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INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


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CLEIDINALVA MARIA BARBOSA OLIVEIRA


LEVI DE SOUSA LIMA

Introdução à Educação a Distância

Fonte: http://educacionadistancia21.blogspot.com/2017/04/que-es-la-educacion-distancia.html

ÁGUA BRANCA-PI
2017
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Diretor Geral
Eloan Coimbra Lima

Diretora Acadêmica
Eloane Coimbra Lima

Secretária Acadêmica
Ginoã das Graças Coimbra Lima

Coordenação do Curso
Brisdete Sepúlveda Coelho Brito

Coordenação do Nead
Tiago Soares da Silva

Ficha Catalográfica

OLIVEIRA, Cleidinalva Maria Barbosa; LIMA, Levi de Sousa.

Introdução à Educação a Distância. 1ª ed. Água Branca; ISEPRO – Cursos de


Graduação. 132p.

Bibliografia

1. Administração 2. Educação 3. Título.

Todos os direitos em relação ao design deste material são reservados à ISEPRO.


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Todos os direitos de Copyright deste material didático são à ISEPRO.
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A concretização de um curso superior em Administração dentro da


modalidade a distância deverá ter como meta o atendimento às necessidades de
toda comunidade quanto ao acesso e atendimento de um ensino superior de
qualidade. Desse modo, propõe-se a fundamentação do curso de Administração
dentro de uma perspectiva histórico-cultural, tendo como eixo articulador a
interdisciplinaridade e a busca da construção de um currículo integrador.
Quanto às disciplinas que formulam o currículo, estas foram moldadas para
uma sociedade cujo princípio da qualidade torna-se prioridade a partir da relação
teoria-prática, ou seja, o desenvolvimento de um trabalho docente de qualidade que
procure satisfazer às necessidades de aprendizagem, enriquecendo as experiências
do educando no processo educativo.
Esta articulação entre teoria e prática será trabalhada de acordo com os
recursos tecnológicos disponíveis aos alunos, professores e tutores, com uma visão
inovadora de ensino, procurando possibilitar a construção do conhecimento pelo
alunado com base em novos modelos e metodologias de se ensinar e aprender,
independente do espaço e tempo ocupado em diversos contextos sociais.
O ISEPRO tem como recurso didático-educacional o uso de materiais como
apostilas/livros, plataformas virtuais, internet, vídeos e principalmente um excelente
sistema de acompanhamento à distância através de tutores e monitores. É válido
salientar que este curso à distância otimiza sempre seus resultados pelas
experiências existentes e atendem a ampla procura da sociedade em se
desenvolver na área gerencial.
Os profissionais da área da Administração, em seus valores qualitativos,
serão orientados a sempre desenvolver a capacidade de intervenção científica e
técnica em seu ambiente de trabalho, assegurando a reflexão crítica permanente
sobre sua prática e realidade educacional historicamente contextualizada. O que
espera deste docente é sua capacidade de (re) construir seu projeto pessoal e
profissional a partir da compreensão da realidade histórica e profissional diante das
políticas que direcionam as práticas administrativas na sociedade.
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O inicio de uma graduação em um curso na modalidade de Educação a


Distância exige certo agrupamento de conhecimentos e habilidades próprios a esse
formato de ensino/estudo, e o conteúdo desta disciplina pretende trazer/elencar os
aspectos conceituais e históricos mais relevantes da Introdução à Educação a
Distância. Sirva-se dessa possibilidade de experiências sobre como construir o
conhecimento de modo autônomo e cooperativo, através da utilização de processos
comunicativos que visam educar por meio de múltiplos meios tecnológicos.
Teve-se como objetivo principal na produção deste conteúdo oportunizar
uma visualização de fatos históricos importantes e conceitos de métodos e
elementos sobre a Educação a Distância ao longo do tempo.
Durante a leitura das unidades você será levado a uma viagem retrospectiva
sobre a história do uso de tecnologias múltiplas na educação e ainda sobre como
diversos países, inclusive o Brasil, tiveram suas experiências iniciais com a
Educação a Distância. Teve-se como proposito, possibilitar o contato com diversas
estratégias dentro do processo de ensino aprendizagem a distância.
Pretende-se que você compreenda como se dá a construção autônoma do
conhecimento na modalidade a distância e como esta construção tem ligação com a
criticidade e criatividade dos meios tecnológicos no ambiente escolar.
Na conclusão dos módulos propostos, o seu vocabulário terá sido
enriquecido com os significados dos termos: autonomia, cooperativismo ou
cooperação e afetividade, através da motivação do comportamento organizado da
vida acadêmica na sua rotina diária, potencializando seu processo de formação de
modo continuo.
O conteúdo está divido em seis unidades para a melhor indicação das
temáticas de cada um e no final de cada uma delas, você encontrará a indicação
“+Saiba Mais” com direcionamentos de conteúdos complementares que podem
aprofundar ainda mais o seu conhecimento sobre os temas apresentados.
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O estudo autônomo trás grandes desafios, mas você não ficará sozinho
nessa jornada. Durante o decorrer desta disciplina e de todo o curso você conhecerá
quem está envolvido em cada uma das etapas e processos e como você deve
desempenhar o seu papel de modo cooperativo na construção do conhecimento na
Educação a Distância. Por isso é que o seu curso se inicia com a disciplina
Introdução à Educação a Distância.
Lembre-se que este livro-texto é apenas um dos elementos didáticos desta
disciplina que também contempla um encontro presencial para discussões e tirar
dúvidas, materiais audiovisuais, e ainda fóruns e atividades no AVEA - Ambiente
Virtual de Ensino e Aprendizagem.
Encerrando este momento de apresentação, sugerimos que você se
organize para seus estudos conforme esta proposta:
 Leitura com pausas entre as unidades.  Assistir aos conteúdos audiovisuais
É interessante que você tenha um disponíveis no AVEA. Esses recursos
momento de pausa entre a leitura de um auxiliam na exemplificação e
capitulo ou seção e procure refletir sobre esclarecimentos das temáticas da
as propostas apresentadas; disciplina;
 Realização de atividades práticas,  Seja um participante ativo do curso.
fóruns e exercícios dentro dos prazos Envolva-se intensamente exercendo uma
estabelecidos. Isso fortalecerá o seu comunicação permanente com os colegas
aprendizado e ainda faz parte da e professores, expondo seus pontos de
avaliação geral da disciplina; vistas, dúvidas, solicitando maiores
 Buscar leituras que complementam o esclarecimentos quando necessário;
tema. Além das obras indicadas no +Leia  Interaja constantemente nos fóruns de
Mais no final de cada unidade, você pode discursões virtuais e nos chats de bate-
pesquisar também em outras fontes como papo. Assim seus vínculos ficaram
livros, revistas, materiais da internet, etc. e fortalecidos com os outros membros da
compartilhar com os seus colegas e equipe e seus estudos serão ampliados
professores; através do cooperativismo.
Faça uso dessas sugestões, elabore uma agenda norteadora dos seus
estudos, providencie um local agradável sem ruídos ou interferências e dê inicio à
sua aprendizagem.
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UNIDADE 01
Conceitos Fundamentais
Sobre Tecnologias

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=31514
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Introdução

Tudo pronto para o inicio dos estudos sobre Introdução à Educação à


Distância? Nossa sugestão é que você faça alguns intervalos entre uma unidade e
outra para que assim tenha mais disposição mental para o aprendizado.
Nesta Unidade 1, será feita uma abordagem sobre as origens históricas das
tecnologias e sua evolução ao longo do tempo.
Na primeira parte, será feita a abordagem histórica primitiva da origem das
tecnologias, quando o homem vivia em simbiose1 com a natureza dependendo da
caça e da pesca para sobreviver.
Logo em seguida será feita uma apresentação de como o homem
intensificou o seu desenvolvimento tecnológico primitivo a partir do surgimento do
fogo e da criação de instrumentos.
Em continuidade, será exibido a evolução do conceito de tecnologia e como
este se constituiu a partir dos recursos tecnológicos disponíveis em cada momento
histórico.
Sugerimos que você continue marcando os pontos que achar mais
importantes e pesquisar em outras fontes mais informações sobre os temas
abordados.

Bons estudos!

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Simbiose é a relação interespecífica (de espécies diferentes) que ocorre entre dois ou mais organismos de espécies
diferentes, de forma mutuamente vantajosa. Essa associação íntima entre organismos ocorre em plantas, animais, fungos,
bactérias, etc., onde cada um contribui positivamente beneficiando a sobrevivência do outro e a de si próprio.
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Capitulo 1 - As Tecnologias e suas origens

É muito comum falarmos em tecnologia e pensarmos somente nas coisas


modernas que nos cercam: eletrodomésticos, carros, computadores, máquinas etc.
Mas é importante saber que a tecnologia é um processo que acompanha o homem
desde o momento em que ele começou a se diferenciar dos demais animais. Aliás,
foi através dela que o homem conseguiu se distinguir dos outros animais.
Esse processo foi longo e começou há mais de 40 mil anos do presente. No
início, o homem vivia numa relação de dependência total da natureza. Tudo o que
ele precisava para sobreviver era retirado dela, inicialmente através da coleta e da
caça. Nesse momento, as únicas armas que o homem dispunha para realizar essas
tarefas eram suas mãos, pois elas já não serviam apenas para apoiar o corpo
quando ele caminhasse. Agora as suas mãos tinham também função preênsil, pois o
homem contava com o dedo polegar opositor, o que facilitou bastante o manuseio de
ferramentas que ele viria a desenvolver no futuro.

Fonte: Blog category el universo y la vida

E foi através da produção dessas ferramentas que o homem se afirmou


como dominante na superfície da Terra. Esse processo também foi lento. É possível
que esse desenvolvimento tenha se dado em três estágios. O primeiro estágio desse
processo foi quando o homem começou a selecionar paus e pedras que, de certa
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forma, servissem para serem usados nas tarefas de caça e defesa. Em seguida,
algumas dessas peças que o homem descobriu prestarem-se ao uso específico
foram sendo recolhidas e guardadas para serem utilizadas posteriormente. Por fim,
chegou-se à própria fabricação dos instrumentos, a princípio como meras cópias dos
instrumentos originais e, mais tarde, segundo modelos padronizados, o que permitiu
uma gradual diferenciação das ferramentas.

Fonte: Site História para o Ensino Fundamental

A partir dessa última fase, começa um processo de aperfeiçoamento dos


instrumentos que garantem ao homem ir se tornando cada vez mais independente
da natureza. E, quanto mais ele aperfeiçoa suas ferramentas, mais se distancia do
seu estado natural e se humaniza.
Aqui começou também um processo diferenciado de relação do homem com
o seu meio, pois ele passou a elaborar e a planejar a fabricação das ferramentas, o
que implicou, consequentemente, o desenvolvimento de certa racionalidade que, a
cada dia, ia sendo reelaborada, à medida que o homem descobria e aperfeiçoava
novos instrumentos. Essa capacidade de aplicar um conhecimento para criar ou
redefinir um artefato ou modo de se relacionar com o meio constitui as primeiras
formas de expressão da tecnologia.
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Capitulo 2 - O Fogo

Um dos eventos mais importantes para a evolução do homem foi o fogo. A


partir de sua descoberta, o homem mudou, fundamentalmente, sua forma de se
relacionar com o meio, pois o fogo garantiu maior segurança contra feras,
aquecimento em tempos de baixas temperaturas, iluminação de lugares muito
escuros e, mais tarde, cozimento de alimentos... Entretanto, o homem só o controla
quando descobre a técnica de produzi-lo. A partir daí, desenvolve e aperfeiçoa uma
série de técnicas elaboradas previamente e combinadas, que resultam na
consolidação da tecnologia de produção do fogo.

Fonte: Blog Vida Selvagem

Com o passar do tempo, a capacidade do homem de criação e recriação dos


instrumentos se tornou tão sofisticada que ele passou a atuar sobre a natureza,
adaptando-a a suas necessidades, transformando-a artificialmente, criando novas
paisagens com a construção de casas, edifícios, estradas, represas, moinhos. Com
a revolução industrial, vieram as máquinas, os novos meios de transportes, como os
automóveis, novas formas de produção de energia, como a elétrica, térmica,
atômica, e artefatos variados que não só serviram para o desenvolvimento do
progresso, mas foram usados para a sua própria destruição, até chegar aos dias
atuais, em que, cada dia mais, a tecnologia determina a forma de viver do homem
contemporâneo.
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Capitulo 3 - Construindo um conceito de tecnologia

Já falamos bastante sobre tecnologia, mas, até agora, você deve estar se
perguntando o que significa a palavra, certo? Pois bem: você deve ter um significado
próprio para o termo, não é mesmo? Então comece por escrever sua definição do
que vem a ser tecnologia. Em seguida, procure, no dicionário, o verbete “tecnologia”.
Depois compare as duas definições e repare quais elementos novos o dicionário
acrescenta ao seu conceito ou que definição dada pelo autor complementa ou
contradiz a sua. Observou que a palavra “tecnologia” é polissêmica? Que tem vários
significados?

Fonte: Blog Novas Tecnologias – TIC´s

Como o significado do dicionário serve como ponto de partida para


aprofundarmos um pouco mais as reflexões sobre o conceito de tecnologia, visto
que ele passou por um processo de evolução. Vejamos como se deu esse processo.

3.1 A Evolução de um conceito

Na Idade Média, usava-se o termo ars (arte). Aos poucos, o termo


arsmechanica foi dando lugar ao que depois será a técnica propriamente dita. Na
Idade Moderna, a visão que se construiu sobre a tecnologia era mais ou menos
parecida com a que é usada na atualidade, ou seja, a de conhecimento aplicado no
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sentido de contribuir concretamente com o bem estar da humanidade. Francis


Bacon(1561-1626) foi o principal porta-voz dessa ideia. Ainda durante a Idade
Moderna, os enciclopedistas incorporaram, pela primeira vez, a visão que unia saber
e ciência, de modo que a tecnologia passasse a se configurar “como um corpo de
conhecimentos que, além de usar o método científico, cria e/ou transforma
processos materiais” (SANCHO, 1998, p. 29).
Nos primórdios do século XX, o termo tecnologia designava um crescente
conjunto de meios, processos e ideias, além de ferramentas e máquinas e, em
meados do século, passou-se comumente a definir tecnologia como os meios ou
“atividades por meio do qual os seres humanos tentam mudar ou manipular o seu
ambiente” ou ainda “ciência ou conhecimento aplicado.” Porém, é nas sociedades
industriais e, em particular, nas pós-industriais, que a tecnologia ganha corpo como
um fenômeno gerador. À medida que o homem interage com a tecnologia no sentido
transformá-la ou recriá-la, é também mudado por ela, uma vez que esta passa a ser
vista como um prolongamento dos “sentidos e das habilidades naturais do ser
humano, pelo desenvolvimento de técnicas e meios de comunicação” (SHALLIS,
1984 apud SANCHO, 1998, p. 30).

Fonte: Site Cinevest – Imagem do filme “Tempos Modernos”

Na década de 1960, Marshall McLuhanafirma que as ferramentas são


extensão do próprio homem. Por exemplo: a caneta seria uma extensão da mão, a
câmera fotográfica uma extensão do próprio olho, a roupa uma extensão da pele, e
assim por diante. Para ele, a tecnologia, na medida em que é construída, constrói o
homem. Foi ele quem cunhou a frase: “O homem constrói as ferramentas; as
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ferramentas constroem o homem”. Chegamos a um ponto bastante avançado de


nossa investigação.
Já sabemos que definir tecnologia não é tão simples quanto poderia parecer.
Sabemos também que o conceito de tecnologia evoluiu e mudou conforme o
referencial de cada sociedade, em cada época determinada. Vamos agora conhecer
como A. E. Rosenblueth concebe e classifica as tecnologias.
Rosenblueth (1980 apud SANCHO, 1998, p. 31), estabeleceu a seguinte
classificação das tecnologias atuais: a) Materiais – físicas: engenharia civil, elétrica,
eletrônica, nuclear e espacial; químicas: inorgânica e orgânica; bioquímica:
farmacologia, bromatologia; biológicas: agronomia, medicina, bioengenharia; b)
Sociais – psicológicas: psiquiatria e pedagogia, psicossociológicas, psicologia
industrial, comercial e bélica; sociológicas: sociologia e ciência política aplicadas,
urbanismo e jurisprudência; econômicas: ciências da administração, pesquisas
operacionais e bélicas; c) Conceituais – informática; d) Teorias de sistemas – teoria
de autômatos, teoria da informação, teoria dos sistemas lineares, teorias do controle,
teorias da otimização etc.
Como você pôde observar, o conceito de tecnologia aqui se expandiu
bastante, não é verdade? Agora não podemos mais nos ater à definição de
tecnologia recorrendo apenas aos materiais. Perceba que ela abrange também
teorias e processos. Analisando essa classificação, podemos concluir que existem
dois campos bem definidos, que podemos chamar de tecnologias dos materiais
(duras) e tecnologias dos processos de gestão (flexíveis). As primeiras referem-se
aos processos técnicos de produção dos instrumentos utilizados pelo homem, desde
os artefatos mais simples até os mais sofisticados. As segundas designam os
processos de gestão e controle das relações que se estabelecem na sociedade,
desde as mais superficiais e circunstanciais até às mais complexas e sofisticadas.

Para aprofundar seu estudo sobre as temáticas abordadas na Unidade 1,


sugerimos que assista ao seguinte vídeo: A Tecnologia Está por Todos os Lados.
http://www.foxplaybrasil.com.br/watch/34007384-a-origem-a-tecnologia-esta-
por-todos-os-lados
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a) A Unidade 1 nos transporta a uma viagem sobre as tecnologias encontradas


desde aos primórdios da humanidade até o tempo presente. Antes de ler o texto
desta unidade, como era o seu conceito de tecnologia e a que este conceito estava
atrelado?

b) Desenvolva um texto com no mínimo 1 lauda, sobre o seu entendimento sobre o


surgimento e a evolução histórica das tecnologias.

Discorra sobre o conceito de tecnologia na atualidade.


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UNIDADE 02
As tecnologias da
Informação e Comunicação
nos dias Atuais

Fonte: http://www.noticias.unsl.edu.ar/04/06/2018/herramientas-tics-para-trabajo-
colaborativo/
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Introdução

Agora que você já sabe um pouco sobre os conceitos históricos de


tecnologias e sua evolução ao longo da histórica, será apresentado de agora em
diante um pouco sobre tecnologias da informação e comunicação, conhecidas
também como TIC´s.
Nesta Unidade 2, você verá o conceito especifico de tecnologias da
informação e comunicação e sua evolução histórica.
Na primeira parte serão abordados os conceitos centrais que se referem às
TIC´s e sua evolução histórica.
No decorrer da apresentação evolutiva das TIC´s será apresentada a
relação que o homem tem com as tecnologias como extensão do seu corpo, para
facilitar atividades das mais variadas que, sem elas, o homem teria muita dificuldade
em executar.
Você também verá como se dá a relação do homem com o computador
como meio facilitador da comunicação entre outras possibilidades que essa
tecnologia proporciona.
Por fim, será feita uma reflexão sobre a Era do Conhecimento e a Era da
Informação e suas características.
Sempre que você achar um termo ou expressão que desperte maior
curiosidade sobre o seu contexto ou que ainda tenha ficado alguma dúvida,
sugerimos que faça uma pesquisa na internet sobre o seu significado e abrangência.

Bons estudos!
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Capitulo 1- As Tecnologias da informação e comunicação em


nosso cotidiano

As Tecnologias da Informação e Comunicação correspondem a todas as


tecnologias que interferem e mediam os processos informacionais e comunicativos
dos seres. Ainda, podem ser entendidas como um conjunto de recursos tecnológicos
integrados entre si, que proporcionam, por meio das funções de hardware, software
e telecomunicações, a automação e comunicação dos processos de negócios, da
pesquisa científica e de ensino e aprendizagem. As TIC são utilizadas em diversas
maneiras e em vários ramos de atividades, podendo se destacar nas indústrias
(processo de automação), no comércio (gerenciamento e publicidade), no setor de
investimentos (informações simultâneas e comunicação imediata) e na educação
(processo de ensino aprendizagem e Educação a Distância). Pode-se dizer que a
principal responsável pelo crescimento e potencialização da utilização das TIC´s em
diversos campos foi a popularização da Internet.

1.1 História

A comunicação é uma necessidade e algo que está presente na vida do ser


humano desde os tempos mais remotos. Trocar informações, registrar fatos,
expressar ideias e emoções são fatores que contribuíram para a evolução das
formas de se comunicar. Assim, com o passar do tempo, o homem aperfeiçoou sua
capacidade de se relacionar.
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Nesse sentido, conforme as necessidades surgiram, o homem lançou mão
de sua capacidade racional para desenvolver novas tecnologias e mecanismos para
a comunicação. Conceitua-se tecnologia como tudo aquilo que leva alguém a
evoluir, a melhorar ou a simplificar. Em suma, todo processo de aperfeiçoamento. A
humanidade já passou por diversas fases de evoluções tecnológicas, porém um
equívoco comum quando se pensa em tecnologia é se remeter às novidades de
última geração.
Em se tratando de informação e comunicação, as possibilidades
tecnológicas surgiram como uma alternativa da era moderna, facilitando a educação
através da inclusão digital, com a inserção de computadores nas escolas, facilitando
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e aperfeiçoando o uso da tecnologia pelos alunos, o acesso a informações e a


realização de múltiplas tarefas em todas as dimensões da vida humana, além de
capacitar os professores por meio da criação de redes e comunidades virtuais.
Sob tal óptica, "os computadores são grandes responsáveis por esse
processo. Os Sistemas de Informação nas empresas requerem estudos quanto à
sua importância na abordagem gerencial e estratégica dos mesmos, juntamente com
a análise do papel estratégico da informação e dos sistemas na empresa
(KROENKE, 1992; LAUNDON, 1999)".

Fonte: Blog Conexão Adm

Existe uma tendência cada vez mais acentuada de adoção das tecnologias
de informação e comunicação não apenas pelas escolas, mas por empresas de
diversas áreas, sobretudo com a disseminação dos aparelhos digitais no cotidiano
contemporâneo. Há uma variedade de informações que o tratamento digital
proporciona: imagem, som, movimento, representações manipuláveis de dados e
sistemas (simulações), todos integrados e imediatamente disponíveis, que oferecem
um novo quadro de fontes de conteúdos que podem ser objeto de estudo.
A comunicação é também a responsável por grandes avanços. Devido à
troca de mensagens e consequente troca de experiência, dessa forma, grandes
descobertas foram feitas. A história humana, sem os desenhos das cavernas, os
hieróglifos egípcios e o enorme acervo de informação que nos foi deixado através da
escrita, não teria a emoção sentida hoje a se ver o avanço desses meios. Todos os
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exemplos citados acima são formas de deixar mensagens, ou seja, passar adiante
uma informação, uma experiência, um fato ou uma descoberta. A comunicação é
algo complexo, uma vez que existem várias formas de se comunicar. O objetivo aqui
é mostrar o quanto a troca de mensagens, a informação e o relacionamento humano
são importantes para a evolução de novos conceitos, como por exemplo, o trabalho
colaborativo (trabalho em equipe), a gestão do conhecimento, o ensino a distância
(e-learning), que promovem uma maior democracia nos relacionamentos entre
pessoas e a diminuição do espaço físico/temporal.
Num ambiente corporativo, onde um grupo de pessoas percorre objetivos
comuns, a necessidade de comunicação aumenta consideravelmente. Em uma
corporação, existem barreiras culturais, sociais, tecnológicas, geográficas,
temporais, dentre outras, que dificultam às pessoas se comunicarem, portanto um
dos desafios de uma corporação é transpor essas barreiras.
Atualmente, os sistemas de informação e as redes de computadores têm
desempenhado um papel importante na comunicação corporativa, pois é através
dessas ferramentas que a comunicação flui sem barreira. Segundo Lévy (1999),
novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das
telecomunicações e da informática. As relações entre os homens, o trabalho, a
própria inteligência dependem, na verdade, da metamorfose incessante de
dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação
e aprendizagem são capturadas por uma informática cada vez mais avançada.
A tecnologia da informação teve uma gigantesca evolução e, com a
tendência do mundo moderno, inovações e facilidades ainda hão de surgir. A
internet e, em consequência, o e-mail e a agenda de grupo online, são componentes
de um grande marco e um dos avanços mais significativos, pois através deles vários
outros sistemas de comunicação foram criados.
Nos dias atuais, encontramos várias tecnologias que viabilizam a
comunicação, porém o que vai agregar maior peso a essas tecnologias é a interação
e a colaboração de cada uma delas. Dentro desse cenário, é importante frisar uma
interessante observação feita por Lévy (1999):
A maior parte dos programas computacionais desempenha um papel de
tecnologia intelectual, ou seja, eles reorganizam, de uma forma ou de outra,
a visão de mundo de seus usuários e modificam seus reflexos mentais. As
redes informáticas modificam circuitos de comunicação e de decisão nas
organizações. Na medida em que a informatização avança, certas funções
são eliminadas, novas habilidades aparecem, a ecologia cognitiva se
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transforma. O que equivale a dizer que engenheiros do conhecimento e


promotores da evolução sociotécnica das organizações serão tão
necessários quanto especialistas em máquinas.

Atualmente, estudos sistemáticos dos comportamentos econômicos nesta


transição de século e de milênio vêm atribuindo um importante fator ao cenário
econômico, tão impregnado pelos fatores da Era Industrial (bens de consumo
durável, maquinário, trabalho mecânico e em série, produtos etc.) e esse fator é o
conhecimento – a dimensão crítica de sustentação de vantagens competitivas.
Nessa nova economia, as capacidades de inovação, de diferenciação, de
criação, de valor agregado e de adaptação à mudança são determinadas
pela forma como velhos e novos conhecimentos integram cadeias/redes de
valor, como processos e produtos recorrem a conhecimento útil e crítico,
bem como pela aptidão demonstrada pelas empresas, governos
(organizações em geral) e pessoal para aprender constantemente (SILVA,
2003).

A Era da Informação e do Conhecimento que vivemos nos mostra um mundo


novo, na qual o trabalho humano é feito pelas máquinas, cabendo ao homem a
tarefa para a qual é insubstituível: ser criativo, ter boas ideias. Há algumas décadas,
a era da informação vem sendo superada pela onda do conhecimento. Já que o
aumento de informação disponibilizada pelos meios informatizados vem crescendo
bastante, a questão agora está centrada em como gerir esse mundo de informações
e retirar dele o subsídio para a tomada de decisão.

