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Gudrun Burkhard Gurdrun Krdkrel Burkhard é filha de alemaes & fasceu em 14 de Dezembro de 1929, em Sao Paulo, Aos 12 anos, fa sable UOT har ional sty Dee mom Teme ect ems) CDCR UEC MCT Lut Mel beste Masel PE Tl UC OER ones ca ee ite: We Premio ips formada, foi ao encontra de uma visdo UCC MEUM steered reer th TOUS eet emcee eM rate eT eG OS TCL Coe ML cede Te Tune ae Hrasil, onde passou a dedicarse intensa COTO GRA aee Ie corsa [Soller wel ete ta Schmidt, com quem teve quatro filhos, Fundaram em Sao Paulo, em 1969, a Clinica e caecum eles UTEP coe m any mT acti dar tc Perth CIES OMAO IC OSes acca Nees nT O8 cursos biograéficos tanto para pacientes SCN eM [uele el itera ctet RUC OGL n Lt mC iene tectcrta Rint TDD MUO e MoCo Pol Urn Tetnaee ms Trae Teed De OMT Cees cle Tere Canna i tere Cae pedagogos socieis por essa UOMO nm (cmer lori mece CMe ew ta CCRC MDs chars (om tea ary Huropa @ nos Estados Unidos, a partir de 1089, Desde a década de 90, Gudrun vem se ledlicando @ organizar os cursos bioaraficas e JUST CLIC UMAR eSATA g eg CLO TUE G DOME MCU Ue wae ey a) ut para varios outros idiomas. Mora, TOMO OTE Tter te ger BIOGRAFICOS estudos da biografia humana “Sim, tule depence da perguntal Olante mais profundarmente perguntantos, Tinto mais weomente sera @ respostar O ginio nd fica a dever nenfuma. Mas tenos receio de perguatar, Fite minis de ouvir a resposia, e de compreencdé-ta, Pois isto nos custa esforco e vores, Sede otra forme, nada podemos aprender, De onde o tivariamos? Cueni pergunta a Dews, a esse Ele responde com o Divine.” Retrina Brestuny, Lraduxido por Herwig Hlactinger Biogrdficas n Burkhard. Sie Paulo, 2006 coontenugso cdincial Antonia Cartas ‘Eonca Balseti rest Murcia Rodrigues prujets griticn Miri Pkal exdtoragaty Athile Ronicies on: Burkhard, Gudrun Kiografia, Antroposofia no Brasil; Sociedade Antroposéitica div Brasil; Associacio ‘Tobias, 24 Fdicao Ret “Todos as direitos reservados, E pruibida a reprodusio total oz parcial, de qualquer farma vx por qualqer meio, sens autorizagaoy -zxperssa clo auton, Gudrun Burkhard BIOGRAFICOS estudos da biografia humana gradego especialmente aas meus filhos Aglaia, Solway, Thomas, Tiago © ao pai deles, Pedro Schmidt. Agradega ainda muito especialmente a meu marido Daniel Burkhard, fundador da Adigo Consultozes. Juntos, ha 25 anes, Infclamos Cursos Biogni- fleos que, quando conselidados, motivaram-nos a fundac a Artemisia ~ Centro de Desenvolvimente Humang, local vade os cut de revitilizagta dietética, fisiotorapi puderam ser minis‘rados e acompanhados de um proceso eunedicamentosa. Um local envolto por mata atlintica, mergulhade na natureza 2, por outro lada, colado & cidade de Sav Paulo. Além dos clissicas Cursos Biograficos, foram desenvolvidos na Artemisia, em conjunto com a Adiga, indimeros cursos para enipresarios tais como: Espirito ‘Transtormador, Lideranga para o Future, Como Evitar o Estvesse, dentre outros, Hoje, acontece ali 0 Curso de Formagio em Aconselhamento Fiogréfico, que & dirigide Agradecimentos pela liseola Livre de Estudos Biograficas ¢ a Formagdo de Consul- Wren, dirigida pelo grupo de consultores da Adigo. A vertente principal, porém, dirige-se diretamente a participantes de Cursos Mogrificos, acompanhada de um trabalho de revitalizagao. Agradego a meu destino ¢ a vida pela oportunidade de poder ine dedicar a este maravilhoso trabalho, com o que de mais peciowo hi no ser humane: a sua biogratia. Aytadero, ainda, a todos aqueles que deram contribuigdes vallosas para a publicagao deste livro Gudrun Burkhard 128 13 itd Agradecimentes Introdugaa PARTE I-A PREPARACAO PARA A VIDA A fase de Oa 21 anos Capitulo | - O primeira settuiv, fase do nascimento até 7 anos Constituigie fisica do individuo Capitulo 11 - O segundo seténic, fase de 7 a 14 anos Adefiniedo do temperamenta Capitulo TIL - © tercelvo seténvio, fase de 14a 21 anos A. cscolha da profissia. Os tipos planctarios PARTE Il - TORNAR-SE HOMEM E TORNAR-SFE MULHER A fase de 21 a 42 anos Capilulo 1- O quarte setenio: qualidades zodincais A crise dos lalentos Como trabalhar as crises da vida Capitulo IL - 0 quinta setémio, fase de 28 a 35 anos Integrag¢do entre masculine ¢ feminina Capitulo HI - O sexto seténio, fase de 35 a 42 anos Accrise das 42 anos we ‘i 100 ne 0 wy von we ow ‘iba i Sumdirie: PARTE I-A REALIZACAO DA VIDA, A fase de 42 a 63 anos Captiulo 1 - © sétime seténio, fase de 42 a 49 anos A nova visio Capitulo IL- © oitava seténio, fase de 49 a 56 anos Fase inspirativa om moral Captiulo I~ G nana seténig, fase de 36 2 53 anos Hane misticn ou intuit PARTE [V - MOTIVACAG PARA O FUTURG Capitulo L- A motivagio de vida que leva uma wisaa do futuro Capitulo U1 - metodologia de trabalho biogsifica dle visio do futare Capitulo C11 - Espelhamento animico-psicolagica — retomadas Conclusio Hipilogo A Artemisia e 0 trabalho biagrafico Nibliografia idadania significa acesso a tado que a cidade oferece. E um deles, fundamental, chaia-se leitura. Através dela, temos acesso ao nosse pasado, a nossa memedria coletiva, construida através de séculos, A isso chamamos cultura, Um povo que nao conhece a sua cultera nfo é cidadiio & dificilmente terd condigbes de sar das situagbes nas quais se encontra qui esté a nosso projeta: “Amigo da Leltura", Ter aces leitucs para encontvar sua Cullura e Cidadania, Nosso primeice livre da série foi Do Meal ap Real. Q autor Pedro Schmidt viven- siou a fitia nazisla no inicio da Segunda Grande Guerra (1999- 1945} ¢ a sua fuga espetacular pare o Brasil, onde consiruiu uma vida de miuites experiéncias, cheia de criatividede no campo da economia, da sociedade @ das iddias. © Segundo Livro da Série “Amigo da Leitura” chama-se Biageafias de Gudrum Burkhard, am livro que marca a historia da antroposofia aplicada no Brasil. Se no primeiro livro de Pedro Schmidt, vimas os aspectos externas da ohra realizadora norteada pela antropasofia; esse traz os aspectos internos e reflexivos da iransformacae do ser humano dentro de urna visio holistica antroposdfica, Esse novo livre faz um marco no trabalho antropostfics no Brasil, pois vem de um pracesso de pritica ¢ amadurecimente de uma nova ¢ atualizada construgio metodolégica da Aatroposofia, fi uma leitura obrigatécia para quem conhece o trabalho realizado © para aqueles que pretender Ler um aulo-cenhecimente ¢ desco- brie a Antroposatia Registre-se no Projecto Amigo da Leilura; wwweamigodalentu- ‘om,br ¢ dé a sua contribuicso para implantatmos essa idéia Seja um soliddrio na rede, _ Antanio Carlos Tonca Balseti toncabrégmail.com Blocaseraos ada vez mais aparecem biografias publicadas, Por qué? Par que sera tamanho © interesse por biografias? Seré que a identificaca com alguns elementos da biografia desperta em nés a curiosidade de como a autor conseguiu dar solugdes aos seus problemas ¢ assim, diretamente, buscamos solugGes para nds mesos? Fara darmos solucao aos nossus problemas, porém, precisare- mos conhecer a nossa propria biografia, cu seia..o nosso caminha terreno do nascimento até a morte. Nem sempre o interesse pelas biografias foi tao grande, Se olharmos as obras de arte antipgas — do Fgito antigo, da antiga Babilénia, da Grécia antiga — perceberemos qué elas nao levam assinaturas. Nao se sabe da sua autoria. Mesmo os canticus aos herais dos povos celtas nao cantam um heréi em especial, mas feitos daquele povo. © que valia, tanto no povo egipeio como no pave hebyeu, era a linhagem de sangue, “ Larrenuc ac Somente na época grega mais moderna é que comegaram a se destacar individualmente filésofos, escritares, poctas. Com a vinda o destagque lo Cristo para a ‘Terra, 0 processo de individuagao, ou sek da iy idualidede, comegou a sec cada vee mais consciente, Com isso também vieram as leis de desenvolvimento do ser humano. Foi 6 1h Grécia que ¢e teve repistras de biografias escritas, Ao longa do tempo, do desenvolvimento pds-cristio, da Idade Média, ¢ mais tarde na época moderna ¢ cada vez mais até os nossos dias-o ser hu- rane foi se tornando alguém em si suesmio, com opinido propria, independentemente de pove, da familia, do grupo, da coletividade. © ser humano perdeu ¢ perde, cada vex mais, a sua relagio vom a familia, com a seu pave. Ser patriota viru uma blasfémia, Morac na csi dos pais, quando adulto, s6 mesmo por um necessidade finan- ccira. A familia, mais na Europa que no Brasil, esta em altima plano, © ser humano perdeu a relacao com a natureza e-com as seres da natureza também, Da natureza ele quer tirar o maximo para transiormar em lucro, explorando-a, destrninda-a. Raras 380 as que culdam dela, Aos poucos elt nao mos fornecerd nem mais alimentos hisicos dos quais necessitamos para sobreviver, tampauca o petréleo para as nossas potentes maquinas— os nosses Carros. O ser bumano perdeu 4 relecdo com o mundo espiritual, até con) o seu proprio guia (0 anjo) ¢ muilo mais, com toda a concepgiia do cosmos ¢ das Forgas criadoras. A religido tornau-se, em mites casos, uma casa vazia, sem contenido, nio dando o alimento espiri- tual buscado —a religiio tem que ser encontrada em si mesmo. Perdeu-se também a relagdo mais intima com as outras pessoas, tanto no ambiente de trabalho quanto no felacionamento afetive & pessoal, As relagdes se tornaram cada vez mais superficiais, formais ~ 0 ser humano se sente incompreendida e solitario. 