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O caminho do discipulado - de Jesus a nós

A importância da ação de discipular


É preciso evangelizar: Essa é uma palavra de ordem mais seguidamente proclamada
nos púlpitos ou nas classes da Escola Dominical.

Um dos textos mais usados para falar da responsabilidade da evangelística da Igreja é


Mateus 28.16-20: Utilizando o bem conhecido “Ide”, fala-se muito a respeito da
responsabilidade de ir pregar o evangelho. Mas, nos textos originais, o Ide
corresponde a um verbo conjugado no particípio, sendo na verdade o gerúndio Indo.
Já o verbo “fazei” este, sim, está no imperativo. Assim, a tradução que se aproxima
mais dos textos gregos originais da prioridade da tarefa a realizar: “Indo, portanto,
fazei discípulos por todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do filho e do
Espírito Santo; e ensinando-os a observar tudo o quanto vos ordenei”.

Percebemos que discipular é a forma de ser da Igreja, assim foi para Jesus e para a
Igreja primitiva: Discipular não é uma opção a mais de trabalho na vida das igrejas
locais. Discipular é uma ordem de Jesus, as quais devermos obedecer. Principalmente
quando ele diz: “E ensinando-os a guardar todas as coisas”.

Objetivo da pastoral: Essa pastoral visa despertar o povo de Deus para que sejamos
verdadeiramente discípulos e realizemos a Vida em Missão que nos são dadas pelo
Deus revelado em Jesus Cristo, agindo com maturidade cristã.

2. Discipular: na prática de Jesus


2.1 A preocupação de transmitir essa concepção de história da Salvação fez com que
João transcrevesse no seu evangelho o episódio no qual dois discípulos deixam de
seguir João Batista: ”No dia seguinte, estava João outra vez na companhia de dois de
seus discípulos e, vendo Jesus passar disse: “Eis o Cordeiro de Deus”!” “Os dois
discípulos, ouvindo-o dizer isso, seguiram a Jesus” (Jo 1.35-37).
Eles passam de seguidores do profeta a seguidores do Messias Jesus, numa visão
perfeita de continuidade. Fica claro que fazer discípulos é uma forma necessária de
dar continuidade à ação de Deus no meio do seu povo, através dos seus servos,
chamados a serem ministros.

André por exemplo deixa de ser discípulo de João para ser discípulo de Jesus: Ao
assim fazer ele continuou a acompanhar e colaborar com o agir histórico de Deus.
Outro exemplo é que a mensagem do Reino é pregada por João Batista e por Jesus,
que é uma lição de continuidade, principalmente, se sublinharmos que Jesus, ao enviar
os seus discípulos ordena: "à medida que seguirdes pregai que está próximo o Reino
dos Céus” (Mateus 10.7).

É dentro dessa visão de prosseguimento da missão, que Jesus toma para seu
ministério, homens para aprenderem com ele, ministrarem com ele e tornando-se
seus discípulos.

Isso pode ser constatado no evangelho de Marcos, no qual, ao batismo e à


tentação, seguem-se duas ações de Jesus: Proclamar o Reino (Mc 1.14s) e chamar
para andar junto dele, os pescadores do Mar da Galiléia (Mc 1.16-20).

Isso revela o grau de importância que Jesus dava ao ministério de fazer discípulos. O
futuro de seu próprio ministério dependia disso.

2.2 O Reino de Deus:

Essa mensagem é objetiva e tornou-se o ponto central de toda a prática de Jesus,


tanto que, ao enviar os discípulos, Jesus orientou-os a pregar é chegado o Reino de
Deus. ”(Mt 10.7).

Ter uma mensagem centrada no Reino de Deus, falando da realidade do povo, é o


nosso maior desafio. Muitas igrejas estão perdendo os membros, por falta de
mensagem. Outras erroneamente pregam o caráter irrecuperável da vida humana na
terra, e que a solução é ir para o céu.

