ele olhou para o mundo que havia construído, e sorriu ao perceber o pai ali, imóvel.
Dibs havia construído uma cidade bem organizada, demonstrando inteligência, capacidade de
globalizar o todo, integração e criatividade. Sentimentos hostis foram expressos de forma
direta, em relação ao pai e a mãe. Demonstrou também que possui consciência das suas
responsabilidades. De fato Dibs estava crescendo. Era nítido o amadurecimento que Dibs
vinha desenvolvendo, de tal forma que o mesmo tomava conta disso.
CAPITULO XXII
Dibs chegou para sua última sessão antes das férias e sugeriu que fossem para o escritório.
Contou o que irá fazer nas férias e pediu para que pudesse acrescentar mais algumas palavras
na gravação anterior. Disse que fez muitas coisas na sala de brinquedos e possivelmente
voltaria para uma visita no outono. Foram para a Sala de Ludoterapia e Dibs reconstruiu sua
cidade, acrescentando uma prisão, onde colocaria a irmã. Escolheu um boneco adulto e disse
que era Dibs grande, crescido, do tamanho do pai. Em sua nova cidade, ele e Axline eram
vizinhos e enterra a prisão na caixa de areia. Afirma que Dibs adulto não tem mais medo, é
grande, forte e corajoso. Para Axline, Dibs já começava a formar um autoconceito mais
compatível com suas capacidades e realizava sua integração pessoal. Ele havia trocado o
pequeno, amedrontado e imaturo Dibs por um autoconceito fortalecido, seguro. Entendia seus
próprios sentimentos e já conseguia enfrentá-los e controlá-los. Com essa segurança ele podia
aceitar e respeitar as outras pessoas.
CAPITULO XXIII
Quando Axline retornou de férias a mãe de Dibs já havia telefonado para marcar mais uma
visita, a última. Ela afirmou que o filho estava ótimo, o verão foi maravilhoso e estava
relacionando-se bem com a família. Dibs chegou confiante e conversando com as
funcionárias, o que mostrou grande mudança desde a última visita. Ele chegou dizendo que
queria vê-la mais uma vez e desejava ir para o escritório. Chegando lá ele observou toda a
sala e escreveu um bilhete, dando adeus ao escritório e a Axline. Foram para a sala de
brinquedos onde se despediu de tudo, derramou tintas no chão e destruiu a mamadeira,
afirmando que não era mais um bebê. Visitaram a igreja que ficava próxima ao Centro de
Orientação Infantil, e disse que se sentia muito pequeno diante da grandeza do lugar. Correu
pelo centro da igreja e quando o organista começou a tocar, Dibs sentiu medo e quis ir
embora. Ouviu um pouco mais o som e retornaram à sala de Axline. O garoto questionou por
que algumas pessoas acreditavam em Deus e outras não, e afirmou que se sentia solitário, pois
seus pais não eram religiosos. Dibs afirmou que estava aprendendo a jogar beisebol com o
pai, para acompanhar os colegas da escola. Quando sua mãe chegou. Dibs despediu-se e
foram embora. Dibs estava formando seu senso crítico e reflexivo das coisas ao seu redor, e
sem medo de externa-los.
CAPITULO XXIV