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ÍNDICE

I – INTRODUÇÃO GERAL......................................................................................2

II – FONÉTICA E FONOLOGIA..............................................................................3

III – A HISTÓRIA DA ORATÓRIA...........................................................................7

IV – DIVISÃO DA ORATÓRIA...............................................................................11

V – O QUE É A ORATÓRIA..................................................................................13

VI – O ORADOR................................................................................................... 16

VII – O ESTILO..................................................................................................... 27

VIII – O PÚBLICO................................................................................................. 31

IX – PREPARAÇÃO DO ASSUNTO.....................................................................38

X – ENFRENTANDO O MEDO.............................................................................46

XI – USO DAS ILUSTRAÇÕES............................................................................49

XII – A IMPORTÂNCIA DA DICÇÃO.....................................................................51

XIII – QUESTÕES PRÁTICAS..............................................................................62

XIV – DEFEITOS DA VOZ E SUA ORIGEM.........................................................66

XV – EXERCÍCIOS DA VOZ (DR. PEDRO BLOCH)..................................................70


2

I – INTRODUÇÃO GERAL

[A] – Antes de qualquer coisa, e o primeiro conselho, busquem ter uma


consulta com um foniatra (é a especialidade médica que lida com os
problemas da voz e da fala) para fazer uma avaliação e receber
conselhos específicos para o seu caso.

[B] – PENSAMENTOS GERAIS:

[1] Um turista achou que as pessoas do país que visitava falavam muito
pouco, quase nada, por isso perguntou a um indivíduo:

- Por que se fala tão pouco aqui neste país?


- É que aqui existe uma lei...
- Proibindo falar?
- Não, a lei é a seguinte: “Todo mundo está proibido de falar... a
menos que possa melhorar o silêncio.”

[2] “Quem não tiver a sua mensagem, quem não tiver a sua maneira de
ser e dizer, quem não possuir o dom de transmitir sentimentos,
fecundar pensamentos, fazer transfusão de alma para alma é sinal
que não pode melhorar o silêncio. Seu melhor discurso será ficar
calado.”

[3] “Um bom advogado é o que acredita na sua causa, na inocência do


seu cliente. Um bom professor é o que transmite, realmente,
conhecimentos profundamente digeridos e simplificados. Um bom
pregador é o que crê realmente em Deus.”

[4] “Para falar bem é preciso, antes de mais nada ter algo a dizer, em
segundo lugar, dizer bem o que se tem a dizer, e, principalmente,
depois de ter dito... ficar calado.”

[5] O bom orador. Não é necessariamente o possuidor de uma


eloqüência (boa voz), perfeita dicção e gesticulação harmônica.
Antes “saber falar é saber sentir e saber o que se diz, acreditando
no que diz em primeiro lugar.”

[a] “O homem que está convicto traz convicção na voz.”


3

[b] “O que deve transbordar de quem fala é amor: amor por um


tema, amor por uma causa, amor por um ser humano.”

[c] “A gente não fala somente com a boca, mas com todo o
organismo, com tudo o que somos, pensamos e sentimos. Digo
mais: A gente fala com tudo o que foi toda a humanidade.
Somos o resultado filogenético e ontogenético.”

[d] A voz carrega consigo toda a história do homem e da


humanidade.”

[e] O mais importante é falar descontraído, falar com


espontaneidade, ser autêntico, fiel aos seus princípios,
pensamentos e sentimentos.

** Dr. Pedro Bloch – Presidente da Sociedade Brasileira de


Foniatria, membro da Diretoria da International Association of
Logopedics and Phoniatrics, professor, etc.

II – FONÉTICA E FONOLOGIA

[A] – OS SONS DA FALA. Os sons de nossa fala resultam quase todos da


ação de certos órgãos sobre a corrente de ar vinda dos pulmões. Os
sons da fala em português são produzidos só na expiração. Apenas
alguns cliques se produzem na inspiração (beijo, muxoxo, aninar a
cavalos). Para sua produção, três condições se fazem necessárias:

[1] A corrente de ar.

[2] Um obstáculo encontrado por essa corrente de ar.

[3] Uma caixa de ressonância.

[a] Estas condições são criadas pelos órgãos da fala, denominados,


em seu conjunto, aparelho fonador.

[B] – O APARELHO FONADOR. É constituído das seguintes partes:


4

[1] Pulmões, os brônquios e a traquéia – órgãos respiratórios que


fornecem a corrente de ar, matéria-prima da fonação.

[2] A laringe, onde se localizam as cordas vocais, que produzem a


energia sonora utilizada na fala.

[3] As cavidades supralaríngeas (faringe, boca, fossas nasais e língua)


que funcionam como caixa de ressonância, sendo que a cavidade
bucal pode variar profundamente de forma e de volume, graças aos
movimentos dos órgãos ativos, sobretudo da língua que, de tão
importante na fonação, se tornou sinônimo de idioma.

[C] – FUNCIONAMENTO DO APARELHO FONADOR. O ar expelido pelos


pulmões, através dos brônquios, penetra na traquéia e chega à laringe,
onde, ao atravessar a glote, costuma encontrar o primeiro obstáculo à
sua passagem.

[1] A glote, que fica na altura do chamado pomo-de-adão ou gogó, é a


abertura entre duas pregas musculares das paredes superiores da
laringe, conhecidas pelo nome de cordas vocais.

[a] O fluxo de ar pode encontrá-la fechada ou aberta, em virtude de


estarem aproximados ou afastados os bordos das cordas
vocais. No primeiro caso, o ar força a passagem através das
cordas vocais retesadas, fazendo-as vibrar e produzir o som
musical característico das articulações sonoras. No segundo
caso, relaxadas as cordas, o ar escapa sem vibrações laríngeas.
As articulações denominam-se, então, surdas.

[b] Ao sair da laringe, a corrente expiratória entra na cavidade


laríngea, uma encruzilhada, que lhe oferece duas vias de
acesso ao exterior: o canal bucal e o nasal. Suspenso no
entrecruzar desses dois canais fica o véu palatino, órgão dotado
de mobilidade capaz de obstruir ou não o ingresso do ar na
cavidade nasal e, consequentemente, de determinar a natureza
oral ou nasal do som.
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[1] Quando levantado, o véu palatino cola-se à parede posterior


da faringe, deixando livre apenas o conduto oral. As
articulações assim obtidas denominam-se orais. Quando
abaixado, o véu palatino deixa ambas as passagens livres.

[a] A corrente expiratória então se divide, e uma parte dela se


escoa pelas fossas nasais, onde adquire a ressonância
característica das articulações, por esse motivo, também
chamadas nasais.

[b] Fonemas – são os sons vocálicos ou consonantais


diferenciadores das palavras: cá / fá, sede / sede.

[D] – CLASSIFICAÇÃO DOS FONEMAS – Os fonemas classificam-se em:


vogais, consoantes e semivogais.

[1] Vogais. Do ponto de vista articulatório são os sons formados sem


obstáculo à passagem de ar na cavidade bucal.

[2] Enquanto as consoantes encontram sempre obstáculo total ou


parcial da corrente ao ser produzido o som.

[3] Semivogais são os fonemas i ou u quando juntos a uma vogal


formam sílaba com esta.

[4] Classificação das vogais quanto à zona de articulação e timbre.

anteriores i u posteriores
fechada
ê s ô

abertas
é ó

a
média
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[5] Classificação quanto ao papel das cavidades bucal e nasal:

[a] Orais – a, e, i, o, u.

~ ~ ~ ~ ~
[b] Nasais – a, e, i, o, u.

[6] Classificação das consoantes: fonemas.

PAPEL DAS CAVIDADES


ORAIS
BUCAL E NASAL

OCLUSIVAS CONSTRITIVAS

NASAIS
VIBRANTES

FRICATIVAS

LATERAIS
MODO DE ARTICULAÇÃO

MÚLTIPLAS
SIMPLES
sonoras

sonoras

sonoras

sonoras

sonoras

sonoras
surdas

surdas

PAPEL DAS CORDAS


VOCAIS

BILABIAIS P B M
PONTO DE ARTICULAÇÃO

LABIODENTAIS F V

LINGUODENTAIS T D N

ALVEOLARES S Z L R

PALATAIS CH J LH NH

VELARES KG RR
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III – A HISTÓRIA DA ORATÓRIA

[A] – SUAS ORIGENS.

[1] Segundo Fr. Jesus Alejaldre, o 1º orador no estrito senso da palavra,


foi Solon, depois dele surgiram outros cujos principais nomes
foram: Temístocles, Péricles, Alcebíades, Clísias e Terâmenes.

[a] Nenhum destes homens deixou normas escritas sobre o


exercício da oratória.

[2] A oratória, enquanto possuidora de princípios normativos, teve seu


início, na Silícia, no ano 400 AC, aproximadamente. Quem lhe deu a
forma de ensino foi Corax e seu discípulo Tísias.

[a] Corax é chamado o fundador da retórica, por Aristóteles.

[b] Ele e Tísias escreveram um tratado, muito citado por diversos


autores, cuja finalidade era orientar os advogados quanto ao uso
da palavra nos tribunais.

[c] Ele, Corax, dividiu o discurso em 5 partes:

O exórdio, a narração, a argumentação, a digressão e o epílogo.

[3] Foi na Grécia, e mais precisamente em Atenas onde a oratória


adquiriu grande desenvolvimento.

[a] Apesar de inúmeros grandes oradores, dois se destacam:

[1] Isócrates, chamado de o Pai da Oratória, porque foi o


primeiro a escrever discursos, que serviam de modelo a seus
discípulos. Foi ele que implantou a Retórica no currículo
escolar de Atenas.

[2] Demóstenes, o maior orador da Grécia, ninguém o suplantou


em sua capacidade de arrebatar os sentimentos de seus
ouvintes. Seus discursos serviram para formar outros
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grandes oradores, que procuraram imitar sua assombrosa


variedade de idéias e riqueza fraseológica, onde
harmonizava frases longas e breves.

[b] Nesta mesma época, século IV AC, um outro nome se destaca


como estudioso da Retórica: Anaxímenes de Lâmpsaco, que
apresentou grande contribuição a esta arte. Ele classificou a
Retórica em 3 gêneros:

[1] Deliberativo.

[2] Demonstrativo.

[3] Judiciário.

[c] É de Aristóteles a mais antiga obra sobre Oratória intitulada de a


“Arte Retórica”, a qual chegou até nossos dias. Era uma obra
em 3 volumes.

[1] O primeiro se refere à linha de argumentação a ser seguida


pelo orador.

[2] O segundo se destina a ensinar como o ouvinte aprende as


idéias.

[3] O terceiro visa expor a estrutura do discurso e suas partes.

[4] Segundo Aristóteles, a Retórica é a faculdade de ver


teoricamente o que, em cada caso, pode ser capaz de gerar
a persuasão.

[4] Roma – A influência da cultura grega foi patente em muitas áreas do


conhecimento do Império Romano: Literatura, Religião e Língua. Da
mesma forma a Oratória penetrou em Roma.

[a] Contudo houve resistência das autoridades romanas a esta


influência.
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[b] Crasso, decretou o fechamento das escolas que ensinavam a


arte de falar. Isto não diminuiu o interesse do povo pela Oratória,
assim, que o censor Crasso deixou a função e partiu, as escolas
de Oratória foram reabertas e freqüentadas com muito
entusiasmo.

[c] O maior orador romano foi Cícero, que desde muito jovem se
preparou para a arte de falar em público.

[1] Aos 10 anos seu pai o entregou a dois professores de


Oratória.

[2] Aos 14 anos iniciou seu aprendizado de Retórica na escola do


Retor Plócio.

[3] aos 16 anos iniciou a prática da Oratória, observando os


grandes oradores de sua época, que se enfrentavam na
defesa de suas idéias.

[d] Cícero teve uma vasta produção literária na arte da palavra


sobressaindo-se;

[1] De Oratore.

[2] Orator.

[3] Brutus.

[4] Oratoriae Partitiones.

[e] A despeito de suas grandes qualidades como orador e escritor,


Cícero foi um homem de caráter volúvel. Mudava sua posição
política conforme as conveniências pessoais e o lado mais forte.

[1] Teve morte terrível na mãos dos soldados de Marco Antônio,


morto e degolado. A sua mão direita e a cabeça foram
expostas no Fórum Romano, e a sua língua espetada e
exibida ao povo.
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[f] Outro grande nome da Oratória romana foi Quintiliano.

[1] Seu grande mérito foi reunir todo conhecimento desenvolvido


pelos autores até sua época, e publicá-lo numa obra de 12
volumes. Esta obra desenvolve a educação do orador desde
sua infância, dentro de um programa pedagógico bem
detalhado. O nome deste livro de Quintiliano é : “Instituições
Oratórias”.

[g] Há uma lista enorme de outros oradores romanos aos quais


citamos apenas:

[1] Hortêncio, contemporâneo de Cícero.

[2] Sêneca.

[3] Galba.

[5] Oratória Hoje e de Ontem.

[a] Poderia alguém pensar que a oratória perdeu o seu lugar de


importância na atual sociedade. Estes se enganam. O que de
fato aconteceu é que ela se adaptou a uma nova situação. A arte
da palavra continua tendo sua importância nas relações
humanas do mundo hoje.

[b] Ela perdeu em pompa, verbosidade, grandiloqüência para dar


lugar à objetividade, à síntese e à simplicidade na exposição de
assuntos práticos. O auditório, hoje, solicita uma fala mais
natural e objetiva, sem os adornos de linguagem e a rigidez da
técnica.

