Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CONCEITO
Os direitos políticos estão previstos, basicamente, nos arts. 14, 15 e 16 da Constituição da República.
São direitos fundamentais que caracterizam o regime democrático, destacando a participação popular na
formação da vontade do Estado, conferindo ao cidadão a capacidade de votar e de ser votado. Relaciona-
se com à primeira geração de direitos e garantias fundamentais. O titular de direitos políticos é
denominado cidadão. É ele o componente individual do povo que exerce a soberania. Nem todos os
nacionais são cidadãos, já que a aquisição da cidadania depende, além da nacionalidade, do
preenchimento de outros requisitos estabelecidos pelo Estado. A aferição desses requisitos, com a
incorporação do indivíduo no corpo de eleitores, se dá através do alistamento, é com ele que se adquire
a cidadania.
Art. 12. São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai
1
brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do
Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados
em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem,
em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
O art. 12, ℥3º, da CF, elenca como cargos privativos de brasileiros natos: a) Presidente e Vice-Presidente da
República b) Presidente da Câmara dos Deputados; c) Presidente do Senado Federal; d) Ministro do Supremo
Tribunal Federal; e) Carreira diplomática; f) Oficial das forças armadas; g) Ministro de Estado da Defesa.
II. Nacionalidade Derivada (Brasileiros Naturalizados): é aquela atribuída por fato posterior
ao nascimento, normalmente em decorrência da manifestação de vontade do Estado em
conceder sua nacionalidade e, em regra, da vontade do indivíduo em adquiri-la. Neste caso, o
indivíduo será considerado brasileiro naturalizado, na forma do artigo 12, II, CFRB/88. Válido
destacar que o Estado não está obrigado a conceder a naturalização, ainda que o requerente
preencha todos os requisitos estabelecido pelo legislador, exceto em relação a alínea b.
Art. 12. São brasileiros: II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano
ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
requeiram a nacionalidade brasileira;
Em razão do Tratado da Amizade, que garante os direitos políticos aos portugueses residentes por mais de 3 anos,
foi editada a Resolução TSE 21.538/2003, § 4º, art. 51, que: “a outorga a brasileiros do gozo dos direitos políticos
em Portugal, devidamente comunicada ao TSE, importará suspensão desses mesmos direitos no Brasil.
b) Pleno Exercício dos Direitos Políticos: não incidência de qualquer hipótese contida no art. 15 da CF que
dispõe sobre a perda ou suspensão de direitos políticos. Quais sejam: perda (cancelamento do título de
eleitor)-Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado (art. 12, §4º, I); recusa de
cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII (escusa/imperativo
de consciência) e suspensão (paralização temporária) - Incapacidade civil absoluta (art. 3º, do CC);
Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos (independentemente da
pena); Improbidade administrativa nos termos do art. 37, §4º.
c) Alistamento Eleitoral: é o alistamento eleitoral que confere ao indivíduo a cidadania e direitos (cívicos
e políticos). O alistamento eleitoral é comprovado pelo título de eleitor. Observa-se que com o advento
da Lei 12.891/2013 a apresentação do título eleitoral no momento do pedido de registro de candidatura
tornou-se dispensável, vez se tratar de informações detidas pela própria Justiça Eleitoral.
d) Domicílio Eleitoral na Circunscrição: por força do art. 9o, da Lei no 9.504/97, o candidato deve estar
domiciliado no local onde pretende concorrer às eleições há pelo menos um ano. Não se deve confundir
domicílio civil (art. 70 e segs., do CC) com domicílio eleitoral (art. 42, Parágrafo Único, do CE). A prova do
domicílio eleitoral será feita pelo título de eleitor.
e) Filiação Partidária: em razão de ter sido adotado em nosso ordenamento o Princípio da Democracia
Partidária (democracia semidireta), consideramos que o sistema brasileiro desconhece candidaturas
2
avulsas, portanto é necessária a filiação partidária a uma agremiação política como forma de cumprir a
exigência (condição de elegibilidade). A filiação estabelece o vínculo entre o cidadão e o partido político,
teoricamente, por razões de aferição de ideias e bandeiras. É regulada pelos arts. 16 a 22, da Lei no
9.096/1995 (Lei dos partidos políticos).
f) Idades mínimas: a verificação da idade mínima como condição de elegibilidade deve ser aferida, tendo-
se como parâmetro o momento da posse, e não do pedido de registro da candidatura (TSE - REsp no
22.900/MA). As idades mínimas são as de: a) 35 anos - Presidente, Vice-Presidente e Senador da
República; b) 30 anos - Governador e Vice-Governador; c) 21 anos - Deputado, Prefeitos e Vice-Prefeitos;
d) 18 anos – Vereador.
