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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA

HELENA MARTINS DOS SANTOS

A ÁGUA NA PRODUÇÃO ANIMAL

BOA VISTA, RR
2018
HELENA MARTINS DOS SANTOS

A ÁGUA NA PRODUÇÃO ANIMAL

Trabalho apresentado como pré-requisito para a


conclusão do curso de Bacharelado em
Zootecnia da Universidade Federal de Roraima.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Gardênia Holanda


Cabral

BOA VISTA, RR

2018
HELENA MARTINS DOS SANTOS

A ÁGUA NA PRODUÇÃO ANIMAL

Trabalho apresentado como pré-requisito para conclusão do Curso de Bacharelado em


Zootecnia da Universidade Federal de Roraima, defendido em 04 de dezembro e avaliado pela
seguinte banca examinadora:

____________________________________________________
Professora Dr.ª Gardênia Holanda

____________________________________________________
Professora Dr.ª Nívia Pires Lopes

____________________________________________________
Professor Ms. Rodrigo de Barros Feltran
AGRADECIMENTOS

Sou grata a Vida pelas oportunidades e pela evolução que tive nessa caminhada. Grata
aos meus pais, pelo amor, apoio, dedicação, por transmitirem o gosto à leitura e pelos elogios
e repreensões que tanto me ensinaram. As minhas irmãs por serem amigas sinceras e pelo
companheirismo ao longo dos anos.
À professora Gardênia por ter me acolhido como orientanda, pela paciência e por
transmitir tranquilidade à minha pessoa nesse processo.
Aos amigos que fiz no curso: Augusto Cesar, Esther Brasil, Gabriel Carlon, Luzia
Rafaela e Susany Rego pela parceria, trabalho em equipe e carinho. Aos meus amigos Raphael
Perini, Nathielle Wajima, Sandra Galvez e Fabrizio Gentilcore que mesmos distantes sempre
me incentivaram a pensar positivo.
Expresso gratidão ao departamento e professores do curso de zootecnia e agronomia que
de alguma maneira contribuíram para minha formação, em especial às professoras Denise de
Melo, Raimifranca Veras e Regina Umigi pelo apoio, conversas, conselhos e abraços no
corredor.
Não se pode banhar duas vezes nas águas do
mesmo rio.
Heráclito (535-475 a.C.)
RESUMO

A água é um recurso natural essencial para o planeta. O ser humano utiliza-se desse bem nas
atividades agropastoris, nas industrias, no fornecimento de energia, no saneamento básico, nos
transportes (navegação), na preservação de fauna e flora e na recreação. Por meio de uma
revisão de literatura foi possível refletir e discorrer sobre: a importância da água como recurso
natural; a legislação da água e o uso desse recurso na produção animal, bem como os possíveis
impactos gerados por esse setor na qualidade da água. As ações antrópicas cada vez mais geram
pressões no meio em que estamos inseridos, e dessa forma, a água utilizada nas atividades
socioeconômicas retornam ao ambiente com sua qualidade alterada. A diminuição da qualidade
da água associada com o aumento da demanda por esse elemento e mudanças climáticas,
levaram muitos países a discutirem e reverem a gestão dos seus recursos hídricos. Neste sentido
a legislação brasileira reúne diversos instrumentos e disposições sobre o domínio e
aproveitamento das águas, bem como as competências legislativas e administrativas da União,
Estados e Municípios, com normas e dispositivos que garantem o acesso a água potável assim
como sua proteção e preservação. Na produção animal, além de ser usada na dessedentação dos
animais a água é empregada na irrigação de pastagem, limpeza de instalações bem como na
ambiência dos animais. Os casos problemáticos relacionados à qualidade de água no Brasil
estão associados aos resíduos gerados pelos esgotos de origem urbana e aos efluentes
industriais, de atividades intensivas de criação animal e de atividades extensivas da agricultura.
No Estado de Roraima, observa-se escassez de estudos e levantamentos técnicos que
quantificam o volume de água direcionado para as cadeias de produção animal e ainda, de
análises químicas e microbiológicas que avaliem a qualidade da água utilizada por estes setores.
Assim como qualquer outra atividade antrópica, as atividades agropecuárias, podem afetar a
qualidade da água ao gerar modificações nas características físico químicas e microbiológicas
desse elemento. Temos que nos conscientizar que vivemos numa relação de interpendência com
nosso planeta e, dessa forma, buscar desenvolver atividades de forma sustentável.

Palavras-chave: Qualidade da água. Pegada Hídrica. Dejetos. Animais. Efluentes.


ABSTRACT

Water is an essential natural resource for the planet. The human being uses this property in
agropastoral activities, in industries, in the supply of energy, in basic sanitation, in transport
(navigation), in the preservation of fauna and flora and in recreation. Through a literature review
it was possible to reflect and discuss: the importance of water as a natural resource; water
legislation and the use of this resource in animal production, as well as the possible impacts
generated by this sector on water quality. The anthropic actions increasingly generate pressures
in the environment in which we are inserted, and in this way, the water used in the
socioeconomic activities return to the environment with its altered quality. Declining water
quality associated with increased demand for water and climate change has led many countries
to discuss and review the management of their water resources. In this sense, the Brazilian
legislation brings together various instruments and provisions on the domain and use of water,
as well as the legislative and administrative competencies of the Union, States and
Municipalities, with norms and devices that guarantee access to drinking water as well as its
protection and preservation. In animal production, besides being used in the watering of
animals, water is used for irrigation of grazing, cleaning of plants as well as in the environment
of animals. The problematic cases related to water quality in Brazil are associated to waste
generated by urban sewage and industrial effluents, intensive animal husbandry activities and
extensive agriculture activities. In the State of Roraima, there is a shortage of studies and
technical surveys that quantify the volume of water directed to animal production chains and
also of chemical and microbiological analyzes that evaluate the water quality used by these
sectors. Like any other anthropic activity, agricultural activities can affect water quality by
generating changes in the physical and chemical characteristics of this element. We have to
realize that we live in a relationship of interplay with our planet and, in this way, seek to develop
activities in a sustainable way.

Keywords: Water quality. Water Footprint. Waste. Animals. Effluents.


SUMARIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8

2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 9

OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 9

2.1.1 Objetivos específicos ........................................................................................... 9

3 MATERIAL E METÓDOS .............................................................................................. 10

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 11

ÁGUA COMO RECURSO NATURAL ................................................................... 11

LEGISLAÇÃO DA ÁGUA ....................................................................................... 14

4.2.1 Política Nacional de Recursos Hídricos .......................................................... 18

ÁGUA NA PRODUÇÃO ANIMAL ......................................................................... 19

4.3.1 Pegada Hídrica .................................................................................................. 23

4.3.2 Não Ruminantes ................................................................................................ 24

4.3.3 Ruminantes ....................................................................................................... 26

4.3.4 Piscicultura ........................................................................................................ 28

AGUA NO ESTADO DE RORAIMA ...................................................................... 31

4.4.1 Aptidão agrícola das terras e criação de animais .......................................... 32

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 33

REFERENCIAS ....................................................................................................................... 34
8

