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Distribuição espacial da doença de Chagas nos município do estado do Pará

entre os anos de 2002 - 2013

Daiana Custodio de Moraes(PIBIC-Af/Fundação Araucária/Unioeste), Luciano de


Andrade, Oscar Kenji Nihei, Reinaldo Antônio Silva-Sobrinho, Neide Martins
Moreira(Orientador), e-mail: daianacustodio1@gmail.com

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Educação, Letras e


Saúde/Foz do Iguaçu, PR

Ciências da Saúde - Enfermagem

Palavras-chave: Epidemiologia, Doença de Chagas, Distribuição Espacial

Resumo
O Trypanosoma cruzi, agente causador da doença de Chagas, apresenta alta
prevalência, com oito milhões de pessoas infectadas no mundo. No Brasil há
aproximadamente três milhões de indivíduos infectados. Analisar a distribuição
espacial da doença de Chagas nos municípios do Pará entre os anos de 2002 e
2013. Trata-se de um estudo exploratório, de corte transversal, com dados
secundários retrospectivos ao período compreendido nos quadriênios de 2002 a
2005, 2006 a 2009 e 2010 a 2013, nos municípios do estado do Pará, utilizando-se
técnicas de análise de distribuição espacial: Índice Global de Associação Espacial,
Índice local de associação espacial (LISA), por meio dos softwares de análise,
GeoDA 0.9.5-iTM e o Quantum GIS 1.8. Os dados foram coletados do site de
domínio público por meio do DATASUS.: As mesorregiões mais atingidas neste
estado com altas taxas de incidência da doença de Chagas foram Metropolitana de
Belém, Nordeste Paraense e Marajó com taxas de incidência Alto-Alto. As demais
mesorregiões do Baixo Amazonas, Sudeste Paraense e Sudoeste Paraense,
apresentaram taxas de incidência Baixo-Baixo. Contudo, no ano de 2013 houve
redução do número de casos em todos os estados brasileiros. Nos quadriênios de
2002 a 2005 o número de casos da doença de Chagas esteve reduzido no estado
do Pará. Nos quadriênios de 2006 a 2009 o número esteve exacerbado. Contudo,
nos quadriênios de 2010 a 2013 houve redução do número de casos.

Introdução

O Trypanosoma cruzi, agente causador da doença de Chagas, apresenta alta


prevalência, com oito milhões de pessoas infectadas no mundo (World Health
Organization, 2016). No Brasil há aproximadamente três milhões de indivíduos
infectados (Portal da Saúde, 2016).
O T. cruzi ao invadir o hospedeiro provoca sérios problemas cardiovasculares
com aumento significativo no órgão possibilitando o surgimento de insuficiência
cardíaca congestiva (Cardoso et al., 2016) e, digestivos com destruição significativa
de neurônios do mientéricos, provocando o surgimento do megaesôfago ou do
megacolo (Moreira et al., 2014).
Em relação ao tratamento do mal de Chagas, ainda não se tem um
medicamento que apresente cura de 100% da doença, fazendo assim, a
necessidade de investigação quanto a existência de pacientes com a doença para
que se possa intervir com medidas farmacológicas ou alternativas para o tratamento
dos sintomas e o aumento de sobrevida dos pacientes (Fabbro et al, 2007).
O Departamento de Informática do SUS, popularmente conhecido como
DATASUS, possibilita o acesso ao Sistema de Informações de Agravos de
Notificação (SINAN) o que torna possível o desenvolvimento de pesquisa sobre a
epidemiologia da doença de Chagas nos municípios do Pará. Assim, este trabalho
analisou a distribuição espacial da doença de Chagas nos municípios do Pará entre
os anos de 2002 e 2013.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo exploratório, de corte transversal, com dados


secundários retrospectivos ao período compreendido, nos quadriênios de 2002 a
2005, 2006 a 2009 e 2010 a 2013, utilizando técnicas de análise espacial para
analisar o número de casos da doença de Chagas na forma aguda em todos os
municípios do Estado do Pará. Para esse estudo foram utilizados os softwares
GeoDA 0.9.5-iTM e Quantum GIS 1.8, utilizando as técnicas de Índice Local de
Associação Espacial (LISA) para a confecção dos mapas. Os dados foram coletados
do site de domínio público por meio do DATASUS. Os resultados foram apresentar-
se em quatro tipos de agrupamentos: 1) Alto-Alto (AA): municípios que possuem
altas taxas e seus vizinhos também apresentam altas taxas; 2) Baixo-Baixo (BB):
municípios possuem baixas taxas e seus municípios também possuem baixas taxas;
3) Baixo-Alto (BA): municípios possuem baixas taxas e seus vizinhos possuem altas
taxas; 4) Alto-Baixo (AB): municípios possuem altas taxas e seus municípios
vizinhos possuem baixas taxas.