[c] A Oratória hoje não é exclusiva de políticos, religiosos e


advogados. Empresários, executivos, profissionais liberais,
tecnocratas necessitam cada vez mais da comunicação verbal.
Isto envolve todas as atividades da vida:

[1] Apresentar relatórios.


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[2] Presidir solenidades.

[3] Vender produtos.

[4]Dar entrevistas.

[5] Fazer palestras.

[d] O orador de hoje conversa mais com o ouvinte do que pronuncia


um discurso. Por tudo isso a eficiência é a qualidade que
caracteriza a Oratória de hoje.

[e] O bom orador é aquele que, tendo em vista determinado objetivo


– informar, persuadir ou deleitar – plenamente o consegue pela
influência que exerce sobre o auditório.

[f] No passado, o orador visava despertar e conduzir o auditório ao


patético. Hoje este não é o primeiro objetivo do orador. O que
ele quer é captar a atenção e estabelecer uma comunicação
recíproca.

[g] A grandiloqüência cedeu lugar ao coloquial; e o informal se


tornou a forma atual de dizer.

IV – DIVISÃO DA ORATÓRIA.

[A] – AS DIVISÕES DA ORATÓRIA DEPENDEM MUITO DO PONTO DE


VISTA QUE SE A OBSERVA.

[1] A Oratória pode ser olhada sob vários pontos de vista:

[a] Da linguagem.

[b] Das qualidades do discurso.

[c] Da forma.

[d] Dos argumentos – conteúdo.


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[e] Do objetivo.

[1] Daí as diversas divisões:

[a] Simples, média e sublime.

[b] Completa e incompleta.

[c] Sagrada, forense, parlamentar e acadêmica.

[2] Julgando, que o que mais importa é o conteúdo ou matéria do


discurso, nós a dividiremos em:

[a] Polêmica:

[1] Política

[2] Artística

[3] Social

[4] Judiciária

[5] Religiosa

[a] Evangelística
[b] Doutrinária
[c] Devocional
[d] Consagração
[e] Ética
[f] Conforto e ânimo
[g] Profana.

[3] Oratória religiosa é a bela, adequada e eloqüente manifestação da


verdade religiosa, mediante razões ordenadas com relação a um fim
determinado que deve ser: a glorificação de Deus e a Salvação dos
homens.

[a] A Oratória religiosa se divide em:

[1] Informativa – tem por finalidade descrever, instruir, esclarecer,


avisar. Para isso, o orador deve influir na compreensão do
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ouvinte. São exemplos de discurso informativo: a aula,


conferência, o relatório. O objetivo desse tipo de discurso é o
de fazer com que se compreenda ou aprenda algo a ser
retido na memória e oportunamente utilizado.

[2] Persuasiva – destina-se a influir na razão, no sentimento e na


ação dos ouvintes, para que eles aceitem como verdade o
que lhes é exposto e atuem segundo a mesma verdade. O
orador vale-se de argumentos e provas de natureza pessoal,
emocional e lógica na exposição e desenvolvimento de suas
idéias, e na apresentação de objeções e refutações. As
razões devem ser convincentes para conduzirem o ouvinte à
ação. Neste discurso, o apelo ocupa lugar preponderante,
pois deve promover a ação. Os meios mais eficazes de
persuasão são: as analogias, os testemunhos e as
ilustrações.

[3] Apologética – é a que se destina a defender o verdadeiro e a


acusar o falso. É a defesa argumentativa de alguma doutrina,
teoria ou idéia. É a defesa de religião contra os ataques do
adversário. Neste discurso o arrazoamento e a amplidão dos
pontos de vista ocupam um considerado e importante lugar. A
lisura de argumentos e a forma amigável de expô-los são os
instrumentos mais fortes de defesa.

V – O QUE É A ORATÓRIA.

[A] – DEFINIÇÃO NOMINAL DA ORATÓRIA.

[1] A palavra Oratória deriva-se da palavra latina de 3ª declinação os,


oris, que significa boca, cujo principal e mais elevado destino no
homem é falar.
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[a] Segundo Bühler a fala, ou linguagem humana tem 3


características que a distinguem como única e exclusiva da raça
humana, são elas:

[1] Representação – os sons representam seres, processos,


estados, qualidades e circunstâncias.

[2] Exteriorização psíquica – a maneira de emitir os sons da fala


reflete os estados da alma.

[3] Apelo – ela inclui um relacionamento entre o mensageiro e o


receptor. Ela age sobre o próximo. Procura influir na decisão
do receptor.

[b] A linguagem tem leis mais ou menos rígidas que a regem:

[a] A linguagem varia: socialmente, temporariamente,


profissionalmente e pessoalmente.

[2] A linguagem culta é a linguagem da pregação. Ela é orientada


pela gramática normativa.

[2] “É a expressão dos pensamentos e sentimentos do homem através


da linguagem com o objetivo de agir sobre o próximo?” – Definição
nominal.

[B] – DEFINIÇÃO REAL DE ORATÓRIA.

[1] Todos os estudiosos de Oratória estão de acordo em dizer que na


Oratória devem estar presentes três coisas, a saber: instruir,
agradar e mover.

[a] E que os dois primeiros (instruir e agradar) vão servir de meio


para se conseguir o fim último – mover.

[b] Por isso em toda definição de oratória aparece de forma direta


ou indireta a palavra persuasão.

[1] Sem estas características não há Oratória.


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[2] Assim como só há música na combinação harmônica dos


sons.

[3] Assim também só há Oratória efetiva quando há persuasão.

[c] Definição Várias:

[1] Cícero – “Oratória é dizer ou falar ordenadamente para


persuadir.”

[2] Aristóteles – “Oratória é conduzir os homens, falando, a fazer


aquilo que o orador quer.”

[3] Hermágoras – “Oratória consiste em dizer o que convenha


para persuadir.”

[2] Contudo escolhemos esta: “Oratória é a bela, adequada e eloqüente


manifestação oral da verdade, mediante razões ordenadas em
relação a um fim determinado.”

[a] Isto significa dizer que o orador apresentará seu discurso de


modo atrativo, ordenado e perfeito.

[b] Não basta isto, porque na oratória tem que haver uma íntima
ligação com o público. Pois um discurso ainda que apresentado
com razões filosóficas profundas, com linguagem técnica e
escolhida, com as mais lindas figuras de linguagem, com uma
estrutura fraseológica esmerada a um auditório de pessoas
simples e sem instrução, não deixará de ser algo inútil, ridículo e
esdrúxulo.

[1] Por isso, que discurso além de ser belo precisa ser
adequado.

[c] Ainda tendo as qualidades da beleza e adaptação um discurso


pode estar incompleto se os ouvintes não agem em
conformidade com a finalidade do orador.
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[1] Precisa-se assim de algo que anime as pessoas a se


moverem, que as impulsione a agirem, isto está reservado à
eloqüência.

[2] No caso da Oratória Sacra, entra um outro elemento, o mais


importante de todos – o poder do Espírito Santo de
convencer e converter.

VI – O ORADOR.

[A] – QUEM PODE SER UM ORADOR.

[1] Qualquer pessoa, física e mentalmente capacitada para falar, pode


tornar-se um orador eficiente, sem que para isso necessite dotes
especiais de eloqüência.

[a] Basta aprender pelo estudo, e pela prática desenvolver seu


dotes naturais.

[1] Cícero, apesar de grande orador, não cessava de burilar o


fraseado de seu discurso.

[2] Demóstenes declamava com a boca cheia de seixos para


corrigir vícios de pronúncia, e ficava em casa meses a fio
para estudar a obra de Tucídides e imitar-lhe o estilo.

[3] Lacordaire ensaiava seu discurso falando às flores do jardim.

[B] – QUALIDADE DE UM ORADOR.

[1] A Memória – O orador precisa dela para recordar idéias e ordená-


las enquanto fala. Precisa se lembrar das palavras próprias para
reproduzir idéias com acuidade. Necessita da memória para citar
números, datas, estatísticas que esclarecerão seu discurso.
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[a] Contudo, não se pode confiar nelas totalmente, pois a emoção


diante do auditório pode causar um tolhimento repentino dos
fatos, dos dados, etc.

[b] Como melhorar a memória?

[2] A Adaptabilidade – É a capacidade que o orador deve ter de


adaptar o conteúdo da mensagem ao interesse da platéia para levá-
la à ação. É dizer as coisas da forma que as pessoas desejam ouvir
para que no final ajam de acordo com sua vontade. Não basta falar
com elegância, é preciso persuadir e convencer.

[a] Dizem que a grande diferença entre os dois maiores oradores


era que:

[1] Quando Cícero discursava exclamava-se: “Que maravilha!”

[2] Quando Demóstenes falava, o povo seguia em marcha.

[3] Inspiração – É a maneira como o orador cria o seu discurso, é a


forma nova de vestir velhas idéias e torná-las atraentes. É ainda a
capacidade de modificar ou substituir um discurso previamente
preparado, porque houve uma grande ou total mudança nas
circunstâncias no auditório. É sair do lugar comum, forçar a
imaginação e encontrar caminhos novos desconhecidos.

[4] Entusiasmo – O homem pode até vencer sem preparo, mas nunca
vencerá sem entusiasmo. O sentido etimológico é ter Deus dentro.
Quem apresenta um comportamento frio, apático e insensível
diante do auditório, isso mesmo receberá de volta. O entusiasmo é
o combustível da expressão verbal. O entusiasmo contagia os
ouvintes, faz crescer no orador e no auditório a força da convicção.
Dê mais valor à idéias.

[5] Determinação – todo orador se depara com deficiências próprias


que são desanimadoras, que o conduzirão à insegurança e à
depressão. Se ele se render ante este seu sendo de impotência, ali
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se sepulta para sempre o orador. Mas se fizer dessas deficiências


um desafio para alcançar maiores alturas na oratória, colherá com
alegria o resultado dos seus esforços. Determinação é lutar contra
nossos próprios defeitos, sem nunca desistir, insistindo
continuamente. Exercitar e orar.

[a] Demóstenes – Tinha problemas de articulação, respiração e


postura. Era alvo de constante zombaria, pois quando falava
continuamente erguia os ombros.

[b] Ao iniciar sua preparação, isolou-se em um lugar onde ninguém


pudesse perturbá-lo. Além disso fez a barba de forma irregular, e
cortou mal seu cabelo, e com aparência ridícula não podia
aparecer em público.

[1] Para conseguir boa respiração dedicava-se a longas e


extenuantes corridas.

[2] A dicção, como já disse, foi corrigida com seixos que colocava
na boca e com os quais pronunciava as palavras da forma
mais correta possível.

[3] Como não conseguisse controlar o vício do ombro, iniciou a


treinar diante de um espelho, e toda vez que erguia o ombro,
era espetado por uma espada que lhe produzia ferimentos
profundos.

[c] Com toda esta dedicação, realizou o sonho de ser um orador, o


maior de todos.

[d] Pastor Schubert.

[6] Observação – Estar atento a tudo quanto se pode dali produzir um


discurso. Fatos, idéias, declarações, descrições, necessidades.
Sempre ligado em tudo, pois de tudo ou quase tudo se faz um
discurso. Mas um sermão só existe quando começa da Escritura.
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[7] Expressividade – O comunicador deverá demonstrar nos seus


traços, atitudes e gestos as emoções pelas quais passam os seus
sentimentos e sua razão. Alegria, pânico, desolação, tristeza,
meiguice, até devem ser vistos nos gestos e expressões faciais do
orador.

[a] Não se deve confundir isto com a teatralização demagógica.

[b] Cuidar para que as emoções não obscureçam o raciocínio.

[c] Dar ênfase à palavra que melhor descreve o aspecto que você
deseja destacar: O menino foi de ônibus ao teatro hoje.

[8] Síntese – Dizer somente o que for preciso, nada além do


necessário é uma tarefa a ser perseguida por todo orador. Isto
significa que o discurso deve abordar o assunto no tempo que o
auditório espera.

[a] No início o orador não tem este problema, pois o nervosismo o


conduz a terminar mais rapidamente.

[b] O tempo do discurso depende da importância do assunto. Não


se deve mutilar um discurso por causa do tempo. Tempo normal
de discurso, em média, será de 30 minutos.

[c] Antão de Moraes, falando sobre Rui Barbosa, disse: “Chamaríeis


o mar de prolixo, por que é imenso? Pois é o caso de Rui; ele
não é prolixo, é grandioso”. O tamanho do discurso depende,
em certo sentido do tamanho do orador.

[1] O grande perigo é um pequeno orador agir como se fora


grande.

[d] O olhar para o relógio, não nos deve preocupar, e sim, quando
alguém, olhando o relógio, o leva ao ouvido para ver se está
funcionando.
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[9] O Ritmo – É a musicalidade da fala, que envolve velocidade,


tonalidade e intensidade. A variação destes 3 aspectos produz os
sotaques regionais e pessoais.

[a] É preciso aperfeiçoar o ritmo da fala de cada um dentro das


características pessoais. Mas neste crescimento ninguém deve
imitar ninguém.

[b] Defeitos como excesso de velocidade, padronização constante


ou falta dela devem ser evitados.

[c] Um bom exercício para se obter bom ritmo e cadência é a leitura


de poesia em voz alta.

