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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA / INSTITUTO DE LETRAS.

DOCENTE: RERISSON CAVALCANTE


DISCIPLINA: LET-B77 – TEORIAS SEMÂNTICAS.

Tipos de abordagens semânticas

Há várias teorias que tratam de fenômenos semânticos. Algumas são voltadas


especificamente para essa área (como a Semântica Formal ou a Linguística Cognitiva);
outras são teorias mais gerais, que lidam com diversos níveis de análise linguística, mas têm
sub-divisões voltadas para a semântica (como o Estruturalismo ou o Funcionalismo).
Abaixo, um resumo (em certos aspectos, impreciso) sobre alguns tipos de abordagens
semânticas. Obs.: não são nomes de teorias, mas tipos de abordagens/teorias.

1) Semânticas lexicais
Tem como foco a descrição do significado dos itens lexicais, inclui as relações entre vários
itens lexicais (ex.: sinonímia, antonímia, homônima, campos lexicais/semânticos,
metáforas, metonímias). É o caso, por exemplo, da semântica lexical estruturalista e da
semântica cognitiva.

2) Semânticas gramaticais ou frasais


Tem como ênfase o significado das expressões linguísticas (sintagmas, sentenças). Uma das
perspectivas adotadas é a referencialista, que se preocupa na relação entre as formas
linguísticas e seus referentes, o mundo, a realidade. A semântica formal, por exemplo, lida
com ambiguidade, pressuposição, contradição etc.
Obs.: há uma corrente chamada semântica lexical que se preocupa em como as
propriedades dos itens lexicais determinam a estrutura sintática. Ex.: (i) funções
semânticas como agente, paciente, experienciador, locativo etc; as classes
semânticas dos verbos (ex.: verbos de estados, de atividade etc). Pode ser chamada
de interface semântica-sintaxe.

3) Semânticas funcionais, enunciativas ou discursivas


A ênfase desses tipos de semânticas é a da relação das formas linguísticas com aspectos
exteriores à linguagem, como a influência das funções comunicativas no uso da linguagem
(abordagem funcionalista) ou a influência das ideologias e da cultura (abordagem
discursiva).
4) Semânticas históricas ou diacrônicas
Outro tipo de estudo é o da evolução e mudança do significado das formas linguísticas.
Trata-se, principalmente, de um tipo de estudo de semântica lexical, como o primeiro tipo,
mas é possível desenvolver estudos históricos nas outras perspectivas também. Há teorias
voltadas especificamente para isso, como a semântica histórico-filológica do século XIX,
que desenvolveu uma série de conceitos para classificar os tipos de mudanças semânticas
(ex.: especialização, generalização, restrição, etc) e suas motivações. Mas também podem
ocorrer desenvolvimentos diacrônicos em teorias que, em princípio, não tinham a histórica
como o foco principal, como ocorre com a semântica estruturalista, que era prioritariamente
sincrônica, mas em que se desenvolveu posteriormente uma subdivisão diacrônica.

5) Pragmáticas
Preocupa-se com o que se pode considerar significado não-linguísico, mas que seja
transmitido de modo associado ou causado por elementos linguísticos. Lida com o que é
muitas vezes chamado de “significado do falante”, por oposição ao significado das palavras,
sentenças etc. Trata de fenômenos como polidez, ironia, implícitos, subentendidos,
implicaturas, atos de fala etc. Para a maioria dos autores, a pragmática não é uma
subdivisão da semântica; ao contrário semântica e pragmática são disciplina autônomas
(mas relacionadas), que dividem entre si os fenômenos ligados ao significado.

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