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Museu Virtual da Arte e dos Objetos dos Povos Indígenas do Tempo das

Malocas da Região do Alto Rio Negro, Amazonas, Brasil

Projeto a ser executado por


Domingos Barreto e Renato Athias
Projeto vinculado a
Federaçã o das Organizaçõ es Indígenas do Rio Negro
(FOIRN)
e ao Nú cleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade
(NEPE/UFPE)

Preâ mbulo

Este projeto visa agrupar de uma maneira virtual as imagens, os cantos e as


narrativas de objetos da cultural material e imaterial utilizados pelos povos
indígenas da regiã o do Alto Rio Negro do Estado do Amazonas. Esta regiã o situa-
se no Noroeste da Amazô nia, conhecida como uma dos territó rios indígenas de
grande diversidade cultural e linguística, pois lá , do lado brasileiro vivem
atualmente cerca de 23 povos indígenas pertencentes à s famílias linguísticas
Tukano Oriental, Nadahup (anteriormente denominada Maku), Aruak e
Yanomami, que perfazem 95% da populaçã o e da extensã o territorial do
município de Sã o Gabriel da Cachoeira (112.000.000 ha). Isso faz dela a regiã o
com a maior diversidade linguística do Brasil e do continente americano. Sua
populaçã o total é de 29.951 habitantes (IBGE, 2000) embora a prefeitura faça
uma estimativa atual de 46.000 habitantes, distribuídos em 627 comunidades.
Os recursos solicitados para esse projeto visa a criaçã o de um museu virtual
nessa regiã o gerenciado por um grupo de professores indígena visa na realidade
a devoluçã o, a restituiçã o de milhares de objetos dos povos dessa regiã o que se
encontram nos museus no Brasil e no Exterior. Este museu será gerenciado por
um grupo de professores indígena, designado pela Federaçã o das Organizaçõ es
Indígenas do Rio Negro (FOIRN) que terá atribuiçã o específica para estruturar e
gerenciar o Museu Virtual nas dependências da FOIRN, constando de um
Coordenador Geral, uma secretaria com um setor administrativos e um setor de
comunicaçã o e de informá tica. Será um projeto de 12 meses que implica a 1 a fase
da implantaçã o do Museu Virtual e todas as instalaçõ es relacionadas as
plataformas virtuais. Durante o período de estruturaçã o, desde os primeiros
momentos as coleçõ es que serã o disponibilizadas no Museu Virtual estarã o
disponíveis em plataforma “on line” para a visualizaçã o através d e internet e
assim as escolas indígenas do munícipio acompanharã o a montagem do museu
virtual e poderã o ver in loco objetos que foram coletados dessas regiã o nos três
ú ltimos séculos que se encontram dispostos ou nas reservas técnicas de museus
no Brasil e no exterior. Esse tipo projeto exigirá uma relaçã o bastante pró xima
do Museu Virtual com os museus onde os objetos dos povos indígenas dessa
regiã o se encontram. Recentemente a FOIRN tomou conhecimento sobre os
objetos que se encontram nos museus de Berlin, Viena e Gotemburgo, bem como
nos Museus do Smithtonian Institution dos EUA. Sã o milhares de objetos dos

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povos indígenas que se encontram fora da regiã o do Alto Rio Negro. Este museu
virtual tem o objetivo de repatriar para essa regiã o tais objetos e colocar as
disposiçã o da populaçã o indígena para que todas as pessoas das etnias dessa
regiã o possam ver e poder contar a histó rias desses objetos que foram levados
forçadamente para diversos lugares do Brasil da Europa e dos EUA. Esse
processo de restituiçã o virtual deverá ser coordenado pela comissã o indígena
designado pela FOIRN e que manterá relaçã o com as escolas indígenas para que
entrem nos processos da educaçã o escolar indígenas. Basicamente os recursos
serã o para despesas para três pessoas da comissã o indígena de gerenciamento,
recurso par compra de equipamentos de informá tica para armazenar,
pagamento para as despesas de digitalizaçã o e recursos para implantaçã o de
uma rede vinculada a internet via satélite para as diversas á reas administrativa
da FOIRN. Este projeto representa colocar em prá tica uma das mais sonhadas
ideias que é ver todo o patrimô nio cultural que foi levado dessa regiã o de volta,
restituído para os povos indígenas, mesmo que de uma forma virtual.