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o Brasil se tornou um fornecedor mundial de alimentos,


principalmente de proteína animal. Deste modo, as atividades agropecuárias tiveram grande
importância econômica e social no país (ABIEC, 2018; ABPA, 2018; PEIXES BR, 2018). Para
suprir esse crescimento na produção houve um aumento no uso dos recursos naturais solo e
água. Por conta disso, nos últimos anos, questionamentos quanto a pressão das atividades rurais
sobre meio ambiente também aumentaram (NETO, 2013; BURNQUIST, 2018).
Concomitante, as mudanças climáticas, eventos extremos e alterações no ciclo
hidrológico, levaram diversos países no mundo a se questionarem sobre a finitude da água, sua
possível escassez e como fazer sua gestão e diminuir os impactos das atividades antrópicas
sobre esse recurso (EMPINOTTI, 2016).
Sem água a produção de bens diminui e consequentemente a economia enfraquece.
Pelo fato deste elemento ser um fator limitante na produção de alimentos, esses
questionamentos também foram inseridos nas atividades agropecuárias (PALHARES, 2016;
RODRIGUES E RIPPEL, 2013).
Na produção animal, além de ser usada na dessedentação dos animais a água é
empregada na irrigação de pastagem e limpeza de instalações, bem como na ambiência dos
animais. Com a qualidade desse recurso comprometida, é necessário que produtores e técnicos
deem atenção ao manejo da água, pois a falta de água para dessedentação dos animais afeta o
crescimento, bem-estar e a saúde dos mesmos, resultando em impactos negativos nos fatores
zootécnicos e econômicos (BERTECHINI, 2006, NÚÑEZ e RUEDA, 2013; TEIXEIRA,
1997).
Sabe-se que qualquer atividade humana gera impactos nos recursos naturais e que
esses ocorrem desde tempos. Como somos dependentes da água, compreender como a estamos
utilizando e as consequências deste uso tornam-se uma ferramenta importante para desenvolver
atividades realmente sustentáveis.
9

2 OBJETIVOS

Os objetivos deste trabalho estão dispostos abaixo, seguindo-se o geral e os


específicos.

OBJETIVO GERAL

Por meio de uma revisão de literatura refletir e discorrer sobre o uso da água na
produção animal e os possíveis impactos gerados por esse setor na qualidade da água.

2.1.1 Objetivos específicos

a) Abordar sobre a água como recurso natural;


b) Identificar as legislações vigentes sobre água;
c) Observar o uso da água nos distintos setores de criação animal e sua descarga no meio
ambiente;
10

3 MATERIAL E METÓDOS

Esta pesquisa trata-se de uma revisão bibliográfica sobre trabalhos referentes à


utilização da água na produção animal. Foi realizada consultas em livros, artigos científicos,
revistas e periódicos; teses, dissertações, relatórios, vídeos, sites e à legislação vigente no Brasil.
Para este levantamento se consultou as seguintes bases de dados: biblioteca da
Universidade Federal de Roraima, portal de periódicos da Capes, Scielo, Agência Nacional de
águas e EMBRAPA. Foram selecionados artigos em português, espanhol e inglês.
Para maior abrangência utilizou-se as palavras-chaves: qualidade, água, legislação,
produção animal, e as seguintes combinações: qualidade da água na bovinocultura, uso da água
na produção animal e lei das águas, no recorte temporal de 15 anos.
11

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerando os objetivos deste trabalho, estão expostos abaixo o resultados obtidos


por meio de buscas nos materiais propostos. O texto está organizado em quatro tópicos e seus
respectivos sub tópicos. No primeiro tópico me dedico a apresentar a água como recurso natural
e sua importância; no segundo apresento algumas legislações vigentes quanto ao uso da água
enquanto que no terceiro contextualizo o papel do Brasil como produtor de alimentos e
apresento resultados de pesquisas sobre o uso da água na produção animal (suinocultura,
avicultura, bovinocultura e piscicultura) e os possíveis impactos das atividade sobre esse
recurso. Por fim, no último tópico apresento alguns dados referentes ao Estado de Roraima.

ÁGUA COMO RECURSO NATURAL

A água é um recurso natural essencial para a preservação da vida no planeta, uma vez
que corresponde ao componente principal e mais abundante na matéria viva. Além de ser
fundamental em reações metabólicas, é importante para manutenção da temperatura corporal,
devido seu alto calor específico. A porcentagem deste elemento no organismo irá depender da
espécie e idade do animal. No homem representa cerca de 60% do seu peso, nos vegetais até
90% e em alguns animais aquáticos esse percentual alcança 98% (BASSOI; GUAZELLI,
2004). Além disso, o ser humano utiliza-se desse bem nas atividades agropastoris (irrigação e
dessedentação de animais), nas industrias, no fornecimento de energia, no saneamento básico,
nos transportes (navegação), na preservação de fauna e flora e na recreação.
De acordo com o levantamento realizado nesta revisão, parte da superfície do planeta
terra é recoberta por água que está distribuída de maneira heterogênea pelos oceanos, rios,
lagos, geleiras, calotas polares, no ar e no subsolo. Há disparidades quanto a quantidade exata
de água no mundo, no entanto pode-se afirmar que sua maior parte é representada pela água
dos oceanos e uma pequena parcela por água doce. Para Bassoi e Guazelli (2004) do total de
água disponível no planeta, 97% equivale a água dos oceanos e 3% a água doce, deste, 2,4%
está em forma de gelo e na atmosfera e 0,6% equivale a água na superfície e subtérrea. Como
o processo de dessalinização ainda é muito custoso (BRAGA et al., 2005), do total de água
disponível no mundo temos acesso a uma restrita parte que podemos consumir.
A água é um elemento que circula constantemente na Terra nos seus três estados –
sólido, liquido e gasoso e esse movimento é conhecido como Ciclo Hidrológico sendo
12

sustentado pela energia solar e força da gravidade. Os fenômenos básicos do ciclo são a
evaporação e precipitação (BRAGA et al., 2005). Em resumo, as águas dos oceanos, lagos e
rios quando aquecidas evaporam para a atmosfera, o que forma as nuvens e dependendo das
condições atmosféricas, essas irão se condensar e precipitar em forma de chuva, granizo ou
neve (Figura 1). A precipitação e o derretimento de geleiras abastecem córregos, rios e lagos e
essa água seguirá três rotas: uma porção se retém na cobertura vegetal, outra escoa pela
superfície e uma parte se infiltra nas camadas mais profundas dos solos, o que os torna um
reservatório importante de água.

Figura 1 Ciclo Hidrológico

Fonte: Ministério do Meio Ambiente, s.d.

As rotas do ciclo hídrico, assim como a qualidade e a quantidade de água, sofrem


variações de acordo com as propriedades físicas, químicas e biológicas de cada ecossistema.
Essas alterações podem acarretar em mudanças no regime de precipitações, pois a água
evaporada em um local, não necessariamente irá regressar em forma de chuva ao mesmo lugar,
logo a água não é constante (GEANDIQUE; MORAIS, 2012; UNESCO, 2018). Entretanto o
volume de água no globo é mais ou menos constante, mas isso não indica que a disponibilidade
desse bem seja ilimitada (HOEKSTRA et al., 2011).
Deste modo, a disponibilidade de recursos hídricos irá diferir em cada continente, as
Américas possuem maior porcentagem de água doce superficial, seguidas da Ásia, África,
Europa e Oceania/Austrália (Figura 2). Vale ressaltar que o Brasil dispõem entre 11 e 12 % dos
recursos hídricos mundial e possui extensa rede hidrográfica com 12 mil rios escorrendo por
13

seu território. Esses são alimentados principalmente pelas chuvas, o rio Amazonas, além disso
tem suas nascentes reabastecidas pelo derretimento de neve das geleiras andinas (GEO
BRASIL, 2007; HIRSCH, 2013).

Figura 2 – Porcentagem de água doce superficial nos continentes

Fonte: Adaptado GEO BRASIL, 2007.