Fonte: Blog IMasters

Desenvolver competências e habilidades na busca, tratamento e


armazenamento da informação transformam-se num diferencial competitivo dos
indivíduos.
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Não somente ter uma grande quantidade de informação, mas sim que essa
informação seja tratada, analisada e armazenada de forma que todas as pessoas
envolvidas tenham acesso sem restrição de tempo e localização geográfica e que
essa informação agregue valor às tomadas de decisão.
É importante que o desenvolvimento de um determinado projeto seja
organizado e disponibilizado para uma posterior consulta e fonte de pesquisa para
projetos futuros, ou seja, é necessário criar um meio que resgate. A memória é o
bem maior de qualquer organização, é o conhecimento gerado pelas pessoas que
fazem parte desta.
A Tecnologia da Informação (TIC) tem um papel significativo na criação
desse ambiente colaborativo e, posteriormente, em uma Gestão do
Conhecimento. No entanto, é importante ressaltar que a tecnologia da
informação desempenha seu papel apenas promovendo a infraestrutura,
pois o trabalho colaborativo e a gestão do conhecimento envolvem também
aspectos humanos, culturais e de gestão (SILVA, 2003).

Os avanços da tecnologia da informação têm contribuído para projetar a


civilização em direção a uma sociedade do conhecimento. A análise da evolução da
tecnologia da informação, de acordo com Silva (2003), é da seguinte maneira:
Por cinquenta anos, a TIC tem se concentrado em dados – coleta,
armazenamento, transmissão, apresentação – e focalizado apenas o T da
TI. As novas revoluções da informação focalizam o I, ao questionar o
significado e a finalidade da informação. Isso está conduzindo rapidamente
à redefinição das tarefas a serem executadas com o auxilio da informação,
e com ela, à redefinição das instituições que as executam.

Hoje, o foco da Tecnologia da Informação mudou, tanto que o termo TI


passou a ser utilizado como TIC - Tecnologia da Informação e Comunicação. E,
dentro desse universo, novas ideias como colaboração e gestão do conhecimento
poderão ser edificadas, porém, mais uma vez é importante enfatizar que nenhuma
infraestrutura por si só promoverá a colaboração entre as pessoas, essa atitude faz
parte de uma cultura que deverá ser disseminada por toda a organização; é
necessária uma grande mudança de paradigma.
As TIC's também estão no ambiente escolar, auxiliando os professores em
suas práticas pedagógicas. Computadores, internet, softwares, jogos eletrônicos,
celulares: ferramentas comuns ao dia a dia da chamada “geração digital e as
crianças já as dominam como se fossem velhas conhecidas”. O ritmo acelerado das
inovações tecnológicas, assimiladas tão rapidamente pelos alunos, exige que a
educação também acelere o passo, tornando o ensino mais criativo, estimulando o
interesse pela aprendizagem. O que se percebe hoje é que a própria tecnologia
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pode ser uma ferramenta eficaz para o alcance desse objetivo. Entendendo a escola
como um espaço de criação de cultura, esta deve incorporar os produtos culturais e
as práticas sociais mais avançadas da sociedade em que nos encontramos. Espera-
se, assim, da escola uma importante contribuição no sentido de ajudar as crianças e
os jovens a viver em um ambiente cada vez mais “automatizado”, através do uso da
eletrônica e das telecomunicações. O horizonte de uma criança, hoje em dia,
ultrapassa claramente o limite físico da sua escola, da sua cidade ou do seu país,
quer se trate do horizonte cultural, social, pessoal ou profissional.

Fonte: Blog Saltitando nas palavras

Em uma sociedade tecnológica, o educador assume um papel fundamental


como mediador das aprendizagens, sobretudo como modelo que é para os mais
novos, adotando determinados comportamentos e atitudes em face das tecnologias.
Por outro lado, perante os produtos tecnológicos, o educador deverá assumir-se
com conhecimento e critério, analisando cuidadosamente os materiais que coloca à
disposição das crianças. Porém o Brasil precisa melhoras as competências do
professor em utilizar as tecnologias de comunicação e informação na educação. A
forma como o sistema educacional incorpora as TIC’s afeta diretamente a
diminuição da exclusão digital existente no país.
Vários pontos devem ser levados em conta quando se procura responder a
questão: Como as TICs podem ser utilizadas para acelerar o desenvolvimento em
direção à meta de “educação a todos e ao longo da vida”? Como elas podem
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propiciar melhor equilíbrio entre ampla cobertura e excelência na educação? Como


pode a educação preparar os indivíduos e a sociedade de forma que dominem as
tecnologias que permeiam crescentemente todos os setores da vida e possam tirar
proveito dela? Primeiro, as TIC's são apenas uma parte de um contínuo
desenvolvimento de tecnologias, a começar pelo giz e os livros, todos podendo
apoiar e enriquecer a aprendizagem. Segundo, as TIC's, como qualquer ferramenta,
devem ser usadas e adaptadas para servir a fins educacionais. Várias questões
éticas e legais, como as vinculadas à propriedade do conhecimento, ao
crescentemente tratamento da educação como uma mercadoria, à globalização da
educação face à diversidade cultural, interferem no amplo uso das TICs na
educação.
Para usar a tecnologia nas escolas, segundo Almeida e Prado, ela deve ser
pautada em princípios que privilegiem a construção do conhecimento, o aprendizado
significativo e interdisciplinar e humanista.

O Uso das Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação na EAD - uma


leitura crítica dos meios de José Manuel Moran no link:
http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/T6%20TextoMoran.pdf

_________________
2
Trecho retirado do texto:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologias_da_informa%C3%A7%C3%A3o_e_comunica%C3%A7%C3%A3o
26

1. Faça uma pesquisa na internet sobre algumas TIC´s, após discuta qual a influência
destas tecnologias em nosso dia a dia.

O que você entende sobre a relevância do uso TIC´s na educação


tanto para a escola quanto para os alunos
27

UNIDADE 03
Ambientes Virtuais
de Aprendizagem

Fonte: https://pt.linkedin.com/pulse/educa%C3%A7%C3%A3o-dist%C3%A2ncia-como-
ferramenta-de-democratiza%C3%A7%C3%A3o-do-vilar
28

Introdução

Vamos continuar a nossa jornada nos estudos sobre Introdução à Educação


à Distância? Sugerimos que você permaneça em um local calmo e sem barulhos
para facilitar a sua aprendizagem.
Nesta Unidade 3, serão apresentados os principais fundamentos históricos,
definições, peculiaridades e casos curiosos da Educação a Distância no Mundo e
até chegar ao Brasil. Se este for o seu primeiro contato com a modalidade a
distância de ensino, tudo vai soar como novo para você. Por isso, procure se
embasar nas discussões e analises contextualizando com o seu cotidiano e dos
seus colegas nos momentos de interação.
Na primeira parte desta Unidade 3, serão vistas as definições e
peculiaridades da Educação a Distância, que passaremos a chamar de EaD. Todos
os conceitos aqui apresentados são bastante comuns e entende-se como essenciais
nesse momento inicial, pois estes vão acompanha-lo durante todo o seu curso,
caracterizando assim a importância desta disciplina.
Nesse momento, indicamos que anote ou marque os pontos que você achar
interessante, principalmente os conceitos e definições centrais de cada capitulo.
Uma estratégia de memorização é elaborar um resumo daquilo que foi estudado e
compartilhar com os seus colegas e professores.

Bons estudos!
29

Capítulo 1 – Conceitos Centrais da EaD

Buscar a origem histórica do termo EaD, vai nos levar aos pioneiros do
estudo dessa modalidade. Um desses pioneiros foi o sueco Börje Holmberg, que
comentou com Niskier (2000) sobre ter tido o contato com esse termo na
universidade alemã de Tübingen. O autor Holmberg (apud NISKIER, 2000), diz que
os alemães ao invés de dizer “estudo por correspondência” eles se referiam nos
termos “Fernstudium (Educação a Distância) ou Fernunterricht (Ensino a Distância)”.
O autor espanhol Aretio (1996), estudioso do ensino a distância, diz que
existem diferentes tipos de denominações generalizadas aceitas hoje para
Educação a Distância. O mesmo autor (1997, p. 15) define a terminologia da
seguinte forma:
Poderia, portanto, ser descrita como um sistema tecnológico de
comunicação bidirecional, que pode ser massivo e que desvia da sala de
aula a preferência da interação entre docentes e estudantes, pela ação
sistemática e conjunta de diversos recursos educacionais e de apoio de
uma organização tutorial que incentiva a aprendizagem independente e
flexível dos alunos. Isto é, nesta modalidade de ensino não há dependência
direta e supervisão sistemática do docente, mas o aluno recebe o apoio de
uma equipe multidisciplinar que é responsável pelo planejamento do
material, seu desenvolvimento, produção e distribuição, além de guiar a
aprendizagem dos estudantes através das diversas formas existentes de
tutoria, que garante uma comunicação fluida em duas vias, ao contrário da
comunicação de sentido único, suposta por alguns.

O artigo primeiro do Decreto nº 2.494 da Presidência da República do Brasil,


trás a regulamentação do artigo 80 da LDB – Lei das Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, faz o destaque de que,
Educação a Distância é uma forma de ensino que possibilita a
autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente
organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados
isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de
comunicação. (BRASIL, 1998, não paginado).

Vários pesquisadores no Canadá, dedicados a EaD, observaram que os


moldes já existentes possuem uma mesma finalidade:
Facilitar o acesso ao saber para um número maior de pessoas,
privilegiando, para isso, caminhos de aprendizagem que aproximem o
conhecimento dos aprendizes. Seria uma maneira de facilitar e flexibilizar o
acesso ao saber, favorecendo a contextualização e a diversificação das
interações (DESCHÊNES, 1998).

Refletindo nisso, percebe-se que a Ead é um processo de ensino


aprendizagem que possibilita a aquisição de materiais do estudo presencial ao aluno
com condições limitadas de comparecer todos os dias à escola. Um formato que
30

proporciona diminuir a distância geográfica e uma vez que trás o conteúdo até o
aluno e ainda possibilita a organização do tempo e local de estudo conforme as
condições desse aluno.
O autor Pedro Demo, pesquisador brasileiro, ressalta como é importante
essa modalidade de educação, quando distingue os termos Ensino e Educação a
Distância:
A educação à distância será parte natural do futuro da escola e da
universidade. Valerá ainda o uso do correio, mas parece definitivo que o
meio eletrônico dominará a cena. Para se falar em educação à distância é
mister superar o mero ensino e a mera ilustração. Talvez fosse o caso
distinguir os momentos, sem dicotomia. Ensino à distância é uma proposta
para socializar informação, transmitindo-a de maneira mais hábil possível.
Educação à distância, por sua vez, exige aprender a aprender, elaboração e
consequente avaliação. Pode até conferir diploma ou certificado, prevendo
momentos presenciais de avaliação. (DEMO, 1994, p. 60).

Figura: Abrangência da Educação a Distância


Autora: Marina Viana – Fonte: Internet

Percebe-se então que o conceito de Educação a Distância tem muito mais


abrangência do que o termo Ensino a Distância, pois implica além da simples ato de
transmitir alguma informação, mas abrange todo o processo de construir de modo
permanente o conhecimento junto com a avaliação de sua aquisição. De agora em
diante, adotaremos a sigla Ead para as situações a que se refere à Educação A
Distância. Já o termo Ensino a Distância somente será utilizado quando for
31

imprescindível dentro de determinado contexto ou caso de citação direta de autores


aqui expressos.

A EaD será entendida, portanto, conforme Demo (1994), como “uma modalidade de
realizar o processo de construção do conhecimento de forma crítica, criativa e
contextualizada, no momento em que o encontro presencial do educador e do
educando não ocorrer, promovendo-se, então, a comunicação educativa através de
múltiplas tecnologias”.

Não se admite então como definição para EaD a educação que se molda de
forma distante, na qual o aluno é isolado, pois se entende que este mantém a
constante interação com seus colegas, e professores, e alimenta um diálogo aberto
e dinâmico. Ainda que exista a possibilidade do ensino a distância e perceber o
aluno como simples recebedor de informações educacionais, recorre-se ao que
expressa o autor Aretio (1996, p.47) quando diz que “para existir educação deve se
estabelecer comunicação completa, de mão dupla, com a possibilidade de feedback3
entre docente e discente e a possibilidade de diálogo é consubstancial ao processo
de otimização que comporta o fazer educativo”.

Figura: O isolamento do aluno de EaD


Autor: Renata de Souza – Fonte: Internet

_________________
3
Feedback: Palavra em inglês que significa “realimentação”. É como se fosse um processo de conferência da informação, em
que o emissor busca certificar-se de que a mensagem foi codificada por ele e decodificada pelo interlocutor da forma desejada.
Para Berlo (1999), é um “bom” efeito na comunicação humana, pois, ao se comunicar, a pessoa constantemente procura o
feedback.
32

Refletindo sobre o que se viu até agora sobre EaD sobre o seu papel
instrumental na modificação social, na visão no internacionalmente renomado
educador brasileiro de Paulo Freire (1979, p.78):
[...] um momento de reflexão rigorosa e coletiva sobre a realidade em que
se vive, de onde emergirá o projeto de ação a ser executado. Uma
compreensão de educação como um processo permanente, porque a ação
depois de executada deverá novamente ser discutida, donde surgirá um
novo projeto, uma nova reflexão e, assim, ininterruptamente. A educação
como prática da liberdade não é transferência ou a transmissão do saber
nem da cultura; não é a extensão de conhecimentos técnicos; não é o ato
de depositar informes ou fatos nos educandos; não é a perpetuação dos
valores de uma cultura dada; não é o esforço de adaptação do educando a
seu meio. Para nós, a educação como prática da liberdade é, sobretudo e
antes de tudo, uma situação verdadeiramente gnosiológica. Aquela em que
o ato cognoscente não termina no objeto cognoscível, visto que se
comunica a outros sujeitos, igualmente cognoscentes.

Na visão construtivista, entende-se a EaD, como prática de educar que


busca a aproximação do saber ao aprendiz, em outras palavras, a construção do
conhecimento é desenvolvida pelo aprendiz por meios das diversas situações em
que ele é conduzido a experimentar. O construtivismo3 tem por uma de suas
primícias a abordagem da realidade através de múltiplos ângulos que possibilitam ao
aprendiz apropriar-se dessa realidade para si. Entende-se daí que os processos e
seus resultados advêm de modos diferentes para cada individuo, conforme a visão
construtivista, pois os mesmos dependem de um contexto situacional e ainda da
interação deste individual com o seu meio.
É importante entender a definição de EaD na compreensão encontrada no
autor Vygotsky (1993, 1998) de que:

[...] a interação social é imprescindível para a aprendizagem e o


desenvolvimento do ser humano. As pessoas adquirem novos saberes a
partir de suas várias relações com o meio. A mediação é primordial na
construção do conhecimento e ocorre, entre outras formas, pela linguagem.
Assim, a singularidade do indivíduo como sujeito sócio histórico se constitui
em suas relações na sociedade, e o modo de pensar ou agir das pessoas
depende de interações sociais e culturais com o ambiente.

_________________
3
O construtivismo é uma teoria do conhecimento que tem sua fundamentação no contexto em que a aprendizagem acontece.
Em síntese, para a proposta construtivista, o conhecimento nunca está pronto ou finalizado, pois ele se constrói
continuamente, em um processo dialético. Volte no comentário anterior, se você ainda não entendeu o significado da palavra
dialética. O construtivismo tem sua base principalmente nos estudos de Jean Piaget e Lev Vygotsky.
33

A EaD também pode ser chamada de Comunicação Educativa, uma vez que ela é
auxiliadora do aluno na sua construção de conhecimento através do diálogo auxiliado por
múltiplos meios, sendo o docente o mediador desse processo. Com isso é imprescindível
à existência de ferramentas tecnológicas que funcionem como auxilio ao aluno na
formação construtiva desse conhecimento através da comunicação dialógica.

Na EaD, o docente tem papel imprescindível na comunicação educativa que


se estabelece no processo de ensino e aprendizagem a distância, pois ele
coopera com o aluno ao formular problemas, provocar interrogações ou
incentivar a formação de equipes de estudo. O docente se torna memória
viva de uma educação que valoriza e possibilita o diálogo entre culturas e
gerações (MARTIN-BARBERO, 1997).

Figura: O milagre da comunicação humana


Autor: Ricardo Gonçalves – Fonte: Internet

O docente4 precisa estar atendo no processo de mediação na construção do


conhecimento em EaD, pois ele deve objetivar as potencialidades da comunicação
dialógica tendo em vista produzir sentimentos de cumplicidade e afetividade aos
alunos ainda que com a utilização de múltiplas tecnologias não se possa visualizar,
ouvir nem obter uma percepção de reações dos interlocutores. Na modalidade EaD,
a construção de conhecimento e suas etapas trazem a exigência de métodos e
ações bem distintas e novas para algumas pessoas. Apesar das tecnologias
estarem imersas em todos os segmentos sociais, há muitos docentes que ainda não
tem familiaridade com essas ferramentas, por isso a necessidade de potencialização
de meios tecnológicos e da conscientização do seu uso como mediadores
educacionais, principalmente no contexto ao qual estão inseridos os processos
educativos à distância.
_________________
4
No contexto da EaD, quando se utiliza a palavra Docente, refere-se aos envolvidos no processo de ensino responsáveis pelo
ensino: professores e tutores. O contato destes com os seus alunos pode se presencialmente ou ainda virtualmente.
34

Observa-se o enunciado pelo autor Vigneron quando relata sobre a


impossível concretização da experiência em EaD no ensino superior sem a
associação à criatividade com primordial para a instituição dos modelos a serem
propostos. O autor destaca em suas primeiras obras textos que remetem a EaD
sobre o modo de pensamento no ensino superior a distância, não somente para os
trabalhadores que estudam, “é acreditar em novas possibilidades, em novos
conteúdos, novos procedimentos e novos recursos. É acreditar no poder e no valor
dos mass-media5” (VIGNERON, 1986, p. 358-359).
Poderia ter sido apontado outros aspectos, mas a intenção inicial deste
capítulo foi apenas apresentar uma definição geral da EaD, que servirá como
reflexão sobre os próximos conceitos que virão, centrados no entendimento que EaD
inicia-se com a perspectiva do processo educacional como cultura de construção de
conhecimento por meio de múltiplos meios tecnológicos.

Sabemos que você foi apresentado a inúmeros conceitos nessas poucas


páginas introdutórias. Mas não se preocupe! Tais conceitos voltarão à
tona novamente, e teremos a oportunidade de aprofundá-los.

_________________
5
Mass-media: A palavra em inglês mass-media é uma forma utilizada por alguns autores para se referir ao conceito de meios
de comunicação de massa. Alguns exemplos de meios de comunicação de massa: cinema, jornal, revista, rádio, televisão, etc.
35

1. Pesquise na internet e produza uma síntese de no mínimo 15 linhas sobre o que houve dentro da
atualidade nas escolas e nos currículos dos docentes quanto ao uso das Tecnologias de
Informação.

Leia o texto, O professor frente às novas tecnologias de informação e


comunicação disponível em http://www5.seduc.mt.gov.br/Paginas/O-
professor-frente-%C3%A0s-novas-tecnologias-de-
informa%C3%A7%C3%A3o-e-comunica%C3%A7%C3%A3o.aspx e discuta
como o professor deveria utilizar as tecnologias, tanto no ensino presencial
quanto no ensino a distância, para melhorar a comunicação entre professor
e aluno.
36

UNIDADE 04
A modalidade de
Educação a Distância

Fonte: https://www.theodysseyonline.com/week-of-silence
37

Introdução

Que grande viagem é essa o mundo da EaD, não é verdade? Você já foi lá
ao inicio da história da humanidade quando o homem vivia exclusivamente dos
recursos naturais até a introdução do computador no nosso cotidiano.
Agora nessa etapa da sua viagem no mundo da EaD, será apresentada uma
visão histórica da EaD em diversos países até chegar ao Brasil. Nesta Unidade 4,
você terá acesso à evolução de diferentes estratégias de ensinar e aprender na
modalidade a distância em diferentes contextos culturais e sociais.
A primeira parte desta unidade faz uma comparação entre o ensino
presencial e o ensino a distância, e o surgimento do ensino por correspondência
com os serviços postais.
Em seguida é apresentada a instituição educacional que trabalha há mais
tempo com a educação superior a distância no mundo: a University of South África
(Universidade da África do Sul), atuante desde 1946.
Seguimos nossa viagem agora para Nova Iorque nos Estados Unidos que,
com a finalidade de aumentar o acesso ao ensino superior de adultos que
trabalham, das donas de casa e de grupos étnicos, o estado de Nova Iorque nos
Estados Unidos, através do seu Ministério da Educação, criou o Empire Estate
College em 1971.
Em seguida vamos para a Alemanha, com a instalação da Fernuniversität no
ano de 1974, que teve a finalidade de atenuar a superlotação nas universidades de
ensino presencial.
Continuando nossa viagem, agora veremos quais os objetivos do governo do
Japão ao fundar a University of the Air em 1983.
Seguiremos ainda para o Canadá quando iniciou em 1986 o experimento
Contact North, em forma de consórcio entre universidades nos estados de Ontário.
Nossa viagem pelo mundo da EaD continua até a Espanha em 1995 quando
iniciou o uso de computadores para fins educacionais.
Nosso último porto é aqui no Brasil em 1996 quando se iniciou a
regulamentação dos estudos a distância.

Boa viagem e Bons estudos!


38

Capítulo 1 – A EaD: dos serviços postais até ao AVEA

É relativamente muito recente a prática do ensino superior a distância se em


comparação com o ensino superior na modalidade presencial. Os países mundo a
fora só iniciaram seus investimentos na EaD somente a partir da normatização dos
serviços postais e da baixa dos preços desses serviços logísticos, em meados de
1840, quando, na Inglaterra, era lançado o primeiro selo do correio naquele país.
Tinha apenas uma única tarifa para todo o território daquele país.
Dado o passo inicial que possibilitou o envio de correspondências,
começaram a surgir experiências com cursos de extensão a distância nos
Estados Unidos, na Austrália e no Canadá. Quanto aos cursos de
graduação por correspondência, o ponto de partida foi o final da década de
1920, na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e na África do
Sul (RUMBLE, 2000).

Hoje, é muito difundido o ensino superior a distância em todo o mundo, e


existem grandes polos em todos os continentes. No decorrer do texto, será feita uma
apresentação de destaque para sete países que tiveram suas boas experiências
com a prática da educação superior a distância: África do Sul, a Inglaterra, os
Estados Unidos, a Alemanha, o Japão, o Canadá e a Espanha. De acordo com os
39

estudos de Peters (2001) e Hack (2009), “os países foram escolhidos por se
caracterizarem como precursores nos estudos da área, ao utilizarem diferentes
métodos e tecnologias no processo de ensino e aprendizagem à distância”.

1.1 A EaD na África do Sul

A instituição educacional que trabalha há mais tempo com a educação


superior a distância no mundo é a University of South África (Universidade da África
do Sul), atuante desde 1946, bem antes do inicio dos debates sobre EaD e da
utilização de mídias6 na educação como rádio, TV e computador. Esta instituição
autônoma que leva o nome de seus pais era a única que praticava esta modalidade
até a década de 1970. A confiança e tradição desta instituição teve sua origem da se
originam da University of the Cape of Good Hope (Universidade do Cabo da Boa
Esperança), quem tem de registro de sua fundação em 1873, e historicamente
utilizava apenas exames.

Foto: UNISA - University of South África (Universidade da África do Sul)


Fonte: Internet

A estratégia metodológica de ensino na University of South Africa está


baseada em cursos pelos quais são responsáveis exclusivamente os
respectivos professores, que fazem a redação das instruções para o estudo
e as cartas de aconselhamento, utilizadas geralmente para indicar as partes
a serem lidas nas obras selecionadas. Em cada curso existem tarefas a
serem executadas, para então serem corrigidas, avaliadas e comentadas

_________________
6
Mídia: A palavra mídia se origina do latim media, plural de medium, que significa “meio”. O conceito está
relacionado aos meios de comunicação social, como os materiais impressos, o rádio, a TV, o cinema, a internet,
entre outros veículos de comunicação.
40

pelo docente. Caso os estudantes necessitem de auxílio no estudo, eles


podem procurar os docentes no campus, na cidade de Pretória, bem como
podem contatá-los por telefone ou por carta. Os exames podem ser
realizados em 400 centros de apoio da universidade, espalhados pelo país
(HACK, 2009).

De acordo com Peters (2001), são estas as etapas que os docentes utilizam
na mediação dos cursos da University of South Africa:
 redação do material para o curso;
 correção das tarefas enviadas;
 compilação das tarefas para exame;
 atribuição de nota aos trabalhos de exame;
 prestação de assistência e aconselhamento aos alunos;
 mediação de grupos de discussão.

Figura: O docente da EaD


Fonte: Internet

Pelo que já foi visto, observa-se alguns destaques ligados às metodologias


estratégicas de comunicação educativa utilizadas pelos docentes direcionadas aos
seus grupos de alunos, que são:
 a redação do material para o curso – que exige do professor a habilidade
comunicacional escrita, para o planejamento e a produção de materiais auto
instrutivos;
 o aconselhamento e a assistência – que trazem à tona a importância da
capacidade de conduzir de maneira diplomática a comunicação interpessoal
entre os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem a distância;
41

 a mediação de grupos de discussão – que envolve a habilidade de


administrar, conduzir e sintetizar os apontamentos levantados pela equipe
(HACK, 2009).

Peters (2001) destaca que a University of South Africa foi o lugar onde
houve maior amadurecimento do estudo por correspondência, a ponto de
alcançar um método aceitável pela comunidade internacional. A concepção
e as estratégias de estudo por correspondência ainda determinavam a
estrutura didática e as práticas comunicacionais a distância da universidade
até o momento em que se escrevia o presente livro – ano de 2010.

A procura pela Open University (Universidade Aberta) foi grande, desde sua
fundação: no primeiro ano se admitiram 24 mil estudantes, e o número de
candidatos era maior que o número de vagas. No início do século XXI, 30
anos após a fundação da universidade, havia 210 mil estudantes
matriculados (HACK, 2009).

