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NOVO TESTAMENTO
SILVIA H. INOJOSSA
MÚSICA NA BÍBLIA

AULA № 2

NOVO TESTAMENTO
Silvia H. Inojossa

Apostilas Monte Sinai - somente conteúdos bíblicos


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para custear despesas na elaboração da apostila.
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APRESENTAÇÃO
O conteúdo desta apostila refere-se à segunda aula ministrada no curso “Oficina
de Regência” para maestros e músicos evangélicos, na cidade de Ribeirão Preto - SP.
"Música na Bíblia - Novo Testamento", contém, além das passagens sobre a música no
Novo Testamento, a história da música na igreja cristã até nos dias atuais.
O Antigo Testamento menciona uma grande orquestra de 4.000 músicos no
templo de Jerusalém. A pergunta mais frequente a respeito da música no Novo
testamento é "Porque não há registro de orquestra nas primitivas igrejas cristãs?" A
resposta é a perseguição contra os cristãos desde o princípio no livro de Atos dos
apóstolos, depois pelo Império Romanos, e em seguida pela igreja de Roma. A música só
foi possível nas igrejas cristãs verdadeiras, após a reforma protestante de 1517.
Essa apostila contém ainda a evolução da escrita musical, o desenvolvimento e
criação dos instrumentos musicais e a formação da orquestra como conhecemos hoje.
Os músicos cristãos conhecem todas passagens bíblicas relacionadas ao seu
ministério?
O conhecimento da história da música no Novo Testamento é essencial para os
músicos cristãos e também para aqueles que estão estudando para tocar na igreja.
Os textos mencionados devem ser lidos integralmente na bíblia para melhor
compreensão. Não há nada que substitua a leitura do próprio texto bíblico, porque
infalível é só a palavra de Deus. Por isso devemos seguir o conselho do apóstolo Paulo
escrito em I Tessalonicenses cap. 5. 21, “Examinai tudo. Retende o bem”.
A falta de conhecimento foi a causa destruição do povo de Deus do Antigo
Testamento.
Oséias 4. 6 “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento.”
Provérbios 16. 16 "Quanto melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro !"

Apostila elaborada a pedido dos participantes dos cursos.

Ribeirão Preto - São Paulo - dezembro / 2019


A autora

3
ÍNDICE

PAG
Apresentação 3
Restauração do segundo templo de Jerusalém 5
Cânticos e louvores no nascimento de Jesus Cristo 6
Louvor perfeito no Novo Testamento 7
Musica na última Santa Ceia 7
Trombetas no arrebatamento da igreja 8
Perseguição sobre a igreja cristã primitiva 9
Cânticos na igreja primitiva 10
Instruções para canto e música na igreja cristã 10
Música no Livro de Apocalipse 14
Cristãos salvos da terra tocando harpas no céu 16
Louvor dos salvos no céu 17
Louvor no céu dos vinte e quatro anciãos 18
celestiais
Louvor dos anjos pela queda da grande Babilônia 18
Cântico dos anjos no início e no fim da história 20
da humanidade
História da igreja Cristã - perseguição pelos judeus 20
Perseguição da Igreja pelos Imperadores Romanos 23
Perseguição dos cristãos pela Igreja de Roma 25
A pré reforma protestante 26
Acontecimentos que abriram caminho para a reforma 26
A reforma protestante 28
A música na reforma protestante 29
Evolução da escrita musical 31
Desenvolvimento dos instrumentos musicais 36
Formação das orquestras 45
Regência - música sacra 45
Colonização dos E.U.A. pelos protestantes 48
Escolas de música
As maiores orquestras do mundo antigo e atual 49
Conclusão 49
Bibliografia 50

4
AULA № 2

MÚSICA NO NOVO TESTAMENTO

RESTAURAÇÃO DO SEGUNDO TEMPLO DE JERUSALÉM

O Império Romano conquistou a Palestina em 63 a.C.


Herodes, o Grande, foi nomeado rei da Judéia, que era uma das partes do
território da Palestina, em 37 a.C. [1]
Nessa época, o templo de Jerusalém havia sido profanado. Estava
em ruínas por causa de ataques de exércitos inimigos.
Em 19 a.C, Herodes, o Grande, inicia a restauração do segundo templo de
Jerusalém, tornando-o uma obra magnífica. [1]
O nascimento de Jesus Cristo foi aproximadamente 4 anos antes do ano 1
da era cristã, em Belém da Judéia. [1]
A orquestra do templo de Jerusalém que existia no Antigo Testamento não
é mencionada no Novo Testamento. Perdeu-se no período de 400 anos entre o
Antigo e o Novo Testamento.

Wikimedia Commons

Maquete do segundo Templo de Jerusalém restaurado pelo rei Herodes

5
CÂNTICOS E LOUVORES NO NASCIMENTO DE JESUS CRISTO

Os evangelhos mostram que a chegada do Messias à terra foi celebrada


com música.
O primeiro cântico do Novo Testamento foi o de Maria, mãe de Jesus.

“Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor. E o meu espírito se alegra em
Deus meu Salvador”. (Lucas 1. 46)

O segundo cântico foi de Zacarias, pai de João Batista.

“Bendito o Senhor Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo. E nos levantou
uma salvação poderosa na casa de Davi seu servo”. (Lucas 1. 68)

O terceiro foi o coro dos anjos que apareceram aos pastores de Belém no
dia do nascimento de Jesus.

“E o anjo lhes disse: na cidade de Davi, nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o
Senhor. E, no mesmo instante apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos
celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa
vontade para com os homens”. (Lucas 2. 11 a 14)

Esses louvores mostram que houve alegria no céu quando, aqui na terra,
nasceu o Salvador dos homens: Jesus Cristo, o Messias prometido no Antigo
Testamento, a luz do mundo.

6
LOUVOR PERFEITO NO NOVO TESTAMENTO

Na passagem do Evangelho de S. Mateus, Jesus estava no templo fazendo


milagres, então os meninos que estavam presentes o louvaram. Jesus, fazendo
uma referência ao Salmo 8, afirma que o louvor perfeito vem das crianças.
Assim, podemos concluir que o louvor perfeito procede de almas puras.

"E foram ter com ele ao templo cegos e coxos, e curou-os. Vendo então os principais dos sacerdotes
e os escribas as maravilhas que fazia, e os meninos clamando no templo, Hosana ao Filho de Davi,
indignaram-se. E disseram-lhe: Ouves o que estes dizem? E Jesus lhes disse: Sim; nunca lestes:
Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor"? Mateus 21. 14 a 16

MÚSICA NA ÚLTIMA SANTA CEIA

A celebração da páscoa judaica seguia o ritual descrito em Êxodo 12. Na


última noite que passaram no Egito, Deus deu ordem aos israelitas para
celebrarem a primeira páscoa. Naquela noite e, a partir daí anualmente, os
israelitas comem pão asmo, ervas amargas, carne de cordeiro e,
posteriormente, foi acrescentado o vinho. Durante a celebração da páscoa oram
e são lidas passagens sobre a libertação de Israel da escravidão do Egito.
Também faz parte do ritual da páscoa judaica, cantar o Hallel, que é um
conjunto de seis salmos, do 113 ao 118. Estes são salmos de louvor pela
libertação de Israel da escravidão do Egito e proféticos a respeito do sacrifício de
Cristo. Os dois primeiros salmos 113 e 114 são cantados antes da refeição e os
quatro restantes do 115 ao 118, depois da refeição. O povo judeu, até os dias de
hoje, segue estes rituais na comemoração da páscoa [2]
Na noite em que foi traído, Jesus celebra a última páscoa com seus
discíplulos e a transforma em santa ceia.

