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Na primeira parte do texto, a maneira de introdução, o autor cita vários autores e a suas
percepções sobre o processo de envelhecimento: inicialmente, considera o ponto de vista de
Ballone (2000) que observa a dinâmica psíquica do idoso é exuberante, rica e complicada. No
que tange ao processo de envelhecimento, o ser humano pode rejeitá-lo, assim com muitas vezes
rejeita a morte (Morin, 2000) na forma de inventar mitos para aceita-lo. Morin chama a atenção
para a perda de autoridade que os idosos enfrenta à medida que o desenvolvimento das
civilizações acontece, ao serem os impulsos juvenis aceleradores da história: o que torna a
experiência dos idosos obsoleta.
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Doutorando em Psicologia pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Mestre em Estudos de Fronteira PPGEF-
UNIFAP, formado em Psicologia e Administração, com pós-graduação em Hipnoterapia Ericksoniana e
Programação Neolinguística. Professor de Psicologia na Universidade CUT (México), e UNIDEP (México). Projetos
de pesquisa em andamento: “A formação de professores na perspectiva da educação inclusiva” e “O perfil
socioeconômico e as dinâmicas da vida social dos migrantes e refugiados residentes na região fronteiriça franco-
brasileira (Guiana Francesa e Amapá). alpabad@hotmail.com
Freud também é citado pelo autor, contribuindo no texto com a ideia que os
determinantes patogénicos envolvidos nos transtornos mentais poderiam ser divididos em duas
partes: aqueles que a pessoa traz consigo para a vida e; aqueles que a vida lhe traz. Nesse
sentido, o autor afirma que o equilíbrio psíquico do idoso depende da sua capacidade de
adaptação à sua existência presente e passada e das condições da realidade que o cercam,
considerando o equilíbrio psíquico do idoso como dependente tanto da sua capacidade de
adaptação, quanto das condições da realidade em que vive (porém, infelizmente não coloca a
referência para validar esse comentário).
Também foi considerada pelo autor a Teoria do Desenvolvimento durante toda a vida
de Erick Erickson, e seus estágios psicossociais. Ressalta o período da vida adulta (integridade
versus desespero) que é caracterizada por fatores intrínsecos à velhice (dignidade, prudência,
sabedoria prática e aceitação do modo de viver e desespero seriam possivelmente medo da
morte). Assim sendo, Erickson, através destes estudos contribuiu significativamente para a
compreensão das transformações ocorridas na velhice e ofereceu sínteses sobre o
desenvolvimento cognitivo e da personalidade, sobretudo na vida adulta (Bee & Mitchell,
1984). Na mesma linha Ericksoniana, Teixeira (2006) assinala a teoria de Gould (1978) que
enfatiza os processos do desenvolvimento da velhice, propondo também estágios de
desenvolvimento.
De tal modo, o envelhecimento fisiológico abrange uma série de mudanças nas funções
orgânicas e mentais com efeitos no declive gradual das funções fisiológicas e na capacidade de
manter o equilíbrio homeostático, esta última, significa que um organismo envelhecido, quando
submetido a situações de stress (físico, emocional, etc.) pode manifestar sobrecarga funcional
que culmine em processos patológicos (comprometimento dos sistemas endócrino, nervoso e
imunológico). Contudo, o envelhecimento fisiológico depende do estilo de vida que a pessoa
assume desde a infância ou adolescência (p. ex., fumar cigarros, praticar exercício físico, ingerir
alimentos saudáveis).
Por outro lado, Teixeira (2006) aponta que independentemente da função dos
telômeros, à medida que as células se aproximam da fase da senescência começam a expressar
a proteína p53 que é particularmente importante no controlo do ciclo celular, estando a sua
inativação ou mutação associada a um aumento da proliferação celular. Assim sendo, o papel
dos telómeros no fenómeno de envelhecimento celular pode não ser tão decisivo como tem sido
descrito considerando que nos tecidos compostos por células pósmitóticas (neurónios e
cardiomiócitos) sua função é mais restrita. O fenómeno de envelhecimento nestes tecidos deve-
se à acumulação de lesões celulares sucessivas induzidas por fatores de natureza química ou
mecânica (aumento do stress oxidativo nas células nervosas). O autor conclui que o processo
de envelhecimento destes órgãos parece depender muito mais da ação de fatores estocásticos,
do que dos mecanismos de regulação genética.
As Teorias Estocásticas citadas por Teixeira (2006) são: a Teoria das Mutações
Somáticas; a Teoria do Erro-catástrofe; a Teoria da Reparação do DNA; a Teoria da
Glicosilação; e a Teoria do Stress Oxidativo. De maneira geral, estas teorias sugerem que a
perda de funcionalidade que acompanha o fenómeno de envelhecimento é causada pela
acumulação aleatória de lesões, associadas à ação ambiental, em moléculas vitais, que
provocam um declínio fisiológico progressivo A primeira – Teoria das Mutações Somáticas
– surgiu da constatação que doses de radiações sub-letais são frequentemente acompanhadas
por uma diminuição do tempo de vida (determinadas indiretamente pela substituição de
aminoácidos, erros na síntese de DNA e resistência às purinas citotóxicas).