As duas situações de ensino e aprendizagem que podem ocorrer na


Educação a Distância são caracterizadas por Peters (2001) como:
 o ensino que visa a uma conclusão (por exemplo, as graduações), que
está baseado em cursos de EaD estruturados, planejados e desenvolvidos
por equipes multidisciplinares formadas por docentes, cientistas e
especialistas em tecnologia. As unidades de estudo podem ser
transmissões educativas na televisão, no rádio ou no formato de vídeo e
áudio. Em tais cursos o estudante tem um tutor que o acompanha, dirige as
atividades presenciais e mantém comunicação constante por carta ou por
telefone. A organização do estudo pode ainda contar com a participação em
encontros presenciais que reúnem docentes e discentes no campus de uma
universidade. Em síntese, são os cursos regulares de EaD, em que o
processo de ensino e aprendizagem consiste no trabalho pessoal com o
material impresso e programas veiculados por múltiplas mídias, bem como a
participação em fases presenciais nos centros de estudo e aconselhamento;
 os cursos de extensão, que introduziram o trabalho com pacotes de
estudo com material de trabalho em áudio, vídeo e, se necessário,
softwares didáticos. Nos cursos de extensão, os estudantes têm a tarefa de
trabalhar o pacote didático sem a assessoria de tutores, mas podem formar
grupos de estudo. As possibilidades de uma elaboração autônoma do
processo de aprendizagem são maiores, os cursos não se estendem por
muito tempo e se concentram num tema específico.

Conforme apresentado, conclui-se que há algumas características


necessárias aos envolvidos na construção do conhecimento educativo a distancia,
que são:
a) espírito colaborativo, para atuar com equipes multidisciplinares que
preparam os materiais do curso; b) habilidade de comunicação dialógica
via tecnologias, para potencializar as estratégias utilizadas para
socialização e discussão de conteúdos; e c) capacidade administrativa e
organizativa, para gerenciar as atividades acadêmicas (HACK, 2009).
42

Percebe-se que cooperação, comunicação e organização são


comportamentos críticos de sucesso na modalidade EaD, uma vez que o simples
contato ao conteúdo não garantirá o aprendizado, mas sim a discussão em grupos e
a exposição do que se entendeu são essenciais nesse processo.

1.2 Como se deu a proposta do EaD nos Estados Unidos

Com a finalidade de aumentar o acesso ao ensino superior de adultos que


trabalham, das donas de casa e de grupos étnicos, o estado de Nova Iorque nos
Estados Unidos, através do seu Ministério da Educação, criou o Empire Estate
College em 1971. O planejamento dessa instituição de ensino considerou as
demandas características desses grupos de alunos, tais como a possibilidade de
estudar em casa ou em outros locais de acordo com o seu tempo disponível. Para
apoio foram estabelecidos 26 polos de apoio no estado de Nova Iorque.

Foto: Nova Iorque


Fonte: Internet

O desafio era motivar o estudante à aprendizagem autônoma. A tarefa seria assumida por
professores e monitores, que se adequariam às situações iniciais e necessidades dos
estudantes. Como consequência, o diálogo se tornou o principal fundamento do processo
de ensino e aprendizagem no Empire State College, criando-se uma estrutura de
aconselhamento e ajuda no estudo autodirigido.
43

O processo de ensino funciona a partir da contratação devidamente assinada


pelo aluno no seu ingresso na instituição. O contrato pretende a garantia de adesão
por porte do aluno e o seu envolvimento com o docente que o acompanhará. É
detalhado cada serviço que será prestado:
“[...] o estudante com a elaboração autônoma de determinadas tarefas, o
docente com o aconselhamento e a assistência regulares, e a universidade
com o reconhecimento de créditos, se as tarefas de estudo determinadas
forem comprovadamente realizadas” (PETERS, 2001, p. 348).

Devido o costume ao estudo expositivo receptivo, essa metodologia


autônoma se depara com resistências e necessita vários comportamentos de alunos
e docentes sejam repensados e modificados. Serão destacadas a seguir, algumas
fases dos processos educacionais do Empire State Colege para que se obtenha
sucesso nas ações de ensino aprendizagem. Esse panorama servirá como
comparativo com a realidade desafiadora do contexto da EaD no Brasil no que se
refere ao desenvolvimento do estudo autônomo, conforme descrito por Hack (2009),
iniciando antes mesmo da entrada do aluno na instituição:
[...] que ocorre durante um diálogo entre o assessor de estudos e o
candidato à vaga acadêmica, quando se discutem as oportunidades de
desenvolvimento do futuro acadêmico para verificar a existência das
qualidades necessárias ao estudo autônomo por contrato;
 a orientação – que acontece no momento em que os candidatos
participam de um seminário para conhecer a universidade e a metodologia
de trabalho. Ao mesmo tempo, a universidade tenta entender a mentalidade
e os interesses dos futuros alunos;
 o enquadramento – nessa etapa se verificam os conhecimentos
acadêmicos preliminares ou qualificações profissionais que o candidato já
possui, para adaptar o planejamento do estudo ou talvez reduzir sua
duração;
 a confecção do contrato de estudo – que deverá conter: a) os objetivos
do estudo; b) os temas científicos a serem trabalhados; c) o tempo previsto
para a execução do curso; d) a descrição da maneira como o trabalho deve
ser avaliado e julgado; e) uma lista de bibliografia; f) os dados sobre o
desempenho que se espera do orientador; g) o número de créditos que
serão reconhecidos depois do cumprimento do contrato, entre outras
informações pertinentes;
 a execução do estudo autônomo – que será caracterizada pelas
seguintes atividades: a) estudo da bibliografia; b) participação em cursos de
EaD; c) dedicação a um conjunto de atividades; d) conversas com
profissionais da área; e) participação de um seminário intensivo em uma
escola superior local; f) aconselhamentos regulares com o orientador ou
com tutores competentes na área;
 avaliação – o trabalho do estudante é avaliado continuamente durante os
aconselhamentos, e na metade do curso uma comissão analisa se o estudo
corresponde ao nível científico da universidade, com o intuito de perceber
se o caminho tomado levará à graduação.

Ainda analisando o que Hack (2009) disse, percebe-se que o docente no


Empire State College tem a função de:
44

 assessorar o acadêmico na construção do conhecimento a distância;


 motivar o aluno, ou seja, ser um interlocutor presente, que mostra
interesse e boa vontade em auxiliar;
 intermediar a aprendizagem e todos os processos envolvidos na vida
acadêmica, ao fazer a ligação entre os estudantes individualmente e a
universidade.

Veja que tanto alunos quanto professores tem o foco na comunicação


interpessoal, concentrada no diálogo intenso, que é essencial para a construção do
conhecimento, através da didática pedagógica de cada docente aliada á sua
experiência de vida. Destaca-se aqui uma peculiaridade do modelo adotado pela
instituição: Os docentes só prestam o aconselhamento se os alunos solicitaram
individualmente. O aluno aqui é quem planeja, dirige e controla o seu estudo.

Figura: Comunicação Interpessoal


Autor: Gabriel Monteiro – Fonte: Internet

Estamos em um bom momento para refletir sobre as seguintes perguntas:


1) Você já pensou se tem as características necessárias para o estudo autônomo?
2) Você consegue planejar, dirigir e controlar seus estudos? Pense sobre isso!
Na Unidade C, aprofundaremos o assunto.
1.3 A Alemanha e seus investimentos no Ead

1.3 A Alemanha e seus investimentos no Ead

Na Alemanha, com a instalação da Fernuniversität no ano de 1974, através


de lei criada pela Assembleia Legislativa do estado da Renânia, com a finalidade de
45

atenuar a superlotação nas universidades de ensino presencial. As atividades nesta


instituição começaram em 1975 custeadas com recursos do governo, como na
maioria das universidades daquele país. O governo estabeleceu como a missão
desta instituição desenvolver pesquisas cientifica e processos de ensino.

Foto: Fernuniversität na Alemanha


Fonte: Site FernUniversität

Desde o começo das atividades da Fernuniversität já era visto a sua atenção


especial em desenvolver pesquisas através da equipe docente da instituição e a
nomeação destes professores dependia dos estudos e pesquisas que estes
desenvolvessem. O primeiro reitor desta universidade, Peters (2001), indica as
características comportamentais de um professor para conduzir um processo de
ensino aprendizagem na modalidade a distância, que são:
 a habilidade de escrever materiais para a EaD;
 a disponibilidade de trabalhar com equipes multidisciplinares, pois parte
dos materiais, como softwares didáticos e outros produtos multimídia, serão
produzidos em cooperação com outros profissionais;
 a capacidade de administrar e acompanhar o processo de ensino e
aprendizagem a distância, em conjunto com os tutores;
 a dinamicidade para realizar aulas presenciais e dias de estudo com
pequenos ou grandes grupos de alunos.

Na universidade Fernuniversität o processo de ensino se dá principalmente


através de cursos que são enviados aos estudantes quinzenalmente. O material
46

didático desses cursos são compostos de textos, glossários, e questões auto


avaliativas. O aluno pode também contar com textos de apoio que motivam o estudo
autônomo e ainda de aprofundamento nos temas estudados. O aluno só é
considerado apto para realizar as provas escritas aplicadas presencialmente nos
polos, quando desenvolve pelo menos metade das atividades componentes do
curso. Segundo o reitor Peters (2001):
A instituição também investe na complementação do ensino por meio de
produtos audiovisuais e eletrônicos, como: a) programas regulares na
televisão; b) softwares didáticos; c) arquivos didáticos em CD e DVD. A
Fernuniversität também possibilita a realização de atividades presenciais,
como seminários e dias de estudo sob a orientação de professores. Essas
atividades podem acontecer tanto no campus da universidade, quanto nos
centros de apoio ou em outros ambientes.

Praticamente todos os componentes desejáveis ao comportamento docente e discente na


Fernuniversität se vinculam a habilidades para a comunicação educativa do conhecimento
à distância. Por isso, entendemos ser imperiosa a formação continuada dos envolvidos no
processo de ensino e aprendizagem, para que se alcance uma utilização potencializada
das múltiplas tecnologias disponíveis na construção do conhecimento a distância. Afinal,
além da formação para o manuseio de instrumentos computacionais que possibilitem a
confecção de produtos educativos e/ou sua utilização, o docente e o discente precisarão
aprender diferentes estratégias para a otimização da comunicação educativa dialógica
(HACK, 2009).

1.4 O Japão e a University of the Air

O governo do Japão como objetivos ao fundar a University of the Air em


1983:
1) desenvolver uma escola superior que estimulasse o aprendizado
permanente, flexível e para todos; 2) possibilitar uma oportunidade aos
formandos das escolas secundárias que não foram admitidos em
universidades presenciais; e 3) desenvolver uma formação acadêmica que
correspondesse às exigências da atualidade e promovesse o progresso da
pesquisa e das técnicas de ensino – por isso foi escolhida a televisão como
meio principal de difusão (PETERS, 2001).

Acessar é University of the Air não é totalmente livre uma vez que é exigido
o ensino médio completo. Há, no entanto, uma possibilidade de ingresso na
condição de estudante especial para aqueles que não concluíram o ensino médio,
estes alunos precisam conseguir completar com êxito dezesseis créditos nessa
47

condição (o equivalente a um ano letivo) para dai efetivar sua matricula com
estudante de ensino superior.

Foto: Biblioteca da The Open University of Japan


Fonte: Internet

Conforme Peters (2001), o professor atua da seguinte forma na University of


the Air:
 o planejamento dos cursos e a preparação das preleções, em
colaboração com especialistas do National Institute of Multi Media
Education, que produz os programas televisivos e radiofônicos;
 a apresentação das preleções diante de uma câmera e um microfone,
em algum estúdio audiovisual;
 a redação dos textos complementares e a seleção das bibliografias que
servirão de suporte às transmissões televisivas e radiofônicas;
 a direção de um grupo de estudos presencial em uma sala nos centros
de apoio espalhados pelo país;
 a correção dos trabalhos enviados pelos alunos;
 o aconselhamento dos estudantes, nas mais diversas etapas de
evolução do processo de aprendizagem.

Como se pode abstrair das informações anteriores, uma característica marcante da


University of the Air é a utilização estratégica do rádio e da televisão. Ao contrário de
outras instituições, como a Open University, onde as programações didáticas por rádio
e televisão possuem uma função complementar em relação ao material impresso, na
University of the Air a função complementar é atribuída ao material impresso. Sabemos
que muitos professores não possuem a habilidade para atuar espontaneamente na
frente de uma câmera de vídeo, mas, na University of the Air, tal habilidade é
requerida. É certo que tal diferença se reflete tanto na estrutura didática da EaD
praticada na universidade quanto na maneira como se ensina e se estuda (HACK,
2009).
48

1.5 O experimento de consórcio entre universidade no Canadá

O Canada iniciou em 1986 o experimento Contact North, em forma de


consórcio entre universidades nos estados de Ontário com o objetivo de trazer
melhorias ao sistema de acesso à universidade através da EaD na região norte
daquele estado e experimentar novas e múltiplas tecnologias educacionais.
O projeto reunia as universidades: Laurentius University, Lakehead
University, Cambrian College e Confederation College. O intuito dessa reunião de
instituições em consórcio foi o de unir características específicas para poder
concretizar o projeto uma vez que estas universidades isoladas não tinham as
condições necessárias.

O norte do Canadá se localiza em uma região muito fria do planeta e


sofre com baixas temperaturas que impedem as pessoas de
circularem livremente durante alguns períodos do ano.

O consórcio formado por estas universidades reuniu diferentes tecnologias


que possibilitou o alcance de localidades bem distantes e remotas, sendo necessária
a instalação de pontos de apoio devidamente equipados para o andamento do
projeto. Hack (2009) explica que essas múltiplas tecnologias puderam proporcionar:
audioconferência, conferência audiográfica, videoconferência compacta e
conferência por computador.

No caso da audioconferência, a interação é de base auditiva: professores e


alunos se interligam pelo telefone e desenvolvem um diálogo didático. Na
conferência audiográfica, além da possibilidade do diálogo didático, os
estudantes dispõem de um quadro eletrônico, no qual também podem ser
apresentadas figuras. O uso da videoconferência compacta ocorre para
interações ao vivo, em aulas que interligam vários grupos de estudo por
meio de televisão a cabo ou por satélite. Nesses casos, os estudantes e
docentes recebem mais informações sobre as pessoas que falam, pela
possibilidade de direcionamento da câmera, mas perde-se qualidade de
imagem na apresentação de determinados objetos, devido à utilização de
vídeo comprimido, que diminui a resolução das imagens. Por fim, a última
estratégia utilizada é a conferência por computador: o participante que
dispõe do equipamento pode partilhar, individualmente ou em grupos,
informação sobre o processo de ensino e aprendizagem, e o diálogo
assume o caráter de uma troca de correspondência (HACK, 2009).
49

Foto: Universidade de Toronto – Canadá


Fonte: Internet

Peters (2001) descreve da seguinte forma a prática docente no Contact North:


 ensino numa sala de estúdio, com a qual estão conectados os polos de
apoio onde se encontram os estudantes;
 planejamento, preparo e exposição de representações gráficas e
ilustrações que serão utilizadas no processo de construção do
conhecimento a distância;
 ensino por seminário virtual, conversações individuais com grupos ou
com todos os estudantes em conjunto;
 discussão pormenorizada e a profundada de perguntas e manifestações
dos estudantes.

Destaca-se aqui a relevância estratégica dessa ação no norte do Canadá


para inserir a EaD no ensino superior por meio do consórcio Contect North que
ressona nas demandas de muitas outras universidades que pretendem o
aperfeiçoamento de suas atividades educacionais, principalmente no contexto de
países emergentes com no caso do Brasil.

No Brasil, algumas experiências de consórcios interinstitucionais de ensino superior à


distância já estão em andamento desde 1999. No último capítulo da Unidade A, você
conhecerá o sistema Universidade Aberta do Brasil, uma proposta do Governo Federal,
pela qual, instituições públicas se reúnem de forma consorciada para a formação
superior.
50

1.6 A EaD via internet na Espanha

No ano de 1995, foi instituída na Espanha a UOC - Universitat Oberta de


Catalunya com o objetivo de dar impulso à EaD no ensino superior. Sua missão foi a
facilitação da formação continuada do estudante este sendo o foco do processo de
ensino aprendizagem. A instituição tem como intuito possibilitar às pessoas a
satisfação das necessidades de aprendizagem empregando múltiplos meios
tecnológicos de modo intensivo. Seu projeto didático baseia-se no estudo
personalizado e acompanhamento do aluno de modo integralizado.
Na UOC, os atores do processo educacional a distância, a saber,
estudantes, professores e gestores, desenvolvem suas interações e cooperações
através de um ambiente virtual de EaD que intitulam de Campus Virtual, dai a UOC
passou a ser considerada uma universidade virtual. A totalidade da comunicação
entre os elementos envolvidos é baseada na interação via internet, por meio do
Campus Virtual, basicamente caracterizada por comunicação assíncrona, aquela
que permite ao aluno a organização do seu tempo de estudos.

Os ambientes virtuais de ensino e aprendizagem (AVEA) são bastante difundidos


atualmente para a realização da EaD. Na Unidade C, teremos um capítulo especial para
estudarmos as características de um AVEA.

Vale lembrar que existem duas formas de se realizar a


comunicação educativa a distância: 1) a forma síncrona, que
ocorre com sincronia de tempo entre os interlocutores, por
exemplo, um chat ou sala de bate-papo, onde as pessoas
precisam estar conectadas ao mesmo tempo para interagirem; 2) a
forma assíncrona, que ocorre sem sincronia de tempo entre os
interlocutores, por exemplo, o fórum, onde cada participante pode
postar mensagens e comentários às mensagens dos outros em
momentos distintos, enquanto a atividade estiver disponível.
51

Foto: UOC - Universitat Oberta de Catalunya – Espanha


Fonte; Internet

No inicio das disciplinas na UOC, é entregue ao aluno uma plano de ensino


que orienta sobre toda a metodologia do curso e das aulas, como é organizada a
cronologia das atividades, e o que deve ser desenvolvido durante todo o semestre
letivo bem como o sistema de avaliação de modo continuado que ele será
submetido. Estes alunos recebem ainda o material didático que contempla a
proposta de competências a serem obtidas em cada disciplina. Esse material é
elaborado por um grupo composto por docentes e técnicos de várias áreas de
atuação da didática educativa.
O autor Hack (2009) explica que na UOC, existem dois tipos de docentes
que atuam diretamente na EaD:

 Professor-Tutor: é o primeiro contato do estudante com a instituição e


serve de guia em todos os processos, desde a matrícula, condução da vida
acadêmica e demais instâncias. O professor-tutor ajuda o estudante a se
adaptar à comunidade universitária virtual e interage com os alunos pela
internet, via Campus Virtual;
 Professor-Consultor: é aquele que acompanha e avalia continuadamente
o progresso da aprendizagem dos estudantes na disciplina sob sua
responsabilidade. O professor-consultor também estrutura os planos de
ensino das disciplinas e elabora materiais didáticos, em conjunto com a
equipe multidisciplinar de especialistas. Para interagir com os alunos e
motivá-los em sua aprendizagem, o professor-consultor utiliza as
ferramentas disponíveis no Campus Virtual.
52

Nitidamente se observa a importância do processo comunicacional dialógico entre


docentes e discentes na comunicação educativa do conhecimento no modelo da
UOC. Algo que ressalta a necessidade de preparação dos interlocutores à efetiva e
eficiente interação em ambientes virtuais de ensino e aprendizagem. Afinal, além de
utilizar os meios necessários para o diálogo virtual, é preciso também criar estratégias
que promovam a permanência e a manutenção do ritmo de estudo (HACK, 2009).

Capítulo 2 - O Brasil e a EaD no ensino superior

A legalização da EaD no ensino superior no Brasil se deu a partir da nova


LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na sua Lei nº 9.394 de 20 de
Dezembro de 1996 que dispôs no seu Artigo 80, atribuições ao Poder Público de
incentivar “[...] o desenvolvimento [...] de programas de ensino a distância, em todos
os níveis e modalidades [...], e de educação continuada” (BRASIL, 1996, não
paginado). A partir dessa legislação, foi compelido à União credenciar essas
instituições que ofereçam cursos na modalidade EaD e definir os “[...] requisitos para
a realização de exames e registro de diplomas relativos a cursos de educação a
distância” (BRASIL, 1996, não paginado). Com essa lei, deu-se inicio a novos meios
que viabilizassem cursos a alunos de localidades distantes dos grandes centros
educacionais ou que estavam impedidos de estudar por alguns motivos. A LDB veio
com essa lei dispor ainda sobre o tratamento diferenciado que a EaD deve receber
com “[...] custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão
sonora e de sons e imagens [...]” (BRASIL, 1996, não paginado).

A caminhada brasileira no ensino superior à distância parte de uma experiência


iniciada em 1998 e está conquistando espaços paulatinamente. O primeiro curso
universitário à distância em nosso país foi encabeçado pela Universidade Federal
de Mato Grosso (UFMT). O projeto pioneiro criado pela UFMT em 1998 visava
formar professores da rede pública a partir da Licenciatura em Educação Básica,
da 1ª à 4ª série à distância.
53

Logo após a regulamentação da EaD aqui no Brasil, O MEC – Ministério da


Educação e Cultura, em colaboração com a SEED – Secretaria de Educação a
Distância, normatizaram os padrões de qualidade para os cursos de graduação na
modalidade em EaD, através de um documento elaborado em 1998, com a intenção
de descrever os critérios básicos de elaboração dos projetos educacionais em EaD
que as instituições devem seguir. Várias revisões foram feitas nesse documento até
que em 2007 foi lhe dado o titulo de Referenciais de Qualidade para Educação
Superior a Distância. Conforme esta última versão, há pelo menos oito critérios
referenciais de qualidade que devem estar devidamente expressos nos Projetos
Políticos-Pedagógicos que propõe as instituições de cursos na modalidade EaD no
Brasil, que são: Concepção de educação e currículo no processo de ensino e
aprendizagem; Sistemas de comunicação; Material didático; Avaliação; Equipe
multidisciplinar; Infraestrutura de apoio; Gestão acadêmico-administrativa;
Sustentabilidade financeira (BRASIL, 2007).
Fica claro a partir da observação dessas diretrizes regulatórias que atuar na
EaD no Brasil é um desafio para as instituições de ensino superior.

Aprofunde seus conhecimentos sobre a EaD no Brasil fazendo uma


pesquisa no site: http://portal.mec.gov.br/seed.
54

2.1 A atuação da UAB - Universidade Aberta do Brasil

Visando a ampliação e diversificação do acesso a ofertas a cursos de ensino


superior no Brasil, o MEC instituiu a UAB – Universidade Aberta do Brasil. A base
dos trabalhos da UAB em EaD é a expansão e descentralização dos cursos
ofertados no ensino superior brasileiro, com o apoio articulado de instituições
públicas de ensino superior, Estado e municípios, para atuação na promoção do
EaD para o acesso à graduação superior para a comunidade mais carente
geralmente excluída do processo educacional.
As atividades da UAB estão orientadas nesses cinco fundamentos:
 expansão pública da educação superior, considerando os processos de
democratização e acesso às camadas da população com dificuldade de
acesso à universidade;
 aperfeiçoamento dos processos de gestão das instituições de ensino
superior, possibilitando sua expansão em consonância com as propostas
educacionais dos estados e municípios;
 avaliação da educação superior a distância tendo por base os processos
de flexibilização e regulação em implementação pelo MEC;
 contribuições para a investigação em educação superior a distância no
país;
 financiamento dos processos de implantação, execução e formação de
recursos humanos em educação superior a distância (UNIVERSIDADE
ABERTA DO BRASIL, 2010).

Foto: Laboratório de Informática – UAB Novo Hamburgo


Fonte; Internet

O sistema UAB vincula as universidades públicas a polos de apoio presencial


localizados em diversas localidades. Tais polos são montados em prédios que
pertencem ao poder público, e as prefeituras municipais precisaram equipá-los com:
computadores com acesso à internet, equipamento de videoconferência, projetores
multimídia para encontros presenciais e biblioteca.
55

Cada polo possui coordenação, serviço de secretaria, serviço técnico de


informática, atendimento na biblioteca e tutores presenciais de cada curso
(UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL, 2010).

Em cada polo da UAB há um coordenador que tem as seguintes atribuições:


 representar o município/estado junto ao MEC e às instituições de ensino
superior, em relação às ações desenvolvidas no âmbito da UAB;
 mediar a comunicação do município/estado com o MEC;
 participar de reuniões, encontros e eventos relativos ao sistema UAB;
 coordenar a articulação e comunicação com os partícipes do sistema
UAB;
 coordenar a implantação de projetos e ações no âmbito do polo de apoio
presencial, bem como o contato com as instituições de ensino superior que
atuam no polo;
 criar mecanismos de articulação junto às instituições de ensino superior,
mantendo a comunicação com os coordenadores da UAB dessas
instituições;
 acompanhar e apoiar a execução das atividades pedagógicas dos cursos
ofertados nos polos de apoio presencial pelas instituições de ensino
superior, garantindo condições técnicas, operacionais e administrativas
adequadas;
 realizar reuniões periódicas com o corpo técnico do polo para a
avaliação do sistema UAB, a fim de promover e manter a qualidade dos
cursos e traçar estratégias para a melhoria dos serviços oferecidos à
população (UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL, 2010).

Para gerenciá-lo e promover a viabilização dos cursos de ensino superior na


UAB, há um coordenador de curso e os auxiliares de secretaria, que estão
incumbidos de organizar os contatos institucionais com a responsabilidade de:
 selecionar as equipes de trabalho;
 acompanhar a construção dos materiais didáticos do curso; ӲӲ definir os
professores envolvidos no curso;
 organizar o processo de ingresso seletivo especial;
 organizar os procedimentos referentes à seleção, à matrícula e ao
acompanhamento acadêmico dos alunos do curso;
 presidir o colegiado do curso;
 realizar reuniões pedagógicas sempre que necessárias;
 assumir as demais funções definidas no regulamento geral dos cursos
de graduação das instituições de ensino superior (UNIVERSIDADE
ABERTA DO BRASIL, 2010).

Com a UAB, os professores que antes atuavam apenas no ensino


presencial, passaram a ser estimulados a se engajar no planejamento e efetivação
dos cursos em EaD, recebendo suportes de diversos especialistas multidisciplinares
das áreas de informática e pedagógica. Cada um desses professores tem um auxilio
de um ou mais tutores na execução da disciplina, que consiste em desenvolver
videoconferências, gravar videoaulas, produzir materiais em áudio, conforme a
necessidade especifica de cada disciplina e disponibilizar essas produções na
56

internet através de um ambiente virtual de ensino aprendizagem (AVEA) que possui


diversas ferramentas auxiliares para a comunicação entre os atores desse processo.

