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Fundamentos de Engenharia Hidráulica Márcio Baptista e Marcia Lara PDF
Fundamentos de Engenharia Hidráulica Márcio Baptista e Marcia Lara PDF
y,,
Jp = Yor IVA (2.27)
6fundaments de Engenharia Hiri
yp, = distancia da linha de acéo da forca resultante & superficie livre,
segundo o plano da superficie
|, =momento de inércia da superficie plana em relagao ao eixo que
passa pelo seu centro de gravidade (ver Quadro 2.6)
y, =distancia do centro de gravidade da superficie plana a superficie
| livre, segundo o plano da superficie.
Quadro 2.6 - Momentos de inércia de algumas figuras importantes
| Forma Figura Ip
tang , x
Retangular cede He
i o
Triangular ba
36
Circular not
Comportas retangulares (Canal de la Durance, Franca)
62|AWMectrica dos Fides na Hibs | Capo 2
Exemplo 2.5
Uma barragem de terra e enrocamento é projetada para uma lamina d’égua
maxima de 9,0 m. Considerando a seco transversal mostrada na figura a
seguir, pede-se determinar:
a) O esforco exercido pela agua armazenada por unidade de largura
da barragem,
b) A localizacao do esforco calculado no item anterior.
Solucao
a) Utilizando a equacao (2.26) para se determinar o esforco em 1,0 m
da barrage, tem-se:
FE
=yhA
y =1000kgf/m?
A=AB-1,0=14,0m?
F =1000-4,5-14,0 = 63000kgf ou F =618030V
b) Pela equacao (2.27)
=7,0m
63Fundemantos de Engentri Hdeulica
O retangulo, de base igual a 1,0 me altura de 14,0 m, tem para o momento
de inércia (/,) a expresso seguinte, mostrada no Quadro 2.6:
1 - ba _ 10-140"
= = 228,7m*
a2, 12
: __Problemas___
| 2.1 Estabelecer a expressdo matemidtica da relacdo entre o tempo percortido (t)
em queda livre de um corpo no vacuo, sujeito a gravidade (9), a uma altura (h),
utilizando o principio da homogeneidade dimensional.
2.2 Utilizando © principio da homogeneidade dimensional, estabelecer a relacéio
matematica que existe entre a energia fornecida por uma bomba (P), 0 peso espe-
Gifico do fluido (9), a vazio (Q) € a altura de carga fornecida pela bomba (Hm),
2.3Um bocal convergente de 100 mm x 50 mm é colocado num sistema para
assegurar uma velocidade de 5,0 m/s na extremidade menor do bocal, Calcular a
velocidade, a montante do bocal e a vazéo escoada
2.4 Calcular a forca requerida para segurar um esquicho de mangueira de incéndio
que ten 63 mm de diametro na entrada e 19 mm na saida, quando este esta des-
: pejando 4,0 Vs de égua para atmosfera. Considerar desprezivel a perda de carga
no bocal
a0 longo de 1 km de extensao. O canal tem inicio na cota 903,0 onde a famina
: d’agua é de 1,0 m. Supondo que na seco final do canal a cota seja 890,0 mea
velocidade média 3,0 m/s, pede-se calcular a perda de carga total entre o inicio e
© término do canal
| 2.5Um canal retangular com 5,0 m de largura transporta uma vazéo de 10 m*/s[A Mecirica dos Fidos na Hida | Cepto 2
2.6 Por um canal retangular de 2,0 m de largura, posicionado a 20 m do nivel de
referéncia escoam 3,0 m/s de agua a uma profundidade de 1,8 m. Calcular a energia
hidraulica total na superficie da agua em relacao ao nivel de referéncia
2.7 Uma tubulacao de 500 mm de diametro, assentada com uma inclinagao de 1%.
ao longo de 1 km do seu comprimento, transporta 250 Us. Sabendo-se que a pressao
a0 longo da tubulacao é constante, determinar a perda de carga neste trecho.
2.8Um tanque contém 0,50 m de agua e 1,20 m de éleo cua densidade relativa
6 0,80. Calcular a pressao no fundo do tanque e num ponto do liquido situado
1a interface entre os dois liquidos. Expressar os resultados nos sistemas técnico e
internacional
2.9Uma vazao de 75 V/s esta escoando numa curva de 90°, diametro de 300 mm,
posicionada num plano horizontal, onde a carga de pressdo 6 40 m. Determine o
valor e a direcao da forca que atua neste ponto da instalacéo.
2.10. Uma reducdo com 1,5 m de diémetro a montante e 1,0 m a jusante, assen-
tada no plano horizontal, apresentou 400 kPa de pressio na seco de montante
quando transportava 1,8 m/s de agua. Desprezando-se a perda de carga, calcule
a forca horizontal que esta peca deve provocar no bloco para a sua ancoragem
65Capitulo 3
Escoamento em condutos forcados simples
Este capitulo trata, essencialmente, de problemas relacionados aos condutos
forcados simples em regime permanente. Para tanto, so apresentados os
métodos usuais para o célculo da perda de carga e suas aplicacoes. Analisa-
-se, também, a influéncia do perfil das tubulacdes em relacao as linhas de
carga do escoamento, Finalmente, os problemas ligados a cavitacéo e aos
escoamentos nao permanentes so discutidos.
3.1 Perda de carga
liquido ao escoar transforma parte de sua energia em calor. Essa energia ndo é
mais recuperada na forma de energia cinética e/ou potencial e, por isso, denomina-se
perda de carga. Para efeito de estudo, a perda de carga, denotada por Ah, é classificada ern
perda de carga continua Ah’ e perda de carga localizada 4h”, sendo a primeira conside-
rada ao longo da tubulacdo e a outra, devido a presenca de conexdes, aparelhos etc.,
em pontos particulares do conduto, conforme pode ser visto na Figura 3.1
PCE. =Plano de Carga Estitco - LC.=Lithade Carga - LP. =Linha Piezomética
Figura 3.1 - Representacdo da perda de carga num tubo de secao constanteFundamentos de Engen Haroun
3.1.1 Perda de carga continua
A perda de carga continua se deve, principaimente, ao atrito interno entre particu-
las gerando transversalmente ao escoamento diferentes velocidades. As causas dessas
variacdes de velocidades so a viscosidade do liquido v e a rugosidade da tubulacao e.
No escoamento uniforme, a razao entre a perda de carga continua Ah’ e o comprimento
do conduto L representa o gradiente ou a inclinaco da linha de carga e € denominado
por perda de carga unitaria J:
@.1)
Na Figura 3.1, entre os pontos 2 e 3 do conduto, onde nao hd nenhuma perda de
carga localizada, a linha piezométrica é paralela a linha de carga, j4 que a secao do tubo
6 constante e consequentemente a carga de velocidade também 0 €. Assim, 0 abaixa-
mento da linha piezomeétrica representa também a perda de carga continua, como pode
ser demonstrado, aplicando a equacao de Bernoulli entre as secdes 2 e 3 consideradas:
Zt Py + UZl2g =
yt Pj ly + UzZl2g +Ah',,
visto que
UU, > Ah’, = Zr Psp- Zt PLD
A andlise dimensional pode ser utilizada para se obter uma relacao entre a perda
de carga continua, pardmetros geométricos do escoamento no conduto e propriedades
relevantes do fluido, resultando na equacao Universal de perda de carga, que para con-
dutos de seco circular apresenta-se como
a (3.2)
2g
3
Considerando as equacées (3.1), (3.2) e a equacao da continuidade, obtém-se a
seguinte equacdo para a perda de carga unitéria
sendo:
J= perda de carga unitaria em m/m;
U = velocidade média do escoamento em m/s;
D = diametro do conduto em m;Escoamanto em conduit faced simples | Capo 3
L = comprimento do conduto em m;
Q = vazdo em m/s;
celeracao da gravidade em m/s*;
f = coeficiente de perda de carga.
O coeficiente de perda de carga f é um adimensional que depende basicamente
do regime de escoamento. No escoamento laminar (Re < 2000), este coeficiente pode
ser obtido através da equacéo racional de Hagen-Poiseuille (mostrada a seguir), em
comparacao com a formulago Universal para perda de carga (3.2). 0 resultado disso
a expresso (3.4), onde pode-se notar que f depende do numero de Reynolds (Re = UD/v)
€ portanto da viscosidade cinematica do fluido v, da velocidade média U e do diametro
da tubulacdo D.
32vU
(Equacao de Hagen-Poiseuille)
(3.4)
No escoamento turbulento (Re > 4000) o coeficiente de perda de carga f, quando
avaliado experimentalmente, tem demonstrado também depender da viscosidade cine-
matica do fluido v, da velocidade média U, do diémetro da tubulacdo D e para a maioria
das situac6es da rugosidade interna da parede do tubo e.
Blasius, em 1913, propés a formula empirica (3.5) para avaliar este coeficiente em
‘tubos lisos:
0,316
(3.5)
Nikuradse, em 1932, por meio de varias experiéncias realizadas em tubos, com
rugosidade obtida artificialmente através de grdos de areia, obteve para tubos lisos:
= 2Iog Rev
v oy G6)
€ para tubos rugosos na zona de completa turbuléncia:
1
a (3.7)
Mais tarde, em 1939, Colebrook e White, com base em consideraces tedricas e
emplricas, desenvolveram uma expresséo para a faixa de transicao (tubos hidraulicamente
lisos e rugosos) em tubos comerciais:
e/D 2,51
57 Rel 88)
A expressao anterior, combinada com a equacao (3.2) permite 0 calculo da veloci-
dade no escoamento:
ee, 251v
U=-22gD-F. lo oe
e 355 Dy SeDT (3.9)
= 2log 3,72
e
69aaa
|
:
undumentos de Engenharia Médula
Aexpressao de Colebrook-White, embora, inicialmente, estabelecida somente para
a faixa de transicao, apresenta bons resultados nas outras faixas, pois a expressao (3.8)
@ a composicao das equacées (3.6) e (3.7) para tubes lisos e rugosos, respectivamente,
por isso é a expressdo mais recomendada para a determinacao de f em escoamentos
turbulentos, Contudo, devido a dificuldade do calculo de f que se encontra na forma
implicita na expressdo (3.8), 0 engenheiro americano Moody, em 1944, criou um diagrama
fundamentado nas express6es (3.4) e (3.8), para os regimes laminar e turbulento, res
pectivamente, que durante muitos anos fol de grande utilidade. Atualmente, entretanto,
devido aos recursos disponiveis em termos de calculadora, ficou muito mais facil 0 uso
das expresses matematicas em que o valor de f aparece explicito. As equacdes (3 10)
@ (3.11), mostradas a seguir, s80 exemplos de expressoes desse tipo, sendo a primeira
delas desenvolvida por Swamee e Jain e a outra por Barr. As equacées (3.10) e (3.11),
quando resguardadas as limitacoes de validade, diferem em menos de 1% dos valores
de f dados pela equacao (3.8)
. 1,325
[in(el3,7D+ 5,74/ Re°? )]? (3.10)
valida para 5x10° < Re < 108 e 10% < e/D < 10”
1 e/D 513 (3.1
F ~2boal 35+ Ree (3.11)
valida para Re > 10°
© Quadro 3.1 contém valores extremnos e usual para as alturas médias das asperezas
‘ou rugosidades internas de tubos comerciais.
Quadro 3.1 - Valores das rugosidades internas de tubos
(Continua)
Caracteristicas da tubulagao Rugosidade e (mm)
Minima _Usual
TTubos de aco, juntas soldadas, interior continuo
Grandes incrustagdes ou tuberculizagées 24 0 12,2
Tuberculizacdo geral de 1.23 mm 09 15 24
Pintura 4 brocha, com asfalto, esmalte ou betume 0,3 06 09
Leve enferrujamento O15 0,2 0,3
Revestimento obtido por imersdo em asfalto quente 0,06 01 0,15
Revestimento com argamassa de cimento obtida por
centrifugacao 0,05 01 0,15
Tubo revestido de esmalte 0,01 0,06 0,3
2, Tubos de concreto
Superficie obtida por centrifugacao 0,15 03 05
superficie interna bastante lisa, executada com for-
mas metalicas 0,06 O41 018
3.Tubos de cimento amianto - 0,015 0,025,
10Esccamento em condos forces simples | Captule 3
(Conelusao)
Caracteristicas da tubulagao Rugosidade e (mm)
Minima Usual Maxima
2. Ferro galvanizado, fundido revestido 0,06 0.15 03
Ferro fundido, nao revestido, novo 0,25 0s 1,0
Ferro fundido com corroséo 10 15 3,0
Ferro fundido com deposito 1,0 2.0 4,0
5.Latéo, cobre, chumbo 0,04 0,007 0,010
6.Tubos de plastico - PVC 0,0015 0,06 5
Fonte - Adaptado de Lencastre, 1996
Até aqui, a énfase foi dada ao método racional, utilizando a formula Universal, com
coeficiente de perda de carga f obtido por meio da equacéo de Colebrook-White. Entre-
tanto, para sistemas mais complexos, do tipo rede de condutos, torna-se praticamente
invidvel 0 seu célculo através deste método, sem o uso de computador. Por essa razé0,
as formulas praticas estabelecidas por pesquisadores em laborat6rios ainda séo muito
utilizadas, embora sejam mais restritas do que o método anterior, pois s6 podem ser
empregadas dentro das condigées limites estabelecidas nas suas experiéncias. Algumas
destas formulas apresentam coeficientes de perda de carga empiricos que devem ser
escolhidos com muito critério para nao gerar grandes erros. As formulas empiricas para
a perda de carga continua unitéria mais utilizadas entre os projetistas de tubulacdo sao
apresentadas a seguir. O significado dos termos e as unidades aqui empregados sao os
mesmos jé apresentados para equacao (3.3).