Objetos Indígenas em Coleçõ es de Museus

Esta projeto de Museu Virtual surge da pesquisa sobre objetos etnográ ficos fora
da regiã o do alto Rio Negro (ATHIAS, 2016) que trá s elementos histó ricos e
teó ricos para debater acerca dos artefatos e objetos dos povos indígenas da desta
regiã o, que sã o de enorme interesse, nã o somente os pesquisadores no â mbito da

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antropologia, mas também para os da museologia ou de estudos sobre cultura
material e imaterial dos povos indígenas. Em geral, todos esses objetos e,
especialmente aqueles de natureza ritualística, fazem parte de uma compreensã o
bem maior, onde as diversas dimensõ es de um objeto xamâ nico pode ser
percebido dentro de modelos pró prios que estã o relacionados principalmente à
organizaçã o social e a um entendimento cosmoló gico comum a cada povo dessa
imensa regiã o. Esses objetos vã o além, nã o sã o coisas, mas em muitos dos casos
sã o personagens de um compreensã o mitoló gica a cerca do universo. No
contexto indígena, esses objetos estã o localizados e nomeados e se manifestam
nas prá ticas xamâ nicas específicas de cada grupo das famílias linguística Tukano,
Arawak e Nadahup (Maku).

Como assinalado em texto anterior (ATHIAS, 2016), em um encontro de


Sabedores Indígenas, em Iauareté, na regiã o do Alto Rio Negro, em 2004, alguns
Kumuá (especialista de cura), e Bayaroá (mestres de canto), detentores de
saberes relatam uma histó ria bastante intrigante e creio de conhecimento geral
dos habitantes daquele local na fronteira com a Colô mbia, no Rio Uaupés. O
relato, que será descrito resumidamente a seguir, despertou interesse os objetos
indígenas que se encontram fora desta regiã o e, que se encontram em Museus,
Rio de Janeiro, Sã o Paulo, Paris, Madrid, Berlim, Gotemburgo, Londres e
Washington. Atualmente, as lideranças indígenas tem conhecimento significativo
sobre onde se encontram os tais objetos xamâ nicos dos grupos indígenas do Alto
Rio Negro, sobretudo na Europa. Existem muitos objetos que foram retirados
dessa regiã o peculiar, sobretudo a partir dos anos de 1700, e que se encontram
atualmente nos principais museus europeus.

Existem narrativas orais em Iauareté, por exemplo, que apresenta um europeu


que conseguiu adquirir um trocano e escondeu esse instrumento nessa regiã o,
nã o conseguindo leva-lo para sua terra ele o enterrou, onde ninguém mais
consegue achá -lo. Uma versã o desse mesma histó ria, que circula entre os mais
velhos em Iauareté, diz que esse europeu levou o trocano até Manaus para
vendê-lo por um enorme preço, e que esse imenso objeto encontra-se, hoje, no
Museu do Índio de Manaus. Uma outra versã o diz que ele nã o conseguiu levá -lo
porque nã o achou uma canoa adequada para passar a Cachoeira de Ipanoré (no
médio rio Uaupés), pois o trocano estaria cheio de ouro e, portanto, muito
pesado. O europeu o teria enterrado em algum lugar nos arredores de Iauareté
para que pudesse buscá -lo posteriormente, mas ele morreu antes, e, portanto,
quem o encontrar se tornaria uma pessoa muito rica. Os índios, na ocasiã o,
debatiam como achar esse “ouro”. Com muito esforço em situar o ano e pela
descriçã o do europeu, consegui identificá -lo como sendo o Conde Ermano de
Stradelli (que esteve algumas vezes em Iauareté no final do século XIX, e que
ainda faz parte das narrativas orais dos moradores Tariana de Iauareté).

