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Capítulo

Linguagem teatral
3
O teatro de catequese Os jesuítas tornaram-se importantes

ARTE • GRUPO 2 •
A VIDA SE ORGANIZA
Na Idade Moderna, em plenos Renas- na história do teatro do Brasil. Na época
cimento cultural e científico e Reforma em que o Brasil era colônia de Portugal, a
religiosa, uma época caracterizada pela pedido de dom João III, o governador geral
expansão de novas culturas, ideias e reli- Tomé de Souza, trouxe, em 1549, a primei-
giões, a Igreja Católica tomou algumas ati- ra missão jesuíta brasileira, com o objetivo
tudes perante a sociedade para conseguir geral de catequizar os índios, liderada por
centralizar a atenção e a virtude. Manoel de Nóbrega.
No ano de 1534, foi fundada a Compa-
nhia de Jesus, ordem religiosa liderada por
Inácio de Loyola.

MUSEU PAULISTA, SÃO PAULO, BRASIL


GEORGIOS KOLLIDAS / SHUTTERSTOCK

O objetivo da aula
Anchieta e Nóbrega na cabana de Pindobuçu, é contextualizar a lin-
1927. Óleo sobre tela. Benedito Calixto. guagem artística tea-
Acervo do Museu Paulista, Brasil. tral dentro no Período
Colonial brasileiro e
também apresentar os
Os padres jesuítas passaram por muitas benefícios da comu-
dificuldades até alcançar seus objetivos. nicação que o teatro
Os índios eram resistentes à introdução da oferece.
nova cultura e, somente depois de muito Deixar claro ao aluno
esforço, os padres conseguiram uma for- que a aula não remete à
ma de introduzir seus ensinamentos. religião, e sim aos fatos
Santo Inácio de Loyola históricos de que a Igre-
ja Católica participou e
A Companhia de Jesus foi fundada com à forma como ela usou
o objetivo de frear o avanço do protestan- a arte a seu favor.
tismo na Europa. Os padres dessa compa-
MUSEU PAULISTA, SÃO PAULO, BRASIL

nhia eram chamados de jesuítas e tinham


como um dos objetivos expandir o catoli-
cismo pelo mundo.
Uma das técnicas utilizadas pelos je-
suítas na evangelização das pessoas era a
linguagem teatral, uma linguagem artísti-
ca que permite aos atores conectarem-se
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diretamente com o espectador, facilitan-


do a compreensão, pela plateia, do que
é representado no palco. Assim, o teatro
conseguia transmitir os ensinamentos da
religião católica, ao mesmo tempo em que Evangelho na Selva, 1893. Óleo sobre tela.
era uma atividade lúdica e prazerosa. Benedito Calixto. Pinacoteca de São Paulo, Brasil.
180 Capítulo 3 – Linguagem teatral \ Grupo 2

A música e a dança indígenas tinham in- Apesar de os jesuítas conseguirem a


fluência direta na vida dos índios, e foi justa- atenção dos índios, os conceitos do cris-
mente pela arte que os jesuítas se aproxima- tianismo ainda eram abstratos para os na-
ram desses povos. A facilidade gestual que tivos. Termos, palavras e ideias que eram
os índios demonstravam em suas danças fez facilmente compreendidos pelos europeus
com que o teatro se incorporasse de manei- eram estranhos ao índio, que precisava de
ra sutil ao cotidiano indígena e, aos poucos, uma representação mais próxima de sua
passasse a ser instrumento de comunicação realidade para compreender os ensina-
e de educação religiosa ou catequese. Por mentos. Para praticar a catequese, os pa-
conseguir prender a atenção dos índios e ser dres jesuítas buscavam assimilar conceitos
mais eficiente do que um sermão, o teatro do dia a dia do índio e procuravam usar, da
tornou-se ferramenta preciosa para evange- melhor forma, as artes a seu favor.
lizar, civilizar e organizar a vida na colônia. Uma maneira de aproximar a doutrina
da Igreja e a realidade do índio foi traduzir
cânticos e peças teatrais para o tupi, prin-
cipal língua indígena. Os instrumentos e
ritmos musicais indígenas também foram
JOHANN MORITZ RUGENDAS

usados e incorporados na educação reli-


giosa, aproximando ainda mais os índios
do cristianismo.
O padre José de Anchieta veio para o
Brasil a fim de ajudar na catequização rea-
lizada pela Companhia de Jesus.