Contudo, quando se discute sobre disponibilidade de água leva-se em consideração


não somente a quantidade de água em determinadas regiões, mas também sua qualidade e
capacidade de suprir as necessidades dos seres vivos (ANA, 2017; BRAGA et al., 2005;
MACEDO, 2012; UNESCO, 2018). As ações antrópicas cada vez mais geram pressões no meio
em que estamos inseridos, dessa forma, a água utilizada nas atividades socioeconômicas
retornam ao ambiente com sua qualidade alterada. Segundo a Organização das Nações Unidas
para a alimentação e Agricultura (FAO, 2011), o aumento da população e o crescimento
econômico, associados com o tratamento de água quase nulo, produziram intensos efeitos
negativos na qualidade da água. Braga et al (2005) afirmam que a qualidade e a quantidade de
água se correlacionam, uma vez que, a qualidade sujeita-se a quantidade para dissolver, diluir
e transportar substâncias poluentes ou não presentes na água, portanto se não houver cuidado
com a qualidade, consequentemente a disponibilidade (quantidade) de água potável irá
diminuir.
Existem critérios para avaliar a qualidade da água de um corpo hídrico, como por
exemplo, parâmetros físico-químicos e biológicos que são empregados como indicadores de
14

qualidade da água. Em 1970, a National Sanitation Foundation desenvolveu o Índice de


Qualidade das Águas (IQA) que avalia os parâmetros: temperatura da água, pH, oxigênio
dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), coliformes termotolerantes,
nitrogênio total, fósforo total, sólidos totais e turbidez (ANA, 2017).
A demanda pela água só tem crescido, conforme Wada et al. (2016), para suprir o
crescimento da produção de alimentos e o aumento de padrão de vida, o consumo de água
aumentou em aproximadamente seis vezes nos últimos 100 anos e continua a crescer. Segundo
o relatório das Nações Unidas no mundo a demanda por água aumenta em uma taxa de 1 % ao
ano. Além do mais, há regiões que não dispõem de água suficiente em determinadas épocas do
ano. Estima-se que 3,6 bilhões de pessoas vivem em localidades com potencial para sofrer
escassez de água pelo menos em um mês ao ano (UNESCO, 2018).
Observa-se que o crescimento populacional e a diminuição da qualidade de água
devido às mudanças climáticas, levam muitos países a discutirem e reverem a gestão dos seus
recursos hídricos (NETO, 2013), considerada um dos principais desafios do século XXI
(EMPINOTTI, 2016), desse modo me dedico a apresentar de forma breve algumas leis do Brasil
quanto a questão da água e sua gestão.

LEGISLAÇÃO DA ÁGUA

Ao observar alguns aspectos da legislação brasileira quanto aos recursos hídricos


pode-se afirmar que essa reúne diversos instrumentos e disposições sobre o domínio e
aproveitamento das águas, bem como as competências legislativas e administrativas da União,
Estados e Municípios (FIORILLO, 2012; MILARÉ, 2011). Estas normas e dispositivos
garantem o acesso a água potável assim como sua proteção e preservação (BITTENCOURT e
PEREIRA, 2014).
Bittencourt e Pereira (2014) analisaram a evolução legislativa quanto a proteção das
águas e constataram que a proteção desse bem era realizada de forma discreta e estava mais
atrelada a normas de outros interesses como: econômicos, sanitários ou com relação a
propriedade. Em relação a política Nacional de recursos hídricos Milaré (2011) afirma que nos
últimos 80 anos se firmou no nosso país uma legislação específica e incompleta designada a
dar suporte à administração das águas em território nacional.
15

Vale ressaltar que em 1934 foi criado o Código de Águas, através do Decreto n º
24.643, que possibilitou ao Poder Público regular e gerenciar o aproveitamento das águas pelas
indústrias, principalmente as de exploração de energia hidráulica. O código garantia o uso
comum e gratuito das águas e previa o pagamento pelo uso desta, entretanto não possuía normas
diretas quanto a conservação e preservação desse recurso (MILARÉ, 2011; ARMANDO e
VALADÃO, 2015). Em 1981 foi decretada, através da Lei 6.938, a Política Nacional do Meio
Ambiente que determina padrões de qualidade ambiental como instrumento para a gestão de
recursos naturais, que estão estabelecidos por Resoluções do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), a lei também possibilita a cobrança e recuperação por danos realizados
nos recursos naturais (MILARÉ, 2011).
O CONAMA classifica as águas de acordo com o teor de salinidade em: doce, salobra
e salina. A doce possui salinidade igual ou inferior a 0,5%, enquanto a salobra entre 0,5% e
30%, já a água salina possui salinidade igual ou superior a 30 % (BRASIL, 2005). A Resolução
do CONAMA nº 357/2005 estabelece as classes de qualidade para essas águas (Figura 3),
enquanto a Resolução nº 396/2008, dispõe sobre a classificação e as diretrizes ambientais para
o enquadramento das águas subterrâneas.

Figura 3 – Classes de enquadramento da água

Fonte: Portal da Qualidade da água (s.d.)

De acordo com o disposto pelo CONAMA, não se aceita o lançamento de qualquer


tipo de efluentes nas águas de classe especial, pois essas devem manter sua condição natural.
Já para as outras classes, são admitidos níveis crescentes de contaminação. Na classe 1 aceita-
16

se menores níveis e nas classes 4 e 3 maiores níveis de contaminação. Estes graus de


contaminação determinam os diversos usos da água (Figura 4).

Figura 4 - Classes de enquadramento das águas-doces e usos respectivos

Fonte: Portal da Qualidade da água (s.d.)

Constata-se que para alguns foi a partir da constituição de 1988 e da promulgação da


Lei das águas que houve uma preocupação com a proteção das águas a partir de uma gestão que
integrasse os recursos hídricos e o meio ambiente. Conforme disposto na Constituição Federal
da República de 1988 todas as águas são de domínio público da União e dos Estados membros,
não existindo águas de domínio municipal e particulares desde a constituição de 1946 e o código
de águas de 1934 (MILARÉ, 2011; BRASIL, 1988). Também é conferido à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios a competência material1 para a proteção de recursos
naturais (MILARÉ, 2011). Os recursos hídricos que estão sob domínio da União são os que se

1
Ou competência administrativa, corresponde ao dever/direito de colocar em ação os comandos ou prerrogativas
previstos nas normas constitucionais e infraconstitucionais (Jusbrasil).
17

encontram em áreas protegidas por lei e os que constituem fronteiras entre estados e o país, já
os corpos hídricos superficiais presentes completamente em uma Unidade Federal e as águas
subterrâneas são de domínio estadual (ANA, 2017). Fiorillo atenta que ‘domínio público’ não
faz do entes federados proprietários do bem

Após o advento da Constituição Federal de 1988 nosso ordenamento jurídico


contempla a existência de três distintas categorias de bens: os públicos, os privados e
os difusos2.
Diante desse novo quadro, os bens que possuem características de bem ambiental (de
uso comum do povo e indispensável à sadia qualidade de vida) não são propriedade
de qualquer dos entes federados (...) temos que a Constituição Federal, ao outorgar o
“domínio” de alguns bens à União ou aos Estados, não nos permite concluir que tenha
atribuído a eles a titularidade de bens ambientais. Significa tão somente que a União
e o Estado (dependendo do bem) serão seus gestores, de forma que toda vez que
alguém quiser explorar algum dos aludidos bens deverá estar autorizado pelo
respectivo ente federado, porquanto este será o ente responsável pela “administração”
do bem e pelo dever de prezar pela sua preservação (FIORILLO, 2012, p. 195-196)

A referida constituição determinou à União “instituir um sistema nacional de


gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso”. Com
a promulgação da Lei 9.433/1997 (lei das águas) o disposto foi executado, se instituiu a ‘Política
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH)’ e criou-se o ‘Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos’ (SINGREH), que é responsável por implementar a PNRH (ANA, 2017). A
lei define os fundamentos, objetivos, diretrizes e instrumentos para a implantação da PNRH,
além dos objetivos e órgãos integrantes do SINGREH. O SINGREH é composto pelo Conselho
Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), Conselhos Regionais dos Estados, Agência Nacional
de Águas (ANA), Comitês de bacia hidrográfica e entidades civis de pesquisa no campo hídrico,
com o intuito de aplicar os princípios da PNRH e garantir a descentralização e a participação
social (GEO BRASIL, 2007).
Em decorrência as dificuldades para implementar o SINGREH, em 2000 por meio da
Lei nº 9.984 cria-se a Agência Nacional de Águas (ANA), com o propósito de implementar a
PNRH (GEO BRASIL, 2007). Sendo assim, a agência é responsável por regular o uso e emitir

