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«QUEM TEM BOCA TEM FOME»

Eu me dei o direito de me fazer a pergunta que a poesia já
me havia feito há anos e que só, mecanicamente, eu havia respondido:
“De quê eu tenho fome ou sede, além de água e pasto?”
Discorro sobre suas linhas e entrelinhas e constato que eu, além do
básico, quero “diversão e arte para qualquer parte”; não quero
esmolas, quero “inteiro e não pela metade”. Em seguida, estendo meu
cardápio, transgrido para outras leituras, enquanto minha fome e sede
aumentam como se tivesse tomado biotônico com emulsão de Scoth e
comido charque frito com açaí.
Decido, nesse instante, que quero “suar, mas de prazer”; que
não aceito mais “deveres sem direitos”; eu me recuso em deixar
minha “bunda exposta na janela pra passarem a mão nela”. Eu me
convenço de que quero “ser um cidadão” (no mais amplo sentido da
palavra), eu me aposso de meus direitos, elejo meus inimigos, detecto foto: Sebatião Salgado
meus opressores. Agora eu já sei, e “quem sabe faz a hora, não espera
acontecer”. Por isso, eu me posiciono à esquerda e parto pro embate.
O fato é que somos todos cheios de fome e de sede, uma comunidade
de brocados e sedentos. Quase nada temos, de quase tudo precisamos, e o que
não temos e precisamos, temos (por direito!) de ter! O que temos, na verdade,
são nossos direitos desrespeitados por aquele que não cumpre com os seus
deveres, o poder público (ou seria privado?), mas que não se esquece de nos
lembrar dos nossos (ai de nós se não os cumprirmos).
Creche pra acolher, educação pra libertar, transporte “público” pra
deslocar sem esperar, atendimento digno no posto de saúde, praça pra
namorar e brincar, segurança pra ir e vir, área pro lazer, espaço pra praticar construção de uma capela mortuária ou uma quadra poliesportiva, não tem
esportes, iluminação pra
não se perder, saneamento
básico pra viver, entre
outros, são nossos direitos
negligenciados de cada dia,
que, viabilizados, significa
exercer a cidadania, esta
que não se encerra no voto,
como querem nos fazer
crer.
Entendamos isso,
reflitamos sobre os porquês
- a causa desse efeito - e a
indignação se tornará
inevitável. A raiva é o início
da reação, a “justa raiva”,
que Paulo Freire assim a denominou, que animou Che no combate à opressão
e fez com que Jesus expulsasse os mercadores do templo.
Entre tantos “entretantos”, em meio à relação dual, direitos versus
deveres, de uma comunidade periférica abandonada à própria sorte,
invisibilizada e desamparada pelo Estado, eis que surge o CCS (Centro
Comunitário do Satélite), como uma espécie de oásis no deserto, trazendo
esperança de dias menos feios e mais dignos para esse povo esquecido. Claro,
todos sabem, a instituição em questão não tem autonomia política ou
econômica, não pode, por exemplo, independentemente, deliberar a
grana para isso, tampouco condições para acabar com a violência no
conjunto, pois sabemos que esta é produto do sistema e a segurança pública é
dever do Estado; porém, essa ferramenta comunitária tem um grande valor
popular e uma divina função social: unir para transformar.
Unir os descontentes com a realidade decadente para transformá-la
em prol da coletividade. Não deveria ser de outro jeito, o CCS é da
comunidade, isso foi provado com a presença em massa dos moradores na
última eleição, e, se lhe falta algum tipo de autonomia, sobra-lhe uma arma
imprescindível para qualquer tipo de revolução, (entenda-se aqui,
transformação) chamada liberdade. Liberdade para agir, para pensar, sem
atrelamento a ideologias partidárias, politicagem ou qualquer prática que nos
tolha ou nos imponha limites. O pires, que sempre esteve na mão, vazio, agora
precisa ser levado até a fonte para ficar cheio de algo que nos abasteça, que
nos devolva a vida e faça com que sejamos os sujeitos de nossa existência, não
apenas objeto. Não se trata de pedir favores e sim de exigir direitos. O inimigo
é poderoso, ele faz da burocracia e do cinismo suas principais armas, pode até
nos vencer em algumas batalhas, mas agora ele saberá que aqui há resistência
e articulação, que não somos otários e que tempos mais justos estão por vir.
“Eu vejo a vida melhor no futuro, eu vejo isso por cima de um muro de
hipocrisia que insiste em nos rodear”. Sigamos adiante, a luta apenas
começou. Tenho dito.
Fernando Cabano
Educador Social
Graduando em pedagogia
Vice presidente do CCS
Morador do Satéite há 37 anos