Aldeia de índios tapuios cristãos, 1820.

COMPANHIA DE JESUS (ROMA) E BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL


Óleo sobre tela. Johann Moritz Rugendas.
Centro de Documentação D. João VI.
AUTOR DESCONHECIDO SÉCULO XVIII

O missionário José de Anchieta


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Padre Anchieta foi incumbido de cons-


truir um colégio e, enquanto realizava
essa obra, aprendeu a língua tupi, na qual
Padre Antônio Vieira pregando aos índios em produziu diversos textos para o teatro de
plena selva amazônica. Pintura do século XVIII. catequese. As peças religiosas foram cha-
Arte \ A vida se organiza 181

madas de “autos” e caracterizavam-se pela A partir do século XVII, o teatro de


mistura de elementos europeus com ele- catequese ficou escasso e as outras
mentos indígenas, usando figuras mitoló- apresentações teatrais eram realizadas
gicas e abstratas contracenando com per- apenas em ocasiões especiais. O teatro,
sonagens reais. Padre Anchieta produziu no Brasil, passou por diversas transfor-
autos de caráter dramático, porém sempre mações e conseguiu estabilidade ape-
com a finalidade de catequizar, envolven- nas no século XIX, após a independên-
do a religião e a moral. cia em 1822.

Mapa conceitual
Para conter o protestantismo
Companhia cujos participantes
Igreja Católica pelo mundo, criou, sob o
de Jesus ficaram conhecidos como
comando de Inácio de Loyola, a

que, para evangelizar a


teatro jesuítas
população, utilizavam o

Em 1549, a pedido Manoel da armada de Tomé a primeira missão


Brasil Colônia
de dom João III, de Nóbrega, de Souza, traz jesuíta brasileira

que usou o
e incorporou elementos
do cotidiano indígena, teatro com o principal
como objetivo de
para
• língua popularmente
• dança conhecido como catequizar
• música os índios

teatro de teve como um dos Padre


catequese principais dramaturgos Anchieta

O objetivo da aula a
seguir é fazer a apresen-
tação de uma das moda-
A pantomima lidades mais antigas de
A pantomima pode ser definida como uma manifestação teatral gestual, de pouquís- teatro: a pantomima.
Comentar com os alu-
simo uso de palavras e maior uso de gestos e mímicas. A música e o canto são bem- nos que os gestos reali-
-vindos nesse espetáculo. zados na pantomima são
Existem registros que apresentam certo uso da pantomima em povos mais antigos, bem exagerados. Como
como os sumérios e egípcios, porém esse estilo teatral tem sua estruturação na Grécia há pouco uso das pala-
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Antiga, junto com a evolução do teatro. vras, as emoções e toda


Como o teatro grego surgiu para louvar os deuses, era comum que os sacerdotes a particularidade dos
espetáculos são apresen-
utilizassem mímicas para demonstrar e representar as divindades. Porém, foi em Roma tadas pelos gestos, que
que a pantomima sobressaiu, e sua encenação foi a expressão artística favorita da popu- precisam ser caricatos e
lação. Era uma forma de entretenimento, que retratava o cotidiano de forma exagerada exagerados para melhor
e cômica, utilizando gestos caricatos. compreensão de todos.
182 Capítulo 3 – Linguagem teatral \ Grupo 2