Elegibilidade do militar: considera-se militar o integrante das Forças Armadas. Com exceção do militar conscrito, o
militar é alistável e elegível. Dispõe o art. 142, § 3º, V, da CF: “o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar
filiado a partido político.” Por esta razão, ao militar alistável e elegível, não é necessária a filiação partidária no
lapso temporal de um ano anterior ao pleito, bastando que detenha cidadania e tenha seu nome escolhido em
convenção partidária do partido político pelo qual pretende concorrer. O art. 14, § 8º, da CF dispõe que: “O militar
alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
da atividade; II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.”. Na hipótese do inciso II, se não for eleito, o militar
volta ao seu posto anteriormente ocupado. O militar que já estiver na reserva deverá cumprir a condição de filiação.
DAS INELEGIBILIDADES
a) Inelegibilidade absoluta: A Carta Magna nos informa que são inelegíveis para qualquer cargo são os
inalistáveis e os analfabetos. Os inalistáveis são os estrangeiros, os conscritos durante o serviço militar e
aqueles que tiveram seus direitos políticos perdidos ou suspensos. Os analfabetos são aqueles que não
possuem domínio mínimo sobre o idioma. Essas hipóteses são previstas de forma taxativa.
Destaque-se que titular e vice são cargos diferentes. De modo que o titular reeleito não pode se candidatar a vice.
No entanto, o vice por dois mandatos pode pleitear a titularidade, desde que não tenha substituído o titular nos
seis meses anteriores ao pleito.
III. Militares: O militar alistável é elegível, desde que atenda às exigências: se contar menos
de dez anos de serviço, deverá afastar-se (afastamento definitivo) da atividade; se contar
mais de dez anos de serviço, será agregado (afastamento temporário) pela autoridade
superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. (Art.
14, § 8º). Essa regra também se aplica à PM e Bombeiro militar.
Segundo o Art. 15, é vedada a cassação de direitos políticos. Entende-se por cassação a supressão
arbitrária dos direitos políticos praticada em outros momentos antidemocráticos da vida política
brasileira, ou seja, a retirada dos direitos políticos sem o devido processo legal, especialmente o
contraditório e a ampla defesa. Apesar da vedação absoluta à cassação, o citado artigo permite a privação
dos direitos políticos, seja no caso de perda, seja no caso de suspensão. A distinção entre estes dois
conceitos está na maneira pela qual os direitos políticos serão restabelecidos após a cessação da causa
que deu ensejo à privação. No caso de perda, o restabelecimento dos direitos políticos dependerá do
requerimento do indivíduo, isto é, de um novo alistamento eleitoral. Já no caso de suspensão, o
restabelecimento se dará automaticamente, independentemente de manifestação da pessoa. São
hipóteses de perda e suspensão:
4
I – cancelamento da naturalização por sentença [JUDICIAL] transitada em julgado: o cancelamento
da naturalização provoca a perda da condição de nacional, conforme os termos do art. 12, § 4º, I. Tal fato
provoca a PERDA dos direitos políticos, haja vista que o estrangeiro não detém direitos políticos no Brasil.
II – incapacidade civil absoluta: a Lei n. 13.146, de 2015, que instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência,
alterou o art. 3º do Código Civil, passando a prever apenas uma hipótese de incapacidade civil absoluta — o menor
de 16 anos —, que, segundo a interpretação do § 1º do art. 14 da Constituição, não exerce direitos políticos, por
ser inalistável. Portanto, pode-se afirmar que a previsão constitucional de suspensão de direitos políticos por
incapacidade civil absoluta está, por ora, esvaziada, por falta de hipótese fática que se enquadre no art. 15, inciso
II.
III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos: os que sofrerem
condenação criminal com trânsito em julgado terão os direitos políticos SUSPENSOS até a extinção da
punibilidade.
Súmula n. 9 do TSE: A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado
cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação dos
danos.
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º,
VIII: cuida-se da escusa de consciência prevista no art. 5º, VIII, segundo o qual “ninguém será privado de
direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei”.
Mesmo não havendo unicidade de entendimentos, a doutrina majoritária entende que é uma situação de
PERDA dos direitos políticos.
V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º: o próprio art. 37, § 4º nos dá a dica
de que é uma hipótese de suspensão, percebam: “os atos de improbidade administrativa importarão a
SUSPENSÃO dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”.