2
De acordo com artigo 225 da Constituição de 1988 “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Segundo Fiorillo o termo
bem de uso comum era utilizado no art. 66, I, do Código do Consumidor de 1916 que foi revogado pelo Código
do Consumidor (art. 81, parágrafo único, I) dando origem aos bens de uso difusos.
18

outorga dos recursos hídricos de domínio da União (nas águas de domínio estadual tal atribuição
compete aos órgãos indicados em suas respectivas leis), além de fiscalizar o cumprimento das
normas, observar as condições dos recursos hídricos do Brasil e em parceria com demais
entidades públicas, produzir estudos estratégicos (ANA, s.d.).
Pode-se afirmar que a Lei das Águas é um dos principais instrumentos legislativo
nacional de políticas hídricas, pois trouxe mudanças ao incluir princípios inovadores. Vale
ressaltar que a Política Nacional de Recursos Hídricos serve como um documento-guia com
macro diretrizes que orientaram a implementação da política e das ações do SINGREH, a nível
estadual e distrital. As políticas de recursos hídricos são construídas de maneira participativa,
envolve órgãos governamentais, sociedade civil, usuários e distintas instituições (ANA, 2017).
Em Roraima, a lei nº 547, de 23 de junho de 2006 estabelece a Política Estadual de
Recursos Hídricos, bem como a instituição do Sistema Estadual de Gerenciamento dos
Recursos Hídricos, sendo o órgão gestor a Fundação do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
de Roraima – FEMARH (GOVERNO DE RORAIMA, 2006).

4.2.1 Política Nacional de Recursos Hídricos

Pretende-se com a PNRH garantir para a atual e futura gerações água que atende os
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos, bem como promover o uso racional e
integrado dos recursos hídricos, além de promover a captação, preservação e reaproveitamento
das águas pluviais3 (BRASIL, 1997). Em relação aos fundamentos da PNRH, a lei reconhece
que a água é um recurso natural finito e provido de valor econômico e que em casos de escassez
deve se dar prioridades ao consumo humano e dessedentação dos animais; estabelece que a
gestão dos recursos hídricos deve ser de forma descentralizada e participativa com o
envolvimentos do Poder Público, dos usuários e da comunidade de modo a proporcionar usos
múltiplos as águas. Além disso, delimita a bacia hidrográfica como unidade territorial para
atuação e implementação da PNRH (BRASIL, 1997), o que para Milaré (2011) ‘é a grande e
radical inovação, e maior desafio’, Machado (2010) acredita que tal forma de administração
possui limitações e levanta os questionamentos: Quem administrará a bacia quando o curso de
água principal for federal e os cursos de água tributários for estadual, e nesse caso, quem será
o responsável por efetuar a outorga dos recursos hídricos?

3
Esse inciso foi incluído recentemente no artigo 2 º da Lei das águas pela Lei nº 13.501 de 2017.
19

Destaco aqui três diretrizes inseridas na lei: a gestão sistemática dos recursos hídricos
sem dissociação de quantidade e qualidade; integração da gestão de recursos hídricos com a
gestão ambiental e a articulação da gestão dos recursos hídricos com a do uso do solo.
Bittencourt e Pereira (2014) ao analisarem a legislação brasileira quanto a temática
concluem que a legislação brasileira garante o acesso à água potável e por meio de normas aduz
orientações, obrigações e penalidades que envolvem o uso, a proteção e a preservação da água.
Como exposto, a Política Nacional de Recursos Hídricos institui fundamentos e instrumentos
de gestão a fim de regular o uso do recurso água, Armando e Valadão (2015) afirmam que o
país ainda está se adaptando à PNRH e se espera alcançar um sistema de gestão efetivo e capaz
de promover a sustentabilidade hídrica com apoio e participação da sociedade civil.

ÁGUA NA PRODUÇÃO ANIMAL

Nas últimas décadas o consumo mundial de carne aumentou e estima-se maior


crescimento até 2024, esse aumento tem ocorrido principalmente nos países emergentes do que
nos desenvolvidos, isso se deve ao crescimento populacional, aumento de renda e urbanização.
Este aumento de renda permite os consumidores diversificar sua alimentação, onde ingerem
mais carne comparado ao consumo de carboidratos (OECD/FAO, 2015).
Nesse contexto o Brasil se tornou um dos principais países produtores e exportadores
de proteína animal no mundo, destacando-se na produção de carne bovina, de frango, suína e
de peixes. É o segundo maior produtor de carne bovina e de frangos, quarto em produção de
carne suína e terceiro em produção de carne de peixes. Hoje é o maior exportador mundial de
carne de frango e bovina (ABIEC, 2018; ABPA, 2018; PEIXES BR, 2018). Para Carvalho
(2018) ‘se o Brasil deixar de produzir e/ou comercializar carne bovina, o mundo sofrerá um
colapso de consumo e inflação’, dessa forma o setor agropecuário tem-se mostrado importante
fator na economia do país, onde se observa uma expansão do agronegócio, que contribuiu no
ano passado com 22 % do PIB (produto interno bruto) segundo ABIEC, 2018.
Essa significativa participação do país no mercado internacional já era prevista, devido
a disponibilidade de terras para a expansão agrícola e aos investimentos realizados em pesquisas
que permitiram a introdução de novas tecnologias no campo relacionadas não somente a
maquinarias, mas também a genética, manejo do solo, manejo sanitário e nutrição, onde as
20

pesquisas no setor agrícola também permitiram a inserção do cerrado para a produção


(SCOLARI, 2006; OECD/FAO, 2015).
Estima-se que em 2024 a população mundial estará em torno de 8 bilhões de pessoas
(OECD/FAO, 2015), e para suprir tal crescimento, provavelmente o Brasil se manterá como
um do principais produtores de alimentos. Conforme Burnquist (2018), para atender essa futura
demanda será necessário nova revolução tecnológica, onde haja uma redução do uso de recursos
naturais, principalmente os insumos terra e água. A pesquisadora também afirma que esses são
“de difícil substituição, podendo ser esgotados, caso não sejam explorados de forma adequada”.
Após analisar imagens de satélite e fontes cartográficas de órgãos federais e estaduais,
a Embrapa territorial estimou, em 2016, o uso e a ocupação das terras nacionais. Do total do
território 30,2% estão destinados para uso agropecuário e 66,3% equivalem a áreas para
proteção e preservação de vegetação nativa, ou seja, as unidades de conservação integral
(parques nacionais, estações ecológicas etc.), as terras indígenas, as terras devolutas e militares
e as áreas dos imóveis rurais cadastrados e não no CAR – Cadastro Ambiental Rural (Figura
5).