Providenciar um tre-
cho de algum filme de
A pantomima leva o ser humano a perce- gestos. As encenações ilustravam o mun-
Charles Chaplin para que ber as expressões faciais de forma incrível; é do imaginário, o que influenciou o cinema
os alunos possam obser- na sutileza dos gestos faciais e na expressão mudo, criando figuras importantíssimas,
var a prática da pantomi- corporal que a mensagem é passada de for- como o pantomimo Charles Chaplin.
ma na íntegra. ma espetacular.
Sugestões de filmes Com o início da Idade Média, em que
• O grande ditador
• Luzes da cidade
se proibiu qualquer manifestação artística
livre, a pantomima foi deixada de lado e,

P.D JANKENS
Garantir que os alu- só no ano de 1813, na França, voltou a ser
nos observem a gestua- praticada pelo ator Jean-Gaspard Deburau.
lidade corporal e facial Deburau caracterizou esse estilo teatral
que o ator promove, com uma figura de rosto pintado de bran-
fazendo com que, mes-
mo sem falas, o enredo
co e luvas, chamando-o de Pierrot, ou seja,
das histórias possa ser ele é um dos pioneiros na criação da figura
perfeitamente compre- do mímico.
endido.
HEMERA / THINKSTOCK IMAGES

Retrato de Charles Chaplin, 1915

O cinema mudo deu asas à pantomima.


Os espetáculos não precisavam ser realiza-
dos apenas com o ator, mas também com
outros elementos, como objetos diversos
Pantomimo caracterizado da figura e cenários.
criada por Jean-Gaspard Deburau. Artistas como Etiene Decroux e Marcel
Marceau mudaram a forma da pantomima,
Existem, no merca-
do, filmes que podem
e é possível ver sua influência em diversos
ser apresentados aos artistas da atualidade. Um bom exemplo é
alunos com as técnicas o ator Rowan Atkinson, conhecido mundial-
da pantomima. O ator mente por sua personagem Mr. Bean.
Rowan Atkinson, em
seu personagem mais
ISTOCKPHOTO / THINKSTOCK IMAGES

famoso, Mr. Bean, faz


bastante uso desse re- FEATUREFLASH / SHUTTERSTOCK
curso.
Filmes
• Bean – 1997, dire-
ção de Mel Smith
• As férias de Mr. Bean
– 2007, direção de Steve
Bendelack
Além dos filmes, exis-
tem diversos vídeos do
ator que fazem parte
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do seriado de mesmo
nome, Mr. Bean. Atores de pantomima

No século XIX, Deburau tornou-se uma


lenda viva, lotando o teatro de gente que
adorava assistir às histórias contadas por Rowan Atkinson, Mr. Bean
Arte \ A vida se organiza 183

Foi apenas em 1952 que a pantomima chegou ao Brasil. O escriturário, peça do ator e
diretor Luís de Lima, foi o primeiro contato dos brasileiros com a arte teatral da mímica,
e é graças a esse profissional que a pantomima difundiu-se pelo Brasil. Esse estilo ainda
tem vários adeptos em teatros e circos do país. Em São Paulo, uma das companhias mais
famosas de pantomima é a La Mínima.

Mapa conceitual
teve sua
Pantomima Roma — e seu declínio na Idade Média
ascensão em

é um estilo teatral voltou a ser praticada


muito mais gestual, apenas em 1952 na França, em 1813, por
com a predominância das popularizou-se no
Jean-Gaspard Deburau

mímicas Brasil
com a logo surgiram
personagem artistas como

Etiene Decroux e
Pierrot
Marcel Marceau

que influenciou que trouxeram novos


muitos artistas, conceitos para a pantomima,
como influenciando artistas como

Charles Chaplin Rowan Atkinson


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Capítulo

3 Linguagem teatral

Atividade 4 • O teatro de catequese

AUTOR DESCONHECIDO SÉCULO XVIII


ARTE • GRUPO 2 •
A VIDA SE ORGANIZA

Quando se fala em teatro, deve-se lembrar que essa lingua-


gem artística é uma forma importante de comunicação. Ao li-
dar diretamente com o público, o teatro foi muito usado para
transmitir pensamentos e ideologias. A Companhia de Jesus
usou o teatro para evangelizar as pessoas. Por meio dele, no
Brasil, os jesuítas se aproximaram de seus objetivos com os co-
lonos e nativos, tendo como principal dramaturgo o padre José
de Anchieta. Padre José de Anchieta