[10] – A Voz – É o resultado da coluna de ar na sua passagem pelo


aparelho digestivo e respiratório. A este conjunto se chama aparelho
fonador. A voz é determinada pela hereditariedade e personalidade
de cada um, contudo ela pode ser trabalhada com técnicas
especiais para o seu aperfeiçoamento. A voz humana revela o
nosso nível de alegria, pressa, ira, amor, prazer, segurança, etc.

[a] O 1º cuidado que se deve ter com a voz para que adquira a
qualidade desejada, é com a respiração.

[1] Alguns falam quando ainda estão inspirando.

[2] Outros falam quando quase já não há mais ar.

[a] Isto provoca esforço excessivo do aparelho respiratório.

[b] Provoca mal aproveitamento da coluna de ar.

[b] A respiração mais indicada para falar é a diafragmática e


abdominal.

[c] Exercício – encher bola – demonstrar.

[d] Outro cuidado com a fala é a dicção. A clareza da fala depende


da boa pronúncia. A deficiência de dicção é quase sempre
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causada por negligência. Costuma-se engolir ou omitir o r, s, m


em finais de palavras.

Home - Homem Trigue - Tigre


Leva - Levar Craro - Claro
Fizemo - Fizemos Cardeneta - Caderneta
Janero - Janeiro Prebisteriana - Presbiteriana
Pcisa - Preciosa Talde - Tarde
Brasiu - Brasil

[1] Erros comuns no Brasil:

ERRADO CERTO REGIÃO


É ELE MERMO MESMO RIO DE JANEIRO
a) ELE ESTÁR EM CASA a) ESTÁ
NORDESTE
b) ELE FALOUR COM VOCÊ b) FALOU
VOCÊR HÁ DE VIR VOCÊ MARANHÃO
ISTO É PARA TI FAZER TU FAZERES , VOCÊ FAZER R. G. DO SUL
a) VOCÊ QUER QUE EU FAZ ISSO a) FAÇA
MINAS GERAIS
b) CÊ VAI E EU FICO b) VOCÊ
a) PONHA a) POR
PARÁ
b) TU FEZ b) TU FIZESTE

[2] Uso do Imperativo errado e Pretérito Perfeito.

[e] Exercício para melhorar a dicção: Ler em voz alta,


colocando obstáculos na boca como lápis, o dedo ou
qualquer outra coisa que possa dificultar a pronúncia.

[f] Outro cuidado a se tomar é com a intensidade da voz. Não


se pode discursar aos berros ou então, falar tão baixo,
aos sussurros, que não se ouça distintamente.

[1] A voz com o usos do microfone deve encontrar a


intensidade adequada para não irritar. É bom ter alguém
que lhe ajude nisto.

[g] Outro aspecto ao qual se deve dar atenção é a altura. A


voz por demais aguda o tempo todo, esganiçada, enerva,
incomoda o ouvinte. Em geral as pessoas, quando
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emocionadas, tendem a subir a altura da voz. Ex.: grito


na hora do pânico.

[11] Vocabulário – Todo orador precisa ser possuidor de um rico


vocabulário, que traduza, com acuidade, as idéias os sentimentos,
acontecimentos que necessita exprimir. O vocabulário deve ser o
mais vasto possível, porém, mais importante do que possui-lo, é
saber usá-lo.

[a] O vocabulário rico é útil para compreendermos o que lemos e


ouvimos, mas nem sempre deverá ser usado em nosso
discurso. É igualmente inútil, quando usamos palavras difíceis,
como que pesquisadas no profundo do dicionário.

[b] Vocabulário difícil que dificulte a compreensão do que se quer


dizer é uma falha, e cheira a esnobismo.

[c] Mais importante do que o vocabulário é a estrutura fraseológica


que mais embeleza e agrada do que outra coisa qualquer.

[1] Machado de Assis – Beleza fraseológica.

[2] Euclides da Cunha – Riqueza de vocabulário.

[d] O vocabulário pobre indica uma pessoa inculta, que não poderá
expressar com exatidão seus pensamentos. Leva o auditório a
rejeitar o que fala por causa de sua pobreza vocabular.

[e] Palavras vulgares não fazem parte da boa expressão oral, o


mesmo acontece com frases feitas já por demais usadas e com
gírias, que só se justificam em ocasiões especiais.

[f] Deve-se evitar termos técnicos próprios de uma profissão, pois


dificultam o entendimento.

[1] Renda per capta.

[2] Competência Tributária.


23

[3] Soteriologia.

[g] O melhor vocabulário é o que se adapte ao auditório a quem se


fala. A simplicidade deve ser buscada por todo orador para
expressar com clareza suas idéias.

[h] Como desenvolver um bom vocabulário? A primeira e mais


importante resposta é: Ler. A Segunda é procurar no dicionário
toda palavra desconhecida no exato momento que você se
depara com ela, ou o mais depressa possível. A terceira é
construir algumas frases com ela. Fazer palavras cruzadas,
ouvir bons oradores e praticar...

[12] Expressão Corporal – O corpo todo fala quando discursamos. O


principal nesta área é naturalidade. Contudo, há coisas que devem
ser evitadas: falar com as mãos no bolsos, com o s braços sobre o
púlpito, embora todos estes gestos possam ter seu lugar para
expressar certa idéia.

[a] A melhor postura é estar plantado sobre as duas pernas,


qualquer movimento do corpo todo só deve ser feito com
naturalidade para expressar algo importante, ou mudança de
pensamento, nunca se deve fazê-lo por mero nervosismo.
Depois de alguns anos de experiência isto será feito com
naturalidade.

[1] Cuidar para não ter algo que o esconda atrás, como vaso de
flores, cartaz, etc. ...

[2] Todo enfeite da plataforma não deve ficar na frente do


pregador.

[3] Ao sentar-se no auditório não assuma posição desleixada, ou


tensa, isto poderá prejudicar seu discurso. Exemplificar.
24

[b] Gesticulação. A posição de repouso, pode ser sobre o púlpito, ou


deixá-las (mãos) cair normalmente ao lado do corpo. Precisa-se
evitar os cacoetes do nervosismo repetitivos.

[1] Segurar a gola do paletó.

[2] Pressionar as mãos em forma de concha.

[3] Cruzar as mãos.

[4] Mesmo estes podem ser os mais expressivos em um dado


momento, ou aceitáveis quando feitos poucas vezes, em
repouso.

[5] Com a mão podemos pedir, separar, indicar nascimento,


parar, plantar.

[6] Evitar gestos exagerados.

[c] Gesticulação com a cabeça é quase sempre expressiva.

[d] O semblante é o principal indicador de expressividade. O jogo


fisionômico, quando bem usado, dispensa até os demais gestos.
Nele os olhos desempenham um papel fundamental. Procure os
seguintes meios para melhorar seu jogo facial:

[1] Observe bons atores pela televisão, bons oradores nas


câmaras, assembléias e tribunais.

[2] Aprenda com contadores de estórias, bons cantores.

[3] Estude seus gestos e jogo fisionômico, olhando-se pelo


espelho, ou com vídeo-tapes.

[4] Peça ajuda de algum amigo para corrigi-lo de forma geral.

[e] Com os olhos mantemos a mais viva comunicação com o


auditório. Olhe a cada um nos olhos.
25

[13] Naturalidade – Ela é tão importante que, se na tentativa de buscar


a perfeição pela técnica, você perder a naturalidade, esqueça-se da
técnica e fique com a naturalidade.

[a] Ninguém tem prazer de ouvir um robô, ou um orador


visivelmente produzido.

[b] O orador pode ser melhorado, aperfeiçoado, desenvolvido, mas


deve ser sempre ele mesmo.

[14] Conhecimento – Só deve falar quem tem algo a dizer e sabe como
falar. Isto inclui a necessidade de um preparo prévio. Estudado. O
orador deve conhecer acima de tudo sua época; quem fala precisa
conhecer o seu tempo. Quanto maior o conhecimento da matéria a
ser exposta, tanto maior a possibilidade de sucesso. Nenhuma
técnica de oratória será útil se a pessoa não souber o que dizer.

[15] Qualidades Bíblicas do Orador – 1Tm 4:12-16.

[a] Ser padrão dos fiéis.

[1] Na palavra.
[2] No procedimento.
[3] No amor.
[4] Na fé.
[5] Na diligência.
[6] Na pureza.
[7] Na leitura.
[8] Na exortação.
[9] No ensino.
[10] No cuidado de si mesmo e da doutrina.

[b] Honestidade do pregador.

“A maior necessidade do mundo é de homens que se não


comprem, nem se vendam/; homens que no íntimo da alma
sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar
o pecado pelo seu nome exato; homens, cuja consciência seja
tão fiel ao dever, como a bússola o é ao polo; homens que
26

permaneçam firmes pelo o que é reto, ainda que caiam os


céus.” (Educação, pág. 57 – EGW).

[c] Respiração.

“Para se conseguir correta prolação na leitura e na fala, faça-se


com que os músculos abdominais desempenhem papel amplo
na respiração, e que os órgãos respiratórios não fiquem
constrangidos. Que a tensão sobrevenha aos músculos do
abdômen, em vez de aos da garganta. Grande cansaço e séria
enfermidade da garganta e pulmões podem-se assim evitar.
Deve-se prestar cuidadosa atenção para se obter uma
articulação distinta, sons macios e bem modulados e uma
enunciação não demasiadamente rápida” (Educação, pág. 199).

[d] Postura.

“Os ministros devem manter-se eretos, falar devagar, com


firmeza e distintamente, inspirando profundamente o ar a cada
sentença”. (Evangelismo, pág. 669).

[e] Altura.

“Alguns destroem a impressão solene que possa haver... Por


elevar-se a voz demasiado alto, proclamando a verdade com
berros e gritos. Quando assim apresentam, a verdade perde
muito de sua doçura, sua força e solenidade. Se, porém, a voz
tem a devida entonação, se é possuída de solenidade e
modulação de maneira a ser comovente, produzirá muito melhor
impressão...” (Evangelismo, pág. 666).

[f] Dicção.

“A habilidade de falar com simplicidade e clareza, em acentos


sonoros, é inapreciável em qualquer ramo da obra. Essa
qualidade é indispensável nos que desejam tornar-se ministros,
evangelistas, obreiros bíblicos e colportores... a verdade não
27

deve sofrer detrimento por ser enunciada da maneira imperfeita.


(Obreiros Evangélicos., pág. 86).

“Os ministros e mestres devem disciplinar-se para uma


pronúncia clara e distinta, fazendo soar perfeitamente cada
palavra”. (Obreiros Evangélicos, pág. 91).

VII – O ESTILO

O Estilo pode ser visto sob dois aspectos diferentes:

Quanto ao entendimento da linguagem, temos as qualidades gerais do


estilo. Quanto ao nível da linguagem, temos os gêneros especiais do
estilo.

[A] – DEFINIÇÃO DE ESTILO – “É a maneira de expressão peculiar de


cada indivíduo. Como disse Buffon, naturalista e literato francês: “O
estilo é o próprio homem”. Isto eqüivale a dizer que há tantos estilos
quantos oradores existem.

[1] Na formação do estilo próprio entram educação familiar, cultura,


inteligência, temperamento, gosto, etc.

[a] Em função do exposto, em estilo não há leis fixas, por isso já se


disse. “Em matéria de estilo, o juiz e o soberano é o bom gosto.”

[b] O estilo é a fisionomia do talento, do caráter do orador. Pode até


variar conforme o estado de espírito do orador.

[c] Por causa disso, Villamain define o Estilo como segue: “É a alma
manifestada exteriormente por intermédio da palavra.”

[B] – QUANTO AO NÍVEL DA LINGUAGEM, O ESTILO APRESENTA OS


SEGUINTES GÊNEROS:

[1] Simples – É o mais freqüente nas Santas Escrituras, distingue-se


por sua clareza, exatidão, simplicidade e naturalidade.
28

[a] “As palavras do mestre eram claras e distintas, e foram


pronunciadas com simpatia e ternura. Elas eram portadoras da
certeza de que eram a verdade. Foi a simplicidade com que
Cristo trabalhou e falou que atraiu a si tantos ouvintes.”
(Evangelismo, pág. 53).

[b] “Assistia (Jesus) às grandes festas anuais da nação, e falava das


coisas celestes às multidões absortas nas cerimônias exteriores,
trazendo a eternidade ao alcance de sua visão...Falava-lhes em
linguagem tão simples que não podiam deixar de entender...”
(Evangelismo, pág. 54).

[c] “O s ensinamentos de Cristo eram a própria simplicidade... Jesus


exprimia a verdade de maneira simples, direta, dando força vital
e ênfase a tudo quanto dizia.” (Evangelismo, pág. 55).

[d] “Conquanto as grandes verdades pronunciadas por nosso


Senhor fossem apresentadas em linguagem simples, eram
revestidas de tal beleza, que interessavam e cativavam os
maiores intelectos.” (Evangelismo, pág. 56).

[2] O gênero simples exclui toda afetação e sofisticação do


intelectualismo distorcido.

[a] Por simplicidade não se entende alguma coisa baixa e grosseira,


ao contrário, ela tem sua nobreza de expressão. E a
arrebatadora beleza da verdade.

[b] Como disse Capmany: “A simplicidade á a parte comum da


elevação dos sentimentos, porque, como consiste em mostrar
tal qual alguém é, as pessoas nobres sempre ganham em ser
conhecidas.”