Férmula de Hazen-Williams
10,64 Q.*
Ce DY 8.12)
Essa formula tem sido largamente empregada, sendo aplicavel a condutos de secao
circular com didmetro superior a 50 mm, conduzindo égua somente. C é um coeficiente
de perda de carga que depende da natureza e das condicbes do material empregado nas
paredes dos tubos, bem como da agua transportada, O Quadro 3.2 mostra os valores
de C normalmente encontrados na pratica
Quadro 3.2 - Coeficiente de perda de carga C da formula de Hazen-Williams
(Continua)
Material c
‘Aco corrugado (chapa ondulada) 60
‘Aco galvanizado 125
Aco rebitado novo 110
Aco rebitado em uso 85
Aco soldado novo 130
‘Ago soldado em uso 90
Aco soldado com revestimento especial 130
Chumbo 130
Cimento amianto 140
Cobre 130
nFundamentos de Engenharia Hralca
(Conclusao)
Material c
Concreto com acabamento comum 120
Ferro fundido novo 130
Ferro fundido de 15 a 20 anos de uso. 100
Ferro fundido usado 90
Ferro fundido revestido de cimento 130
Latao 130
Manilha ceramica vidrada 110
Plastico 140
Tijolos bern executados 100
Vidro 140
Fonte - Adaptado de Azevedo Netto; AWerez, 1988.
Formula de Flamant
A formula de Flamant foi originalmente testada para tubos de parede lisa de uma
maneira geral; posteriormente mostrou ajustar-se bem aos tubos de plastico de pequenos
diametros, como os empregados em instalacées hidraulicas prediais de agua fria.
78
J=0,0008245 7, one)
Formula de Scobey
19
2 Kk 3.14)
2450"
Essa formula é indicada para o calculo de perda de carga em redes de irrigacdo por
aspersao e gotejamento que utilizam tubos leves. Os valores do coeficiente de perda de
carga K, da formula de Scobey estao indicados no Quadro 3.3
Quadro 3.3 - Coeficiente de perda de carga K, da formula de Scobey
Material K,
Plastico e cimento amianto 0,32
Aluminio com engates rapidos a cada 6m 0,43
‘Aco galvanizado com engates rapidos a cada 6m 0,45
Fonte - Adaptado de Gomes, 1994.
nscoamento em condos faradcs simples |Captulo 3
Férmulas de Fair-Whipple-Hsiao
As formulas apresentadas a seguir so recomendadas pela norma brasileira, para
projetos de instalagoes hidraulicas prediais, nos seguintes casos:
* tubos de aco galvanizado e ferro fundido, conduzindo agua fria:
ge
d= 9,00202 trae (3.15)
‘© tubos de cobre ou pléstico, conduzindo Agua fria:
7s
J=0,000859 2 G16)
D
* tubos de cobre ou latéo, conduzindo agua quente:
gus
J = 0,000692 @.17)
D
Nao hé formula espectfica para tubos de aco galvanizado, conduzindo agua quente;
entretanto, a formula (3.15) tem sido empregada nesses casos, pois apresenta resultados
a favor da seguranca
As equacées de perda de carga unitaria vistas anteriormente demonstram certa
similaridade, diferindo, basicamente, no fator que multiplica a relaco entre a vazao
0 diametro e os expoentes destes. Desta maneira, para representar genericamente uma
equacao de perda de carga unitaria, sera utilizada neste livro a expressdo
pe (3.18)
em que B, ne m sao parametros proprios da equacao utilizada, isto é, no caso da for
mulaco Universal (equacao 3.3) estes pardmetros assumem os seguintes valores:
para a equacao (3.12) de Hazen-Williams , B = 10,64C-'*
por diante
1,85 e m = 4,87, assim
BFundamentos de Engen Helis
Exemplo 3.1
Uma adutora fornece a vazao de 150 is, através de uma tubulacao de aco
soldado, revestida com esmalte, diametro de 400 mm e 2 km de exten-
so. Determinar a perda de carga na tubulacdo, por meio da equacéo de
Hazen-Williams, e comparar com a formula universal de perda de carga
Solugao
Pela equacao de Hazen-Williams com C =130 (ver Quadro 3.2, para tubos
de aco com revestimento especial), tem-se:
10,64 0,15". y
130" 0,407
Para a utilizagao da formula universal é necessério conhecer, inicialmente, 0
regime de escoamento, dado pelo numero de Reynolds (Re = UD), tendo
sido adotada a temperatura de 20°C para a determinacao da viscosidade
cinematica da agua ( v = 1,01x10* m?s) e
1.0034 mim => Ah’ =JL = 0,0034 x 2000 =6,8m
v2
Rea tO - MOx0 _
Vv 101x10-®
L7 x10
Como 0 nuimero de Reynolds é superior a 4000, 0 escoamento é turbu-
lento. Neste caso, 0 coeficiente de perda de carga f depende também da
rugosidade das paredes do tubo. Este valor pode ser obtido no Quadro
3.1, para tubos de aco revestido de esmalte, ou seja:
pp, = 9,01 mm © pao = 0,06 mm poe = 0.3 mM
ID yyy = 205X105 CD yygg = 1,5. X10 eID 4, = 7,5 X10%
Utilizando as equacées (3.10) ou (3.11), com Re = 4,7x10* e os valores de
e/D anteriormente mencionados, obtém-se f,,, = 0,074, fag. = 0,015 €
fons, = 9,019.
BexiaeOion
79,81 040
=018155¢
4scosmento em condutos forados simples Coto 3
= Inn, = 0,00254 Ippacto = 0,00272 Jax. = 0,003.45
Af'=JL= Abin, =5,08M — MPlnayy=5,44M — Abie = 6,90M
Nota-se, neste caso, que a perda de carga calculada pela formula de Hazen-
-Williams (Ah’ = 6,8 m) apresentou um resultado dentro da faixa verificada
pela formula universal (5,08 m < Ah’ < 6,90 m).
3.1.2 Perda de carga com distribuigdo de 4gua ao longo do percurso
As tubulacées destinadas a distribuicao de 4gua séo dotadas de varias derivacdes e,
Por iss0, € possivel, na maioria dos casos, considerar a vazo distribufda uniformemente
ao longo do conduto, também chamada vazao de distribuicao em marcha q. Para 0
calculo da perda de carga continua neste tipo de escoamento, considere a tubulacdo
mostrada na figura a seguir, onde:
Q, /azio de montante
Q, — =vazao de jusante
q = vazao de distribuicéio em marcha (q = (Q,-Q)/L)
Linha Piezométrica
Figura 3.2 - Perda de carga em conduto com distribuigao em marcha
Assim,
Q,= 2+ qb
Num trecho elementar dx, distante x da extremidade, a vazdo pode ser considerada
constante. Sendo Q essa vazo tem-se, consequentemente:
Q=Q+qx (3.19)
Levando (3.19) em (3.18) e (3.1), obtém-se a perda de carga no trecho dx e por
integracdo, em todo o percurso L, como demostrado a seguir
5Fundamentos de Engenharia Heraca
t= Blow
na Bf 2
Ah= Fe JQ, +) dx
1 op
An=—BL_{ Qu’ = Qi" (3.20)
ima B" | 0, -0,”
Quando toda a vazéo & consumida no percurso, a vazio de jusante é nula (Q,
y BLOF dk
= d= —— 7 A= —
(ne7)D” ai (3.21)
Tendo em vista a equacao (3.21) e os valores usuais de n (n = 2) nas formulas de
perda de carga para condutos forcados em regime turbulento, conclui-se que a perda
de carga € 1/(n-+1) (aproximadamente 1/3) da perda de carga que se obtém com a vazao
constante, sem distribuicéo.
Nas tedes de distribuicao dos sistemas puiblicos de abastecimento de agua, entretanto,
por uma questo de facilidade somente, calcula-se essa perda de carga de manera
aproximada, utilizando-se as formulas de perda de carga vistas no subitem 3.1.1, com
uma vazéo ficticia (Q,), dada pela expressao:
3
Q= Se58 (3.22)
‘ p&
= Ah'= Bow L (3.23)
Quando as derivacées s40 espacadas de maneira regular como nos sistemas de
irrigacdo por asperséo, a perda de carga pode ser calculada, considerando a tubulacao
formada por varios trechos interligados, onde as vaz6es sdo diferentes em cada trecho,
porém constantes ao longo de um dado trecho
Assim, supondo 0 sistema dotado de N derivacées, espacadas de uma distancia s,
conforme mostrado na Figura 3.3, obtém-se para a perda de carga em cada trecho o
seguinte:
Figura 3.3 - Perda de carga em conduto com N derivacoes
6{scoamento em condos forged smples Capila 3
Trecho 1: B (NQIN)"
DF
Trecho 2:
Pentiltimo trecho: Ahiy.,= p2OLM”
= BO
Ultimo trecho pQinn
D
w :
Ali= AR AAR t+ Ahly AAR > Begin’
sd
,.(BO)_s fn
on (88 i >
Utilizando a expresso (3.18) e substituindo s por L/N na expressao anterior,
tem-se:
Fl Tin
Af'= JI wh") (3.24)
Fazendo (ord => Aft= LR (3.25)
quadro a seguir apresenta os valores do termo R na expressao anterior, em funcao
do numero de derivacées
Quadro 3.4 - Fator de reducao R da expressdo (3.25)
(Continua)
Numero de Hazen-Williams Scobey Universal
derivacdes V n= 185
1 1,00 1,00
= 0,64 0,63 0,63
4 0,49 048 047
6 0,44 0,43 0,42
8 0,42 0,41 0,40
10 0,40 0,40 0,39
nee rT
rundementes de Engentars auc:
(Conclusao)
Numero de Hazen-Williams Scobey Universal
derivagoes NV 85 9 n=2,0
20 0,38 0,37, 0,36
30 0,37 0,36 0,35
40 0,36 0,36 0,35
50-99 0,36 0,36 0,34
>100 0,35, 0,35 0,34
Fonte ~Adoptado de Gomes, 1994
3.1.3 Perda de carga localizada
Adicionalmente as perdas de carga continuas que ocorrem ao longo das tubulagoes,
tem-se perturbacées localizadas, denominadas perdas de carga localizadas, causadas
por singularidades do tipo curva, jun¢éo, valvula, medidor etc. que também provocam
dissipacio de energia. Algumas vezes, como acontece nas instalagdes hidraulicas pre-
diais, a perda de carga localizada é mais importante do que a perda de carga continua,
devido ao grande ntimero de conexdes e aparelhos, relativamente a0 comprimento de
tubulado. Entretanto, no caso de tubulacdes muito longas, com varios qullémetros de
extensdo, como nas adutoras, a perda de carga localizada pode ser desprezada
Experigncias mostram que a perda de carga localizada Ah” para uma determinada
peca pode ser calculada pela expresso geral
Ah"= KU*/2g (3.26)
Sendo Ua velocidace media de uma seco tomada como referéncia e K um coeficiente
que depende da geometria da singularidade e do numero de Reynolds. Os valores de K
normalmente sao obtidos experimentalmente, mostrando-se praticamente constantes
(citado por Miller, 1984) para uma mesma peca e nimero de Reynolds acima de 500000.
Borda (1733-1799) determinou teoricamente 0 coeficiente K para 0 caso de um
alargamento brusco de tubulacdo, conforme mostrado na Figura 3.4.
Figura 3.4 - Alargamento brusco de tubulacso
Para tanto, Borda utilizou as equacdes de Bernoulli, quantidade de movimento
e continuidade, aplicadas ao volume de controle compreendido ente as secdes 1 e 2,
valendo-se também da observacdo experimental de que a pressdo imediatamente a
montante e a jusante da secao 1 sdo iguais. Assim demonstra-se que:
BSoames em condts forados simples | Capo 3
AU BU ay
y 29 y 29
Equacao da quantidade de movimento: P,A,+ P,(A,- A, PA,=pQUU,-U,)
Equacao de Bernoulli:
Equacao da continuidade: Q=A,U,= A,U,
cate
By Ve ele ee ir (3.27)
29+ 29° «A,
Fazendo
Ay
rege es
a4 (3.28)
Tem-se:
2
= ahaan Se oe
A expressao (3.29) mostra que a perda de carga localizada no alargamento brusco
de uma tubulacao é proporcional a U2/2g, tal como proposto na expressao geral (3.26),
para perda de carga localizada.
Vé-se ainda pela expressdo (3.27) que quando a drea da secao transversal Aé
muito menor que a area A, (A,<}
Corpo >|
Flutuador |
Figura 3.6 - Ventosa
7Fundarentos de Engenharia Widen
Cuidados especiais também devem ser dados nos pontos baixos das tubulag6es, onde
devem ser instaladas descargas, com registtos para seu controle, destinadas ao esva-
ziamento da tubulagéo na época de manutencéo. Os diémetros dessas descargas ficam
condicionados ao tempo requerido para esvaziamento do trecho da linha. Entretanto,
utiliza-se como regra pratica diémetro superior a 1/6 do diametro da tubulacao (d,> D/6).
Por uma questao de seguranca, nos projetos de adutoras normalmente adota-se
um tragado de tubulacao totalmente abaixo da linha piezométrica, ou coincidente com
esta. Neste ultimo caso, 0 conduto tern escoamento livre e 6 denominado de conduto
livre ou canal (tracado 2). © dimensionamento deste sera visto no Capitulo 7 deste livro.
Quando 0 conduto corta a linha piezométrica (tracado 3), 0 trecho da tubulacso,
situado acima da linha piezométrica, fica sujeito a press6es inferiores a atmosférica, 0
que pode ocasionar a contaminacéo da gua, caso haja um rompimento neste local
Nesta situacdo, a melhor solucdo é a construcao de uma caixa de transicao no ponto
mais alto da tubulacéo, de maneira a alterar a posicao da linha piezométrica, ficando
a tubulacao totalmente abaixo desta e, portanto, sujeita a press6es positivas somente,
como no tracado 1
No tracado 4, 0 conduto, além de cortar a linha piezométrica, corta também o plano
de carga estatico. Neste caso, a 4gua nao atinge naturalmente o trecho situado acima
do nivel de Agua no reservatério R1 e 0 escoamento s6 € posstvel apds 0 enchimento da
tubulagdo. Este é 0 caso de funcionamento de siféo, estrutura hidrdulica a ser estudada
em capitulo posterior.