Figura: O professor da EaD


Fonte: Internet

WEB: Palavra utilizada para designar a World Wide Web (www), chamada no Brasil
de Rede Mundial de Computadores. A web é um sistema computadorizado que
funciona sobre a internet e, para “navegar” e visualizar informações na rede, é
preciso a utilização de um software denominado browser, conhecido em nosso país
como navegador. Dois exemplos de navegadores para a web são o Internet
Explorer, da Microsoft, e o Mozilla Firefox, da Fundação Mozilla.

Para o desenvolvimento da primeira videoconferência, o professor e tutores


recebem a orientação de fazer um planejamento antecipado de um roteiro que
potencialize o momento disponível. Eles são sugeridos a traçar o detalhamento
metodológico da disciplina e os objetivos que se pretende alcançar, e ainda uma
descrição resumida do conteúdo que será abordado e destacar no final as atividades
que o auno terá que executar. Nas videoconferências seguintes, o professor é
orientado a explanar os pontos mais relevantes da disciplina trazendo exemplos
contextualizados sobre o que se quis abordar. Na última videoconferência deve ser
feito um apanhado geral do que foi já for abordado e tirar possíveis dúvidas que
possam ter surgido, geralmente esse último momento é dias antes da prova
presencial.
57

Para se adequarem à comunicação midiatizada do conhecimento via AVEA,


os professores, tutores e alunos precisam se adaptar ao uso do ambiente
virtual como um recurso didático em que todos são cooperadores na
construção do conhecimento pelo uso de múltiplas tecnologias (PALLOFF;
PRATT, 2002).

Todas as interlocuções entre os envolvidos no decorrer do curso são


motivadas a serem feitas através do AVEA, pois o mesmo possui um registro de
todas as atividades desenvolvidas permitindo a criação do histórico de uso
possibilitando ações estatísticas de frequência e ainda monitoramento dos
interesses e das dificuldades de cada usuário. Na maioria dos cursos, as atividades
começam com a disciplina Introdução a EaD, que apresenta o aluno todo o contexto
da metodologia do estudo autônomo e a utilização dos múltiplos meios disponíveis
no AVEA.
A UAB institui equipes multidisciplinares para preparar os materiais didáticos
tanto impressos quanto digitais, atuando da seguinte forma:
a) os professores conteudistas de diversas áreas do conhecimento,
encarregados da elaboração do material didático, do conteúdo a ser
ministrado nas disciplinas, das aulas, da supervisão dos tutores a distância
e presenciais;
b) a equipe de design instrucional, que planeja e confecciona o material
impresso e on-line;
c) a equipe de produção gráfica e de hipermídia, cuja função é o
desenvolvimento e a manutenção do AVEA;
d) a equipe de videoconferência e videoaula, que dirige os passos
relacionados ao planejamento, execução e difusão dos produtos
audiovisuais. (UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL, 2010).

Há também a equipe de coordenação pedagógica que direciona as equipes


multidisciplinares na produção dos materiais didáticos e no planejamento das
atividades a serem executadas. Essa equipe de coordenação pedagógica possui as
seguintes atribuições:
 criar a arquitetura pedagógica do curso dentro da modalidade a
distância;
 implementar a proposta pedagógica nos materiais didáticos;
 coordenar a produção dos materiais didáticos (impresso e on-line);
 identificar problemas relativos à modalidade da EaD, a partir das
observações e das críticas recebidas dos professores, alunos e tutores e
buscar encaminhamentos de solução junto ao coordenador do curso;
 organizar e executar o processo de pesquisa e avaliação do curso;
 realizar estudos sobre a EaD;
 participar do programa de formação das equipes de trabalho
(professores, alunos, tutores, técnicos) para atuarem na modalidade a
distância (UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL, 2010).

No último capitulo da Unidade B será feito um maior aprofundamento sobre a


utilização do AVEA – Ambiente Virtual de Ensino Aprendizagem.
58

No formato concebido pela metodologia da UAB, há um personagem que


assume um papel importantíssimo denominado de tutor que tem como foco de
atuação a mediação entre os demais componentes, a saber: alunos, professores e
instituição. O tutor tem o papal de ser auxiliador no processo de ensino
aprendizagem, esclarecendo as dúvidas que surjam sobre os conteúdos,
potencializar o aprendizado, fazer a coleta de informações dos estudantes, e ainda
motivar os alunos.
Os tutores podem atuar de forma presencial e a distância. O tutor presencial
é o que fica prestando o apoio no polo, mantando contatos com os alunos
presencialmente, pelo AVEA, ou outros meios, atendendo às solicitações de cada
aluno que o procurar para o auxilio e orientação aos estudos.
As atribuições do tutor presencial são:
 organizar grupos de estudo com os alunos que estão sob sua
responsabilidade;
 realizar as atividades de aprendizagem presenciais indicadas pelo
professor da disciplina, como apresentações de trabalhos em equipe;
 acompanhar e gerenciar, juntamente com o coordenador do polo, as
interações entre os alunos e o professor nas videoconferências;
 esclarecer os alunos sobre regulamentos e procedimentos do curso;
 representar os alunos junto aos responsáveis pelo curso;
manter o contato constante com o aluno, ampliando relações afetivas que
potencializem o processo de ensino e aprendizagem, afinal, comunicamo-
nos melhor com aqueles que nos são próximos;
 aplicar as avaliações presenciais das disciplinas;
 auxiliar o professor a dirimir dúvidas sobre o envolvimento do aluno no
cotidiano acadêmico, afinal, já o conhece há mais tempo e pessoalmente;
 participar do processo de avaliação institucional do curso e das
formações que buscam potencializar seu trabalho (HACK, 2010b).

Já o tutor a distância presta o apoio junto ao professor na sede da instituição


de ensino superior, orientando os alunos especificamente no conteúdo da disciplina
e se comunica com os mesmos basicamente pelo AVEA.
As atividades esperadas de um tutor a distância são:
 orientar os alunos no planejamento de seus trabalhos;
 esclarecer dúvidas sobre o conteúdo das disciplinas;
 auxiliar na compreensão de regulamentos e procedimentos do curso;
 proporcionar feedback dos trabalhos e das avaliações realizadas. O tutor
a distância do curso deve devolver as atividades corrigidas e comentadas
em até dez dias úteis após o término do prazo final de entrega da tarefa;
 manter o contato virtual constante com os alunos, pelo uso das
ferramentas disponibilizadas no AVEA. Os tutores a distância são
orientados a responder rapidamente os questionamentos dos alunos,
mesmo que a resposta seja para dizer ao aluno que a equipe docente se
reunirá para conversar sobre a dúvida ou solicitação do aluno. Em alguns
cursos, o prazo máximo para um tutor responder a uma mensagem
eletrônica no AVEA é quarenta e oito horas, devido aos finais de semana;
59

 participar do processo de avaliação institucional do curso e das


formações que buscam potencializar seu trabalho (HACK, 2010b).

Figura: O tutor de curso EaD


Fonte: Internet
Destaca-se também a figura do coordenador de tutoria que geralmente é um
dos professores da instituição. Ele tem o papel de fazer visitas nos polos para
verificar o andamento das atividades do tutor presencial, promover reuniões
presenciais ou virtuais para orientação e capacitação dos tutores quando
necessário, e ainda acompanhar os dados estatísticos de desempenho de sua
equipe de tutoria. A coordenação de tutoria tem como finalidade o fortalecimento da
comunicação das equipes envolvida no processo de ensino aprendizagem no ensino
superior EaD, com as seguintes atribuições:
[...] oportunizar as primeiras reuniões entre os professores das disciplinas e
os tutores para orientar sobre o uso do AVEA como ferramenta didática,
bem como para auxiliar no planejamento das videoconferências e dar
orientações para o encaminhamento da disciplina; acompanhar os
professores e tutores durante todo o período letivo – desde a primeira
semana de aula até a realização da dependência – incentivando que se
estabeleça um processo de comunicação de mão dupla; visitar os polos de
apoio presencial para tratar de questões gerais com os alunos e tutores. Tal
atividade promove a integração entre a administração do curso, os
discentes e tutores do polo ao esclarecer a estrutura e organização do
curso; manter uma comunicação estratégica constante com os tutores dos
polos, para orientar na resolução de possíveis conflitos; buscar, junto aos
setores competentes, a resolução de problemas técnicos relacionados ao
AVEA (HACK, 2010b).

Em resumo, na UAB os membros que fazem parte da equipe se completam


em suas funções. Os tutores acompanham os alunos tanto presencialmente
orientando nas atividades quanto virtualmente esclarecendo as dúvidas nos
conteúdos, e os coordenadores acompanham o andamento institucional.
60

A comunicação dialógica, parte essencial do processo comunicacional que


envolve as relações em um sistema de EaD, será discutida com mais
detalhes na Unidade B. Mas, antes de continuar seu estudo, descanse um
pouco ou faça um exercício físico!

Para aprofundar seu estudo sobre as temáticas abordadas na


Unidade A, sugerimos as seguintes obras:
LITTO, F. M; FORMIGA, M. Educação a distância. São Paulo: Prentice
Hall, 2008.
MOORE, M.; KEARSLEY, G. Educação a distância. São Paulo: Thomson
Pioneira, 2007.
PETERS, O. Didática do ensino a distância. São Leopoldo: UNISINOS,
2001.
61

1. Nesta unidade 4 aprendemos sobre o surgimento do ensino a distância em diversos países.


Fomos apresentados a alguns atores dentro desse processo educacional que são: os
coordenadores, os professores e os tutores. Discuta com os seus colegas o papel e a importância
de cada um deles nesse formato de ensino a distância.
2. Faça um resumo do surgimento da educação a distância em cada um dos países citados nesta
unidade.

Após a leitura do texto da unidade 4, discuta no fórum temático com seus


colegas quais as principais características de um professor que atua na
modalidade de EaD.
62

UNIDADE 05
Equipe Multidisciplinar e
Polo de Apoio Presencial

Fonte: http://muviepix.tk/ligij/curso-de-cinema-digital-a-distancia-202.php
63

Introdução

Nesta Unidade 5, serão apresentadas algumas reflexões acerca do uso de


múltiplos meios no processo de comunicação na EaD no desenvolvimento do
conhecimento educativo. Paro isso esta unidade está dividida em três capítulos.
De inicio, são demonstrados alguns experimentos nacionais do uso de
mídias tecnológicas no processo de ensino, tais como: cinema, rádio, televisão,
computador, teleconferência, videoconferência e webconferência.
Essa compreensão inicial trará o preparo para os seguintes temas:
 o processo de construção do conhecimento a distância – desenvolvido com o uso
critico e criativo dos meios tecnológicos disponíveis;
 a ação comunicativa dialógica – fundamento do processo ensino aprendizagem
no modelo EaD, e emancipatória dos estudantes.
Daqui em diante, será visto outros aspectos desse novo mundo que você
agora faz parte por ter ingressado em um curso na modalidade EaD.
Lembre-se que a interação com os demais membros de seu curso é muito
importante e característica essencial do estudante autônomo. Por isso, todas as
vezes que surgir algum momento de dúvida ou o convite para alguma discussão
coletiva, entre em contato com os seus professores, tutores e colegas de curso
através do ambiente virtual ou procure informações e esclarecimentos no polo d
apoio presencial.

Bom estudo!
64

Capítulo 1 - Estudo autônomo, cooperativo e afetivo à distância.

Iniciando este capitulo, será apresentado o resultado de estudos


desenvolvidos durante pela Universidade Metodista de São Paulo entre 1997 e
1999, no qual foram enviados e-mails para pesquisadores com perguntas abertas
sobre a educação a distância, pedindo que os mesmos dessem seus depoimentos
sobre os temas propostos. Os resultados deste estudo foram publicados na revista
acadêmica daquela universidade.
O autor Hack (2000) menciona que:
A escolha dos nomes dos entrevistados se deu em função das relevantes
contribuições acadêmicas de tais estudiosos nas áreas que abrangem
Tecnologia, Comunicação e Educação, em ordem alfabética: Adilson Citelli
– professor titular da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de
São Paulo. Livre-docente com tese na inter-relação Comunicação e
Educação; Davi Betts – professor e diretor de Tecnologia e Informação da
Universidade Metodista de São Paulo. Atua em áreas que envolvem
tecnologias de informação principalmente no contexto universitário;
Domingo J. Gallego Gil – professor titular da Universidad Nacional de
Educación a Distancia da Espanha. Estuda assuntos como tecnologia
educativa, e-learning, gestão do conhecimento e estilos de aprendizagem;
Hermano Duarte de Almeida e Carmo – professor catedrático da
Universidade Aberta de Portugal. Tem diversos trabalhos nos domínios das
Ciências da Educação, Ciências Sociais e Ciências Políticas; José Manuel
Moran Costas – doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de
São Paulo. Tem estudos sobre o apoio das tecnologias na educação
presencial e a distância; Tânia Maria Esperon Porto – pedagoga, com pós-
doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina. Atua nas linhas de
pesquisa Educação, Comunicação, tecnologias e formação de professores.

Kack (2000) apresenta as perguntas que nortearam instigaram os relatos


dos pesquisadores. Segue na integra:

Primeira questão: Quais as vantagens e desvantagens da EaD? Em que


circunstância deve ser aplicada? É desejável ser usada como complemento à
educação presencial, tendo em vista um mercado de trabalho cada vez mais
exigente com relação à formação permanente e continuada dos profissionais?

Adilson Citelli: As vantagens são de otimização de recursos na área educativa,


assim como permitir a formação permanente em serviço, exigência profissional
importante no mundo contemporâneo. Considerem-se, ainda, as possibilidades de
atingir populações que dificilmente teriam condições de se dirigir aos espaços
escolares formais. A desvantagem é certo isolamento do educando, do mesmo
65

modo que a não presença – ou pelo menos a rarefação dela – do professor cria
problemas para o desenvolvimento de relações intersubjetivas mais ricas entre os
estudantes.

José Manuel Moran Costas: Hoje muitos cursos presenciais podem ser ampliados
com formas de comunicação a distância. E a tendência no ensino presencial é para
incorporar processos de educação e comunicação a distância. Por outro lado, os
cursos a distância também estão transformando-se de cursos “a la carte”, onde cada
pessoa acessa individualmente quando quiser para aproveitar todas as formas de
interação que a internet propicia para que tenhamos muito maior participação dos
alunos, para que trabalhem em projetos colaborativos, conversem com professores,
tutores e colegas. Tanto o ensino convencional como o a distância começam a
experimentar mudanças substanciais que se tornarão mais visíveis nos próximos
anos.

Percebe-se pelas respostas obtidas que estas corroboram sobre o fato de a


educação a distância, quando planejada de forma adequada, atende as demandas
de várias camadas distintas da população:
[...] aquelas que estão excluídas do sistema regular de ensino, como os
alunos e trabalhadores que residem longe de uma instituição de ensino
superior e teriam muito desgaste físico, mental e financeiro para frequentar
um curso diariamente, além dos profissionais que precisam se atualizar e
não podem deixar suas funções cotidianas. (HACK, 2000)

No entanto, deve ser levada em consideração a situação de que o aluno em


EaD está isolado geograficamente, necessitando de busca constante de alternativas
de promoção de interatividade no relacionamento professor/aluno e aluno/aluno. É
indispensável que seja dado uma especial atenção às mudanças que acontecem
constantemente nesta área do conhecimento.

Segunda questão: Com a internet e as mídias via satélite, as fronteiras do


conhecimento foram derrubadas. De que maneira as tecnologias e a EAD podem
contribuir para a educação permanente?

Davi Betts: Responder a esta pergunta já foi e é tema para muitas dissertações e
teses. Sinteticamente respondendo, creio que as novas tecnologias de comunicação
66

simplesmente oferecem um meio mais rápido e interativo para a construção do


conhecimento. Existem algumas palavras-chaves que caracterizam o fenômeno:
conectividade, acesso, autodisciplina e metodologia.

Tânia Maria Esperon Porto: Acredito que em muito podem contribuir, como um
elemento a mais, não como único e exclusivo caminho de ensino. As novas
tecnologias estão presentes na educação e na escola em geral, não apenas na
forma de recursos auxiliares, mas nas diferentes formas de expressão que compõem
o universo sociocultural de professores e alunos. Em minha atual pesquisa, observo
que as tecnologias, apesar de fazerem parte do cotidiano dos cidadãos professores,
não constam das falas dos professores como objeto de estudos ou de trabalho.
Aparecem, esporadicamente, em comentários aleatórios sobre acontecimentos
mostrados na televisão e comentados pelos alunos nas salas de aula. A maioria das
escolas públicas do Brasil recebeu do Governo Federal equipamentos (TV,
videocassete e antena parabólica) para gravação, organização de videoteca e
posterior utilização pelos professores. As pesquisas indicam que, mesmo depois de
dois anos de implantação do Projeto denominado TV Escola (educação a distância),
este kit tecnológico encontra-se esquecido num canto, sem um plano de trabalho
efetivo que auxilie o professor a lidar com as tecnologias que estão na escola ou na
sociedade em geral. Eu trabalho com mídias como formas de aprendizagem tanto
como portadoras de conteúdo em si mesmas, como veiculadoras de mensagens que
precisam ser analisadas segundo a concepção de quem as vê (consome) e de quem
as produz e como formas de satisfação e envolvimento emocional, que nos indicam
caminhos a serem desbravados. E acredito que a qualificação para que o
profissional amplie suas visões, adquira consciência de seu papel sociopedagógico
e modifique suas atitudes, implica, assim, uma ação voltada para a (re) construção
de conhecimentos a partir de investigações na prática, discussão de teorias e
narrativas por nós vividas como indivíduos pesquisadores ou como grupo de
estudos.

Observa-se nas reflexões já apresentadas que é inegável a contribuição de


os múltiplos meios tecnológicos trazem ao ensino tanto presencial quanto no EaD.
No entanto, inserir o uso de tecnologias, deve partir da discussão e utilização critica
dos professores envolvidos. Docentes e discentes devem ser os sujeitos desse
67

processo que tem a necessidade constante de se qualificar e requalificar desses


sujeitos.

Terceira questão: O Brasil é um país de proporções continentais, com


discrepâncias de realidades econômicas e sociais, onde muitos professores não
sabem sequer usar equipamentos eletrônicos simples, quanto mais os sofisticados.
No caso das populações de baixa renda, que não dispõem, em suas casas, dos
equipamentos mínimos (telefone, televisão, vídeo e computador) usados na EaD,
como essa modalidade pode ser implementada para acelerar e inserir esses grupos
marginalizados no processo educacional do país?

Adilson Citelli: Você está colocando um problema que não diz respeito primeira e
imediatamente às novas tecnologias, senão a uma estrutura societária desigual e
com aspectos dramáticos que conhecemos. No entanto, creio que, mesmo no
contexto que você corretamente indica, seria possível, através de políticas públicas
mais compromissadas socialmente, implementar alternativas capazes de
disponibilizar os novos sistemas para a rede escolar ou entidades compromissadas
com a formação educacional dos grupos marginalizados.

José Manuel Moran Costas: É necessário que o governo e as organizações sociais


e empresariais se unam para providenciar a infraestrutura tecnológica às escolas e
aos centros comunitários para que os cidadãos tenham acesso a essas tecnologias
e invistam efetivamente na formação dos professores para que as utilizem de forma
criativa. Sem isso, aumentará a distância que separa os poucos privilegiados no
Brasil da grande maioria.

O estado situacional da educação de boa parte da população no Brasil


levanta uma preocupação, devido estes encontrar-se excluídos do sistema regular
de ensino por diversos fatores. É sabedor que a educação é o melhor caminho para
o desenvolvimento de uma população. Não é impossível conseguir mudar essa
situação, mas é exigida para isso iniciativa política, voltada para resolver essa
demanda social entre várias outras existentes e tão graves quanto.
68

A educação a distância no Brasil surgiu com muita importância devido as demandas de


aluno que se viram na situação de abandonar os estudos para trabalhar e ajudar no
sustento financeiro de suas casas.

Quarta questão: O rendimento dos discentes da EaD, se comparado com o ensino


presencial, é melhor, igual ou inferior? Apresente suas ponderações.

Davi Betts: As pesquisas que eu tenho visto não indicam um diferencial qualitativo
significativo entre as duas modalidades. Eu creio que falta talvez uma compreensão
melhor da tecnologia disponível e sua utilização, tanto por parte do docente quanto
do discente e das próprias instituições educacionais. É outro paradigma.

Domingo J. Gallego Gil: Depende del profesor no de la modalidade de enseñanza.


Depende de sus actitudes y sus aptitudes. Puede ser mejor, igual o inferior.

A tradução livre da resposta em espanhol é: “Depende do professor e não da


modalidade de ensino. Depende de suas atitudes e habilidades. Pode ser melhor, igual
ou inferior”.

Hermano Duarte de Almeida e Carmo: Estudos diversos (ver, por exemplo,


trabalhos de Lorenzo Garcia Aretio, da UNED – Universidad Nacional de Educación
a Distancia) mostram que os resultados são semelhantes.

Por estes depoimentos, fica evidenciado que o bom planejamento,


dimensionamento e gerenciamento de um processo educacional em EaD, podem
levar a resultados iguais ou até mesmo superiores ao ensino presencial, e esse
resultado dependerá muito da qualidade da interação do envolvidos e da promoção
feita pelas instituições, do que da modalidade do ensino.

Quinta questão: Existe algum perfil de aluno e professor ideal para que a EaD
funcione? Por quê?

Adilson Citelli: Não me parece. Trata-se, apenas, de ajustar os procedimentos da


EaD aos educandos alvos (sejam eles professores/formadores, sejam alunos a
serem formados).
69

Davi Betts: Não poderia definir o que seria o perfil ideal de aluno, mas creio que
existem alguns fatores que certamente contribuem para uma experiência bem-
sucedida. A autodisciplina e a capacitação para o uso das tecnologias são
fundamentais. Além destas características existem as necessárias a qualquer aluno,
tais como: ter metodologia de estudo, vontade de aprender, disponibilidade de
tempo, etc.

Hermano Duarte de Almeida e Carmo: O aluno tem de ser emocionalmente


maduro para aguentar a solidão em que trabalha. O professor tem de ter critérios,
não só acadêmicos (rigor e clareza científica), mas também empresariais (por
exemplo, tem de saber cumprir prazos e estimar custos).

A eficácia nos resultados da educação a distância e sua ligação com um


determinado perfil especifico de alunos divide a opinião dos entrevistados. Destaca-
se que a maioria dos estudantes em EaD são adultos e possuem os requisitos
necessários para desenvolver seus estudos nessa modalidade.

Sexta questão: Que dificuldades os alunos e professores podem encontrar


estudando e ensinando a distância? Como vencer essas barreiras?

Adilson Citelli: Trata-se, como já afirmei, de um problema de adequação de formas


novas de produzir conhecimento. Assim, passar de mecanismos presenciais e muito
centrados na cultura do livro, para variáveis que podem incluir dimensões
vocovisuais [sic] e que requisitam envolvimentos diferenciados dos educandos,
devem apresentar, evidentemente, algumas dificuldades. Entendo, contudo, que se
trata de implementar procedimentos que reorientem o aprendizado, agora
considerando as mediações técnicas.

Hermano Duarte de Almeida e Carmo: A principal dificuldade é a solidão do


estudante. Para vencê-la, é necessário: bons materiais (com qualidade científica e
pedagógica) e boa interação (usando todos os meios disponíveis quer presenciais –
centros de apoio, cursos intensivos de fim de semana ou de férias – quer a distância
– correio, telefone, rede de radioamadores, radiodifusão, televisão, etc.).
70

José Manuel Moran Costas: Falta de planejamento, falta de orientação,


dificuldades de acesso às tecnologias, concepções pedagógicas ultrapassadas. A
educação a distância de qualidade – assim como a presencial – é cara, não pode se
repetir o conteúdo do ensino presencial somente. É caro para iniciar o processo e
também é caro o acompanhamento. Creio que cada universidade deveria investir em
algumas modalidades de ensino a distância onde fosse forte, onde tivesse alguma
contribuição e não oferecer todos os cursos como no ensino convencional. As
universidades precisam associar-se a outras organizações empresariais e do
trabalho para estar mais perto dos alunos e ter mais recursos.

Tânia Maria Esperon Porto: Creio que as dificuldades inerentes à falta de um


grupo, de interação, de diálogo para reflexão.

É perceptível que o isolamento e a dificuldade de adaptação aos meios


tecnológicos são grandes impedimentos que podem resultar em desistência do
curso a distância por parte do aluno. Deve-se então serem repensadas as formas de
interação entre os participantes, a fim de romper com esse estado de isolamento,
algumas dicas de uso de ferramentas e métodos são: uso de salas de bate-papo
virtual e as aulas presenciais.

Sétima questão: Com a disseminação da internet, que oferece a possibilidade de


interatividade (através de listas de discussões, troca de e-mails entre alunos e
professores), quais as reais mudanças no processo de EaD?

Adilson Citelli: Trata-se, mesmo, de repensar os paradigmas da EaD. Já não basta


um televisor ou aparelho de rádio ministrando aulas. Os fluxos dialógicos e
interativos devem ser pensados nos novos modelos de EaD, inclusive pelas
facilidades técnicas que você aponta.

Hermano Duarte de Almeida e Carmo: A meu ver, não há mudança de paradigma,


mas apenas (e já é muito) um reforço do paradigma existente que confere ao
aprendiz o papel de gestor da sua própria aprendizagem e ao ensinante a condição
de orientador do aprendiz.
71

Tânia Maria Esperon Porto: As experiências que conheço permitem-me apenas


dizer que é uma forma a mais para ampliar o universo de conhecimento dos sujeitos,
com as devidas limitações da virtualidade.

Hack (2000) destaca que:


[...] maior ou menor transformação, mudança ou não de paradigma: a
divergência entre os estudiosos entrevistados não é de fundo, mas de
matiz. São todos unânimes em argumentar que a disseminação da internet
é um auxílio importante para a EaD. Destacamos, entretanto, que ainda
falta a popularização da rede, permitindo o acesso às camadas menos
privilegiadas. Ou, pelo menos, a criação de centros de atendimento, onde
os estudantes a distância mais carentes possam dispor da tecnologia
necessária para a utilização da internet nos horários livres.

Novamente se vê como a internet e seus vários recursos se mostram como


ferramentas importantes para que seja possível a realização de várias atividades. As
entrevistas apresentadas a cima servem como exemplo de como a rede pode
aproximar os pesquisadores ainda que estejam bem distantes uns dos outros e
baixa de modo significativo os custos com a pesquisa.