Mas na pregação de Jesus vemos que Ele veio para que tenhamos vida plena, em
abundância, aqui e agora. Não faria sentido sua pregação sobre o Reino caso, este não
fosse uma realidade da qual pessoa não pudessem desfrutar já ao se converter. Isso
está evidente em frases como: ”Buscai em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça, e
as demais coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).

Então, discipular deve constituir algo prático e anúncio do Reino (conteúdo da Boa-
Nova), com um padrão de vida e ação compatível com o Evangelho.

2.2.2 Jesus selecionou pessoas:

Hoje seguidamente pensamos em ter templos cheios, mas nossa seleção tem sido
falha, estamos, muitas vezes, barateando a graça preciosa do Evangelho movida pela
busca de crescimento numérico, que é importante, mas sob as condições bíblicas do
discipulado. Devemos desejar o crescimento numérico, mas sem sacrificar o conteúdo
do Evangelho do Reino de Deus. É fato que o Evangelho inclui vitórias e vida
abundante, mas também é desafio à santidade e à vida nova.
Exemplo disso é que centenas de pessoas entraram em contato com Jesus. Os
Evangelhos relatam que várias delas quiseram segui-lo e caminhar com ele, mas nem
todas possuíam condições para tal. Percebemos isso no texto que diz que dentre os
setenta, Jesus selecionou doze.

A bíblia e a experiência nos mostram: são muitos que se aproximam com interesses.
Por isso a necessidade dos grupos pequenos de discipulado, pois ali podemos conhecer
melhor os novos convertidos.

2.2.3 Jesus ensinou e treinou seus discípulos:

Isso chama-nos a atenção à seriedade com que Jesus atribui ao ensino e treinamento,
no processo do discipulado.

Torna-se bastante fundamental e frutífero, para a igreja, trabalhar na formação dos


discípulos, sejam eles novos convertidos ou antigos membros da igreja. Sabemos que
parte dos cristãos o é apenas nominalmente: suas vidas não se diferenciam em muito
de uma pessoa não convertida. Desconhecem as verdades fundamentais do
evangelho. Sendo assim, a prática do discipulado torna-se uma prioridade, não
somente por que Jesus Fez, mas para garantir a expansão do Evangelho.

2.2.4 Jesus demonstrou como fazer, como sinalizar o Reino:

A autoridade de Jesus se baseava no fato de que ele vivia aquilo que ensinava.

Um dos textos que diz respeito a pratica de discipulado de Jesus é o do lava pés (Jo
13). Os discípulos chamam Jesus de Rabi, cujo nome pode ser traduzido por “meu
Senhor” sendo uma posição de alto destaque e importância social. Jesus pegou uma
toalha – como faziam os servos na época– e, tomando água, passou a lavar-lhes os pés
uns dos outros. Pedro reagiu dizendo “Nunca me lavarás os pés.”O sentido de
“autoridade” deveria ser entendido de modo diferente, buscando mudar esta visão
Jesus não fez uma série de palestras a respeito do sentido da palavra “autoridade”,mas
“Por que vos dei o Exemplo, para que ,como eu voz fiz, façais vós também ”( Jo 13.14-15).

Aqui está a ação chave da Ação de discipular: Todo o ensino que se transmite aos
discípulos tem que ter um sentido prático e um exemplo concreto na nossa vida, é
necessário pratica. Isso não quer dizer que devemos passar uma imagem idealizada e
perfeccionista ás pessoas que estão sendo discipuladas. Elas devem entender que o
erro faz parte da vida do cristão, mas que a graça nos redime e nos orienta a uma vida
justa, santa e vitoriosa, como foi do mestre Jesus.

2.2.5 Jesus deu responsabilidade aos seus discípulos:

Na relação existente entre Jesus e seus discípulos havia uma delegação de autoridade
e tarefas.
Deixando de ser expectadores, ao se tornarem ministros, agentes do Reino. Um dos
grandes problemas da Igreja hoje é que a maioria dos ”cristãos” são meros
expectadores, não foram preparados a ser discípulos atuantes.

