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De Onde Vêm As Boas Ideias

Steven Johnson

Evolução e inovação
Ideias que mudam o mundo geralmente evoluem ao longo do tempo e não em saltos
repentinos
Plataformas são a espécie-chave quando se fala em inovação
Inovação e evolução dependem de redes
A colaboração é tão importante quanto a competição
Redes inovadoras também devem oscilar entre a ordem e a anarquia
Um espaço comum leva à "serendipidade"
O erro faz parte do processo de inovação e evolução
Notas Finais
O lápis, a descarga do vaso sanitário, a pilha. Você já parou para pensar de onde vem
todas estas boas ideias? Em que tipo de ambiente elas nascem? Quais as faíscas que
ocasionam essas disrupções? Steven Johnson explora este assunto no livro De Onde Vêm
as Boas Ideias e identifica sete padrões que originam a inovação verdadeira. Johnson
investigou dezenas de núcleos empreendedores modernos e traz em seu livro um novo
entendimento da história da inovação, além de um conjunto de estratégias para nos ajudar
a entender as boas ideias. De Onde Vêm as Boas Ideias examina a evolução da vida na
Terra e a história da ciência. O livro destaca muitos paralelos entre os dois. Esta análise
rica, cheia de histórias interessantes e evidências científicas também aborda como a
criatividade pode ser cultivada por você e pela sua empresa. O livro é recomendado para
todos que se interessam por inovação, especialmente se você gosta de histórias de grandes
descobertas. Se inovação é uma prioridade para você e sua empresa, esta é uma leitura
obrigatória.

Evolução e inovação
Evolução e inovação começam a partir do que é possível em um dado momento. O possível
adjacente. Bilhões de anos atrás, átomos de carbono começavam a formar uma mistura
substâncias que eventualmente daria origem àvida em nosso planeta. Aos poucos, os
átomos iam se combinando e formavam moléculas, proteínas. Essas moléculas e proteínas
iam se combinando iterativamente para posteriormente se combinarem nas células dos
primeiros organismos vívos. A cada nova combinação, surgiam novas possibilidades, até
que os seres vivos mais elaborados e complexos surgiram na terra. Era preciso passar por
várias etapas, para garantir que certas combinações funcionassem, se multiplicassem e
estas conexões gerassem novas combinações. Da mesma maneira, uma empresa de
internet como o Ebay, não poderia ter sido criadahá 50 anos atrás. Ainda não existiam
computadores, ferramentas para que os computadores se conectassem um ao outro e uma
rede mundial de computadores que permitisse que as pessoas estivessem online e
pudessem efetivamente comprar. Tanto em uma inovação como Ebay, como na evolução,
estas novas condições tendem a acontecer nos limites do possível adjacente, na esfera das
possibilidades disponíveis em um determinado momento. Avanços além do possível
adjacente são raros e condenados a se tornarem fracassos a curto prazo se o ambiente
ainda não está pronto para eles. Se o YouTube tivesse sido lançado nos anos 90, ele teria
sido considerado um fracasso, já que, naquela época, não existiam conexões de internet
rápidas para que os usuários pudessem assistir videos em seus PCs. O possível adjacente
é limitado pelas peças e conhecimento existentes no momento atual. Isso explica porque
tantas vezes, pessoas em lugares diversos do mundo fazem descobertas muito similares
quase simultaneamente. Carl Wilhelm Scheele e Joseph Priestley isolaram o oxigênio no
século 18, sem conhecerem um ao outro e apenas com 2 anos de diferença. Porém, eles
partiram do mesmo ponto inicial, pois a busca pelo oxigênio não poderia ter começado até
que a natureza gasosa do ar fosse compreendida.

Ideias que mudam o mundo geralmente evoluem ao longo do tempo e não em saltos
repentinos
Embora pareça que as grandes descobertas acontecem isoladamente, quando as
observamos em detalhe, percebemos que na realidade elas se desenvolvem lentamente,
amadurecendo aos poucos. A teoria da seleção natural de Charles Darwin, surgiu enquanto
ele estudava a teoria maltusiana de crescimento populacional. Mas com uma observação
mais detalhada, é possível notar em suas anotações que, antes dessa epifania, ele já havia
descrito uma teoria da seleção natural quase completa. O olhar em retrospecto faz a ideia
parecer óbvia, a ponto de parecer que foi um insight imediato, uma descoberta
momentânea, mas essa não é a verdade na maioria dos casos. A história da internet
também tem uma origem similar. Um engenheiro britânico chamado Tim Berners-Lee é
creditado como o pai do conceito da internet como ela é hoje. Alguns anos atrás, abordado
por um repórter, ele foi perguntado de onde veio esta ideia tão visionária. Tim não sabia o
que responder e ficou paralizado. Não é que ele tinha esquecido a circunstância do seu
momento de eureka e por isso não conseguiu responder ao jornalista. Na verdade, a ideia
básica da internet estava em sua mente por mais de uma década. Porém, apenas quando
ele começou a trabalhar como consultor no laboratório da CERN é que as ideias se
cristalizaram em sua mente. Para Tim Berners-Lee, não houve uma epifania, um momento
de eureka e sim anos de combinações lentas. Ele iniciou um projeto paralelo que permitiu
que armazenasse e conectasse pedaços de informações, como nós em uma rede. Mais
uma década se passou e a CERN oficialmente o autorizou a trabalhar no projeto e assim
surgiu a tecnologia que permitiu que a rede mundial de computadores existisse.

