MEDIDAS DE RESULTADOS ECONÔMICO

Prof. Lúcia Maria Ramos Silva

1. INTRODUÇÃO

Tradicionalmente, as medidas de resultados econômicos são expressas através de

indicadores utilizados para analisar o desempenho da empresa ou de uma atividade da
empresa.

2. IMPORTÂNCIA
Permitem analisar:
a) o aspecto econômico da empresa em si;
b) indicam ou expressam a eficiência no uso dos recursos.

3. CLASSIFICAÇÃO DAS MEDIDAS - TRADICIONAIS

. Medidas residuais;
. Medidas de relação ou eficiência;
. Medidas de posição do capital.

3.1. Determinação das Medidas Residuais

Estas medidas têm por objetivo mostrar o que resta do esforço produtivo para
remunerar os fatores de produção.
Ex: Renda Bruta (RB)
Renda Líquida (RL)
Renda do Empresário (RE)
Renda do Capital (RC)
Renda da Terra (RT)

1
 i) Renda Bruta (RB)
Compreende a soma dos valores dos seguintes itens:
a) produtos animais e vegetais vendidos;
b) produtos produzidos e consumidos na propriedade, armazenados ou utilizados
para efetuar pagamento em espécie;
c) receitas provenientes de arrendamento da terra, aluguel de máquinas, etc.;
d) aumento do valor do rebanho (crescimento e engorda).

Obs: esta medida apresenta a limitação de não permitir análise econômica comparativa
entre empresas de capitais diferentes, por que as de maior capital levam,
obviamente, vantagens sobre as de menor capital.

ii) Renda Líquida (RL)

É a diferença entre a RB e as despesas ou gastos despendidos pela empresa durante
o processo produtivo
RL = RB -D

Obs.: As despesas incluem o valor de todos os recursos e serviços utilizados no processo

de produção durante o exercício, excluídos os juros sobre o capital agrário (inclusive
terra) e a remuneração do empresário. Elas incluem: pagamento de semente, de
mudas, de rações, consertos, salários, impostos, etc.

Rem. C Rem T

D = DF + DV (excluídos J e Rem. E)

onde:
DF = despesas fixas;
DV = despesas variáveis;
J = juros;
Rem.C = remuneração do capital;
Rem.T = remuneração da terra;
Rem.E = remuneração do empresário.

2
Obs.: Devemos observar contudo, que despesa não representa custo total, tal como
definimos o custo total seria:

CT = D + J + Remuneração Empresário

iii) Renda do Empresário

Obtém-se subtraindo da RL as remunerações normais atribuídas ao capital e à

terra.
Assim:
RE = RL –Rem.T –Rem.C ou
RE = RL -Remuneração Normal à Terra e ao Capital.
Esta renda destina-se a remunerar o empresário pelo seu trabalho de gerência
(organização e assunção dos riscos da exploração).

iv) Renda da Terra

Obtem-se subtraindo da RL as remunerações normais atribuídas ao empresário e
ao capital.
RT = RL –Rem.E –Rem.C

v) Renda do Capital
Obtém-se subtraindo da RL as remunerações normais atribuídas ao empresário e à
Terra.
RC = RL – Rem.E – Rem.T

Obs.:
- Remuneração normal do capital obtém-se através da taxa real normal de juros,TRNJ,
(custo oportunidade do capital).
- Remuneração normal a terra pode ser obtida através do:
. aluguel/arrendamento
. juros sobre o valor da terra.
- Remuneração normal do empresário pode ser determinada através do custo de
oportunidade do empresário (receita de um emprego alternativo).

3
 Verifica-se que a renda de cada um desses fatores (empresário, capital e terra) pode
ser determinada pelo valor residual obtido, subtraindo da RL as atribuições normais
atribuídas aos demais.

3.2. Determinação das Medidas de Relação ou Eficiência

Tem por finalidade comparar o desempenho dos diversos fatores de produção.
Ex.:
- Renda bruta/ha; Renda líquida/ha;
- Renda bruta/equivalente homem;
- Taxa de remuneração do capital (TRC);
- Produção/ha;
- Capital/equivalente homem;
- Ponto de nivelamento;
- Índice de lucratividade;
- etc.

i) Renda bruta por hectare

E a relação entre a RB e o número de hectares trabalhados. Pode ser para o total de

hectares trabalhado com determinada cultura.

ii) Renda líquida por hectare

E a relação entre a RL e o número de hectares trabalhados. Pode ser para o total de

hectares trabalhado com determinada cultura.

iii) Taxa de remuneração do capital

Conceito:
É o percentual que expressa a rentabilidade (retorno) do capital alocado na empresa
em cada ano.