Figura 5 – Quantificação do uso e ocupação das terras no Brasil

Fonte: EMBRAPA, 2018

A Embrapa territorial esclarece que esses dados não representam valores absolutos
devido as mudanças que podem ocorrer no território, isso é observado no último censo
21

agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O censo,


referente ao ano de 2017 revelou que, a área de uso agropecuário corresponde a
350.253.329,273 hectares (ha), levando-se em consideração que o Brasil possui 851.576.750
ha (IBGE, 2012) conclui-se que, aproximadamente 41,13 % do total do território está destinado
para agropecuária. O recenseamento indicou que os estabelecimentos rurais utilizam 45 % das
suas terras em pastagens, 18 % são destinadas para lavouras e 29 % de suas áreas são reservadas
para matas ou florestas, sejam elas naturais, naturais destinadas à preservação permanente ou
reserva legal e florestas plantadas.
Esses dados não só reafirmam o avanço do setor agropecuário no país, como também
sua dependência do recurso natural terra. Quanto ao recurso água, afirma-se que a agricultura
irrigada absorve 70 % da água a nível mundial, (AUGUSTO et al., 2012; ANA, 2017; FAO,
2011; MMA, 2006; UNESCO, 2018; ...). Nos Estados Unidos o setor requer 41 %, enquanto
na Índia e China 70 % de suas águas são consumidas para tal fim (RATTNER, 2012 apud
AUGUSTO, 2012), no Brasil, em 2016, a agricultura irrigada4 consumiu em média, 67,2 % das
águas (745 m3/s) de acordo com ANA, 2017. O uso da água para irrigação varia com as práticas
de cultivo, condições climáticas do local e com o sistema de irrigação aplicado. Essa tecnologia
tem sido muito empregada devido aos benefícios que promove como: aumento na produtividade
e utilização do solo durante todo o ano, o que permite um aumento de safras e mais oferta de
produtos agrícolas; diminuição dos efeitos da sazonalidade climática sobre a produção, entre
outros. Porém quando não executada de forma eficiente (uso excessivo de água) pode acarretar
na lixiviação de nutrientes, salinização do solo e diminuição da sua capacidade de infiltração e
como consequência, redução na produção e abandono de áreas agrícolas (ANA, 2017b). Pode-
se afirmar que é uma técnica muito criticada devido a quantidade de água que capta e as perdas
desta pelo sistema, pois boa parte da água não é aproveitada pela plantas e tampouco retorna
aos mananciais.
Na produção animal, além de ser usada na dessedentação dos animais a água é
empregada na irrigação de pastagem e limpeza de instalações, bem como na ambiência dos
animais. É sabido que o clima exerce influência na eficiência produtiva do animal. De acordo
com Flamenbaum (2015), para se contornar os efeitos adversos do calor sobre os animais,
sistemas de resfriamento foram desenvolvidos. Esses, por meio da evaporação da água liquida,
produzem o resfriamento do ambiente, buscando-se obter máxima eficiência produtiva e
reprodutiva do animal. Verifica-se na bibliografia diversos dados quanto as necessidades de

4
A irrigação de pastagens está inclusa neste montante, vide http://atlasirrigacao.ana.gov.br/
22

ingestão e o consumo de água por animais de produção, onde o consumo de água varia em
função da dieta, da região, do clima do local, da idade e da condição fisiológica dos animais
(BERTECHINI, 2006; GÓMEZ, 2015; GONSALVEZ NETO, 2012; TAKAHASHI,
TAKAHASHI e BILLER, 2009; NÚÑEZ e RUEDA, 2013; TEIXEIRA, 1997;).
A pecuária se relaciona com a agricultura, pois se beneficia do fornecimento de
insumos, como soja e milho, para a produção de ração e, por vezes, a agricultura utiliza as fezes
dos animais como adubo natural. Em escala global, a produção agropecuária é responsável pelo
maior consumo de água, todavia os setores industrial e doméstico também utilizam
consideráveis volumes desse recurso (ANA, 2017; HOEKSTRA et al., 2011; SILVA et al.,
2013). Abaixo, na figura 6, pode-se observar a média do total de água consumida no Brasil e a
porcentagem de consumo por cada setor; onde a pecuária absorve 123 m3/s, sendo a maior parte
referente aos bovinos (ANA, 2017).

Figura 6 – Média Anual do total de água consumida no Brasil por setores

Fonte: ANA, 2017.

Existem diversos modelos que quantificam a disponibilidade hídrica e estimam o uso


da água por setor, cada qual com suas particularidades. Para a produção animal a maioria dos
modelos consideram a água de beber dos animais e para sua ambiência, enquanto que a
demanda para abate e processamento de carnes é inserida na demanda de água industrial
(WADA et al. 2016). O que se pode deduzir é que a demanda por água na pecuária irá variar
com as condições climáticas da região e com o tipo de sistema de produção adotado. Palhares
(2012) afirma
23

Qualquer país que almeja a preservação e conservação dos seus recursos naturais deve
ter estudos que avaliem as demandas hídricas das suas commodities agro-pecuárias,
caso contrário, o país tem alto risco de apresentar escassez hídrica, poluição e
contaminação das suas águas, bem como sempre será refém de estudos internacionais
(PALHARES, 2012; p. 20).

4.3.1 Pegada Hídrica

A Pegada Hídrica é um método que indica o volume total de água doce usada ao longo
de toda produção e consumo de bens e serviços, seja de uso direto ou indireto5 (HOEKSTRA
et al., 2011; SILVA et al., 2013). De acordo com Hoekstra et al.(2011) por meio da avaliação
de pegadas hídricas é possível “analisar como as atividades humanas ou produtos específicos
se relacionam com questões de escassez de água e poluição”. Esse indicador de uso da água
introduziu os conceitos de água azul, verde e cinza, a saber:
 Água azul: águas superficiais ou subterrâneas, ou seja, água de rios, represas e
lagos ou poços.
 Água verde: água precipitada presente temporariamente na superfície do solo ou
na vegetação; que não é armazenada nos mananciais.
 Água cinza: água necessária para diluir efluentes, respeitando-se os padrões de
qualidade de água.

Conforme Palhares (2012) este método provocou uma nova forma de entender a cadeia
de produção no setor pecuário, sendo aceito pela comunidade cientifica e governos. O autor
ainda ressalva a importância de se explicar o método a sociedade e ao setor produtivo, pois a
mera divulgação dos dados pode levar a compreensões errôneas e gerar conflitos. Um exemplo
dado, ainda por este autor, foi o da divulgação que para se produzir um quilograma de carne
bovina consome-se 15.500 L/kg/carne, entretanto não foi divulgado para a sociedade como se
chegou a esse número: que se levou em consideração o sistema produtivo industrial, onde em
média leva cerca de três anos para o animal ser abatido e produzir 200 kg de carne. Para este
autor este sistema não pode ser visto como padrão, uma vez que, o sistema predominante de
criação de bovinos no mundo é a pasto. Além disso, é aconselhado não comparar os resultados

5
O uso direto refere-se ao consumo propriamente dito da água enquanto o uso indireto diz respeito a água embutida
em produtos que consumimos, como por exemplo os produtos alimentícios.
24

dos cálculos de pegada hídrica, pois a água tem alta relação com a região local, e a pegada
hídrica irá variar entre países e sistemas de produção (HOEKSTRA et al., 2011; PALHARES,
2012).
A depender do foco de interesse, pode-se avaliar a pegada hídrica de pessoas, cidades,
países, indústrias, sistemas agropecuários ou de um determinado produto. É possível ter acesso
aos cálculos de pegada hídrica acessando o ‘Manual de avaliação da pegada hídrica’, elaborado
por Hoekstra et al.(2011). Para Silva et al. (2013) esse assunto ainda é incipiente no Brasil,
Palhares (2016) declara que, em nosso país a temática relação da água com a produção animal,
ainda é pouco explorada pelas produções técnicas, para o autor essa realidade deverá mudar
devido as alterações climáticas, escassez hídrica e aos conflitos do uso da água.
A relação da produção animal e qualidade da água também tem despertado a
preocupação da sociedade (PALHARES, 2016), que cada vez mais questiona os impactos
ambientais que os sistemas de produção animal podem gerar. Temos que nos conscientizar que
ao utilizar os recursos naturais geramos impacto. As atividades humanas geram resíduos que,
dependendo da concentração no meio levam a poluição (BRAGA et al. 2005). Esses mesmos
autores consideram que o mundo passa por um desequilíbrio, visto que, os resíduos são gerados
em ritmos maiores que a capacidade de reciclagem do meio. Os casos problemáticos
relacionados à qualidade de água no país estão associados aos resíduos gerados pelos esgotos
de origem urbana e aos efluentes industriais, de atividades intensivas de criação animal e de
atividades extensivas da agricultura (GEO BRASIL, 2007).
Foi possível investigar algumas publicações que, de forma geral, abordam a influência
da produção animal na qualidade da água. Esses trabalhos consideraram os critérios para avaliar
a qualidade da água já citados anteriormente nesta revisão, como os parâmetros físico-químicos
e biológicos: temperatura da água, pH, oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de
oxigênio (DBO), coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fósforo total, sólidos totais e
turbidez.