No tracado 5, 0 condluto corta a linha piezomnétrica absoluta, sendo, portanto, impossivel
© escoamento por gravidade. Nesta situacdo, 0 fluxo s6 é possivel se no inicio da tubulagéo
for instalada uma bomba para impulsionar o liquide até o ponto mais alto da tubulagao.
Tubulacso com ventosa dupla
88scoamento em conduts forgadce sits Capitulo 3
Exemplo 3.4
Dois reservat6rios deverao ser interligados por uma tubulacao de ferro
fundido (C=130), com um ponto alto em C. Desprezando as perdas de
carga localizadas, pede-se determinar:
a) O menor diémetro comercial para a tubulagéo BD capaz de conduzir
vazé0 de 70 l/s, sob a condicao de carga de pressao na tubulacao superior
‘ou igual a 2,0 m.
b) A perda de carga adicional dada por uma valvula de controle de va-
240, a ser instalada préximo ao ponto D, para regular a vazdo em 70,0
V/s, exatamente.
80.0
Lt = 2500m
Solugao
A situago, que conduz 20 menor didmetro, é aquela em que toda a energia
disponivel ¢ utilizada para vencer as resisténcias, ou seja, fazer o desnivel
entre os reservatérios igual & perda de carga continua:
Ah =20,0 m: J = AhiL = 20,0/4000 = 0,005 mim.
Assim, a perda de carga no trecho BC é:
Ah,=
1,005 x 2500 = 12,5m
Aplicando a equacéo de Bernoulli entre A e C (desprezando o termo U_7/26),
para verificar a menor pressdo, obtém-se: aie pat
2,22, +Py +ah, (3.30)
80,0=70,0+PH+125 > Phy=-2,5m
Como 0 valor calculado para a carga de presséo em C ¢ inferior ao estabe-
lecido no problema, a solucao para isso ¢ elevar a linha piezométrica, dando
uma inclinacao menor nesta linha entre A e Ce a partir daf uma inclinagaoa
tundementos de Engenharia Hides
maior, até chegar no ponto E. Este objetivo é alcancado, reduzindo a perda
de carga, através da mudanca do diametro, como demonstrado a seguir:
‘Anova perda de carga Ah, entre A e C, calculada pela equacéo (3.30),
deve proporcionar 0 valor P-/y = 2,0 m.
80,0 = 70,0 + 2,0 +Ah, = Ah=8,0m
Utilizando a equacao (3.12), tem-se:
10,64 0,070'%
= 730 par 700 = D,=0,303m
D,(adotado) = 350 mm = Phy=6,0m
A determinacao do diametro do trecho CD é realizado através da aplicagao
( da equacao de Bernoulli entre A e E. Portanto:
80,0 = 60,0 + Ah, ,Ah,
A perda de carga Ah, deve ser recalculada, j4 que o diametro adotado (D,
= 0,35m) é diferente do calculado {D, = 0,30 m).
2500 = 3,96m = Ah, = 16.04m
10,64 0,070
B00,
16,04 =
1500 > D,=0,24m
0 diametro comercial mais proximo do calculado é D, = 0,25 m.
b) J& que o diametro indicado (D, = 0,25 m) é superior ao calculado
(0,=0,24m), a perda de carga continua ¢ inferior a 16,04 m e portanto a
capacidade da tubulacéo & superior a 70,0 Vs. Para controlar essa vazéo
deve ser instalada no ponto D uma valvula parcialmente fechada para
provocar uma perda de carga complementar, como apresentada na figura
e calculada a seguir:
90Escoamento em conduits foradce simples Capitulo 3
L1= 250m
D1 350mm
Ahy=Ahy +h"
em que
Ah, = perda de carga ao longo do trecho 2,
AW’ = perda de carga locelizada na valvula parcialmente fechada
10,64 0,070'% .
gh te = Ah =3;
a0 9.3577 15004 Ah 3.80
3.5 Separacao da coluna liquida e cavitagao
A separacao da coluna liquida € a obstrucéio do escoamento causado por bolhas.
Essas bolhas séo formadas pelos gases dissolvidos na gua, que se desprendem do
liquido quando a pressao é reduzida a pressao de vapor. As bolhas tendem a aumentar
de tamanho com a liberacéo dos gases, tornando a vazo intermitente, podendo, até
mesmo, interrompé-la, se a bolha ocupar toda a secao do tubo. A Figura 3.7 mostra
um tubo ascendente de mesmo didmetro onde é possivel ocorrer a separacéo da coluna
liquida. Com a ajuda da equacao de Bernoulli é possivel calcular a pressio na secdo 2 e
comparé-la com a presséo de vapor e assim prever se havera ou n&o a separacdo da coluna.
1i e. .
Fursamantos de Engentats Hide
RU Bu
Zetec lt p47 tan
Considerando que para uma dada vazdo a velocidade é a mesma (U,=U,)
ao longo deste tubo, tem-se:
| P= R-(Z,~Z))—Ah 631)
YY
Aequacao (3.31) permite concluir que a pressdo na secdo 2 é inferior a pressao em
1, 8 que (Z,>Z,) € (Ah>0). Se a pressao (P,) € igual ou inferior a pressao de vapor, deve
haver separacao da coluna liquida.
{A Figura 3.8 mostra um tubo Venturi com uma regido de baixa pressao (Seca0 2
onde as bolhas sao formadas como no mecanismo de separacao da coluna liquida e
| carreadas pelo escoamento para uma regido de alta pressao (secéo 3). Neste local as
| bolhas podem implodir pela acdo da pressao externa. O colapso das bolhas produz
choque entre particulas fluidas que provoca flutuacao na pressao e danifica a parede
do conduto, reduzindo, assim, a capacidade de escoamento.
ar yah
Regiao de
‘baixa pressio Regiso de
alta presséo
Figura 3.8 - Fenémeno da cavitacao num tubo Venturi
Este fendmeno é conhecido por cavitacao, pois no processo ha formacao de cavas ou
\ bolhas no liquido. A cavitagao pode também acorrer em regides sujeitas a redemoinhos €
| ‘turbuléncias que geram alta velocidade de rotacio e, consequentemente, provocam a queda
i de pressao, como nos vertedores de barragens. As valvulas estao tambérn muito sujertas
: a este tipo de problema, pois normalmente sao usadas para provocar queda de presso
| Outros exemplos de pecas e aparelhos sujeitos a cavitacBo sao 0s orificios, redugées bruscas,
| ‘curvas e bombas. O Capitulo 6 tratard do problema especifico de cavitacao nas bombas
i Os efeitos da cavitacéio podem ser percebidos através do barulho provocado pelas
1 implosées das bolhas. Dependendo do aparelho considerado e particularmente do seu
tamanho, pode parecer desde um leve som estalado, ou um barulho superior a 100db,
como acontece em vaivulas de pequeno e grande porte, respectivamente, Outro efeito
perceptivel & a vibracio causada pelas implosoes das cavidades e pelo choque das ondas
geradas, Ainda devido a este fendmeno, podem ocorrer problemas nos acoplamentos
e nas ancoragens, além de fadiga e falha estrutural.
2‘scoamento em conduts erates snp Capitulo 3
Uma das maneiras de se combater a cavitacao consiste em dividir a queda de pressao
em estgios. Nos casos das valvulas e placas de orificios estas podem ser colocadas em
série. Quando a cavitagao ¢ inevitavel, deve-se especificar um material para o aparelho
mais resistente a erosdo provocada pela cavitacdo. Outra maneira de se combater a
cavitacéo ¢ injetando ar dentro da regiao das bolhas para reduzir 0 médulo de elastici-
dade volumétrico do liquido e amortecer 0 colapso da cavidade
Exemplo 3.5
Verificar na adutora que interliga o reservatério R, 20 R,, cujo perfil é
mostrado na figura a seguir, se existe a possibilidade de separacdo da
coluna Iiquida, quando esta transporte 280 V/s, conhecendo-se as seguintes
caracteristicas da adutora:
Comprimentos: L,- = 2000 m, Ley = 200 m, bye = 200 m, by, = 2500 m;
diametro: 600 mm;
coeficiente de perda de carga da formula Universal: 0,015.
Solugéo
A separacao da coluna liquida ocorre quando a presséo reinante no interior
da tubulacao ¢ igual ou inferior & pressdo de vapor da Sgua. Por esta razao,
sera verificada a pressdo em D, pois, neste ponto, a adutora esta sujeita
8 menor pressao. As equacées da continuidade e de Bernoulli permite
calcular 0 valor da pressao em D, como demonstrado a seguir:
y=Qn 40 4028 _ 4 09m)
A nD? 7-06
Py U2 BU
Zp th nz, +B Dean
Oy ag Py Bg?
2 £y
02,40, , FU
y 29 D2g
BNw]
Fundomentos de Engenhatia Hides
P, 0,99 0,015
0=3,0+2+— 1+———= 2200)
oe og O60
580m
7
Nota-se que o valor da energia cinética é insignificante (U*/2g=0,05m) e
poderia ter sido desprezada, sem afetar a anélise do problema.
Considerando a temperatura da 4gua no interior do conduto em 20° C,
pode-se obter, por meio dos Quadros 2.3 e 2.4, as seguintes caracteristicas
da quai
-y = 998kgt m?
ats
pet, = 2335Pa
Considerando, ainda, as condicées do nivel do mar para a pressao
atmosférica, tem-se:
Pe =101000Pa
Finalmente, a pressdo absoluta em D pode ser obtida:
P, = -5,80- 998 = -5788kgf | m?
Pet = P, + PR = -56784+101000= 44216Pa
am
56784Pa
Como a presséo em D (P3** = 44276Pa) 6 superior & presséo de vapor
(P25, = 2335Pa), conclui-se que nao deve haver separacao da coluna
liguida.
3.6 Introducao aos transientes hidraulicos
O termo transiente refere-se a alguma situacao em que o escoamento varia com
© tempo, devendo ser analisado segundo a taxa de mudanca de velocidade. Se esta
mudanca é lenta, a compressibilidade nao afeta significativamente 0 escoamento e 0
movimento do fluido pode ser considerado como um corpo sdlido, neste caso seu estudo
€ conhecido como oscilacéo de massa. Um simples exemplo é 0 estabelecimento do
escoamento apés a abertura de uma valvula em um tubo em “U".coamento wm condo forados simples | Capitulo 3
Entretanto, quando ocorre urna mudanga répida na velocidade de escoamento, uma
onda de pressao € criada e percorre a tubulacéo a velocidade do som. O choque violento
das ondas de presséo sobre as paredes do conduto com o som deste, semelhante ao
vaivérn de um arlete, fez com que o transiente hidraulico em condutos forgados, con-
duzindo agua, fosse também conhecido por golpe de arfete. A magnitude do golpe de
ariete depende, principalmente, do tempo em que € realizada a alteracao da velocidade,
da compressibilidade do Iiquido e da elasticidade do tubo.
Para se ter uma ideia da escala do problema, suponha o caso do fechamento instan-
taneo de uma valvula que controla 0 escoamento em um tubo de aco, cuja velocidade da
onda de pressao é, aproximadamente, 1300 m/s; neste caso, uma variacdo na velocidade
de 1 m/s causa uma sobrecarga de pressio da ordem de 130 m.
Existe uma série de situacdes, em instalacoes hidraulicas, sujeitas a este fendmeno,
como por exemplo:
* fechamento ou abertura de valvulas;
° partida ou parada de bombas;
* operacéo de valvulas (retencéo, redutoras de pressao e de alivio);
* ruptura de tubulacéo;
* admisséo ou expulsao de ar;
* mudanca na demanda de poténcia de turbinas hidrdulicas
‘As solucées possiveis dentro da Engenharia para esse problema incluem o aumento
do tempo de abertura e/ou fechamento das valvulas de controle, aumento da espessura
da tubulacdo, reducao da velocidade de escoamento, maior controle na operacao das
tubulacées, reducao da velocidade da onda pela mudanca do tipo de tubo ou pela in-
jecao de ar, uso de dispositivos de protecdo contra o golpe de ariete (valvulas de alivio,
‘tanques de amortecimento, camaras de ar etc.).
O estudo dos escoamentos transitorios é bem mais complexo que o do escoamento
permanente, uma vez que 0 envolvimento da variével “tempo” requer a utilizacdo de
equacées diferenciais, cuja solucdo s6 pode ser realizada através de métodos numéricos
‘ou graficos. E inten¢o, neste capitulo, apenas apresentar a problematica dos escoamen-
tos transitérios, uma vez que a sua andlise completa é muito extensa, necessitando um
estudo avancado, merecedor de alguns capitulos para traté-lo adequadamente.
5Ie etn
Fundements de Engenharia ren
Problemas
3.1 Uma tubulacéo de 400 mm de diametro e 2000 m de comprimento parte de um
reservatorio de agua cujoN.A. esté na cota 90. A velocidacle média no tubo € de 1,0 mis;
a carga de pressao ¢ a cota no final da tubulacéo sao 30 m e 50 m, respectivamente
a) Calcular a perda de carga provocada pelo escoamento nessa tubulacao;
b). Determinar a altura da linha piezométrica a 800 m da extremidade da tubulacéo.
3.2 Uma tubulacao de PVC, de 1100 m de comprimento e 100 mm de diametro
interliga os reservatorios R, € R,. Os niveis de agua dos reservatérios R, € R, est4o
nas cotas 620,0 e 600,0, respectivamente. Considerando desprezivel as perdas de
carga localizadas e a temperatura da agua 20° C, calcular a vaz8o escoada.
Obs.: Resolver o problema através da férmula universal para perda de carga.