Exercícios de Aplicação
01) A respeito do teatro de catequese, é e. era preciso uma forma de expandir a
correto afirmar que: religião católica para outras regiões
a. foi uma forma de os jesuítas assis- do mundo, então os jesuítas utiliza-
tirem às peças de que gostavam e ram o teatro para ensinar, mas não
poderem permanecer vinculados chegaram ao continente americano.
à religião.
R.: B b. foi uma forma eficaz que os padres 02) Utilizando o desenho como meio de
jesuítas encontraram para expan- comunicação, faça uma composição, em
dir os ensinamentos da religião uma folha sulfite, que transmita algum co-
Orientar os alunos
católica entre povos diversificados, nhecimento de sua realidade a um obser-
a pensar em composi- como os índios brasileiros. vador indígena.
ções de objetos, situa- c. não existiu em outros continentes,
ções que fazem parte apenas na Europa e na Ásia. 03) Crie um cartaz em uma folha sulfite,
do cotidiano dele e que d. tinha como objetivo expandir o com o objetivo de atrair pessoas para um
seriam estranhas para protestantismo, pois a religião ca- espetáculo teatral que aborde a cultura
um ameríndio.
Como exemplo, você
tólica estava em decadência. indígena.
pode comentar os ele-
trônicos que muitos
deles possuem, como Atividade 5 • A pantomima
video game, celular,
tablet e computador.
Como seria fazer um
desenho para apresen-
Os gestos são a par-
tar essas tecnologias te mais importante da
aos indígenas? pantomima. O ator pre- KORIONOV / SHUTTERSTOCK

cisa ter excelente domí-


Dê alguns exemplos nio de expressão corpo-
de meios de comunica- ral e facial para que o
ção dos dias atuais.
espectador compreen-
da a história encenada.
O teatro, de inúmeras
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formas, auxilia no de-


senvolvimento pessoal;
ele é dinâmico e ajuda
o ser humano a se rela-
cionar em grupo.
Ator de pantomima
Arte \ A vida se organiza 185

O objetivo do jogo
Exercício de Aplicação teatral é promover a
participação dos alunos
01) Com o auxílio do professor, você participará de um jogo teatral do qual a pantomima é a em improvisações, bus-
ferramenta principal, ou seja, você fará mímicas para seus colegas. cando ocupar espaços
Desenvolvimento diversificados, consi-
• O professor (no papel de coordenador) iniciará uma narrativa oral qualquer, que derando-se o trabalho
de criação de papéis
todos deverão ouvir atentos. sociais e gêneros (mas-
• Num dado momento, no meio dessa história, o coordenador interromperá a narração. culino e feminino) e da
• Em seguida, escolherá um aluno, que (já no papel de jogador) se levantará, irá ação dramática.
até o centro do círculo e, sem olhar para dentro da caixa ou do saco, deverá re-
Para o exercício 01,
tirar de lá um objeto que será utilizado por ele para continuar a história que foi pedir aos alunos que
iniciada pelo professor, porém apenas fazendo gestos (mímicas) com o objeto. A tragam de casa um ob-
história deverá ser, daquele momento em diante, desenvolvida por ele até uma jeto pessoal, desde que
segunda ordem do coordenador. não seja de grande valor
• Mediante ordem do coordenador, outro jogador será escolhido para ir ao centro e que tenha tamanho
do círculo retirar outro objeto e, da mesma forma que o primeiro, dar continui- suficiente para caber
em uma caixa ou em um
dade à narrativa de forma gestual, até que o coordenador escolha outro, e assim saco de médio porte,
por diante, de modo que todos os jogadores participem da atividade, fazendo que você providenciará.
mímicas enquanto utilizam os objetos. No dia da atividade,
pedir aos alunos que
depositem os objetos
Exercício Proposto na caixa ou no saco,
que, por sua vez, deve
ser colocada(o) no cen-
02) Em uma folha sulfite, crie um desenho tro da sala. Se for possí-
de uma personagem de pantomima seme-

ANDRE ADAMS / SHUTTERSTOCK


vel, realizar a atividade
lhante à criada por Jean-Gaspard Deburau. em uma área mais am-
A personagem criada deverá estar inserida pla, como o pátio ou a
quadra poliesportiva da
em uma paisagem, que pode ser uma cida- escola.
de, uma praça, um campo, uma praia, uma Pedir aos alunos que
escola etc. se sentem em volta da
caixa ou do saco.