[c] E no dizer P. Melchior de Tivisa, autor de Compêndio de


Elocuencia Sagrada, este gênero é o que melhor se presta
como veículo de ensinos das verdades e doutrinas da religião
29

bíblica, que sempre tem condenado a vaidade e presunção dos


pregadores convencidos.

[3] Temperado é o 2º gênero. É a expressão ornada de imagens quando


oportunas, contudo guarda uma distância da sofisticação do Estilo
sublime e o mesmo o faz do Estilo simples. É um estilo floriado,
susceptível aos adornos da eloqüência sem exageros.

[4] Sublime – Este Estilo é admirável em seu apogeu: Cheio de


magnificência, veemente, repleto de figuras de linguagem e
pensamento. Arranca lágrimas dos ouvintes, excita a admiração,
transtorna o coração.

[a] Não pode prolongar-se por muito tempo, pois nem os ouvintes,
nem o orador o suportariam, portanto, são discursos mais
curtos.

[b] A sua principal característica não é tanto o adorno, mas a força


arrebatadora da enunciação, a veemência com que é dito. A
força dele não está na riqueza vocabular, mas na animação com
que o discurso é conduzido.

[5] Nada obsta, que os 3 gêneros apareçam todos num mesmo


discurso, embora um deles seja o dominante. Isto é o mais comum
nas elocuções.

[a] Exemplo – Pr. Enoque de Oliveira – sublime.

Pr. Roberto Rabelo – moderado.

Pr. Bessa – simples.

[C] – QUANTO AO ENTENDIMENTO DA LINGUAGEM, O ESTILO DEVE


APRESENTAR AS SEGUINTES CARACTERÍSTICA:

[1] Clareza – Ela depende da clareza das idéias e da construção das


frases.
30

[a] A linguagem é clara quando reflete o pensamento. É facilmente


inteligível. Evita termos difíceis. Usa animar em lugar de
acoroçoar. Evita arcaísmos, alugue por aluguel. Evita
neologismo, insight por estalo.

[b] A Linguagem clara evita palavras que podem ser mal


interpretadas: lascado, justificação, termos técnicos.

[c] O que dá clareza às frases é sua formulação em ordem direta:


Sujeito + Verbo + Complemento + Adjunto Adverbial.

[1] Quando for necessária a inversão para acentuar alguma idéia


que se evite o excesso.

[2] As frases dos discursos, quando são curtas, dão clareza à


frase. Machado de Assis, o maior romancista brasileiro,
caracterizava-se por frases curtas e vocabulário simples.

[3] Frases longas podem ser necessárias, mas cuidado com


elas.

[2] Precisão – É a perfeita relação entre palavra e pensamento. É


declarar no menor número de palavras o pensamento, de forma
exata. Esta é a busca dos artistas da palavra: poetas, romancistas,
contistas, etc. precisamos aprender com eles. Muito mais o orador
necessita de exatidão, pois o discurso não pode ser repetido como a
leitura.

[a] Assim, precisão do discurso consiste em exatidão e em concisão.


Isto faz o discurso ser objetivo, qualidade importante para o
orador moderno.

[1] Não faça voltas inúteis, acabe com a verbosidade inútil e


cansativa.

[b] A precisão, portanto, consiste em deixar toda superfluidade das


frases, e falar o necessário e o suficiente.
31

[3] Vivacidade – Quando a capacidade descritiva, leva o auditório a


viver com tanta intensidade o que se fala, que se impressiona, ora
pela imaginação, ora pela razão ou pelos sentidos. Geralmente,
nesta ocasião se faz uso de figuras de linguagem e/ou pensamentos
comuns ao auditório.

[a] Considerando a importância desta qualidade do Estilo, no que


diz respeito ao entendimento da linguagem, o Prof. V. A.
Ketcham, da Universidade de Ohio, deu às principais imagens o
nome de “Sete Portas da Mente”, com a seguinte classificação:

(1) visual (5) Gustativa


(2) auditiva (6)Térmica
(3) Olfativa (7) Motora
(4) Tátil

[b] A principal função desta qualidade é a de convencer os ouvintes


e tornar mais críveis os argumentos do orador.

[4] Correção da Linguagem – De todas as qualidades, de todas as


técnicas é a Correção da Linguagem a condição mais indispensável
para o êxito de quem fala em público.

[a] Um vez que a língua não é um fenômeno estático, mas dinâmico.


Em transformação constante em todos os sentidos. O orador
deve ser aquele que se expressa bem, dentro das normas de
linguagem do seu tempo.

[1] Por isso o bom orador é um bom conhecedor do seu idioma.

[2] O uso correto da língua fica para a cadeira de Português.

VIII – O PÚBLICO.

[A] – O LUGAR DO PÚBLICO NO DISCURSO – O público é peça


fundamental da Oratória. Sem ele não há discurso. É o público quem
32

estabelece o rumo a ser tomado pelo orador. Por isso, é importante


saber-se a que tipo de público se vai falar, para que ele faça as
adaptações necessárias.

[1] Em geral, o público a que se vai falar é heterogêneo, tendo, pelo


menos, uma coisa em comum: o assunto que os interessa, e
portanto os reúne.

[a] O público é composto de gente erudita e ignorante.

[b] De jovens cheios de esperanças e incertezas.

[c] De adultos sofridos, preconceituosos, de diferentes profissionais.

[2] O esforço de todo orador é fazer o seu público o mais homogêneo


possível, ou atender os seguimentos do seu auditório.

[B] – ELEMENTOS A SEREM CONSIDERADOS PARA ANALISAR O


PÚBLICO:

[1] Idade – vocabulário, assunto e postura do orador são afetados pela


faixa etária dos ouvintes.

[2] O público infantil – os meios de comunicação de massa, em especial


a TV, modificam, em muito, o mundo infantil. A isto o orador deve
estar atento.

[a] Apesar disso, as características psicológicas da infância


permanecem inalteradas.

[b] Devido sua facilidade de se distrair, e de não perceber idéias


abstratas, o orador precisa fazer uso de um sistema audiovisual.
Que até envolva relação tátil, da criança com o assunto. Pois o
concreto é o mundo (dilúvio) da criança.

[c] O vocabulário tem que ser o mais reduzido possível, as figuras e


exemplo devem ser algo conhecido do mundo das crianças.
33

[3] Público Jovem – no mundo jovem de hoje há 3 caminhos pelos quais


todos podem entrar, pois agrada à maioria deles. São: esporte,
música e namoro. E no fim da adolescência vem o interesse pela
profissão, e cultura.

[a] Em todo jovem há um idealista ardoroso.

[b] Nesta faixa etária se desenvolve um profundo senso de justiça.

[c] Ele, geralmente, sonha com grandes realizações, à semelhança


daqueles que são seus líderes.

[d] O jovem deve ser tratado com seriedade. Jamais se pode ter
sucesso quando se trata a juventude como se fosse criança
crescida. Não dando o devido valor aos problemas pessoais.

[3] O Público Adulto – vive a realidade dos fatos. Arrosta os problemas


e vitórias de sua vida. Tem sobre si a responsabilidade de conduzir
uma família. Caracteriza-se, em nosso país, em geral por viver
problemas financeiros e familiares sérios.

[a] Nem todo auditório adulto é maduro. Na observação de suas


reações em público: forma de sentar, maneira de se comunicar,
a forma como se vestiram para estar na reunião.

[b] Deve-se levar em consideração o idoso, com o seu principal


problema: solidão, que sendo comum a todos, é mais acentuado
no idoso.

[4] o Sexo – o relacionamento dos sexos vem sofrendo visíveis


mudanças nos últimos 20 anos.

[a] A mulher, hoje, entrou no mercado de trabalho para ajudar ao


homem na manutenção da família. Não é mais aquele ser frágil,
dependente, indefeso e carente de proteção.

[b] Na nossa sociedade houve uma liberação dos costumes, quebra


de tabus, mudança radical de hábitos. Tudo isto fez mudar a
34

maneira de se ver a mulher, e como ela quer ser vista. A uma


palavra, não há lugar para o machismo.

[c] Para nós, cristãos, a filosofia cristã é uma ajuda, pois o


parâmetro de relacionamento no cristianismo bíblico é a
igualdade.

[d] Nem por isso, a mulher perdeu sua natureza intrínseca de


fêmea, que a natureza lhe outorgou:

(1) Adorno (5) Mais fragilidade muscular


(2) Detalhe (6) Menos domínio das emoções
(3) Romantismo
(4) Maternidade

[e] Quanto ao público masculino deve-se não ter atitudes femininas,


exclamações exageradas, cuidar com o uso dos diminutivos.

[5] O Nível Sócio-Cutural.

[a] A platéia, intelectualmente despreparada, continue a maior parte


do público que assiste aos oradores de hoje.

[1] Não compreende as mensagens com facilidade, devido a sua


pobreza vocabular, e por falta de informação básica.

[2] Aprecia mais a inflexão de voz e gesticulação do orador.

[3] São pessoas que não têm a devida linha para um auditório.

[4] Tomam atitudes que, não raro, desrespeitam o orador e o


público como: rir fora de hora, falar alto, bocejar, sair e entrar
no decorrer a palestra, sair atropeladamente do auditório.

[5] Em geral sabem o que desejam em termos pessoais, mas


com pouca visão comunitária em geral.

[b] Todo orador precisa aprender a falar a este tipo de auditório, o


mais comum de hoje.
35

[c] O público culto em geral é indiferente e frio, dificilmente assiste à


reuniões deste tipo.

[1] Tem facilidade de acompanhar o orador por possuir melhor


vocabulário, e raciocínio mais desenvolvido.

[2] Em geral é mais crítico. Seu juízo de valor é mais


desenvolvido.

[3] Evita se fazer presente quando o público é inculto.

[d] Uma vez que o público, é, quase sempre heterogêneo, o orador


deve se dirigir ao público inculto, porque sempre é a maioria.

[6] O Ambiente – o tipo de ambiente que o orador tem, determina, em


muito, uma boa apresentação.

[a] O auditório é suficientemente grande para o público?

[b] Há espaço suficiente entre os assentos, e a ventilação?

[c] Há boa iluminação interna e externa?

[d] Como está arrumada a plataforma e a que distância está a


primeira fila (3 a 5m)?

[e] Quando as acomodações são confortáveis para o público não há


irritabilidade fácil. E os deslizes na programação são mais
suportáveis. Em geral deve-se visitar o auditório 2 ou 3 dias
úteis antes, para verificação de todos os detalhes e
aparelhagem de som e audiovisual.

[f] Quanto menos cômodas forem as acomodações, tanto mais


conciso deve ser o orador. Em auditório para mais de duas mil
pessoas, deve haver controle de disciplina ostensivo.

[g] Se o local á ao ar livre, o cuidado com o som deve dobrar, bem


como sua capacidade de alcance. O número de ouvintes deve
ser outra preocupação. Verificar anteriormente, a direção do
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vento e a posição do sol no horário da programação. A distância


do local para os possíveis barulhos de interferência.

[1] Nestas condições, procurar falar de um local mais alto do que


o nível do auditório.

[2] Falar a favor do vento, pois ele conduzirá sua voz a uma
maior distância.

[3] Posicione-se de tal maneira que possa ver o auditório todo.


Cuidado com o erro de olhar só para um lado do auditório.

[4] Devido ao desconforto deste tipo de auditório, o orador deve


ser mais explícito. Evitar longos arrazoados. A voz deve ser
forte e os gestos mais largos.

[7] Ponte de Relação Afetiva – é preciso, a um público novo, construir


um vínculo afetivo entre orador e platéia.

[a] Isto pode ser feito por falar das boas qualidades do povo ou da
cidade.

[b] Elogiar algum grande personagem local.

[c] Tecer comentário sobre os costumes interessantes.

[d] Falar sobre algum fato histórico da cidade.

[e] Entrevistar alguém do auditório, e ofertar-lhe um presente em


nome de toda a localidade.

[8] O Assunto – de preferência o assunto, ou o seu título, deve ser


previamente conhecido. Isto leva o expositor a ter que prepara o
tema na direção apresentada, e estudá-lo bem.

[a] A escolha do título é importante, pois deve ser feito de tal forma
que interesse o público.

[1] Ou por sua originalidade.


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[2] Ou por geral curiosidade.

[3] Ou por um tema de interesse.

[4] Ou por falar de um fato notório, positivamente.

[b] Para que se saiba o assunto de interesse de determinado


auditório, necessário se faz realizar uma pesquisa de opinião
pública no local.

[9] Reações do Público – varia da revolta à festiva e amorosa aceitação.

[a] O público é como uma pessoa portadora de identidade própria,


qu4e inclusive pode variar em determinadas ocasiões,
dependendo do tema a ser apresentado.

[1] Um orador não pode perder a paciência com o público, ou


com auxiliares nunca.

[2] Devemos responder as perguntas públicas com todo tato,


procurando concordar o máximo com as pessoas.

[3] Nunca atacar as coisas que amam.

[4] Receber e despedir o povo quando já é conhecido do mesmo.

[5] Agir educadamente com os que conversam no auditório, pois


a conversa pode ser até de elogios ao palestrante, ou ao
assunto.

[6] As pessoas que saem do auditório o fazem por diversos


motivos, não se embarace por causa disso:

[a] Saúde.
[b] Cansaço.
[c] Problema urgente.
[d] Chamada telefônica.
[e] Necessidades biológicas.
[f] Mal orador e mal assunto.
38

[7] Dizia Voltaire: “O público é um animal feroz, temos que o


subjugar ou fugir dele.”