15 Aeligiosidede munds espiritual Familia Woss05 Samainanies poe nosses amigos — . ‘A natureza Figura 1 edeteerse Tudo isso leva a uma solidi cada vez maior, a uma incom- preensdo pelo préxima ¢ de si mesmo, O ser humano tenta, muitas veZes, 8 ir dessa situarao através do alcoclismo, das drogas, videos, TY, Internet, Passa a usar uma forma de comunicagae ficlicia com ‘outras pessoas sem que sc relacione verdadeiramente com elas. Esta é a sitnacte da nossa época. na qual cada um tem que assumir, cada vex mais, a si mesmo; ser cle mesma. Isto term seus aspactos positives, mes por outre lade, pode fazer brotar wm fsmo ferrenho, que pode levar & destruigio, Rudolf Steiner, um dos maiores pensadores ¢ iniciados do séeu- la. XX, trouxe para a humanidade 2 cosmovisio antroposdfica e uma visdo holistica, global, do ser humano. Apontou um caminho de autadesenvolvimento e de harmenia interior, adequado ao ser bumano do século XX (¢ também para o ser humane de séculos 6 Inrrapucan vindouros), durante o qual o homem atingiu um estado de alma e um grau de conseiéneia denominado por ee de alma da conseiéncia, Em uma palestra proferida por cle em 12 de dezembro ile 1918, chama a atengdo para as forgas anti-sociais da nossa época. Como nds as superames? Despertando o interesse verdadeiro pelos outros! Ble dé dois exercicios basicos, ambos empregadas no trabal- ho biogréfico. Urn tra ada retrospectiva dos acontecimentos da vida © 0 outro da retrospective de tadas as pessoas que encentramos na vida e que exerceram alguma infuéncia sobre nds, A partir deste ponto, apotados por toda a visio que a Antropo sofla tem do ser humano, de suas leis de desenvolvimenta, nds reullzamvos 6 trabalho biogrificn. Antroposofia descreve a entidade humana como portadora dle quatro entidades: corpo fisico, corpo etérico on vital, corpo astral ou emocional ¢ 6 Bu, Os corpas fisico e etérico formam uma uni- tude responsivel pele vida e biologia do corpo; a astral, emocional ou animico poderia ser denominada de alma e é responsavel pela consciéneia. por meia do corpo astral ou emocional que se reve lan ay suas Wes dimensdes da alma: o pensar, a sentir e 0 querer, A alma passa pelo pracesso de amadurecimente, deseavolvendo as entidades da alma denominadas ne context do livro por alma da sensagao, alma racional ou do sentiments e alma da conseiénei: , 40 Tongo de sua evolugio biogrifica, resultantes do trabalho do Eu sobre © corpo astral. © Eu de natureza espiritual eleva o ser humano sebre as trés reinos da natureza, animal, vegetal e mineral, Ele escreve a biogralia individual ¢ da todas as caracterfsticas individuais ao ser humano, de tal forma que ele dnico ¢ de certa forma insubstitutvel, tis trés entidades espirituais superiores, resultantes da espiritu- 7 Brocadsrcos alizagao ¢ do trabalho sobre os trés corpos: set espiritual, espirito vida e homem espirito (que os hindus denominaram de manas, buddi a alma), que evoluirdo de tal maneira a encontrar a sua unificacao com o divino, meta da evolugao e das varias encarnacées do hemem. Na cosmoviséo antraposifica, do modo como foi trazida por Steiner, também a nossa ‘Terra passou por diversas fases evolutivas, que fugiria do nosso contexto se entrassemas em maiores detalhes, mas que para aprofundar, pode-se ler os livros Gigncia Oculta ¢ A Créaica do Akasa, ambos de Rudolf Steiner. Este trabalho poderd ser feito individualmente, com um lerapeuta ou em um grupo, como é feito na Artemisia, conforme a necessidade i dividual edo momento, A metodologia serd descrita na segunda parte deste livro, na qual o interessado podera consultar dicas para trabalhar em sua biografia. Na biografia humana existem ieis gerais de desenvolvimento para cada fase da vida ¢ durante o trabalho biografico cada um iden- lifica elementos em sua yida, semelbantes avs de outras pessoas da mesma idade, além de peculiaridades que tém avec com o destino de cada um, Saber discernir o que € proprio da idade ¢ o que € 36 seu, bem individual, assim como as coisas que se repetem durante a vida sd0 fundamentais para o auluconhecimento. Os acontecimentos individuais, muitas vezes, tém que ser tra- balhaclos, digeridos. Nos avontecimentos comuns ou gerais temos situagGes passageiras, iguais as de muitas pessoas que sabemos que, passando aquela fase da vida, elas melhoram por si 36, Isto nos can- sola € nos faz sentir como participantes de uma mesma época ou de uma mesma geragao. Muitas pessous passam por psicandlise, na qual fases dificeis sfo minuciosamente enfocadas ou trabalhadas. Mas se esquecem das W Intronuess faves boas, ou do lado bom de cada fase dificil. A visio global de toda 4 bingra permite, por sua vez, ler urna visau lolal e nau sd dos ladow de sombra. Por meio dela percebe-se quantos lados bons e de le Wambém se teve na vide. Conseguindo resgatar esses lads bons, elaborando ¢ integrando, também, as sembras dos acontecimentos hegilivas, torna-se pussivel comegar a perceber a vida como uma jrande paisagem. Luz ¢ sombra em conjunto formam as cores. A vide torna-se uma paisagem ouulticulorida go invés de permanecer Cingw e rotineira, como muitas vezes acontece nos dias de hoje, Somente amando a si mesmo e a seu destino voce sera capaz de ANTM 008 OULPOS & por Conse déncia, os outros também the amario foupettariio, Muitas pessoas dizem: “naa quero me lembrar des coisas Hegativas, ja se foram!” Mas, se nfo forem digeridas, voltarfo a tona. Mais tarde e poderao trazer distirbios até psicessomiticos, A intengaa do trabalho biogrifica nao éa de ficar pres pas- sudo, mas entendé-lo # integra-lo para poder viver o presente, livre do pasado, e nortear melhor o future. A medida que a pessoa omacurece se torna cada vez mais livre, Porém, para isso, ¢ preciso lor elaborado, integrado e aceitado 0 seu passado, Caso contririo, o passado algema e amarra. Por meio de algumas biografias gentilmente postas 2 dis- posigio, tentarei dar elementos para a compreensio melhor de si priprio, Para tanto esbosaremos as biografias segundo as leis gerais dos mélodas que utilizamos, “Alegrias sia dadivas do destino Que mosiram 9 seu valor no momento presente, Sofrimento, porém, sia fontes de cognigito, Cujo significado ve mostram au future." Ragdoll Steiner ” PROORAFICOS Visio Geral da Biografia Ta na Grécia, Sélon (640-553 aC.) divi em seténios (periods de sete anes). Rudolf Steiner, com a sua visio ‘idtien retoma os seténios desenvolvendo as suas leis gerais e cnr- a biografia humana i relacdes, dando um enfoque de suma importincia para a Pedagogia, paraa Medicina ¢ para o autodasenvolvimento. Antes de entrarmns nos detalhes de cada seténio, pois serd bascado neles que dividiremas a bingratia, gostaria de traver uma visio biagrafica geral, primviramente, por meio de algumas imagens e depois entraremos na parte conceitual. Muitas vezes falamos das fases da vida como se fossem as estagdes do ano. Assim, a primavera serin toda aquela fase na qual encor- Pamns, crescemos ¢ amadurecemos fisicamente, que se estende até por volta dos 21 anas, © ¥erio, quando as plantas se expandem e atingem o maximo de sua vitalidade e tamanho, corresponderia Aquela fase expansiva da vida; dos 2] aos 42 anos, aproximada- mente, Ji o autono, em que as cores se modificam (hd paises onde as folhas se colorem para depois cairem), a matureza se torna espe- cialmente colorida ¢ amadurecem os frutos seria aquela fase de nossa vida na qual obserramos também um leve declinio de nossas forcas fisicas, € que esta por volta dos 42 ans 63 anos de idade. Em seguida, vadas, a maior parte das plantas perde as folhas, as sementes caem no chio, ¢ entrariamos no inverno quando, nos paises de estages man 1d estdo, & espera de uma nova primavera, Bleam os esqueletos das Arvores ou, poderfamos dizer, a sua esséncia, pois ¢, muilas vezes, através da forma das drvores desfalhadas que conseguimos identi- ficd-las e as recanhecemos até mais facilmente da que em plena copa, folhada. Fsta fase esta apis oa 63 anos, 0 Ietropugio Observando as plantas, muito podemes aprender sobre 0 desenvolvimento human, Por exemplos para colhermos as frutes taduros € saborasos precisamos ter pacigncia, pais cles si wmiadurecem na estacio certa, Se os calhermos antecipadamente, eles se tornario indigestos. Lim decorréncia da nossa ansiedade, propria da aceleragao de Hoss €poca, estamos sempre querendo colher frutos antes da (poca ¢, com isso, até prejudicamas a planta. Saber esperar até que iigtimis habilidades desenyvolvidas amacurecain é o grande segredo tle viver us fases da wids, uma a uma. © conhecimento destas fases plerinitesnos conhecer melhor os fritos de cada estagao e, por ajalogia, Novamente a natureza nos mostra como algumas plantas florescem rapidamente, dando frutinhas saborosas que logo se desenivolvem (por exemplo, os moranguinhos) ¢ j4 podem ser juboreadas enquanto outras levam trés quartos de ano até poderem ser calhidas. Cada ser homano pade ser um jardineira de 40 préprio pomar para saber quando é hora de plantar, adubar, reyar ¢ depois colher os frutos. Os chineses tém o seguinte provérbio que expressa as fases da vida; “Levamos vinte anos para aprender, vinte anos para lutar e vite Anos para nos tornar sdbios” Ao contririo dos animais, real- inente levamos muito lempo para nos tornarmos sibios. O bezerro, quarice nasce, jé sai andande e sabe onde encontrar © seu alimento. © ser humano, porém, leva quatorze anns para poder por em pratica 4 sia capacicade reprodutora e vinte ¢ um anos para se tornar adulto ede"maior idade’ au seja, totalmente responsivel pels seus atos, Por que esta diferenga? ‘Ao analisarmos o ser humane precisamas leva em conta suas trés insidincias, conhecidas desde épocas biblicas, A fisico-bioldgica, at BroceAricos que denominamos corpo vivo! a ingtincia animica (ou alma} a espirimual. Ou seju: corpo, alma ¢ espirito, A parte fisico-bioldgica engloba nao 6 2 corpérea visivel, mas também a fisialigica, isto ¢, a vida © a funeas dos drgaos, as quais