“ E os discípulos prepararam a páscoa. E, assentou-se à mesa com os doze. E digo-vos


que, desde agora, não beberei deste fruto da vide até que o beba de novo convosco no
reino de meu Pai. E, tendo cantado o hino, saíram para o monte das Oliveiras".
(Mateus 26. 19 a 30)

Essa passagem faz uma referência especial ao momento em que Jesus e os


apóstolos, ao terminar a santa ceia, cantam o último Salmo do Hallel (118)

7
que, conforme podemos ver abaixo em um trecho desse Salmo, é uma profecia
do que iria acontecer com Jesus a partir daquele momento:

"Esta é a porta do Senhor, pela qual os justos entrarão. A pedra que os edificadores
rejeitaram tornou-se cabeça de esquina. Foi o Senhor que fez isto, e é coisa maravilhosa
aos nossos olhos. Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos e alegremo-nos nele.
Bendito aquele que vem em nome do Senhor. Deus é o Senhor que nos concedeu a luz;
atai a vítima da festa com cordas e levai-a até aos ângulos do altar".
(Salmo 118. 20 a 27)

A santa ceia é o único sacramento da igreja cristã que vai ser realizado no céu.

"E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; Porque vos
digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus".(Lucas 22. 15 e 16)

"E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do
Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus". (Apocalipse 19. 9)

TROMBETAS NO ARREBATAMENTO DA IGREJA

No Antigo Testamento, conforme podemos ler em Números cap. 10,


quando era necessário fazer o ajuntamento do povo, eram tocadas duas
trombetas de prata.
No "Sermão profético do fim dos tempos", ao falar de sua segunda vinda,
Jesus afirma que os anjos tocarão trombetas para ajuntamento do povo de Deus
que estiver em toda face da terra, e levá-los ao céu. Assim a igreja de Jesus
Cristo será arrebatada aos céus, ao som das trombetas celestiais.

“Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com
poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais
ajuntarão os seus escolhidos, de uma à outra extremidade dos céus”.
(Mateus 24. 30 e 31)

8
PERSEGUIÇÃO SOBRE A IGREJA CRISTÃ PRIMITIVA

Depois da morte de Jesus, os judeus expulsaram do templo de Jerusalém e


das sinagogas os apóstolos e todos os que se convertiam ao evangelho. Os
cristãos começaram a se reunir em suas casas.
Nascida dentro da comunidade judaica, a primitiva igreja cristã
empregava em suas reuniões os mesmos elementos do culto da sinagoga,
(oração, cânticos dos salmos e leitura da palavra) [3]. Entretanto, o objetivo
principal destas reuniões passou a ser a pregação do evangelho e o ensino da
doutrina de Cristo.
Mais tarde, esses locais de reunião foram chamados de igreja.

Creative Commons /Wikimedia

Ruínas da Sinagoga de Cafarnaum, onde Jesus pregou e realizou curas

Como sabia que, após sua morte, seus discípulos e todos aqueles que nele
cressem seria expulsos do templo e das sinagogas, Jesus disse a seus discípulos
que estaria entre eles onde quer que estivessem. Portanto, não precisavam mais
frequentar o templo e as sinagogas.
“Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio
deles”. (Mateus 18. 20)

9
A perseguição aumentou contra a igreja, quando os judeus apedrejaram e
mataram o diácono Estevão, Atos cap. 8, e quando o rei Herodes mandou
prender e matar o apóstolo Tiago, Atos cap. 12.
Muitos cultos eram feitos na casa dos cristãos, tanto em Israel quanto em
outros lugares onde chegava o evangelho.

“ Saudai também a igreja que está em sua casa”. (Romanos 16. 5)


“ Saúdam-vos Áquila e Prisca, com a igreja, que está em sua casa”. (I Coríntios 16. 19)
“Saudai aos irmãos de Laodiceia, a Ninfa e à igreja que está em sua casa.” (Colos 4. 15)
“A nossa irmã Ápia, e a Arquipo e à igreja que está em tua casa”.( Filemom 2).

CÂNTICOS NA IGREJA PRIMITIVA

Os cânticos faziam parte do culto na igreja cristã desde o princípio. Os


apóstolos e a maioria dos cristãos primitivos eram judeus e sabiam cantar os
salmos.

"Que fareis pois, irmãos? Quando vos juntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina,
tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação".
(I Coríntios 14. 26)

“Que farei pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento;
cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento”. (I Coríntios 14. 15)

"Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores". (Tiago 5. 13)

O apóstolo Paulo e seu companheiro de missão Silas, cantavam hinos


mesmo em grande sofrimento.
"E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes os
vestidos, mandaram açoita-los com varas. E, havendo-lhes dado muitos açoites, os
lançaram na prisão,e lhes segurou os pés no tronco. E, perto da meia noite, Paulo e Silas
oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam. E de repente
sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se
abriram as portas, e foram soltas as prisões de todos". (Atos 16. 22-26)

Na epístola de Romanos, existem dois cânticos do apóstolo Paulo:


Cântico de vitória: Romanos 8. 31 “Deus é por nós”

Hino de adoração: Romanos 11. 33 a 36, abaixo citado.


“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão
insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!
Porque quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?
Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado?
Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória pois a ele eternamente.
Amém”.
10
As poesias desses dois cânticos do apóstolo Paulo, atualmente fazem parte
dos hinários evangélicos.

INSTRUÇÃO PARA CANTO E MÚSICA NA IGREJA CRISTÃ PRIMITIVA

Por ter muito conhecimento do Antigo Testamento, o apóstolo Paulo


conhecia o ministério musical instituído pelo rei Davi. Assim, ele deu instruções
para os cânticos na igreja cristã.
Houve mudanças, porque os cristãos não estavam mais debaixo da lei e
sim na graça de Jesus Cristo. Nesses dois versos, ele estabelece as bases para o
canto na igreja cristã:

“Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais: cantando e salmodiando


ao Senhor no vosso coração”. (Efésios 5. 19)

“ A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-


vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais;
cantando ao Senhor com graça em vosso coração”. (Colossenses 3.16)

Instruções contidas nesses dois versos:

Cânticos procedem do coração: nos dois versos o apóstolo especifica que os


cânticos têm que sair do sentimento do coração, onde habita o Espírito Santo.
A presença de Deus não habitava mais no templo de Jerusalém, porque o
coração do homem passou a ser o templo do Espírito Santo.

"Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós,
proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos"? (I Coríntios 6. 19)

Canto congregacional: no Antigo Testamento só os sacerdotes e levitas


músicos podiam cantar no Templo de Jerusalém, mas agora no tempo da graça,
todos os cristãos pertencem ao "sacerdócio real", portanto todos cristãos têm o
direito de cantar nos cultos. Foi instituído o canto congregacional nas igrejas.

"Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido"
(I Pedro 2. 9)

"Aquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, E nos fez reis e
sacerdotes para Deus e seu Pai" ( Apocalipse 1. 5-6)

11
Conhecimento da Palavra: em Colossenses 3. 16, antes de mencionar os
salmos, hinos e cânticos, o apóstolo menciona a necessidade de ter sabedoria
na palavra de Deus,

“ A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-


vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais".

A música nunca pode estar separada do conhecimento, porque quem canta


ou toca para louvar a Deus, precisa conhecê-lo e a sua palavra. Como vamos
louvar a um Deus que não conhecemos, ou conhecemos superficialmente?
Os levitas, músicos do Antigo Testamento, antes de assumir o ministério
musical tinham que aprender todas a leis de Deus.
O apóstolo Paulo instituiu o canto congregacional nas igrejas cristãs, onde
todos os convertidos ao evangelho podiam cantar. Entretanto, o princípio
espiritual para cantar ( e tocar), com conhecimento da palavra de Deus,
permaneceu o mesmo do Antigo Testamento: “ A palavra de Cristo habite em vós
abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos
outros com salmos, hinos..."

Instrumentos musicais nas igrejas primitivas: nos dois versos nos quais
estabelece as bases para o canto na igreja, o apóstolo Paulo ensina a cantar os
salmos, que eram cânticos de louvor do Antigo Testamento, acompanhados de
instrumentos musicais, como exorta os salmos abaixo citados.