IX – PREPARAÇÃO DO ASSUNTO.

[A] – TODO DISCURSO CONTÉM 3 PARTES GERAIS:

[1] Fundo

[a] Aquilo a que propõe o orador atingir – propósito.

[b] Contém a idéia central como seu núcleo.

[c] Faz uso de idéias secundárias para apoiar a idéia central.

[2] Forma

[a] Interna – é o plano ou ordenação das idéias.

[b] Externa – é a linguagem com que se veste o plano do discurso.

[3] Expressão

[a] Está no ato da elocução, o harmonizar fundo e forma.

[b] O discurso só existe quando enunciado. E quanto mais


expressiva a elocução tanto melhor o discurso.

[B] – ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA COMPOSIÇÃO DE UM


DISCURSO – a composição precisa considerar na sua estrutura 3
elementos essenciais:

[1] Interdependência – cada parte do discurso tem que ter participação


efetiva na composição do todo da peça oratória.

[a] Assim o discurso é um bloco uno, indivisível, onde as partes do


discurso funcionam como integrantes inseparáveis do discurso.
De tal maneira que a sua falta prejudica a unidade do todo.
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[2] Proporcionalidade – as partes do discurso guardam entre si uma


relação de grandeza.

[a] A introdução e a conclusão devem eqüivaler cada uma de per si,


¼ do discurso.

[b] Enquanto o corpo corresponde a 2/4.

[c] Não se trata evidentemente de uma lei rígida, ela está aqui para
se evitar as introduções e conclusões extensas
demasiadamente.

[3] Elucidação – cabe ao orador o dever de tornar fácil o entendimento


daquilo que expõe. É muito importante não só o que vai se incluir
no discurso, como o que se deixa de dizer. Nestes dois casos o
orador precisa saber se será entendido corretamente, ou até mal
interpretado.

[C] – AS TRÊS PARTES ESPECÍFICAS DO ESBOÇO DE UM DISCURSO


(Introdução, Corpo e Conclusão).

[1] Introdução – se diz na introdução aquilo que se vai dizer. “É a


entrada do discurso acomodada ao que se há de dizer sobre o
assunto a fim de preparar o auditório.”

[2] Objetivos da Introdução. “A oração que prepare o ânimo do ouvinte


para bem receber o restante do discurso.” (Cícero).

[a] Interessar os ouvintes no tema – na vida diária muito depende


das primeiras impressões.

[b] Estimular curiosidade intelectual do ouvinte, para que se


simpatize e se harmonize com o tema que você vai apresentar.

[3] Qualidades de uma boa introdução.

[a] Deve apresentar algum pensamento estritamente relacionado


com o tema.
40

[b] Deve-se apresentar um só pensamento que será ampliado no


corpo. Não se faz o discurso na introdução.

[c] Evita-se generalidades. Coisas sem relação como o tema.

[d] Não se promete na introdução aquilo que não vai se falar no


corpo.

[e] Ela se adapta ao discurso.

[f] Não é longa.

[g] É cuidadosamente preparada.

[4] Fontes que ajudam para se fazer uma boa introdução:

[a] Introduz-se o tema, dando-se informação (Formas de fazer)

[1] Histórica, geográfica, estatística.


[2] Do personagem(s).
[3] Definindo os termos que usaram no discurso.
OBS.: Escolhe-se um dos tipos, não todos.

[b] Faz-se uso da ocasião e das circunstâncias.

[1] Data específica comemorativa.


[2] Ocasião especial.
[c] Demonstra-se a utilidade do assunto à necessidade presente.

[d] Menção direta do problema.

[e] Um criação significativa: quem e como.

[1] Tenha cuidado com citações muito usadas.

[f] Poesia.

[5] Corpo – é a sistematização das idéias básicas depois de se


estabelecer o propósito do discurso.

[a] Estas idéias devem servir de apoio ao objetivo do discurso.


41

[b] Assim o corpo do discurso é a seqüência de argumentos


encadeados para convencer, persuadir e converter o ouvinte.

[c] O assunto do discurso deve ser desenvolvido dentro de duas a


quatro idéias básicas, que por sua vez, cada uma é apoiada por
uma a três idéias secundárias. O mais comum é se ter 3 idéias
básicas. As idéias secundárias devem ter íntima relação com a
idéia básica a qual apoiam.

[d] Características da boa estrutura.

[1] Unidade – O orador deve enunciar uma mensagem de cada


vez.

[2] Ordem – é o relacionamento das partes como o todo e com


cada uma de per si.

[3] Simetria – refere-se ao tempo e à ênfase dada às partes do


discurso. O tempo e a ênfase devem ser distribuídos
conforme a importância das partes.

[e] No corpo se processa toda a argumentação. Aqui são feitas


todas as análises de caráter histórico, filosóficos, científico e/ou
teológico. É aqui que se persuade o ouvinte a concordar com o
orador.

[f] Portanto, o preparo do discurso começa pelo corpo. Depois deste


pronto, se formula uma frase que resume todo o assunto do
sermão – o propósito. Em seguida se faz a introdução, então a
conclusão.

[6] Conclusão – é sumariar a exposição de modo a deixar na mente do


ouvinte o conteúdo básico da mensagem.

[a] Na conclusão o intelecto e o coração devem ser alcançados de


maneira tal que o ouvinte seja levado a agir.

[1] É, por isso, a parte mais importante do discurso.


42

[2] No caso do pregador, é neste momento que ele conduz o


ouvinte a fazer a vontade de Deus, isso se realiza através do
apelo.

[b] O apelo no discurso deve ter as seguintes características :

[1] Definido.

[2] Positivo.

[3] Pessoal – direto – o que isto pode fazer por você e o que
você deve fazer.

[4] No apelo o pregador põe o ouvinte face a face com Deus,


suas promessas, seus reclamos e suas advertências.

[c] Não se introduz matéria nova nem estranha.

[d] A conclusão deve ser viva e enérgica.

[1] Profunda paixão expressa com compaixão.

[2] Palavras que ardem com fúria e ternura.

[3] Precaução: alguns oradores enérgicos concluem roucos e


exaustos e suados.

[e] A conclusão deve ser melhor planejada do que o corpo, pois é a


parte mais importante. E ninguém deve pronunciar um discurso
se a conclusão não estiver bem planejada.

[f] Tipos de conclusão:

[1] Resumitiva – qualquer tipo – apela pouco.

[2] Aplicação prática – este será o resultado (temperança


bíblica).

[3] Contraste entre verdade e o erro – nuca terminar com o erro,


nem em aspectos negativos (AIDS, Domingo na Bíblia).
43

[4] Análise de problema e solução – defina qual é o problema e


declare a solução (Stress).

[D] – ESBOÇO EFICIENTE – o esboço é a delimitação de um plano, de um


procedimento de uma linha de pensamento que será desenvolvida. Os
esboços não são um fim em si mesmos, ainda que o tempo e o estudo o
possam fazer parecer ser. Ao contrário, os esboços são um meio para
alcançar um fim. Eles provêem um plano organizado para alcançar um
fim. Eles são indispensáveis para o desenvolvimento organizado de
qualquer tema.

[1] Os esboços podem ser de diversos tipos.

[a] Cronológico, ou de tempo – é bom para estórias, dramas e


novelas.

[b] Causa-efeito – aqui são discutidos certos procedimentos e seus


resultados – usado para biografias.

[c] Assunto – usado para apresentar diversos temas como: poluição,


stress, AIDS, doutrinas, etc.

[2] Esquema:

I – TÍTULO
A- IDÉIA PRINCIPAL
1 – Idéia secundária
a) Idéia secundária
(1) Idéia secundária
(a) Idéia secundária

II – Títulos do tema – frase completa ou não


A – IDÉIA PRINCIPAL
1 – Idéia secundária
a) Idéia secundária
(1) Idéia secundária
(A) Idéia secundária
B – Idem

C - Idem
44

III – TÍTULO
A – IDÉIA PRINCIPAL
1 – Idéia secundária
a) Idem
(1) Idem
(a) Idem
B – Idem

C - Idem

[3] – Como preparar esboços – os esboços são utilizados,


primariamente, para ajudar na apresentação do discurso, por este
motivo deverão ser executados como um alto grau de certeza,
praticidade e boa forma. Ainda que o material esboçado não é para
ser apresentado, a organização do mesmo traz resultados
benéficos. Além de promover um estudo efetivo, promove hábitos de
pensar ordenada e claramente. Naturalmente, os procedimentos de
um esboço variam com o tipo e a qualidade de material que vai ser
apresentado. No caso do estudo da Bíblia pode-se até esboçar um
livro de uma vez. Ele pode ser utilizado na apresentação de aula.
Os esboços curtos podem ser utilizados também em pequenas
exposições como: discursos, sermões, etc.

[a] O esboço deve girar em torno de um tema. No esboço de um


livro deve se encontrar a mensagem central do mesmo, e as
diferentes partes que se relacionam com o tema central.

[b] O esboço deve ter unidade.

[1] Cada idéia principal tem que estar relacionada com o tema.

[2] Cada idéia secundária deve estar ligada respectivamente com


sua idéia básica.

[c] O esboço deve ter um paralelismo efetivo.

[1] Aplica-se às frases usadas.


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[2] Aplica-se ao arranjo da estrutura.

[3] Aplica-se para dar equilíbrio ao Esboço.

[4] Aquilo que se diz na letra “A” em forma de frase completa,


então se faz o mesmo para as outras letras: “B”, “C”, “D”; da
mesma forma se procede com os sub-tópicos: “1”, “2”, etc.

[d] A expressão do pensamento do Esboço pode ser feita em


qualquer forma verbal.

[e] O Esboço deve ter subordinação lógica.

[1] A subordinação lógica proíbe a introdução de matéria


estranha.

[2] Os sub-tópicos devem ter uma seqüência lógica apoiando a


idéia principal.

[3] A seqüência lógica não permite que um sub-tópico, ou idéia


secundária, seja uma idéia principal.

[f] Exemplo:

TEMA: Doutrina de Deus

[A] – Os nomes de Deus


[B] – A Trindade
[C] – O Espírito Santo

[1] A divisão “O Espírito Santo” é matéria estranha.

[a] Ela está fora de lugar. Deveria ser número “3” sob a
subdivisão “B”, assim o número “1” seria “O Pai”, e o
número “2” seria “O Filho”.

[b] Ficaria assim:


[B] – Trindade

[1] O Pai
[2] O Filho
[3] O Espírito Santo
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[g] Verifique seu Esboço, vendo se o tema está limitado.

[1] Primeiro por causa do tempo disponível.


[2] Saber o costume litúrgico do auditório.
[3] O objetivo do orador.

[h] Verifique as idéias principais que vai apresentar.

[i] Verifique a seqüência lógica.

[j] Verifique as ilustrações e seus argumentos e provas.

[l] Verifique o paralelismo da estrutura.

[m] Verifique se o Tema está encerrado na forma mais completa.

X – ENFRENTANDO O MEDO

Emílio Mira y Lopes, no seu livro “Os Quatro Gigantes da alam”, aponta
o medo como o maior deles, cujas conseqüências trágicas são:
escravidão da vontade, limitação da criatividade, interrupção do
desenvolvimento, bloqueamento do despertar das potencialidades e
descrença nas suas qualidades de comunicadores.

[A] – OS DOIS ORADORES QUE VIVEM EM TODO COMUNICADOR.

[1] Orador real – é a verdadeira imagem do comunicador, na qual estão


todos os defeitos e qualidades, que tendo coragem de falar sempre
terá quem tenha coragem para ouvir.

[2] Orador imaginário – é a imagem que o orador pensa transmitir aos


seus ouvintes. De nada adiantará aprender todas as técnicas de
retórica, postura, expressão verbal, se continuar pensando que ao
subir na plataforma vende uma imagem negativa, e que se expressa
mal.

[a] Procure descobrir quais são os aspectos positivos de sua


expressão verbal.
47

[1] Ver as qualidades já existentes.

[2] Consertar os seus defeitos, pela disciplina do treinamento.

[b] Tudo depende do seu esforço, da sua vontade, e da sua


determinação para encontrar a liberdade tão sonhada: falar com
desembaraço e sem inibições.

[c] Quanto mais aumenta sua confiança em suas boas qualidades,


os defeitos tendem a desaparecer gradativamente.

[d] O nervosismo – depois de conquistar a segurança almejada, se


seguir certa dose de nervosismo, isto é normal e acontece com
quase todos os oradores. Osmar Santos, locutor esportivo, um
dos maiores comunicadores brasileiros, no curso de expressão
verbal, disse, que sempre ficava nervoso antes de falar, e que
abandonaria a profissão, se não o sentisse mais.

[1] “Fale principalmente com energia da verdade do seu coração;


traduza em palavras suas convicções mais profundas, pois
elas colocarão um escudo protetor contra o receio e trarão à
superfície todas as idéias que desejar transmitir”. (Reinaldo
Hipólito).

[B] – RECOMENDAÇÃO PARA CONTROLAR O MEDO.

[1] Quando ele surgir, encare-o com naturalidade.

[a] Desenvolva o senso de realidade por saber que mesmo os


grandes oradores são assaltados pelo medo.

[b] Logo não é estranho que você o sinta. Com o tempo, a


tranqüilidade o sobrepuja.