3.3 Uma tubulacéo horizontal com 200 mm de didmetro, 100 m de extensdo, est
ligada de um lado ao reservatério R com 15,0 m de lamina d’agua, e do outro a
| um bocal de 50 mm de diametro na extremidade, conforme mostrado na figura a
seguir, Este bocal foi testado em laboratério e apresentou um coeficiente de perda
de carga de 0,10, quando referenciado a se¢ao de maior velocidade. Calcular as
velocidades na tubulacao e na saida do bocal.
os
fea
*
eo
ise
tom
‘
002 ‘Bees
| } oboe
! 3.4 Determinar a altura “h” no reservatério, para que este abasteca simultanea-
mente aos trés chuveiros mostrados na figura a seguir utilizando tubos de PVC nas
seguintes condicées:
= vazao de cada chuveiro: 0,20 Vs
| = dimetro dos trechos 6-5 ¢ 5-4: 21,6 mm
= diametro dos trechos 5-3, 4-2 e 4-1: 17 mm
= pressdo dinamica minima no chuveiro: 0,2 kgf/cn*;
| = Registrodegaveta — |
® Registode globo
LC Cotovelo de 90°
0 om 20 20m
foo Eafe BO ee af 4
Obs. utilizar a equacao de Fair-Whipple-Hsiao para célculo de perda de carga;
- considerar 0 coeficiente de perda de carga do registro de presséo igual ao do
registro de globo.
96scoamento am condos forgads spies | Castilo 3
3.5 Uma linha lateral de um sistema de irrigacéo possui 10 aspersores, separados de
121m um do outro, sendo o primeiro localizado a 12 m da linha principal. Os aspersores
deverdo trabalhar, cada um, com uma vazao de 1,22 m’/h e press6es compreendidas
entre os valores de 2,0 kgf/cm? e 2,4 kgf/cm?. Sabendo-se que a linha lateral é em
PVC e tem declividade ascendente de 1%, determinar o didmetro desta tubulacao.
3.6 O reservatério R, alimenta dois pontos distintos B e C. Determinar
a vazao do trecho AB, sendo o coeficiente de perda de carga da for-
mula de Universal igual 2 0,016 e a vazéo na derivacao B igual a 50 is.
Obs.: Desprezar as perdas de carga localizadas.
910,00
a
02 = 200 mm, Prossao
q=50Us ‘Atmosférica
3.7 Para um conduto de ferro fundido novo (C=120) de comprimento igual a 1000 m,
diametro de 250 mm, com distribuicao uniforme ao longo do percurso, pede-se
calcular a perda de carga continua
a) Caso a vazao afluente seja 50 V/s e a efluente nula;
b) Caso a vazao afluente seja 50 V/s e a efluente 10 IVs.
(C7 3.8 A tubulacdo AD, de 300 mm de diametro e coeficiente de perda de carga da
formula de Hazen-Williams igual a 110, é destinada a conduzir 4gua do reservatério
R, para o reservatorio R,, bem como atender aos moradores localizados ao longo do
trecho BC que consomem 0,05 I/s.m. Sabendo-se que no ponto B a cota do terreno
€ 108,0 ea pressdo 1,3 kgf/cm’, pede-se calcular a vazdo nos trechos ABe CDe a
cota piezométrica em D, considerando as perdas de carga localizadas despreziveis.
12-600 5
D
L3=700m
{EP 3.9 Uma linha de PVC, destinada a distribuicao em marcha de agua ao longo do
percurso de 1500 m de extensao, possui 200 mm de diametro e esta ligada aos reser
vatorios R, e R,, Cujos niveis de agua estao nas cotas 90,0 e 86,0, respectivamente
ponto mais baixo dessa linha esta na cota 70,0.
a) Determinar a vazao de distribuicéo em marcha quando o reservatorio R, nao
recebe e nem cede agua.
7er
undementor de Engenharia Warsuics
b) Quando © consumo no percurso é de 80 V/s, pede-se determinar o valor e a
posicao da cota piezométrica minima.
3.10 Uma tubulacao de comprimento L e didmetro D é alimentada nas suas extre-
midades por dois reservatérios R, e R, de N.A. situados nas cotas Z, @ Z,, respec
tivamente. Ha uma derivacao no ponto C, distante L, de R, ¢ L, de R,. Calcular a
vaz3o maxima que pode sair no ponto, de tal maneira que a presséo na tubulacao
seja igual ou superior a zero.
NAB aq Poe
L.P.(q#0)
3.11 A tubulacéo ABC, em PVC, de 200 mm de didmetro e 1600 m de extensao,
6 alimentada por um reservatério que tem o nivel de égua na cota 80,0. No meio
da tubulacdo esté localizado 0 ponto mais alto, ponto B, de cota 75,0 onde esta
instalado um piezometro. A extremidade C descarrega livremente na atmosfera na
cota 40, onde existe um controlador de vazo. Determinar a vazdo escoada, € a
seco de abertura do controlador de vazo, quando a pressao em B é nula.
3.12 Uma tubulacéo, composta por dois trechos, interliga dois reservatérios, cuja
diferenca de nivel & 2,8 m. O primeiro trecho, que liga 0 reservatério R, ao ponto
“A tem 258 m de comprimento € 200 mm de diémetro. O outro trecho tem 150 m
de extenséo e 150 mm de diametro e faz a ligacdo do ponto “A" ao reservatorio
R, de cota mais baixa. Amos os trechos sao formados por tubos de ferro fundido
usado (C=100). Uma derivagao devera ser instalada no ponto “A”, situado 2,0 m
abaixo da cota do nivel de Agua do reservatorio R,, Determinar a vazao escoada
nesta derivacao para que a pressdo no ponto A seja igual 8 pressao atmosférica
98Capitulo 4
Escoamento em sistemas de condutos forcados
Este capitulo trata de problemas hidraulicos em sistemas de condutos
forcados, com escoamentos em regime permanente. S40 analisados, ini-
cialmente, os casos em que a vazao é constante ao longo das tubulacdes,
englobando os casos de condutos em série, em paralelo e dos condutos
interligando varios reservat6rios. Finalmente, so estudados alguns casos
de variaco continua de vazo ao longo dos condutos, enfatizando 0 caso
das redes de distribuicao de agua
4.1 Condutos equivalentes _
Um conduto € equivalente a outro(s) quando transporta a mesma vazéo sob a
mesma perda de carga. Este conceito € utilizado para simplificar os calculos hidrdulicos
de tubulacées interligadas, cujas caracteristicas dos condutos sao diferentes, quer pelo
coeficiente de perda de carga B, quer pelo seu didmetro D, tal como sao os condutos em
série e em paralelo, que, devido a esse conceito, podem ser transformados, para efeito
de calculo, em condutos simples, cuja maneira de calcular ja é conhecida:
4.1.1 Condutos em série
Quando uma tubulacdo é formada por trechos de caracteristicas distintas, colocados
na mesma linha ¢ ligados pelas extremidades, de tal maneira a conduzir a mesma vazao,
6 considerada constituida por condutos em série. A Figura 4.1 ilustra 0 caso de umaFundementos de Engenharia Hroulca
tubulacdo formada pelos trechos 1, 2 e 3 colocados em série e a substituigao destes,
para efeito de calculo, por outro equivalente.
pee
Linha piezométrica
a
Ane
Ane
a
Ds Paty
eat
“Trecho 3
Dole
a f =a
‘Conduto equivalents
Figure 4.1 - Condutos em série
Sejam Ah, Ah, e Ah, as perdas de carga nos trechos 1, 2 ¢ 3, assim:
oe
ah = Boel @.)
o
Boor (4.2)
| Ah, = Bore 43)
Para a substituicdo desses trés condutos por outro equivalente, com diametro D,,
coeficiente de perda de carga Be comprimento L, é necessdrio que a perda de carga
no conduto equivalente Ah, seja
Ah, = Ah, + Ah, + Ah, (4.4)
| Sendo
(4.5)
(4.6)
Como sao trés as variavels envolvidas (B, , D,eL,) em (4.6), normalmente, adotam-
) -se valores convenientes de B, e D, ¢ calcula-se L, de tal forma a atender a expressdo.
100scoamento em sstemas de conduits frgads | Capt 4
4.1.2 Condutos em paralelo
Os condutos em paralelo sao aqueles cujas extremidades de montante esto reunidas
num mesmo ponto, © mesmo acontecendo com as extremidades de jusante em outro
Ponto, conforme mostra a Figura 4.2. Assim, a vazo ¢ dividida entre as tubulacées em
paralelo e depois reunida novamente a jusante.
Condutos em:
paralel
Q
Conduto equivalente
Figura 4.2 - Condutos em paralelo
Entretanto, nota-se na Figura 4.2 que os condutos em paralelo estao sujeitos 4 mesma
perda de carga, uma vez que as diferencas entre as cotas piezométricas de montante
(ponto A) e jusante (ponto B) dos trés condutos em paralelo sao as mesmas. Portanto,
para substituir esses condutos por outro equivalente é necessario que:
Ah, = Ah, = Ah, = Ah, (4.7)
Q.=Q+0,+2 (4.8)
Sendo Ah, € Q,a perda de carga e a vazdo no conduto equivalente e Ah, Ah, ,
Ah, e Q,, Q, ry as perdas de carga e as vazes nos condutos em paralelo 1, 2 e 3
respectivamente.
As equacées de perda de carga (An = B xy obtidas em cada conduto, permitem
explicitar 0s valores das vazoes o-( ny" que levados na equacao (4.8) resulta:
sin
(a)
Bob.
+( oy y (4)
Bal
Bry
101IE
Fundomentos de Engenhari dela
Embora ndo tenhamos mencionado nas demonstragbes anteriores, as perdas de
carga localizadas podem ser consideradas tanto nas tubulacbes em série quanto em
paralelo, desde que os comprimentos apresentados (L,, LL.) representem a soma dos
comprimentos dos tubos mais os comprimentos equivalentes das pecas, conexoes etc
Exemplo 4.1
Uma adutora interliga dois reservatorios cuja diferenca de nivel é 15,0 m. Esta
adutora é composta por dois trechos ligados em série, sendo o primeiro de
1000 m de extensao e diametro 400 mm eo outro 800 m de comprimento
@ 300 mm de didmetro, ambos os trechos com o coeficiente de perda de
carga da formula Universal igual a 0,020. Desconsiderando as perdas de
carga localizadas, pede-se:
a) determinar a vazéo escoada;
b) calcular a nova vazao se for instalada, paralelamente ao trecho 2,
uma tubulacdo com 900 m de comprimento, 250 mm de diametro e
com 0 mesmo coeficiente de perda de carga (f = 0,020)
PCE
Solugdio
a) A aplicacao da equacao de Bernoulli, entre as superficies dos reservato-
fios, permite concluir que a perda de carga total corresponde ao desnivel
de 15,0 m, que, por sua vez, é a soma das perdas de carga nos trechos 1
© 2, id que esses estdo em série
Ah = Ah, + 4h,
em que
102Escoamento em stems de conde forador | Captlo 4
( 1000 , 800
» 15,0 = 0,00165Q7(.
eee
040° 0,30"
© Q=0,146 mils
b) Estando 0 novo trecho (trecho 3) paralelo ao trecho 2, pode-se aplicar a
equacéo (4.9) para determinar um trecho equivalente a estes, assim:
(ory (or "4 op Y”
Bebe (Bale (Bob J
(08)? (0306? (0.258)"
(BL) ~(p.800) *(B.900
Adotando-se, por facilidade de calculo D,= 0,40 me B, = B, tem-se:
o40?)"* _(0,30°)"? (0,257)? 1,=1321m
BL, p.800) *\p.900
Este artificio de célculo conduz & simplificacao mostrada na figura a seguir:
ae *
Ie, 15,0m
2;
7 yn
£132
2. © S00
Z,>Z,, assim pode-se concluir que os sentidos de escoamento nos
irechos 1 e 3 so de B para E e de E para G, respectivamente. J4 no trecho 2, 0 sentido
de escoamento tanto pode ser de E para D como de D para E, dependendo somente da
cota piezométrica em E, como demonstrado a seguir:
seZ,,Py
Mige =10M
8-0,020 Q,
17.981 .0,50°
COMO Quy < Qpc existe uma vazao adicional contribuindo para o trecho DC
que é proveniente de BD, levando a concluir que neste trecho, o escoamento
se faz de B para D. Conhecidos os sentidos de escoamento nas tubulacées,
um sistema de equacées formado pelas equacdes de perda de carga em
cada trecho, juntamente com a da continuidade no né D, permite encontrar
a solucao do problema, como apresentado a seguir:
900 = 47,59Q5¢? = Qoe = 0,46m? /s
100,00 - Piez. D = 72,62 Quy?
90,00 - Pez. D = 72,62 Qu?
Piez, D - 80,00 = 47,59 Qn2
Quo + Qos = oe
A solucdo desse sistema de 4 equacées e 4 incdgnitas é a seguinte
Piez. D = 89,63 m, Q,, = 0,38 m/s, Qyy= 0,07 mis € Qu. = 0,45 mis.