emancipam as substineias fisicas do corpo, das leis fisico-quimicas, dando-Ihe forgas vitais, Ne Antroposofia fala-se em “corpo fisico” em “corpo vital” (ou etérica), Nas plantas este corpo vital faz com que dus crescum em diresn oposta & gravidade. Sao foreas centritir- gas que uluam da periferia, foreas do cosmos. Ne homem clas tor mam um corpo individualizad, 0 corpo vital. A distingae entre elma ¢ espirito nao é compreendida fa mente por muitos, A alma humana, ou psique (da palavra grega psyché, que & inais abrangente que a palayra portuguesa psique) engloba nao sé a atividade pensante do ser hungano, mas também a parte do sen- timento ¢ a parte du agir no mundo. Rudolf Steiner fala em pensar. sentir e querer, No organismo humano estas atividades tém seus Srgios ou instrumentes fisicos correspondentes, No organise neurossensorial com sede na cabega, estd o pensar. O sentir esta no organismo ritmico, ou seja, co coragio e¢ pulmdes, portanta, no térax. Lo querer, ne sistema metabélico, locomoter (incuindy toda a parte metabélica, os drgios reprodutores e os drpios volitivos). Portanto esta 14 onde existe agao, inconsciénca, como nos brgios metabélicos ¢ nos membros com seus musculos (para aprofundar, leia o livra O Corpo coms Tnstrumenta da Alma, de Walter Buhler), A parte espiritual do ser humano ¢ aquela relacionada ao seu Lu. O Eu é a expresso de sua individualidade, que é tmica, € se expressa par intermédio do que chamamos de destino. No mundo nao existem dois seres humanos iguais, mesmo que se trate de byrropugio ininidos gémeos. Cada um tem uma individualidade diferente e um destino diferente. Como reconhecemos uma pessoa? Pelo seu modo de andar, pelos gestos, pela fistonomia, pela mancira de falar, (som vé-la, reconhecemo-la pela voz). A policia, por exemple, fweonhece pela digital, que € tinica, pelo cédigo genética, DNA ete, Mas também a biografia dessa individualidade, desde o nascimento #é a morte, é absolutamente tinica. Para mim, que ji quvi mais de jill blografias, sempre é maravilhoso, com certeza, escutar o desen- folie da biografia ao longo dos anos; ¢ tadas so iiicas, fascinantes, Como se inter-relacionam o© espirito, a alma eo corpo ao. longo da vida? Hodlemos representi-fos por meio de tes curvas ao longo dos and da vidas C\vrva espivitual fear io desenvolvimento bioldgico Piguiea 2 23 BioceAFIOns A individualidade, de natureza espiritual (Goethe denomina-a dea “eterna erifelechia”) ver do cosmos e, a partir da concepeae, vai se encarnande gradstivamente no corpo biolégico, atingindo, as 21 anos, sua plena encarnagdo. A encarnagde processa-se do. pdlo cefilico (cabera), com o seu sistema acuro-sensorial, depuis ne sis- tema-ritmico ¢ finalmente chega aos pés (sistema metabdlico-loco- motor). A individualidade permanece profundamente ligada a parte somritica também em toda a fase dos 21 aos 42 anos para depois. gradativamente, se desprencer dos (rés sisternas, 0 que acontecera em sentido inverss ao da encarnacao, ou seja, do metabélica-loco- motor, do ritmico e do neuro-sensorial, voltande gradativamente as suas Origens césmic de excarnatério. s. Pademas também denominar este processa © desenvolvimento do corpo bielégico se dé em sentido ascen- dente desde a momento da fecundagio, quando comega a multipli- cacao celular ¢ a diferenciagdo orginica até a total maturago dos ‘rgaos, por volta dus 2] anos ce idade. Neste momento comega uma fase em que, biclogicamente, naa ha mais modificagdes, embora haja uma constante renovagao de substincias. Anabolisma catabolismo, regeneragio ¢ desgaste, parecem estar em equilibbrio ea pessog nem percebe o seu envelheci~ mento. Em um determinado momento, porém, o desgaste sabre puja eegeneracao ¢ o envelheeimento bioligico se torna cada vez mais visivel, o que ocorre principalmente a partir dos 42 anos. Ai, a curva bioldgica, rapidamente. comers o set declinio ¢ vai descen- dente até o momento da morte. Serd que nesta fase ha apenas perdas? Nao. Na medida em que © desgaste bioldgico ocorte, a consciéncia, gragas ao aspecto espiri- tual individual, tem a possibilidade de se ampliar (ao contraria do InTRODUGAG animal, em quem este fato nado ocorre). Assim, entra-se naquela fase (ie é denominada fase do crescimenty espiritual ou fase da sabedo- fl, A ampliagao da consciéncia acorre gragas ao desgaste das forcas vile que gio metamorfoseadas, A feutificagio vem agora, do lado iaiiico-espiritual. E muito individual o que ocarre com cada pes- 00 © € disso que dependera 0 desenvalyimento neste periodo da vida, Mi muitas formas de sc buscar a espiritualidade e de encontrar © proprie guia, o anjo, ou o Eu superior, que ¢ de natureza espiritual. Yelamios, agora, o que acontece com a curva animica, Também eli € mcendente e, na medida em que as trés sistemas amadurecem, familie a alma vai desabrochando em suas qualidades do pensar, sentir e querer (ou agir), Aos 21 anos o Bu, agora nao mais engajado na maturagéa dos Orglos, fica livre para a atividade mais consciente, A alma ¢ porta- dora nlo sé de sentimentos nobres, mas também de coblcas, pwitOes ¢ do seu lado mais instintivo-animal. Seri por intermédio do Eu que ela poderd ser trabalhada, purificada, enobrecida, Este trabalho se procvessa em trés grandes elapas que vie dar origem ao que Rudolf Steiner denomina de alma da sensacao, alma racional ¢ da indole (também denomina- dade intelecta e indole, ou sentiments) e alma da consciéneia, Com veremos nos préximos capitulos, 0 desenvalyimento da ‘lima raclonal e da indole, ¢ mais ainda, da alma da consciéncia, s6 ( possivel por meio de um trabalho do Fn, Esse empenho do Eu para © ehobrecimento, cada vex maior, da alma é 0 que chamamios de (roveimento interior, amadurecitento psicoligico ou anintico. Tal ereseinento nao se faz por si sé, mas por meio do trabalho cons- clente do Eu, Dat em diante entende-se que, chegando aos 42 anos, quando © maior declinio biolégico comega a se fazer sentir, existem BiogaArreos trés possibilidades para a curva do desenvelimento animico ou psicolégico, conforme mastra a Figure 2. Uma primeira, que acompanha o declinio bioldgico(e a segunda, tentur manter o rendimento maximo dos anos anteriores, (b} até que o organisma nao mais agtiente ¢ surja o stress, crise cardiaca ou uma outra crise mais grave que obrigue a. uma parada forgada. A terceira possibilidade ¢ a de acompanhar, no desen- volvimento animica, a agcensio da curva espiritual (a) e deixar frutificar a parte mais espiritual da vida ampliando, cada vez mais, a consciéncia na medida em que o envelhecimento se da. Se observarmas a biografia conforme descrevemas anterior- mente, podemos compara-la a um dia de nossas vidas: de manha viemos desse mundo deseonhecida da noite; durante a noite nosso espiritual animico est4 mergulhado no cosmos, nas origens. Encarnamos pela menha, levando algum tempo até estarmos totalmente presentes em nosso corpo inteiro, Para isso alguns pre- cisam de um bom café, on de um cigarra, Outros de uma ducha fia ou uma caminhada, Aos poucos vamos chegando ao- nosso corpo e isso corresponde squela fase da vida em que reademos 0 m4ximo para depois, ne final do dia, quando ja nos sentimos cansados, irmos “desligando” até que nos desprendemos comple- tamente e penetranias novamente no mundo do qual temos pauca consciéncia, o da noite, Assim podemos também falar do aman- hecer e do entardecer da vida, Na fase em que estamos entrando na vida, isto ¢, a partir do nascimenta, a educagio eo ambiente precisam contribuir para qué o corpo se fortifique e se desenvolva sadiamente. & precisa que gradativamente, sustentemos “os pés no chao”. O corpo saudivel ¢ a condigio para que, mais tarde, tenhamas uma vida anfmica € Inrxopughe Nwembnica do ponto de vista espiritual. No segunda metade da vida, especialmente apés os 42 anos, é a Malor consciéncia espiritual que contribuird para a harmonia do todo, meimo que o corpe jé esteja afetada par deengas ou maze hei da idade, Um equilibrio antmico ¢ espiritual ¢ condigdo essen- Gal para o bem estar fisico. Na fase intermediaria, correspondente io desenvolvimento aninrice ou psicoldgico, a maneira como nos felaelonamos com os outros ea nossa relagzio com o mundo exter- no é fundamental para o bem estar e para a harmonia. Assim existe piomnibilidiade de um desabrochar continuo, fisico, animico e eaplritual © até 0 final da vida poderemes aprender a partir de Hines ¥ivénclas e experiéncias, mesmo que estas sejam dolorosas. A sogninte biografia nas da uma visio geral da “caminho de vida" eatendendo-se tal qual um panorama 4 nossa frente. Mografiat Dv nase’ em Portugal, mena pequeste aldeia perta de Coimbra. La havin muito verde, nuitas drvores ¢, nfo muito Jonge, havia mon- huvilues, Bre unt recanto bomite € calwte. Bu sou a terceira e tenho dois inion mais velhos; can, trés amos mats velhe eo otra, quiatorze meses. A minha primeira lembranga estd par volta do meu segundo wuivernivlo, quando nascey a minha irmazinka. Leimbro-me de ter meitado gritos da minka mae que, provavelmente, estava em tra- bulho de parto, Os irmaas estavam fora de casa eeu me senti muito jolla, Subi meme cadeira para alkar pela janela as montanhas € ay cavalos, AL vi na cé a Mée Maria com um vestido vermedho e ure Wiaiiio agul. Eu me assustei muito e fugi (quando aos 68 anos volte Aquela casa vi exatamente aquela cadeira e aqeela jenela ¢ senti ure arrepla, Cousegel visualizar @ imagem daqueia época}. @ Procnarinans Apés trés anos muscee mais uma irma. Quando ex tinka trés anos, men pot perdew todos os seus bens. Nids nes mudarnos para a casa dos nigus aude ent Aveiro, Mew poi, no emtumia, resulvete prurtir para a Rahia, Salvadar. Na