[2] Controle o nervosismo – não alimente o nervosismo por se deixar


levar pelo tamanho de sua responsabilidade, ou pelo medo de sair-
se mal.
48

[a] Procure uma posição descontraída, respire profundamente,


contraia fortemente as mãos, duas ou mais vezes.

[3] Não permita que seus gestos o traiam, por transmitir seu receio.

[a] Ao se encaminhar para a tribuna, o faça com toda a segurança.

[4] Saiba com segurança o que vai falar.

[a] Tenha consciência que sua pesquisa foi completa para a


extensão do Tema que pretende apresentar.

[b] Quem sabe o que vai dizer controla o medo de falar.

[5] Não imagine cenas pessimistas.

[a] Enganar-se ao pronunciar palavras são erros comuns aos


melhores oradores, não tema fazê-lo.

[b] ficar preocupado, exageradamente, com erros que ainda não


cometeu fá-lo-á inseguro e propenso a cometê-lo. O temor
demasiado causa geralmente o que teme.

[6] Não adquira vícios – botão do paletó, bolsos, lápis, giz, óculos, folha
de papel, fio de microfone, não poderão lhe oferecer segurança.

[a] Estas coisas não afastam o nervosismo e ainda tiram a tenção.

[b] Evitar descansar os cotovelos sobre o púlpito, ou ficar


manuseando objetos.

[7] Chame a voz através de profunda respiração.

[a] Evite tossir, pigarrear para limpar a garganta quando está


nervoso, pois nada resolve, e ainda desagrada ao auditório.

[8] Procure falar em público como um ato reflexo condicionado.

[a] Do mesmo modo que todos os hábitos são aprendidos.


49

[b] A partir do momento que suas atitudes forem impulsionadas


pelos reflexos adquiridos pela prática, você se sentirá como um
velho motorista, despreocupado, natural e confiante.

[C] – O ORADOR, RARAMENTE, NASCE FEITO. Ele se faz pela


aprendizagem. O orador chega ao máximo de sua capacidade e
domínio do público com 10 anos de prática.

[1] Oratória é uma arte que se adquire pela aprendizagem da técnica.

XI – USO DAS ILUSTRAÇÕES

“Um quadro vale dez mil palavras”, declara o provérbio chinês. A


função das ilustrações é dar vivacidade e realidade às verdades
abstratas.

Elas são setas que indicam o caminho.

[1] a ilustração é como uma janela para a casa, dá luz e ar fresco.


Contudo a ilustração não é um fim em si mesma. Ela é um meio
para alcançar um fim e elucidar a verdade.

[a] Um discurso sem ilustração é uma casa sem janelas.

[2] Ilustrar significa literalmente avivar com luz, isto que ela deve fazer.

[3] Tipos de Ilustração.

[a] Poema – deve ser curto, bem escolhido, e de bom gosto.

[b] Histórias e Estórias – bem contadas. É preciso desenvolver a


maneira de fazê-lo.

[c] Símile – figura que compara duas coisas essencialmente


dessemelhantes, atribuindo-lhe caracteres comuns:

[1] Pesca, moeda, ovelha, candeia, pão, escorpião, etc.


50

“Procurou o príncipe dos mestres acesso ao povo pela senda


de suas mais familiares associações. De tal maneira
apresentou a verdade, que por todo o tempo, depois, esteve
ela, para os seus ouvintes, entretecida em suas mais
sagradas recordações e simpatia. Ensinou de um modo que
os fez sentir a plenitude de sua identificação com os
interesses e a facilidade deles. Tão simples era a sua
instrução, suas ilustrações tão apropriadas, tão compassivas
e alegres eram suas palavras, que seus ouvintes estavam
encantados.” (EGW, Carta 213, 1902).

[a] Era portanto através da imaginação que Cristo chegava à


alma.

[d] Suas ilustrações eram tiradas da VIDA DIÁRIA. O poder da


mensagem de Cristo não residia em pensar com simplicidade,
mas em falar com simplicidade. O pescador, o semeador, o
agricultor, a vinha.

[4] Onde encontrar Ilustrações.

[a] Não é preciso procurá-las, deixe que ela venha ao seu encontro.
Isso acontecerá ao ler e a observar o mundo ao seu redor.
Cristo achou suas ilustrações em lugares comuns; embora
houvesse muitas lendas no Talmude, Ele não usou nenhuma. O
mesmo acontecia com a Pérsia e o Egito. Repletos de lendas,
que Cristo jamais usou. Ele falou de coisas comuns do dia a dia:
donas de casa, pastores, frutas, grãos...

[b] Enquanto o profeta não tem honra em sua terra, o contrário se


dá com a ilustração, que tem sua maior honra em seu próprio
país.

[1] Billy Grahan, no Rio de Janeiro, usou o Corcovado mais de


uma vez.

[c] Uso da Ciência.


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[d] Natureza, história, Biografia – quando ler tenha um lápis na mão


e um arquivo para guardar suas idéias.

[e] Não dependa de livros de ilustração. A melhor é a que acontece


em sua própria vida.

[f] A melhor fonte de ilustrações é a própria BÍBLIA.

XII – A IMPORTÂNCIA DA DICÇÃO

Respiração em função vital é o ato reflexo e inconsciente.

Respiração em função fônica é a base fundamental da palavra, porque o som


depende de uma força motora, que é o ar expelido pelos pulmões.

Compreende dois tempos: inspiração e expiração. Esses movimentos são regidos


por músculos que se dilatam ou comprimem-se, cujo principal músculo é o
diafragma.

Diafragma é o músculo que, contraindo-se, perde sua forma curva, abaixa-se e


assim aumenta a cavidade torácica no sentido vertical, enquanto outros músculos
afastam as costelas flutuantes, elevam o osso externo onde estão presas as
costelas fixas e aumentam a cavidade torácica no sentido horizontal ântero-
posterior.

Respiração clavicular é deficiente.

Respiração abdominal é deficiente.

Respiração deve ser clavicular-abdominal-torácica.

Os exercícios respiratórios são recomendados para aumentar a capacidade vital.

Aparelho fonador – Máscara facial.


Boca – articuladores – nariz
Laringe – faringe – pulmões – cordas vocais
Músculos como diafragma e outros.
52

Laringe – é considerado o órgão fonador principal. É constituído de cartilagens,


ligamentos, músculos e nervos e está situada entre a traquéia e a faringe.

A fenda vocal chamada glote contém as cordas vocais. Elas cerradas permitem a
fonação. Quando produzem um som, as cordas vocais fecham-se
automaticamente e a expiração põe estas em vibração. Em repouso as cordas
vocais estão soltas e separadas e a respiração passa livremente.

Faringe – é um canal que se comunica com a boca, com as fossas nasais e com
a laringe, e tem dois orifícios que se comunicam com as trompas de Eutáquio;
que são canais que partem do ouvido médio, e se abrem na naso-faringe e
mantêm a pressão de ar entre a caixa do tímpano e o exterior.

Articuladores - boca – contém lábios – dentes – língua – véu palatino e


musculatura, que movimenta o maxilar inferior.

Ouvido – ele não é parte do aparelho fonador, mas é ouvindo que se aprende a
falar.

Cavidades de ressonância – partes fixas que são os ossos do rosto, os seios


nasais, frontais, occipitais e o palato.

Partes móveis – os músculos e ligamentos que se contraem e distendem para


formar os sons.

Nervo recurrente – parte do cérebro, e por ele descem ondas elétricas que vão
atingir as cordas vocais, fazendo-as vibrar.

Em resumo, o som vocal resulta das vibrações produzidas pela pressão do ar


expirado sobre as cordas vocais, submetidas a um impulso cerebral.

A qualidade e a quantidade de uma voz, são predeterminadas e limitadas por


meio da constituição de cada laringe.

Na emissão de vogais é lenta e contínua, e nas consoantes é brusca e rápida.


53

Impostação da voz – é o ato de emitir corretamente a voz, sem esforço, para não
danificar a laringe. As qualidades do som vocal são: intensidade, altura e timbre. É
colocar a voz nos articuladores.

É necessário que os sons sejam emitidos com naturalidade, a língua bem


colocada, isto se dando naturalmente coordenados com os articuladores e usando
uma boa ressonância na caixa craniana, apoiando-se bem na máscara facial para
alcançar maior sonoridade, clareza de timbre e projeção de voz, procurando
sempre trabalhar a voz sem contrariar seu timbre próprio. Uma voz mal imposta
trará inflamação da laringe, nódulos nas cordas vocais, cansaço vocal, etc.

Intensidade – é a qualidade que o som tem de ser mais ou menos audível, e


depende do vigor da expiração e resistência das cordas vocais à passagem do ar.

Altura – depende da freqüência das vibrações das cordas vocais. Quanto mais
forem as vibrações, mais alto será o som emitido.

Os sons são: graves, médios e agudos. São, habitualmente, chamados de:


Registro, com referência à voz humana. A voz média é a predominante na fala
comum.

Timbre – é a qualidade da voz de cada pessoa, e é o som produzido


insensivelmente. Ele é distinto da própria pessoa. Ele é individual e não pode ser
transformado, somente é sujeito a correções.

Os defeitos da emissão da voz são corrigidos por exercícios respiratórios,


articulação, boa impostação e relaxamento dos músculos.

Perturbações da voz – difasias e dislalias – as difasias são defeitos resultantes


de perturbações mentais, como troca de palavras, invenção de palavras, gagueira
– (reações e perturbações).

As dilalias – são defeitos de articulação na emissão das consoantes fislalias.

Pontuação expressiva: exclamação, reticências, interrogação, dúvida, etc.


54

Isto é de acordo com a emoção sugerida pelo sentido do texto; daí as inflexões
que expressam o pensamento e são a vida da frase, seu colorido, seu calor e sua
máxima comunicação.

Arte de dizer – há três linguagens: a voz – a mímica – o gesto, e deve haver


entrosamento dessas três qualidades na voz humana. A expressão fisionômica
muitas vezes dispensa a palavra e o gesto, e às vezes, o gesto dispensa também
a palavra.

Os exercícios de mímica devem ser feitos com ênfase, de acordo com os trechos
e são de grande utilidade. Isto também é expressão corporal.

Os articuladores são também um ótimo meio de comunicação com o auditório,


dependendo de circunstâncias em que nos encontramos no momento.

EXERCÍCIOS DE ARTICULAÇÃO

Vogal a

Macapá, ramada, sátrapa, lapa, pasta, atada, salada, bafafá, manacá, ramal,
naval, rapaz, zara, taça, vala, araçá, fada, lavada, sabará.

Abracadabra da gaga na cabala.

A madrasta falava da casa da praça.

A fada da mata cantava balada na clara cascata.

A dança da barca fantasma arrastada nas vagas da catarata.

Vogal e

Ele, sede, cedo, celeste, receber, desde, verde, neve, venda, quem, carne, ferve,
rédea, rede, desdém.

Mercedes teme serpentes repelentes.


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Zé perequeté é serelepe, mequetrefe, pé de lebre, leve, mexe e remexe o


pertence de peteco.

Excelente pretendente vem receber presentes resplendentes.

Sem temer bérberes bárbaros rebeldes, Estevez célebre tenente genebrês,


desfere fremente ferretes e rebenques.

As palavras numa frase têm acentos, principal e secundário, conforme queira dar
mais ênfase ao som significado. São de insistência.

Articulação – consiste na ginástica bucal necessária para a articulação e emissão


dos sons emitidos pelas cordas vocais, transformando-os em consoantes e
vogais, isoladas ou em grupos.

Pronúncia – é a estética da articulação, e cada região tem a sua própria. Ex.:


diserto e deserto – filicidade e felicidade, etc.

Defeitos a respiração – ou ela é muito rápida ou descontínua, ou há rigidez do


diafragma. O laringe se esforça para sustentar o som comprometendo a
coordenação fonorespiratória, e a voz se produz incapaz de sustentar frases
longas.

Quando há frases extensas, e não se pode tomar inspiração nasal, a respiração


bucal é feita com suavidade, quase invisível. Uma inspiração também muito
intensa é prejudicial, pois é um esforço desnecessário – também uma grande
contração do esfinotor glótico músculos que formam a glote) é responsável por
distúrbios vocais como rouquidão e afonia. Para que haja uma boa emissão de
voz, é necessário que os músculos estejam livres de contrações nervosas. E os
exercícios de relaxamento entre os exercícios respiratórios e de articulação, são
de bom proveito. A um exercício de relaxamento de todo corpo, deve se seguir
uma respiração calma, profunda e bem ritmada.

Articulação - a articulação consiste na ginástica bucal necessária para a


modificação dos sons emitidos pelas cordas vocais, transformando-os em vogais
e consoantes. Deve-se ressaltar cada sílaba, dando relevo às consoantes e
56

sonoridade às vogais. Só uma boa articulação pode dar à palavra clareza, energia
e veemência, e a boa pronúncia é a estética da articulação.

Pontuação – Pausas - pontuação é o sistema de sinais destinados a indicar as


pausas na escrita; e na emissão oral, ela acentua as pausas e a expressão da
fala, e nos livra da exaustão de falarmos quando já se acabou o ar respirado. É
com auxílio das pausas que podemos ter oportunidades de renovar
constantemente a provisão do ar.

Vogal i

Bibi, ipim, cici, hili, zizi, pirim, isis, piriquiti, quindim, pirlipimpim, juripiti.