4.3.2 Não Ruminantes

A avicultura e suinocultura são atividades que por concentrar números significativos


de animais em uma mesma área, acarretam produção intensa de resíduos, que podem modificar
a qualidade do solo e da água. Os resíduos das granjas comumente são os dejetos, urina, animais
25

mortos, sobras de ração, efluentes de limpeza de galpões, restos de cama, pena no caso de aves
e cascas de ovos rompidos.
Freitas (2015) ao avaliar dados, referentes aos anos 2009 e 2013, de 104 poços
tubulares em operação no município de Bastos (São Paulo), constatou a contaminação do
aquífero Bauru por de nitrato. O autor, em uma análise complementar, também selecionou
informações de 50 poços que abastecem unicamente granjas de postura, principal atividade
econômica do local. Nos dois anos, 26 poços apresentaram valores do íon nitrato abaixo do
valor máximo permitido pela legislação, 14 variaram entre abaixo e acima e 10 poços
apresentaram quantidades de nitrato acima do valor máximo permitido por lei. O referido autor
observou que, vários desses poços estavam localizados próximos a fontes de contaminação e
que os resíduos gerados pela atividade eram acomodados de forma incorreta, diretamente no
solo desprotegido. O mesmo concluiu que a alta concentração de produção de aves em toda
área rural próxima ao município é a causa provável para o aumento nas concentrações de nitrato
no aquífero Bauru.
Rocha (2016) afirma que a formação de resíduos orgânicos, fármacos e patógenos na
cadeia de produção animal é inevitável, e quando não tratados e dispostos adequadamente,
podem se tornar causas de contaminação não somente de fontes de águas, mais também dos
solos e do ar. O autor verificou os efeitos da atividade suinícola sob a qualidade das águas
superficiais da bacia do rio Piranga em Minas Gerais. Averiguou que os resíduos da atividade
em questão contribuíram para a alteração da qualidade das águas superficiais por meio de cargas
de sólidos em suspensão, fósforo total e nitrato. A sub bacia com maior densidade suinícola e
menor adensamento populacional foi a que apresentou máxima carga orgânica. Conforme o
autor diversos estudos apontam que resíduos orgânicos podem conter altas concentrações de
metais pesados, e que o uso constante destes resíduos pode contribuir com o aumento das
quantidades totais de cobre, zinco, chumbo, cádmio, ferro e manganês. Ainda de acordo com
este autor, pesquisas comprovam a alta incidência de zinco e cobre, nos resíduos de suínos e
aves, sendo a ração a fonte principal destes metais.
Lucas (2011) contextualiza o reuso de águas residuais da suinocultura, que foi
apregoado como uma técnica de fertilização, substituindo em parte os fertilizantes, pois tem
potencial para aumentar a produtividade e fertilidade dos solos, devido a disponibilidade de
matéria orgânica e nutrientes que compõem esses resíduos como nitrogênio, fósforo, potássio,
cálcio, sódio, magnésio, manganês, ferro, zinco, cobre entre outros; além de aumentar a
capacidade de troca catiônica do solo. A autora demonstra que, até então, as pesquisas
conduzidas no Brasil acerca do uso de água residual de suínos como fertilizantes não
26

consideraram o efeito do tempo nas áreas irrigadas. E atenta que o uso contínuo desses resíduos
podem ocasionar alterações nas características químicas dos solos e na capacidade de suporte
dos mesmos, o que pode afetar as plantas e os recursos hídricos por processos de erosão,
lixiviação e escoamento superficial. Como resultado de suas pesquisas observou que, a longo
prazo, a aplicação sucessiva dessa técnica promove acúmulo de cobre e zinco no solo e nas
plantas. Devido ao potencial impacto dessa prática, Kessler (2017) afirma que, é indispensável
realizar um tratamento prévio dos dejetos dos animais, o que ainda não é realizado por alguns
produtores em razão na necessidade de investimentos financeiros para tal e por pequenos
produtores que acreditam não ser necessário.
Hoje se observa uma preocupação do setor suinícola com as questões ambientais,
conforme Nicoloso e Oliveira (2016) foram desenvolvidas tecnologias para reduzir o consumo
de água e a produção de dejetos nas granjas, como o uso de biodigestores, lagoas ou esterqueiras
para armazenar os dejetos ou compostagem. Melhorias na conversão alimentar permitiram uma
redução de nutrientes nos dejetos. Ainda de acordo com estes autores as recomendações de
adubação com fertilizantes orgânicos foram atualizadas, assim como novas tecnologias foram
desenvolvidas para o manejo e tratamento dos efluentes. De acordo com as características e
necessidades de cada propriedade, existirá uma tecnologia mais adequada. A Embrapa Suínos
e Aves desenvolveu um modelo que auxilia na tomada de decisões dos profissionais e
produtores. Trata-se de modelos matemáticos que permite determinar a capacidade de
alojamento de suínos a partir do consumo de água, produção de dejetos e de excreção de
nutrientes pelos animais, demanda de nutrientes nas áreas agrícolas e eficiência de remoção
e/ou segregação de nutrientes nos sistemas de armazenamento e/ou tratamento de efluentes
(NICOLOSO e OLIVEIRA, 2016).

4.3.3 Ruminantes

Moura et al. (2015) também avaliaram a contaminação por nitrato e a qualidade da


águas do Sistema aquífero de Bauru, na área rural do município de São José do Rio Preto, onde
a bovinocultura se destaca. Nesse estudo somente duas amostras coletadas apresentaram
concentrações de nitrato acima do limite de potabilidade, sendo o maior valor obtido em uma
propriedade em que a criação de animais estava consorciada com a agricultura. Em todas as
coletas realizadas no período de chuvas foi observado um aumento nas concentrações de nitrato,
um indicio da lixiviação do nitrogênio no solo. Os autores verificaram que, as concentrações de
27