4
 É obtida dividindo-se a renda do capital pelo capital médio empatado durante o
ano, multiplicando-se o resultado por 100.

RC
TRC = x100
C
onde:
C = capital médio, que é definido como:
Ii + If
C= ;
2
li = inventário inicial;
If = inventário final.

Nota: esta é a melhor medida para comparar empresas de tamanhos diferentes, porquanto
as comparações são feitas em percento, dando oportunidade a que se verifique qual
a empresa que melhor retorno ofereça ao capital empatado.

iv) Ponto de nivelamento

3.3. Medidas de Posição do Capital/Indicador de Saúde Financeira/Medidas

Financeiras
i) Índice (Coeficiente) de Liquidez
ii) Índice de Solvência
iii) Índice de Endividamento (Índice de Leverage)

NOVOS CONCEITOS (INDICADORES) 1

Como já discutido existem várias maneiras de se determinar custo. Alguns

conceitos, já apresentados em sala de aula, foram desenvolvidos pelo Instituto de

1
Para maiores detalhes veja MARTIN et al, (1998)

5
Economia Agrícola – IEA2. Com base nesses e nas receitas serão descrito a seguir alguns
indicadores de rentabilidade utilizados pelo referido Instituto.

1) Receia Bruta (RB)

È a receita esperada para determinada atividade que pode ser obtida da seguinte
forma:
RB = Prod * Pu
Onde:
Prod = produção ou o rendimento por unidade da atividade;
Pu = preço unitário do produto da atividade;

2) Fluxo de caixa (FC)

Constitui a diferença entre as entradas de caixa e as saídas de caixa
FC = RB − (COT − D )
3) Margem Bruta
Essa margem pode ser determinada com relação ao custo operacional efetivo
(COE), custo operacional total (COT) e ao custo Total de Produção (CTP). Mostra o que
sobra após o produtor pagar esses custos e em relação a esses mesmos custos (em
percentagem) Assim:

3.1) Margem bruta em relação ao custo operacional efetivo (MBCOE)

MBCOE =
(RB − COE ) *100
COE
Mostra a disponibilidade para cobrir os demais custos.
3.2) Margem bruta em relação ao custo operacional total (MBCOT)

MBCOT =
(RB − COT ) *100
COT
Indica qual a disponibilidade para cobrir os demais custos fixos, o risco e
capacidade empresarial do proprietário.

2
Lembre-se que o Custo Total, segundo essa abordagem, é composto de: CT = COT + OCF,
sendo que o COT = COE + OCO.

6
3.3) Margem bruta em relação ao custo total de produção (MBCTP)

MBCTP =
(RB − CTP ) *100
CTP
Nesse caso indica qual a margem disponível para remunerar o risco e a capacidade
empresarial do empresário
4) Ponto de Nivelamento
Esse ponto mostra para um determinado nível de custo de produção, qual a
produção mínima necessária (considerando o rendimento esperado com uma dada
tecnologia) para cobrir esse custo, dado o preço de venda unitário para o produto
Determina-se quanto está custando a produção em unidade do produto, ou se
comparado ao rendimento quantas unidade do produto estão sobrando para remunerar os
demais custos3 Assim, consideram-se os seguintes pontos de nivelamento:

4.1) Ponto de nivelamento em relação ao custo operacional efetivo (PNCOE)

COE
PN COE =
Pu
4.2) Ponto de nivelamento em relação ao custo operacional total (PNCOT)
COT
PN COT =
Pu
4.3 ) Ponto de nivelamento em relação ao custo total produção (PNCTP)
COT
PN COT =
Pu

3
Uma forma de análise muito utilizada pelos produtores rurais é estimar quantas unidades do
produto são necessárias para obter determinado volume de produção por hectare e quanto sobra
para cobrir os demais custos. Assim no caso de um produto agrícola (ex: soja), se o desembolso
(COE) do produtor for 20 sacas e ele obtiver um rendimento de 40 sacas por hectare, o indicador
é considerado bom pelos agricultores, pois o excedente (fluxo de caixa) foi de 20 sacas (100%).
Se o produtor obtiver um rendimento de 50 sacas, o resultado é considerado ótimo, pois gerou um
excedente (fluxo de caixa) de 30 sacas (150%). Mas se por um problema climático forem obtidas
apenas 25 sacas por hectare, o fluxo de caixa será de apenas 5 sacas (25%), o que dificilmente
cobrirá os demais custos e a lucratividade do ano inevitavelmente será negativa ( prejuízo)