A outra maneira de se resolver este problema é pelo método iterativo de
Cornish, cuja piezométrica do entroncamento é estimada inicialmente e
corrigida sucessivamente. Assim, partindo da piezométrica igual a 95,00
para 0 né D, tem-se:
PiezD Ah, AR, AR, «= yy, Qe Qe az
m m m m m/s m/s mis om
95,00 5,00 5,00 15,00 0,26 0,26 -0,56 7,92
87,08 12,92 2,92 -7,08 0,42 0,20 -0,39 2,95
90,03 9,97 0,03 10,03 0,37 0,02 0,46 ee
89,74 10,26 0,26 -9,74 0,38 0,06 -0,45 -0,06
89,68, 10,32 0,32 -9,68 0,38 0,07 0,45 0,00
109Fandamantos de Engenhas Mra
Calculo dos valores de AZ
Pela equacao (4.26) tem-se:
0,42+0,20-0,39
1292 2,92” 7,08
0,38+0,06-0,45
002, 06-929 M42 G55 G06 G45 = 08
0,03 10,03 10,26 0,26 9,74
Pelo método de Cornish obtém-se resultado bem préximo ao anterior, ou
seja
Piez. D = 89,68 m, Q,,= 0,38 Ms, Qpg= 0,07 mis € Que = 0,45 mis
Exemplo 4.3 ~
Determinar as vazbes do sisterna mostrado na figura, desprezando as perdas
de carga localzadas
Trecho Um) _Dimm) _< ©)
8 4000 500 12
ce 4000 300100
so 1000 a0 20
S © 000 200 100
DF 4000300100
3 Ti cecaere de per de age
Se termols de acer Wione
Soluggo
Para a solucdo deste problema é necessario fazer uma estimativa para as
piezométricas nos nds B e D e por aproximacées sucessivas corrigi-las pelo
método de Cornish. As piezométricas estimadas, inicialmente, foram 85,00
¢ 75,00, respectivamente para os nés B e D e em seguida so corrigidas
alternadamente. Vale lembrar que a perda de carga e a vazdo tm o mesmo
sinal, que por convencao é positive para as vazdes que entram no né e
negativo para as vazes que saem.
110scoamento en sistenas de condutns orcades | Capt &
‘Trecho AB Trecho BC Trecho BD
PiexB 4h = QS Q/Ah th SQ Qh he QS QHZ
m mms msm om ms msm om mls m/s om
85,00 5,00 0,146 0,03 5,00 0032 001 10,00 0249 002 414
80,86 9,14 0,202 0,02 0,86 0,012 0,01 0,57 0,053 0,09 1,95
82,81 7,19 0,177 0,02 -2,81 0,023 0,01 1,62 0,093 0,06 = 1,24
84,06 5,94 0,160 0,03 -4,06 0028 001 -1,73 -0,097 0,06 0,72
84,78 5,22 0,149 0,03 -4,78 0,031 0,01 -1,87 0,101 0,05 0,36
85,14 486 0,143 0,085.14 0,032 0,01 +193 0,102 0,05 0,18
85,33 467 0,140 0,03 5,33 0,033 0,01 -1,96 0.05 0,09
85,42 4,58 0,139 0,03 420,033 0,01 -1,97 -0,103 0,05 0,05
85,47 4,53 0,138 “5,47 0,033 0,01 -1,97 -0,104 0,05 0,03
85,50 4,50 0,138 “5,50 0,033 0,01 -1,98 0,104 0,05 0,01
8551 4,49 0,137 551-0033 0,01 -1,98_-0,104 0.05 0,01
‘Trecho BD Trecho DE Trecho DF.
PiezB h* = =Q Q/sh th QS Q/AH Ah Qs QHZ
m mm/s m/s om miss om m/s_mi/ssm om
75,00 5,86 0,19 0,03 5,00 -0023 0,00 -10,00 -0046 000 529
80,29 252 0,12 0,05 10,29 -0,034 0,00 -15,29 -0,058 0,00 0,90
81,19 013° 0,04 11,19 -0,036 0,00 -16,19 -0,080 000 1,13
82,33 012 005 -12,33 000 -17,33. 0,062 000 0,58
82,91 0,11 0,05 -12,91 0,038 0,00 -17,91 -0,063 0,00 0,30
83.21 01 005-1321 0.00 -18,21 -0064 0,00 0,16
83,37 2,05 0,11 0,05 -13,37 -0,039 0,00 -18,37 -0,064 0,00 0,08
83,45 2,02 0,10 005-1345 -0,039 0,00 -1845 0,064 0,00 0,04
83,50 2,00 0,10 0,05 -13,50 0,00 -18,50 -0,064 0,00 0,02
83,52 1,99 0,10 0,05 -13,52 -0,039 0,00 -18,52 -0,064 0,00 0,01
8353 1,98 0,10 0,05 _—-13,53_-0,039 000-1853 -0,064 0,00 0,01
“O calcula da perda de carga neste trecho ¢ felto com base na diferenca de plezométicas dos nds @ e D, que no caso da
primeira iteracBo ¢ igual a: 80,86 - 75,00 = 5,86 m.
1andamantos do Enger Mra
__4.3 Rede de distribuicao de agua
‘As redes de distribuicao de agua se caracterizam pela distribuicao da agua ao longo
dos condutos, como nos sistemas de abastecimento de agua e de irrigagao. Para efeito
de calculo, as redes de distribuicao sao classificadas, conforme a disposico dos condutos,
em ramificadas e malhadas
A rede ramificada mostrada na Figura 4.5 é tipica de sistemas de abastecimento
de Agua pequenos e caracteriza-se pela ligaco de varios tubos com um principal. Um
dos inconvenientes deste tracado é a dependéncia dos outros condutos em relacdo a0
principal, pois qualquer interrupcao acidental neste paralisa todo o abastecimento de
gua a jusante do local onde ocorreu o acidente. Além disso, nas extremidades das redes,
como nao ha escoamento, a tendéncia ao depésito de sedimentos é muito grande. Nas
redes malhadas, do tipo apresentado no esquema da Figura 4.6, estes inconvenientes
so reduzidos, pois um acidente na rede nao causa prejuizos relevantes na rea afetada,
ja que a gua pode encontrar outros caminhos e a sua circulacao no sistema ocorre
sempre que houver consumo de agua na rede.
CONDUTO PRINCIPAL
Figura 4.5 - Esquemia em planta de uma rede ramificada
Figura 4.6 - Esquema em planta de uma rede malhada
112scoamanto em sstemas de condos fords Coto 4
4,3.1 Calculo das redes ramificadas
Para o calculo das redes ramificadas admite-se que as vazGes sejam uniformemente
distribuidas ao longo das canalizag6es, também denominadas vazao de distribuicéo em
marcha, assim tem-se:
Gp = QML
em que
4, = vaz80 de distribuicao em marcha
L comprimento total da rede em metros
Q =vazao total que abastece a rede
A fim de organizar a sequéncia dos cdlculos das redes ramificadas € comum
© emprego de planilhas do tipo apresentado a seguir.
Trecho Vazaio Cota Cotado —Pressao
Piezométrica_Terreno_Disponivel
LA2OoeQqoUmwm 3 Mos M 3 M
10203 4 5 67 8 9 0 MN 2 13 +14 15
Onde as colunas numeradas de 1 a 15 correspondern:
1- Numeragao do trecho, que se faz de jusante para montante;
2- Comprimento do trecho L, medido na planta, em m;
3- Vazdo de jusante Q,, em Us;
4- Vazio distribuida no trecho: Q, = qm . Lem Vs;
5- Vazdo de montante Q,,, em Vs;
6- Vazdo ficticia: Q, = (Qy+Q,V/2, em Vs;
7- Diametro escolhido com base no critério de velocidacle maxima no trecho
(ver Quadro 3.13), em mm;
8- Velocidade média de escoamento calculada pela equacao U = 4Q/nD*
onde Q a vazao de montante em m’/s e D o diametro escolhido em m;
9- Perda de carga total Ah, em m, considerando os valores (de L em m,
Q, em més e D em m) do trecho;
10- Cota piezométrica de jusante, em m;
11- Cota piezométrica de montante [11] = [10] + [ 9], em m;
12- Cota do terreno de jusante, obtida na planta topogratica, em m;
13+ Cota do terreno de montante, em m;
14- Pressao dispontvel de jusante [14] = [10}{12], em mea;
15. Pressao dispontvel de montante [15] = [11] - [13], em mca
113Fundomentos de Engenharia Mrs
Exemplo 4.4
Dimensionar a rede de distribuigéo cujo esquema € mostrado a seguir e
calcular as press6es disponiveis nos nés, considerando:
a vezao de distribuicéo em marcha igual a 0,025 Vs.m;
© trecho R-5 virgem;
um consume concentrado no né 1 de 4,0 V5;
© diametro minimo para essa rede igual a 50 mi
© Coeficiente de perda de carga da férmula de Hazen-Williams C=100;
cota do nivel de agua do reservatorio igual a 500 m,
490 480
470 480 450
4
430 420
410
q=40Us
2
Solugdo
Trecho L Vazio Us D u an
m a Q Qa mm m/s om
13 200~«400~=«050 «45042501007? 1,28
23 100 0,000.25 0,25 0,13, 500,180,038
35-300 4,75 O75 550513 100,70 2,74
45 160 0,00 0,40 «0,400,200 020011
SR 300 5,90 0,00 5,90 5,90 100,753,585,
Trecho Cota Piezométrica Cota do Terreno Presséo Disponivel
J M J M 1 M
3 492,42 «493,71 ~—«410,00 «430,00 82,42 63,71
23 493,68 © 493,71 420,00 430,00 73,68 63,71
35 «493,71 496,45 «430,00 450,00 63,71 46,45
45 496,34 496,45 460,00 450,00 36,34 46,45
5-R 496,45 ——500,00_—450,00 500,00 46,45 0,00
14Escoomento em stems de condo orcas | Caputo 4
4.3.2 Calculo das redes malhadas
Nas redes malhadas admite-se que as vaz6es que saem da tubulacao estejam con-
centradas nos nés, considerados centros de consumo das areas atendidas pela rede de
distribuigéo de agua. Logo, a vazo entre dois nés consecutivos da rede é uniforme, 0
que faciita sua andlise. Antes de proceder a determinacao das press6es na rede malhada, €
necessario determinar a vaz40 em cada trecho da rede, fase essa denominada de equi-
\fbrio do anel, cujo célculo se fundamenta em dois principios:
1) No principio da continuidade, ou seja, a soma das vaz6es que afluem ao nd &
igual a soma das vaz6es que dele saem. Para exemplificar, considere 0nd A, juncao dos
trechos 1, 2 e 5, mostrado na Figura 4.7. Considere, também, as vaz6es que entram no
16 positivas e as que saem negativas; assim a aplicacao desse principio estabelece que:
a
ai -> Q2
EQ=0 (4.27)
Orca ciaceme,
2) No principio da conservacao da energia, ou seja, a soma das perdas de carga nos
condutos que formam o anel é zero. Para tanto, atribui-se a perda de carga o mesmo
sentido da vazdo e convenciona-se 0 sentido horario como positivo e 0 outro sentido
negativo, como exemplificado na rede malhada ABCD, mostrada a seguir, cujo anel é
formado pelos trechos 2, 3, 4e 5.
qb
f a ae Qe
A sam
as] ahs
™N
‘ hg|Qo
0 —> ohy Cc
e
ad Q4 4
Figura 4.7 - Rede malhada
EAh=0 (4.28)
Ah, + h,- Sh, - Ah, = 0
5Fundamentos de Engenharis Heelies
A determinagao das vazoes em cada trecho do anel é obtida pelas equacoes (4.27) €
(4.28) e mais as equacées de perda de carga, que formam um sistema de equacdes nao
lineares, cuja solugéo s6 possivel através de processos iterativos. O método de célculo
manual mais utilizado para resolver este problema denomina-se balanco de energia,
também conhecido por método de Hardy-Cross.
A metodologia utilizada no método de Hardy-Cross, apresentada no fluxograma da
Figura 4.8, parte de uma estimativa para as vaz6es nos trechos do anel, de tal modo a
atender a equacéo (4.27) e com base nesses valores é calculada a perda de carga corres-
pondente para verificar a equacdo (4.28). Se esta é atendida, a estimativa esta correta
@ as vaz6es nos trechos determinadas. Caso isso nao ocorra, a vazo estimada deve ser
corrigida de AQ , cujo fundamento matematico € apresentado a seguir:
aera ESTIMAM-SE FIXAM-SE_
‘Compr. dos trechos-L_ |] Vazdes nos trechos | ——a} Didmetros nos trechos
Coet. perda de Carga -B 30-0 >
4
caLcULanase
Perdas de ara nos
trechorh
Yah #0
CALCULA-SE
pean
azah\@
¥
CORRIGEM SE:
| As vazdes nos trechos
Figura 4.8 - Fluxograma pare equilbrio do anel
Seja Ah a perda de carga num trecho genérico, representada pela expressao
an=p Su
116éscoamento em seas de condos lorados|Captulo &
em que f, De L sao conhecidos. Assim, pode-se escrever:
Ah=rQ sendo
Seja Q, as vaz6es estimadas nos trechos, na iteracdo -o:, e que atenda ao
primeiro principio:
em cada n6,
Se 0 anel estiver equilibrado, pelo segundo principio, tem-se
Yh, = DQ =0
Caso isso nao se verifique, ao valor Q, deve-se adicionar um valor AQ,
para a devida correcéo, assim:
a=
+ AQ,
Para que a nova vazao Q, atenda ao segundo principio ¢ necessario que:
Yah=F1(Q, +AQ)” =0
Desenvolvendo o termo entre parénteses da equacao anterior, por meio
do binémio de Newton ¢ desprezando os termos onde AQ, é elevado a
expoentes superiores a unidade tem-se’
TH +nQF7AQ, +...)=0
YQ} = =n rQpAQ,
s0,- Lar, (4.29)
0 TS" Ah, /Q,
Exemplo 4.5
Na rede de distribuicéo, cujo esquema ¢ apresentado a seguir, equilibrar
as vazbes nos trechos do anel e calcular as press6es disponiveis nos nés da
rede, sabendo-se que o nivel de dgua no reservatorio esta na cota 100,00.
As tubulac6es a serem utilizadas sao de ferro fundido, com coeficientes de
perda de carga da formula de Hazen-Williams iguais a 100.
17Fundamentos de engenaria Hii:
Solugao
A solucao deste problema compde-se de duas partes. A primeira, denomi
nada equilibrio do anel, na qual sao determinadas as vaz6es nos trechos
da malha pelo método de Hardy-Cross. Na outra parte, as pressdes sao
calculadas seguindo a mesma metodologia utilizada para as redes ramifi-
cadas, ja que 0s valores das vaz6es e os seus sentidos so conhecidos apés
a primeira parte, como mostrado a seguir
* Equilforio do anel
O quadro a seguir apresenta os resultados do equilibrio do anel pelo método
de Hardy-Cross. As vaz6es iniciais Q, atribuidas aos trechos das tubulages
estao mostradas na figura seguinte e atendem ao principio da continuidade
em cada né (equacao 4.27).