A praça Sérgio Guilherme OS INVIZIBILIZADOS DA FESTA

Pistão - Satélite
Cultura e lazer pra se viver! A Associação Cultural Cururu encaminhará
para a atual gestão do Centro Comunitário
“Viva Satélite”, vencedora das eleições
comunitária 2015, uma sugestão de pauta
(sobre meio ambiente), para que se formule
“um código de postura comunitária” –
baseado em Leis Ambientais para que se faça
valer nossos Direitos e Deveres, Tais como:
- Não degradação, depredação de lugares
públicos de lazer, como praças, cacimbas, rios
e áreas verdes ambientais (com placas
informativas monitoradas por câmeras e
sujeito a multa)
- Proibição de equipamentos sonoros em alto volume desrespeitando, perturbando atividades
socioambientais de qualquer segmento comunitário, e o bem estar dos moradores.
- Proibir a expansão, e ocupação de áreas verdes e espaços voltados para a coletividade dentro dos
limites do conjunto satélite.
- Colocar expostas, placas e câmeras de vídeos em lugares públicos sujeitos a poluição de lixo e
entulhos colocando em risco direto à saúde da sociedade.
Obs: quem tiver mais sugestões por favor encaminha para o endereço/ email e face:
associacaoculturalcururu@outlook,com
SEMMA E SEURB
Na foto: Coronel Nogueira (Aeronautica) analiza o projeto da SEURB
NA BELÉM DOS 400 ANOS
D esde o princípio, em qualquer lugar do mundo, a população mais pobre é renegada e tratada
como algo sem valor. Na Belle Époque, durante o ciclo da borracha a cidade de Belém, no Pará,
passou por inúmeras mudanças paisagísticas e nas relações entre os habitantes da metrópole. Essa
diferença social persiste até hoje, com a mesma força de ação, porém, maquiada por obras
"eleitoreiras", campanhas publicitárias e shows beneficentes.
Em 2016 a cidade das mangueiras, completará 400 anos, e, para agradar a população, a prefeitura
enfeitara locais e pontos turísticos, dentre eles a Doca de Souza Franco e a Praça da República. Para uma
festa de aniversário. Arruma-se a casa, colocando a sujeira para debaixo do tapete, veste-se a melhor roupa
e convida-se as pessoas mais aprumadas para participar do evento, aqueles fora do padrão devem se
contentar com os restos deixados na mesa. Assim a periferia continuará abandonada, a exemplo da ilha de
Caratateua, vulgarmente conhecida como Outeiro, bairros como Jurunas, Terra Firme, Benguí, Guamá, Condor, Canudos e o Distrito de
Icoaraci continuarão carentes por saneamento básico, segurança, escolas, hospitais, ruas pavimentadas e locais para o lazer. Entretanto no dia
da festa será distribuído o bolo que promete solucionar os problemas, acabar com o sofrimento e adoçar a vida dos ribeirinhos.
Provavelmente as emissoras de televisão noticiarão esse "acontecimento histórico", retratando a população carente como bichos
armados com baldes, panelas, e sacolas atrás do "bolo milagroso." Infelizmente as pessoas se contentam com essas migalhas, momentos
mínimos de lazer, ao ver ídolos do tecnomelody ali bem de perto. Mas, ao final do evento, com os cabelos cortados, unhas pintadas, com
documentos e cestas básicas mínimas em mãos, voltarão para a realidade, sendo transportados como animais em ônibus sucateados, por ruas
esburacadas e com medo de assaltos. Ao descer em suas respectivas ruas pisarão na lama, passarão por palafitas prestes a desabar,
atravessarão matagais e, enfim, chagarão em seus lares, por muitas vezes casebres precários ao lado de bocas de fumo e lixões a céu aberto,
conformados em participar da festa com a elite da capital, sem perceber que os burgueses não presenciarão aquele momento sublime.
Por fim, a comemoração passará, chegarão as eleições, e as mesmas cabeças assumirão o poder. Portanto, enquanto a população for
guiada por campanhas publicitárias, sem representantes dignos, auxílio, sem as mínimas condições de vida e sem perspectivas de melhoria,
não há o que comemorar, pois, tristeza, abandono e falta de dignidade sofre-se, não se festeja.
*Essa foi a minha redação sobre os "Invizibilizados da festa na Belém dos 400 anos"
Texto de Maria Lima (estudante) Distrito de Outeiro

No
mês de novembro, a Associação
Cultural Cururu recebeu das mãos do
Escoiinha de futebol do satélite
«garoto bom de bola e de escola»
responsável de obras da Seurb (Secretaria de
Urbanismo de Belém), senhor Ednaldo
Mácola, o projeto da praça da Área da
Aeronáutica (onde fica instalado nosso
LIXÃO).
amigos, Jorge, morador da We 12 e Marcelo Monteiro
A execução desse espaço de convivência, nesta
área Militar ficará a cargo da Semma
Toda criança tem (Suy, morador da We05), posso dizer com muita
Direito a educação e ao afirmação que esses dois camaradas sempre acreditaram
(Secretaria de Meio Ambiente de Belém), foi quem solicitou o esperado projeto, em nome do L a z e r, d e i x a - o s m a i s
Secretário Derick Martins (Participante ativo junto com o Padre João Paulo da Paróquia de nossa nesta forma de inclusão à cidadania, envolvendo a pratica
sociáveis, mantém uma boa esportiva.
Senhora do Bom Remédio, diante dessa causa. saúde, e principalmente
Esperamos que o Comando da Aeronáutica representado pelo Coronel Nogueira, que também se envolvem esses jovens numa Por isso, que nós moradores, e agora a atual gestão
mostrou presente na Audiência Pública feita no início de 2015 para solucionarmos nossa habitualidade para o esporte, do Centro Comunitário Satélite tem que olhar com “bons
“MASELA AMBIENTAL”. distanciando-os das olhos” e compartilhar esforços e boa vontade com esses
DROGAS e do mundo da “manos” discutir e elaborar um projeto MULTI-