"Louvai ao Senhor com harpa, cantai a ele com saltério de dez cordas".( Salmo 33. 2 )

"Deus subiu com júbilo, o Senhor subiu ao som da trombeta. Cantai louvores a Deus,
cantai louvores ao nosso Rei". (Salmo 47. 5-6)

" Também eu te louvarei com o saltério, bem como à tua verdade, ó meu Deus; cantar-
te-ei com a harpa, ó Santo de Israel". ( Salmo 71. 22)

"Cantai alegremente a Deus, nossa fortaleza; celebrai o Deus de Jacó. Tomai o saltério
e trazei o adufe, a harpa suave e o alaúde. Tocai a trombeta na festa da lua nova".
(Salmo 81. 1-3)

“Louvai ao Senhor! Louvai a Deus no seu santuário; Louvai-o pelos seus atos poderosos;
louvai-o conforme a excelência da sua grandeza. Louvai-o com o som de trombeta;
louvai -o com o saltério e a harpa. Louvai-o com o adufe e a flauta; louvai -o com
instrumento de cordas e com órgãos. Louvai-o com os címbalos sonoros; louvai-o
com címbalos altissonantes. Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor". (Salmo 150)
12
Ora, se os Salmos nos exortam a louvar ao Senhor com trombetas,
saltérios, harpas, adufe, alaúde e o apóstolo Paulo nos ensina a cantar salmos,
hinos e cânticos espitrituais, podemos concluir que no Novo Testamento não há
proibição em usar instrumentos musicais e formar orquestras nas igrejas
cristãs. Como não é mencionada orquestra no Novo Testamento, muitas igrejas
cristãs dos primeiros séculos não usavam instrumentos musicais nos cultos,
interpretando isso como um modelo de culto a ser seguido. Porém essa foi uma
interpretação equivocada.
O motivo de não haver menção de instrumentos musicais ou orquestra, era
porque a igreja cristã primitiva enfrentou fortes perseguições desde o início.
Foram perseguidos pelos judeus, conforme consta no livro de Atos, perseguição
que continuou pelos imperadores romanos e depois pela igreja católica de
Roma. Não podiam formar uma orquestra para tocar nos cultos, pois estes eram
feitos em lugares escondidos.
Por que a igreja cristã não poderia ter uma orquestra, se no céu há
instrumentos musicais e o trono de Deus é rodeado de músicos com harpas
(Apocalipse 5. 8), e no Antigo Testamento, dentro do templo de Jerusalém onde
habitava a presença de Deus, havia uma orquestra de 4.000 músicos?
(I Crônicas 23. 5).
Forma dos Cânticos: o apóstolo Paulo instrui a igreja a cantar salmos, que são
os cento e cinquenta Salmos do Antigo Testamento e acrescenta ainda hinos e
cânticos espirituais, pois havia chegado a plenitude dos tempos,
"Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido sob a lei, para
remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos".
Galatas 4. 4-5

A "plenitude dos tempos", exigia "cântico novo", com poesias sobre a


salvação dos homens através do sacrifício de Cristo; cânticos com poesias
anunciando o evangelho e poesias de louvor e adoração ao Salvador.
Atualmente nas igrejas evangélicas conservadoras, as poesias dos hinos
têm como tema central o evangelho de Jesus Cristo, a salvação, a vida eterna, e
suas orquestras seguem o modelo da orquestra do Antigo Testamento, não
usando instrumentos de percussão.

13
MÚSICA NO LIVRO DE APOCALIPSE

O livro de Apocalipse nos mostra que o céu é cheio de louvores e cânticos.


Neste livro, todas vitórias de Cristo e da igreja são celebradas com
louvores e cânticos pelos anjos de elevadas categorias, que ficam diante do
trono de Deus, e pelos milhões de milhões de anjos do céu.
No capítulo 4 de Apocalipse, o apóstolo João vê o trono da majestade
divina. Ao redor do trono estão quatro anjos querubins e vinte e quatro anciãos
louvando a Deus.
Em primeiro lugar, aparecem os quatro anjos querubins louvando a Deus:

"Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo poderoso, que era, e que é e que há de
vir. E, quando os animais davam glória, e honra, e ações de graças ao que estava
assentado sobre o trono, ao que vive para todo o sempre." ( Apocalipse 4. 8-9)

Em seguida os vinte e quatro anciãos se prostram diante do trono em


adoração e louvor a Deus,

"Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono,
e adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam as suas coroas diante do trono,
dizendo: Digno és, Senhor de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas
as coisas, e por tua vontade são e foram criadas". (Apocalipse 4. 10 - 11)

O capítulo 5 de Apocalipse mostra uma cerimônia solene, onde Deus reúne


ao redor do trono milhões de milhões de anjos do céu com cânticos e louvores,
para abertura de um livro selado com sete selos. Esse livro contém os desígnios
de Deus para o fim da história da humanidade. Tudo que acontecerá no restante
de Apocalipse está escrito nesse livro. Entretanto, ninguém no céu nem na terra
foi achado digno de abrir o livro, nem desatar seus selos. Por este motivo, o
apóstolo João chorava muito, mas um dos anciãos disse-lhe que o "Leão da tribo
de Judá venceu para abrir o livro".
Um leão tem como características força, liderança, coragem, poder e
majestade. Certamente o apóstolo João esperava aparecer um leão para pegar o
livro, porém Jesus aparece diante do trono de Deus, na forma de um cordeiro,
com os sinais de que havia sido imolado e toma o livro.
Jesus é Leão da tribo de Judá, mas venceu com as qualidades de um
cordeiro: humildade, mansidão e submissão à vontade do Pai (a morte na cruz).

14
No momento solene em que Jesus aparece como um cordeiro e toma o
livro, há uma explosão de cânticos de louvores no céu, iniciado pelos quatro
anjos querubins, pelos vinte e quatro anciãos e em seguida por todos os outros
milhões de milhões de anjos do céu,

"E, havendo tomado o livro, os quatro animais (querubins) e os vinte e quatro anciãos
prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de
incenso, que são as orações dos santos. E cantavam um novo cântico, dizendo:
Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu
sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; E para
o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra. E olhei, e ouvi a
voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais (querubins), e dos anciãos; e era
o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares, Que com grande voz
diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e
força, e honra, e glória, e ações de graças". (Apocalipse 5. 8-12)

Houve essa grande manifestação de louvor no céu, porque os vinte e


quatro anciãos, os quatro anjos querubins e todos os milhões de milhões de
anjos do céu sabiam claramente o significado do livro selado nas mãos do
Cordeiro. Significava que, primeiro viriam o juízo e a ira de Deus sobre todos os
ímpios da terra e sobre o adversário das nossas almas (Apoc. cap. 6 em
diante). Em seguida viriam justiça e salvação de Deus sobre todos os santos e
fiéis. E finalmente a vitória de Cristo e da igreja - Apoc. 21.

15
CRISTÃOS SALVOS DA TERRA TOCANDO HARPAS NO CÉU

Harpa Arias/ParaguayanHarps Harpa Diy/China

Há duas passagens em Apocalipse que mostram seres humanos tocando


harpas e cantando no céu.
Primeira: os cristãos que não colocarem o sinal da besta no fim dos tempos,
morrerão degolados. Eles darão sua vida por amor a Cristo e receberão harpas
para tocar e cantar no céu (Apocalipse 20. 4),
"E vi um como mar de vidro misturado com fogo; e também os que saíram vitoriosos
da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número do seu sinal, e do número
do seu nome, que estavam junto ao mar de vidro, e tinham as harpas de Deus.
E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro,
dizendo: Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso! Justos
e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos santos. Quem te não temerá, ó Senhor, e
não magnificará o teu nome? Porque só tu és santo; por isso todas as nações virão, e se
prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos." Apocalipse 15 2-4

Segunda: essa passagem mostra que, no fim dos tempos, na abertura do sexto
selo, serão assinalados aqui na terra 144 mil israelitas, doze mil de cada tribo de
Israel que, posteriormente no céu, formarão uma comitiva que seguirá o
Cordeiro aonde quer que vá. Apocalipse 7, 3-8.
Eles seguirão o Cordeiro e ainda terão o privilégio de, diante do trono de Deus,
junto aos vinte e quatro anciãos e os quatro querubins, tocar e cantar um
cântico exclusivo, que ninguém pode aprender senão os 144 mil.