Q=70us
Q= 40 Us
Trecho LD Q, dh, Ah/Q, Q, dh, Ah/Q, Q, Ah, Ah /Q,
m_omm Vs om vs om Vs om
12 100 100 40 058 015 452 0,72 0,16 465 0,76 0,16
23° 70 50 -1,0 091 0,91 -048 -0,23 0,48 -0,35 0,13 0,37
m4 75 0,34 248-072 0,29 2,35 065 0,28
E435 140 0,23 0,93 002 0,81
AQ, = 0,52 AQ, = 0,01
118count em sbiemas de condos fread | Capulo 4
Observacoes:
1- Quando os diémetros nao sao conhecidos, estes podem ser escolhidos
com base nas capacidades maximas apresentadas nos Quadros 3.12 e 3.13
2- Anorma brasileira para redes de distribuicdo de agua (NBR 12218/94),
no caso de equillbrio de anéis, tolera um residuo de vazdo e carga piezo-
métrica de 0,11/s e 0,5kPa, respectivamente.
* Determinacao das press6es disponiveis:
Trecho =D Ah, _CotaPiezométrica Cota do Terreno _Pressdo Disponivel
mm m M 4 M 4 M J
RI 150 0,23 100,00 99,77 95,00 80,00 5,00 19,77
1-2 100 0,76 = 99,77. 99,01 80,00 65,00 19,77 34,01*
13 75 0,65 99,77 99,12 80,00 70,00 19,77 29,12
32 50 0,13 _-99,12_—-98,99 70,00 -65,00_—29,12_—_—33,99*
“A aiferenca entre esses dois valores se deve ao residuo deixado no equilorio do anel (ZAh = 0,02 m)
Exemplo 4.6
Determinar a vazéo que passa em cada trecho do anel da rede de distribui-
ao esquematizada a seguir, considerando 0 coeficiente de perda de carga
da formula universal f = 0,025.
q=30us
q= 1200s
q=40ls
19Fundamentor de Engenhori Widen
Solucio
‘Anei Techo LDQ, ah, Ah/Q, @, ah, Ah/Q, Q, ah, AhJQ,
momm Ws om ifeveteaim| Vs__m
72 100 100 40 033 008 404 034 008 407 0,34 0,08
23 90 50 10 060 0,60 1,04 064 0.62 1,07 0,68 0,64
3-1 130 75 3,00 -1,02 0,34 -3,03* 1,04 0,34 3,01 -1,03 0,34
Ee 009 1,02 0,06 1,04 001 1,06
AQ, = 0,04 4Q, = 0,03 4Q, = 0,00
31130 75 300 102 O34 303" 104 O34 301 1,03 034
W_ 34 100 50 -1,00 066 066 0,93 0.57 0,61 056 061
41 100 100 5,00 -052 0,10 -4,93 -0,50 0,10 0,50 0,10
B= -016 1.10 0,30 1,05 0,03 1,05
AQ, = 0,07 AQ, = 0.01 AQ, =0,01
*No trecho comum aos dois anéis, a correcao do valor da vazao fica afetada
do valor de AQ dos dois anéis, assim:
trecho 3-1: AQ = AQ p- AQuer
trecho 1-3: AQ = AQnvai p - AQanerp
Portanto, as vazbes que escoam no anel da rede de distribuicdo sao: Q, ,
4,07 U5, Q,5 = 1,07 V5, Q,, = 3,01 U5, Q,5=
O método de Cornish visto no item 4.2 também pode ser utilizado no caso
de rede de condutos, onde as vaz6es podem ser consideradas concentradas
nos nés, principalmente para andlise das condicées de escoamento em
sistemas de tubulaces com algumas piezomeétricas fixas, tal como os nds
que representam os reservatérios. O exemplo a seguir ilustra o emprego
deste método.
192 U5 €Q,4 = 4,92 Vs.
Exemplo 4.7
A rede de condutos mostrada no esquema e na tabela da figura a seguir
esta ligada a trés reservat6rios localizados nos nés A, C e F, cujos niveis de
gua esto nas cotas 70,00, 40,00 e 30,00, respectivamente. Analisar as
condicées de escoamento dessa rede, tendo em vista as caracteristicas dos
condutos apresentadas na figura
120scoament em sstemas de condos frgados | Capitulo &
eer Compas Diametro eric mel
Trecho
am mm
A 8 c. 7B 200) 120
r—J Bc 200 120
AD 250 120
BE 150 120
OE 200 120
lb E EC 150 120
OF 150 120
FE 200 120
——__—@ F
Solucéo
A solucdo deste problema pelo método de Comish requer uma estimativa
preliminar das piezométricas nos nés B, D e E, jé que nos outros nés estas sao
conhecidas (Piez.A=70,0m, Piez.C=40,0m, Piez.F=30,0m). Os valores assumidos
neste caso (Piez. B=55,0m, Piez.0=50,0m, Piez.E=45,0m) sao escolhidos entre
05 valores maximos e minimos das piezométricas conhecidas. As vaz6es que
escoam nos trechos sao calculadas a partir da equacéo de Hazen-Williams,
sendo a perda de carga igual a diferenca entre as piezométricas de montante
e jusante e as demais variaveis da equacao séo dadas no problema, Posterior-
mente & determinacao das vaz6es, as piezométricas so corrigidas através da
equacao (4.26).
Piez. B ‘Trecho BA. ‘Trecho BC ‘Trecho BE
mo ah QQ Ofth Ah QS ah QA
mm/s mi/sm om mss om m/s m/s.m_
55,00 15,00 0,050 0,003 15,00 -0,073 0,005 10,00 -0,027 0,003 -8,49
46,51 23,49 0,064 0,003 6,51 -0,046 0,007 3,69 -0,016 0,004 0,18
46,69 23,31 0,064 0,003 6,69 -0,047 0,007 40,3 -0,017 0,004 -0,05
46,64
Piez. D ‘Trecho DA ‘Trecho DE ‘Trecho DF
m ~ oh Q@ Qh dh Q Qiah dh Q Qh az
mm/s m/s.m om __om’s_m/sm om __m/s_m/s.m_m.
50,00 20,00 0,153 0,008 5,00 -0,028 0,006 20,00 -0,022 0,001 13,37
63,37 6,63 0,084 0,013 20,54 -0,059 0,003 33,37 -0,029 0,001 -0,47
62,90 7,10 0,087 0,012 20,24 -0,059 0,003 32,90 -0,029 0,001 -0,04
6287
Piez.E Trecho EB Trecho EC Trecho ED Trecho EF
m 4 Q Q/ah Sh Q Qlah dh Q Qiah Ah Q Q/dn AZ
m_m/s mi/sm_m_m’s m/sm_m__mi/s m/s.m_m_ m/s m/sm_m
45,00 1,51 0,010 0,007 5,00 -0,013 0,003 18,37 0,056 0,003 15,00 -0,073 0,005 -2,18
42,82 3,87 0,016 0,004 2,82 -0,010 0,003 20,08 0,059 0,003 12,82 -0,067 0,005 -0,16
42,66 3,98 0,017 0,004 2,66 -0,009 0,003 20,20 0,059 0,003 12,66 -0,066 0,005 -0,02
42,64
12Fundamantos de Engetasia Hdrlice
Problemas
4.1 Dois reservatorios R, e R, possuem seus niveis de 4gua constantes e nas cotas 75
© 60 respectivamente. Uma adutora, composta por dois trechos em série, interliga
esses dois reservatérios. Tendo em vista as caracteristicas da adutora, apresentadas
a seguir, pede-se determinar a vazao escoada.
Trecho 1: D,= 400 mm, L,=1000 m, coeficiente de perda de carga C,=110
Trecho 2: D,= 300 mm, L, = 500 m, coeficiente de perda de carga C,= 90
4.2 0s condutos mostrados na figura seguinte so destinados a conduzir 4gua do
reservatério R, para o R, que tem seus niveis de 4gua mantidos constantes nas cotas
82,0 e 70,0, respectivamente. Desprezando as perdas de carga localizadas, pede-
-se calcular a vazdo nos condutos e a presséo no ponto C, que esté localizado na
cota 68,00.
Trecho Um) Dim) f
AC 1500 200 0016
Bc 1000 100 0022,
d_ 900 300 0,020
Coeficiente de perda de carga da
‘formula Universal
4.3 Uma tubulacao de 200 mm de diametro, 4000 m de comprimento e coeficiente
de perda de carga da formula Universal (f) igual a 0,020 conduz gua entre dois
reservatorios cuja diferenca de nivel é 40 m.
a) Considerando somente a perda de carga continua e desprezando a parcela da
energia cinética, determinar a vazao entre os dois reservatérios.
b)_Desejando-se aumentar em 20 Us a vazo transportada, optou-se pela colocacso
de um trecho de tubulacéo, com as mesmas caracteristicas da anterior, inclusive 0
comprimento, em paralelo com a existente. Determinar a extensao desse trecho.
4.4 Uma medigo de vazdo no trecho BC, na rede de condutos apresentada a se-
Quir, mostrou que o sentido de fluxo neste trecho é de B para C e que vale 40 I.
Determinar as vaz6es dos trechos AC, AB, CD e BE e os comprimentos dos trechos
BE e CD, sabendo-se que a cota piezométrica medida em B vale 78,00.
Trecho Lm) _Dimm)_¢
AB 1000 300130
AC 1200 300 100
co BC 200 250100
tx Be = 250130
© (CD arse 100] 100)
(ei Coeficiente de perda de carga
dda formula de Hazen-Wiliams
12Escoamento em sistemas de conduit orgade|Captlo 4
4.5 A tubulacdo ABCD, mostrada na figura a seguir, é destinada a atender aos con-
sumidores localizados entre BC, bem como a abastecer o reservatorio de jusante.
Supondo que dois tercos da vazéo seja distribuda nas duas tubulacdes em paralelo
de BC e 0 outro terco abasteca o reservatério de jusante, pede-se calcular as vazGes
de distribuicao em marcha, supondo toda a tubulacao composta por tubos de 100
mm de diametro, com coeficiente de perda de carga “f"da formula de Universal
igual a 0,02
100,09
a
ey ls
s = 129
“ay oo 59.00
”
3
A @° c 13 = 1500 m a
ae
4.6 Determinar as vaz6es nas tubulacées do sistema de distribuigao na figura a seguir.
Trecho Um) _Dimm)__f_
‘iB 5000300 0,020
Ave 5000 300 0,020
BC 3000 200 0,020
Bo __4000_300__0,020
Coeficiente de perda de carga da
40's formula Universal
4.7 Fazer o pré-dimensionamento da rede do trecho RABCD, com base em critérios
econémicos, supondo a utilizacéo de tubos de PVC com diametros de 100, 150,
200 e 250 mm. Determinar o valor da pressao no ponto D.
420
40470480 ° 440
g=3ls
NA=520
123Fundmentos de Engenharia Hiren
4.84 rede de distribuicao, apresentada a seguir, deve abastecer um condominio,
assentado num mesmo nivel, cujo consumo maximo ¢ de 8,33 M/s.
a) Fazer 0 pré-dimensionamento da rede, supondo o aproveitamento dos tubos de
PVC disponiveis (D = 50, 75, 100 e 150 mm).
b) Calcular 0 nivel minimo de agua no reservatorio, para que a pressdo minima
nesta rede seja de 15,0 mea, utilizando a formula de Hazen-Williams para perda de
carga.
L= 500m
= 1000m
TRECHO VIRGEM
L= 520m
L= 100m,
L= 630m
4.9 Equilibrar as vaz6es do anel mostrado na figura a seguir e determinar as pressbes
disponiveis nos nds, utilizando tubos de diametro de 50, 75, 100 e 150 mm, com
coeficiente de perda de carga da formula Universal igual a 0,020
cT=4760
-- O=40Us
> A L= 800m B
L= 400m L= 400m
o=30us
T= 4700 T= 4660
CT : cota do terreno
4.10 Determinar as press6es na rede de distribuigéo de agua mostrada na figura a
seguir, supondo-a formada por tubos de PVC.
40 490470 480450 440 480
Dados: L,,= 500m ly = 600m L,.= 300m Lb. = 600 m L,.=300 m L,,= 500m
4Capitulo 5
Maquinas hidraulicas
© objetivo deste capitulo ¢ dar uma visdo geral a respeito das maquinas
hidrdulicas, principalmente das turbinas e das bombas, mostrando suas
semelhancas e suas diferencas, visando proporcionar 0 entendimento do
‘emprego destas maquinas em hidrelétricas e estagdes de bombeamento,
5.1 Introdugao ae
‘As m&quinas hidraulicas promovem as trocas entre as energias mecanica e hidraulica
e se dividem em duas grandes categorias, de acordo com 0 sentido da troca de energia,
em turbinas e bombas. As turbinas recebem energia hidréulica, proveniente normalmente
de quedas d’aqua, transformam-na em energia mecénica. Posteriormente, esta energia
6 transformada em energia elétrica pelos geradores nas centrais hidrelétricas. J4 as bombas
transformam a energia mecanica que recebem dos motores em energia hidraulica,
possibilitando transportar e elevar fluidos a grandes distancias e elevadas alturas, que
atendem desde as pequenas instalacdes hidraulicas prediais aos grandes sistemas de
irrigacdo, abastecimento de agua etc.