Resultados e Discussão

No primeiro quadriênio (Figura 1A) 10 municípios apresentaram taxas Alto-


Alto. 2) 7 municípios apresentaram taxas Baixo-Baixo. No segundo quadriênio
(Figura 1B), 17 municípios apresentaram taxas Alto-Alto. 2) 36 municípios
apresentaram taxas Baixo-Baixo, 3) 2 municípios Baixo-Alto.
No terceiro quadriênio (Figura 1C), 19 municípios apresentaram taxas Alto-
Alto, 2) 39 municípios apresentaram taxas Baixo-Baixo. As mesorregiões onde
predominaram as taxas do tipo alto-alto foram: Metropolitana de Belém, Marajó e
Nordeste Paraense. Estes resultados vêm de encontro com a análise de
agrupamentos (LISA) realizada por Xavier (2013), a qual identificou que mesmo com
períodos em que o índice de chuvas são maiores, e que a atividade dos triatomíneos
é reduzida, as mesorregiões de Marajó, Metropolitana de Belém e Nordeste
paraense, possuem taxas de Baixo-Baixo da doença de Chagas aguda de
transmissão por via oral, e em períodos que o índice pluviométrico são menores
possuem taxas de Baixo-Alto e de Alto-Alto da doença de Chagas aguda por
transmissão via oral, indicando a necessidade de medidas sócio-educativas, para o
correto manuseio das frutas e consequentemente redução do número de pessoas
contaminadas. Um estudo realizado por Silva, et al. (2011) sobre o conhecimento da
população em relação as doenças endêmicas malária, dengue e doença de Chagas,
realizado na Ilha de Marajó no Pará, constatou que 76% dos entrevistados não
sabem como se prevenir das doenças, reforçando a necessidade de medidas
educativas junto a população nestas regiões endêmicas do Pará.
Partindo do princípio que a via oral, tem sido a principal via de transmissão da
doença de Chagas, para as mesorregiões mais atingidas, pode-se evidenciar pelo
fato de a cidade de Abaetetuba, localizada na mesorregião do nordeste paraense,
próximo a metropolitana de Belém, ser a 2ª maior produtora e exportadora de Açaí
para o Pará e os demais estados. Esta informação sugere que a partir desta
exportação esteja ocorrendo a propagação do T. cruzi para as mesorregiões
adjacentes (Santos, 2013).

Figura 1:
A) B)

C)
Figura2:Análise dos Indicadores Local de Associação Espacial (LISA), onde identifica-se agrupamentos segundo
a Taxa de Incidência de doença de Chagas por população estimada segundo fonte do IBGE: agrupamentos Alto-
Alto (vermelho), agrupamentos Baixo-Baixo (azul) e agrupamentos Baixo-Alto (lilás claro). A) Primeiro quadriênio,
2002 a 2005; B) Segundo quadriênio, 2006 a 2009; C) Terceiro quadriênio, 2010 a 2013.

Conclusões

Nos quadriênios de 2002 a 2005 o número de casos da doença de Chagas esteve


reduzido no estado do Pará. Nos quadriênios de 2006 a 2009 o número esteve
exacerbado. Contudo, nos quadriênios de 2010 a 2013 houve redução do número de
casos.

Agradecimentos

À Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UNIOESTE, pelo apoio


concedido da bolsa.

Referências

Cardoso, C. S. et al. Longitudinal study of patients with chronic Chagas


cardiomyopathy in Brazil (SaMi-Trop project): a cohort profile (2016). BMJ Open. v.4,
p. 1-9.

Da Silva, M. de J. B. et al. Cartografia Das Doenças Endemicas Em Três Municipios


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Fabbro, D. L. et al. Trypanocide treatment among adults with chronic Chagas


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Moreira, N. M., de Moraes, S. M. F., Dalálio, M. M. O., Gomes, M. L., Sant’Ana, D. D.


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Sandri, P; A., D.L; S. F., G.J. et al. Trypanosoma cruzi: Biotherapy made from
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Santos, S. O.; Eco-epidemiologia da doença de Chagas aguda em área amazônica.


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de 2016.

Xavier, S. C.; (2013). Análise espacial como ferramenta para definição de áreas de
risco de emergência de surtos de doença de Chagas aguda no estado do Pará.
152p.Tese (doutorado) – Programa de Pós graduação em Biologia Parasitária,
Instituto Oswlado Cruz. Rio de Janeiro.

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