Realizar uma exposi-


ção dos trabalhos ela-
borados relacionados
ao exercício 2. É impor-
tante que os trabalhos
sejam divulgados, a fim
de incentivar cada vez
mais a participação dos
alunos nas atividades.

Desenho de uma figura caracterizada com


base na criação de Jean-Gaspard Deburau.
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Capítulo

4 A reestruturação da dança

A dança clássica: o balé


ARTE • GRUPO 2 •
A VIDA SE ORGANIZA

O balé teve origem na Corte italiana, por volta dos séculos XV e XVI. Era comum,
naquela época, haver apresentações de música, poemas e pantomima, para divertir e
alegrar a nobreza local. Inspiradas pelo teatro e pela música, surgiram atividades dramá-
ticas denominadas de balleto, palavra diminutiva de ballo, que significa dança. Posterior-
mente, a palavra ganhou significado em francês, ballet, que foi traduzido para a língua
portuguesa como balé.
Os primeiros espetáculos de balé duravam horas (podendo chegar a dias) e mistu-
ravam dança, canções, poemas e encenações. Nesses espetáculos, os principais papéis
eram representados por homens e garotos, devidamente trajados.
Como as salas de teatro só passaram a existir no fim do século XVII, as apresentações
de balé aconteciam em grandes salões ou em campo aberto.
A princesa italiana Catarina de Médici (1519-1589) tornou-se grande fã dos espetá-
culos de balé e, ao se casar com o rei da França Henrique II, no ano de 1533, introduziu
o balé na Corte francesa. Catarina chegou a contratar os melhores coreógrafos italianos
para produzir os espetáculos na França. Dessa forma, o balé tornou-se um dos principais
eventos a que os nobres assistiam.

Apesar de o balé ter sua origem na Cor-


te italiana, foi na França que aconteceram
sua reestruturação e seu desenvolvimento.
O rei Luís XIV, conhecido como Rei Sol, fun-
dou a Academia Real de Dança, em 1661. A
abertura da academia impulsionou a dança,
e o balé passou a ser realizado dentro dos
teatros.

MUSEU DO LOUVRE, PARIS, FRANÇA


BIBLIOTECA NACIONAL DA FRANÇA, PARIS, FRANÇA

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Geralmente, os espetáculos de dança


antecediam as representações de
peças teatrais. A imagem retrata uma
apresentação realizada no Castelo Louvre
(hoje, Museu Louvre), em 1583, por Jacques Rei Luís XIV, século 17. Óleo sobre tela. Artista
Patin. Biblioteca Nacional da França. desconhecido. Palácio de Versalhes, França.
Arte \ A vida se organiza 187

Relembrar aos alu-


Os diretores dessa academia, o com- ousada ajudou a torná-la uma das bailari- nos que toda atividade
positor Jean-Baptiste Lully e o professor nas mais importantes da história do balé. artística era praticada
de dança Pierre Beauchamp, deram fama apenas por homens.
aos espetáculos de balé, em que a dança Isso ocorria pelo fato de

B IBLIOTECA NACIONAL DA FRANÇA, PARIS, FRANÇA


se misturava a diálogos e cantorias. as mulheres não serem
Apenas em 1681, com a criação do es- consideradas cidadãs e
se aterem às tarefas do-
petáculo O triunfo do amor, as mulheres mésticas e de direção e
foram incluídas como bailarinas. organização da casa.
Comentar com os alu-
nos que, como o balé
THE PARIS OPÉRA BALLET. ALTON: DANCE BOOK S

teve maiores estrutura-


ção e desenvolvimento
na França, muitos dos
movimentos principais
e regras são ensinados
com nomes em francês.