Em síntese, as entrevistas com os pesquisadores trazem à tona e salientam os


seguintes fatores:
• É imprescindível a introdução de múltiplas tecnologias nos diversos níveis e
modalidades de ensino, mas é preciso levar em conta as peculiaridades de cada
região;
• É necessário discutir de forma multidisciplinar e projetar experiências que venham
a contribuir na busca da excelência na utilização de mídias, redes, softwares e
outras ferramentas na educação presencial e a distância;
• É preciso caminhar, permeados pela discussão crítica da temática, evitando a
simples reprodução de modelos já existentes.
As realidades locais devem ser respeitadas, e a criatividade deve imperar nesta
busca. (HACK, 2000)

1.1 Estudo autônomo e cooperativo

O autor Peters (2001), trás um relato histórico sobre a didática da EaD,


destacando a prática do aprendizado autônomo na pedagogia na Alemanha que
vem a muitos anos ganhando importância. O autor destaca que:
72

[...] na década de 1970 a definição de estudante autônomo era: aquele que


está em condições de decidir por iniciativa própria sobre seu aprendizado.
Tal concepção foi se aperfeiçoando durante os anos ao se considerar o
ensino e a aprendizagem como processuais (PETERS, 2001).

Peters (2001) ainda faz menção de destaque sobre prática autônoma ser
muito mais que um estudo dirigido ou característica técnica de uma dessa
configuração de ensino. Para o autor,
[...] os estudantes são autônomos quando conseguem reconhecer suas
necessidades de estudo, formulam objetivos de aprendizagem, selecionam
conteúdos, planejam estratégias de estudo, selecionam materiais didáticos,
identificam fontes adicionais de pesquisa e fazem uso delas, bem como
quando eles ordenam, conduzem e avaliam o processo da aprendizagem. A
autonomia é uma característica muito importante àquela pessoa que
pretende gerenciar seu próprio estudo, mas ao mesmo tempo deseja
trabalhar de forma cooperativa na construção do conhecimento a distância
(PETERS, 2001).

Figura: Educação Online


Autor: Fernando Pimentel – Fonte: Internet

O autor aponta que na busca pela autonomia, alguns alunos podem se


assustar, pois essa busca implicará: “a) construir ou transformar estruturas
cognitivas;
b) transformar estruturas de superfície em estruturas de profundidade; c) refletir
simultaneamente sobre todo esse processo.” (PETERS, 2001).
73

O autor inspira a compreensão de que estudar de modo autônomo, em


nenhum momento, se refere a construir individualmente e isoladamente, pois requer
um dialogo para o ensino e aprendizagem, ao trabalho em projetos em grupo e
atividades colaborativas de pesquisa. O que se propõe na EaD é que o professor
não esteja mais no centro, mas sim que o aluno seja o sujeito em foco, repensando
as relações hierárquicas. Pelo atual contexto da educação ainda favorecer o
processo expositivo, os professores ainda se mostram resistentes e os alunos se
auto julgam sem preparo para experimentar essa proposta.
Nos estudos feitos por Hack (2009, 2010c)m verifica-se que a criticidade é
característica primordial para o alcance da autonomia e da cooperação no ensino a
distância.
O autor Castells (2000) trás a afirmação de que os elitizados aprendem na
prática do desenvolvimento de tecnologias, e isso possibilita a modificação desses
meios tecnológicos, e o grupo maior, formado de pessoas de média e baixa renda,
aprendem somente quando utilizam essas ferramentas, limitando-se ao “pacote”
tecnológico adquirido.

O estudante que se aventura no estudo autônomo e cooperativo, deve se dispor de


intenção a mudanças que vão exigir dele reflexão e criticidade sobre algumas
práticas novas que serão exigidas à sua nova postura no processo de ensino
aprendizagem, das quais, cita-se:

• Participação efetiva em atividades nos ambientes virtuais (fórum, sala de bate-papo, exercícios online,
etc.). Alguns alunos do EaD fazem apenas comentários superficiais ou apenas reproduzem um
determinado conteúdo. Isso não caracteriza construção de conhecimento. O aluno deve envolver-se de
modo efetivo no processo, permitindo que seja desenvolvida uma dinâmica que realmente o levará a
construir conhecimento a distância;
• Administração do tempo das atividades rotineiras com a pretensão de poder interagir e alcançar um
relacionamento com os envolvidos: colegas, tutores e professores. Essa ação promove aproximar os
integrantes da EaD formando uma relevante comunidade virtual;
• Fazer a seleção adequada das várias informações midiatizadas em que o aluno será submetido com o
uso de múltiplos meios tecnológicos presentes do dia-a-dia. Sujeitar os meios tecnológicos às
necessidades ao invés de ser sujeitado, é premissa que se requer aos envolvidos no estudo a distância,
assim construindo a compreensão critica do mundo editado pelas mídias.
74

Em resumo, refletir sobre o perfil do aluno autônomo e cooperativo,


participante do ensino a distancia, é refletir sobre alunos que suas praticam se
fundamentam nos pensamentos de Paulo Freire (1975, 1979 e 1997) que indicada a
necessidade de constante pensamento critico sobre a real situação na qual se está a
educação, para que assim os planos de ação sejam espelhamentos de um
comprometimento aprimorado individual e da coletividade.

Em uma de suas obras, Vigneron (1997) aponta que a sociedade precisa de docentes
com uma nova postura comunicacional, que objetivem ajudar o educando a mudar as
suas percepções, suas atitudes, e a chegar a uma compreensão mais ampla da
sociedade em que vive e das tecnologias que o rodeiam.

Hack (2009, 2010c) aponta que outro aspecto da essencial de quem quer o
desenvolvimento da sua autonomia e cooperação em um processo educacional a
distância, é a criatividade. A consultora de Gestão de Pessoas Lobo (2002), trás a
atual definição para ser criativo:
Criatividade é o que também está na em moda, inclusive ouvimos por aí:
“temos que ser criativos”. Nós não temos, nós somos, todos nós já
nascemos equipados para isto. O período mais criativo e rico de nossas
vidas se encontra quando temos entre quatro e cinco anos de idade. É a
idade em que estamos curiosos, que fuçamos, que perguntamos, que
mexemos procurando fazer algo diferente. Qual criança que já não
desmontou seu brinquedo para tentar conhecê-lo e modificá-lo? Pelo lúdico,
pela liberdade de ação e pelo livre pensar, a criança cresce, aprende e
amadurece. Com a idade, ficamos com medo de sermos audaciosos, medo
das críticas e acabamos nos transformando em uma grande massa,
patinando em conceitos antigos, alterando apenas os designers, e não
gerando novos conceitos. Criatividade é se utilizar da espontaneidade e da
visão holística, e dar vazão a loucuras de idéias, que lapidadas podem se
tornar grandes cúmplices e aliadas de nosso desenvolvimento.

A Criatividade é entendida então como algo que precisa ser plantado e


cuidado, para que no tempo certo, dê os seus frutos. Ela é algo que deve estar
presente na nossa rotina, como uma aliada muito importante nas nossas atividades
profissionais, nos estudos, e em tudo ao nosso redor, pois ela representa um
diferencial de quem a detém entre os demais. Quando se inicia uma prática ade
estudo autônomo e cooperativo a distância, é imprescindível o desenvolvimento da
criatividade.
75

Figura: Inovações educacionais


Fonte; Internet

Enfim, relembrando o que Freire (1975) fala sobre criatividade, tem-se que:
[...] com uma boa e criativa base humana, poderá se instituir uma dinâmica
no processo educativo, que permitirá a todos um maior envolvimento no
sistema de EaD para a construção do conhecimento de forma cooperativa,
mesmo longe fisicamente. É dessa forma que se tornará possível enunciar a
ação dialógica da comunicação educativa como um processo que é ao
mesmo tempo construção criativa do conhecimento, cultura e prática da
liberdade (FREIRE, 1975).

Destaca-se que o verbo CRIAR sugere uma ação de buscar alguma coisa
nova ou inovadora. Ao longo da vida, as pessoas são “empurradas” a uma
criatividade superficial encontrada em conteúdos prontos e fechados,
pensamentos que não agregam valores nesse contexto dinâmico e mutável.
Mesmo assim, até para os que estão fixados a essas velhas amarras há a
possibilidade de inicio de um processo novo e criador, devido à criatividade
ser um exercício que na medida da sua utilização melhor será os resultados.
Basta apenas dar inicio!

Conforme Hack (2009, 2010c), há ainda outra característica fundamental


para quem anseia ingressar no estudo autônomo e cooperativo a distância, que é a
dialogicidade.
Para Moore e Kearsley (2007),
[...] o acesso à informação e às aptidões necessárias para converter tais
informações em conhecimento tem se tornado o grande impulsionador do
desenvolvimento pessoal, econômico, social e até mesmo político em vários
76

países. Um dos resultados mais imediatos da explosão de informações é


que parte da informação gerada se torna obsoleta com rapidez, criando a
necessidade de frequente atualização. Metade daquilo que foi aprendido
pelo aluno de engenharia, por exemplo, fica desatualizado 18 meses após a
conclusão do curso.

A necessidade de estar atualizado faz surgir a percepção do tamanho da


relevância do desenvolvimento autônomo e cooperativo de conhecimento e, nesse
contexto, é imprescindível que seja desenvolvido no processo educativo uma
comunicação dialógica com efetivo resultado.
Na EaD, o docente tem papel imprescindível na comunicação educativa que
se estabelece no processo de ensino e aprendizagem a distância, pois ele
coopera com o aluno ao formular problemas, provocar interrogações ou
incentivar a formação de equipes de estudo. Em outras palavras, ele se
torna memória viva de uma educação que valoriza e possibilita o diálogo
entre culturas e gerações (MARTIN-BARBERO, 1997).

Lembre-se que o docente na educação a distância, pode ser entendido como sendo o
professor regente da disciplina, que conduz a produção dos materiais didáticos
midiatizados, e ainda o tutor que nesse contexto desenvolve a mediação entre aluno e
instituição, orientando à produção de conhecimento. Nesse processo de
desenvolvimento construtivo de conhecimento através de múltiplos meios tecnológicos,
na maioria das vezes sem o contato presencial, sem ouvir e perceber de imediato o
aluno, o professor deve amplificar a comunicação de modo a fomentar a cooperação, a
dialogicidade, ser cumplice e ainda promover afeição entre os envolvidos.

É necessário trazer o destaque, por mais diferente que seja o contexto, a


gestão dos processos educativos a distância de modo autônomo, só conseguir ser
bem sucedido se propiciar que os envolvidos colaborem e cooperem entre si, sendo
isso possível com a utilização de meios comunicativos bilaterais, potencializadores
de interação entre o aluno e os demais elementos: sistema, conteúdo, docentes, e
colegas. Em resumo, a dialogicidade pode potencializar a atividade autônoma
quando promove o aprendizado em cooperação no EaD, em vista que esta
cooperação com os demais envolvidos estabelece a concreta possibilidade de
comunicação dentro do processo educativo e de construção de conhecimento.
Por tanto, o que foi apontado até o momento corrobora quanto à importância
da promoção da comunicação dialógica, autonomia e cooperação nos processos
educacionais em EaD e indica aos envolvidos um repensar sobre sua afeição com
77

os elementos desse processo. Nessa situação, percebe-se a possibilidade do


impulso para criar ambientes que inspirem motivação e acolhimento, e com o auxilio
da afeição equilibrada, esse ambiente propiciará ao aluno derrubar seus medos de
se expor aos demais envolvidos quando necessitar: comunicar, apresentar, expor,
questionar, etc. Ressalta-se, no entanto que é necessário equilibrar a relação afetiva
em diversos aspectos inerentes à comunicação em um processo educativo. Os
envolvidos nesse processo devem ter o entendimento de sua responsabilidade
dentro desse sistema, para a partir dai, poder encontrar o balanceamento entre seus
direitos e suas obrigações.

Surge então o questionamento: qual a estratégia ideal a ser adotada para se


conseguir cooperação entre os envolvidos em um processo educacional em EaD?
Essa questão só será respondida na sensibilização da necessidade de se
contextualizar as propostas para cada situação especifica. A resposta não encontra
fundamento apenas na utilização de meios tecnológicos utilizados de modo
combinado ou isolado, mas sim, em saber a fundo as características especificas do
contexto regional em que se pretende trabalhar com EaD e na adequação de
estratégias comunicacionais no processo comunicativo que possibilitem a construção
de conhecimento de modo bilateral. Um exemplo é a aquisição de alta tecnologia
para apoio a um determinado processo de comunicação por meio de rede de
computadores a ser utilizado em uma localidade que não tenha acesso rápido a
internet. Quando se pretende um estabelecimento de determinada estratégia de
comunicação com dialogicidade e necessário que se leve em consideração que um
determinado projeto bem sucedido no Sul pode ser um fiasco no Norte se não
observadas as especificidades regionais: humanas, estruturais, cilmáticas, culturais,
etc.

Será abordado em seguida, o detalhamento do quão é importante a


afetividade quando se pretende criar um ambiente autônomo e cooperativo na
educação a distância.
78

1.2 A Afetividade

Vygotsky (1993) elucida que a interatividade social é essencial para o


processo de ensino aprendizagem e para desenvolver as potencialidades das
pessoas quando estas adquirem saberes novos através da sua relação com o meio.

Figura: Processo de aprendizagem


Fonte: Internet

Ainda na visão de Vygotsky (et. al., 1988),


[...] a mediação, que também chamamos de comunicação educativa em
nosso texto, é primordial na construção do conhecimento e ocorre, entre
outras formas, pela linguagem. Assim, a singularidade do indivíduo como
sujeito sócio histórico se constitui em suas relações na sociedade, e o modo
de pensar ou agir das pessoas depende de interações sociais e culturais
com o ambiente.

No que se refere a relação intrínseca entre os aspectos cognitivo e afetivo,


Vygotsky (1993) aponta que:
[...] a cognição possui estreita relação com a afetividade, ou seja, se
separarmos o pensamento do afeto, fecharemos a possibilidade de explicar
as causas do pensamento. Quem separa o pensamento do afeto nega a
possibilidade de estudar a influência inversa do pensamento no plano
afetivo, bem como impossibilita a análise que permitiria descobrir os
motivos, as necessidades, os interesses, os impulsos e as tendências que
regem o movimento do pensamento.

Em seguida, serão apresentados os resultados de estudos feitos por Hack


(2010a) que tiverem como objetivo a identificação dos fundamentos da afetividade
79

tão necessária para que seja instituída a dinâmica do processo de comunicação


dialógica na educação a distância, em que o aluno perceba-se cooperador junto com
os outros envolvidos no sistema educacional. Seguem algumas das perguntas
norteadoras desse estudo:
[...] (1) o que se considera uma relação baseada na afetividade entre
docente/aluno, aluno/aluno?; (2) qual a importância de relações educativas
baseadas na afetividade?; (3) o que é importante fazer para garantir um
bom ambiente nos momentos presenciais que ocorrem durante o período
letivo de cada distância?; (4) que manifestações de afetividade têm boa e
má repercussão no processo de ensino e aprendizagem? (HACK, 2010a)

As entrevistas foram direcionadas a tutores presenciais, que tem suas


atividades diretamente nos polos de apoio de cursos em EaD da Universidade
Federal de Santa Catarina.
Foi lançada a pergunta aos tutores sobre as suas considerações sobre o
relacionamento que se baseia na afetividade entre os alunos e os envolvidos no
processo educacional em EaD, e eles assim comentaram:
Tutor 1: Considero aquela em que o educador não tem o aluno apenas
como clientela, mas o reconhece como um ser que sofre, chora, erra, possui
limitações e dificuldades em certos conteúdos que precisam ser superados.
O educador deve dar apoio constante, porém jamais deixar a afetividade
superar a ética educacional.
Tutor 4: Uma relação baseada no respeito mútuo, onde cada um, docente
ou aluno tem consciência de sua função e respectivas responsabilidades
próprias ou para o bem comum.
Tutor 6: Aquela que se constrói através do respeito, da compreensão, da
responsabilidade e do diálogo.
Tutor 8: Esta afetividade entre docente/aluno começa nas participações de
todos nos polos, cada um respondendo por suas obrigações e respeitando
suas funções. E entre aluno/aluno na partilha e no companheirismo nas
atividades obrigatórias em grupos. (HACK, 2010a)

Observa-se que existe de forma clara a caracterização de uma relação


afetiva entre os participantes de processo de ensino aprendizagem. Apoiar,
respeitar, conscientização, responsabilidade, compreender, diálogo e amizade, são
vistas como essência do discurso construído pelos entrevistados.
Perguntou-se ainda sobre com estes tutores percebiam a importância de
relacionamentos educativos com base na afetividade. Eles assim responderam:
Tutor 2: Considero importante sim, no entanto, é claro que o conceito de
afetividade muda um pouco quando se trata da EaD, já que o próprio nome
explicita a distância. Mas aí é que entram os polos, responsáveis por
estreitar um pouco mais os vínculos entre as pessoas que fazem parte do
processo.
Tutor 3: Acho importante e motivador, pois já que se trata de uma relação
distante fisicamente, o professor deve mostrar interesse pelo aluno,
acompanhá-lo mais de perto, questioná-lo, interessar-se em saber como
está este aluno, quais são suas dificuldades.
80

Tutor 5: Considero fundamental as relações educativas baseadas na


afetividade na EaD, pois assim o processo não parece tão distante e
aproxima mais o educando, motivando a continuar o curso.
Tutor 7: A afetividade é importante, porém na EaD fica um pouco mais
complicado devido à distância. O que podemos fazer sempre é motivar os
alunos dando abertura para sua expressão sempre que necessário. (HACK,
2010a)

Os entrevistados trouxeram suas reflexões que corroboram sobre o quanto é


importante o relacionamento afetivo entre os participantes do processo de ensino
aprendizagem em EaD. Conforme seus depoimentos, a comunicação educativa que
se baseia no afeto, trás um sentimento de aceitação e pertencimento ao grupo,
ainda que separados fisicamente. O participante terá se sentirá livre e não terá
receito em acontecer algum desvio do processo, pois entende que este desvio não
foi por intensão e é característico daquele que está construindo o conhecimento.
Em continuidade à pesquisa, buscou-se a identificação do que se fazer para
que se tenha uma garantia de um ambiente agradável nos encontros presenciais
que surgem durante os cursos. As repostas assim foram:

Tutor 1: Tenho a mesma disponibilidade e atenção com todos, procuro


conscientiza-los da importância das videoconferências e aulas por serem os
únicos momentos em contato direto com o professor da disciplina. Não
dispenso a conversa descontraída e o cafezinho, mesmo muitas vezes
estando sozinha para fazê-lo.
Tutor 2: Procuro mostrar alegria em estar no polo, mostrar disposição em
auxiliar. Ao voltarmos, no início do ano, eu e a minha colega de tutoria
fizemos um bilhetinho para cada aluno, com uma mensagem de incentivo e
também com um bombom, tudo muito simbólico, mas com o intuito de
renovar o ânimo dos alunos!
Tutor 5: Depende do que vamos fazer: se é um filme, nós combinamos para
trazer pipoca, café, refrigerante; se é um mural, apresentação, procuramos
sempre conversar com os alunos e animá-los.
Tutor 9: Tratando-os de igual para igual. (HACK, 2010a)

Percebe-se então como é importante a atitudes que demonstrem afeição


como reservar um espaço com estrutura adequada para receber os alunos nos
momentos presenciais, ficou claro também que é necessário um estado de abertura
á conversas informais e descontraídas. Essas situações prazerosas são auxiliadoras
no desenvolvimento de uma comunicação que evolua com fluidez, de modo continuo
e bilateral, e ainda incentivadora ao aluno que por ventura esteja negligente no
processo dialógico de ensino aprendizagem.
81

As últimas perguntas lançadas aos tutores tiveram a intenção de conhecer


como a afetividade de manifestava, de modo positivo ou negativo dentro do
processo de ensino aprendizagem. Segue os comentários obtidos:

Tutor 1: Incentivar o estudo em grupo, mostrar interesse nas dificuldades


encontradas, auxiliar na assimilação de conteúdos e desenvolvimento de
atividades, estar sempre atento para evitar o afastamento e o desânimo nos
estudos, atendê-los diariamente via Moodle.
Tutor 3: Proporcionar momentos de recreação no polo, atividades
extracurriculares, o interesse em saber como está o meu aluno, conhecer o
aluno, saber de seus problemas e tornar mais prazerosos e de fato
significativos os momentos em que ocorrem os encontros presenciais.
Tutor 4: Conversas coletivas, que envolvam todos, sem exceção. Interagir
com eles procurando colaborar com as mais diversas situações: dificuldade
em compreender ou realizar alguma atividade; sanar dúvidas referentes ao
andamento do curso, das disciplinas; e muitas vezes tentando contribuir de
forma saudável com aqueles que também trazem problemas pessoais e de
relacionamento entre colegas do curso.
Tutor 7: Acredito que, no ambiente escolar, ter afetividade é aproximar-se
do aluno, saber ouvi-lo, valorizá-lo e acreditar nele, dando abertura para a
sua expressão. (HACK, 2010a)

Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment) é o nome do


sistema computacional que algumas universidades que aderiram à UAB
escolheram como AVEA. Desenvolvido pelo australiano Martin Dougiamas, o
Moodle é considerado um software livre. O software livre é um programa de
computador que não possui nenhuma restrição ao uso. No próximo capítulo,
esclareceremos melhor o funcionamento de um AVEA.

Os comentários feitos pelos tutores apontaram que os alunos recebem bem


os manifestos de afetividade e que estes fortaleceram resultados de outro estudo
desenvolvido também por Hack (2010b), que destaca ser imprescindível que um na
ação com tutor em EaD se tenha uma boa gestão do tempo e das atividades
acadêmicas, para que assim os alunos possam receber seus feedbacks no menor
espaço de tempo possível, visando tornar sempre dinâmico o processo de
comunicação dialógica, ainda que isolados fisicamente. Salientou-se ainda que com
as atividades extras, conversar em grupo e outras ações colaborativas, consegue-se
um auxilio ao desenvolvimento do sentido de pertencimento à equipe, ampliando as
habilidades comunicativas interpessoais.
Alguns resultados, no entanto destacam manifestações negativas quanto a
demonstrações de afetividade entre os discentes do EaD, conforme segue:
82

Tutor 2: Acredito que as manifestações de afetividade que possam ter má


repercussão são aquelas em que o aluno confunde a tua disponibilidade em
ajudar com a tua função de tutor em si. Muitos pensam que o fato de você
ser tutor pode “aliviar” o lado deles, que você vai permitir coisas que a
UFSC não permite, essas coisas. Mas nessas horas é preciso deixar bem
clara qual a sua verdadeira função no processo, porque é o teu
profissionalismo que está em jogo. A partir daí tudo transcorre muito bem.
Tutor 5: Se distanciar do aluno, não respondendo suas questões, não
ouvindo. Não conhecendo sua realidade e também não deixando que nos
conheça.
Tutor 6: Proximidade excessiva, pois torna o aluno dependente.
Tutor 10: Falta de união entre diferentes grupos de alunos. Competitividade
de notas. Divergência de opinião e atitudes entre tutores presenciais. Falha
na comunicação entre tutor/aluno (demora ou ausência de respostas dos e-
mails enviados, gerando dúvidas quanto ao recebimento/conhecimento de
determinadas situações). (HACK, 2010b)

Como visto na Unidade A, o tutor presencial da UAB é aquele que desenvolve suas
atividades nos polos de apoio presencial, localizados em várias cidades.

Os relatos dessas pesquisas apresentadas indicam serem importantes e


positivas as demonstrações de afetividade para o desenvolvimento de
relacionamentos sociais no processo de ensino aprendizagem, e ainda demonstram
que se faz necessário que os discentes entendam as diferenças entre os papeis de
tutor e do professor. O tutor trabalhando na mediação entre o aluno e a instituição,
motivando e direcionando sobre o que deve ser feito, já o professor atuando na
construção de conteúdo didático e nas orientações pedagógicas.
Os comentários das duas últimas perguntas direcionam a resultados já
identificados em estudos anteriores que:

[...] a EaD é uma modalidade de educação que exige maturidade do


público-alvo e o desenvolvimento de algumas características como o
autodidatismo, o comportamento autônomo e o trabalho cooperativo. No
entanto, geralmente tais características não são devidamente estimuladas
durante a formação do discente na educação fundamental e média no
Brasil. (BELLONI, 2001; MOORE; KEARSLEY, 2007; LITTO; FORMIGA,
2008; HACK, 2010c).

Percebe-se que os comentários descritos remetem à como é importante a


interação entre os envolvidos no processo de ensino aprendizagem bem como para
o próprio desenvolvimento do ser humano, como pode ser observado na relação
inerente à afeição, o pensar, o comunicar e o construir conhecimento.
83

Conforme os resultados dos estudos de Hack (2010a, 2010b, 2010c), foi possível
formar uma linha de pensamento sobre os fundamentos que levam à instituição da
comunicação dialógica em um processo educativo a distância de modo equilibrado e
orientado pela afetividade: habilidade de convivência com pessoas diferentes, ter
assiduidade na comunicação virtual, identificação de interesses e afinidade com os
demais envolvidos, momentos de descontração e recreativos, e a maturidade do
individuo.

Em resumo, o estudo demonstrou que a comunicação dialógica na EaD,


deve ser norteada por afetividade de modo equilibrado conforme fundamentos
apresentados anteriormente, e que essa situação incrementará a interação dos
envolvidos fomentando de modo contínuo essa comunicação educativa, quando se
utiliza de estratégias diversas que possam promover a construção do diálogo afetivo
entre todos. Dessa forma, serão valorizadas as interações sociais e culturais
respeitosas, tanto de forma individual quanto coletiva, tão eminente para a proposta
de construir o conhecimento em vários níveis e modalidades.