16
"E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte de Sião, e com ele cento e quarenta
e quatro mil, que em suas testas tinham escrito o nome dele e o de seu Pai. E ouvi uma
voz do céu, como a voz de muitas águas, e como a voz de um grande trovão; e ouvi
uma voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas. E cantavam um como
cântico novo diante do trono, e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém
podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram
comprados da terra. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá."
Apocalipse 14, 1-4

Observemos que esses 144 mil, que lá no céu tocarão harpas, terão no
reino celestial uma posição tão elevada, porque aqui na terra foram
irrepreensíveis diante de Deus,

"E na sua boca não se achou engano; porque são irrepreensíveis diante do trono de Deus".
Apocalipse 14. 5

LOUVOR DOS SALVOS NO CÉU

Em Apocalipse cap. 7, os salvos de todas nações, tribos e línguas se


apresentam diante do trono para louvar a Deus.
Juntam-se a eles, os vinte e quatro anciãos, os quatro anjos querubins, e
todos os anjos do céu,

"Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia
contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e
perante o Cordeiro, trajando vestidos brancos e com palmas nas suas mãos; E
clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no
trono, e ao Cordeiro. E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos anciãos e dos
quatro animais; e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus,
Dizendo: Amem. Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e
força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém." Apocalipse 7. 9-11.

LOUVOR DOS VINTE E QUATRO ANCIÃOS CELESTIAIS

Em Apocalipse 11, está escrito que ao soar da sétima trombeta, os vinte e


quatro anciãos louvam a Deus porque tinham conhecimento do que aconteceria
após o toque desta última trombeta.

"E tocou o sétimo anjo a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os
reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o
sempre. E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de
Deus, prostaram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus. Dizendo: Graças te damos,
Senhor Deus Todo-poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu
grande poder, e reinaste".
Apocalipse 11. 15-17

17
Nesse tempo do fim, as nações se levantam contra o reino de Deus. Então
são derramadas as sete taças da ira de Deus sobre a terra. A partir daí, os dois
líderes mundiais satânicos são aniquilados: o falso profeta - líder do poder
religioso mundial (a besta que subiu da terra), depois o anticristo, líder do poder
político e econômico mundial (a besta que subiu do mar), e o dragão (satanás)
será preso por mil anos, Apococalipse cap. 15 a 20

LOUVOR NO CÉU APÓS A QUEDA DA GRANDE BABILÔNIA

A grande Babilônia descrita em Apocalipse, será uma religião mundial que


haverá no fim dos tempos, liderada pelo falso profeta (a besta que subiu da
terra) e apoiada pelos "reis da terra" (Apoc. 17). Opõe-se a Deus, e vai obrigar
todas as pessoas do mundo a adorar a imagem da besta que subiu do mar, o
anticristo. (Apoc. 13 11-18).
Essa religião mundial vai matar os verdadeiros cristãos, que não vão adorar
o anticristo nem colocar o sinal na mão ou na testa para comprar ou vender
(Apoc. 20. 4). É simbolizada por uma mulher, denominada "a grande prostituta"
que corrompeu a terra. A destruição dessa "grande prostituta" é relatada no
capítulo 17 de Apocalipse.

Apocalipse cap. 19 1-7 “ A queda de Babilônia. Alegria e triunfo nos céus”

“E depois destas coisas, ouvi no céu como que uma grande voz de uma grande
multidão, que dizia: Aleluia: Salvação, e glória, e honra, e poder pertencem ao Senhor
nosso Deus; Porque verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande
prostituta, que havia corrompido a terra com a sua prostituição, e das mãos dela vingou
o sangue dos seus servos. E outra vez disseram: Aleluia. E o fumo dela sobe para todo o
sempre. E os vinte e quatro anciãos, e os quatro animais (querubins), prostraram-se e
adoraram a Deus, assentado no trono, dizendo: Amém, Aleluia. E saiu uma voz do
trono, que dizia: Louvai o nosso Deus, vós, todos os seus servos, e vós que o temeis,
assim pequenos como grandes. E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como
que a voz de muitas águas e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia: pois
já o Senhor Deus Todo-Poderoso reina. Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe
glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou”.

Depois da queda da grande Babilônia, o anticristo (líder político e


econômico mundial) com seus exércitos serão vencidos por Jesus Cristo e pelo
exército celestial,

18
"E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-
se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E seguiam-no os exércitos no céu em
cavalos brancos, e vestes de linho fino, branco e puro. E da sua boca saía uma aguda
espada, para ferir com ela as nações. E no vestido e na sua coxa tem escrito este nome:
Rei dos reis, e Senhor dos senhores, E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos
reunidos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo, e ao seu
exército. E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais,
com que enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes
dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre". Apocalipse 19 11-21

Assim terminam todos os reinos humanos e caem os três poderes mundiais


(religioso, político e econômico).
 O dragão (satanás) será preso por mil anos.
 A partir daí inicia-se o Milênio - (Apoc. 20. 1-3).
 Acabados os mil anos, o dragão será solto e vencido para sempre - Apoc.
20 7-10.
 Haverá o juízo final - Apocalipse 20 11-15.
 Inicia-se para os salvos a vida eterna no novo céu e na nova terra -
Apocalipse cap. 21

CÂNTICO DOS ANJOS NO INÍCIO


E NO FIM DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE

No livro de Jó, encontramos exércitos celestiais de anjos cantando durante


a fundação da terra, e criação de todo o universo, Jó 38. 4, 6 e 7
O canto esteve no início da criação e também estará no final da história da
humanidade. No livro de Apocalipse encontramos milhões de milhões de anjos
juntos com os salvos da terra louvando a Deus e a Jesus Cristo pela redenção
da humanidade e pela reconciliação de todas as coisas, tanto da terra como do
céu.
“E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse
consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos
céus”. Colossenses 1.20

"Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver
aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que
haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. E, quando todas as coisas lhe
estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas
lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos." I Coríntios 15, 24-25 e 28.

19
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ

A igreja cristã iniciou com perseguição e foi perseguida durante muitos


séculos. Por este motivo, o Novo Testamento não menciona instrumentos
musicais ou orquestra tocando. Os primeiros cristãos foram perseguidos pelos
judeus, conforme consta no livro de Atos. A partir do ano 64 d.C. começaram a
ser perseguidos pelos Imperadores Romanos. O apóstolo Paulo foi decapitado e o
apóstolo Pedro foi crucificado por ordem do Imperador Romano Nero. [4]
Jesus havia predito que a cidade de Jerusalém e o templo seriam
destruídos,

“Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua
desolação. Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; os que estiverem
no meio da cidade, saiam. E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão
levados cativos” - Lucas 21. 20-24.

"E quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe
mostrarem a estrutura do templo. Jesus, porém lhes disse: Não vedes tudo isto? Em
verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada" -
Mateus 24. 1-2.

No ano 70 d.C, a cidade de Jerusalém e o templo foram destruídos pelo


general romano Titus Flavius, conforme havia sido profetizado por Jesus.
Nessa guerra morreram aproximadamente um milhão de judeus e muitos
foram levados cativos e dispersos por todas as nações da terra, conforme
escreveu o historiador judeu daquela época, Flávio Josefo, no livro “A Guerra
Judaica contra os Romanos ”.
Não morreram cristãos nessa guerra, porque muitos já haviam saído de
Israel, por causa da perseguição dos judeus - Atos 11 v. 19. Quando o exército
romano cercou a cidade, os cristãos que ainda estavam em Jerusalém fugiram
obedecendo o que Jesus havia dito. A destruição do templo de Jerusalém pôs fim
ao sistema de sacrifício de animais para perdão dos pecados.