Linda minininha carinha de jasmim dormindo assim no capim do jardim.

Rififi de Piquiribi viril e chicrim inimicíssimo de pirlipimpim.

Impossível dividir mil litros de micrífico jiuipiti.

Isis quis ipim, xinxim, quindins e pudins.

Vi sin, hin, nin ir vir e rir tinindo tintins.

Quiquiquis de mil chinchinis, ibis, niquis, mirís e ciriris que pipilam no jiqui mirim.

Chins chinfrins tinindo ericris quiricricris.

Vogal o

Ombro, jogo, jogos, vovô, vovó, sonoro, cômodo, toldo, ovo, ovos, olho, olhos,
rodó, fósforo, gongo, rombo, zonzo, porcos, jocosos, rótulo.

O tom monótono provocou gostoso sono.

O osso do torso do molosco morto no lado do poço.

O zoólogo botou o polvo do zoófobo no álcool.

Gostosos bombons, bolos odorosos, ovos mornos.


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Os olhos do horroroso mocho no tronco nodoso do tôco.

O assombroso do colono, tonto de sono, com o longo ribombo do congo.

Vogal u

Surdo, turvo, burgo, curto, luz, cruz, sul, azul, sulco, fruto, jus, julho, mutum, turco,
turvo, tutu, zulu, jucu, umbus, cuscus, chuchus.

O gluglu dos urubus no furrundum do murudu no mutucutu pululam urutus,


surucucus, e eucurucus.

O lusco – fusco do murundu do sol, púrpuro de luz.

Crrrrrr do sapo jururu crrrrrr:... crrrrrr...

O clarão que alumbra, deslumbra e retumba.

Exercícios com Ditongos, Tritongos e Hiatos

Ai - A gaita do pai de Adelaide está embaixo da caixa.

Eu - O apedeuta plebeu leu com fleugma no Atheneu.

Éu – Zélem fez um escarcéu por causa do chapéu do réu.

Iu - Titio viu quem caiu e rugiu.

V – Sonoro – fricativa

O vento veloz varre a várzea com violência.

Verdugo vingativo vergasta vigoroso a vegetação que reveste o vale vulnerável do


votuverava. Gaivotas aventurosas voavam na voragem, em vertiginosa viravolta.

T-D – Oclusivas linguo-dentais

O turco tatuado troncudo e tagarela, com o taboleiro a tiracolo, troca tudo pelo
triplo, tecidos, trajes, ternos, túnicas, tapetes, toucas, tatéias, tesouras, talheres,
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torneiras, tigelas, tiríbulos, tramelas, tintas, treliças, tamborins, tartarugas e


talismãs.

D – Sonora – linguo-dentais

Dançam depressa disciplinados e decididos.

Os dez dedos delgados da datilógrafa dinâmica, que decifra os documentos de


déspota draconiano, para o diário do deputado demagogo.

L – Laterais Sonoras e Nasais

Lana, Lina, Lena, Lola, levam Nila e Madalena nas salinas sonolentas, para ver a
lua em pleni-lúnio.

Leonel leva o animal indócil pela alameda marginal. Calmaria, céu azul, sol
fúlgido, libélulas ligeiras voltejam leves sobre lilases em flor.

No laranjal abelhas laboriosas em tumulto, coletam o pólen para o delicioso mel


de suas colmeias.

Por que palras pardal pardo? Palro, palro e palrarei, porque sou pardal pardo,
palrador D’El Rei.

N - Sonora Nasal

Na noite de Natal ninguém notou o anão aniceto ninando a nenezinha.

Louvemos a leveza das lindas e alouradas lavadeiras lisboetas, na lida de lavar


longos lençóis.

S-Z – Fricativas

Sófocles soluçando ciciou no Senado suaves censuras sobre a insensatez de


seus filhos insensíveis.

Suave viração do sudeste passa sussurrante sobre sensitivas silenciosas.


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Sábio centenário assistiu sem cessar e cansar a sensacional sessão,


selecionando seus sessenta discípulos sorteados.

O saci passou assobiando e assustou as moças insensíveis.

Se 66 serras serram 66 cerejeiras, 666 serras serrarão 666 cerejeiras.

A zebra zurrando ziguezagueava, zombando do zoófobo.

Zeranzaque zurzia com o zaguncho do zuavo.

A brisa silenciosa espalha as essências sutis do sândalo.

R – Vibrante – Linguo-Alveolar

Os bororós caçaram araras pacas e irerês reais, com zararacas.

Os cururus das tiriricas fugiram das pororocas.

A serrilha do serrote do carpinteiro range serrando a ripa verde.

Os ratos roeram as ricas roupas, e rasgaram as rútilas rendas da rainha.

Urraca de Rombarra.

Ri o roto do esfarrapado, ri o torto do ararracado, mas não ri do morto o


aparvalhado.

A bilreira bilra os bilros.

O melro comeu todos os pirulitos dos piruliteiros.

J-X-CH - Chiantes

Veja no jardim gentis jaçanãs, jandais jaspeadas, jaburus janotas e juritis


gemendo.

Nas jaulas o jaguar girando, javalis selvagens, jararacas e jibóias gigantes.

Girafas gingando com jeito de gente.


60

Jacarés, jucururus e jabotis jejuando.

X (SS-CS-CH-Z)

O xaveco do Xavier chegou com o salavar cheio de peixe: xaréu, xereletes, xirás,
xixarros e xundarais.

O cheiro do chá do china chilreando na chaleira é chamariz

Sacha saiu sem saber se Natacha, que Sacha sabia sem senso, saiu na chuva
sem seu chale chinês.

Máximo trouxe o léxico do Xavier para exame.

Exceto o luxo excessivo, nada exige o exilado no exterior.

O chefe Xavante com cocar e xarcás chamava Xangô.

Q – Gue Gutural

O liqüidificador quadridentado liqüidifica qualquer coisa liquidificável e quebra as


iliquidificáveis.

O gato cruel cravou as garras no cangote do camundongo, que come crosta de


cará na cumbuca quebrada.

O cão que cochilava acordou com o conflito e correu com o gato.

O caçador corcunda que gostava de caçar codornas, carregou o cão para o


campo.

O pingüim banhou-se na água do aquário.

O delinqüente freqüentava o clube eqüestre.

Queremos lingüiça com guandos.

Roma festejou o qüinquagésimo aniversário dos jogos eqüestres.

Este quadro representa a esquadra da Guanabara.


61

LH – Molhado

O palhaço orelhudo, por galhofa empilhou na cangalha de palha de cambulhada


com a colheita de milho, as colheres folheadas de velho recolhido na ilha. As
mulheres falhavam no trabalho.

NH – Bem Nasal

Sem nenhum medo o gatinho de Sinhazinha em luta renhida afocinhou o sanhaço


que tinha seu ninho no espinheiro. Acanhado com o nhenhenhê do Nhonhô, deu
sei quinhão ao inhadu.

Articulação de Encontros Consonantais

BR – As bruzundandas do bricabraque do Brandão abrangem broquéis de bronze


brunido, brocados bruxoleantes, brochuras, breviários, brasões, abrigos e
brinquedos.

CR – O acróstico cravado na cruz de crisálidas da criança acreana criada na


creche é o credo cristão.

DR - A hidra, a dríade e o dragão, ladrões do dromedário do druída foram


apedrejados.

FR – A frota de frágeis fragatas fretadas por frustrados franco-atiradores


enfreados de frio, naufragou na réfraga com frementes frecheiros africanos.

GR - O grumete desgrenhado gritava na gruta de granito, gracejando com o


grupo grotesco de grilheiros.

TR - A entrada triunfal da tropa dos truculentos troianos tricolores, com trabucos,


trombones e triângulos, transtornou o tráfego outrora tranqüilo.

PR - O prato de prata premiado é precioso e sem preço; foi presente do


preceptor da princesa primogênita probo Primaz, Procurador da Prússia.
62

BL - no tablado oblongo, os emblemas das blusas das oblatas estavam


obliterados pela neblina.

CL - O clangor dos clarins dos ciclistas do clube eclético eclodiu no claustro.

FL - A flâmula flexível no florete do flibusteiro, flutuava florescente na Floresta de


Flandres.

GL - A aglomeração na gleba glacial glosava a inglesa glamorosa que glissava


com gladiador glutão.

PL - Na réplica a plebe plebéia planos de pluralidade na plataforma do diplomata


plenipotenciário.

TL - O atleta atravessou o Atlântico com o Atlas.

GL - O magnetismo ignorado do insignificante gnomo gnastodonte da gnaisse é


maligno.

P – labial – explosiva: Pedro Paulo Pacífico da Paixão Pereira, pacato e


pachorrento preto, escravo do seu pranteado pai, depois de haver provado uma
pinga, tomou pileque e promoveu uma pagodeira com a população do porto. Foi
um pandemônio, um pânico de pasmar, um salva-se quem puder, e o Pedro Paulo
da Paixão Pereira foi preso pela polícia da praia, por proferir palavras impróprias
para pessoas de pejo. O Padre Plínio pegou o Pedro Paulo Pacífico da Paixão
Pereira perdoou-o pedindo a Pedro para beber água em vez de pinga.

XIII – QUESTÕES PRÁTICAS

[A] – COMO USAR O MICROFONE: O microfone tornou-se um auxílio útil


e necessário para o orador moderno, com ele o orador pode se dirigir às
grandes multidões sem cansar, demasiadamente, sua voz; contudo, os
microfones não são muletas sem as quais o orador como um paralítico
não possa se mover.

[1] Microfone de Lapela – É preso na roupa, na aba do paletó, ou na


gravata. Sua utilidade é que ele possibilita mais liberdade de
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movimentos. No seu uso devem ser considerados os seguintes


procedimentos:

[a] Procure deixá-lo na altura da parte superior do peito.

[b] Evite mexer no fio, desnecessariamente, ou enroscá-lo.

[c] Evite barulho próximo deste microfone, devido sua sensibilidade:


como palmas, e as consoantes plosivas, bater no peito. Além
deste motivo, este tipo de microfone não deve estar perto dos
lábios, pois a saliva o estraga. Se este microfone precisa ser
levado aos lábios, a aparelhagem e/ou o microfone estão com
defeitos.

[d] Evite comentários alheios ao assunto junto ao microfone, e no


caso do de Lapela, o problema é maior devido sua sensibilidade.

[e] Retirar o microfone ao terminar sua palestra.

[2] – Microfone de Pedestal

[a] Verificar como funciona o mecanismo do pedestal, para poder


ajustá-lo à sua altura. Isto deve ser feito antes do início da
reunião. Se não for possível veja como agem os outros
oradores.

[b] Teste a sensibilidade e altura do microfone, para saber a que


distância falará do microfone. A distância normal é de 10 a 15
cm. Como cada microfone se comporta diferentemente, procure
examiná-lo antes.

[c] Evite deixar o microfone na frente do seu rosto, ou qualquer outro


enfeite que quase o esconda do público.

[d] Fale, mas não grite, comporte-se como se estivesse


conversando, quando precisar levantar a voz afastar-se do
microfone.
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[e] Não segure na haste que fixa o microfone. Quando quiser se


dirigir às diversas áreas do auditório gire o corpo de tal forma
que o microfone capte sua voz igualmente.

[f] Se tirar o microfone do pedestal para se movimentar, mantenha-o


na mesma distância de seu lábios.

[3] Microfone de Mesa – Valem as mesmas considerações dos


anteriores, apenas se acrescentando que este tipo de microfone,
quando não assume a altura desejada, permite ao orador falar
assentado.

[a] Se um microfone lhe é oferecido analise as condições do


ambiente.

[1] Se outros o usaram.

[2] Se o tamanho da sala faz do seu uso uma necessidade.

[3] Conforme o caso poderá ou não ser recusado.

[B] PROCEDIMENTOS DIVERSOS

[1] Perguntas em Público:

[a] Dúvida

[b] Desejo de aprender

[c] Vontade de aparecer

[d] Provocar o orador

[e] Testar o conhecimento

[1] No caso dos três primeiros motivos, a melhor maneira de agir


é desenvolver a pergunta; o que você acha?
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[2] Quando realmente não souber, seja franco em dizer que não
sabe. Ou se o seu conhecimento é parcial, diga: O que sei
sobre o assunto é ...

[3] Evite discussões contra seus adversários, procure concordar


com eles o máximo possível. E mesmo que não concorde,
diga que entende o seu ponto de vista, mas...

[2] Quando alguém estiver conversando e prejudicando outras pessoas,


tome as seguintes providências:

[a] Fale mais alto.

[b] Fale olhando para a pessoa.

[c] Pare de falar.

[d] Peça que se cale.

[e] Retire-o da sala, se houver pessoal suficiente para garantir a


ordem.

[f] Retire-se em último caso.

[3] Ao usar o quadro, observe:

[a] Cor de giz bem contrastante

[b] Altura do quadro.

[c] Tamanho do auditório é suficiente ou grande demais.

[4] Não aceite falar sobre o que você não entende.

[5] No caso de cometer erro, o que fazer?

[a] Informação errada deve ser corrigida.

[b] Erro de enunciação não corrija.


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[c] Se a forma de falar pode levar o auditório a pensar que o orador


desconhece a pronúncia correta, neste caso formule outra frase
em que apareça a palavra, agora corretamente pronunciada.

[6] Como manter o interesse:

[a] Forneça informações mais importantes.

[b] Conte histórias.

[c] Uso de audiovisual durante e depois das reuniões.