Evidentemente, trata-se de uma narrativa oral como muitas que se contam sobre
pessoas nã o-indígenas que passaram pela regiã o e que levaram objetos e coisas
de pertencimento dos índios para fora da regiã o. Os mais antigos, detentores de
saberes, afirmam que esses objetos estã o fora e, muitas vezes, nã o sabem
exatamente sua localizaçã o. O trocano da histó ria relatada anteriormente se
encontra, realmente, em Manaus, no Museu do Índio, organizado pelas irmã s

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salesianas, juntamente com uma quantidade significativa de objetos que foram
retirados no início do século passado pelos missioná rios do interior das malocas
indígenas, por se tratarem do “culto ao diabo” e que agora estã o exibidos nesse
museu. Outros, trocano existem em museus da Europa e dos Estados Unidos que
foram também levados dessa regiã o.

Imagem de um trocano em frente de uma Maloca fotografado por Koch-Grü nberg em 1902

Os objetos indígenas têm uma vida pró pria. ‘Vivem’ para sempre porque foram
construídos para uma finalidade específica no campo simbó lico dos rituais e
cerimô nias. Nessas cerimô nias, os ancestrais estã o presentes, intermediados por
esses objetos que têm poderes pró prios entre os índios dessas famílias
linguísticas, e que fazem parte deste contexto cultural homogêneo que
caracteriza toda essa regiã o. Portanto, esses objetos sã o nomeados (têm um
nome pró prio) e, sobretudo, a partir das narrativas mitoló gicas sã o
territorializados, ou seja, esses objetos pertencem a um lugar e foram
construídos para ‘viverem’ naquele lugar específico e no meio das pessoas de um
determinado clã . Pois, cada clã possui um conjunto de saberes, de conhecimentos
pró prios que os caracteriza e que define a identidade do clã e, sobretudo, as
relaçõ es com os ancestrais, determinando sua interaçã o com os demais clã s de
seu grupo linguístico. Esses saberes do patrimô nio imaterial específicos
encontram-se num toante, uma mú sica, como dizem os índios. Ou seja: uma
harmonia que é de conhecimento exclusivo de cada clã e que sã o manifestadas
nas festas de Jurupari (miniã ) com os toantes. Os índios dessa regiã o, nesse
processo de revitalizaçã o cultural, procuram organizar seus conjuntos de
toantes, que eles chamam de Kahpivaiá , e seus adornos corporais para compor o
conjunto de irmã os ancestrais que se manifestam nessas festas. Muitos estã o à
procura nã o apenas da sua mú sica específica (de seu Karpivaiá ) por meio da qual

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seus ancestrais se manifestavam, mas também dos enfeites e adornos corporais.
É por essa razã o que cada maloca (casa comunal) de um determinado clã , que
também é nomeada e disposta num espaço geográ fico específico, em toda essa
regiã o, está presente nas narrativas e histó rias orais, e por geraçõ es sã o narradas
nos mitos e nas histó rias de cada clã que forma um grupo linguístico nessa vasta
regiã o. O conhecimento imaterial e os objetos ritualísticos estã o intimamente
relacionados. A caixa de enfeites de cada maloca representava o cerne da
identidade cultural de um clã determinado. Esse conhecimento específico é
narrado através de uma descriçã o dos especialistas que operacionalizam esses
saberes para curas.