Marie Camargo. Eugène Gervais.


Biblioteca Nacional da França.

Jean-Georges Noverre, um dos orga-


nizadores da chamada dança nobre, foi
uma das figuras centrais dessa arte no sé-
O professor Pierre Beauchamp, 1670 culo 18. Foi autor de Lettres sur la danse
et les ballets (Cartas sobre dança e balé),
As roupas que os bailarinos usavam um manual que trazia leis e teorias sobre
nos espetáculos eram desconfortáveis e o balé. É de Noverre a criação do balé dra-
não davam total liberdade aos movimen- mático, em que a história é contada atra-
tos do corpo. Então, a bailarina Marie Ann vés de gestos.
Cupis de Camargo tirou o salto dos sapatos No século XIX, a bailarina italiana Marie
e encurtou as saias, criando, assim, o tutu Taglioni criou as sapatilhas com ponteiras,
(saias feitas de tule), que dava maior liber- o que deu a possibilidade de dançar na
dade aos movimentos da dança. A atitude ponta dos pés, característica do balé.

Fazer uma breve expli-


cação sobre Edgar Degas,
comentando que o ar-
MUSEU METROPOLITANO DE ARTE, NOVA IORQUE, EUA

tista adorava pintar bai-


larinas e seus locais de
ensaio e apresentação.
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Ensaio no palco, 1874. Óleo sobre tela. Edgar Degas. Museu Metropolitano de Arte, Nova York, EUA.
188 Capítulo 4 – A reestruturação da dança \ Grupo 2

O balé também ganhou espaço e reco- Pierina repetiria o feito em outros traba-
nhecimento na Rússia, onde surgiram al- lhos, entre eles O lago dos cisnes, uma das
gumas das melhores companhias do mun- obras mais famosas da dança clássica. Foi
do, como o Balé Bolshoi. A dança clássica, escrita por Vladimir Begitchev e Vasily Gelt-
executada ao som de músicas eruditas, zeré, com música de Tchaikovsky. É uma
tinha como principal função mostrar ao das obras de balé clássico mais realizadas
máximo a habilidade e a técnica dos bai- até os dias atuais.
larinos, cujos movimentos deveriam en-
cantar a plateia. O tutu ficou mais curto,
o que proporcionou melhor visibilidade da

JACK.Q / SHUTTERSTOCK
execução dos passos das bailarinas.
Em 1890, o bailarino e coreógrafo rus-
so Lev Ivanov criou A Bela Adormecida; em
1892, ele e os coreógrafos russos Marius
Pepita e Cecchetti criaram a peça Quebra--
-nozes; todos com música de Piotr Ilitch
Tchaikovsky (um dos principais composi-
tores russos de música clássica), como a
maioria dos grandes balés russos.
A bailarina Pierina Legnani fez uma atua-
ção no espetáculo Cinderela, em 1893,
que, até hoje, é uma referência na história
do balé. Em um momento da apresentação,
Providenciar um vídeo ela deu 32 giros, chamados de fouettés, mo-
que mostre aos alunos vimentos padronizados em torno do próprio
os 32 giros realizados no corpo que necessitam de muita habilidade e
espetáculo.
Uma ótima sugestão
prática. Bailarina russa em performance no
para os alunos apren- espetáculo O lago dos cisnes, no Teatro/
derem um pouco mais Museu Jinsha, Chengdu, China, 2008
sobre balé é o filme
Cisne negro, de Darren A primeira apresentação de balé no Brasil
Aronofsky, de 2011. foi no Real Teatro de São João, no Rio de Ja-
neiro, promovida pelo francês Joseph Louis
Lacombe, em 1813.
SWAN LAKE, ST. PETERSBURG, 1895

JEAN-BAPTISTE DEBRET

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Teatro de São João, 1834. Gravura. Jean