épaca, ew tinhe quatre anes, Logo em seguida, minha aide, que estava novamente grévio, tee meus quatre irméos famas também paraa Rehia. Uma seman depeis, minhas irmas snarreram de uma disenteria bacilar par tere tomado dguta contaminada, Uma s rida depois, nascent Outta tend ainha. Cone esta estuva cercada de tados os cuidados para compen sar a perde das oviras duus irntis, eu ficave com bastante eitime. Quando eu estava corn 3 cinco anes, w femilia toda se scion para o Rio de Janeiro, e (4 tuto era dificil. Como miata mae vivia adoentada, ela resolveu voltar para Aveiro cam seus quatro falhas, pare & casa dos meus aves. Mew pai permanecen no Biasil, trabal hando ett representardes comerciais, Algirn tempo depois, ele se atudow para Sao Paulo, Aveire € wma cidade muita bonita ¢ linipa, cont muitas flores. Lda é atravessade pela brag dem rio, o que para nes einen ara sina grande niragio, Passavam muitos harcos e wuvies exfedtedes com desenhos. Fra wna vida niuito calovida, (Os meus irmins freqientavam o gindsia ¢ eu ia a um coldgio de Jreives para o curso primdriv, Apds quatre anos entret pure uima outra escola de freiras na qual aprendi une bom portugees e tra balhios manuais, Com 17 anos eu adoeci. Tive paratife, Meu pai, neste interim, tinha aberto uma fabrica de cerdiai Als tarde ele evnprow a fidbrive titres Subles, que Timpuva ¢ ester i lizeva agua (note: € inferessmnie como ume experiéneia negativa de destina, a perda das deas fillas por causa de dgun poluida se revere few nunra atividade profissional ova e positiva;. 28 Leranuicaa Jin Avetro a minke vida era wm iante trisie, pois minke mae dewlave toda ct suc atengie para.a minha irma ¢ ex me sentia pasta de lado, Hoje entenda que esta irma fai a salvacao de neinha mide, (lie livia perdido as autras duas filhas Depois de seis anos voltamos pare o Brasil, mas deste vez direta- hinle pra Sao Paulo, Na época eu tinha quase 12 anes, mew pal pas- fula, entio, a falbriee dos Fiteros Salus, Aos 12 ew tive misha primeira Menstrmpio, Pui para vena escata de freiras, S20 José, para refazer a quel série, Deste tempo de escole néw guerdei boas iersbrances. Seni me rejeliada, estranha e colecnda de lade, O men solaque por- fugues ere motive de chacota das colegas, Nas audas de Histéria a pro- Jeon sempre folava mal dos portugueses. Fe ficava muito aborreci die eerlmtinava meu pai por ter me tirado de Portugal. Secretamente Juela planus de voltar pura Id. Nesia fase eu me vollei muito para den- (ie de mim, me tornando timida e fechada, Cam M anos comece? ure cursa de secretariado. Queria me joni seevetdria. Minha mae trabalhava na Salus e eu comecei a iwibullar ds tardes na loja. De manhd ew estudava inglés ¢ pian. Poueo tempo depois jd era responadvel peto caixa, pela contabilidade e sectwtariado da loja, Nesse tempa ee me sentia tril ¢ muito feliz, dedidindoome totalmente ao trabalho. Tinka também a minha inde fenlénioia financeira. Muis au menos aos 18 anos fis com meus pais e irmiios wma loin e bonita viagem para Portugal. Fra urna grande alegrin rever Os puireutes ¢ os lugares da miniza inféncia, Ao voltar, retomei o nics irabatho ¢ meas estudos. Recebia meu saliriv, tinha wna sensacgio ide jndopencéncia, podende comprar v que queria {gerulmente importados), Sentia-ne feliz ¢ importante, Ao mesmo tempo sentia lm) grande vazio em minha vida, que me tornava tristonhe, Ent Rioxinaricas algtans lugar me sentia superficial, vazie e instil. Eu gostava de aju- dar € ter a sensagio de que ulguént precisava de mim. De vee vm quande vidjava cont meu pai para o Rio de janeiro, onde tinkeamos uma filial. A vida familiar comtinuava, Os meus irmios se ccisuram © vieram os primetras subrintas. SS dos 25 anos encontrei o hameny que, mais tarde, romou-se nieuw waride, dando unt nove sentide a sitha vida. Nae estave apatconadn, mas sentia wna grande siripatia e adimirage dios poucos edesenvolvia um amer profunda, consolidado e bonita, mas me cose’ con ele somente com 28 anos, Jusiamenie no dia do meu casemento, men pai, que esteve vin- Jando, teve utr derrame. Neste ane ele viajaw mais uma vez para Portugal e morreu quando eu tisha 29 anos, na casa dos meus avis, em sAveiro, ande foi enterrado. A minha vida dividia-se entre trabalho ¢ lar, Lu advtirave a inteligéneia do meu marido, sete cardter, sua maneira de trabalhar a sua moral. Ele era muito hondoso, mas também euita ciumenco, ‘Quanda en estava com 31 anas e meio, tive unna infecgdo inies- lineal ¢ tinke mais de 40°C de felre. Foi nesta epoca que tive 0 meses souhe que tinha durante as minhas docngas ixfantie (sarampo ¢ fn L ani paratifo). Sonhei que cu subia © subia ené chegar 10 © welho de barba (Sie Pedra) vinta ao meu encantra ¢ me abria as porias do céu, Tedo cra marevilhosa. Tans de nvisica, flores brancas, Tawibétr Suni Antinio vinka ao meu encontra, Pal inesqrecivel « muito belo, De repente alguéin me dizia que ew aid nde poderia Siewr ali, que eu precisave voltar. Gritave e cata rapidamene, cade vez mais depressa, caia nu arame farpade ¢ flava ensangientoda (desde os 6 anos este sonho acomieciat, serapre cont os mesmus detal- hres), Cada vez que acordava eu ficuva upavorada ¢ com medo. 30 Trrnonugan Pwewe!, depots da doenca, aigumas semanas na casa da nrinka We, até me recuperar, No mesmo ane, quando eu estave corte 32 UHH, Welt Maride teve una especie de polincurite © precisou sub- Meth ae & wna pungie da medula. Demorou até que se fizesse 0 iligndstico certo, Trés anos depois, meu marido — ainda sem diag (inlled = comecou a fregiientar sessdes espiritas ¢ experimeniar de (ule Os médicos pensavam que ele estava com reumatismo infec- iam) Was todos os exames davam negative para esta doenca. Nessun onde estave ne Brasil o Dr. Alexandre Leroi (médico antropasdfi- 6) portuguds, da Ita Wegman Klinik} para dar palestras e suspeiton dle pie se fowse esclerose maltipta a deengn de meu marido, 9 que fei eonifirrnnda, Dherante quinze anos mew maride soften desta doenca e, com ela, surgi a tarefa que ew tonto desejei para mim, a de cuidar de valguideer e ser visit No meu 36° ano de vida, viajantos para a Suica a fim de visitar w lin Wegman Klinik, err Artesheim. Enconiramos lt pessoas iempor- (fey « CoMMegamos com o estude da Antropasofia. Ouenide ev estava com 37 anos passamos, ainda, alguns meses Hd (ana dos meus avis, emt Aveiro, e sé depois é que retornainios ao MWonll, Meu marido jd mecessitava de cadeira de rodes. Em Sao Pato le continuou e tratamento antropaséfica, além das nrassagens c de Weiinita curative. Seu estado era varidvel, ora melhor, ora pivr. Huiquanto eu cnidava dele sentic que eu tinka passada par pro- indie Modificagies. Rnitre nés estabeleceu-se um amor espiritual (i piofunde que nunca ferminaria, De mand eu cuidava de neew marido, 0 tarde ew trabelhava. Nestes quinze anos foi ele 0 instru- mente de minha purificagtiv, de micha clevagio e cescimenio espini- tual Hi nde me sentie mais inttil, infeliz ow vazia. Interiormente a Thocndmoos estava ett hatmionia, ea forte relagdo com meu marido ultrapassava 0 morte, protegendo-me e guianda-mre até hoje, Quando eu contava com 43 anos minha mae veio moras conosco. Um ano mois tarde mew marido e ew estivemas juntos riuma fazenda de parentes. Foi quando ele passou mal e nao mais safanios de casa. Un ano mais tarde meu sobriitho de 19 anos ren en) oun acl dente de carro, Mew shatide e ew fumes pedrinhus de cosamrente de avivo sobrinke (unt parente substiiuite meu marido mo altar). Fu estava com 47 anos qtando minha mie caniecou a ter per- turhagoes cardiacas, Além disso, a ntinka empregada, que jd estava Ad anos conosco e que jd tinka tratado men smarido emt sun infir cia, ficou com flebite, tendo gue ser operada das varizes. Avabei, entda, tenda que cuidar de trés doentes, A paralisia de mex marido progredia e ele acabow fatecende quande eu tia 48 anos. Vinte e dois anos ficantos juntas, ele era mete mellter amiga. Apds a morte de mew marido, afivei-me aa trabalite, Monte! varias filiais que somavam quatro grandes lojas, as quais eu tinhe que administrar Mas a partir dos 56 anos comecci « delegar « gevenciamento das lojas e, finalmente, aprendi a dar nicis autona- mist aos outros, Eu adoro 0 cantato com clientes. A noite eu ia para casa, onde morava sozinttes. Sentia-me unt tanto quanta preguigosa e bem estobeleeide finunceiramente. N&o queria me sentir iuitil e queria encontrar tise tarefa, Havia nove anos que trabalhava sen: férias, Gastaric ainda de vinjar para a Suiga © Portugal O que, alids, 86 aconievert aos 66 anos quando, depeis de 30 anos, resolvi voltar a Saige, & chini- ca de Arleshein, ¢ apraveitei para visitar a Gaetheanunt cam @ a2 INTRODUGAD funn estdiua de Cristo ent madeira (a represerante do ser Humana, segundo Rudolf Steiner). Desde @ primeiro contate na Sieh OW estudiva Antroposofia e, na epoca ent que men niarido eho vivo, freqientave @ Comunidade Cristi, Na volta, passei ert Horagad ¢ pernoite’ na casa da minha anfaneia, Voltundo ao Brasil decidi vender a ittinra Loja, Afinal, trabalhed Jnluterruptamente de 1960 até 1988, portant 28 anos, A loja fot enipegue «um dos sobrinkes, que acabor smramtarrcle turita fila! eet So toed sos Campos, mas que feckow depois ce uns ane, Ji Sto Panto vendi minha casa, a qual hevia sido asseltade dios vores, © ful viver num apartamento, Quando ev esteve cont 68 siiink [luised at sofrer de presse alta. Now anos anteriores, depois de fechar a loja, ew respondia finan- felnmnenite por aot cego, 0 que me deixava bet feliz, As dificuldades Jinanvelrar dos anos entre 1990 e 1992 se torraram cada vex maiorese vy vive retinada dewtro da apartanento, Nos firs de semana, muitas Vets eH pasenva com mizita irmd mema firzenda do interior, Com 74 aos a autora dessa biografia resolveu se mudar junit 0 lnteriog, onde vive com a sua irmé, também viva. A falta ie conlato com a Antroposofia ¢ com a Comunidade Crista jormoiea bastante depressiva; isto acontece por lhe estar faltando Alimento espiritual. A atime noticia que recebi dela foi a de que vat com a doenga de Alsheimer, Visto geral resumida da Biografia T J on0e Primeira lembranga (vivéneia espiritual Fino Pal muda para © Brasil Anos le mesma vem para o Brasil {Salvador}. Morte das duas ixmiis menores, Logo a seguir nasce autea irma. Boesnarices Senos Volta para Portugal. Freqilenta escola de frcires Mora na casa dos avés em Aveiras, lanes Paratifo [anos Volta para o Brasil ($0 Paula). Freglienta escola de freiras, Vitmides, Monas Comega lormacite de seerctitia. I6anos Comega a trabalhar na loja cla mae. Lanes Viagem para Portugal. Visita lugares dla inflacia, 25 anos Conhece seu futuro marido 28 anos Casamento. Morte do pai. 31.anos Infecsao intestinal, Febre alta. Vivencia espicitual, 32an0s Maridaadocce, 36anos Conhece a clinica Ita Wegman (em Arlesheim, Suigal Antroposofia. Anos de crescimentn interior, 37 anas Viagem pata Aveiro, Portugal. Volta para @ Brasil 43 anus A mde vem morar em sua casa. 48anos Morte do marido, Anos de expansio comercial. 