Capítulo 2 - AVEA – Ambiente Virtual de Ensino Aprendizagem

As propostas educativas no ensino a distância, em sua maioria, não são


executadas em espaços físicos tradicionais e nem sempre ocorrem em sincronia
entre as realizações das atividades em que cada envolvida as executa. Por isso, os
cursos ofertados na modalidade EaD, procuram utilizar de materiais impressos e
ambientes virtuais, para tornar o ato de ler um dos principais fatores para assim levar
o aluno a acessar os materiais didáticos devidamente organizados e direcionados à
construção de conhecimento.
84

Figura: AVEA – Moodle


Fonte: Internet

Conforme enunciado por Hack (2010c), na maioria dos materiais didáticos


impressos ou digitais, o texto é o ponto de origem, e para cada ferramenta a um tipo
de linguagem adequada. Citando como exemplo, temos a televisão, que utiliza tanto
termos coloquiais quanto os formais, conforme o tipo de programação, público que
se pretende atingir e mensagem que se queira transmitir. Assim também acontece
em um AVEA – Ambiente Virtual de Ensino Aprendizagem. Os objetivos de um
AVEA são estimular e desenvolver as competências do aluno conforme planejado
pelo professor, e para isso este ambiente deve ser planejado e elaborado levando
em consideração alguns fatores e cuidados iniciais, como:

[...] a adequação das estratégias de comunicação educativa adotadas no


AVEA com o perfil do aluno, seus interesses, seus conhecimentos
anteriores, suas preocupações, suas dificuldades; a composição e
organização das unidades textuais, atividades, dos fóruns virtuais e outras
estratégias a partir das habilidades e competências que se pretende
estimular; a linguagem, que deve ser clara, direta e expressiva, ao ponto de
transmitir ao aluno a ideia de que ele está em interlocução permanente com
o docente e que ambos participam da construção do conhecimento a
distância; a necessidade de organizar o AVEA de forma hipertextual,
desafiando o aluno continuamente, através de links, dicas de leitura
complementar, atividades, etc. (HACK, 2010c).
85

O hipertexto em um AVEA permite associar arquivos de um computador ou de uma


página da internet com uma palavra, frase ou figura que compõe o documento
hipertextual. Assim, estabelece-se o rápido acesso a diferentes recursos, como
páginas na internet, vídeos, áudios, imagens e textos em um único documento.

Há vários tipos diferentes de plataforma digitais para o ensino a distância


disponíveis no mercado, algumas pagas outras gratuitas. De forma geral, um
ambiente virtual de ensino aprendizagem é composto por múltiplos meios ou
ferramentas que tem por objetivo o estabelecimento de um relacionamento
comunicativo por parte dos participantes de um determino processo de ensino e em
EaD.
No AVEA, os alunos geralmente podem: acessar os textos que compõem a
página de apresentação da disciplina e de cada tópico – espaços que dão
ritmo ao curso e aproximam o aluno dos demais envolvidos no processo de
ensino e aprendizagem; administrar certos aspectos do layout do AVEA –
ferramenta que permite aos alunos personalizar seu ambiente; visualizar
espaços que funcionam como murais de notícias e novidades – ferramentas
para a comunicação de recados e avisos à turma; participar de fóruns de
discussão – ferramenta que possibilita a criação de espaços para o
aprofundamento e debate de temáticas. O fórum virtual também pode ser
utilizado como um tira-dúvidas, onde o aluno expõe seus questionamentos
coletivamente; realizar avaliações on-line e off-line – ferramentas que
permitem a criação de questões objetivas, somatórias e discursivas para
uma avaliação on-line ou que permite o envio de trabalhos escritos para
uma correção off-line; colaborar com as outras pessoas indicando materiais
– ferramenta disponível para a publicação de links e materiais que possam
interessar a turma. Os espaços de colaboração funcionam como uma
“cafeteria virtual”, onde, à semelhança do que ocorre nas cafeterias das
universidades, o aluno pode postar assuntos extraclasse, que possam
interessar os demais envolvidos com o curso; organizar calendários,
agendas ou cronogramas de atividades – ferramenta que apresenta as
datas de entrega das atividades, o prazo para leituras, entre outros;
participar de salas de bate-papo – ferramenta que permite a troca de
mensagens entre os membros da turma de forma síncrona; enviar
mensagens – ferramenta que permite o envio de recados que, além de
serem encaminhados ao e-mail do destinatário, também ficam gravados no
AVEA, como um histórico; acessar pastas virtuais com o material didático do
curso – ferramenta que permite ao aluno visualizar apostilas, slides,
gabaritos, leituras complementares, entre outros materiais disponibilizados
pelo docente (HACK, 2010c).

A palavra link refere-se a um atalho, geralmente representado por um texto, objeto,


figura, etc. que quando selecionado encaminha o usuário a outro texto, objetivo,
figura, etc., na mesma base ou em uma página na web. Já os termos “on-line” e “off-
line” referem-se sincrincidade, ou seja, quando faz referência a online quer indicar
ação de sincronia de tempo e quando se menciona off-line não há essa sincronia
temporal, necessitando apenas o envio de uma determinada atividade dentro do
prazo determinado.
86

O gerenciador do AVEA, que pode ser o tutor, o professor ou outro


responsável técnico, detém os mesmos acessos que os alunos possuem, acrescidos
das ferramentas de edição e gestão da disciplina e/ou curso. São atribuições de
quem edita um ambiente virtual de ensino aprendizagem, permitir a visualização das
ferramentas de hipertextos, e de todas as outras que farão a composição dos
estudos a distância, e ainda prestar o acompanhamento da evolução dos estudos e
participação dos discentes, por meio de ferramentas estatísticas e de relatórios
diversos.

Figura: Gestor de AVEA


Fonte: Internet
Particularmente, gostamos de olhar para o AVEA como um sistema
computacional de aprendizagem cooperativa e interativa que ajuda os
alunos a comunicarem suas ideias e a cooperarem em atividades comuns.
Assim, todos os integrantes da equipe interagem entre si, em um processo
em que o aluno é um sujeito ativo na construção do conhecimento e o
educador é o mediador. (HACK, 2010c)

O autor Hack (2010c) trás algumas especificidades e cuidados necessários


quando a linguagem hipertextual utilizada no AVEA, que são:
[...] a) A linguagem hipertextual no AVEA tem um estilo conversacional. O
intuito é criar uma comunicação bidirecional, essencial na EaD. Mas é
preciso cuidar para não “infantilizar” a linguagem, pois pode repercutir
negativamente. O hipertexto “fala” com o aluno, envolvendo-o em um
diálogo que tem o intuito de fazê-lo considerar as questões levantadas pelo
professor, criticar e complementar o que o curso está oferecendo, entre
outras coisas. Usualmente, o hipertexto de um AVEA chama o aluno por
“você”, buscando maior proximidade; b) A linguagem hipertextual no AVEA
combina o estilo do docente com o assunto, e cada temática pode ter uma
87

forma diferente de abordagem e ilustração. Por exemplo, um professor de


Literatura Brasileira poderá introduzir a temática com um conto, uma história
em quadrinhos, um filme ou uma música; c) A linguagem hipertextual no
AVEA apresenta links com pistas para que o aluno saiba onde pode
encontrar informações adicionais sobre determinados assuntos. Afinal, ele
pode não ter estudado aquilo que presumimos que ele conheça; d) A
linguagem hipertextual no AVEA incentiva o aluno ao questionamento,
provocando-o à reflexão crítica sobre a temática e à construção de novas
inquietações sobre o assunto. Por exemplo, os hipertextos educativos
devem provocar o estudante a produzir questões ao invés de respostas.
Daí, os colegas podem trocar as perguntas entre si ou postá-las em um
fórum de discussão; e) A linguagem hipertextual no AVEA incentiva o aluno
a se auto avaliar constantemente, com exercícios e jogos que não são
obrigatórios. Alguns exemplos são: análise de casos, resolução de
problemas, jogos como palavras cruzadas, fóruns virtuais, wikis, blogs; f) A
linguagem hipertextual no AVEA é desafiadora e instiga o aluno à
aprendizagem. Para tanto, são utilizadas alternativas criativas de
exemplificação aos alunos. Ou seja, é como “falar” a mesma coisa usando
recursos diferentes: apresentar o conteúdo utilizando links internos, links
externos, vídeos, áudios, atividades, fotos, músicas, jogos, realidade virtual,
fóruns virtuais, salas de bate-papo, entre outros recursos.

De mofo geral, a linguagem utilizada nos textos e hipertextos contidos em


todo material didático utilizado em um ambiente virtual de aprendizagem deve ter
uma estrutura adequada que vise atender às demandas cognitivas dos discentes,
englobando ainda as atribuições de comunicação, explicação e orientação, ajudando
o aluno no desenvolvimento de estratégias que auxiliam nos seus estudos,
possibilitando o conhecimento de qual é a melhor forma desse aluno aprender.

2.1 Ferramentas dinamizadoras no AVEA

As ferramentas dinamizadoras utilizadas em um ambiente virtual de


aprendizagem são desenvolvidas, de modo geral, com a intenção de promoção da
colaboração e participação. Tem-se como exemplos: brincadeiras de perguntas e
respostas, atividades de pesquisa e estudo, análises de conteúdos diversos, etc.
São meios de provocar o discente a assumir o papel de pesquisados no ensino a
distância de forma ativa. Outra situação é a utilização de facilitadores de
compreensão de um determinado hipertexto de modo a dinamizar a proposta, como:
fotos, ilustrações, gráficos, etc.
Hack (2010c) desenvolveu um estudo sobre o tema do uso eficiente de
ferramentas dinamizadoras e com estas são importantes para os cursos em EaD
que utilizam recursos com hipertexto no processo educativo.
88

Produtos como imagem, som e vídeo podem dinamizar um AVEA ao:


quebrar a monotonia de um hipertexto que não utilize múltiplos recursos
audiovisuais; exemplificar de diversas formas uma mesma temática e tornar
mais claros os objetivos de aprendizagem propostos pelo docente; motivar
os estudantes a dar continuidade aos estudos; ajudar os alunos a criar
relações para lembrar mais facilmente de informações prioritárias; ilustrar e
tornar o hipertexto mais atrativo. (HACK, 2010c)

No entanto, Hack (2010c) relata que o uso de ferramentas de áudio, vídeo,

ilustrações, e outros do gênero ilustrativo em um ambiente virtual d aprendizagem,

requer cuidados necessários, tais como:

[...] conhecer os direitos autorais da obra, obedecendo-os caso seja uma


reprodução. Em alguns casos, é necessário pagar para se obter o direito de
uso de um produto audiovisual, uma figura ou ilustração; verificar se o
recurso escolhido não irá descaracterizar o hipertexto, pois: figuras, sons,
vídeos e ilustrações desconexas ou apenas para preencher espaços vazios
devem ser evitados. Não há qualquer problema em espaços em branco,
pois o ambiente clean é comum na contemporaneidade; não se esquecer de
indicar a fonte onde o audiovisual, a figura ou a ilustração está depositado,
quando for utilizar recursos de domínio público. No entanto, nossa
experiência tem demonstrado que a inserção de figuras muito comuns,
como aquelas que acompanham alguns softwares de edição de texto,
devem ser evitadas.

O termo “clean” refere-se a limpo. Por tanto, um ambiente caracterizado limpo requer
que seja leve, sóbrio, e funcional. Para a construção de um ambiente virtual de ensino
aprendizagem limpo, é preciso o cuidado com a quantidade de informações que serão
geradas com múltiplas ferramentas e que estas não podem propiciar um estado de
poluição visual.

O ideal é que os recursos dinamizadores de um AVEA sejam caracterizados


pela originalidade e criatividade. Confeccionar tais recursos é uma tarefa
que requer uma organização diferenciada, com o apoio de uma equipe
multidisciplinar que possa dar maior qualidade ao trabalho. Produzir
audiovisuais, imagens e ilustrações para fins educativos significa trabalhar
informações e materiais de referência com metodologias próprias, sempre
com a clareza sobre a tecnologia mais adequada às necessidades do
público que se pretende atingir (HACK, 2010c).

A equipe responsável pela produção dos materiais didáticos midiatizados deve ser
formada multidisciplinar, especialista em cada conteúdo que se pretende abordar e
ainda por técnicos em informática e designe gráfico para o planejamento do visual da
plataforma. O importante é que esta equipe esteja ciente que o foco de suas
atividades é o aluno e suas necessidades cognitivas.
89

Capítulo 3 - Planejamento e organização dos estudos a distância

A autora Belloni (2001) levanta a discussão em uma de suas obras sobre


distinções inerentes a essa sociedade atual que impactam significadamente os
processos educativos, que são: “a) a complexidade; b) a tecnologia; c) as mudanças
nas relações de espaço e tempo; d) a exigência de um trabalhador com múltiplas
competências e qualificações, capaz de gerir equipes e pronto a aprender”. A autora
esclarece que essas características que compõe a essência da educação a
distância, colaboram para o processo construtivo do aluno autônomo.
Todavia, a imagem construída do estudante do ensino a distância, não
corresponde com o ideal, devido a vários alunos tenderem a participar do processo
de ensino aprendizagem em EaD de modo passivo sem o compromisso que é
esperado, imaginam estes discentes que nesta modalidade não é requerido esforço
e dedicação para evoluir e conseguir bons resultados.
90

Figura: Organização de estudos


Fonte: Internet

Segundo Peters (2001),


[...] os estudantes são autônomos quando conseguem reconhecer suas
necessidades de estudo, formulam objetivos de aprendizagem, selecionam
conteúdos, planejam estratégias de estudo, selecionam materiais didáticos,
identificam fontes adicionais de pesquisa e fazem uso delas, bem como
quando eles ordenam, conduzem e avaliam o processo da aprendizagem.
91

Belloni (2001) ratifica esse pensamento quando diz que,

[...] na aprendizagem autônoma o estudante não é objeto ou produto, pois


atua como sujeito ativo ao realizar sua própria aprendizagem. Mesmo que
estejamos longe do ideal de um aprendente com perfil autônomo, que
abstrai os conhecimentos e os aplica em situações novas, é necessário
investir nessa proposta. A formação ao longo da vida parece ser o melhor
caminho para alcançar ou manter condições de competitividade ao
estudante trabalhador adulto, que geralmente é o público que procura com
maior frequência o ensino superior a distância.

Caso perceba que precise de mais alguns esclarecimentos, volte ao primeiro


capítulo da Unidade C.

Belloni (2001) enfatiza que a educação a distância quando bem planejada, é


uma resposta direta no atendimento a várias demandas sociais, a saber:

a) as que estão excluídas do sistema presencial de ensino, como os alunos


e trabalhadores que residem longe de uma instituição de ensino superior e
teriam muito desgaste físico, mental e financeiro para frequentar um curso
diariamente; b) os profissionais que precisam de formação permanente em
serviço e não podem deixar suas funções cotidianas; c) as pessoas que
optam pela EaD por gostarem da modalidade e se identificarem com o perfil
autônomo. (BELLONI, 2001)

O autor continua enfatizando sobre essa fase inicial da EaD no Brasil,


quando menciona o fato de que,
[...] a prática da aprendizagem autônoma é embrionária, pois o estudante
verdadeiramente autônomo é ainda uma exceção em nossas universidades.
Aquele que estuda a distância precisará passar de mecanismos presenciais
e muito centrados na cultura do livro e do professor para variáveis que
podem incluir dimensões audiovisuais. Tais mudanças se apresentarão
como desafios a alguns discentes, pois durante a educação fundamental e
média pouco se estimulam as características da aprendizagem autônoma.

Porém, é necessário ainda que se leve em consideração o isolamento do


aluno que submente ao estudo em EaD, a que já foi referido anteriormente, por
causa da falta ou poucas situações de encontros presenciais com os professores e
demais colegas. O autor Hack (2009), aponta estratégias necessárias para o
combate ao isolamento no ensino a distância que são:

[...] a) materiais com boa qualidade científica e pedagógica; b) sistema de


tutoria eficiente, que promova relações intersubjetivas e a comunicação
dialógica nas relações docente/aluno ou aluno/aluno; c) centros de apoio
para a realização de atividades presenciais, como aulas, grupos de estudo,
videoconferências, etc. (HACK, 2009).
92

Ainda que envolto por materiais de boa qualidade, apoiado por tutores
eficientes e com a disponibilidade de um centro de apoio presencial, iniciar um curso
na modalidade EaD é um desafio, devido à necessidade de adaptarem-se a uma
nova proposta de metodologia e comportamento dos docentes, tutores e de alunos,
e ainda pela falta de habilidade da maioria desses alunos no que se refere à
organização de um cronograma de estudos e de dispor de um ambiente adequado
para os seus estudos.

É fato que apenas ao ingressar em um curso de EaD alguns alunos percebem que
eles precisam estudar e participar de sua formação efetivamente, pois uma EaD
com qualidade não é sinônimo de educação facilitada. Em nossa experiência com
ensino superior a distância já encontramos estudantes que desistiram de sua
formação nas primeiras semanas do curso e posteriormente justificaram sua
atitude dizendo que tinham pensado que não seria necessário estudar para ter o
diploma (HACK, 2009).

Mas, especificamente, quais seriam as adequações necessárias e


esperadas de um aluno de ensino a distância para que o mesmo possa ingressar
com sucesso em um modelo de aprendizagem de forma autônoma e cooperativa?
Segundo Hack (2009) há um perfil esperado de um aluno que tenha a
pretensão do ingresso em um curso na modalidade a distância que é constituída de
alguns requisitos essenciais característicos da contemporaneidade até mesmo no
mundo profissional. Segue os aspectos desses requisitos:
01) Foco nos objetivos a alcançar – o aluno da EaD precisa aprender a
centrar forças na realização de todas as atividades para obter sucesso nas
mais diversas etapas que compõem o currículo, mesmo aquelas que não
despertam grande euforia.
2) Maturidade e consciência – o estudante a distância deve encontrar o
equilíbrio entre seus direitos e deveres como estudante.
3) Dedicação e esforço para enfrentar os desafios com a certeza da vitória –
o discente autônomo deve persistir, mesmo diante de dificuldades técnicas
ou operacionais.
4) Capacidade de administrar o tempo disponível – é imprescindível ao
aluno a distância a habilidade de organizar sua própria agenda de
compromissos e horários de estudo para completar os alvos estabelecidos
em cada componente curricular.
05) Disciplina para cumprir os compromissos agendados – a prática de
estudo com autonomia precisa de cadência e fluência, pois mesmo diante
do cansaço cotidiano e dos insistentes apelos das atividades de lazer, o
discente precisará dar continuidade ao seu plano de estudos.
6) Empenho na realização de pesquisa em novas fontes – o aluno da EaD
não pode ficar refém apenas dos materiais disponibilizados pelo curso, e a
iniciativa na busca de outras referências é essencial.
7) Motivação e estímulo para interagir com os colegas, docentes e técnicos
– para permanecer em um curso superior a distância até sua conclusão, é
93

necessário entender que todos são colaboradores no processo de


capacitação continuada.
8) Seriedade e honestidade – aquele que estuda em um curso de EaD
precisa compreender que o plágio de outros trabalhos ou a cópia de
respostas dos colegas é um engano para si mesmo, um problema ético e
uma infração contra os direitos autorais.
9) Iniciativa para sanar suas dúvidas – o aluno que almeja o perfil autônomo
deverá quebrar vícios como o de esperar respostas prontas dos professores
e tutores.
10) Autodidatismo, ou seja, a capacidade de estudar sozinho, sem a
cobrança de um professor ou uma lista de chamada – o discente da EaD
precisará identificar suas características pessoais e assim incrementar suas
próprias metodologias de aprendizagem.
11) Responsabilidade e pontualidade nas leituras, entrega de atividades e
realização de exercícios – geralmente o AVEA encerra a possibilidade de
postagem ou acesso a uma tarefa depois da data prevista pelo docente,
obrigando os alunos a se organizarem para cumprir as tarefas no prazo
proposto.
12) Persistência e perseverança diante das dificuldades de estudo que
surgirem – o aluno da EaD busca o contato constante com tutores,
docentes, colegas, amigo e familiares que o incentivem e ajudem a manter
em alta a vontade de concluir o curso.
13) Cooperação – no ensino superior a distância, a estratégia de formação
de equipes de estudo ajuda na resolução de problemas e dúvidas, pois um
estudante motiva o outro e serve de apoio fortalecendo laços afetivos que
tendem a facilitar a aprendizagem.
14) Superação dos bloqueios pessoais de aprendizagem – o estudante da
EaD está atento às condições que facilitam sua aprendizagem identificando,
por exemplo, qual o melhor local e horário de estudo em sua casa, entre
outras coisas. (HACK, 2009)

Ao iniciar um curso a distância, em muitos casos, os familiares e amigos não entendem


que serão necessários momentos de concentração para a realização de leituras e
atividades, caracterizada em algumas vezes por um sentimento de reclusão. Estes
familiares e amigos muitas vezes vão se sentir “deixados de lado” pelo aluno que
realiza esses estudos em EaD. Há de se ter uma sensibilidade por parte destes em
relação à compreensão da necessidade de se ter hora e local específico dedicado
exclusivamente aos estudos. Contudo, é necessário equilibrar esses momentos de
estudos com outros pontos do cotidiano como, por exemplo, o laser. O que você pensa
sobre isso? Já conversou com sua família e amigos sobre essa situação?

Tentando resumir o que se viu até o momento, identificam-se dois grandes


seguimentos (polos) de mudanças importantíssimas ao discente que optou em
ingressar em um processo de estudos em EaD e precisa organizar sua rotina,
conforme aponta Hack (2009):
[...] O primeiro polo aglutina as mudanças relacionadas a aspectos
instrumentais, como a necessidade urgente de introduzir criticamente e
94

criativamente as múltiplas tecnologias na prática cotidiana, nos mais


diversos ambientes, para potencializar o processo comunicacional. O
domínio mínimo de técnicas ligadas ao audiovisual e à informática é
indispensável em situações educativas cada vez mais midiatizadas, nas
quais a competência de interlocução via tecnologia se faz necessária para a
comunicação educativa dialógica com a equipe docente e com os colegas
das equipes de estudo. O segundo polo aglutina as mudanças reflexivas, do
pensamento, da epistemologia, que acontecem pela reflexão sobre os
conhecimentos humanísticos, metodológicos e didáticos necessários para
que o processo de ensino e aprendizagem seja realizado de forma crítica,
criativa e promova a construção autônoma e cooperativa do conhecimento.

Ter a habilidade de criar um método, ou seja, desenvolver um sistema de


procedimentos é importante para a promoção dos estudos a distância e ainda para
alcanças os objetivos almejados com qualidade e produtividade.
A intenção desse capitulo não necessariamente foi criar uma lista de
procedimentos para o aluno organizar os seus procedimentos de estudos em EaD.
O que se quis foi oportunizar a identificação do quão importante é a gestão
estratégica em um processo de ensino aprendizagem a distância, assim ampliando
as possibilidades de desenvolver um perfil de criticidade, criatividade, e autonomia e
cooperação, sendo esse perfil imprescindível a uma comunidade saudável. Assim o
aluno do EaD, segundo (HACK, 2004, 2009; MOORE; KEARSLEY, 2007; LITTO;
FORMIGA, 2008), poderá galgar melhores resultados em comparação ao aluno de
cursos presenciais.

Você percebeu a necessidade de organizar um espaço e horário para o


desenvolvimento qualitativo do seu processo de aprendizagem, aqui
proposto? Entende-se que serão necessárias em torno de 20 horas
semanais dedicadas aos estudos, assim, tenha bem definido em sua
agenda seus horários dedicados ao seu curso. No entanto, não deixe de se
divertir com seus familiares e amigos!

Em resumo, entende-se que o discente de cursos a distância tem um perfil


diferente dos discentes de cursos presenciais. A final de contas, em cursos a
distância, é bem maior a demanda por responsabilidade por parte do aluno, em ter
uma coordenação autônoma de seu plano de estudos, aliado a autodisciplina e
automotivação para continuidade no processo de sua formação acadêmica.
95

Na próxima unidade o foco será voltado para o papel do aluno na construção


do conhecimento a distância como elemento autônomo e reflexivo. Antes de
continuar com os estudos, reflita: você já dimensionou as diferenças entre os
processos educacionais presenciais e a distância e que será exigido que você
dedique boa parte do seu tempo e esforço para obter sucesso na modalidade
de estudos em EaD? È uma forma de estudos bastante diferente das quais
estamos habituados. Reflita sobre isso, pesquise na internet sobre essa
questão e quais as dicas para ser bem sucedido no estudo a distância. Depois
continue a leitura.

Sugerimos a leitura dos seguintes materiais para um maior aprofundamento nos temas:

BELLONI, M. L. Educação a distância. 2. ed. Campinas: Autores Associados,


2001.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
PALLOFF, R. M.; PRATT, K. Construindo comunidades de aprendizagem no
ciberespaço. Porto Alegre: Artmed, 2002.
96

1. Produza uma síntese de no máximo 15 linhas sobre o perfil dos alunos de EAD, e a importância
da mídia para o EAD.
.

Após a leitura do texto da Unidade 5 sobre ambientes digitais, discuta com


seus colegas sobre como estes ambientes digitais influenciam na
comunicação entre aluno e professor.
97

UNIDADE 06
Comunicação à
Distância

Fonte: https://mundoadistancia.wordpress.com/tag/comunicacao-a-distancia/
98

Introdução

Chegamos à última Unidade que compõe a disciplina Introdução à Educação


a Distância. Nessa Unidade 6 serão vistas algumas reflexões importantes para
efetivo ingresso nos processos educacionais que utilizam a EaD, pautados em
construí de modo continuo e ininterrupto o conhecimento. Essas informações podem
soar como novas, por isso sugere-se a contextualização dos discursos aqui
levantados à sua realidade junto com os demais alunos e professores.
Inicialmente, será apresentado um aprofundamento na compreensão dos
termos autonomia, cooperação e afetividade, dentro do contexto educacional. Será
ainda dado um estimulo ao contato com alguns autores que trazem reflexões no que
se refere a características distintas da construção de conhecimento em EaD.
Dando continuidade, serão abordados alguns termos característicos dos
ambientes virtuais de ensino aprendizagem, que muito são utilizados no ensino a
distância. Será discutido sobre o funcionamento de uma plataforma informatizada
utilizada para o ensino aprendizagem em EaD, e a utilização de modo crítico e
criativo dessa ferramenta de apoio nos processos educacionais a distância.
Dando sequência, será visto um estimulo ao pensamento sobre quais os
procedimentos para se organizar nas tarefas de estudo cotidianas para assim
otimizar o aprendizado a distância, com algumas dicas que podem ajudar na
construção de modo cooperativo, de uma agenda de estudos.
A última parte desta unidade C será para as considerações finais, um
momento de síntese dos principais pontos apresentados nesta Introdução ao Ensino
a Distância.
Muitos desafios ainda pela frente, então vamos aos estudos!

Boa leitura a todos!


99

Capítulo 1- Múltiplos Meios Tecnológicos na Educação

O autor Thompson (1998) relata que “o desenvolvimento das mídias criou o


contexto da historicidade mediada que torna o passado dependente das formas
simbólicas mediadas existentes e em crescente expansão”. O autor está indicando
que cada vez mais a população procura informações por meio de canais múltiplos,
tais como: jornais, revistas, livros, programas de tv, e nas últimas décadas ela
internet, entre vários outros meios que surgem ao longo dos anos.