Baptiste Debret. Viagem pitoresca e
Pierina Legnani como a personagem histórica ao Brasil. O Teatro de São João
Odette na peça O lago dos cisnes. mudou de nome várias vezes e, atualmente,
São Petersburgo, 1895. recebe o nome de Teatro João Caetano.
Arte \ A vida se organiza 189

O balé só se desenvolveu no Brasil com a criação da Escola de Dança do Teatro Munici-


pal do Rio de Janeiro e com algumas apresentações de companhias russas nesse mesmo
teatro.
No século XX, o balé continuou a se desenvolver, ganhando influências de diversas
danças. Atualmente, existem várias outras modalidades de balé.

Seria interessante de-


Informação complementar monstrar esses princípios
Os princípios básicos do balé clássico são: básicos por meio de fi-
• postura ereta; guras, fotos ou filme, re-
• rotação externa das pernas e dos pés; cursos importantes para
• movimentos circulares dos braços e das mãos; que os alunos entendam
• verticalidade corporal; o que está sendo falado.
• disciplina;
• leveza;
• harmonia;
• simetria.
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Capítulo

4 A reestruturação da dança

Atividade 6 • A dança clássica: o balé


ARTE • GRUPO 2 •
A VIDA SE ORGANIZA

Como toda dança, o balé, além da manifestação artística em sua expressão corporal,
é uma atividade física.

R. GINO SANTA MARIA / SHUTTERSTOCK

Bailarina fazendo alongamento dos músculos.

Exercícios de Aplicação
01) Edgar Degas foi um artista francês que gostava de pintar bailarinas em seu cotidia-
no. Degas chegou a fazer mais de 50 trabalhos envolvendo dançarinas, tamanho era seu
fascínio pelos movimentos delicados e suaves realizados por elas.
MUSEU METROPOLITANO DE ARTE, NOVA IORQUE, EUA.

A brincadeira deve ser


valorizada, pois é por
intermédio dela que se
constroem os concei-
tos lógico-matemáticos:
quantidade, tamanho,
distância etc.
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A atividade "articu-
lações juntas" ajuda a
liberar energia física
e emocional, além de
ensinar as diferenças e
a importância de cada Classe de dança, 1872. Óleo sobre cartão. Edgar Degas.
parte do corpo. Museu Metropolitano de Nova York, EUA.
Arte \ A vida se organiza 191

A brincadeira diverte,
02) Assim como Degas, inspire-se nas bailarinas e crie um desenho bem bonito. educa e faz com que o
aluno aja de forma co-
letiva.
Procurar desenvolver
o exercício 02 com o
professor de Educação
Física.
Providenciar músicas
clássicas alegres, crian-
do um ambiente com
espaço para os alunos
se locomoverem com
liberdade.
Antes de começar a
brincadeira, perguntar
aos alunos se eles sabem
o que são articulações,
continuando com per-
guntas como:
— Sabem onde fica o
tornozelo?
— Onde é seu joelho?
Como é a brincadeira:
O professor diz "co-
tovelo", e as crianças,
ao som de uma música
clássica animada, se-
gurando suavemente o
cotovelo de um amigo,
executam a dança ex-
plorando as possibilida-
des de movimentação
do cotovelo.
O professor diz o
nome de outra parte
do corpo relacionada às
articulações, por exem-
plo, dedos, e os alunos
dançam inspirados por
Exercício Proposto essa articulação, como,
segurando as mãos uns
dos outros.
03) Faça uma pesquisa sobre alguma bailarina brasileira que foi ou é muito reconhecida A brincadeira prosse-
no mundo da dança. Traga as informações para a sala de aula e compartilhe-as com seus gue até o momento em
colegas e professor. que o professor diz "cor-
po inteiro", quando a di-
Resposta pessoal versão fica ainda maior!
Essa atividade traba-
lha o conceito de articu-
lação, o conhecimento
e a consciência corporal
de si e em relação ao
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outro, além de improvi-


sação e aumento do re-
pertório de movimento.
192 Capítulo 4 – A reestruturação da dança \ Grupo 2

Anotações

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