5.2 Descricgdo e condicées gerais de instalagao das tur
AAs primeiras turbinas surgiram na forma de toscas rodas d’agua, utilizando somente
a energia cinética dos cursos d’égua. Posteriormente, passou-se também a utilizar a
energia do peso "Agua, dando inicio aos aproveitamentos das quedas d’agua em 1827.= -
Fundamentoe de Engenbari Mes
Melhoramentos substanciais foram realizados nas rodas d'agua, dando origem as turbinas
atualmente empregadas nas centrais hidrelétricas
As turbinas sao constituidas, basicamente, de um rotor e um distribuidor. O rotor &
uma pea dotada de um eixo sobre a qual estdo dispostas pas. A agua proveniente do
distribuidor atua sobre essas pas, originando uma rotacdo, que proporciona o movimento.
do eixo e a poténcia do gerador. J4 0 distribuidor tem a funcao de orientar a agua até
0 rotor e regular a vazdo turbinada.
Dependendo da forma que a dgua atua nas pas do rotor, as turbinas sao classifi-
cadas em turbinas de agao e reacao. No primeiro tipo 0 jato incide livremente nas pas,
através de um distribuidor em forma de bocal, sob a aco Unica da energia cinética,
enquadrando-se neste tipo as turbinas Pelton. Nas turbinas de reacdo, 0 escoamento
junto ao rotor € realizado sob pressdo, sendo parte da energia do liquide transformada
em energia cinética ainda no distribuidor, como nas turbinas Francis e Kaplan. Na Figura
5.1 s80 mostrados os rotores das turbinas tipo Pelton, Francis e Kaplan, e as Figuras 5.2
€ 5.3 ilustram as disposicées das turbinas de aco e de reacéo, respectivamente, nas
instalacoes hidrelétricas.
&
(a) (b) ©
Figura 5.1 - Rotor das turbinas (a) Pelton, (b) Francis e (c) Kaplan
ecervetsie CChaminé
de moniarte
:
‘Rg ah
Conduite forgado i
5 canal ote
Figura 5.2 - Esquema de instalagdo hidrelétrice com turbina de acao (Pelton)
Os nomes Pelton, Francis e Kaplan sao origindrios dos nomes dos engenheiros que
desenvolveram as primeiras turbinas desses tipos, tendo sido a primeira delas construida
por Francis, em 1849; em 1880 Pelton desenvolveu a primeira turbina de aco e em
1912 Kaplan fez a primeira experiéncia na turbina que posteriormente levou o seu nome.
126Maquina hile | Canto S
Outra classificacao das turbinas diz respeito a trajetoria da agua no rotor, podendo ser:
* radial, quando a 4gua entra no rotor segundo o raio e sai na direcdo do
eixo, como nas turbinas tipo Francis;
© tangencial, quando a incidéncia do jato no rotor € tangencial, como
nas turbinas Pelton;
© axial, quando a Agua que circula sobre o rotor tem, aproximadamente,
a direc3o do eixo, como nas turbinas Kaplan.
camara
de carga
Piezométioa?®
Figura 5.3 - Esquema de instalacao hidrelétrica com turbina de reacdo
Turbina Pelton (Laborat6rio de Hidraulica - UFMG)Fundamentos de Engenharia Wrulca
5.2.1 Arranjo das instalacdes hidrelétricas
© arranjo das instalacoes hidrelétricas depende, basicamente, das caracteristicas,
topogréficas e geolégicas locais, da vazao maxima turbinada e da queda d’agua dispo-
nivel. Entre os principais componentes do circuito hidraulico, destacam-se:
* a barragem que permite a regularizacio das vaz6es afluentes do curso
d’agua, a formacéo do desnivel necesséirio ao funcionamento das turbinas
€ 0 desvio das aguas do rio;
* a tomada d’agus destinada a captacao da vazao a ser turbinada, po-
dendo estar integrada a uma barragem ou estar vinculada a um canal de
derivacao, simplesmente;
* conduto ou tunel forcado 6 uma tubulacao que funciona sob pressao,
destinado a conducao da agua desde a tomada d'agua até as turbinas, no
interior da casa de forca;
* casa de forca destinada ao abrigo das turbinas, geradores e acess6rios
hidraulicos e elétricos;
© canal ou tanel de fuga que visa a restituicao da vaz40 que passa pela
turbina ao leito natural do rio.
A Figura 5.4 apresenta trés arranjos tipicos de hidreletricas, onde se destacam as
estruturas de tomada d’dgua dotadas de barragem (a) e (b) e canal de derivacao (©),
além dos condutos forcados (b) e (c) que alimentam as turbinas e das casas de forcas
(a), (b) e (©)
Conjunto de condutos forcados para alimentagéo de turbinas (UHE Gafanhoto, MG)
28Méauinas iis Capo 5
cass de forge
@
»
condutoforgade Casa de
‘era He
srt Canal do tug |
\
“Turbine Francis
©
Figura 5.4 - Secoes lonaitudinais de instalacOes hidreétricas
Fonte = Adaptado do Manual de ventaio da Eletrbrés
29Fundaments d Engenharia Widrslice
5.2.2 Potencial hidraulico
A avaliagio do potencial hidraulico bruto de um aproveitamento hidrelétrico é calcu-
lada pela seguinte formula:
P,=7-O-H, G.1a)
em que’
,: poténcia hidrdulica bruta, em W
‘ys peso especifico da égua (y ~9806 N/m? )
Q:: vaz8o que passa pela turbina, em m/s
H,; queda bruta ou diferenca entre of niveis d’égua no reservatério de
montante e imediatamente a jusante da turbina, em m
Utilizando para 0 peso espectfico da agua o sistema técnico (y =1000kgf/m") €
mantendo as outras unidades das variveis, a equacao (5.12) transforma-se na equacao
(5.1b) mostrada a seguir:
P,=9,81-7-Q-H, (5.1)
As Figuras 5.2 e 5.3 mostram que a queda bruta H, nao é aproveitada integralmente
devido as perdas de carga existentes na conducao da gua até a turbina Ah. Portanto,
a queda efetivamente aproveitada, ou queda Util H é a diferenca entre a queda bruta
ea perda de carga.
oH
Ah
Consequentemente, a poténcia hidréulica disponivel P,, originada da equacao (5.1b),
dada em Watt (W), é
P,=981-y-Q-H (5.2)
‘Além das perdas de carga que ocorrem até a turbina, tem-se que se considerar
também as perdas existentes dentro desta, nao s6 devido as perdas de carga ao longo da
trajetoria percorrida pela Agua, mas também devido as perdas volumeétricas entre as vaz6es
afluentes e efluentes na turbina, bem como as perdas por atrito. Essa perda é expressa
em termos de rendimento da turbina n. Assim, a poténcia efetivamente transmitida ao
gerador é dada por:
P=981-y-Q-H (5.3)
em que:
poténcia efetiva, em W
peso especifico da agua, em kgf/m?
vazao turbinada, em m/s
queda util sobre a turbina, em m
rendimento da turbina
Ss rozr
130Maquina hides | Captlo S
__5.3 Descrigao e condigées gerais de instalacao das bombas
A classificagéo, segundo o processo de transformacao de energia no interior das
bombas, engloba os tipos mais significativos dos sistemas de bombeamento, quais sejam:
© Bombas volumétricas
* Turbobombas
‘As bombas volumétricas so assim denominadas por utiizarem a variacao de volu-
me do liquido no interior de uma camara fechada para provocar a variagao de pressao.
‘A variacao de volume € realizada pela acao de movimentos rotativos ou alternativos, e
por causa disso recebem as denominacdes de bombas rotativas e bomba pistdo que so,
mostradas na Figura 5.5
Bomba pistdo Bomba de engrenagens Bomba de palhetas
Bombas rotatvas
Figura 5.5 - Bombas volumétricas
As bombas do tipo turbobombas sao as mais utilizadas atualmente. Dotadas de uma
parte mével denominada rotor, que se movimenta dentro de uma carcaca, pela acao do
motor, produzem o movimento do liquido. Essa energia cinética parcialmente conver-
tida em pressao no interior da Bomba, permitindo que o liquido alcance posicbes mais
elevadas, ou mais distantes, através da tubulacao de recalque. As bombas podem ter um
Linico ou varios rotores dentro da carcaca, assentados sobre o mesmo eixo. No primeiro
caso so denominadas de simples estagio, no outro de muitiplos estagios. As bombas
de mtiltiplos estagios s4o proprias para sistemas que precisam recalcar grandes alturas
manométricas, sendo 0 efeito da quantidade de rotores sernelhante ao da colocacéo de
bombas em série, assunto a ser tratado no Capitulo 6. A Figura 5.6 mostra alguns dos
tipos de bombas citados neste item.
‘As turbobombas, quando admitem o liquide por um lado do rotor somente, s80
denominadas de succéo simples e de succdo dupla quando admitem liquido dos dois
lados, conseguindo, desta maneira, maior equillbrio do rotor. Por isso, as bombas de
succao dupla sao mais indicadas para as grandes vaz6es, ja que esto sujeitas a esforcos
mais elevados.
Oeixo entre a bomba e o motor pode estar na posicao horizontal ou vertical. O tipo
horizontal € mais utilizado por ter um custo, normalmente, mais baixo; entretanto, 0
eixo vertical permite reduzir a altura geométrica de sucao, reduzindo com isso os riscos
de cavitacao, conforme relata 0 item 6.4 do capitulo seguinte
BtFundomentos de Engenharia Mdrsulca
Quanto a trajetéria da dgua no rotor, de maneira semelhante as turbinas, as turbo-
bombas sao radiais, mistas e axiais.
‘As bombas radiais, mais conhecidas por centrifugas, tém essa denominacéo devido
a trajetoria do fluxo, dentro do rotor, que se faz segundo um plano radial (normal a0
eixo) e, entdo, é impelida pela forca centrifuga do centro para fora
‘As bombas axiais tam trajet6ria do fluxo segundo a direcéo do eixo da bomba, sen
do empregadas para grandes vaz6es e baixas alturas manométricas . As bombas axiais
nao utilizam a forca centrifuga, mas a forca de sustentacao. Para aumentar esta forca,
© rotor possui perfil aerodinamico, com aspecto de hélice
As bombas mistas, também conhecidas por diagonais, possuem um tipo de rotor
cujo flux0 é diagonal ao eixo, sendo, portanto, um tipo intermedidrio entre as centrifu-
gas e as axiais
on cenrig de ao veri e iris scsto
‘Seis iowan
=p
entangle sees
onde etogoe
Somos cera es hora com sa echo
Sstoloptoana! mda ea
Figura 5.6 — Turbobombas,
132Maguinas haus | Capa S
Bomba centrifuga (Laboratério de Hidréulica — UFMG)
5.3.1 Instalacao elevatéria
As elevatorias, embora possam ter formas variadas, devido as exigéncias das insta-
lacées, costumam apresentar-se, em varias situacdes, segundo o esquema da Figura 5.7.
Na Figura 5.7 destacam-se alguns aparelhos, com as seguintes funcoes:
* A.vélvula de pé com crivo & uma valvula de retengio que se instala na
extremidade inferior da tubulacao de succéo, quando a bomba esté locali-
zada acima do nivel de agua do paco de suc¢éo, com 0 objetivo de impedir
© retorno do liquido quando a bomba para de funcionar. Desta maneira
a bomba e a tubulacao de succéo poderdo estar sempre chelas de agua
(escorvadas). Caso contrério, a depressao criada na entrada da bomba pode
no ser suficiente para recalcar 0 liquide e a bomba trabalha vazia, sem
fazer o recalque. O ctivo que vem acoplado a valvula tem a finalidade de
impedir a entrada de particulas sélidas no interior da bomba
* A reducao excéntrica & a peca que se adapta a tubulacao de succéo,
geralmente de maior diametro, a entrada da bomba, de menor diametro. A
excentricidade exigida nesta peca tem a finalidade de evitar 0 acémulo de
bolhas de ar na secéo de entrada da bomba. Quando estas bolhas ocupam
toda a seco, provocam a separacéo da coluna liquida.
* O motor de acionamento tem a finalidade de fornecer energia mecani-
ca as bombas. A fonte de energia dos motores, normalmente, é elétrica,
podendo-se utilizar também motores de combustdo. A unido entre a
bomba e 0 motor ¢ realizada por luva elastica, ou por meio de eixo rigido,
1no tipo monobloco
133Fundamentor do Engenharia Hiden
* A.bomba é 0 dispositivo utilizado para adicionar energia ao escoamento
da agua, conforme jé visto nos itens anteriores. Uma andlise a respeito
desse assunto ¢ realizada no Capitulo 6.
© Avélvula de retencao destina-se a protec3o da bomba contra o retorno
da Agua e a manutencéo da coluna liquida por ocasi8o da parada do motor.
© Avélvula ou registro um aparelho que deve ser instalado logo a seguir
a valvula de retenco, visando a manutenco desta, bem como 0 controle
da vazéo. O tipo mais utilizado nas instalagdes elevatorias ¢ o de gaveta,
‘Tubo de recalque
Registro de gaveta
Valvula de retengao
Redugao concénitica
Redugao
curade _, ®xc8ritica_“H Bomba Motor
iolongo
“Tubo de sucedo
NA minima
Valvula de pé
crivo
Figura 5.7 Esquema de uma instalagao elevatoria tipica
‘SuegHo positiva (hs > 0) ‘Sucgio negative (hs <0)
Figura 5.8 - Posicgo da bomba em relacéo a0 poco de succ3o
134Miguinas hidrducas | Capo S
Quando 0 eixo da bomba esta acima do nivel de agua do poco de succao, a instala-
<0 da bomba é dita de succo positiva. No caso contrarro, a sucgao € negativa e diz-se
que a bomba esta afogada (ver Figura 5.8).
Nas instalac6es elevatorias de succéo negativa, os aparelhos usados na succao di-
ferem um pouco daqueles apresentados na Figura 5.7. Um desses aparelhos é a valvula
de pé que se torna desnecesséria, uma vez que a tubulacao se mantém cheia, ja que ela
se encontra abaixo do nivel de agua no poco de succéo. Estando esta tubulacao cheia,
para se fazer a manutencSo da bomba, é necessario um registro na tubulacao de succéo,
préxiro & bomba, que deve ser fechado somente para tal manutencao.