56 anos Entrega as lojas geaclativamente, permanecensio apenas com uma, 63anos Continua trabalhando intensivamente ‘na lola (nunca tiva {Grias). G6 anes Viagem 4 Sui¢a, Arlesheim, a clinica, o Goetheenum. Resolve vender a loja, GF anos Vende s loja. Sobrinho abre uma loja Salus, em $0 José dos Campos (a qual fecha apds um ano). 68 anos Dificuldades financeiras. Venda da casa, Mudanca para apartamento, 74 anos Mudanea para junto da irmd em Sig Tose dos Campos Ao longo dos proximos capftulos, faremos alguns comentirias sobre essa biogratia, mas principalmente na Parte IV. ig¢do, temperamentos i s planetdrias ide faye ¢ marcada por tes seténios: o primeiro vai até Wie, quanda acorre a maturidade escolar. O segun- periodos silo marcados por grandes modificagées # fisioldgicas, bastante visiveis e nitidas para os pais. A ‘orlanga pode acompanhar o seu crescimento, mutivo de . J nas fases seguintes, de 21 a 42 anos ¢ de 42 até 63 Wvel, Por isso, a primeira fase da vida & também denominada crescimento fisico _ Velamos agora 0 que acontece de seténio em seténio . aby ik Capitulo I O primeira seténio, fase do nascimento até 7 anos A constituigao fisica do individuo © primeire selénio, temos o encontro entre # parte espiritucl da individualidade, o Eu, ¢ a parte bioldgica, preparada apis a fecundacado no ventre materno. Muitas vezes a mae au ambas os pais sentem a aproximagao deste ser espiritual. Parece que ume crianga esté se aproximande, ou entdo, como expressou uma mie: “sinta que ainda esta faltando um na nossa familia” e este alguém nao tardou a aparecer. A entidade espiritual escolhe, bem antes do seu nascimento, o: pais que poderao Ihe fornecer a massa hereditéria adequada, que Ihe fornecerd © corpo para a realizacao do seu destino. Por isse as pessoas sensiveis paderaw sentir a sua aproximagao antes da fecun- dagio. Nesta tomada de posse do Eu sobre seu corpo biologica, que ocorre por volta da terceira semana de gravidex, a individualidade comega, entao, a moldar 0 corpo de tal manelra que, quando a 40 (© PRIMEIRO SETENKOE FASE DO MASCIMENTO ATE 7 ANOS ‘ying Musee jd apresenta caracteristicas individuais (por exemp- Jo, «Minho day plantas dos pés, usada para identificar os recém - iwelilos), ‘Jnile este primeiro seténio, porém, tem como pano de fando ‘s feeririturagio das substancias ea individuagao somiatica. Q que quiet iter inso% Que as proteinas, principalmente as do recéin - jieelda, foram formadas pela mie ¢ elas tem que ser eliminadas. ©) bebe primeiro perde peso para, depois, ganhar peso. Uma oiiile parte dessas substancias herdadas serao eliminadas pelo ‘syjanienno e isin novas substancias, oriundas da alimentacto do (eh, so aqui ja orientadas e estruturadas pela prépria individu- slibide, Time processo nao ocorre sem crises € as grandes crises da cri- i Weste seténio sdo de ordem somatica (fisica), Sao as doencas jniqutis (tals come sarampe, rubéola, varicela, caxumba, tosse ‘Himprlda) que aceleram o processo da troca de substancias. Tanto # ue ee quatro primeizas doengas infants citadas sao eruptivas c, w ollws vintos, observa-se pele ¢ mucosas climinando substimeias ei) yirunde quantidade, Apés una doenga infantil a crianga esta sonipletamente renovada ¢ pode-se observar modificagges sutis na oi Misiononia, no seu comportamento e no seu equilibrio interi- to) Navamente selevanta a pergunta: qual sera a efeito das vacinas, joy melo dus quais as criancas sao impedidas de ter as doengas \yluntis? Quero frisar que paralisia infantil nao é “doenga infantil’. io endo costumeiro da palavra. Sabe-se, estatisticamente, que doenyas anto-imunes, alergiaa etc, aumentaram assustadora- jwente, Nana doenga auto-imune o ser humano tenta destruir a tiwtinela de seu corpo, procurando fazer aquilo que deveria ter side feito na infincia com a ajuda das dgengas infantis. a bingrificas A hercditariedade esti bem marcuda nas células do corpo a0 primeiro seléuiv. Ela é superada por inlermédio desse processe de individuarae soudilica favorecendo, tambéni, a prevencde de cer- tas doengas. As assim chamadas hereditarias, Por oulro lado, ¢ ne consliluicio fisica que se torna visivel, no primeiro seténio, a acau cas forgas herdadas, deixando a sua darca na fisionomia do corpo do individuo, Nao deixamos de ser parecidos Gisicamente com os nossos ancestrais. £ durante o primelto seténioqne se da a estruturacan da sis- tema neurosensorial. Portanto, falamos principalmemte dos érgios da cabeya, do sistema nervoso central ¢ dos drgaos dos sentides, Uma lesio no sistema nervosa central, por partu, por encefalite, por meningite etc, pode causur deformagies para o reste da vida. E a parlir do sistema nervoso (da cabega) que a crianga se estrurura c da forma uo seu organismo_A cabega éa purle mais desenwolvida de uma crianga pequena ¢, geralmente, éa primeira que apomta para o exterior no parto ¢ @ primeira que faz esforgo para se erguer da horizontal para a vertical. Ena cabeya que, organicamente, somus mais maduros, mais “prontos” e menos vilsis. Os 6rgtos dos scntidos sao janelas paca 0 mundo. A crienca, por meio dos érgaos, vai gradalivamente se abrindo para 0 mundo. cuidado com os drgios das seutidos € fundamental, Fxistem os qnatro sentides corpéreos basicos: 0 tata, o vial, a do movimenta 0 do equilibrio, os qua procisam ser especialmente cuidados. Pudemas dizer que a crianca pequena é, principalmente, o proprio sentido do tato espalhado pelo corpe iteive e por meio do qual vivencia prazer e desprazer, Culdadus carinhosns de tate luis coma ser segurade ay ser amamentade, usar roupinha adequada, ser massageado (quando a mae passa Sleo ne corpo du 2 © PRIMETRO SETENID: EASE 0G) AACHEN ATR 7 ANOS lebO) & mois tarde, entear em contato com dgua, terra, areia ¢ Se Deinquedos, tudo isso the proporciona uma vivéncia positive ile Wapiomdio em scu corpo, de entrega, sensaghes to necessirias 4 contatos, mais tarde, na vida. Ao comtririv, o Late por fais como beliscdes, tapas ow surras, faz com que a = ainta retraida e, tornande-se, mais tarde, uma crianga Hnildy, assustada, medeosa ¢ sem confianga no mundo. ‘May tio ¢ 36 0 tato que ¢ importante. 0 “sentido vital’, que ie indies o bem ow o mal-estar 10 nosso corpo, Lem a ver com o Sie etérico ou vital (Segundo R. Steiner, o corpo eté é um corpo supersensivel responsvel pela regeneragio, cresci- viene hem estar da nosso corpo} que necessita, nesta época, (MAL # tua fortificagae, de sitmos bem distribuidos. Alimentacdo ulequud, ritmo nag cefeigdes (nao rigidos, mas perscrutadys da (Wyld erlanga), ritmo adequado de sono e vigilia, temperatura wlequada de Agoa para o banho, ¢ vestimenta adequada a Jenyeritura externa, Imagine como voce reagiria se, num dia frie, (ive que tomar banho gelado. A reagio seria de contracao, eealiimento. Ao contririo, numa banheira de dgua adequada- ieiite aqueeida a reacio ¢ de expansio e relaxamento. Ne primeira Miviagilo dle banho a conseqiigncia é de um querer afastar-se do finda, encolher-se, nao tomar pusse do corpo, [4 na segunda ‘ifiaglio bio sentir-se bem ¢ expandic-se, isto é, sentir-se cam casa fi pidprio corpo eno mundo, O may cuidado desse sentido vai formur adultos nervosos, irrequietoas © com dificuldade para 2 euneenteagio, Estes aspectos nos mostnam que uma forma de nos Ajemurtios do nesse corpo ¢ através dos Organs dos sentidos. rico ou wilak Await lumbém acontece como sentido do mavimente ¢ 6 do gqullibrlo que sie importantes e devem scr desenvelvidas. Todo a Biogritficos esforge de erguer-se, dar os primeiros Passos, ter espace de movimento, ou seja, ao invés de um ambiente confinada, ter un ambiente espagoso ¢ ventilado; mais tarde, poder trepar em {roncos ou drvores, em gangorras « em balances, Tudo isso exercila estes dois sentidos, os quais sto inteiramente ligades, Imagine novamente, pois voce jd deve ter presenciado. aquela situagao da mae medrosa, que a cada pequena aventura do filha, sai correndo dizendo: “filhinho, vocé vai cair e se machucar!”, tirando-lhe a oportunidade de exercitar a persisténcia, © cair e levantar-se, Nesse seténio, a crianga precisa exercitar fisicamente 0 que mais tarde exercitard animicamente. Esse sentido nos permite Ser participatives dos processos em conjunte as outras pessaas. Os sentidas do paladar, do olfato, do calor {j4 mencionada), visso ¢ audicdo também necessitam ser bem cuidados. O que acar- felard, mais tarde, no ser humano se cle cresceu num ambiente de fumantes? Gu se nav péde saborear as supinhas? Qu ainda, se nau visualizou a natureza, por exemplo, nunca alhow “aquela figueira” hem onvitt os sons dos passarinhos, ean contrdrio, teve como Pane- rama edificios cinzas, de dentro de um apartamento iluminado arti- ficialmente, ofuscante, ¢ escutava apenas ruidos mecinicos de ence- radeiras, maquinas de lavar ¢ avides passande por sobre sua cabeca? Nem vamos entrar aqui nos detalhes sobre TV. videogame ete. pois muma crianga pequena cujos, Grgies esto ainda em for- magdo, lém uma influéncia que penetra até a estrutura somatica mais sutil, deixando a crianea estarrecida e sem movimento, Avcrianca, nesta fase. dos primeiros ? anos, é aberta ao mundo, € toda dzgdos dos sentidas e as impressdes penetram no seu inte- rior sem nenhuma protesio, por todos.as lados, Esquematicamente podemas representé-la desta maneira: f (OQ PRIMEIRO SETEMID: FASE DO NASCIMENTO ALE 7 ANOS: De acordo com as impresses sensoriais, essa formagio dos Orgaos é ativada de meneira positiva ou negativa senda, muitas vezes, 4 origem de mas formagdes organicas posteriores. ‘Tudo isso ocorre de maneira ruilo sutil, nie perceptivel, mas ho delicado tecide vital deixa um imprint—uma impressdo sutil que Vai se manifestar mais tarde como distiirbia fisioldgico de determi- hados Grgios. A personalidade dos pais, as tas das creches, as dim de infincia sia influéncias muito grandes em professoras de j jwlacdo as impresses sensoriais que a crianca vecebe de fora. Por neio destas relagdes ela vai se ligar ao seu corpo ¢ ao mundo, yivenciando que “o mundo ¢ bom” ou ird se desligar deste mundo {uim ¢ agressiyy, dificultando 9 seu entrosament na vida de idulto, Olhemos agora para os cuidados animicos com a crianga, Nesta fase ela precisa de aconchego, carinho, calor, alimento, limite ¢, acima de tudo, confianga. A crianga, por natureza, vem ao mundo trazendo em si uma confianga basica. Ela, para aprender a 45 Bingraficos andaz epvia-se na mao da mae ow do pai. Quando aprenden a subir numa érvore, mas ainda nfo aprendew 4 deseer, se joga noe bracos da nic ou do pai, sem restrigho. Quando é que, na vida adulta, temos esta conflanga ¢ entrega total, 0 que, para muitos relacionamentos, é fundamental? E quando esta confianga 4 rompida? Quando apesar da mae ter dado orden ou: proibido algo, a crianga insiste, ale conseguir 0 que quer, Ou quando os pais saem & noite, ¢ a celanga aeorda assustada, percebendo a auséncia. Em grandes cidade: ensinado para as erianeas que nto con fiem nos adullos estrunhos, Sem contianga..o amor ¢ a enlrega ndo sis passiveis, Quando todes desconfiam uns dos outros, ¢ guerra de todos contra todos nao denvera a acontecer. Calor, confianga, amor, Esses sao tr alimentos animicos imprescindiveis para a crianga. Quem cria eala atmosfera para a crianga sdo os pais. Se um dos pais estd ausente o esforeo do outro terd que compensar, Neusa tenra idade, porém, a presenga da mae é fundamental, pois, a¢ 087 anos permanece o elo de ligagio com a mae através de corpo invisivel vital, que sO aos 7 anos se rompe ¢ lorna a ctisnga auténoma, A desarmoaia da ambiente em torno da celina ¢ muitas vezes, a causa de dures de barriga, diarréias ¢ inquietagau ma crianga. Mesmo que tal desarmonia niio atinge a ert anca diretamente, s¢ cla presencia muitas brigas ou a pratica de atos imorais, ela ahsorve tudo (mesmo que nos parega invisivel para ela, poderdo, mais tarde, transtormar-se em ume pessoa absessiva, Nessa fase, o aprendizado da erianca se faz por imilaggo. & crianga pequena, obscrvande o adulto, deseja lavar louga ¢ coups, quer ajudar, quer farer o mesmo que ele. Mas também maus io imitados, costumes ¢ até deficiéncias de adultas prosimos O prineane SCTE: EASE DO NaSCDUENTD stb 7 ANOS A crianga é portanto, um espelho dos bons ¢ maus atos jeulizados perante eta. £ pela initacde que ela aprende, também, as (res faculdades emincatemente humanas: 0 erguer-se e andar, o Jular eo pensar. _ Brguendo-sé ¢ andando a crlanca conquista 9 espago fisico em sua volta, Com a fala conquista 0 espayo social, a COMUMIGAG2O vom o pensar conquista o espace espiritual, o infinite, Yssag trés elapas do desenvolvimento o ser humano aprende antes de ter memoria. Quando o sistema nervose ainda estd em formagio, num determinada momento, por volta a7 ia 46 11 Adoece com paratifo 45 12. Volta para o Brasil Morte ck subriuuho (ocidente de carve) 4 13 ‘Mae vai morar em sua cess 43, 14 Cuno de scerciéria 42 15 4 16 40 17 ” 18 Viagem para Aveiro,Portu gal Viagem para Aveiro, Portugal 38 rey 37 20 6 2 35 22 34 23 35 24 32 25° Conhece ¢ futuro merida. Doenga e vivencia espiritual 31 26 a) id Morte du pai 29. ee Casamento 2a - . FSreuitaMiEnto AttSIcO Psscuige co — RETOMADAS. Neste caso, o pont de equilibrio em torno dos 28 anos de La justamente no momento cm que a idade, 0 hipemclion, narradora se casa ¢ passu a assumir novas responsabilidades. O né lunar dos 18 anos e meio se espelha com os 37 anos, Em ambos os pantos ocorre ¢ retomada, a volta para as origens, para Portugal, 1 Aveiro. No terceiro nd lunar, aos 56 anos, quande em esp ocorre o espelhamento com o nascimento, comega a manifestar-se 4 capacidade de delegar; apds sete anos de expansao, mnaterializada com a instalastio de quatro iojas, surge novaments: a necessidade de retragao, 0 encontre com o future marido, aos 25 anos, reflete-se com o adoecimento aos 31 anos e meio de idade (messe evento ocorre uma defasagem de um ano}, coincidindo exatamente com a infeccdo grave ¢ com forte vivéncia espiritual. Note-se que na avaliacéo dos espelhamentos, a defasagem de até um ano é possivel que oorra ¢ deve ser considerada. Parece que a missdo de vida no sentido espiritual termina com a morte do marido ¢ a expansdo comercial ocorre na seténie seguinte, © espelhumento dos 42 anos sé faz sentido para pessoas mais idosas, tem a ver com o amadurecimento da alma, que se faz na fase dos 21 aos 42 anos de idade. Podemios usar a seguinte imagem: a alma transformou-se de uma pedra bruta pata uma pedra lapi- dada, capaz agora de refletir cada vez mais a luz. © Eu amadureci- do nesse processo pode agora se voltar cada ver mais ao seu Eu superior, travé-lo cada vez mais para dentro da alma, e assim desenvolver a ampliagdo da consciéncia 2 que Rudolf Steiner denomina de cognicio imaginativa, inspirativa e intuitiva. Ou, ainda podumos dizer que,a partir dat o ser humano tem a capaci- dade de desenvolver novos drgaos perceptivos transformando os 298 Bicnanicos corpos supra-sensiveis naquila que ji na India era denominado de Manas (ser espiritual), Buddhi (espfrito vida) e Atma ¢homem, espirilo), Assim, depois dos 42 anos, a desenvolvimento espiritual ini- cia-se ¢ desenvolve-se, oque pode ser feito de uma forma con- sciente ou ineonsciente. Vejamos o que o seguinte espelhamento nos tr Fermigeao com secretaria i4 Regressio 70 Independéscia Sente o desgaste fina erescente, cuer tet0- jmar a espiritual, ues no consegne per ‘conse de cievunstan- Viagem pars Portuyal 18 kstudas tmbulhe Conhece « futwro merida Trabalho ¢ fase de naka Aprendendo a dele- ‘pur ca linsitar-se, porém trabalho muito Casamenter 56 || Capacicade de deleger Morte de pai] 29 A wida comega a ter seatido: tern algun Fase de expensio comercial Tebre| Adoccimenta do umaride| Ad Purificagde, elevazio e crescimento espiri (wal Viagem para & Suige: eneantre a Antroposofie af Sua missie fea amis wisivel; o comércia e dedieagao pessoel ao mazicis doente, Morte de marido 48 42 zal —— ee | ESPELILAMESTO ANIMICO-PsIcoLOGICe — RETRADAS, Muitos perguntam: “Valeu a pena fazer todos esses espelhamentos? Devo ter meda de um fator negativo que vai se espelharg Sera que as coisas vio se repet 2°] mencionamos que os fatos acontecides se metamorfosciam ¢ pode ser que justo agora estamos colhendo as frutos de alge que foi dificil. Descobrir os espelhamentos na propria biografia é um trabalho espiritual que pode revelar insights sobre vacé mesmo, que poderiam passar desapercebidos, Coisas repetitivas; talvex o flo yermelho em sua vida; fiatos que tenham a ver com sua missio; metamorfoses em seu trabalho, Registrar tamhém es emocées, elaborando as sentimentos nua coluaa ao lado dos eventos, ¢ importante. “Seri que ssati alegria quando nasceu o meu irmao menor? Gu serd que senti citime?” Tomando « coluna dos sentimentos de um lado ¢ a fase espelhada, do outro, ha alguma relagio? Dando-se cores a estes sentimentos, serd que ambos os ladas teriam a mesma cor?” Em todo o trabalho biografico, partimas sempre dos fatos, olhamos 0 acontecimento a mais objetivamente possivel para, depois, entrar- mos na area dos sentimentos ¢ pereebermos quais sentimentos acompanharam estes fatos. Serd que estes sentimentos tiveram 0 seu espago ou foram abafados? Ser que estd na hora de elabord- Jog melhor? Sera hora de transtormar uma raiva em perdéot Uma culpa em aceitacao?” A grande pergunta final serd: “O que eu quero modificar em mim para o futuro?” Em toda a hingrafia ha ganhns a partir daquila que foi feito Assim, cada um tece o seu destina com os fins que estao a sua dis posigiio ¢ 6 claro que os tecidos sio diferentes do mesmo mode que cada biografia é nica, distinta de todas as outras. 