A circulaçã o dos objetos indígenas do Alto Rio Negro para fora de sua á rea, pelo
que se tem notícia, vem sendo realizada com muita frequência desde o século
XVIII. No caso do Rio Negro, tem-se conhecimento da visita de seis dos mais
importantes viajantes: o português Alexandre Rodrigues Ferreira (1776), o
austríaco Johann Natterer (1835), o britâ nico Alfred Wallace (1853), os italianos
franciscano Illuminato Coppi (1880) e Ermanno Estradelli (1890) e o alemã o
Theodor Koch- Grü nberg (1906). Todos eles visitaram as malocas daquela regiã o
e escreveram em seus textos a respeito de suas viagens, informando sobre os
usos e sobre como conseguiram esses objetos que levariam de volta a seus países
de origem. Alexandre Rodrigues Ferreira, em Viagem filosó fica ao Rio Negro,
menciona os objetos de pesca e de caça. Alfred Wallace, em sua Viagem ao
Amazonas, descreve os objetos que recolheu de uso nas malocas e disse ter
ficado impressionado com a arquitetura dessas construçõ es, as grandes casas
comunais, e dos objetos que ali se encontravam e faziam parte da preparaçã o de
alimentos. Johann Natterer, por exemplo, busca todos os tipos de objetos para
sua coleçã o e percebe o interesse bem específico do “colecionismo” presente, e o
Frei Illuminato Coppi descreve em seu “Diá rio” objetos de rituais e diz como ele
se apropriou indevidamente de um objeto e cometeu “sacrilégio” com esse
objeto, levando-o, depois, para a Itá lia onde hoje se encontra como peça
importante no Museu Pigorini. Ele registra em seu diá rio a Festa das má scaras,
que ele associa a um ritual demoníaco e que chama a presença do diabo entre os
Tariana de Iauareté. Talvez um relato etnográ fico importante sobre a Festa das
má scaras hoje, nã o mais realizada nessa regiã o. É possível encontrar, em vá rios
museus da Europa e dos Estados Unidos, esses objetos indígenas em exposiçõ es
permanentes ou fazendo parte de acervos em suas reservas técnicas.

Veja-se, por exemplo, quando se tratou da organizaçã o da exposiçã o de objetos


sobre os povos indígenas no Grand Palais, em Paris, durante o ano do Brasil na
França em 2005. Um objeto amplamente divulgado durante tal exposiçã o e nã o
mencionado como deveria foi, justamente, um artefato que os índios querem que
seja destruído, conhecido como a Má scara de Jurupari, confeccionado somente
para o período das danças das má scaras em suas malocas. É justamente tal
objeto que se encontra hoje sob a guarda do Estado Italiano no Museu Pigorini de
Roma, vendido pelo franciscano Illuminato Coppi ao Estado Italiano. Sabe-se, no
entanto, que a expropriaçã o desses objetos das á reas indígenas foi muito grande
e, talvez, a maior delas foi promovida pelos Salesianos no início do século XX.
Com a destruiçã o da Maloca (casa comunal), denominada pelos Tukano de Wí’i,
foram levados milhares de objetos de uso cerimonial das malocas para Manaus e

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para diversos outros países europeus de onde esses missioná rios vieram. Além
de museus nacionais, esses objetos fazem parte de coleçõ es privadas em colégios
salesianos na Europa. Recentemente, pesquisando no Museu Nacional de
Etnografia de Madrid, que possui um nú mero significativo de objetos indígenas
do Rio Negro em uma coleçã o etnográ fica organizada por Iglesias, com cerca de
588 objetos. Também em Madrid existe um museu privado na casa provincial
dos salesianos. Pude realizar um inventá rio desses objetos que tem relaçã o com
as prá ticas tradicionais dos povos do Rio Negro.

