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A UM SUICIDA...

Marcio de Sousa

Trancaste você,
No teu frio calabouço pessoal,
E num demente rompante
Devorastes a chave.
Nas paredes úmidas,
Escrevestes no lodo
Com a ponta dos teus dedos,
Todos os teus erros e medos,
Tentando assim justificar teu sacrifício.
Até a morte sente nojo de ti,
E vomita sem parar
Ao sentir o cheiro putrefato
Da tua covardia.
Teu único alimento é a autocomiseração.
Por te achar detentor
Da maior dor do mundo,
Vives letárgico em teu caos.
Estapeie-te com as mãos da razão,
Enfie teus dedos goela abaixo,
Até que o vômito traga a chave de volta.
Desatola-te da merda e da fraqueza,
E sem parcimônia abra logo essa porta
Para assim deixar a luz entrar.
A claridade trará consigo o equilíbrio,
Que te servirá de guia,
Pelas angusturas
Do teu caminho.

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