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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

TUTELA JURISDICIONAL DE URGÊNCIA E TUTELAS


DIFERENCIADAS

PROFESSORA: MÔNICA BARBOSA DOS SANTOS


ALUNO: OTÁVIO VEIGA RODRIGUES 201434128
9º PERÍODO NOTURNO

A necessidade de perseguir o entendimento das partes como um


método eficaz de promoção da justiça e celeridade processual nos
processos de família

INTRODUÇÃO
Dentre as discussões presentes no Direito, aquelas que se referem
materialmente à fatos que se originam diretamente da emoção humana
findam em demonstrar a incapacidade de institutos genéricos para tutelar
pretensões passionais. Assim, o subjetivismo nas decisões põem em risco
tanto a segurança jurídica quanto à real satisfações dos direitos arguidos
pelas partes em litígio.
As inovações trazidas pelo novo Codigo de Processo Civil no que
se refere às ações que versem sobre o Direito de Família estão permeadas
pela vontade legislativa de privilegiar os métodos alternativos de solução
de conflitos. Nesta senda, entendem que estes são dotados de maior
aptidão, através de sua multidisciplinariedade, para tutelar interesses cuja
gênese seria incompreendida em um procedimento judicial clássico.
O presente trabalho pretende demonstrar – através da análise das
inovações no códice e posicionamentos doutrinários – como a jurisdição
voluntária é apontada como o meio ideal para a solução de demandas
familiares, sempre que o diálogo for possível. É o que se segue.

DAS JURISDIÇÕES CONTENCIOSA E VOLUNTÁRIA


O Direito é das ciências aquela que se reconhece visivelmente
como incidente diretamente nas relações da sociedade, sendo considerada
uma ciência social aplicada. É fato que toda a normatividade produzida em
nosso direito positivo tem por fim regular relações entre entidades pessoais,
ou personificadas.
Nessa senda, as disposições referentes ao indivíduo e seu
relacionamento intrinsicamente emocional com aquilo que lhe circunda é
de principal importância nas discussões teóricas a cerca da interferência
legislativa neste seio. Em suas diversas áreas de atuação o Direito tem a
função – além de inúmeras outras – de balizar comportamentos, dar
diretrizes de ação – como a presença da boa fé nos negócios jurídicos –,
criar vínculos obrigacionais, bem como os modos de se extingui-los.
O Direito Processual, quando analisado sob o aspecto do
processo, tem o escopo de efetivamente realizar o direito material, ao tornar
o Judiciário um terceiro imparcial na resolução de conflitos entre partes em
desacordo. Porém, nem sempre a via judicial é a mais adequada para que se
contemple pretensões cujo o gérmen tem por substrato relações emocionais
e sentimentais.
O sentido de tal afirmação é compreendido quando a analisa-se o
tema geral do presente trabalho, qual seja o Capítulo X, “Das Ações de
Família”, em sua feição contenciosa e a Seção IV, do Capítulo XV, “Do
Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual de União
Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio”, denotando a
feição voluntária do procedimento – ambos do Título III, do Livro I, do
Código de Processo Civil (CPC/2015) –. Neste tipo de procedimento
judicial, as nuâncias a serem consideradas destoam dos demais no tocante
ao já mencionado lado emocional incutido nas relações. Nesta senda, a
análise das inovações legislativas trazidas pelo novo códice processual civil
é primária à qualquer operador do direito que tenha em si um espírito de
humanidade.
Assim, é de concordância entre diversos doutrinadores que o
CPC/2015 inova, dando aos magistrados das varas de família e,
primordialmente, às partes em lides de Direito de Família, o – há muito
esperado – tratamento especial às ações que versem sobre relações
familiares1. Aprimorando o foco, este novo tratamento possui forte
inspiração na resolução do conflito através de métodos alternativos ao
judiciário reconhecendo o legislador, assim, a fatal distância entre o
procedimento jurisdicional e a real satisfação das partes em litígio.
O CPC, expressamente no artigo 694 expõe o posicionamento
aqui defendido ao versar que “todos os esforços serão empreendidos para a
solução consensual da controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de
profissionais de outras áreas de conhecimento para a mediação e
conciliação”. Nesta senda, o mesmo dispositivo permite a suspensão do
processo através do requerimento das partes, suscitando que os
profissionais de mediação e conciliação atuem no sentido em que as
próprias partes reconheçam a maior capacidade de elas próprias
encontrarem uma mediana para a disputa, em detrimento do arbítrio
judicial. Tal medida suspensiva não possui um prazo estipulado,
possibilitando que o terceiro eleito para a mediação utilize com calma suas
ferramentas para solucionar o conflito.