235 RiosnAricos Muitas pessoas querem sempre fazer algo diferente do que eslae fazendo no momento; perdem muitas oportunidades de fazer bem cada coisa ¢ de aproveitar ao maximo aquela chance. Aceitando bem as aportunidades que a vida nos apresenta, vivere- mes em harmonia ¢ felicidade por termos atuada nelas, com empeaho ¢ abnegagac. Do contrério, estaremos constantemente frustrados pelo que ndo fizemos e, por sua vex, 0 que fizermos cer lamente ado terd sido bem feito. As mudancas para conquistar harmonia tém que ser muito niais internas do que externas ¢, neste sentido, temos que dar os nesses principais passos. Mudando de atitude interna, quase sem- pre percebeinos que somos agentes de mudancas externas também. Sugestéo de trabalho 1. Faga tum levantamento dos eventos de sua vida ¢ depois ela- bore um dos dois espelhamentas biograficos. O dos 21 anos ¢ o dos 31, Observe as descobertas, 2. Verifique se vord encontra um fio vermelho, uma linha mes- tra nestles acontecimentos, 3. Observe se hd coisas que se reperem. 4, Reflita se existe algo vooé queira mudar e registre o que houver. Conclusao Brocaanicos Os trés primeiros seténios sn basicos pura toda a farmacau do cardter de um individuo; lanto pelos fatores intrinsecos que ele (raz como constituigao fisica, temperamento, tipo planctario, qualidade 2odiacal, quanta pelos fatores externos de educagio. Vivenciar o munda ¢ kort no primeiro seténio, fornece a base para a vida moral adulta, se metamarfoseande em bondade. Vivenciar o mundo é bs fa é formar a base para o senso estética da vida. Vivenciar o mundo ¢ verdadeiro fornece a base para o que & verdadeira, isto é, da senso da verdade, da autenticidade, que ao mesmo tompo, significa liberdade interior. O primeiro setémio nos dé a base para a saide fisica, © segunda seténio nos da a base da satide animica e de nossos relacignamentos sociais na vida Futura. © terceiro seténio nas dé a base para o desenvolvimento espirilual, mais tarde na vida adulia. 240, ~ Cowetesho A primeira grande metamorfose ¢ Lransformacao, do passado- ocorre dos 21 aos 42 anos, Se integramos ¢ accitarmos as 0s even- tos da nossa biografia, estamos prontas para um desenvelvimento espicitwal, Se a alma, ou psique, est4 com problemas de vida mal resolvidos, 0 desenvolvimento espiritual se tornard mais dificil Nao € 8 toa que o amadurecimento psivoligico precede o desea- volvimento espiritual. Somente depois que nos tornamos nds mes- mos ¢ que podemos ser, cada vez mais, seres humanos e participar da humanidade em desenvolvimento, dandy a nossa contribuicao para o todo. Assim podemes aceitar a liberdade, a0 dmbite espir itual, almejar a igualdade nos aspectos sociais e aleanyar irmun- dade ou fraternidade no ambito econémico, tal qual Rudolf Steiner idealizou. nhecendo centenas de biografias, des meus prezados alunos, participantes de cursos biografices ¢ de Lantos outros cncontros, tive a satisfiagia de verificar que em se trabalhando a sua prépria bingrafia, o ser humano se da a ppartunidade de ir tomman- do consciéncia de seu caminho de vida, de sua missao terrena e, principalmente de faer mudangas fundamentais em st mesmo, Recentemente, em um viagem por Israel, fui convidada para um jantar, Tal convite foi feito por uma pessoa que queria me contar gue, lendo meu livro Taking Change (em portugués Temendo @ Vida ent suas Méos conseguiu tomar uma decisio muite importante em sua vida; tornar-se professor de musica. Fate de: em fungao das atribulagbes da vida didria, até entao nao tinha a era algo com que sonhara desde a juventude, sas que conseguide realizar, Ao contraria de eu relatar com minha prépria interpretagia o que outros puderam alcangar, gostaria de epresentar 0 depoimen to de um participante de nossos cursos biogrificos: “Em 1964, aos 19 anos, fi donaria o forte interesse que tinha pelo munde espiritual ¢ mer- um contrate comigo mesmo: aban gulharia ne mundo material ¢ terreno. Nesta viagem aplicaria meus talentos inteleciuais no setor emmpresarial, Assim juntaria dinheiro ¢, dali a 20 cu 30 anos, retomaria meus inleresses de rcupvura superiores, com dedicagao exclusiva festa deci acanteceu par medo: meu pai, meu avd, meus tios eram médicus que ado sabiam cobrar cansultas, ou tedsolos, ou atédiuns espiri- tas, ou fildsofos, que viviam sempre em dificuldades. Meu irmio mais velho, totalmente desconectado da ‘lerra, vivia sonhando oom Coisas Impossiveis ¢ nud rvalizava, Eu, aes 19 anos, apds anos de leituras, as toneladas, de fisica, de Herman Hesse, estudava filosofia oriental, estudava liturgia da missa, traduzia o Livro Tiberano dos Mortvs, pralicava yoga... estava enlrando pelo mesmo caminhe, e aquilo me assustava). Em 1999, 33 anos mais tarde, eu Linha a sensagaa de missao cumprida, era hora de valtar. Tinha me envolvido profundamente com muito sucesso na minha carreira camo executivo, Como pres- idente de duas grandes empresas (Credicard © Fininvest), fun dador de outras empresas {Cardsystem ¢ Momento), Diretor de um grande banco muliiacional (Citibank), tinha provocado importantes mudangas nos mereados que trabalhei. Sempre de forma humane, provocando o desenvolvimento das pessoas ¢ das organizagaes, Pedia até me dar por satisfeito. Nao agtientava mais aquele ambiente onde, na verdade, eu munca havia me adaptado muito bem. Tado o sucesso havia sido aleangado 4 custa de muito esforgo, Nuinea tui cepar de acwmular meus rendimentos e ainda necessitava do trabalho para sustentar Conciusic: a minha familia. A parte do “ficar rico para poder retomar os inte- reases superiores” nao estava comprida. Mas nao era sé este © problema: cu nao havia ainda encontra- do um caminho para a volte. Estava consciente de que o nova eaminho ndo deveria representar uma ruplura com 0 passado, mas sim deveria aproveltac os ensinamentos adquirides. Nao queria repetir o erro de abafar uma forga em beneficio de outra, mas sim conciliar ¢ equilibrar. Esse caminho, portanto, deveria permitir alguma forma de expresso no mundo. Uma forma de expressao, provavelmente diferente da anterior, mas ainda assim, bem con- ereta, Onde havia um caminho assim? Foi onto, em dezembro de 1997, nas 12 Noiles Santas, enue o Natal ¢ o Dia de Reis, que fui, pela primeira vez, a Artemisia, De inicio, apenas em busca de um lugar para descansar, refletir, perder peso. Ao sair de [4 sabia que havia encontrado um camino pos- sivel. Aléna de ter encontrado pessoas lindas: Amparo, Fatima, ELF Luigia. Ao longo do ano de 1998, muitas coisas mudaram: reduzi em 20% © meu peso, recuperei a saiide, raspei um bigade de 30 anus, sai de minha funcao executiva no Banco Fininvest do Rio de Janei- ro, retornei a Sao Paulo para uma carceira de consultor auton mo. Aproximei-me da Antreposofia, principalmente por intermédio do curso de Histéria da Arte (Consciéncia ¢ Arte), dado pelo Centra de Artes, e de um trabalho individual de escultuca orientado por Gian Algarotti. Estudei bastante, lia tudo o que conseguia. Acada passo ficava mais claro que © caminho era aquele: equi- librio entre o céu, a terra e 0 ar; a énfase na aga como ponto de apoio e de partida; a nocdo de que a consciéncia é o instrumento mais poderoso de que dispomos para o desenvolvimento, Cada 243 BrocRaricos imagem e cada simbolo que me era apresentado parecia-me ja conhecido e cheia de significado, cada idéia absorvida como algo absolutamente natural. Em dezembro de 1998, um ano apés o primeiro encontro, voltei a Artemisia para outras 12 Noiles Santas, seguidas de um biepratico, Estes dias ma Artemisia foram, novamente, preciosos. Encontros maravilhosos com Edna, Ronaldo, Marcia e as mar- cantes conversas com Maria Elisa, Sai do biografico com a nitida sensacdo de ter sido “fecunda- do”, de ter sido plantada em mim a semente de um novo Alvaro. tempo mostrou a realidade dessa “fecundago”: nove meses depois comecei a trabalhar na Widar e na Monte Azul, ¢ entrei na Socie- dade Antroposéfica, © Congressa de Meditagao, de junha de 1999, foi mais um passo critico: além das ensinamentos das outras pulestras ¢ viven- cias, participei do grupo da Pedra Fundamental. Eu nao sabia bem 9 que era, mas néa importava: queria conhecer ¢ Dra, Gudrun, fundadora da Artemisia, Esses encontros, Dre.Gudrun (meia duzia de palavras apenas, mas muito marcantes) e a Pedra Fundamental fizeram com que ew tomasse a decisio final: este era o meu ca- minho. No mesmo dia, marquei entrevista com D. Ingrid, para me candidatar a membro da Sociedade Antropasdfica, Desde entio, minha esposa (Helena) ¢ eu, temas meditada, com razodvel assiduidade, a Pedra Fundamental, assentanda-a erm nossos coraches. © Pai Nosso também tem sido (como jd era anles) de inestimayel valia, agora melhor entendido e melhor trebalhads. Na entrevista com D, Ingrid, relatei minha experiéncia no mundo empresarial, contel que casualmente linha aeabado de pre- sidir @ Fininvest, uma empresa de crédito, ¢ que li tinhamos ' t Conctusae implantado um projeto de Micro-crédita a pessoas carentes. Com Tantos acasos ¢ mediante minha pergunta: “Em qual iniciativa Antroposdfica posso atuar na pratica?”, ela nao hesitou e contou- me sobre a trimembragao social, sobre a fraternidade no setor scondmico € sobre Widar. LE 1i fui eu tentar ajudar o fluir sauddvel do dinheiro. Meus cnconiros com Alberto datam de 1995, Sua palestra onde eu trabalhava, me tocou, Na Fininvest, convidei-o para uma sobre as organizagées como seres vivos, feila numa empres palestra, sem saber ainda que aquilo era Antroposofia. Fiquei con- tente quando soube que a Adigo era ira da Artemisia, Procurei Alberto para debater meus préximos passos no mundo, ¢ acabei indo fazer 0 curso de formacao de consultores. Loje ¢ janeiro de 2001. ‘Tenho 55 anos, completei 30 anos de atividade produtiva no mundo empresarial. Nao seria possivel pensar que posso ainda ter mais trinta... Entdo, como ocupar cases anos, sejam trinta ou apenas um provenda, ao mesmo tempo, minha subsisténcia ¢ contribuindo para um mundo melhor? ‘Trés anos passaram-se desde