Figura: Computação aplicada à EaD


Fonte: Internet

Lembre o conceito de mídia? Caso não volte a Unidade A e faça uma


recapitulação.

Mesmo que a tradição oral e a interação face a face continuem a desempenhar um papel
importante na elaboração da compreensão do passado, a compreensão pessoal do
mundo parece ser construída cada vez mais por conteúdos midiatizados. Tais conteúdos
dilatam os horizontes espaciais, pois não é mais preciso estar presente fisicamente aos
lugares onde os fenômenos observados ocorrem. (THOMPSON, 1998)

A evolução das mídias tornou os indivíduos globalizados, assumindo a


definição de cidadãos do mundo. Lugares antes tão remotos e distantes possuem
agora ligação à rede global que, em apenas um clique, podem acessar uma
infinidade de informações. No entanto, várias pessoas globalizadas e cosmopolitas
vivem em isolamento nas suas casas, com um sentimento de solidão.
100

Viver como cidadão do mundo e sentir-se isolado em casa é o grande paradigma


desses novos tempos. Você já pensou sobre isso? Reflita sobre sua lida cotidiana com
a tecnologia. Quem domina: você ou a tecnologia? Ainda aprofundaremos esse assunto
em outros momentos da nossa disciplina.

Se revisarmos historicamente a evolução da tecnologia, verificaremos que


essa mudança toda teve início com a revolução eletromecânica, que
possibilitou a produção e reprodução de linguagens – com destaque para a
impressão, a fotografia e o cinema – e ampliou exponencialmente o
crescimento da complexidade da midiatização do conhecimento. Tal
crescimento ficou mais acentuado ainda com as tecnologias da revolução
eletrônica – como o rádio e a televisão –, capazes de uma potência de
difusão muito maior. No contexto atual, quando se vivencia a passagem da
revolução eletrônica para a revolução digital a exponenciação da
complexidade da midiatização do conhecimento atinge múltiplas tecnologias
ao mesmo tempo e em proporções globais (SANTAELLA, 2001).

Midiatização, para esclarecer o conceito de midiatização, você precisa


compreender que uma pessoa midiatiza o conhecimento ao codificar as
mensagens e traduzi-las sob diversas formas, conforme a mídia
escolhida. Um exemplo são os materiais didáticos elaborados por uma
equipe multidisciplinar para cursos de EaD, que são disponibilizados aos
alunos em múltiplas mídias.

As tecnologias digitais aliam as tecnologias da informática com as telecomunicações e


possibilitam o armazenamento e a transmissão de texto, áudio, vídeo, etc., através de
computadores, redes e múltiplos acessórios, como o CD, DVD, pen-drive, telefone
celular, etc.

Pode se dizer então que a vida de modo geral foi modificada a partir da
revolução digital. Como exemplo cita-se o caso de moradores de uma comunidade
carente que precisa aprender a utilizar máquinas de autoatendimento em bancos
utilizando cartões magnéticos para o recebimento de benefícios sociais.

Com a educação não foi diferente: a rede de computadores subverteu a


clássica noção da comunicação de massa em que há um emissor da
mensagem e um receptor apenas e ampliou as possibilidades de
comunicação midiatizada do conhecimento. Através da internet, o processo
de construção do conhecimento entrou em um sistema de trocas em que as
pessoas aprendem entre si e produzem uma concorrência dos diferentes
pontos de vista (LÉVY, 2001).
101

No processo de construção de conhecimento no modelo a distância é


necessário o uso de variados tipos meios tecnológicos didáticos, que podem partir
do ensino por correspondência até cursos interativos online via internet.

Muita coisa até agora não é mesmo? Sugerimos agora que você faça uma
pausa e pesquise na internet sobre o que vimos no começo desta unidade.
Você pode utilizar a nossa biblioteca virtual para ter acesso a diversas obras
sobre o tema EaD. Quando concluir a sua pesquise compartilhe um pouco
sobre o que você encontrou com os seus colegas e professores.

1.1- O uso de tecnologias diversas na educação brasileira

A mídia é um instrumento rico de possibilidade de utilização em diferentes


vertentes, devido o seu grande potencial em alcançar grandes massas
populacionais.
Desde o início do século XX a mídia tem sido alvo de estudo de
diferenciadas correntes de análise que, em sua maioria, entendem o
processo comunicacional como integrador das sociedades humanas e como
o fator que possibilitará a gestão das multidões humanas (MATELLART;
MATELLART, 1999; BERLO, 1999).

Desse modo, estudar os meios sociais de comunicação pode ser visto sobre
vários ângulos: tecnológicos, linguísticos, históricos, educacionais, entre outros.
Na retrospectiva histórica sobre a introdução da mídia nos processos
educativos em nosso país, fica notório que o método que se utiliza da
correspondência assincrônica precedeu a forma sincrônica conseguida por
meio do surgimento e da utilização de mídias, como a televisão e o rádio.
Entretanto, é certo que atualmente tanto a sincronia quanto a assincronia
nos estudos via tecnologia são permitidas com o computador (HACK, 2009,
2010).

Se ficar alguma dúvida sobre os conceitos de comunicação síncrona


e assíncrona, releia a Unidade A.

Pegando o gancho desta discussão em que foram introduzidos os conceitos


básicos sobre o uso das mídias contemporâneas na educação, segue alguns
exemplos de como o cinema, rádio, televisão, computador, teleconferência,
102

videoconferência e webconferência são utilizadas no processo de ensino


aprendizagem aqui no Brasil.

1.1.1 Cinema

O uso do cinema como meio educacional no Brasil ganhou intensidade no


século XX, a partir da defesa nos segmentos sociais dessa metodologia, como: o
regime nacionalista, alguns setores da Igreja Católica e professores da Escola Nova.
Essa ideia conhecida como cinema educativa teve defesa em diversas publicações
diárias, revistas especialistas em cinema, e livros como os de Joaquim Canuto de
Almeida, Cinema contra Cinema, publicados em 1931.

Foto: Programa Cine-Educação da Cinemateca Brasileira


Fonte: Internet

A Escola Nova foi um movimento de renovação do ensino na Europa e na América,


na primeira metade do século XX. No Brasil, o movimento era visto como a
alternativa que possibilitaria ao país acompanhar o desenvolvimento industrial. Em
obras sobre didática, você poderá encontrar mais informação sobre a Escola Nova.

Quando Getúlio Vargas assume o poder em 1930, ele logo percebe a


ascensão e a corrente popularização de meios de comunicação social,
como o rádio e o cinema. Assim, ele inicia um intenso contato com
organizações que obtiveram enorme sucesso na produção de filmes
educativos de caráter nacionalista na Itália (L’Unione Cinematografica
Educativa –LUCE –, criada por Mussolini com o intuito de se transformar em
um Instituto Internacional de Cinema Educativo) e na Alemanha (Universum
103

Film Aktien Gesellschaft – UFA –, que produzia os Kulturfilms, filmes


documentais e didáticos). No início da década de 1930, os produtores
cobravam do governo brasileiro uma postura semelhante à adotada por
países europeus que priorizavam a produção nacional em detrimento do
cinema estrangeiro. Era comum encontrar elogios à política audiovisual
nacionalista de Hitler e Goebbels como uma forma de legitimar algo do
mesmo gênero no Brasil (HACK, 2010).

Registros históricos descrevem que o incentivo ao desenvolvimento de


filmes para a educação no Brasil, surgiu com o Decreto nº 21.240, de 1932. Mas
esse processo só tomou fora em 1936, quando Vargas criou o INCE – Instituto
Nacional de Cinema Educativo. O primeiro presidente do INCE foi Humberto Mairo,
cineasta que também foi diretor de boa parte das produções cinematográficas do
instituto. O autor Schvarzman (2004) relembra o histórico filmográfico do diretor
Mauro no INCE, totalizando 357 produções de 1936 a 1964, divida em dois
momentos:
 Primeiro momento – de 1936 a 1947: período que coincide quase em
sua totalidade com o Estado Novo de Getúlio Vargas, quando o INCE
estava sob a tutela de Roquette Pinto, que era a pessoa que definia os
temas. São realizados 239 filmes;
 Segundo momento – de 1947 a 1964: são produzidos 118 filmes, não
mais sob a influência de Roquette Pinto. A partir de 1950, o INCE perde
força no cenário educativo e no próprio governo.

Quando Roquette Pinto assumiu a coordenação do INCE, entre 1936 a


1947, as produções passaram a ser realizadas conforme solicitações externas,
principalmente pelo governo da época. Conforme a autora Schvarzman (2004):
[...] as gravações eram feitas com o apoio de especialistas e personalidades
de destaque do estado getulista: Affonso de Taunay (Museu Paulista),
Agnaldo Alves Filho (Instituto Pasteur), Vital Brasil, Carlos Chagas Filho e
Heitor Villa-Lobos, distribuídos em quinze categorias na produção do INCE:
1) divulgação técnica e científica; 2) preventivo-sanitário; 3) escolar; 4)
reportagem; 5) oficial; 6) educação física; 7) vultos nacionais; 8) cultura
popular e folclore; 9) riquezas naturais; 10) locais de interesse; 11) pesquisa
científica; 12) artes aplicadas; 13) meio rural; 14) atividades econômicas;
15) outros. Os filmes eram pensados para uso educacional, mas não
mostravam ligações com programas pedagógicos.

O coordenador e diretor Humberto Maura acreditava na base de princípios que


orientada as criações do INCE, que visavam as necessidades educacionais da
população. Para ela as produções deveriam transmitir a realidade do Brasil,
disseminando assim a nacionalidade dessa nação. Através do cinema, acreditava
ele ser possível ter conhecimento de costumes, riquezas, e economia das diferentes
regiões brasileiras.
104

Schvarzman (2004) relembra que em 1961 o INCE passou a ser dirigido por
Flávio Tambellini que removeu o aspecto educacional do instituto e o transformou
em Instituto nacional de Cinema no ano de 1966, deixando de lado as produções de
filmes com temáticas educacionais.

1.1.2 O Rádio e os dispositivos de áudio

Apesar do crescente desuso do rádio, este dispositivo ainda é um meio de


comunicação de largo alcance e pode ser utilizado para diversos fins utilitários.

A mídia radiofônica oferece as seguintes vantagens: a) cobre uma vasta


região geográfica; b) é de fácil transporte; c) não depende da existência de
instalações de energia elétrica. Geralmente os automóveis possuem
aparelhos de rádio que nos fazem companhia quando ficamos algumas
horas em viagens ou nos congestionamentos das zonas urbanas. Além
disso, a dona de casa, a criança, o adolescente, a faxineira, o pedreiro;
enfim, quem quiser, pode ter ao seu lado o “radinho” como companhia em
suas atividades. Afinal, o rádio está disponível em dispositivos cada vez
menores, inclusive em celulares (HACK, 2009).

O rádio devido ser um instrumento de comunicação versátil e de largo


alcance passou então a ser utilizado no processo ensino aprendizagem da Ead. No
Brasil, o inicio da radiodifusão para fins educativos foram com Edgard Roquette
Pinto e alguns amigos em 1923, fundaram a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro,
operada inicialmente pelo Departamento de Correios e Telégrafos, órgão
responsável pela transmissão dos programas temáticos de literatura, radiografia e
telefonia, línguas, literatura infantil, e outros interesses diversos da comunidade. A
emissora foi doada para o Ministério da Educação em 1936.

Nas décadas de 1950 e 1960, também foram feitas experiências com


radiodifusão educativa, mas os projetos naquele período não tinham
continuidade e foram interrompidos por motivos como a falta de
infraestrutura financeira ou administrativa e a ausência de avaliações
sistemáticas das propostas (NISKIER, 1993).
105

Figura: Radio e Microsystem


Fonte: Internet

Piovesan (1986), historiador do rádio no Brasil, relata que a tentativa de


erradicação do analfabetismo foi feita várias vezes ao longo da história do rádio no
Brasil, conforme observado nas seguintes experiências regionais:
 Movimento de Educação de Base (MEB), em 1961;
 Fundação Educacional Padre Landell (FEPLAN), em 1967;
 Fundação Padre Anchieta (FPA), em 1967;
 Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), em 1969.
Na década de 1970, tivemos um projeto de iniciativa da Rádio MEC, o
Projeto Minerva, que tinha o intuito de proporcionar a interiorização da
educação básica, buscando suprir as deficiências que existiam na educação
formal em regiões onde o número de escolas e professores era escasso.
Pelo projeto, pretendia-se preparar os radiouvintes para provas de exames
supletivos como os antigos “exames de madureza”. A proposta do Projeto
Minerva teve alguns resultados negativos, como: a) a flutuação de
matrícula; b) a evasão; c) a impossibilidade de avaliar o rendimento dos
alunos (HACK, 2009).

Hoje, o rádio é pouco utilizado como opção de cursos em EaD, mas ele faz
parte das diversas alternativas que permitem aos alunos o alcance do conhecimento
midiatizado. Na história do EaD no Brasil, há relatos de momentos em que foram
produzidos materiais exclusivos para disseminação através desse veiculo de áudio
com bons resultados, tais como radionovelas com conteúdos didáticos.
Encerrando esse capitulo, ressalta-se que hoje o acesso ao rádio ou
arquivos de áudio pode ser feito por diversos aparelhos muito pequenos, inclusive
pelo celular, facilitando a sua locomoção para lugares diversos em que você pode
executar a sua tarefa e ouvir os conteúdos simultaneamente, como quando estiver
se exercitando ou no ônibus, o estudante pode ouvir o áudio de determinado
106

conteúdo de disciplinas. Isso identifica que o rádio ou arquivos de áudio na EaD


pode ser visto como diferencial em determinados momento do curso, conforme as
características dos alunos.

Este capítulo trouxe um breve histórico sobre como o radio foi inserido
no contexto educativo da EaD no Brasil. Esses casos relatados servem
como ponto de reflexão sobre o uso de múltiplas formas tecnológicas
no processo de ensino aprendizagem. Você pode ir mais além nos seus
estudos sobre o uso do rádio e arquivos de áudio na EaD pesquisando
diversos projetos governamentais e privados que utilizam esses meios.
O site do Ministério da Educação é um excelente ponto de partida
(www.mec.gov.br).
Boa pesquisa!

1.1.3 A Televisão

Os brasileiros, em sua maioria, tem muita estima pela televisão desde muito
pequenos. No arranjo das casas a televisão é instalada em local de destaque e em
muitas casas há mais de um aparelho, distribuídos por diversos cômodos. Quando o
seu programa predileto está sendo exibido, muitos brasileiros cancelam outros
compromissos para poder assisti-lo. Isso é característica que define como a
televisão está inserida no cotidiano das pessoas e por esse motivo há grande
possibilidade de sucesso nas investidas do seu uso em EaD, se utilizada de forma
adequada.
Na interpretação do autor Hack (2009), o uso da televisão no processo
educativo, tanto privado quanto no público, deve estar envolvido sobre um olhar
critico e criativo para assim poder resultar em experiências construtivas.
Para Litto (1986),

[...] a televisão educativa deve envolver o desenvolvimento da mente e do


poder imaginativo do espectador. No entanto há uma diferença entre a
televisão educativa e a não educativa: a primeira tem o direito de transmitir
apenas os conteúdos que representam um passo à frente para o
espectador, enquanto a segunda reforça aquilo que é banal, de
conhecimento público e consequentemente não obriga a mente a trabalhar.
107

Fazendo um retrospectivo histórico da utilização da televisão no Brasil em


processos educativos, nos deparamos com a experiência iniciada em 1962 na
preparação de jovens e adultos para avaliações dos exames supletivos do antigo 1º
Grau, também nomeada de “Exame de Madureza”. Esse projeto era oficialmente
denominado de Universidade da Cultura Popular, e desenvolvia videoaulas na antiga
TV Tupi, e tinha como patrocinadora a empresa Shell. Na década de 1960, surgiu a
Televisão Universitária do Recife com administração da Universidade Federal de
Pernambuco, emissora com exclusiva finalidade de propagar conteúdos educativos.

Foto: Projeto Tv Escola – Fundação Catarinense de Educação


Fonte: Blog tvescolasaltofcee

A Fundação Centro Brasileiro de Televisão Educativa foi fundada em 1967 e


a partir de 1973 foi outorgada canal televisivo com a nova denominação de
Televisão Educativa – TVE.
Os Telecursos, desenvolvidos através da Fundação Roberto Marinho em
parceria com a Fundação Padre Anchieta, foram exemplos bem sucedidos no uso
da televisão como meio educacional a distância no Brasil.

O primeiro Telecurso da Fundação Roberto Marinho foi lançado em 1978 e


sofreu importantes remodelações em dois momentos: 1) em 1994 e 1995,
passando a se chamar Telecurso 2000; 2) em 2006, passando a se chamar
Novo Telecurso. O público-alvo dos programas são os milhões de
brasileiros acima de 15 anos que por algum motivo foram excluídos do
sistema regular de ensino fundamental e médio (HACK, 2009).
108

A proposta sistematiza o ensino produzindo e distribuindo fascículos


semanais, com o intuito de preparar o aluno especialmente para os exames
supletivos oficiais. A primeira versão do Telecurso foi lançada no estado de
São Paulo, em janeiro de 1978, mas a experiência assumiu caráter
nacional, com o envolvimento de emissoras de televisão educativas e
comerciais (NISKIER, 1993).

Aqui no Brasil foi lançada uma proposta que faz uso de um canal de
televisão exclusivamente para transmissão de conteúdos educacionais que é a TV
Escola, implantada em 1995 com a distribuição de equipamentos e materiais para as
escolas públicas com mais de 100 alunos. Esses materiais foram denominados de
kit tecnológicos composto de: televisor, antena parabólica, videocassete e fitas VHS.
Inicialmente, previa-se que as programações iriam partir de um canal de
televisão em circuito fechado, voltado para a escola brasileira. O intuito era
que cada instituição de ensino público, dotada do kit tecnológico, gravaria
os programas repassados pela TV Escola e utilizaria esse material como
uma biblioteca audiovisual. Entretanto, em matéria publicada pela Folha de
S. Paulo no dia 23 de fevereiro de 1997, o então secretário de Educação a
Distância do MEC, Pedro Paulo Poppovic, reconheceu que o projeto TV
Escola cometeu alguns equívocos. O principal deles foi o envio dos kits
tecnológicos antes mesmo de preparar os professores e sem ter
informações precisas sobre as condições das escolas para adequar o
projeto às realidades específicas (HACK, 2009).

Em 2006, o MEC atualizou o programa que passou a ser denominado de


DVD Escola, visando potencializar o uso da TV Escola. Para isso foi ofertado às
escolas públicas de educação básica: aparelho de DVD, 50 mídias em DVD, que
contem compilações de partes da programação da TV Escola.

Dados do MEC constam que até 2010, 75 mil escolas públicas já receberam o kit DVD
Escola, com cerca de 150 horas de gravações de programas educacionais.

Há outros exemplos nacionais do uso da televisão como instrumento didático


de ensino, tais como: Sistema Nacional de Emissores Educativas, TV Educativa,
Canal Futura, entre outros.
Percebe-se que o uso da televisão é imprescindível como meio facilitador de
transmissão de conteúdo educativo devido a sua grande interação com o cotidiano
das pessoas, no entanto vale a avaliação sobre a melhor maneira de realizar esse
processo desafiador.
109

1.1.4 O Computador

A flexibilização e amplitude de uso e recursos tornam o computador um forte


recursos tecnológico no processo educativo. A possibilidade de reunir várias mídias
e acessórios em um só equipamento faz do computador uma grande ferramenta do
professor e do aluno na EaD. Com ele é possível transmitir aulas completas ou
conteúdos específicos para alunos de localidades distantes da instituição de ensino,
por diversos meios: Ambientes Virtuais de Ensino e Aprendizagem, sites diversos,
DVD, e CD, desenvolvidos para que o aluno possa acessar as atividades indicadas
pelos professores.

Figura: O computador da educação


Autor: Weldalei – Fonte: Internet

As primeiras tentativas de adaptação da informática para uso na educação


foi feito com crianças em um projeto de iniciativa da UNICAMP – Universidade
Estadual de Campinas. Em 1975, Armando Valente, professor da Faculdade de
Educação da UNICAMP, visitou o MIT - Massachusetts Institute of Technology, nos
Estados Unidos, com o objetivo de conhecer como o computador era utilizado na
educação infantil, em seguida a experiência foi iniciada aqui no Brasil.
Pegando impulso sobre a onda que estava surgindo em vários países, em
especial nos Estados Unidos, em incluir computadores no processo educacional, o
governo do Brasil em 1979, criou a Secretaria Especial de Informática, visando além
110

do debate, também a viabilização do uso da informática nas escolas apoiada pelo


MEC, CNPG e FINEP.

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) é uma


agência do Ministério da Ciência e Tecnologia que financia pesquisas e oferece
bolsas de estudos. Os recursos do CNPq são distribuídos por editais e contemplam
desde a iniciação científica até o pós-doutorado. O site do CNPq é: www.cnpq.br.
Já a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) é uma empresa pública, também
vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que surgiu para institucionalizar o
Fundo de Financiamento de Estudos e Projetos. A empresa financia projetos
ligados à ciência, tecnologia e inovação através de chamadas públicas voltadas a
empresas, universidades, institutos tecnológicos e outras instituições públicas ou
privadas. O site da FINEP é: www.finep.gov.br

O MEC em parceria com diversos outros órgãos governamentais criou em


1984 o projeto EDUCOM, com o objetivo de estimular a pesquisa e formação de
equipes para futuramente informatizar as escolas públicas de ensino. Vinculado a
este projeto, foi criado o FORMAR I em 1986 em parceria com a UNICAMP, visando
a capacitação de professores, através de suporte técnico dado às secretarias
estaduais, escolas de ensino técnico e universidades. Devido à boa repercussão
desse projeto pioneiro, foram criados ainda vários centros de informática em
diversos outros estados.
Em 1996, o MEC anunciou o Projeto Especial de Informática, que pretendia
disponibilizar ao menos 10 computadores em cada escola com mais de 300
alunos. O projeto foi alvo de críticas da imprensa e de especialistas,
levando-o a várias revisões, principalmente porque previa a compra e
distribuição dos computadores antes do treinamento dos professores. Em
1997, o Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO), da
Secretaria de Educação a Distância do MEC, estabeleceu diretrizes para
iniciar o processo de universalização do uso de tecnologia de ponta no
sistema público de ensino. Para tanto, enfatizou a capacitação dos docentes
que utilizariam os recursos e propôs a implementação descentralizada do
programa, para evitar riscos por ignorar peculiaridades locais (HACK, 2009).

O uso de computadores, conforme esses fatos históricos relatados recebeu grande


incentivo por parte do governo conforme os projetos aqui destacados. No site do
Ministério da Educação você pode encontrar o histórico de diversas outras
propostas. www.mec.gov.br
111

1.1.5 Teleconferência, Videoconferência e Webconferência

Foi apresentado até aqui algumas das experiências no Brasil do uso do


cinema, rádio, televisão e computador como ferramentas de um processo educativo
em EaD. Em seguida serão apresentadas três tecnologias amplamente utilizadas na
EaD e suas definições: teleconferência, videoconferência e webconferência.
Antes de continuarmos com o tema, é importante observar o que o autor
Hack (2010), destaca sobre alguns cuidados necessários à produção de recursos
audiovisuais a serem utilizados na EaD, que são:
 planejar o momento audiovisual com antecedência elaborando um roteiro
para potencializar o tempo disponível e organizar as estratégias a serem
empreendidas;
 respeitar os direitos autorais de imagens, sons, vídeos e outros recursos
que serão utilizados e porventura possam ter restrição de uso;
 visitar, com antecedência, a sala onde será a gravação de áudio e vídeo
para conhecer o local e se ambientar, aproveitando para pegar dicas sobre
vestuário e maquiagem com os técnicos;
 testar na sala de gravação apresentações, esquemas, tabelas, imagens
e demais ilustrações, para verificar como será a recepção na tela,
observando aspectos como cores, tamanho de fonte, quantidade de
informação, entre outros (HACK, 2010).

Os autores Litto e Formiga (2008) relataram em suas publicações o uso da


teleconferência, videoconferência e webconferência em projetos brasileiros de EaD.

Teleconferência

A teleconferência possui algumas peculiaridades e sua estrutura de produção e


difusão geralmente envolve três momentos distintos: a) a gravação da
conferência ao vivo em um estúdio de televisão; b) a transmissão, em sua maioria
via satélite; c) a recepção, geralmente via rede aberta de televisão ou por antena
parabólica, podendo ocorrer em tele centros, com a presença de tutores que
mediarão a discussão da temática. Em termos de organização de tempo e
estrutura de execução, as teleconferências geralmente seguem um padrão: a)
iniciam com uma palestra, entrevista ou debate entre um grupo de preletores; b)
na sequência, cria-se a possibilidade de participação da audiência, com
perguntas ou opiniões, por meio de telefone, fax ou e-mail (HACK, 2010).
112

Foto: Teleconferência da CaboPrev


Fonte; Internet

A partir da videoconferência, está cada vez mais em declínio o uso da


teleconferência devido a sua falta de interatividade entre os interlocutores, ou seja,
quem está transmitindo a conferência não vê os que estão na audiência. No entanto,
esse método é utilizado em várias situações por instituições diversas como: bancos,
faculdade, etc. e situações onde não há a necessidade de deslocamento do
palestrante e, lugares distantes.

Videoconferência

Como já foi dito, a característica diferenciadora entre teleconferência e


videoconferência é que nesta segunda forma há a possibilidade de desenvolver uma
conversa em duas vias, ou seja, os envolvidos conseguem ser ver e ouvir
simultaneamente. Essa situação beneficia a interação que possibilita tirar possíveis
dúvidas em tempo real.
113

Foto: Videoconferência da Hopetech


Fonte: Site Hoptech

Existem pelo menos duas formas básicas de ser realizada uma


videoconferência: o primeiro formato chama-se ponto a ponto, fazendo a ligação
somente entre duas salas. O segundo formato chama-se multiponto, que liga três ou
mais salas.
Na transmissão multiponto, é preferível que haja o gerenciamento da
videoconferência no local onde se encontra o professor. Assim, mesmo que
todos os demais locais possam enviar som e imagem para os outros polos
integrantes, haverá uma ordenação gerencial. Se uma videoconferência é
realizada com muitos polos ao mesmo tempo, o professor ou gerenciador
precisará interagir de maneira dinâmica com todos os locais, para que se
mantenha a motivação (HACK, 2010).