COMUNIDADE DA COSANPA
VIOLÊNCIA onde são as ESPORTIVO, para somar e multiplicar o número de
principais vítimas. Atletas (meninos e meninas) fazendo girar a ciranda de
uma cultura de Paz e Cidadania com nossos moradores.
A E s c o l i n h a d e Marcelo «suy» com a garotada suando a camisa
Futebol Satélite utiliza o Serviços:

«Estamos
S
aqui!» omos todos iguais perante a Constituição Brasileira. Somos todos
campo da We 05, nos dias de
sábado e domingo, das 8:00 às 12:00h para as práticas esportivas e
cidadania. Hoje tem no seu quadro um efetivo de setenta (70)
alunos, dentre a maioria meninos, é hora das meninas ocuparem
Início das aulas em fevereiro.

Futebol de campo (sábado e domingo), das 8:00 às 12:00h,

cidadãos, pagamos impostos e precisamos adquirir os serviços pagos
por eles. Verdade? Nem sempre!!!
A comunidade da Cosanpa, onde moram nossos vizinhos-irmãos,
sofre por total abandono do setor público, dentre eles, um serviço muito
básico: O saneamento de suas poucas ruas, dificultando a passagem de
pessoas e veículos, e desvalorizando seus imóveis.
Mas, 2016 chegou, e dias melhores virão. Claro, é ano de eleições, e não faltarão aqueles
“SALVADORES DA PÁTRIA, OS PICARETAS,PROMESSEIROS CANALHAS”. Prometendo
isso, aquilo, e depois, se elegem e somem. Vamos registrar e exigir termo de responsabilidade,
assim como fizemos nas ELEIÇÕES DO CENTRO COMUNITÁRIO DO SATÉLITE 2015,
ONDE A PRESIDENTE DO CCS E OS DEMAIS COORDENADORES ASSINARAM UM
TERMO DE COMPROMISSO. VAMOS REGISTRAR EM CARTÓRIO E FAZER VALER...
Sugiro que não esperemos resultado de eleições nenhuma, temos que nos unir, comunidade
da Cosanpa, Satélite e entorno, para, juntos, organizarmos Audiências Públicas, exigindo nossos
Direitos.
Que tal começarmos pelo transporte público? Um dos problemas mais visíveis e sentidos
por nossas comunidades. A convocação pode ser feita pela Coordenação de Transportes e
Segurança do Centro Comunitário Satélite. Nós, da Associação Cultural Cururu, levaremos a ideia
pra Sra. Silvia da Silva - Silvinha(CCS) pra fazer os encaminhamentos necessários.
Alô Centro Comunitário Satélite, Comunidade da Cosanpa e entorno, vamos exigir melhor
qualidade do transporte, segurança, saúde e otras cositas maisssss??!!
Convocação pra audiência pública:
Empresa Belém Rio
Empresa Rio Guamá
Semob (Secretaria de Mobilidade Urbana de Belém)
Renato saraiva
mais este universo esportivo, os direitos são iguais e muito sadio
para o físico e a mente. Tem como seus coordenadores os nossos
Centro Comunitário em Foco!
Centro Comunitário Satélite
“Gestão Viva Satélite”
Histórico que nos foi repassado 2015 /
2016:
- Posse da atual gestão
- Avaliação de documentos e do espaço do
Centro Comunitário
- Estão fazendo a avaliação pra Legalização
Jurídica do CCS.
ENCAMINHAMENTOS:
- Ofício encaminhado para a Empresa de Transporte Belém Rio
(para discutir melhoria na qualidade do transporte coletivo)
local – conjunto satélite, campo da We 05.
- Reuniram com o Diretor e Coordenadora da “Escolinha do CCS”
para uma possível mudança de espaço, e adequação do ensino
infantil.
- Agendaram para o mês de janeiro com a Secretaria Municipal de
Educação – SEMEC (para discutir o ensino infantil).
- Reuniram no Mês de dezembro com o Secretário de Meio
Ambiente de Belém (Semma), o Sr. Derick Martíns (Fazer
serviços paisagístico na área do bambuzal na We 03, na primeira
quinzena de janeiro). Efetivação do projeto de convivência para a
área do LIXÃO da Aeronáutica, na We 01 com Rodovia Mário
Covas.
- Reuniram no mês de dezembro com Secretário Geral do CIG
(Centro Integrado de Governo) o Sr. Fabrício Gama, onde
discutiram a pauta: Espaço da Creche Começo Feliz, na We 08,
para uma possível escola de Ensino Infantil, Segurança pública
(câmeras do CIOP), semáforo na entrada do conjunto , e
ampliação do CCS.