Seguramente, esses objetos sã o provenientes das tais caixas de enfeites e


adornos encantados dos diversos clã s Tukano. Eles tinham a capacidade de
trazer para atualidade os ancestrais em danças com mú sicas específicas. Todos
esses objetos foram utilizados, de alguma forma, em celebraçõ es rituais e foram
recolhidos pelos salesianos em troca da adesã o dos índios aos benefícios e
prá ticas “sanitá rias” introduzidas por esses missioná rios em toda a regiã o. Ao
queimarem as malocas e entregarem esses objetos cerimoniais de Jurupari e
Dabucuri, os índios estavam renunciando à prá tica “do culto ao diabo” e, com
isso, aceitando as caixas de fó sforos, os machados, os facõ es, as facas, as panelas
de alumínio e todo um modelo higienizado de viver, segundo os salesianos. Eles
passaram a viver nã o mais em casas comunais, mas em pequenas casas com
família nucleares para evitar as orgias, tal como é descrito por Giaccone (1949)
ou como Dom Pedro Massa coloca nas legendas das fotografias de seu livro Pelo
Rio Mar e, sobretudo, como foi aprendido por Illuminato Coppi e descrito com
inú meros detalhes em seu diá rio, onde de pró prio punho descreve tais prá ticas
de culto ao Diabo. Entre os povos indígenas do Alto Rio Negro, cada um dos
objetos existentes que fazem parte da cultura material dos Tukano foi criado e
elaborado em um período em que Yepa-Oã khe encontrava-se nesse mundo
“ensinando” a humanidade como sobreviver nesse espaço físico, geopolitico e
geográ fico conhecido atualmente como Alto Rio Negro.

Objetivos:

Este projeto tem o objetivo geral de buscar o repatriamento virtual do


patrimô nio material e imaterial, objetos indígenas, visando uma restituiçã o dos
saberes que estã o contidos nesses objetos e o fortalecimento da cultura dos
povos indígenas da Regiã o do Alto rio Negro. Os objetivos específicos sã o:
criaçã o de uma comissã o para gerenciar o Museu Virtual, recursos para a
contrataçã o de pessoal técnico, e aquisiçã o de equipamentos de informá tica para
implantaçã o do Museu Virtual da Arte e Objetos dos Povos Indígenas do Alto Rio
Negro.

Justificativa:

Chegou o momento de repatriar de uma maneira virtual os objetos de artes da


cultura material e imaterial e disponibilizar esses objetos para os povos
indígenas que vivem na regiã o. Com a tecnologia existente e de acesso fá cil essa
repatriaçã o dos objetos indígenas que estã o em coleçõ es de museus fora da
regiã o de onde foram retirados é completamente possível desde que se tenha
recursos para a implantaçã o desse museu virtual.

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Ainda esse projeto se justifica para trabalhar na educaçã o escolar indígena a
memó ria desses objetos repatriados que estã o repletos de informaçõ es
etnográ ficos sobre os povos dessa regiã o que foram destituídos dessa memó ria
por açõ es de missioná rios cató licos e evangélicos que associaram esses objetos
ao culto ao diabo.

Essa restituiçã o virtual dos objetos e d arte desses povos poderá fortalecer a
manutençã o de suas identidades e fazer com o jovens possam ter conhecimentos
mais específicos sobre suas culturas, tanto através da educaçã o escolar indígena
quanto por açõ es concretas que esse Museu Virtual poderá prover.

A realizaçã o desse projeto e suas exposiçõ es virtuais será centrado


principalmente nas narrativas sobre esses objetos xamâ nicos e ritualísticos
usados por esses índios, e que buscam dar uma noçã o sobre os aspectos do
simbolismo que eles encerram, amplamente entendidos pelos grupos indígenas
até hoje. A questã o está focada também em alguns elementos-chave que
problematizam os processos de “patrimonializaçã o” de objetos e lugares
indígenas, nas políticas de cultura, tanto no Brasil como em outros lugares. Aqui,
procura-se dar uma pista para entender a circulaçã o de objetos xamâ nicos
indígenas em museus, buscando fazer uma interface com os aspectos ritualísticos
e com parte dos conhecimentos tradicionais desses povos.

Outra premissa importante desta aná lise diz respeito ao reconhecimento da


dimensã o espacial de um patrimô nio cultural. Em outras palavras, um
patrimô nio imaterial é selecionado em processos muitas vezes conflituosos e
contraditó rios de produçã o do espaço social. No caso dos povos indígenas da
regiã o do alto Rio Negro esses espaços, esses lugares sã o comuns e aparecem em
diferentes histó rias mitoló gicas dos povos que ali habitam. O desafio que se
impõ e, todavia, é identificar e compreender a natureza dos elos entre cultura e
meio, entre cultura e os espaços sociais que em muitos casos estã o imbricados
nas histó rias de cada povo sobre os objetos etnográ ficos. Esta dimensã o espacial,
nesse caso dos povos indígenas do Rio Negro, merece ser levada em conta em
todos os seus aspectos e será fundamental na constituiçã o deste Museu Virtual.