Webconferência

Na webconferência há várias semelhanças com a videoconferência, uma vez que


possibilita a todos os envolvidos que se ver e ouvir. Em uma webconferência, a
transmissão é feita via internet e pode ser acessada por qualquer integrante do grupo
por um computador que esteja conectado e que tenha uma câmera e microfone para
poder utilizar os recursos disponíveis. Há, no entanto outras formas de interação que
substituem o microfone e câmera, tal como ferramenta de mensagens de texto,
encontradas na própria plataforma da webconferência.
114

Foto: Webconferência da CELEPAR


Fonte: Site da Celepar

Um dos componentes em uma webconferência é o gerenciador, que pode


habilitar ou desabilitar vídeos, áudios, e mensagens de texto de qualquer um dos
participantes ou até mesmo de todos simultaneamente. Ele também pode habilitar
para os temais participantes várias ferramentas assim como em uma lousa digital,
como: documentos, figuras, apresentações, vídeo, áudios, sites e a tela do
computador o comandante da sala. Em muitos casos, o professor da disciplina é
quem assume o papel de gerenciador da sala de wedconferência, devido à utilização
das ferramentas e recursos ser de fácil aprendizado para os que já conhecem pelo
menos o básico de um AVEA.

1.1.6 Muitos outros “ê”s.

Esse título é apenas uma ilustração sobre os muitos termos da atualidade,


que neles antecedem o “e” que se refere a “eletrônico”, como: e-mail, e-learning, e-
messenger, e-gov, e-social, etc. A possibilidade do uso de recursos eletrônicos são
múltiplos e estão em constante evolução com o avanço dos recursos existentes e o
surgimento de novas tecnologias. No entanto, a eficiência na utilização desses
múltiplos meios tecnológicos e de suas ferramentas na educação merece uma
115

ampla discussão e analise pelas equipes responsáveis por sua produção e


gerenciamento.
Como se viu, o cinema, rádio, televisão, computador, teleconferência,
videoconferência e webconferência, e vários outros recursos tecnológicos,
possibilitam dinamizar os processos educacionais na EaD, pois:
[...] quebram a monotonia; exemplificam a temática com recursos diferentes
(texto, áudio, imagem, etc.) e tornam mais claros os objetivos de
aprendizagem propostos pelo docente; motivam os estudantes a dar
continuidade aos estudos, pois os estimulam a ampliar as reflexões em
outros materiais; ampliam e amplificam as possibilidades de comunicação
(HACK, 2010).

O autor Peteres (2001) indica que “o primordial é a maneira como se


combinam as funções do comunicar, do explicar e do orientar nos textos didáticos.
Por isso, eles precisam estar estruturados adequadamente, com vistas às
necessidades cognitivas dos estudantes”.
Para que isso seja possível, é necessário observar:

[...] a necessidade de todos os envolvidos dominarem a tecnologia,


sujeitando-a aos objetivos pessoais ou coletivos, sem se deixar escravizar;
a importância do uso crítico, criativo e contextualizado das múltiplas
tecnologias que nos cercam (HACK, 2009).

Os materiais didáticos na modalidade EaD podem ser disponibilizados em diversos


formatos: vídeo, áudio, impressos, etc. O que importa é que o recurso possa auxiliar
o aluno nas suas estratégias e necessidades de estudo, conhecendo a sua dinâmica
de aprendizagem, ou seja, a sua cognição. Os meios tecnológicos são apenas meios
de um grande processo de construção de conhecimento em EaD.

Capítulo 2 - Construindo o conhecimento na EaD

Já vimos que há múltiplos meios tecnológicos a disposição na EaD e estes


estão a cada dia sendo mais utilizados e integrados. Textos impressos, produções
audiovisuais e ambientes virtuais “libertaram” os alunos e professores da
obrigatoriedade da frequência em sala de aula de modo presencial, de modo a levar
a educação onde o aluno estiver e de acordo com a sua conveniência de tempo.
Conforme Rumble (2000),
[...] a pressão para a adoção de múltiplas tecnologias no processo de
construção do conhecimento a distância surge de três fatores intimamente
ligados à comunicação necessária entre os interlocutores, quais sejam:
116

proporcionar diálogo interativo com a maior rapidez possível; criar


oportunidades para a interlocução e a interatividade; e ampliar cada vez
mais a velocidade na comunicação educativa a distância.

Figura: Construindo o conhecimento


Fonte: Internet

Conforme Silva (2003) a interatividade se caracteriza por sua complexidade na


informática, no ciberespaço, na teoria da comunicação e em outros aspectos.
Para este autor, há pelo menos três inerentes à interatividade: 1) a participação-
intervenção, em que participar não é apenas responder “sim” ou “não”, mas
significa modificar a mensagem; 2) a bidirecionalidade-hibridação, que entende o
processo comunicacional como produção conjunta e cocriação entre emissor e
receptor; 3) permutabilidade-potencialidade, que aponta para a comunicação em
múltiplas redes articulatórias de conexões, com liberdade de troca, associação e
significação.

Percebe-se daí que na comunicação é inerente à existência da interação,


baseada no que diz Silva (2003) quando ele relata sobre a transição lógica da
distribuição que se baseia na transmissão e na receptividade. Essas transições
demandam novas estratégias e diferentes formas de utilização dos recursos
tecnológicos de modo a propor uma comunicação bilateral dialógica.

Figura: Caminhos da EaD


Fonte: Internet
117

Conforme Rumble (2000) consegue-se então delimitar as fases e que foram


promovidas buscas por tecnologias que permitissem a interlocução entre os
envolvidos na Ead, que são:
 1ª fase – Educação por Correspondência: Processo comunicacional entre as
partes via material impresso ou escrito à mão (Final e Inicio do século IX);
 2ª fase – Transmissões radiofônicas e televisivas: Processo comunicacional com
tecnologia da rádio e tele difusão (Início do Século XX)
 3ª fase – Uso de Tecnologias Multimídias: Processo comunicacional por meio de
textos, áudios e vídeos simultaneamente. (Metade do Século XX)
 4ª fase – Conferências mediadas por computadores: Utilização de
webconferências, e-mails, bando de dados, bibliotecas virtuais, ambientes virtuais,
etc. (Década de 1990 até os dias atuais).
 5ª fase – Uso de personagens virtuais “inteligência artificial”: Processos
comunicacionais que envolvem sistemas de respostas inteligentes baseados no
campo da inteligência artificial. (De hoje em diante)
Os agentes e sistemas de respostas inteligentes abordam os usuários
chamando-os pelo nome e identificam quais os caminhos trilhados no
ambiente virtual antes da dúvida se estabelecer. Assim, utiliza um processo
de comparação para identificar a estratégia que levará o aluno a resolver o
impasse pelo qual está passando. As mascotes virtuais podem ser
acessadas sempre que necessário, criando inclusive rotinas de abordagem
pelas quais o usuário pode definir os momentos em que não quer ser
interpelado pelo agente virtual (HACK, 2010).

Essa cronologia de fases da EaD apresentada está baseada nas mudanças


proporcionadas pelo uso de ferramentas tecnológicas nos processos educacionais
nesta modalidade a distância. Há, no entanto de observar que o acesso a recursos
tecnológicos é paulatino de acordo com o contexto regional de cada localidade então
é possível a coexistência ainda hoje de várias características dessas fases
apresentadas. Haverá momento em que uma determinada mídia seja desenvolvida
para um curso a ser ofertado em algumas localidades, e em outros contextos
regionais o mesmo curso demande por apenas materiais impressos.
Pelo que se viu, adotar múltiplos meios tecnológicos possibilita a
personalização e particularização dos processos de construção do conhecimento. É
necessária então a contextualização dessas ferramentas tecnológicas de modo a
permitir que os participantes do processo possam favorecer o processo de ensino
aprendizagem. No entanto, há um cenário diga-se “ideal” para potencializar os
118

recursos da EaD, que seria um ambiente com todas as tecnologias necessárias e


uma conexão rápida. Dessa forma na comunicação educativa em EaD, será
somente física essa distância, pois todos os envolvidos virtualmente estarão
conectados e poderão construir um processo comunicativo dialógico.
Peters (2001) observa que,
[...] é certo que as tecnologias inovadoras podem trazer possibilidades de
mediação cada vez mais imediatas da informação, mas ao mesmo tempo
adicionam complexidade ao processo, pois há dificuldades a serem
vencidas para uma utilização de múltiplas mídias como potencializadoras do
processo de construção do conhecimento. Muitos anos se passarão até que
alcancemos o domínio das possibilidades tecnológicas na EaD e muitos
empecilhos precisarão ser vencidos.

A internet é um prático caminho até a informação e um excelente meio de


comunicação, devido ela integrar: telefone, rádio, televisão, e textos, possibilitando
ainda àquelas que eram apenas passivos no processo comunicativo, agora poderem
se manifestar.
O autor Hack (2010), relata que,
[...] A internet é uma área em que a evolução tecnológica é constante, a
forma de ensinar e aprender a distância poderá ganhar, em breve,
contornos e dimensões nunca antes imaginadas. Se bem aplicadas, tais
características tornarão a aprendizagem mais atraente e eficiente para o
estudante, enquanto ao docente se apresentará a possibilidade de
ampliação do espaço de escolha e gestão de novas práticas didáticas
(HACK, 2010).

Veja que as transformações e atualizações tecnológicas com suas constantes


inovações fazem obsoletos vários equipamentos que passam a ser considerados
antigos e ultrapassados. No entanto, para várias pessoas algumas dessas tecnologias
obsoletas ainda continuam sendo consideradas como “novas”, como no caso de um
adolescente perceber um televisor analógico como ultrapassado e outra pessoa de 70
anos, que acompanhou todo o processo de introdução da televisão no Brasil, ainda
poder considerar como “nova” mesmo que tecnologias digitais já estejam presentes
em diversos lares com o exemplo da TV Digital e do computador. Pesquise mais na
internet sobre inovações tecnológicas e sua evolução ao longo do tempo.

Em resumo, o processo de ensino aprendizagem cada vez mais tem sido


enriquecido de recursos tecnológicos devidos a essas características técnicas de
interação e permite uma grande variedade de métodos tanto os mais rudimentares
quanto os mais avançados. A grande quantidade de recursos midiáticos como: e-
mail, sites, ambientes virtuais, etc. proporcionam uma grande facilidade de
119

gerenciamento do processo de desenvolvimento do conhecimento em EaD, devido à


possibilidade de combinação e flexibilização da interação humana com variação de
tempo e espaço.
No debate que se segue sobre o uso de múltiplos meios tecnológicos em
experimentos educacionais está em questão o seu uso potencial na construção do
processo de conhecimento a distância. O futuro nesse contexto virtual e tecnológico
é incerto por vários motivos: financeiro, logístico, ideológico e pedagógico. No
entanto, aos que pretendem aventurar nessa modalidade EaD, são necessários
diversas adequações técnicas como já visto, algumas vezes onerosas
financeiramente, bem como com vários outros pontos de questão no que se refere
ao tempo necessário a ser dispendido dos envolvidos sobre procurar conhecer os
recursos midiáticos e acostumar-se com a experiência. Destaca-se então o quão
importante é se ter senso crítico e criatividade para desenvolver um equilíbrio na
compreensão sobre as mudanças que viram sobre o novo formato de construir
conhecimento a distância com o uso de múltiplas tecnologias.

Capítulo 3 - O Processo Dialógico na EaD

Os muitos recursos tecnológicos provocam constantes mudanças no


processo de comunicação e estas impactam a educação trazendo desafios
significativos às práticas educacionais dentro e fora de sala de aula. Alguns teóricos
em EaD apontam que:

[...] a comunicação dialógica é a tônica das boas propostas de construção


do conhecimento a distância. Isso significa que a simples difusão de
conceitos não é suficiente para se instaurar o processo de ensino e
aprendizagem. Então, vamos entender o que é comunicação dialógica na
EaD, partindo da compreensão de como funciona o processo
comunicacional. (PRETI, 2000; PETERS, 2001; MOORE; KEARSLEY,
2007).
120

Figura: Estilos de aprendizagem e tecnologia


Autora: Daniela Melaré – Fonte: Internet

Bodenave (1998) também elucida esta concepção de conhecimento quando


diz que este é:
[...] um processo natural, uma arte, uma tecnologia, um sistema e uma
ciência social. A comunicação pode tanto ser o instrumento legitimador das
estruturas sociais como também pode ser a força contestadora e
transformadora. O processo comunicacional pode ser instrumento de
autoexpressão e de relacionamento pacífico entre as pessoas, ao mesmo
tempo em que pode ser um recurso de opressão psicológica e moral.
Através do processo comunicacional as pessoas dialogam, lutam, sonham,
choram, amam e constroem o conhecimento a distância.

Com base nessas palavras introdutórias sobre o processo comunicacional,


destaca-se também a necessidade da interação (feedback), que o autor Berlo (1999)
destaca como sendo:
[...] um “bom” efeito na comunicação humana, pois, ao se comunicar, a
pessoa constantemente procura o feedback. Em outras palavras, o
feedback é um processo de conferência da informação: o emissor busca
certificar-se de que conseguiu codificar corretamente a mensagem e que o
interlocutor decodificou-a da forma desejada pelo emissor.

Os pensamentos de Freire (1997) sobre a definição do que vem a ser


processo comunicacional, entende-se como uma filosofia que se volta à troca entre
os envolvidos no processo educacional, de suas inspirações culturais.
O pensamento do educador brasileiro Paulo Freire obteve difusão e
repercussão mundial, pois abriga a proposta de que a educação deve ser
um processo revelador e habilitador, ou seja, uma permanente descoberta,
um movimento para e pela liberdade, no qual o processo comunicacional é
imprescindível e inseparável. Acrescentar o pensamento de Freire em
nossa definição significa colocar subjacente a perspectiva de uma prática
comunicacional educativa voltada ao gerenciamento do processo de ensino
e aprendizagem de forma crítica e criativa, na transformação social (HACK,
2009).
121

Apresentou-se até aqui vários autores que trazem as suas


concepções sobre diversos aspectos sobre o processo de
ensino aprendizagem em EaD. Você aos poucos também
construirá a sua própria definição desse processo educacional e
sobre suas peculiaridades. Sugere-se a leitura completa de
algum livro ou outra obra que aborde mais sobre o tema para
ampliar ainda mais a reflexão sobre o assunto.

Logo que se tenha o entendimento sobre o funcionamento do processo


comunicacional, é importante que:
[...] falar sobre comunicação dialógica na EaD significa falar da
potencialização das estratégias comunicacionais com múltiplas tecnologias
para a construção do conhecimento. A questão não é inteiramente nova,
pois de certa forma o professor presencial já midiatiza o conhecimento ao
preparar aulas e materiais, por exemplo, ao preparar os tópicos de sua
exposição oral, organizá-los no computador, em slides com imagens
estáticas ou em movimento e depois projetá-los em uma tela, durante a aula
presencial. O que muda é a quantidade de mídias disponíveis, renovadas
cotidianamente, que acarretam uma crescente exigência de conhecimentos
técnicos da parte dos docentes e discentes, bem como a capacidade de
gerenciar de forma dialógica tal processo (HACK, 2009).

Percebe-se a midiatização do conhecimento quando o professor, num


processo colaborativo com uma equipe multidisciplinar, codifica um conjunto de
mensagens educativas e as traduz em diferentes formatos e mídias. Ele pode ainda
comunicar o conhecimento midiatizado quando utiliza de ferramentas síncronas e
assíncronas nesse processo educacional.

Figura: Comunicação estratégica


Fonte; Internet
122

Obter sucesso na comunicação dialógica no modelo EaD não é tão simples,


devido a grande parte dos professores e alunos não dispor de competências básicas
para esse tipo de processo comunicacional. Essa dificuldade de adaptação ao EaD
está em uma perceptiva descrença do uso de múltiplos meios tecnológicos em
contextos educativos, devido o costume de professores e alunos ao método de
ensino presencial alicerçado nas aulas expositivas.
Hack (2009) saliente que:
[...] aqueles que pretendem assumir uma postura interativa na EaD
precisarão desenvolver habilidades como: identificar quais tecnologias são
indispensáveis levando em conta o contexto onde serão utilizadas; dominar
as ferramentas tecnológicas envolvidas no processo de ensino e
aprendizagem a distância do qual está participando; fomentar estratégias
que potencializem a aprendizagem com múltiplos recursos tecnológicos.

No entanto, destaca-se que se faz necessário a valorização do lado humano


dentro do processo educacional, sem ariscar a conotação de que os meios
tecnológicos serão seus substitutos na comunicação dialógica exercida pelos
envolvidos no ensino aprendizagem em EaD. Ainda que no EaD, o contato
presencial seja bem reduzido, a assimilação de conhecimento não deixa de ser
bilateral, com a troca de experiências entre o professor e aluno, ambos aprendendo
simultaneamente. O apoio no EaD, no processo de comunicação educativa, é dado
através da sistematização do estudo, intermediado por múltiplas mídias, facilitando
desse modo a interação dos envolvidos: alunos, professores e especialistas,
repensando constantemente a dinâmica do processo comunicacional a fim de
potencializar os momentos esses momentos interativos de dialogo.

A educação sempre foi e continua a ser um processo complexo que utiliza


meios de comunicação para fundamentar, complementar ou apoiar a ação
do docente em sua interação com os estudantes. Na educação presencial, o
quadro negro, o giz, o livro, entre outros, são instrumentos pedagógicos que
fazem a ponte entre o conhecimento e o aluno. Na EaD, a interação com o
docente passa a ser indireta, por isso torna-se necessária a comunicação
dialógica por uma combinação de diferentes tecnologias. (HACK, 2009).
123

Veja que no estudo em EaD, o processo de construção do conhecimento é


coletivo e os professores e especialistas devem rever sua forma de atuação e de
gestão dos processos de comunicação dialógica.
Nossa experiência com a EaD, que iniciou em 1997, demonstra que as
mudanças no processo comunicacional docente devido à introdução das
tecnologias ocorrem tanto na EaD quanto no ensino presencial. Através de
alguns instrumentos de comunicação e interação, por exemplo, o e-mail, o
estudante pode, agora, receber com antecedência o roteiro da aula, as
apostilas, os vídeos digitalizados, os sons, entre outros recursos que
subsidiarão seu estudo para o encontro pessoal. Caso o aluno não possa
comparecer, terá material para estudar, e as dúvidas que surgirem serão
esclarecidas no contato com a comunidade virtual de interlocutores,
formada pelos colegas, tutores e professores que se reunirão virtualmente
utilizando ferramentas do AVEA, como o fórum ou a sala de bate-papo, e
também interagirão por e-mail (HACK, 2009).

Há vários recursos utilizados no processo de ensino aprendizagem, tais


como: livros, apostilas, etc. que se constituem como meios de auxilio na construção
de conhecimento a distância, dessa forma, os múltiplos meios tecnológicos servem
como motivadores, para ilustrar e ainda reforçar as atividades ou ainda deixa-las
mais interativas.
Por isso, o papel do docente na EaD é redimensionado, e ele passará a:
validar, mais do que anunciar, a informação; proporcionar momentos de
triagem das informações, para a reflexão crítica, o debate e a identificação
da qualidade do que é oferecido pelas múltiplas mídias; orientar e promover
a discussão sobre as informações selecionadas e validadas; auxiliar na
compreensão, utilização, aplicação e avaliação crítica das inovações;
possibilitar a análise de situações complexas e inesperadas; permitir a
utilização de outros tipos de “racionalidade”: a imaginação criadora, a
sensibilidade táctil, visual e auditiva, entre outras (KENSKI, 2003).

Esse contexto apresenta, em sua maioria, uma mediação do conhecimento por parte
do professor sem poder sentir as reações imediatas do aluno como: visualização,
audição, expressões, etc. O docente deve então incentivar a comunicação para que
seja estabelecido um relacionamento dialógico incentivador ao estudante nessa
construção do conhecimento em EaD. Esse formato exige ações estratégicas e
metodologias distintas, pois em um contexto virtual os envolvidos adquirem
conhecimento por múltiplas formas e sensações bem além da simples leitura. Nesse
sentido a comunicação deve fluir de forma dinâmica, facilitada, constante e bilateral.
124

Figura: Linhas de ensino/aprendizagem com o uso de computador


Fonte: Internet

Percebe-se então que há uma necessidade de entendimento


aprofundamento sobre as peculiaridades que envolvem a comunicação no processo
de ensino aprendizagem na EaD devido à construção do conhecimento ser
desenvolvido de modo coletivo e cooperativo, envolvendo a todos os participantes.
Algo que exigirá de docentes e discentes a criação de um ambiente, mesmo
que virtual, propício ao diálogo e que: incremente a utilização de
ferramentas de comunicação, instantâneas ou não, para contato entre todos
em um processo mais objetivo, pontual e planejado, com feedback rápido;
melhore a interação pelo uso de múltiplas tecnologias, com o aumento das
possibilidades de discussão a distância de algumas temáticas em busca de
uma comunicação dialógica constante; entenda a prática docente como
articuladora, orientadora e auxiliadora na construção do conhecimento
através do processo de comunicação de mão dupla, em contraposição à
antiga visão do docente detentor do conhecimento, que repassava os
conteúdos exclusivamente de forma expositiva; abra novos horizontes, ao
buscar a familiaridade e depois a criatividade na utilização de múltiplas
tecnologias na EaD, sem modismos e rotinas descontextualizadas; mude a
postura paternalista, tão comum no ensino presencial, substituindo-a pelo
incentivo ao estudo autônomo e cooperativo, com base na pesquisa e na
mediação multimidiática
(HACK, 2009).
Quando se assume a sugestão de um processo comunicativo dialógico a
distância, se aceita que o conhecimento é resultado de uma construção que
envolveu ações de vários envolvidos e esta construção necessita de uma gestão.
Nesse olhar, esse processo de ensino aprendizagem em EaD é diferenciado não
mais pelo antigo discurso expositivo, distributivo, mas sem pela percepção da
necessidade de participação e da colaboração, onde o aluno é elemento ativo da
autoria do saber.
O processo comunicativo educacional não é mais voltado exclusivamente
para o discurso na maior parte exclusivo do docente transmissor de conteúdo e
125

assume o papel de guia de um diálogo de interação entre os envolvidos. O professor


assume a posição de responsabilidade pela organização, dinamização e orientação
da construção do conhecimento exercendo a função crítica e criativa enquanto
selecionador de informações que serão submetidos os alunos no cotidiano de
estudos.
Os papéis do professor e do aluno são reorientados, pois neles agora são
acrescidas outras funções agora com relação a buscar, selecionar, e explorar
informações encontradas nas mais diversas fontes e por meio de múltiplos meios
tecnológicos. Em outros termos, na jornada educacional, professor e aluno
desenvolvem uma comunicação constante, um diálogo dinâmico, com cooperação e
mutualidade nessa construção de conhecimento a distância.

Veja que foram muitos os autores apresentados com conceitos bastante


relevantes para a construção da definição de EaD e de suas características bem
como das funções esperadas dos que nela estão envolvidos. Que tal dar um
tempo agora para você poder processar o que foi visto? Antes de continuar a
leitura da nossa última unidade, faça alguma tarefa diferente: esporte, cinema,
parque, teatro, etc. ou uma conversa gostosa com os seus amigos e familiares.
Fazer um intervalo e descansar faz bem depois de um longo período de estudos,
afinal a vida necessita de equilíbrio. Depois, volte e conclua a leitura deste livro
sobre Introdução à EaD. Você agora será apresentado sobre algumas
características bastante importantes para o aluno da educação a distância:
autonomia, cooperação, criticidade, criatividade, etc.

Neste capitulo, foi tratado de muitas características e aspectos que se relacionam ao


processo comunicacional dialógico na modalidade EaD voltados para o papel do
professor.
126

Para aprofundar seu estudo sobre as temáticas abordadas na Unidade B,


sugerimos as seguintes obras:
BERLO, D. K. O processo da comunicação: introdução à teoria e à prática. São
Paulo: Martins Fontes, 1999.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da
informática. São Paulo: Editora 34, 1993.
MARTIN-BARBERO, J. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e
hegemonia. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997.
THOMPSON, J. A mídia e a modernidade. Petrópolis: Vozes, 1998.
127

1. Faça um resumo de pelo menos (uma) lauda sobre o relacionamento da comunicação e as novas
tecnologias, não deixando de mencionar os tipos de softwares utilizados no âmbito educacional.

Dê o exemplo de um tipo de comunicação encontrado na EaD e


exemplifique o seu funcionamento.
128

Considerações Finais

O objetivo deste material é trazer uma breve introdução ao tema: Educação


a Distância. Nesse intuito, foi utilizado de reflexões no que se refere ao ensino
aprendizagem em EaD como processo educativo que utilizada múltiplos meios
tecnológicos. Apresentaram-se algumas experiências nacionais e internacionais que
ajudaram a montar uma percepção sobre o processo comunicativo educacional em
curso a distância e que estes não podem se limitar tão somente ao repasse de
conteúdos midiáticos, mas sim promover uma discussão aberta e critica através do
diálogo com os envolvidos.
Ao romper com a prevalência da transmissão monológica de conteúdos, tão
comum em algumas salas de aula e em certas experiências de EaD, a
comunicação educativa a distância inicia um processo que valoriza e
possibilita o diálogo entre culturas e gerações (MARTIN-BARBERO, 1997).

Conforme as características apresentadas da modalidade de estudos a


distância, entende-se que os participantes de um sistema de ensino aprendizagem
em EaD, devem estabelecer um dialogo continuo por meio dos recursos do AVEA e
ainda de outros meios tecnológicos que possibilitem comunicar-se de modo bilateral.
Com o uso de uma variedade cada vez mais ampla de dispositivos com
múltiplas mídias, a aquisição de conhecimento deixa de se fazer
exclusivamente por meio de leituras de textos para se transformar em
experimentos também com múltiplas percepções e sensibilidades. Por isso,
se faltar o diálogo no processo educacional, restringindo-se à comunicação
escrita do saber – com o estudo baseado apenas em provas, tarefas e
trabalhos finais –, se reduzirá sensivelmente a estrutura do estudo
acadêmico (PETERS, 2001).

Resultante desse entendimento percebe-se que no processo de


comunicação educativa aqui defendida, motiva-se que o aluno contribua como
agente ativo em todo o processo.
Concluindo esse momento de estudos e reflexões, mais uma vez salienta-se
que não se teve pretendeu apontar um roteiro fechado sobre como ser bem
sucedido na experiência de estudar em um curso a distância. O intuído principal foi
trazer uma provocação á leitura e reflexão que possam diferencia-lo enquanto
estudante de EaD e proporcionar a motivação de buscar a autonomia, cooperação e
afetividade nos seus estudos a distância de modo equilibrado e contextualizado.
129

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