que encontrei a Antroposofia, na Artemisia. Foram anos de intensa reflexdo, estudo ¢ investimento em varios campos, tentando responder a esta pergunta. Em 2000, principalmente, abri muitas frentes; curso da Adiga, canto com Adelina, pintura com Edna, trabalho voluntirio na Monte Azul, trabalho voluntdrio na Widar. Reunindo informagiies, vivéncias, impressoes, relacdcs, encontros, Uma coisa estd clara: a Antroposofia ¢ a meu caminho de deseayohrimento espiritual, e muito do meu esforgo intelectual nos prdximos anos seri dedicado a meditagdo, au estuda e a yivéncia Antroposéfica, inclusive a arte, buscando alcangar a Brogasrices estdgio mais avangado posstvel, Também do ponte de vista pratico, terapéutico, penso que através da arte ¢ da meditagao poderei desenvolver meu sentir ¢ superar minha maior dificuldade pes- soal: a de fluir sentimentos e estabelecer relagées préximas com as pessoas. “Néfo fmmporta que eu tenha uma epinidio Diferente da do outro, Esim Que 0 outro venha a encoutrar 0 certo a partir de si proprin, Se eu contribuir win powco para tal.” Rudolf Steimer, em Poems e Pensamentos 26 Brogasacos Para finalizar este livro, quero fazer um agradecimento. Quando olho para a minha vida, como uma estrada na qual caminhy, sou imensamenie grata. Pelos empecilhos que me encontraram, pois eles me fortificaram. Pelas fontes que consiantemente brotaram, pois elas me saciaram, Pelas arvores de frutos que plantei, pois de suas frutas saboreei, Pelas paisagens que encontrei, cheias de sol ou de nmvens escuras, cheias de bosques escuros av prados floridos, Cheias de abrigos aconchegantes, Cheias de desertos ¢ pedras hostis, Tada isso tornando iminha alma multicolorida. 2a eRILDGO Pelos intimeros seres humanos, que nesta estrada peregrinavam. Pelas muitos que passei sem olhar. Pelos poucos que parel para conversar, Da conversa surgiu um encontro, Do encontro algo em mim medou, E assim, ao longo dos anos, tornci-me quem sou. Descobrir as paisagens, os empecilhos, a ajuda das pessoas que encontramos ao longo da vida, si censcientizagées importantes para o nosso caminho, € que geram em nés os sentimentas de gratidao e aceitacao do destino. Sim, tudo isso pertence a mim, sou Lu! Guten Meorkhard 29 Bineadrions A ARTEMISIA B O TRABALIIO BIOGRAFICO © Trabalho Biografice teve inicio no Brasil em 1976 com cursos que Daniel Burkhard {meu marido) eu ministravamos, em fins-de- semana prolongados, quatro a seis vezes por ano, na Clinica Tobias. Desenvolveras uma metodologia propria que é usada na Artemisia, Ao longo dos anos, sentimos a necessidade de criar um espage proprio para que as pessoas pernoitassem € pudessem, aléns do processo biogréfico, fazer uma dicta adequada, massagens, sc. Quando o dealing, a vida, é ulhada se percebe que ha varios pontos estagnados que pre- banhos, compressas, enfim, revitalizar- cisam entrar em movimento novamente, Com uma dieta adequa- da, desintoxicando o organismo, os residuos ¢ as toxinas acumu- ladas no organismo entram em movimento, 0 process orginica passa, entda, a apoiar o proceso animico da vivencia do Trabalho Biografico. lids, fol necessério ampliar 0 periodo de duragiio do trabalho biografico, inicialmente, de trés dias. Na Artemisia hoje, € de quatro a sete dias, Neste trabalho favemos a retrospectiva da vida famplamente descrita no livro) para chegarmos ac momento presente ¢ visualizurmos o future. Esta retrospectiva tenta ser abjetiva, como se olhdssemos o camiaho da vida do topo de uma montanha, para podermos entender melhor a correlagia entre os acontecimentos e entendermos o todo. O uso da pintura na biografia facilita o process. Alguns pacientes expressam que em anos de psicandlise nav aleangaram os resultados que ahtiveram em nossos cursos bivgrificos, Algumas linhas psicoterapéuticas enfocam apenas certos pontos criticos do passado para serem tra- balhados. A meta do biogrifico é dat a visto do todo, a tonica de cada seténiv, os fendmenos € suas repetigaes, os quais exigem Se AEC TRABALHD Bansmarice especial atengao. Ealim, o fio da vida se desenrola como a fie de um novelo, Entender as crises biogréficas, como ¢ por que acor- rem, assim poder direcionar melhor 0 feturo. ia de Despertar 110 individuo uma nova motivagde de vida, a viver, ¢ fazé-lo perceber suas potencialidades ¢ seus lados positives para fazer melhor uso deles, Se neste proceso forem descobertos pontus extremamente dificeis, nao resolvidos no curso biagrafica, pode-se, entdo, buscar um aconselhamento para tentar trebalhar esla questo especifica como continusgao do processy biugrifico. ‘Movimentos corpSreos, principalmente a Luriunda, ajudam a compreender os conceitos por meio da Tinguagem do corpo, ‘Também palestras que tratam das leis que regem os seténios sd apresentadas geralmente pela parte da manha, durante os cursos, e ajudam a compreender melhor as leis gerais da desenvolvimento, Apés a palestra € feito um levantamento dos aventecimentos biograficos, individualmente. Segue ¢ almogo e um pequene descanso para depois prosseguir com uma pintura correspondente aos seténios, que foi anteriormente elaborado por escrito. Em seguida, temos um trabalho de grupo. Cada grupo é compasto de Ués a cinco pessoas, acompanhade por um coordenador experi ente, com o objetivo de compattilhar os eventos biogréticos de cada um eclahorar melhor aquilo que cada membro quiser dividir com 6 grupo. Estes pequenos grupos 1m clirna ¢ aconchege muito especinis, pois ¢ importante que todos s¢ sintam a vontade. $6 se conta aquilo que se deseja contar, poréin quanto mais abertura hauver no grupo, tanto melhor & 0 resultado para cada uns, B por meio do exercicia de ouvir o outro que acontecerao os melhores insights, pois cles despertaréo em cada um novas memérias & sen timentos. © coordenader procura manter 0 grupo com interesse € 2st rocRAMeas: admiragio pela biografia do outro ¢ de modo algum haverd criti- ca ou interpretaggo, Cada participante tem um tempo determina- do cu grupo, come um todo, também. Por meio de perguntas os participantes do grupo podem interagiz. O grupo eseuta, acolhe a biografia ¢ recebe, por sua vez, um presente, pois a nossa biogralia é 0 que temos de mais precioso. Entretanto aquele que apresenta a sua biografia podera visualiza- la melhor se acorrer a parlicipacdo dy grupo. Alguns grapas con- seguem uma qualidade de relacionamento tao especial, de tal mode que é como se a pulavra de Cristo se muanifestasse: “Quando dois ou mais estio em meu nome, estarei com eles”, Ao invés do trabalho de grupo, 9 process biogrifico pode também ser feito uma terapia individual, entre terapcula ¢ cliente, Na nossa experiéncia, porém, o grupa traz mais riqueza porque no grupe nfo é apenas uma pessoa que ouve, mas varias. B ceseevado is individualmente ¢ ha algum lempo para tratar de pontos especi 4 possibilidade de trazé-lo posteriormente ao gzupo. No pentiltimo dia, chegamos sempre ao momento presente para que,no ditimo dia, possam ser visualizadas as metas de curto, inédio ¢ longa prazo que cada pessos [az para si. A faixa efaria de pessoas que podem participar dos cursos biograficos esta entre 21 ¢ 70 anos de idade ¢ nag ha restricaes de profissio, religiav, habitos de vida. Para as pessoas sadias, atua come higiene preventiva ¢ harmonizagao da vida. Para uma pessoa doente, sera terapéuli jo entanto, para se fazer um bioyrafics é necessdrio que a pessoa possa responder por si mesma, esteja de posse do seu proprio Eu. Apés algum tempo, que pode ser alguns anos, pade-se repetir © proceso biogréfico ou farer aprofundamentos, por meio de A Aniiaiisia 6:0) TRABALHO Brocdsico diversos ternas de autaconhecimento, tais como temperamentos, aspectos masculinos ¢ femininos do ser humano, foreas zodiaeais ¢ planetarias, a questi do carma on, simplesmente, retirar-se alguns dias para descansar ¢ revitalixar-se em lugares como a Artemisia. Em gtande parte, porém, a Artemisia dedica-se a cursos ministradas diretamente aos clientes, coma anteriormente descrito, aniando principelmente na prevengia das crises: psl- coldgicas ¢ doencas fisicas, Na Artemisia siio dados cursos para executivos, cursos de for- magao para coordenadores de cursos biograficos para consultoria + empresarial “Brora os desejas da alice Grescem ates do querer Amaddurecem os frutos da vida, Sinza @ men destino Mew destivo me encontra Sinte minhas metas Minkas metas mie encontrar Sinto minha estrela Minha estreia ime encentra. A minhe alzia eo mundo sao ui 33, A vida se torna mais chara ao meu redor. A wide se forma mais dificil para nint A vida, ela se torna mais rica denira de mim.” Rudolf Steiner 258 BURKHARD, Gudrun. Hemenn’Mulher: ai volvimenite, Se Pauks, Antropossties, 199 grag come earinho ee deser- As forges anelinenis, sue atuagio a alma humeasn, So Paso, A vitia ndo termina coe 60: livres ua terceira fdas, S30 Paulo, Antroposéific Yomor a vida nas préprras mdos. Sao aulo, Antropasitica, 2000, HEYDEBRAND, Caroline von. A natureza auimiea da crienea. Sito Peuio, Antroposética/Adiga, L999. FROMM, Erich. Ter ou Ser? Rio de Janeiro, ITC, 1987. GLASL, Friedrich, Auto-njude ov conffitos S20 Paulo, Antroposdtiza/Adigo, 1999, GLASS, Norbert. fice revela 0 homem. Tle (i. Sae Paulo, Antrapasofica, 1998, GRIMM, Imes. Conses de fadas JUNG, C.G, Sinerenictdad, Malaga. Editorial Sitio, 1998, 24 | BIELOGKARA KONIG, Karl. fenides e inmis. So Paulo, Aniraposéfica, 1984. Os ings prineivos anos dv crianga. $a Paulo, Antroposifica, 1977, LEVINSON, Daniel. The seasoris ofa man’s fife, Nova Yorke, Randon Hause, 1979, LIEVEGOED, Bernard, Faser cin vide. 4 ed, Sto Paulo, Antroposéfica, 1977. 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