20
Jebulon/Wikimedia Commmons

ARCO DE TITO EM ROMA


Construído para comemorar a vitória de general romano Titus Flavius pela
destruição da cidade de Jerusalém e do segundo templo.

Jose Luiz B. Ribeiro/Wikimedia Commmons

Um dos relevos internos do Arco de Tito, mostrando objetos de culto


saqueados do Templo de Jerusalém: o candelabro de ouro e as trombetas de prata

21
No século VII da era cristã, os árabes mulçumanos construíram no lugar
onde era o templo de Jerusalém, a Mesquita de Al Aqsa, e o Domo da Rocha.

Andrew Shiva/ Wikimedia Commons

Domo da Rocha um lugar sagrado para os mulçumanos.


Esse edifício está situado no monte onde ficava o templo de Jerusalém,

Israel voltou a ser uma nação, por uma Declaração de Independência da


ONU em 1948. Isso aconteceu depois da segunda guerra mundial, onde
morreram 6 milhões de judeus.

Só restou do templo de Jerusalém, um muro do lado ocidental, chamado de


"muro das lamentações", considerado pelos judeus um lugar sagrado, onde
fazem suas orações pedindo a Deus para enviar o Messias na terra.

22
Muro das lamentações, Jerusalém - Israel
atrás do muro está a mesquita árabe

PERSEGUIÇÃO DOS CRISTÃOS PELOS IMPERADORES ROMANOS

O Império Romano era politeísta, ou seja, adoravam muitos deuses,


inclusive os Imperadores Romanos, que eram considerados seres divinos. Em
cada cidade havia uma estátua do imperador reinante, para o povo o adorar e
oferecer incenso. Os cristãos se recusavam a oferecer incenso e adorar a imagem
do imperador nos altares, por isso foram perseguidos do ano 64 ao ano 313
d.C. [5]
Nesse período de perseguição, os cristãos foram lançados às feras,
queimados vivos, degolados ou crucificados em espetáculos públicos.

23
Wikimedia Commons

PINTURA: A última prece dos mártires cristãos - Jean Gérôme - 1863

A morte de cristãos crucificados e outros devorados por animais na arena do Coliseu


era um espetáculo muito popular em Roma

Os cristão perseguidos se refugiavam em cavernas e faziam seus cultos até


nas catacumbas, que eram cemitérios subterrâneos, cavados em rochas
vulcânicas, muitas ao redor de Roma. Essas galerias subterrâneas eram
verdadeiros labirintos, que podiam atingir muitos quilômetros. [6]
Temos poesias de hinos que citam a fé dos cristãos nesse período de
perseguição.

Catacumbas de Roma

24
O Imperador Constantino I, “converteu-se” ao cristianismo e no ano de
313 d.C, publicou o Édito de Milão, dando liberdade de culto aos cristãos. [7]

PERSEGUIÇÃO DOS CRISTÃOS PELA IGREJA DE ROMA

O cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano, onde o bispo


de Roma era nomeado por indicação do Imperador. As igrejas cristãs se uniram e
o bispo de Roma tomou a liderança religiosa universal.
Em 476 d.C caiu o Império Romano do ocidente e o bispo de Roma que
tinha o poder religioso, aos poucos foi tornando-se um governante influente nas
nações, tendo poder acima dos reis e imperadores, com o título de papa. [4]
Foram introduzidos na falsa igreja cristã de Roma, adoração à Maria,
adoração à imagens de santos, doutrina do purgatório, instituição da missa em
latim, proibição das pessoas ler a bíblia, proibição da tradução da bíblia em
outras línguas [5]. Os verdadeiros cristãos começaram novamente a ser
perseguidos por não aceitarem esse falso cristianismo.

A Inquisição foi um tribunal religioso criado no século XII pela Igreja


Católica de Roma, que vigiava, perseguia e condenava aqueles que fossem
suspeitos de praticar outras religiões, principalmente os verdadeiros cristãos e os
judeus. A maioria das penas era a morte, onde os condenados eram queimados
vivos em plena praça pública, junto com a bíblia. [8].
A igreja tomava posse de todos os bens dos condenados e isso
transformou a Inquisição numa atividade altamente rentável para os cofres da
Igreja. Usavam a tortura como método de obtenção da confissão de suspeitos.
Os inquisidores católicos estão entre os mais cruéis torturadores da história da
humanidade.
A partir do século XII d.C., foram instituídas as indulgências, que eram
pagamentos que as pessoas faziam à Igreja Católica de Roma para a remissão da
pena dos pecados cometidos. Quanto maior o pecado, maior seria o valor em
dinheiro. Os fiéis também podiam pagar para o Papa tirar seus parentes que já
tinham morrido do purgatório. Em razão desses pagamentos a Igreja Católica de
Roma, na Idade Média, tornou-se muito rica e poderosa [4].

25
Além disso, vendiam objetos santos e milagrosos como cruz, medalhas de
santos e muitos outros objetos benzidos pelo Papa (ainda hoje existe essa prática
de venda de objetos milagrosos ungidos nas igrejas evangélicas que seguem o
Evangelho da Prosperidade).
A perseguição pelos Imperadores Romanos e pela Igreja Católica de
Roma durou cerca de 1.500 anos e matou milhões de cristãos verdadeiros.

A PRÉ REFORMA PROTESTANTE

No período anterior à Reforma Protestante, surgiram vários movimentos


cristãos para formar igrejas que seguissem o verdadeiro evangelho, opondo-se à
igreja católica de Roma e ao papa. Entretanto, estes movimentos foram
reprimidos com violentas perseguições, onde muitos morreram queimados vivos
nas fogueiras em praça publica. Entre tantos movimentos, podemos citar os
"Albigenses" em 1170 d.C. na França; os "Valdenses" em 1174 também na
França. Podemos também citar alguns líderes destes movimentos, como John
Wycliffe em 1329 na Inglaterra; John Huss em 1415 na Boêmia (atualmente
República Tcheca); Jêronimo Savonarola em 1452 na Itália [4].

ACONTECIMENTOS QUE ABRIRAM CAMINHO


PARA A REFORMA PROTESTANTE

A maioria dos historiadores consideram o ano de 1453 d.C. como o fim da


Idade Média. A partir daí, houve dois grandes acontecimentos que iriam dar
condições para a reforma protestante prosperar.
Primeiro: até 1455 os livros eram copiados à mão em folhas de papiro ou
pergaminhos feitos de pele de animal. O custo desses materiais e o tempo
utilizado pelos copistas, faziam os livros ter um preço elevadíssimo e inacessível
para as pessoas comuns. Além disso, os monges católicos só faziam a bíblia em
latim, e o povo era proibido de ter a bíblia.

26
Wikimedia Commons

Pergaminho - feito de pele de animal Papiro - feito da planta Papyrus

Em 1456 d.C., Johannes Gutenberg inventou a máquina de imprimir livros.


Inicialmente imprimiu 200 cópias da bíblia em latim. Essa invenção foi
fundamental para a reforma protestante, pois a partir daí as bíblias foram
traduzidas para muitas línguas e o preço delas tornou-se acessível a muitos. A
máquina de impressão de livros também teve grande influência no
desenvolvimento e padronização da escrita musical [7].

Exemplar da Bíblia de Gutenberg na Biblioteca do Congresso em Washington – EUA

Segundo: o descobrimento das Américas em 1492. Cristóvão Colombo um


navegador italiano, comandou uma frota de navios dos reis da Espanha para as
Índias mas, segundo a história, por um erro de navegação, em 12 de outubro de
1492, chegou na América Central. Com o descobrimento da América, os
verdadeiros cristãos perseguidos na Europa pela igreja de Roma depois da
reforma protestante, puderam ir para a América do Norte, onde formaram uma
nação protestante, os Estados Unidos da América.