7
5 Lucro operacional (LO)
Constituí a diferença entre a receita bruta e o custo operacional total. Pode ser
determinado em valores monetário e em quantidade do produto de determinada atividade

LO = RB − COT
Este indicador mede o lucro da atividade no curto prazo, mostrando as condições
financeiras e operacionais da atividade agropecuária.

6 Índice de lucratividade (IL)

Esse indicador mostra a relação entre o lucro operacional (LO) e a receita
bruta, em percentagem. È um indicador importante de rentabilidade da atividade, uma vez
que mostra a taxa disponível de receita da atividade, após o pagamento de todos os custos
operacionais (encargos, seguros, etc., inclusive as depreciações)
LO
IL = * 100
RB

8
 APLICAÇÃO DOS CONCEITOS
Visando fixar melhor os conceitos de Custo de Produção, considerando esta metodologia, e elaborar
de um Sistema para Gestão das informações apresentar-se, no primeiro exemplo informações de uma
empresa com 423 ha, produtora de leite. Os dados foram coletados em 2002 e 2003 e atualizados para o valor
de mercado de 2004.
TABELA 1. Custos e resultados da atividade geral na fazenda Santa Maria.
COMPONENTES DE CUSTO R$/ano
Alimentos 261.536,19
Diesel 13.190,32
Insumos Agrícolas 45.068,08
Produtos veterinários 20.672,36
Inseminação (sêmen e materiais) 10.271,32
Fretes e carretos 19.294,14
Energia Elétrica 12.494,25
Funcionários 97.372,56
Custo Operacional Efetivo -COE 479.899,22

Administração 46.856,00
Depreciações 92.151,11
Manutenção 53.474,54
Contribuições sindicais 3.151,38
Impostos de venda de leite 6.431,38
Custo Operacional Total -COT 681.963,63

Remuneração anual do capital fixo 101.240,40

Remuneração anual do valor da terra 139.533,33
Custo de Oportunidade 240.773,73
Custo Total ou Econômico 922.737,38

Receitas
Venda de leite 656.000,92
Venda de animais 34.735,55
Outra receitas 3.473,56
Receita total 694.240,03
Resultados
Lucro operacional( Receita – custos operacionais0 12.246,38
Lucro econômico ( receita – custos totais) (228.527,37)

Rentabilidade 0,61%

Custos médios
Custo operacional médio 0,53
Custo econômico ou custo total médio 0,72
Produção de leite no ano (l) 1.288.000
OBS: O ativo Total Imobilizado é der$ 1.999.747,97

9
 SEGUNDO EXEMPLO

TABELA 2. Relatório dos Custos Resumidos e dados para análise, para a cultura da Soja,
da Região de Barretos, SP, Agosto de 1997.
Componentes de custo R$/ano

Mão-de-obra 22,72
Semente/mudas 52,20
Adubos e corretivos 88,66
Defensivos 20,56
Operação de máquinas 88,27
Empreita 20,00
Custo Operacional Efetivo -COE 292,41

Depreciação de máquinas 33,37

Encargos sociais diretos 8,18
CESSR (FUNRURAL) 15,80
Seguro 6,78
Encargos financeiros 7,30
Outras despesas 14,62
Custo operacional total -COT 378,45

Arrendamento da terra 91,00

Outros custos fixos 14,62
Custo total de produção 484,07

DADOS PARA ANÀLISE

Receita bruta (R$)
Fluxo de caixa (R$)
Fluxo de caixa (sc)
Margem bruta (COE) - %
Margem bruta (COT) -%
Margem bruta (CTP) -%
Ponto de Nivelamento (COE) - sc
Ponto de Nivelamento (COT) - sc
Ponto de Nivelamento (CTP) - sc
Lucro operacional (R$)
Lucro operacional (sc)
Índice de lucratividade (%)
OBS: Rendimento da soja: 45sc./ha
Preço: R$ 13,00sc

10