Plataformas são a espécie-chave quando se fala em inovação


O termo científico espécies-chave é usado para descrever organismos que são
desproporcionalmente importantes para o bem-estar do ecossistema. Eles são como
engenheiros do ecossistema criando habitats para outros organismos, construindo
plataformas as quais muitos outros organismos precisam para sobreviver. Um bom exemplo
são os castores que derrubam árvores. Estas árvores atraem pica-paus para fazer buracos
para abrigar seus ninhos. O castor cria portanto uma plataforma para o pica-pau. Quando
os pica-paus vão embora, esses buracos são ocupados por pássaros cantores. E o
pica-pau cria uma plataforma para os pássaros cantores.
Essas plataformas também existem na esfera da inovação e são usadas para que a ela seja
acelerada dentro possível adjacente. Um bom exemplo de plataforma, neste contexto, é a
navegação por GPS. Ela foi criada num centro de pesquisas do exército para situar
elementos baseados em suas coordenadas geográficas capturadas via satélite. Décadas
depois, o GPS se tornou a fonte de dezenas de combinações que nos trouxeram grandes
novas ideias. Ele permitiu que surgissem dezenas de serviços baseados em localização,
milhares de aplicativos móveis e hoje, até mesmo a publicidade se baseia na localização do
usuário impactado. Plataformas geralmente trabalham em conjunto, ou seja, uma
plataforma serve de base para que outras plataformas surjam e estas combinações
produzem ambientes propensos à inovação. Um bom exemplo são as redes sociais como o
Twitter e o Facebook. Eles foram criadas sobre a rede mundial de computadores e
posteriormente se tornaram plataformas também. Hoje existem milhões de aplicativos
criados sobre estas novas plataformas que se derivaram da rede mundial de computadores.
O possível adjacente está em constante evolução e transformação

Inovação e evolução dependem de redes


Toda a vida na Terra se baseia no átomo de carbono, que é o componente fundamental
para conectar átomos e formar cadeias de moléculas. Essas conexões permitem que
surjam novas estruturas, como as proteínas. Sem o carbono, a Terra provavelmente seria
uma sopa morta de produtos químicos. Conexões também são propulsores de ideias.
Quando os humanos começaram a se organizar em comunidades, eles passaram a se
expor a novas ideias e a espalhar suas próprias descobertas. Antes dessas conexões, a
ideia nova de uma pessoa não se multiplicava, pois não havia uma rede para espalhá-la.
Nos anos 90, psicólogos decidiram gravar tudo o que acontecia em quatro laboratórios de
biologia molecular. Acredita-se que em um campo como a biologia molecular, grandes
descobertas são feitas observando pelo microscópio, não é mesmo? Surpreendentemente,
verificou-se que as ideias mais importantes surgiam durante as reuniões do laboratório,
quando os cientistas discutiam seu trabalho com seus colegas. Além disso, estudos
comprovam que os indivíduos mais criativos tem amplas redes sociais que se extendem
para fora de sua própria organização e, assim, eles se colocam abertos a receber novas
ideias de contextos diferentes. Assim como o surgimento das comunidades, cidades e vilas
acelerou a multiplicação das ideias, a internet também se tornou um canal-chave de difusão
de ideias. Na rede mundial de computadores, ideias se criam, conectam e se difundem em
velocidades cada vez maiores.

A colaboração é tão importante quanto a competição


Poder se beneficiar financeiramente de suas descobertas é um dos principais fatores que
levam à inovação. Mas, enquanto a comercialização de invenções estimula a inovação, ela
também pode gerar patentes e outras restrições que prejudicam na disseminação e
evolução das ideias. Portanto, os próprios mercados que deveriam garantir a constante
inovação, são, de fato, estruturalmente ineficientes, pois criam mecanismos (como as
patentes) para evitar que as ideias se combinem. As inovações estimuladas pelo mercado
como nos Estados Unidos têm sido mais efetivas do que as inovações em economias
fechadas como a União Soviética, mas isso não significa que este seja necessariamente o
melhor caminho. Inventores merecem ser recompensados, mas o objetivo final é aumentar
a inovação como um todo, sem restrições. Em seu livro A Origem das Espécies, Charles
Darwin deu ênfase à colaboração entre as espécies e a seleção natural, que deriva da
competição por recursos. Conexões entre ideias, assim como a colaboração entre espécies,
podem ser um estímulo tão bom àinovação quanto a própria competição.