27
A REFORMA PROTESTANTE

A Reforma Protestante foi iniciada em 1517, por Martinho Lutero, um


monge alemão, professor e doutor em teologia, que foi contra as doutrinas e
práticas da Igreja Católica Romana. Para Lutero, a salvação estava vinculada a
obediência à palavra de Deus e não obediência ao papa.
Lutero foi apoiado pelos príncipes e nobres alemães que estavam saturados
da exploração de Roma. Foi escondido num castelo onde traduziu a bíblia para o
alemão. Distribuiu muitas cópias, principalmente do Novo Testamento, utilizando
a maquina de imprimir livros inventada por Gutenberg 60 anos antes do início da
reforma protestante [4].
A difusão das idéias protestantes foi facilitada pela invenção da imprensa,
que tornou possível a divulgação da reforma e a tradução da Bíblia em muitas
línguas.

Wikimedia Commons,

Castelo Wartburg na Alemanha, onde Martinho Lutero ficou escondido e traduziu a bíblia para o alemão

O movimento protestante se estendeu por vários países da Europa. Na


Suiça, em 1523, foi liderado por Ulrico Zuínglio; na Inglaterra em 1534, pelo Rei
Henrique VIII; na França, em 1536, por Jean Calvin; na Escócia, em 1559, por
John Knox dentre outros. Mesmo após os movimentos da reforma protestante,
vários grupos de cristãos verdadeiros, como os anabatistas, huguenotes,
puritanos, continuaram sendo perseguidos pela inquisição católica até o início do
séc. XIX [4].
Os verdadeiros cristãos, que pareciam destruídos diante do poder da igreja
de Roma, foram vencedores e após muitos anos de luta, começaram a ter
liberdade de culto.

28
A MÚSICA NA REFORMA PROTESTANTE

Segundo a doutrina da Igreja de Roma, só os padres podiam cantar o canto


gregoriano em latim e sem instrumentos musicais.
Martinho Lutero mudou a música na igreja protestante. Instituiu o canto
congregacional na sua própria língua. Seu pensamento baseado em Efésios 5. 19
e Colossenses 3.16, era que, depois da graça de Cristo, todos podiam cantar e
louvar a Deus.
Lutero era músico e compositor. Em 1524 publicou o primeiro hinário em
alemão e instituiu orquestra na igreja cristã protestante, com orgão, alaúdes,
flautas e outros instrumentos musicais.

Órgão antigo de foles Alaúde medieval Flauta antiga

Juntamente com outros músicos e compositores, fez hinos baseados nos


salmos e em passagens bíblicas e também hinos em que as poesias falavam de
Cristo, para evangelização. Lutero conhecia o valor espiritual da música. Entendia
que a música deveria estar a serviço da proclamação do Evangelho e que os
hinos faziam a palavra de Deus ficar viva nos corações.
A música teve um papel muito importante no desenvolvimento da Reforma
Protestante. Os hinos eram uma arma poderosa para conversão. Os religiosos
católicos da época diziam “Lutero está convertendo mais almas com suas
músicas (hinos) do que com seus sermões” [9].

29
A invenção da imprensa, em 1456, foi um fator importante para a rápida
disseminação dos hinos dos protestantes. Lutero imprimia e distribuia os
hinários.
A perseguição inspirou Lutero a compôr o hino “Castelo Forte é nosso
Deus” em 1528. Foi traduzido para centenas de línguas e chegou até os nossos
hinários com o título de "Castelo Forte" ou "Forte Rocha".

Wikimedia Commons

Partitura do hino Castelo Forte com assinatura de Martinho Lutero

Martinho Lutero foi, dentre os reformadores do seu tempo, o único a


reconhecer o valor inestimável da música e a função que ela tem na igreja [10].
No período pós-reforma, vários instrumentos começaram a ser introduzidos
nas igrejas cristãs, como os instrumentos de cordas e de sopro .
Os ingleses protestantes, por influência do calvinismo, mesmo após a
reforma, só cantavam os salmos nas igrejas cristãs sem instrumentos musicais.
Em 1709, o pastor inglês Isaac Watts compôs mais de 600 hinos e publicou um
hinário chamado "Hinos e Cânticos Espirituais" [7].
A partir de 1738, os irmãos Wesley da Inglaterra também cooperaram para
introduzir a música nas igrejas cristãs, compondo muitos cânticos. [7].

30
EVOLUÇÃO DA ESCRITA MUSICAL

Durante muitos séculos, a música foi transmitida oralmente. As pessoas


cantavam ou tocavam e, dessa maneira, as canções iam sendo passadas de
geração em geração.
Existe pouco conhecimento sobre a música da Antiguidade, pela
inexistência de escrita musical clara e documentação suficiente. Foram
encontradas evidências arqueológicas de escrita musical praticada no Egito e
Mesopotâmia. Os gregos utilizavam um sistema de notação musical sobre o texto
de uma canção. O desenvolvimento foi lento, pois a dificuldade era: Como
registrar, através da escrita, os sons musicais?
SÉCULO VIII (701 a 800 d.C): O sistema moderno de escrita musical teve suas
origens nos neumas, que eram símbolos, pontos, traços e linhas sinuosas
colocados sobre as sílabas da poesia do canto gregoriano, por volta do século
VIII. No entanto, este sistema não possibilitava que pessoas que nunca tivessem
ouvido uma música escrita com neumas, pudessem cantá-la. Isto porque não era
possível representar com precisão as alturas e durações das notas. [11]

Wikimedia Commons

Neumas

SÉCULO XI (1001 a 1100 d.C): Grande parte do desenvolvimento da escrita musical


moderna teve origem no trabalho do monge italiano Guido D'Arezzo. Foi o responsável
pelo estabelecimento de um sistema de notação musical com quatro linhas,
o tetragrama, de onde se originou a atual pauta musical de cinco linhas [12].

31
Tetragrama

O Hino a São João, de Guido D'Arezzo, deu às notas musicais, os nomes que
conhecemos hoje.

No século XII a primeira nota UT foi alterada para DÓ

SÉCULO XIII (1201 a 1300 d.C): O canto gregoriano era monofônico (uma só
voz). Inicalmente foi acrescentado ao canto gregoriano uma segunda voz. Os
compositores franceses Léonin e Pérotin, adicionaram mais vozes à melodia
gregoriana. Isso foi o início da polifonia . "Organum" foi o nome dado a esses
primeiros trabalhos de polifonia ( várias vozes simultâneas e harmônicas). [13]

Wikimedia Commons

"Organum" a 4 vozes - início da polifonia moderna

32
SÉCULO XIV (1301 a 1400 d.C): Foi estabelecido um novo sistema de escrita
musical denominado "Ars nova" (nova técnica de notação musical), que além de
representar as alturas das notas, permitia representar também a duração dos
tempos. [13]

"Ars nova" usava notas pretas e brancas ou coloridas

Wikimedia Commons

33
SÉCULO XV (1401 a 1500 d.C): Por volta do ano de 1480, as primeiras obras
musicais foram editadas usando os mesmos procedimentos da impressão da
Bíblia de Gutenberg. Assim como os formatos das letras foram padronizados pela
invenção da impressão de livros, também o formato das notas musicais, sinais de
claves e acidentes foram padronizados pela impressão da música. [14]
SÉCULO XVI (1501 a 1600 d.C): o compositor italiano Giovani Palestrina,
desenvolveu a polifonia, publicando a partir de 1554 peças musicais com até
oito vozes.
A escrita musical moderna data do início desse século, período em que as notas
quadradas brancas e as notas quadradas pretas ou coloridas passaram a ser
escritas em forma arredondada. [14]

Wikimedia Commons

SÉCULO XVIII (1701 a 1800 d.C): na Grécia antiga, os sons eram organizados
de sete formas, que deram base para o sistema de escalas, utilizado na música
ocidental. A partir do século XV, a maioria dos músicos dava preferência aos
modos gregos chamados Jônio e Eólio, que posteriormente receberam os nomes
“Escala maior” e “Escala menor”, respectivamente. Essas são as origens das
escalas diatônicas maior e menor, iniciando assim o período tonal da música.
A escala musical temperada consiste na divisão da oitava em doze semitons
iguais, formando o que chamamos hoje "escala cromática".
O principal marco desta mudança ocorreu em 1722, por meio da publicação de
"O Cravo Bem Temperado", onde Johann Sebastian Bach fez composições tendo
por base 24 tons (12 maiores e 12 menores) [15].

