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INTRODUÇÃO
Dentre as discussões presentes no Direito, aquelas que se referem
materialmente à fatos que se originam diretamente da emoção humana
findam em demonstrar a incapacidade de institutos genéricos para tutelar
pretensões passionais. Assim, o subjetivismo nas decisões põem em risco
tanto a segurança jurídica quanto à real satisfações dos direitos arguidos
pelas partes em litígio.
As inovações trazidas pelo novo Codigo de Processo Civil no que
se refere às ações que versem sobre o Direito de Família estão permeadas
pela vontade legislativa de privilegiar os métodos alternativos de solução
de conflitos. Nesta senda, entendem que estes são dotados de maior
aptidão, através de sua multidisciplinariedade, para tutelar interesses cuja
gênese seria incompreendida em um procedimento judicial clássico.
O presente trabalho pretende demonstrar – através da análise das
inovações no códice e posicionamentos doutrinários – como a jurisdição
voluntária é apontada como o meio ideal para a solução de demandas
familiares, sempre que o diálogo for possível. É o que se segue.
1
Código de processo civil anotado, TUCCI e ROGÉRIO CRUZ, Rogério ... [et. al.], 1ª
ed. Rio de Janeiro: LMJ Mundo Jurídico, 2016. Pág. 958.
À mesma ratio, nos leva o artigo 696, ao permitir que tais
audiências de mediação ou conciliação estendam-se por quantas seções
forem necessárias.
Dialoga com o acima exposto a ideia suscitada por John von
Neumann e Oskar Morgenstern, na década de 1940, conhecida como
Teoria dos Jogos. Nesta, a conclusão vai no sentido em que o diálogo leva
ao foco nos interesses e não nas posições conflitantes, criando a opção de
ganhos mútuos.
Em uma interpretação além da letra fria da Lei, é possível
afirmar que o procedimento especial ora exposto será supletivo à
autocomposição entre as partes, esta sim, capaz de satisfazer materialmente
as pretensões em desacordo. Além disso, na hipótese do divórcio de um
casal com filhos, a relação entre eles será continuamente necessária para a
criação de sua prole, sendo primordial seu convívio pacífico.
De fato, é reconhecida a importância da multidisciplinariedade
para a solução dos conflitos na área do Direito de Família, dada sua feição
eminentemente psicológica, possibilitando que terceiros orientem as partes
no sentido de encontrarem, elas próprias, a melhor solução.
Desta escolha do legislador, pode-se – moderadamente –
levantar-se a tese de que a vontade legislativa caminha no sentido de se
privilegiar a jurisdição voluntária nesses temas de família, uma vez que não
há outro ser passível de ter maior conhecimento a respeito das
peculiaridades emocionais que se velam através da provocação da inércia
judicial. Melhor dizendo, muitas vezes os litígios se originam de razões
passionais, que acabam ofuscando a racionalidade, configurando assim um
entrave à resolução consensual da divergência.
CONCLUSÕES
Ante ao exposto, é nítido que dentre as estipulações da seção que
trata das Ações de Família, todo o direcionamento é voltado para que as
partes encontrem – através do diálogo – o convencimento recíproco daquilo
que será melhor para ambas. Ousa-se afirmar, até mesmo, que o legislador
coloca o Judiciário em uma posição supletiva à autocomposição e à
jurisdição voluntária.
Então, pode-se afirmar que a vontade legislativa é que obtenha-se
a consciência de que a opção por provocar o judiciário não contemplará a
maximização da perseguição dos interesses suscitados. Tem ele, o fim de
demonstrar às partes que métodos alternativos para a solução do conflito
serão mais eficazes e mais céleres para ambas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
TUCCI e ROGÉRIO CRUZ, Rogério ... [et. al.], Código de processo civil anotado, 1ª
ed. Rio de Janeiro: LMJ Mundo Jurídico, 2016;
SOUSA, Paulo Henrique. Theory of games and economic behavior: a ideia de ciência
de John von Neumann e Oskar Morgenstern. 2005. 102 f. Dissertação (Mestrado em
História da Ciência) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.