1
Código de processo civil anotado, TUCCI e ROGÉRIO CRUZ, Rogério ... [et. al.], 1ª
ed. Rio de Janeiro: LMJ Mundo Jurídico, 2016. Pág. 958.
À mesma ratio, nos leva o artigo 696, ao permitir que tais
audiências de mediação ou conciliação estendam-se por quantas seções
forem necessárias.
Dialoga com o acima exposto a ideia suscitada por John von
Neumann e Oskar Morgenstern, na década de 1940, conhecida como
Teoria dos Jogos. Nesta, a conclusão vai no sentido em que o diálogo leva
ao foco nos interesses e não nas posições conflitantes, criando a opção de
ganhos mútuos.
Em uma interpretação além da letra fria da Lei, é possível
afirmar que o procedimento especial ora exposto será supletivo à
autocomposição entre as partes, esta sim, capaz de satisfazer materialmente
as pretensões em desacordo. Além disso, na hipótese do divórcio de um
casal com filhos, a relação entre eles será continuamente necessária para a
criação de sua prole, sendo primordial seu convívio pacífico.
De fato, é reconhecida a importância da multidisciplinariedade
para a solução dos conflitos na área do Direito de Família, dada sua feição
eminentemente psicológica, possibilitando que terceiros orientem as partes
no sentido de encontrarem, elas próprias, a melhor solução.
Desta escolha do legislador, pode-se – moderadamente –
levantar-se a tese de que a vontade legislativa caminha no sentido de se
privilegiar a jurisdição voluntária nesses temas de família, uma vez que não
há outro ser passível de ter maior conhecimento a respeito das
peculiaridades emocionais que se velam através da provocação da inércia
judicial. Melhor dizendo, muitas vezes os litígios se originam de razões
passionais, que acabam ofuscando a racionalidade, configurando assim um
entrave à resolução consensual da divergência.

CONCLUSÕES
Ante ao exposto, é nítido que dentre as estipulações da seção que
trata das Ações de Família, todo o direcionamento é voltado para que as
partes encontrem – através do diálogo – o convencimento recíproco daquilo
que será melhor para ambas. Ousa-se afirmar, até mesmo, que o legislador
coloca o Judiciário em uma posição supletiva à autocomposição e à
jurisdição voluntária.
Então, pode-se afirmar que a vontade legislativa é que obtenha-se
a consciência de que a opção por provocar o judiciário não contemplará a
maximização da perseguição dos interesses suscitados. Tem ele, o fim de
demonstrar às partes que métodos alternativos para a solução do conflito
serão mais eficazes e mais céleres para ambas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

TUCCI e ROGÉRIO CRUZ, Rogério ... [et. al.], Código de processo civil anotado, 1ª
ed. Rio de Janeiro: LMJ Mundo Jurídico, 2016;

LEI Nº 13.105, de 16 de março de 2015, Código de Processo Civil, Congresso


Nacional;

SOUSA, Paulo Henrique. Theory of games and economic behavior: a ideia de ciência
de John von Neumann e Oskar Morgenstern. 2005. 102 f. Dissertação (Mestrado em
História da Ciência) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.

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