Contrapartidas:

A contrapartida desse projeto serã o solicitadas aos museus e instituiçõ es onde os


objetos se encontram e assim poder proporcionar a repatriaçã o de todos os
objetos que se encontram nos acervos das reservas técnicas de museus. Esse
processo de negociaçã o será individualizado para um dos museus que se
encontram em vá rios países como dito acima. Essa negociaçã o só será possível
de o Museu Virtual vir a se instalado, pois de acordo com o plano de execuçã o
desse projeto essa contrapartida será necessá ria como uma forma de reparaçã o
que além da restituiçã o dos objetos esses museus participarã o das exposiçõ es
virtuais, com seu pessoal técnica e a devoluçã o de toda e qualquer informaçã o
sobre o deslocamento desses objetos para tais museus, na Europa e nos Estados
Unidos.

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Plano de Açã o e Detalhamento:

a) Seleçã o do pessoal que se dedicará por 12 meses da estruturaçã o e


montagem do museu virtual: Coordenador Geral e dois outras pessoas
com capacidade técnica de organizaçã o das plataformas virtuais e outro
com gerenciamento administrativo que irá negociar com os museus a
repatriaçã o virtual dos objetos. Portanto 3 pessoas dedicadas
exclusivamente. Elaboraçã o de um plano de açã o.
b) Aquisiçã o dos Equipamentos: 3 computadores da ultima geraçã o, discos
rígidos uma excelente capacidade de armazenamento de dados tanto de
imagens quanto de á udios e vídeo.
c) Aquisiçã o de pacotes de dados para rede de internet e de espaço virtual
nas nuvens para manutençã o do acervo virtual
d) Criaçã o da campanha para incorporaçã o dos Museus Europeus e dos
Estados Unidos no plano geral de manutençã o do Museu Virtual e da
organizaçã o das exposiçõ es virtuais propostas pelo Conselho Gestor do
Museu Virtual.

Equipe Técnica proposta:

A equipe técnica está formada por três pessoas selecionadas pela FOIRN, a saber:
a) Coordenador do Projeto: Domingos Barreto
b) Dois técnicos a serem devidamente selecionado logo apó s a aprovaçã o do
Projeto.

O As atividades desse museu virtual terá um Conselho de Gestã o do Museu Vitual


está formado por representantes indicados pela Diretoria da FOIRN.

Local de realizaçã o:

Este projeto será realizado no munícipio de Sã o Gabriel da Cachoeira no â mbito


da Federaçã o das Organizaçõ es Indígenas do Rio Negro, tornando-se assim um
setor específico da FOIRN, portanto dentro das estruturas formais do movimento
indígenas de toda a regiã o.

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Orçamento Geral

Itens Unitá rio Total


Recursos humanos:
Coordenador R$ 3.500,00 x 13 R$ 45.000,00
Tecnicos x2 R$ 2.000,00 x 2 x 13 R$ 52.000,00

Equipamentos:
Computadores R$ 14.000,00 x 3 R$ 42.000,00
HD (hard disc) R$ 2.000,00 x 3 R$ 6.000,00
Software R$ 3.000,00 x 1 R$ 3.000,00

Manutençã o
Contrato de manutençã o R$ 1.000,0 x12 R$ 12.000,00
Aluguel de Esp.Virtual R$ 500,00 x 12 R$ 6.000,00

Total Geral R$ 166.000,00

Os recursos da contrapartida desse projeto estã o estimada em 30.000 reais que


serã o destinados a manutençã o geral e divulgaçã o do projeto e estará sendo
negociada com as instituiçõ es museais da Europa e dos Estados Unidos.

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