Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Resumo: Este texto apresenta um relato de experiência de um trabalho realizado com alunos
do curso de musicalização infantil, com idade de 5 a 8 anos, de uma escola de música
localizada na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo, nos anos de 2010 a 2012. Através
de simbologias que as crianças pudessem compreender, foi iniciada a identificação da grafia e
da leitura musical. Esse processo antecede aos símbolos usados universalmente para a
identificação da linguagem musical e tem como objetivo a alfabetização em música. Para a
criança absorver esses conceitos, é ideal, mas não fundamental, que ela já tenha vivenciado a
música em movimentos corporais (andando, marchando, pulando, correndo ao som de
canções tocadas) e em exercícios de percepção auditiva na classificação e execução de sons
(iguais e diferentes, longos e curtos, agudos, médios e graves), e os automatismos de base
(ordem das notas ascendente e descendente e das figuras musicais). O trabalho tem como
fundamentação teórica a obra do educador musical belga Edgar Willems, na grafia da duração
e da altura dos sons e na leitura relativa. Outros educadores também utilizados foram
Dalcroze, Kodály, Koellreutter, Villa-Lobos e Carmem Rocha. Como proposta pedagógica,
temos a confecção de um caderno para cada aluno, onde se registrou o processo de
compreensão da linguagem musical. Após o término do curso de musicalização, as crianças
que escolheram estudar um instrumento, tiveram facilidade e rapidez em compreender a
técnica do mesmo, devido ao domínio da escrita e da leitura que facilitaram esse
conhecimento.
Palavras chave: Leitura e escrita musical, alfabetização musical, educação musical.
1. Introdução
tinha relação com as cores e sim com a posição da altura da nota na pauta e a fixação do nome
da nota dependendo da clave utilizada.
encontrou nos movimentos corporais, como relata: “[...] Eu pus os meus alunos a caminhar e
a cambalear, e treinei-os a reagir fisicamente à percepção de ritmos musicais. Esta é a origem
da Eurítimica” (DALCROZE, 1967, p. 2).
Os ensinamentos pensados por Villa-Lobos estão direcionados ao canto. Seu fim não
é o de criar artistas nem teóricos de música, mas sim incentivar o gosto pela mesma. Paz
(2000) destaca esses ensinamentos, oferecendo sugestões de atividades para o
desenvolvimento de cada um deles. No primeiro, busca-se desenvolver a consciência do
ritmo, através de associações de um golpe para cada movimento, depois dois golpes para cada
movimento e, mais tarde, quatro. Trabalha-se também com contratempo e síncope. No
segundo ensinamento, busca-se a consciência do som, trabalhando nomes e notas. No terceiro,
a consciência do timbre, com prática de diferentes vogais. Seguem-se mais três ensinamentos
que buscam o desenvolvimento da dinâmica, do intervalo e do acorde respectivamente. No
primeiro sugerem-se exercícios de entoação, crescendo e diminuendo. No segundo, exercícios
de vocalismo, de escalas e arpejos. No último, exercícios de gênero das escalas, a duas e a três
vozes simultâneas, na ordem de acorde de terça e sexta de preferência.
3. Relato de Experiência
O trabalho teve início com exercícios de ditado de som longo e som curto. Para a
representação desses sons, foram utilizados traços grandes para sons longos e traços pequenos
para sons curtos como mostra a Figura 1:
Para a criança, toda grafia é um desenho e neste caso, todo desenho é uma
representação de algo que ela está ouvindo, sendo assim fica fácil substituir os gráficos pelas
figuras musicais (Figura 4).
buscando o lúdico dentro da técnica. Para Willems (In FONTERRADA, 2005, p. 126), “[...]
toda criança pode ser preparada auditivamente, de modo a aprender a ouvir os materiais
sonoros básicos que compõem a música e a organizá-los como experiência musical”. Nessa
perspectiva, foi introduzido o estudo da flauta doce.
A cor de cada traço que irá representar as notas é escolhida aleatoriamente para cada
nota musical, com o intuito de chamar a atenção das crianças à altura do som. O exemplo
abaixo representa os sons subindo, ou seja, notas ascendentes (Figura 5):
Para cada gráfico de som curto foi dado uma figura que o substitui (Figura 6).
Para Willems, a leitura relativa na pauta musical deve ser bem trabalhada antes da
apresentação da leitura absoluta. A importância da leitura relativa, que trabalha a relação
sonora da subida e descida do som é fundamental antes da chegada da clave musical.
A figura abaixo traz a leitura relativa partindo da segunda linha da pauta (Figura 7):
FIGURA 7 – Leitura
relativa na segunda linha
FIGURA 8 – Leitura
relativa na primeira linha
4. Considerações Finais
FIGURA 10 – Leitura
absoluta da clave de sol
O objetivo desse trabalho foi alcançado visando iniciar a leitura e a escrita musical às
crianças. Considerando o retorno da maioria com o conteúdo absorvido, o método pode ser
visto como uma forma positiva e lúdica de se trabalhar com a idade proposta. O prazer das
crianças em fazer cada atividade também foi observado, assim como a alegria e disposição na
elaboração de cada processo. Segundo Willems (In MATEIRO, 2011, p. 103), com relação à
vivência musical, “[...] é muito importante que a criança viva os fatos musicais antes de tomar
consciência deles”.
Após o término do curso de musicalização, as crianças que escolheram estudar um
instrumento, tiveram facilidade e rapidez em compreender o desenvolvimento da técnica.
Referências
DALCROZE, Emile Jacques. Rythm, Music &Education. Geneve: Institut J. Dalcroze, 1967.
ROCHA, Carmen Maria Mettig. Educação musical “método Willems”: minha experiência
pessoal. Salvador: Faculdade de Educação da Bahia, 1990.