34
Manuscrito original Johann Sebastian Bach (1685–1750)
A escrita musical já é praticamente a mesma da modernidade

Apesar de que já existiam registros antigos de notação musical em forma de


sinais, pontos e traços, a escrita musical moderna é resultado de
aproximadamente 10 séculos de desenvolvimento (século 8 ao século 18 d.C).

Evolução histórica dos sinais das claves de: DÓ - FA - SOL

Evolução histórica das notas musicais

35
O uso da máquina de imprimir livros na impressão de obras musicais teve
consequências muito positivas. Os músicos tiveram acesso às obras dos
compositores em maior quantidade e qualidade; e a um preço acessível. Isto
proporcionou a preservação das obras musicais através dos séculos.

DESENVOLVIMENTO DOS INSTRUMENTOS MUSICAIS

Os povos da Antiguidade, como os egípcios, assírios, babilônios, hebreus,


chineses, gregos e romanos possuíam muitos tipos de instrumentos musicais:
harpa, lira, alaúde, flauta, cítara, trombeta de chifre de carneiro, gaita, além de
inúmeros instrumentos de percussão: tambor, pandeiro, címbalos, adufe, mas
eram instrumentos rudimentares. A evolução dos instrumentos se processou
lenta e gradualmente através dos séculos.
Entretanto, foi no período Barroco (1580 a 1750 d.C) que houve
importante desenvolvimento nos instrumentos musicais e nas orquestras. Nesse
período, os compositores e intérpretes usaram ornamentação musical
elaboradas ao máximo. Para colocar em prática suas idéias, fizeram mudanças
indispensáveis na escrita musical, desenvolveram técnicas instrumentais,
aperfeiçoaram instrumentos já existentes e criaram novos instrumentos.
O fim do período barroco coincide com uma grande mudança na construção
dos instrumentos musicais, devido à novidade da afinação pelo sistema
temperado. Foi consolidado o sistema tonal baseado nas escalas maiores e
menores e em suas transposições.
CORDAS: Os antigos instrumentos de cordas: harpa, alaúde, saltério dentre
outros, que eram dedilhados, foram perdendo a preferência para os da família
dos violinos, instrumentos de cordas friccionados com arco.

36
O cravo, instrumento de teclas do grupo das cordas (gera som tangendo ou
beliscando uma corda), foi substituído pelo piano, que é um instrumento de
teclas do grupo das cordas percutidas (as cordas são batidas por martelo).

SOPRO-METAIS: os antigos instrumentos de sôpro, classificados como naipe


dos metais, ainda eram muito limitados pela inexistência de válvulas ou pistões.
A invencão do sistema de pistões, em 1820, gerou uma verdadeira reviravolta
na evolução dos instrumentos de sopro-metal pois, através da combinação de
três pistões, consegue-se uma escala cromática completa. Exemplos desses
instrumentos: trompete, cornet, flugelhorn, trombone, tuba, eufônio etc...

SOPRO-MADEIRAS: Os primeiros instrumentos de sopro-madeira, como as


flautas antigas, possuíam apenas orifícios que eram fechados com os dedos do
instrumentista, portanto eram muito limitados. Com o desenvolvimento da
música e da fabricação de instrumentos, no ano de 1847 o alemão Theobald
Boehm criou o sistema de chaves nos instrumentos de sopro-madeira, que
permitiu aumentar a extensão sonora, tanto em direção ao grave quanto em
direção ao agudo. Além disso permitiu melhorar a afinação, obter todos os sons
cromáticos e construir instrumentos graves das diversas famílias. Exemplos:
flauta, clarinete, oboé, fagote, sax.

37
Exemplos de evolução de alguns instrumentos
Criação de novos instrumentos com as datas aproximadas da invenção

Harpas Antigas Harpa com pedal - invenção de 1720

Pixabay

Tambor antigo Bateria - invenção de 1910

38
Órgão Hidráulico Órgão de foles Órgão Harmônio Órgão Eletrônico
século III a.C século V d.C invenção de 1780 desenvolvido na década de 1970

Wikimedia Commons

Cravo - invenção de 1300 Piano - invenção de 1709

39
Rabeca medieval

Violino - invenção de 1600


Procedente de antigos instrumentos de
cordas, a rabeca deu origem ao violino

Flauta antiga Flauta com chaves - invenção de 1847

40
Clarinete invenção 1690 1760 Clarinete com chaves - invenção de 1830

Fagote barroco - invenção de 1650 Fagote atual com chaves - invenção de 1831

41
Oboé barroco - invenção de 1657 Oboé Oboé' amore Corne Inglês (chaves 1875)

Trombeta de chifre de carneiro Trompete antigo Trompete com pistões - invenção de 1820

42
Trombone de vara antigo Trombone com pistões - invenção 1860

Oficleide invenção 1817 Sax - invenção de 1840


Antecessor do Sax

43
Trompa de chifre Trompa de caça Trompa com válvulas - 1814

Serpentão - invenção de 1590 Tuba com chaves - 1835


antecessor da Tuba, Eufônio e
outros instrumentos de som grave

44
FORMAÇÃO DAS ORQUESTRAS

As primeiras orquestras eram formadas por um pequeno número de


músicos. Em 1607, o italiano Cláudio Monteverdi organizou uma orquestra de 36
músicos, para acompanhar sua ópera Orfeo.
Foi no final do período Clássico ( 1750 a 1810), que a orquestra tomou sua
formação atual, entre 80 a 100 músicos.

Wikimedia Commons,

Num período de pouco mais de 300 anos, entre 1600 e 1900, e passando
por diversos estilos como Barroco, Clássico, Romântico e Moderno, surgiram os
maiores compositores de música de concerto de todos os tempos. Entre eles
estão Bach, Mozart, Beethoven e Chopin.

REGÊNCIA - MUSICA SACRA

O regente como conhecemos hoje, surgiu a partir de 1800, quando a


orquestra tomou grande proporção. No período Barroco e no Clássico (1600 –
1810) não existia maestro. Os grupos eram pequenos (orquestras de câmara) e
todos os músicos podiam se entreolhar para fazer dinâmicas e entradas.
No período Clássico (1750-1810), com o crescimento da orquestra, quem
coordenava era o músico mais visível: o primeiro violinista. Em composições que
havia instrumento de teclas; o cravo, na época, e depois o piano, quem tocava
este instrumento conduzia a orquestra. [16]

45
Posteriormente, a marcação do tempo era através de batidas de um
bastão no chão. Contudo, o ruído produzido pela batida afetava diretamente
a música, pois todos precisavam ouvir a marcação (batidas) e assim todo o
público também a ouvia. Alguns músicos optaram por marcar o tempo com as
mãos e braços e outros, enrolavam as partituras e marcavam o tempo de
maneira visual.
Por volta de 1800, o compositor alemão Carl von Weber foi um dos
primeiros a usar uma vareta para substituir o rolo de partitura. A esta vareta
deu-se o nome de batuta (termo italiano que significa batida).
A maioria dos regentes comanda a orquestra usando a batuta para
melhorar a visualização pelos músicos e cantores.