nitrato estavam correlacionadas com as de cloreto, o que para os mesmos, revela que a principal
fonte de contaminação das águas subterrâneas estava associada ao saneamento in situ e/ou de
adubo orgânico. Para os pesquisadores este fato deveria servir como alerta aos gestores para
que medidas de prevenção sejam tomadas.
Rangel (2015) evidenciou que a qualidade de águas de poços que abastecem
propriedades leiteiras, tem impacto na produção, por afetar a qualidade do leite. As águas dos
poços avaliadas por estes autores, apresentaram valores elevados para coliformes, estando fora
dos padrões de potabilidade decretado pela legislação brasileira. Associado a esse fato foi
observado um aumento na contagem bacteriana total do leite. Os autores afirmam que ao se
tratar de produção de leite, a qualidade da água utilizada durante a ordenha do animal até a
limpeza e sanitização dos utensílios e equipamentos será fundamental no resultado final da
qualidade dos produtos lácteos.
Decezaro (2013) afirma que a bovinocultura de leite gera águas residuárias com altas
concentrações de contaminantes quando comparadas com esgoto doméstico, a vazão destes
resíduos é em função dos animais confinados. Diante disso, a autora avaliou o desempenho de
wetlands, como alternativa para tratamento de efluentes de bovinocultura de leite. Esse sistema
de tratamento de águas residuárias consistem em lagoas ou canais rasos que abrigam plantas
aquáticas, que reproduzem o papel de depuração que ocorre naturalmente em ambientes
alagados (DECEZARO, 2013). Como resultado a referida autora observou-se diminuição nas
concentrações de matéria orgânica e de nutrientes nos efluentes.
Pedroso (2016) cita a nutrição de precisão como um mecanismo, não somente de
lucratividade, mas também como um fator para reduzir os possíveis impactos ambientais
acarretados pelos dejetos de bovinos, em virtude dos animais apresentar melhor eficiência
alimentar e uso dos nutrientes. O mesmo autor cita diversos trabalhos que adotaram o conceito
de nutrição de precisão e obtiveram resultados satisfatórios, como o de uma propriedade leiteira
nos EUA, que com a nutrição de precisão conseguiu diminuir excreção do nitrogênio de 137
para 72, 8 g/vaca/ dia e de nitrogênio 16 g para 7,9 g, representando menos 2.810 kg de N e 328
kg de P ao ano lançados no ambiente. Pedroso (2016) afirma que para trabalhar com o conceito
de nutrição de precisão é necessário conhecer melhor as necessidades de cada categoria animal,
fazer mais uso de análises bromatológicas dos alimentos e melhorar o manejo da alimentação
nas fazendas.
28

4.3.4 Piscicultura

Por se tratar de uma atividade que ocorre em meio aquático, para sua implantação é
fundamental que o terreno tenha água em quantidade e qualidade suficientes, pois os peixes
necessitam desses fatores para se desenvolverem. A intensidade do uso da água irá variar com
o modelo de criação adotado. A água é requerida para abastecer as unidades de cultivo (viveiros,
tanques, etc.) no início do processo de produção, e para repor as perdas por evaporação e
infiltração que ocorrem no decorrer do ciclo e para renovação das águas, visando diluir e/ou
eliminar resíduos gerados pelo cultivo e, por conseguinte, manter a qualidade da água
(OLIVEIRA e SANTOS, 2011; KUBITZA, 2008).
A água necessária para encher um viveiro dependerá da capacidade de acumulação
deste, já a renovação de água terá relação com a densidade de estocagem, o sistema de produção
elegido, o tipo de instalação e com a espécie cultivada. As perdas de água pelos sistemas
ocorrem por distintos fatores. Quando por evaporação são influenciadas pelas condições
climáticas como, temperatura, insolação, umidade do ar e incidência de ventos; enquanto que
as perdas de água por infiltração estão sujeitas ao tipo de solo, aproximação do piso das
instalações com o lençol freático, além do tipo e tempo de construção das instalações
(OLIVEIRA e SANTOS, 2011). Os mesmos autores afirmam que, tomando como base a taxa
de evaporação e infiltração do solo, pode-se estimar o volume de água necessário para reposição
das perdas na aquicultura.
Assim como nas demais atividades pecuárias, na literatura é indicado que o maior
desafio ambiental ao cultivar organismos aquáticos está associado com o potencial de poluição
dos efluentes gerados. Pois muitos sistemas de piscicultura não possuem unidades para
tratamento dos seus efluentes, que podem prejudicar a qualidade da água a jusante dos cultivos.
As principais influências desses efluentes sob o meio consistem no aumento das concentrações
de nitrogênio e fósforo na coluna d’água e o acúmulo de matéria orgânica nos sedimentos
provenientes de resíduos de ração, fezes, antibióticos e metabólitos dos peixes.
Silver (1992) apud Américo et al. (2013) classifica os impactos da aquicultura de
acordo com a extensão destes em interno, local e regional. Quando afetam o próprio sistema de
criação, como por exemplo, a redução de oxigênio dissolvido em um viveiro de piscicultura,
trata-se de um impacto interno; quando este dano se estende a um quilômetro à jusante da
descarga de efluentes é considerado como local e o impacto regional, aquele que alcança
quilômetros.
29

Azevedo (2012) analisou os efeitos da criação de tilápias sobre a qualidade de água de


um reservatório de usos múltiplos, no anos de 2008 a 2011. Constatou aumento nas
concentrações de nutrientes fosfatados e nitrogenados; valores de clorofila-a e oxigênio
dissolvido dentro do limite critico preconizado pela legislação; floração de cianobactérias e
como consequência eutrofização do reservatório. Para a pesquisadora é necessário que a gestão
da atividade não se volte somente ao financeiro, mas também para a sustentabilidade do sistema
produtivo.
Simões et al. (2007) analisaram a qualidade das águas das sub bacias dos rios Macuco
e Queixada (São Paulo), através de índices de qualidade de água. Notaram que as sub bacias
com maior agrupamento de atividade de piscicultura apresentaram melhores índices de
qualidade e os pontos que manifestaram maiores danos sobre a bacia do rio Macuco sofriam
influência tanto de atividades urbanas como de outras atividades agropecuárias. Algumas
amostras do rio Queixada se destacaram devido à influência principal da alcalinidade e
condutividade, com procedência na atividade de piscicultura. Isso, de acordo com os autores é
explicado pela prática de manutenção de tanques por aplicação de calcário. Os autores afirmam
também, que por mais que não tenha sido detectado problemas ambientais partindo da
piscicultura, estudos revelaram que impactos se tornam crescentes a partir de outros parâmetros
e se intensificam com o tempo. E concluem que, os índices de qualidade de água utilizados na
pesquisa em questão, representam uma ferramenta de gestão ambiental indispensável para os
órgãos públicos, mas que é necessário investigar mais detalhadamente para que se indique qual
o melhor parâmetro ambiental. Assim como esses pesquisadores, Mallassen et al. (2008) não
constataram problemas com qualidade de água no reservatório Nova Avanhadava, São Paulo,
onde se desenvolvia piscicultura em tanques-redes.
Américo et al. (2013) ao revisarem os impactos e consequências da piscicultura em
tanques-redes na qualidade de água concluem que, uma das medidas que poderia minimizar as
alterações na água pela atividade seria: otimizar o uso de rações balanceadas para evitar
desperdícios que contribuam com a eutrofização do meio, respeitar as taxas de estocagem
adequadas e substituir o uso de antibióticos e outros agentes químicos por probioticos para
impedir o desenvolvimento de bactérias patogênicas resistentes no meio. Santos et al. (2011)
avaliaram o uso de esgoto doméstico tratado (com aeração e sem aeração), como alternativa
para água na piscicultura no intuito de desenvolver tecnologias e alternativas que reduzam o
impacto da piscicultura nas águas. Como resultado, ambos os sistemas de reuso de águas
apontaram ser ambientalmente sustentáveis, o que é um indicio da potencialidade do uso de
30