2.2.6 Jesus acreditou que os discípulos iriam discipular:

Fica claro que a consequência do ser discípulo para Jesus é fazer discípulo para ele.
Apóstolo quer dizer enviado; enviado com a missão de fazer outros discípulos. Esse é o
fruto esperado por Jesus. Além disso, a perseguição há de acompanhar o ministério do
verdadeiro discípulo. Portanto, o crescimento vai ocorrer por meio da fidelidade e da
luta do dia-a-dia.

3. Do Pentecostes ao Apóstolo Paulo: O Discipulado na igreja


Falar em Atos dos Apóstolos é mencionar o Pentecostes e a descida do Espírito Santo,
mas o texto nos aponta claramente para que fim o Espírito Santo foi dado para
capacitar os discípulos para que possam ampliar o Reino de Deus entre os seres
humanos.

3.1 O Pentecostes Cristão é antes de tudo proximidade, rompimento de barreiras


raciais, é aproximar-se, buscar comunhão com o outro, com o diferente, anunciar as
maravilhas de Deus, e a partir dessa aproximação o ouvir.

3.2 O Apóstolo Paulo como discipulador:

Uma característica do discipulado de Paulo é o amor profundo para com aqueles que
Deus lhe dera para discipular. Uma relação semelhante à de um Pai e seu filho. Uma
criança não gera outra criança, precisa primeiro, ser alimentada, crescer e quando
estiver madura estará em condição de dá frutos através de algum ministério.

Paulo sabia que grande parte dos problemas que ele enfrentara nas igrejas fora
consequência de atitudes de cristãos imaturos em Cristo. E ele sabia que para
expansão do Reino de Deus, é importante que os obreiros sejam maduros em Cristo.

É necessário que as pessoas vejam nossa coerência, integridade e autoridade; como o


povo via em Jesus e não via nos fariseus, ou seja, é necessário sermos os primeiros a
agir de acordo com o que ensinamos. Por outro lado quando Paulo fala em “Fiéis e
Idôneos”, ele está evocando critérios na seleção de obreiros, nos quais precisamos
investir tempo, para habilitarmos a um ministério de liderança na comunidade.

4. O perfil do Obreiro e Obreiro Cristão


4.1 “Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o tempo desde o primeiro dia em que entrei
na Ásia” (At 20.18)
Certamente, o comportamento honesto de Paulo foi decisivo para a
propagação do evangelho entre o povo daquela cidade. E hoje, nosso comportamento
frente aos novos discípulos abre ou fecha portas para expansão do evangelho.
4.2 “Servindo ao Senhor com toda humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos Judeus, me
sobrevieram” (At 20.19)

Ser ministro é ser servidor, diz Paulo, e não aproveitar-se da condição de líder para agir
em proveito próprio. Outra característica importante, na condição do servo: ele ajuda
e serve a todos, mas visando, antes de tudo, a agradar o Senhor.

4.3 “(...) Jamais deixando de vos anunciar causa alguma proveitosa, e de vo-la ensinar publicamente e também
de casa em casa...” (At 20.20); ou ainda: ”Portanto, vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de
todos; porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus”

Havia no ministério de Paulo, um nível público de proclamação das verdades


fundamentais do Evangelho. O que Paulo julgava fundamental para ser cristão, ele
pregava a toda igreja. Ou seja; Aquilo que os possuidores do dom da proclamação
anunciam precisa ser seguido de um trabalho mais efetivo, para que as verdades por
ele anunciadas sejam de fato vivenciadas pelo povo.

O segundo nível é aquele que Paulo denomina “de casa em casa”. Trata-se de um nível
pessoal de ensino no qual se avalia o crescimento, a realidade familiar, as lutas e
progressos das famílias dos discípulos. Outra lição nesses versículos é o caráter de
ação. O ir de “casa em casa” requer muita ação prática. Não se realiza tais ministérios
apenas com a proclamação de boas intenções, “papo”, desacompanhados de ações de
disponibilidade de tempo.