O regente surgiu para a orquestra executar peças musicais com


unidade interpretativa, isto é, manter uniformidade rítmica e expressiva. É um
profissional importante na orquestra, pois ele define a velocidade de um trecho
musical (andamento) e a graduação da intensidade do som (dinâmica). Para
exercer essa função, o regente precisa aprofundar conhecimentos em teoria
musical, linguagem rítmica, percepção musical. Além disso, necessita bom
domínio de partituras, conhecer a extensão e a tessitura sonora dos
instrumentos da orquestra. E, principalmente, manter bom relacionamento com
os músicos.
Para reger existem gestos convencionais que precisam ser dominados. Eles
foram estabelecidos ao longo da história da atividade da regência e permitem
uma comunicação compreensível a todos músicos da orquestra. Existem gestos
pessoais que caracterizam o estilo de cada regente, mas algumas convenções,

46
até internacionais, são importantes para que a comunicação se estabeleça de
forma homogênea entre as orquestras.
Com os movimentos da mão direita, o regente define para os músicos a
velocidade com que a obra deve ser executada (andamento).
Os movimentos da mão esquerda são importantes para deteminar a
intensidade do som (dinâmicas), entradas e cortes.

A regência da música sacra difere da música profana, porque os hinos tem


propósitos espirituais específicos, como louvar, adorar e suplicar a Deus,
confortar as almas, anunciar o evangelho de Cristo e a salvação eterna.
Portanto, a interpretação deve ser sempre de acordo com as poesias dos hinos.
A música na igreja não é só a parte técnica, beleza de som e perfeição técnica da
orquestra, estes são apenas meios de atingir um objetivo maior, que é o objetivo
espiritual " tocai bem e com júbilo" - Salmo 33 v. 3.
Tocar um instrumento na igreja de Jesus Cristo é transformar o material
(som) em espiritual: o som do instrumento se transforma em um sentimento na
alma de quem ouve. Para tocar em comunhão com o Espírito Santo, o músico
precisa ser espiritual.
A parte mais difícil para executar a música na igreja é a comunhão do
Espírito Santo, pois esta não pode ser ensaiada, nem ensinada ou imposta: é o
resultado da vida espiritual do músico e da comunhão que tem com Deus.

"os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai


procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o
adorem em espírito e em verdade". Ev. S. João cap. 4 v. 23-24

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COLONIZAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS PELOS PROTESTANTES
- AS ESCOLAS DE MÚSICA -

A partir de 1600, iniciou-se uma imigração da Europa para os Estados


Unidos. Muitos imigrantes eram aventureiros que buscavam riquezas, porém a
maioria eram protestantes que estavam fugindo de perseguição religiosa na
Inglaterra e, sobretudo, da Inquisição Católica que havia em todos países da
Europa. Vinham em busca de uma pátria com liberdade religiosa.
Imigrantes de várias igrejas cristãs foram para os Estados Unidos e
formaram uma nação protestante.
Trouxeram da Europa para os Estados Unidos diversos tipos de
instrumentos musicais, dentre eles o órgão harmônio e hinários para as igrejas.
Formaram escolas de música e incentivaram a composição de novos hinos. Os
compositores dos hinos eram homens sábios nas escrituras, músicos
protestantes, cantores evangelistas, pastores, teólogos das igrejas metodistas,
batistas, luteranas, anglicanas, wesleyanas, presbiterianas, dentre outras.
A maioria dos hinários das igrejas evangélicas tradicionais possuem hinos
compostos nos Estados Unidos entre 1600 e 1900 Esses hinários foram
traduzidos para igrejas protestantes de todas as nações.
A biografia dos compositores e história dos hinos podem ser encontradas
no excelente livro: HINOLOGIA CCB, de Anderson Amorim, disponível na
internet.

Livro: HINOLOGIA CCB - de Anderson Amorim

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AS MAIORES ORQUESTRAS DO MUNDO ANTIGO E ATUAL

Davi, rei de Israel que viveu 1.000 anos antes de Cristo, formou uma
orquestra de 4.000 músicos para o templo de Jerusalém - I Crônicas 23 v. 5.
Não há registro na história da antiguidade de uma orquestra maior que a
do templo de Jerusalém.
Em 1892, os cristão italianos residentes nos Estados Unidos, Miguel Nardi,
Filippo Grilli e Louis Francescon, juntamente com famílias cristãs valdenses,
criaram na cidade de Chicago a primeira Igreja Presbiteriana Italiana [17]. Em
1910, por intermédio do trabalho missionário no Brasil do irmão Louis
Francescon, foi instituída a Congregação Cristã no Brasil, onde atualmente está
a maior orquestra do mundo. (ver Wikipédia - Congregação Cristã no Brasil / Música)

CONCLUSÃO

Como vimos na história da igreja cristã, por séculos a música foi


prejudicada por causa da perseguição sobre os cristãos. Passaram-se muitos
séculos para haver liberdade religiosa na maioria dos países.
Durante esses séculos foi desenvolvida a escrita musical, foram criados
novos os instrumentos musicais e a orquestra tomou a forma como temos hoje.
Desde os primeiros cristãos, os hinos têm sido um meio eficiente para
anunciar o evangelho e para a conversão das almas. Isto porque a música sacra
toca os corações e auxilia na conversão.
O apóstolo Paulo escreveu que a música cristã deve edificar a igreja:
“Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação,
tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” I Cor 14. 26.
Atualmente não há impedimentos para quem deseja servir a Deus na parte
da música. Olhando as perseguições na história da igreja cristã, percebemos que
estamos em um tempo bastante favorável para servir a Deus, com muita
facilidade na parte musical. A guerra agora é espiritual. O canto tem que
proceder do coração do homem, que é o templo do Espírito Santo, conforme
instruções do apóstolo Paulo para canto na igreja - Efésios 5. 19 e Col. 3.16

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O louvor dos músicos deve iniciar no coração e sair no som do
instrumento. Um músico não é capaz de transmitir um sentimento que não esteja
em seu coração. A música só entra na alma, se ela sair de uma alma.
A música na igreja produz sentimentos que não conseguem ser expressos
por palavras. O som dos instrumentos faz-nos sentir as palavras dos hinos.
O compositor austríaco Gustav Mahler (1860–1911) disse: "Tudo está
escrito na partitura, exceto o essencial"

FIM

BIBLIOGRAFIA e WEBGRAFIA
Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida - Edição Revista e Corrigida

1 - Dicionário da Bíblia John D. Davis - Cronologia


2 - Enciclopédia Judaica e Wikipedia / Hallel
3 - Dicionário da Bíblia John D. Davis - Sinagoga

4- História da Igreja Cristã - Jesse Lyman Hurlbut- Editora Vida


5 - Apontamentos sobre a História das Igrejas Cristãs. Editora InterSaberes

6 - História da Igreja Cristã - Jesse Lyman Hurlbut- Editora Vida


e Catacumba romana / Wikipedia
7 - Os 100 acontecimentos mais importantes da História do Cristianismo,
A. Kenneth Curtis, Editora Vida.
8 - Apontamentos sobre a História das Igrejas Cristãs. Editora InterSaberes (2015)
e Inquisição / Wikipedia
9 - Música Cristã Contemporanea - Sandro Baggio - Editora Vida
10 - Lutero e a Música - paradigmas de louvor, Carl F. Schalk - Editora Sinodal
11 - Escrita Musical - Universidade de Brasília / Departamento de Música
12 - História da Música - Luis Ellmerich - Editora Boa leitura
13 - Ars Nova / Organum - Wikipédia
14 - Curso Técnico Regência - Breve História da Notação Musical - Marcelo Mello
15 - Teoria da Música - Bohumil Med - MusiMed Edições Musicais
16 - Introdução às Orquestras e seus Instrumentos - Nelson M. Gama - Editora Britten
17 - Histórico da Obra de Deus na CCB - Louis Francescon

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