[7] Evite falar logo após o almoço, ou ser o último orador.

[8] O riso do auditório é bom quando indica satisfação ou alegria, mas é


péssimo quando indica deboche.

XIV – DEFEITOS DA VOZ E SUA ORIGEM

Os defeitos da voz podem provir das seguintes fontes: Mau emprego do órgão
vocal, má direção da corrente aérea, desarranjo anatômico do aparelho fonador,
estados emotivos.

[A} – TIPOS DE DEFEITOS DA VOZ:

[1] Voz Fanhosa – Este defeito quase sempre se encontra no véu


palatino (campainha).

[a] Acontece este defeito quando esta parte do aparelho fonador não
possui todos os seus movimentos de abaixar-se e levantar-se,
deixando que o ar penetre nas fossas nasais, quando devia sair
exclusivamente pela boca.

[b] Ou então a causa na obstrução da laringe ou fossas nasais,


impedindo a passagem da corrente de ar.

[c] Há vários exercícios para corrigir o defeito. Os mais fáceis estão


indicados por Herlin.
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[1] Leva-se o aluno na frente do espelho e pronuncia-se com ele


várias vogais puras: a, e, i, o, u, mostrando como a
campainha se manteve levantada. Depois repete-se o
mesmo com vogais nasais , , , , . O aluno deve ver
que o véu palatino desceu para fazer o ar passar pelas
fossas nasais.

[2] Tocar com instrumento qualquer no véu palatino, ele se retrai


erguendo-se. Da repetição se forma o hábito.

[d] Os defeitos anatômicos só podem ser resolvidos pelos médicos


especialistas.

[2] Voz Rouca – É causada por complicações na glote ou nas cordas


vocais. Quando a glote é muito forçada ela deixa de contrair-se,
deixando a abertura por onde passa o ar sem se contrair, e o ar
escapa sem fazer vibrar as cordas vocais.

[a] A rouquidão pode ser causada pelo uso de fumo e/ou bebida
alcoólica, que criam uma mucosa que envolve as cordas vocais,
impedindo que estas vibrem.

[b] A cura está no abandono do fumo e álcool. Não se expor a


mudanças rápidas de temperatura. Dar descanso à voz.

[c] Não usar pastilhas cáusticas; elas destroem as cordas vocais.

[d] Encher bem os pulmões de ar e dizer uma vogal qualquer numa


mesma altura até esgotar o ar dos pulmões.

[3] Voz de Falcete ou de Cabeça – É mais um hábito do que um defeito.


Ocorre por ocasião da mudança da voz na maioria dos casos. Voz
fina por ser usada a parte superior, apenas, do tubo fonador.

[a] A cura está na leitura em voz grave e em executar vocalização


em A. Falar sempre no tom mais grave que puder.
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[4] Voz Inspirada – É falar enquanto se inspira o ar. É de fácil cura,


basta se cuidar para não emitir o ar enquanto se inspira.

[5] Voz Dupla – Emitir palavras em duas vozes simultâneas: fina e


grossa. A causa é o desfibramento das cordas vocais. Neste caso
só o médico especialista poderá curar o mal.

[a] Outras vezes é o mau funcionamento da glote. O melhor é fazer


exercício vocal com consoantes plosivas ou dentais.

[6] Gaguez – A impossibilidade ou penosa hesitação no articular com


demoras ou repetições de sílabas. É pronunciar com dificuldade e
esforço as palavras, repetindo várias vezes as sílabas, ou
estacando muito tempo antes de alguma, que depois é atacada
precipitadamente.

[a] As causas podem ser as seguintes: susto, violentas emoções,


tosse comprida, hábito emitativo, lesões cerebrais,
consangüinidade, alcoolismo, enfermidades venéreas e
nervosas. A falta de equilíbrio entre o desenvolvimentos da
inteligência e os órgãos da fala, nas crianças, pode produzir a
gaguez. O cérebro já possui a idéia a ser expressa, entretanto a
articulação ainda não corresponde a esse adiantamento. Daí se
origina um estado nervoso, que produz gaguez.

[b] Remédios – Conselhos do Instituto Dinamarquês:

[1] O gago deverá habituar-se a falar pausadamente, sobretudo


no começo, pronunciando com inteira clareza os sons.

[2] Sempre responder pausadamente, e só depois de refletir.

[3] Prolongará a emissão da primeira sílaba.

[4] Inspirará profundamente e recordar-se-á de que só a


passagem do ar pela boca auxiliará a produção dos sons
durante a expiração.
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[5] Reprimirá os movimentos dos braços, cabeça e rosto, quando


quiser esforçar-se para falar.

[6] Não deverá prolongar a pronúncia das consoantes. Não dirá


P...a, mas Pa.

[7] Fará emissões lentas de vogais.

[8] Abrirá bem a boca antes de falar.

[9] Articulará bem as sílabas, até moderar gradualmente a


enunciação até chegar à articulação normal.

[10] Convencer-se de que chegará a falar bem. As idéias


deverão ser reproduzidas com clareza, porque do contrário,
serão confusas e desordenadas, sendo impossível de
traduzir em palavras.

[11] Evitar emoções fortes. Não deve ser inquieto nem brusco e
não deve deixar dominar pelos prazeres e desgostos.

[12] Evitar conversa com pessoas gagas ou que falem muito


depressa.

[7] O Tartareio – É o defeito daqueles que pronunciam as palavras


incompletas, mas suprimem sílabas ou letras, principalmente as
consoantes explosivas e ásperas. É uma desproporção estabelecida
entre os centros da idéia e os motores. Os centros motores não são
capazes de acompanhar a velocidade com que as idéias se
sucedem no cérebro.

[a] Cura – Ela se processa através dos exercícios de articulação


com os fonemas plosivos (p, b, t, d, m, n). A leitura em alta
voz dá ótimos resultados. O canto serve para curar tanto a
gaguez como o tartareiro. Também ajuda, a declamação em voz
lenta. O domínio dos nervos representa muito neste assunto.
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[8] Balbuciência - Dificuldade de falar por não ter pensamentos claros.


A lentidão da enunciação ocorre porque há no cérebro a ausência
de idéias ou por causa da lentidão com que elas são formadas.

[a] Cura – Pense antes de falar. Só fale depois de pensar. Primeiro


forme suas frases perfeitamente. Leitura pausada e em voz alta.

XV – EXERCÍCIOS DA VOZ (DR. PEDRO BLOCH).

[A] – O APARELHO FONADOR (respiratório e digestivo) DIVIDE-SE:

[1] Produtor: Pulmões e músculos respiratórios.

[2] Vibrador: Laringe e 4 cordas vocais.

[a] 2 cordas superiores ou falsas.

[b] 2 cordas inferiores ou verdadeiras.

[3] Ressoador : Faringe, boca e nariz.

[4] Articulador: Dentes, palato duro, palato mole, mandíbula e lábios.

[a] Sistema Nervoso, Hormonal, Psíquico e Emocional – A voz do


homem é o espelho da alma.

[b] Sincronismo fonorrespiratório.

[c] No treinamento vocal é preciso dar ênfase a fase expiratória. É


preciso aprender a não desperdiçar o ar.

[B] – RELAXAÇÃO GLOBAL – Fase deitada em decúbito dorsal (barriga


pra cima) com as mãos postas lateralmente, com as palmas viradas
para cima, com os pés afastados 15 cm um do outro.

[1] Conscientizar a relaxação.

[2] Realizar o máximo de contração de todos os músculos em tensão


máxima.
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[3] Fazer a relaxação gradativa – ir afrouxando cada vez mais até


alcançar a distensão máxima (levitação).

[4] Manter a relaxação durante alguns minutos.

[C] RELAXAÇÃO PARCIAL – Posição sentada numa poltrona.

[1] Contração do braço esquerdo em L, cerrando o punho até o máximo


em posição horizontal.

[a] Descontração paulatina. Afrouxando até que o braço caia sobre a


coxa esquerda.

[2] Fazer o mesmo com o braço direito.

[3] Franzir a testa horizontalmente – Fazer rugas o máximo possível.

[a] Relaxar gradualmente até sentir o rosto leve.

[4] Fechar os olhos com força e assim ficar por alguns segundos.

[a] Descontraindo os olhos até abri-los vagarosamente.

[5] Fechar a mandíbula com força, porém não exageradamente

[a] Desfazer a tensão até deixar cair o queixo suavemente, como se


estivéssemos espantados (de boca aberta).

** Permanecer com as partes relaxadas em relaxamento.

[6] Levantar os ombros até a contração máxima como se quisesse


enfiar a cabeça dentro do corpo.

[a] Então ir relaxando gradativamente.

[7] Estufar o peito – peito para fora, ombros para trás.

[a] Depois relaxar.

[8] Contração abdominal que se realiza de um só golpe. O abdômen


fica contraído por alguns segundos.
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[a] A seguir relaxamos.

[9] Pressão com os pés no chão como se quisesse furá-lo.

[a] Relaxar.

[10] Procure o máximo de tensão do corpo todo, fazendo pressão para


baixo com as nádegas e os pés.

[a] Relaxar. Sinta a leveza do corpo. Respire profundamente de 3 a


5 vezes, iniciando pela expiração.

** A repetição deste exercício traz um resultado admirável, é que


para conseguir a relaxação bastará realizar apenas uma parte
do código.

[D] – ADAPTAÇÃO RESPIRATÓRIA – Deitado.

[1] Exercício respiratório – iniciando pela expiração – para se ter uma


boa expiração é preciso se ter bons músculos abdominais (ensinar
exercícios abdominais).

[a] Prolongado suspiro.

[b] Sonorizar suavemente.

[c] Gemer prolongadamente.

[E] SÉRIE VOCAL – Ficar de pé sem estar rígido – solto – A cabeça como
se estivesse equilibrando um levíssimo livro, pés afastados, braços
caídos ao longo do corpo. Descontraído. Nada de peito estufado. Fazê-
lo diante de um espelho de preferência.

[1] Soprar ao longo uma vela imaginária a 1m e meio de distância.

[a] Sopro eficaz sem excesso, amplo sem esforço, prolongado mas
sem exagero – 5 vezes com pequenos intervalos.

[1] Com as mãos postas nas últimas costelas.


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[2] Expirar em FFFFFFFFFFFF, não o nome, mas o som da letra, sem


esforço excessivo.

[3] Expirar surdas e sonoras:

[a] SSSSSSSSSSSS - 2 vezes.

[b] XXXXXXXXXXXX - 2 vezes.

[c] ZZZZZZZZZZZZ - 2 vezes.

[d] JJJJJJJJJJJJ - 2 vezes.

[4] A surdo, sem som, sem vibração das cordas vocais, dizer o A
prolongada e eficazmente - 5 vezes.

[5] Transição de A surdo para sonoro. Vai-se fazendo o som do A


aparecer até fixá-lo numa altura normal - 5 vezes. Deve-se fazer
sem interrupção ou salto.

[6] A transição do A oral para a nasalização e então nasal.

[a] Começa com A oral depois se nasaliza – ÃÃÃÃÃÃÃ - 2 vezes.

[b] A mastigado nasal – de boca fechada - 2 vezes.

[c] Emite-se o A até alcançar o máximo de oralidade, boca bem


aberta. Pouco a pouco abandona-se a oralidade até alcançar o
máximo de nasalidade, fechando a boca vagarosamente.

[7] A sonoro prolongado com uma intensidade que dê para ser ouvido
por um grupo de 50 pessoas. Medir o tempo empregado em uma só
emissão. Este será o seu tempo de fonação - 5 vezes.

[8] Oscilação de Intensidade – Começar com um A bem baixo, sonoro,


até chegar a uma altura boa para ser ouvido por 50 pessoas.

[9] Oscilação de altura – Emitir um A em duas notas diferentes, pode ser


ampliado para mais notas.
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[10] Fortalecimento da voz – Os de voz forte não precisam fazer.

Objetivo: Descentralização do trabalho da laringe.

[a] Colocam-se os punhos fechados no peito, um de cada lado e


abaixam-se até a parte anterior das costas, ao mesmo tempo se
enunciam duas vezes os seguintes sons:

[b] AAAAAAAAAAAAAAAAAAA - 2X

[c] TAAAAAAAAAAAAAAAAAA - 2X

[d] KAAAAAAAAAAAAAAAAAA - 2X.

[e] FAAAAAAAAAAAAAAAAAA - 2X.

[f] SSSSAAAAAAAAAAAAAAA - 2X.

[g] XXXXXXXAAAAAAAAAAAA - 2X.

[h] ZZZZZZZZZAAAAAAAAAAA - 2X.

[i] JJJJJJJAAAAAAAAAAAAAA - 2X.

[j] PRAAAAAAAAAAAAAAAAA - 2X.

[l] CRAAAAAAAAAAAAAAAAA - 2X.

[11] Cintura abdominal – Sua participação – fazer o exercício contraindo


o abdômen – como se preparasse para levar um soco.
[a] AAAAAAAAAAAAAA
[b] UUUUUUUMMMMM
[c] DOOOOOOOOIISS
[d] TREEEEEEEEEIISS
[e] QUAAAAAAAAATRO
[f] CIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIINNCO
[g] SEEEEEEEEEIIIISS
[h] SEEEEEEEEETTTE
[i] OOOOOOOOOIIIIIITO
[j] NOOOOOOOOOOVE
[l] DEEEEEEEEEEEEEZ

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