4.4 “(...) Testificando tanto a Judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor
Jesus Cristo” (At 20.21) e ainda: ”Agora eu sei que todos vós, em cujo meio passei pregando o Reino, não
mais vereis o meu rosto” (At 20.25)

Paulo reproduz em seu ministério, inclusive na pregação, o ministério de Jesus.


Começava com o anuncio do Reino (Mc1. 15) e passava para o convite ao
arrependimento. Por outro lado ele dá um sentido de aproveitamento de tempo e
diligência na pregação. Ninguém ficou fora do alcance de seu ministério. O objetivo de
Paulo era testificar o arrependimento e a Fé em Cristo Jesus, tudo num profundo senso
prático. A seguir, tomava os que se convertiam e os orientava, discipulando-os
diligentemente nos caminhos do Reino.

4.5 “Vou para Jerusalém não sabendo o que ali me acontecerá” (At 20.22)

Paulo nos dá a lição de que o servo de Deus é alguém que, em sua disponibilidade,
parte pela Fé e confiança no Senhor, mesmo tendo uma parca noção de que a s lutas e
cadeias viriam sobre ele (At 20.23). Hoje essa característica tem desaparecido nos
servos; todos querem ter mais segurança. O Problema é que missão sem Deus e sem
conflitos pode ser tudo menos missão (Jo 16.33; Mt5. 11; Rm5. 3s).

4.6 “O Espírito Santo de cidade em cidade, asseguram-me que me esperam cadeias e tribulações” (At 20.23)
Algo relacionado com o perfil do obreiro Paulo era sua profunda sensibilidade à ação
do Espírito Santo de Deus. Nada pode substituir ao poder e a orientação do Espírito
Santo na vida de um obreiro. Tudo sob uma nítida orientação do Espírito Santo de
Deus.

4.7 “Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contando que complete a minha carreira e o
ministério que recebi do senhor Jesus para testemunhar o evangelho” (At 20.24)
Outra característica do
servo é viver para Deus e seu próximo. Paulo havia assimilado o ensino de Jesus, que
dizia: “Quem quer ganhar a sua vida, perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por
minha causa achá-la-á” (Mt 10.39; Jo 12.25).

4.8“Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à palavra da sua graça, que tem poder para vos edificar e
dar herança entre todos os que são santificados” (At 20.32)

A reverência à palavra de Deus é outra marca característica do servo de Deus, do


discipulador. Foi fundamental a visão de autoridade e virtude da Escritura que Paulo
passou a todos que discipulava. A partir disso, eles também se submeteram a palavra e
receberam dela alimento para o crescimento na Fé e santificação.

Sem uma boa base bíblica, não será possível a ação de discipular e, por consequência,
o desenvolvimento de ministérios também fica prejudicado.

4.9“De ninguém cobicei prata nem ouro nem vestes” (At 20.33)

Jesus sabia que quem põe seu coração no ouro e na prata não tem tempo para Deus e
para o ministério dado por Ele. Temos muitos exemplos de pessoas que pro interesses
econômicos não tem tempo para o Reino de Deus, e vivem angustiados e infelizes
mesmo com tanto dinheiro.

4.10“Tendo dito estas coisas, ajoelhando-se, orou com todos eles.” (At 20.36)

A oração era à base do ministério de Paulo, foi no de Jesus (Mc 6.45-46), como é e
sempre será no ministério de qualquer obreiro que leva a sério a missão dada por
Deus. O servo que não se digna a buscar o Senhor de Joelhos, ou seja, com humildade,
não verá em sua vida os resultados de um ministério abençoado.

5. Orientações Básicas para os grupos de discipulado


Primeiramente, você deve estar convencido de que os grupos de discipulado não são
uma opção a mais de trabalho na vida da igreja, mas uma ordem de Jesus (Mt 28.18-
20), vivida por ele mesmo e pela Igreja Primitiva

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