Teixeira (2006) comenta que com o aumento da idade, é comum surgirem perturbações
na regulação da homeostasia da glicose em humanos. Enquanto que em jejum a glicose
sanguínea aumenta ligeiramente com a idade, após uma refeição, ou após a ingestão de glicose,
o aumento é mais acentuado. Os produtos finais da glicosilação são designados por AGE
(advanced glycation endproducts), e as disfunções causadas pelos AGE incluem: aumento da
pressão arterial devido à aterogenese, hipoteticamente por glicosilação das lipoproteinas de
baixa densidade (LDL); perda da acomodação ocular; incapacidade funcional das “células T de
memória”; inativação da Cu,Zn-SOD, nos erotrócitos, diminuindo a capacidade antioxidante
do sangue.
Finalmente a Teoria do Stress Oxidativo, proposto pela primeira vez por Harman
sopesa o envolvimento dos radicais livres (RL) no fenómeno do envelhecimento e na doença.
Destarte, o envelhecimento é o resultado da acumulação de lesões moleculares provocadas
pelas reações dos RL nos componentes celulares ao longo da vida, que conduzem à perda de
funcionalidade e à doença com o aumento da idade, conduzindo à morte. De uma maneira
simplificada, o termo RL refere-se a um átomo ou molécula altamente reativo, que contém
número ímpar de electrões na sua última camada que lhe confere alta reatividade a esses átomos
ou moléculas.
Numa quarta parte (o autor não especifica esta divisão), Teixeira (2006) realça o papel
da Psicologia no envelhecimento. Nesse intuito, discorre que segundo a OMS (2002) o
envelhecimento constitui um fenómeno tanto de uma população (expressa o êxito da
humanidade ao representar o resultado dos descobrimentos humanos e dos avanços de higiene,
nutrição, tecnologia médica e conquistas sociais), quanto de uma pessoa (o envelhecimento
constitui uma matéria de estudo bio-psico-social).
Teixeira (2006) ressalta que a Psicologia e o psicólogo, têm como objetivo geral
otimizar o processo adaptativo, tanto com intervenções sobre as necessidades do próprio
sujeito, bem como do seu ambiente familiar e social e elenca as áreas de intervenção prioritárias:
Necessidade de promover a Psicologia da saúde e o bem-estar no decurso da vida; Necessidade
de avaliação/intervenção psicológica na saúde mental das pessoas idosas; Necessidade de
avaliação/intervenção psicológica em pessoas idosas com deficiência; Necessidade de apoio
psicológico ás famílias; Necessidade de integração social e comunitária das pessoas idosas;
Necessidades de formação a outros profissionais sobre aspectos psicológicos implicados na
atenção de pessoas idosas.
No artigo Psychological Aspects of Aging (Gall & Szwabo, 2002), definem o
envelhecimento em forma abrangente, considerando três componentes: baixo risco de doença
e o conhecimento acerca da doença, alto nível de funcionamento mental e físico e um
envolvimento ativo no ciclo vital. Nesse sentido, o sucesso no envelhecimento se afasta da
definição em termos de doença e saúde para uma definição que ressalta a preservação das
habilidades ou adaptabilidade pode ser crítica. Portanto, a importância de ampliar Programas
onde regularmente ocorra atividade física, por parte de profissionais especializados, devem de
fazer parte do quotidiano das pessoas idosas. O relacionamento interpessoal e o envolvimento
em atividades são importantíssimos para dar um significado e um propósito pessoal à vida dos
idosos. O autor considera que a principal questão para um envelhecimento saudável é descobrir
ou redescobrir os relacionamentos próximos e o seu significado nas suas atividades.
Teixeira (2006) explica que a pessoa idosa deve confrontar e aceitar a sua vida
conforme ela é, assumindo a responsabilidade em todos os seus aspectos, incluindo as falhas.
Assim, cita um modelo alternativo ao de Erickson (dos papéis sociais), que indica que a pessoa
idosa é submetida a muitas mudanças de papéis em função da velhice. Essa alteração é
acompanhada por mudanças associadas ao conceito de si próprio. Infelizmente, à medida que a
idade vai avançando, a sociedade impõe um número crescente de restrições nos papéis que estão
disponíveis (afetando o autoconceito e como consequência a possibilidade de isolamento e até
depressão). Portanto, é essencial mudar o estereótipo negativo acerca do envelhecimento
(crenças acerca do inevitável declínio de funções), fator que leva outros adultos a sentir que
nada mais podem fazer para evitar tais declínios na sua saúde e funcionamento à medida que
envelhecem, e como resultado, a percepção do idoso do presente pode ser deprimente, se sentir
à parte da sociedade e inclusive sofrer maus tratos e negligência. Fatores que podem aumentar
o risco de suicídio.
Credenciais do autor:
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