esgoto doméstico tratado como fonte de água para abastecimento dos viveiros e alimento
natural para a piscicultura. Embora os autores alertem que outros estudos sejam realizados.
Podemos visualizar os resultados destas pesquisas como uma oportunidade de criar
ações preventivas quanto ao uso da água e os possíveis impactos em sua qualidade com intuito
de produzir alimento de forma mais sustentável. Para Rodrigues e Rippel (2013) sem água é
impossível haver produção agropecuária que garanta a dinâmica do setor, pois esse recurso
complementa a eficiência dos fatores de produção – capital, trabalho e demais; revelando-se
fundamental para o crescimento socioeconômico.
Segundo a Unesco (2018) devido a degradação dos ecossistemas enfrentamos desafios
de gestão da água, pois no mundo, 40 % da precipitação terrestre é gerada pela transpiração
vegetal e pela evaporação do solo. Além disso os recursos do solo encontram-se em condições
razoáveis, precárias ou muito precárias, principalmente os solos voltados para produção
agrícola. Braga et al. (2005) apontam que, o uso do solo é um fator imprescindível para a
ocorrência natural de água, e que alterações nos ecossistemas, como desmatamento e
urbanização afetam o ciclo hidrológico. Como consequências pode haver um aumento das taxas
de evaporação, redução da capacidade de armazenamento de águas subterrâneas e aumento do
escoamento superficial, seguido pelo aumento da erosão (UNESCO, 2018; BRAGA et al.,
2005).
Assim como as florestas, zonas úmidas e campos, as áreas de plantio e pastagens,
quando bem manejadas, podem regular a qualidade da água por meio da redução da carga de
sedimentos, da captura e retenção de poluentes, e da reciclagem de nutrientes evitando a
contaminação dos lençóis freáticos (UNESCO, 2018). É essencial a manutenção de
ecossistemas nativos, como matas ciliares, em propriedades rurais. Estes proporcionam um
aumento da produção de água, em razão dos diferentes perfis de raízes que sustentam o solo e
facilitam a infiltração de água, que abastece o lençol freático.
Há, ainda, boas práticas e técnicas que auxiliam no aproveitamento e reutilização de
água dentro dos sistema de produção, como: a construção de cisternas e calhas para captação
da água da chuva (PALHARES, 2016), além da implementação de sistemas de cultivos
rotacionais e otimizados em aproveitamento de água e área (ILPF – Integração Lavoura,
Pecuária e Floresta e SPD – Sistema de Plantio Direto).
Macedo (2012) demonstra como o aproveitamento da água da chuva vem sendo
realizado por alguns países, como o Japão que conseguiu reduzir o consumo de 30 % de água
potável ao utilizar água da chuva para fins não potáveis. A ILPF incorpora atividades agrícolas,
pecuárias e florestais realizadas na mesma área, em cultivo consorciado e ou na forma de
31

sucessão ou rotação. De acordo com o Programa ABC (Agricultura de Baixa emissão de


Carbono) a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) é uma estratégia de produção
sustentável que aumenta a produtividade agropecuária, diminui a emissão dos gases do efeito
estufa, melhora os atributos do solo (físicos, químicos e biológicos) e aumenta o conforto
térmico do animal (MAPA, 2017). Assim como o ILPF, o SPD pode melhorar os atributos
químicos, físicos e biológicos do solo por meio do cultivo de plantas capazes de fixar o
nitrogênio atmosférico, rotação e não revolvimento do solo. Como consequência pode se
observar um aumento da capacidade de armazenamento de água no solo, bem como a proteção
do solo contra os agentes da erosão e radiação solar.

AGUA NO ESTADO DE RORAIMA

O Estado de Roraima, cuja área territorial abrange 224.300 km2, faz fronteiras ao Norte
e Noroeste com a Venezuela, a Leste com Guiana, ao Sudeste com Pará e ao Sul e Oeste com
o Amazonas (MELO et al., 2004; IBGE, 2017). Segundo a classificação climática de KÖPPEN,
possui Clima Tropical monçônico do tipo Aw (tropical úmido sem estação fria), quente e úmido
com período seco (dezembro a março) e chuvoso (maio a agosto) bem definidos.
De acordo com Barbosa (1997), a temperatura média anual é da ordem de 25 °C e a
precipitação pluvial varia de 1100 mm na fronteira com a Venezuela, 1600 mm na região central
do estado até 2900 mm na região sul. Conforme Vale Júnior e Schaefer (2010), são encontrados
três biomas: Florestas, Campinaranas e Savanas (conhecidas como lavrado), com a última
ocupando a região central do estado.
Sua população está estimada em 576.568 habitantes (IBGE, 2018). Dentre as unidades
federativas é a que possui o menor PIB com uma economia dependente de empregos do setor
público (CASTRO et al., 2016). Roraima é um dos setes estados que compõem a Região
Hidrográfica Amazônica, que é caracterizada por sua extensão e por possuir cerca de 81% da
disponibilidade hídrica superficial do país. Essa região apresenta potencial hidrelétrico, bem
como de navegação, como alternativa para escoamento de comoddities (ANA, 2015).
Para Castro et al. (2016) o estado apresenta complexo quadro agrário relacionados a
conflitos quanto a titularidade de terras, aspecto comum da região norte. Da área total do estado,
73% estão legalmente distribuídas em unidades de conservação, terras indígenas demarcadas e
32

assentamentos de reforma agrária. Levando em consideração somente a área de lavrado, restam


956 mil hectares para expansões da atividade agropecuária (CASTRO et al., 2016).

4.4.1 Aptidão agrícola das terras e criação de animais

As avaliações da aptidão agrícola estão descritas no Zoneamento Ecológico-


econômico do Estado (ZEE), as quais derivam do estudo elencado por Ramalho Filho et al.
(1994). O ZEE reúne informações que auxiliam na tomada de decisões quanto ao uso das terras,
e segue critérios relacionados aos tipos de solo (textura, profundidade, capacidade de troca de
cátions, saturação por bases e salinidade) e fatores mesológicos (clima, topografia, etc.), mas
não quantificam fatores socioeconômicos avançados, como a irrigação (MARTINHO et al.,
2016), o que interfere no levantamento preciso do uso de água nos setores de produção.
No Estado, entre as cadeias de produção animal, a avicultura de postura e a
bovinocultura de corte são as que têm maior expressão. Segundo dados do Censo Agro,
divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2017), o efetivo do
rebanho de galináceos em Roraima no ano de 2017 foi de 1.021.402 cabeças enquanto de
bovinos totalizou 674.501 cabeças, além destes, vale destacar o efetivo de suínos que foi de
78.019 cabeças.
A maior parte da produção agropecuária se concentra em áreas do lavrado, ocupadas
por médios e grandes produtores. O clima de Roraima, que permite a produção na entressafra,
associado ao preço atrativo das terras vem atraindo produtores das regiões Centro-Sul, fato
evidenciado pelo censo agropecuário de 2017, que aponta a migração da pecuária para os
estados do norte do país (CASTRO et al., 2016; RAMOS, LANZA e AZEREDO, 2018).
Em Roraima, observa-se escassez de estudos e levantamentos técnicos que
quantifiquem o volume de água direcionado para as cadeias de produção animal e ainda de
análises químicas e microbiológicas, que avaliem a qualidade da água utilizada por estes
setores. Diante disso, sugere-se pesquisas que avaliem a qualidade da água de poços que
abastecem propriedades rurais; aplicação de tecnologias para a captação de água da chuva e seu
reaproveitamento; avaliação da existência ou não de impactos da produção animal sobre rios
na região; os efeitos do período seco na economia local, e a importância econômica da água
para a produção de alimentos na região.
33

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio desta revisão de literatura foi possível abordar sobre a água como recurso
natural; identificar as legislações vigentes sobre água e observar seu uso nos distintos setores
de criação animal, bem como sua descarga no meio ambiente.
A água é um fator limitante a vida e a produção de alimentos. Diante das mudanças
climáticas e da demanda constante de água, surge questionamentos de como gerenciar este
elemento, tanto do ponto de vista de sua quantidade como qualidade.
Por estarmos localizados em uma região com abundância de água temos a falsa
sensação de que este recurso é infinito, e não damos a devida atenção quanto aos impactos de
nossas atividades sobre tal recurso.
As atividades agropecuárias, assim como qualquer outra atividade antrópica, podem
afetar a qualidade da água ao gerar modificações nas características físico químicas e
microbiológicas desse elemento. Temos que nos conscientizar que vivemos numa relação de
interpendência com nosso planeta e, dessa forma, buscar desenvolver atividades de forma
sustentável. Visto que a agropecuária é importante para produção de alimentos, é necessário
que ambientalistas e produtores construam um diálogo, para desenvolver alternativas para o
melhor gerenciamento da água.
34

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