Redes inovadoras também devem oscilar entre a ordem e a anarquia


A habilidade do carbono de se conectar com outros átomos foi vital para a evolução da vida.
mas uma segunda e imprevisível força foi também necessária: a água. Além do carbono,
capaz de se combinar com facilidade para o surgimento da vida, outro componente foi
essencial, a molécula do H2O. A água se move dissolvendo e erodindo o que está no seu
caminho, assim alimentando novas formas de conexões entre átomos. Por outro lado, as
fortes ligações de hidrogênio das moléculas de água ajudam a manter essas conexões de
forma estável. Essa mistura de turbulência e estabilidade é o motivo pelo qual ligações
líquidas e maleáveis são as melhores para a evolução da vida e para a criatividade.
Conexões aleatórias e imprevistas levam a descobertas acidentais.O caos e a criatividade
estão ligados até mesmo em um nível neurológico. As ideias são de fato manifestações de
uma complexa rede de neurônios se conectando, e novas ideias só são possíveis quando
novas conexões são formadas. Nossos neurônios se alternam entre estados de caos, em
que disparam completamente fora de sincronia um com o outro, e estados sincronizados,
onde são ativados na mesma frequência. Estudos mostraram que, quanto maior o tempo de
exposição do cérebro ao estado de caos, mais inteligente a pessoa é, e isso a torna capaz
de fazer conexões mais complexas.

Um espaço comum leva à "serendipidade"


Serendipidade é o ato de fazer descobertas afortunadas, aparentemente, por acaso.

Quando ideias convergem em um espaço compartilhado como em uma reunião entre


pessoas de diferentes áreas do conhecimento, misturas criativas surgem e novas
combinações se tornam possíveis. Interações compartilhadas em espaços físicos ou virtuais
permitem que as ideias se difundam, circulem e se combinem de forma aleatória. Facilitar
essas conexões depende apenas de que você use seu cérebro para processar ideias de
diferentes áreas. Inovadores como Benjamim Franklin se beneficiaram muito disso ao
trabalhar em vários projetos simultaneamente, para que as conexões entre os projetos
pudessem surgir. Em uma empresa, a chave para inovação é uma rede que permita que
palpites amadureçam, espalhem-se e se combinem com outros abertamente.

O erro faz parte do processo de inovação e evolução


O erro está presente tanto na evolução da vida quanto na inovação de grandes ideias e não
é necessariamente uma coisa ruim. Nossos genes são passados de pai para filho,
fornecendo instruções genéticas sobre como o filho deve se desenvolver. Porém ocorrem
mutações ocasionais nestas instruções e sem estes erros a evolução teria se estagnado.
Mutações criam novas formas de vidas e novas características nas formas de vida
existentes. Apesar de muitas mutações falharem, ocasionalmente elas acertam e com isso
vem a evolução. A penicilina só foi descoberta por causa de um erro: Alexandre Fleming
permitiu sem querer que uma amostra de bactéria fosse contaminada por mofo e começou
a imaginar o que havia matado a bactéria. Inovações pedem reinvenção e reutilização do
passado. O termo exaptação é utilizado para descrever o fenômeno onde uma
característica originalmente desenvolvida para um propósito específico é eventualmente
usada de uma maneira completamente diferente. Por exemplo, as penas das aves tinham
como objetivo inicial regular a temperatura, mas acabou permitindo que os pássaros
pudessem voar. Frequentemente, ideias são similarmente reaproveitadas e exaptadas. A
internet foi criada para a pesquisa científica, mas eventualmente ela se transformou em uma
rede de sites para compras, consumo de notícias, relacionamento com amigos e até mesmo
pornografia. Gutenberg, por outro lado, encontrou um uso diferente para uma invenção
milenar. Ele combinou a velha máquina de espremer uvas com seu conhecimento de
metalurgia e criou a primeira impressora do mundo, revolucionando a maneira como a
humanidade se comunica.
Usos não convencionais para itens e ideias antigos ou até mesmo descartados induzem
inovação. Itens descartados também são transformados através da inovação. Assim como a
estrutura do esqueleto deixada por corais mortos é a base para o ecossistema dos recifes,
prédios abandonados podem se tornar a origem de novas subculturas urbanas.

Notas Finais
Assim como a evolução da vida no planeta Terra, as ideias derivam da combinação
constante entre o que é possível em um dado momento e seu futuro adjacente, ou seja, em
inovação, não existem grandes saltos disruptivos e sim cadeias de evoluções constantes.
Esse desenvolvimento é lento e gradual, mas pode ser acelerado por alguns fatores.
Plataformas, redes e espaços compartilhados ajudam as ideias a se combinarem mais
livremente e tornar maior o possível adjacente.

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