5.3.2 Parametros hidraulicos de uma instalag&o de recalque
Altura manométrica
A altura manométrica H,, representa a energia absorvida por unidade de peso de
\iquido ao atravessar a bomba, ou seja, € a energia na saida da bomba menos a energia
da entrada. A equacao de Bernoulli, quando aplicada entre dois pontos que contém uma
bomba, deve levar em conta essa energia H,,, como mostrado a seguir, estando 0 ponto
1 localizado a montante da bomba e o ponto 2 a jusante da mesma.
+H, =Z, +2422 4Ah,,
Y 29
Se os pontos 1 € 2 estiverem sujeitos a pressdo atmosférica, tal como nas superficies
de agua dos reservatorios, e se a diferenca de energia cinética for desprezivel, tem-se:
e a 0
Ff
u,z0 e U,z0
Portanto,
H,, -Z, Ah,
Onde Z, - Z, € 0 desnivel geométrico, ou a altura geométrica entre os dois pontos
considerados, daqui para frente representado por H,. Portanto, neste caso, a altura
manomeétrica H,, é a altura geométrica H, mais as perdas de carga Ah, , ocorridas na
tubulacao que interliga os dois reservatorios, conforme mostrado na equacao (5.4):
(5.4)
135Fundoments de Engenharia dren
Os termos da equaco anterior podem ser divididos em duas parcelas, sendo uma rela-
tiva a succdo e a outra ao recalque, conforme mostra a Figura 5.9 e demonstra-se a seguir:
1, +H,
hth,
em que:
H, — =altura manométrica de succdo
h, — =altura geométrica de succéo
Ah, = perda de carga na succdo
H,— =altura manométrica de recalque
fh, — =altura geométrica de recalque
Ah, = perda de carga no recalque
Linha Piezomélricanf “Ws. (2) hh
inna Piezométrca
Figura 5.9 - Parémetros hidréulicos de uma instalagio de recalque
Poténcia e rendimento do conjunto elevatério
A poténcia hidréulica, numa instalacéo de recalque, € o trabalho realizado sobre
© liquido ao passar pela bomba em um segundo, podendo ser expressa pela equacao:
Puy Q-H,, (5.5a)
136Maguins idles Capitulo S
poténcia hidrdulica em W
peso especifico da agua em N/m? (y ~9806 N/m* )
vazao bombeada em m/s
altura manométrica em m.
TORS
No caso de escolha de bomba, é mais frequente o uso de cavalo vapor (cv)
para a unidade de poténcia. Neste caso, a expressao anterior, no sisterna
tecnico, é a seguinte:
= YA (6.5b)
"75
poténcia hidraulica em cv
peso especifico da agua em kgf/m? (y ~1000 kgf/m’)
vazao bombeada em m/s
altura manométrica em m.
2
ro
Para que o liquido receba a poténcia requerida P,,, a bomba deve receber uma po-
tencia superior & poténcia hidraulica, pois normalmente ha perdas no seu interior. Essas
perdas se devern, geralmente, aos seguintes fatores:
* aspereza da superficie interna das paredes da bomba
® recirculacéo do liquido no interior da bornba
* vazamentos através das juncées
* energia dissipada no atrito entre partes da bomba
* energia dissipada no atrito entre 0 fluido e a bomba
A razio entre a poténcia hidréulica P, e a poténcia absorvida pela bomba P, ¢
denominada rendimento ou eficiéncia da bomba n,. Os rendimentos das bombas variam
bastante, conforme a vazao Q, a altura manométrica H,, € 0 tipo da bomba, estando,
normalmente, entre 30% e 90%. Portanto, a poténcia da bomba, ou poténcia trans-
mitida ao motor é dada por:
QH,
75ng
Para efeito de avaliacao da poténcia do conjunto elevatério (motor e bomba), ¢ ne-
cessario conhecer, além do rendimento da bomba n,,, 0 rendimento do motor n,,, que &
a relacdo entre a poténcia que o motor transmite e a que ele recebe da fonte de energia
(n,, = P,/P). Desta maneira, a poténcia recebida pelo motor, também denominada de
poténcia do conjunto motobomba, é dada por:
af
Nw 75neMy
= 1QH, 5.7)
Pe 75m oaFundomentor de Engen Md
sendo:
11: rendimento do conjunto motobomba (n = 1,.7,)
P: poténcia absorvida pelo conjunto motobomba em cv
5.3.3 Dimensionamento econémico da tubulacao
Normalmente, a determinacao da tubulacao de recalque ¢ realizada segundo um
critério econdmico, considerando nao somente a tubulacao propriamente dita, mas todo
© conjunto elevatério, devido as implicacbes explicadas a seguir:
* um diametro pequeno para a tubulacdo ocasiona uma perda de carga
maior e, portanto, uma altura manométrica e poténcias do conjunto
motobomba mais elevadas (ver equacées 5.4 e 5.5); consequentemente, 0
conjunto elevatério tem custo maior, e as despesas com energia também
80 mais elevadas, embora o custo da tubulagdo seja menor;
© um diametro maior para a tubulac3o implica despesa mais elevada para
aimplantacao da tubulacao; entretanto, proporciona menor perda de carga
e, consequentemente, a poténcia fica reduzida, resultando em custo menor
pata a aquisicao e operacao dos conjuntos elevatorios.
diémetro da tubulacao mais conveniente, economicamente, € aquele que resulta
‘em menor custo total das instalacées. Este didmetro é chamado de diametro econémico
Estes aspectos podem ser ilustrados através do grafico da Figura 5.10, em que a curva “I"
Tepresenta a variacdo dos custos de tubulacao (material mais assentamento) em relacao
ao diametro da tubulagdo; a curva “II” representa a variacao dos custos de implantacdo
dos conjuntos motobomba mais equipamentos e despesas com energia. A curva "Ill"
corresponde a soma dos custos da curva "|" e “II” (AB + AC = AD), fornecendo, portanto,
© custo total da instalacao elevatoria. O diametro econdmico é aquele correspondente
a0 ponto de menor custo da curva “III”
custo
um
°.
1
Minimo _ a |
oe
| sb u
| Digfretvo Econdnico
x Oman DIAMETRO
Figura 5.10 - Despesa versus diametro numa instalacao elevatéria
138Maguinasheraulcas | CapuloS
Funcionamento continuo
A instalagdo elevatoria ¢ considerada de funcionamento continuo quando trabalha
24 horas por dia (apenas com répidas interrup¢bes para a manutencao). A determinac3o
analitica do didmetro econdmico neste caso, utiizando o método citado anteriormente,
fornece a formula de Bresse para a determinacao do didmetro de recalque:
D,=KJQ (5.8)
em que:
D,= diametro de recalque, em m
Q = vazio recalcada, em mi/s
K = fator da formula, de Bresse
Ovalor do fator K depende de alguns fatores econdmicos envolvidos na implantagso
@ na manutencao da elevatéria, tais como a tarifa da energia elétrica ou do combustivel
e dos precos de tubulacao e equipamentos adotados. O valor de K oscila conforme a
época € a regido, variando de 0,6 a 1,6, sendo o valor mais frequente em torno de 1,0;
entretanto, por medida de seguranca, adota-se K=1,2 quando as informac6es econémicas
so insuficientes para uma andlise mais detalhada:
Como 0 valor do diametro calculado raramente coincide com o valor padronizado
comercialmente, € comum adotar 0 didmetro comercial mais préximo ao calculado.
Para o diémetro da tubulacao de succéo adota-se o diametro comercial imediatamente
superior ao diarnetro adotado para o recalque.
Funcionamento descontinuo
Muitas vezes 0 funcionamento do conjunto motobomba nao é continuo. Tal situagao
ocorre, por exemplo, no bombeamento de agua para os reservatérios de residéncias ou
edificios. Para estes casos, a Associagio Brasileira de Normas Técnicas recomenda a seguinte
expressao:
D, =0,586X"* JQ (6.9)
sendo D, 0 diémetro da tubulagao de recalque em m, X o ntimero de horas de
funcionamento por dia e Q a vazéo em mis.
Exemplo 5.1
Num prédio de 10 pavimentos, com 6 apartamentos por andar, seré mon-
tada uma estacéo de bombeamento de agua que deverd funcionar 8 horas
por dia. Admite-se uma quota de 200 litros por habitante por dia e uma
média de 5 habitantes por apartamento. Supondo que as tubulacoes sejam
de aco galvanizado, pede-se determinar os didmetros das tubulagbes de
recalque e succao.
139Fundamantor do Engonhatie Hdrduics
Solugao
Pelo enunciado tem-se:
10 x 6 = 60 apartamentos
60 x 5 = 300 habitantes
~.consumo = 300 hab. x 200 lab. dia = 60 000 V/dia
Como 0 conjunto elevatério deve funcionar somente 8 horas/dia, a vazéo
de bombeamento deve ser:
= 00000 = 208s ou —Q=0,0021 mils
8x 3600s/d
Em funcionamento intermitente, o diametro econdmico € dado por:
D, = 0,586x8"* x 0,0021"? = 0,045 m
Tratando-se de tubos de aco, o diametro comercial mais préximo corres-
ponde a 2". Assim, adotam-se para as tubulacGes de recalque e succao os
diametros de 2” e 2 1/2“, respectivamente.
Adutora (Sistema Rio das Velhas, MG) Foto: Copasa
14028,0
20
Msquines dss Capo S
Exemplo 5.2
Determinar os diametros das tubulagées de recalque e succao da instalacao
elevatéria, esquematizada a seguir, bem como a altura manométrica e a
poténcia transmitida ao liquido pelo conjunto motobomba, para recalcar
45 l/s de agua, durante 24 horas por dia, sabendo-se que as tubulacdes
de succéo e recalque devem ser de ferro fundido novo (C =120) e seus
comprimentos de 15 m e 3000 m, respectivamente.
B vR_ RG
+ @ i
Solugao
a) Determinacao dos didmetros de recalque D, e succao D,
D, =K JQ =1,2¥45x10" =0,26m
50 mm (diametro comercial mais proximo)
300 mm (didmetro comercial imediatamente superior a D,)
b) Calculo da altura manométrica H,,
* Perda de carga continua na succéo Ah’,
10,64 Q'"" , _ 10,64 0,045'*
aml = 79g 9.3g°7 = 0.03M
Perda de carga localizada na succéo Ah":
Valvula de pé com crivo K=1,75+0,75=2,5
Curva 90° 04
EK= 29
atprea a n gS Sae e as
Fundamentes de Engentia Héiuies
Q 0,045
= Q-__2.045___ 64
Us A Tex 0 30°74) mis
a
hi, = 2,9-254_ - 0,06m
aoe
Perda de carga total na succao Ah,
Ah, = Ah, +h,
| Ah, = 0,03 + 0,06 = 0,09m
Perda de carga continua no recalque Ah’;
_ 10,64 Q' , _ 10,64 0,045"
Ah, = “Gras par = T3g5 ‘Giger 3000 12,53
Perda de carga localizada no recalque Ah”;
Valvula de retengao K
Registro de gaveta K
Curva de 90° K
Saida de canalizagao K
x
Q 0,045
u, = 2-2 __-0,92m!s
A, (xx0,25°/4) a
2
ee
2x9,81
Perda de carga total no recalque Ah,
Ah, = Ah, + Ah,
Ah, =12,53+0,19=12,72m
Perda de carga total Ahi
Ah= Ah, + Ah, = 0,09+12,72=12,81m
| Altura manométrica H,,
H,, =H, + Ah = 30,0+12,81= 42,81m
Poténcia hidraulica P,;
P, =QH,, = 1000x 0,045x 42,81 =1926,5kgf.m/s
PB, = 25,7cv =18899V ou =189 KW
102Maquina ices Capitulo S
5.4 Semelhanca mecanica
Asemelhanca mecdnica tem por objetivo prever, a partir de um modelo, o compor-
‘tamento hidrdulico de um prototipo, constituindo-se, dessa maneira, numa ferramenta
importante para o desenvolvimento e andlise de vertedores, dissipadores de energia e
maquinas hidraulicas de grande porte. Para tanto, utilizam-se os requisitos basicos da
teoria dos modelos, quais sejam:
* Semelhanga geométrica entre 0 protétipo e o modelo
* Semelhanca cinematica entre o prototipo e o modelo
© Semelhanga dinamica entre o prototipo e o modelo
Atendidos esses requisitos, espera-se que 0 modelo e 0 protétipo, colocados nas
mesmas situacGes, comportem-se de maneiras idénticas. As relagdes a seguir expressam_
essa identidade, para algumas grandezas de interesse no estudo das maquinas hidrau-
licas, sendo 0 indice p indicative das grandezas do prototipo e m do modelo. Estas
relacdes foram estabelecidas para o caso do protétipo e modelo estarem operando com
‘o mesmo fluido.
(5.10)
(5.11)
(5.12)
sendo:
1n: rotago em rpm.
k: razao de semelhanca geométrica
Q: vazéo em m?/s
H: queda titil para as turbinas e altura manométrica da bomba, em m
P: poténcia efetiva da turbina ou poténcia da bomba
A razio de semelhanca geométrica k é a relacao entre as dimensées lineares do
prototipo e do modelo (k = L/L,,, sendo L uma dimensao linear). Expressando as equa-
G6es (5.10), (5.11) e (5.12) em funcéo somente da rotacdo n e da razao de semelhanca
geométrica k, conforme apresentado nas equacdes (5.13), (5.14) e (5.15), pode-se
concluir que qualquer variacdo nas dimens6es da maquina afeta muito a vazdo, a altura
@ a poténcia, uma vez que a razao de semelhanca é elevada a expoentes superiores &
143Fundmentos do Engenharia Medien
unidade (k?, 2, KS, para a vazdo, a altura e a poténcia, respectivamente). Jé a rotacao da
maquina n proporciona mais efeito na altura do que na vazao, conforme pode-se aferir
pelas equacoes (5.16) e (5.17)
(5.13)
(5.14)
(5.15)
Para 0 caso particular de 0 protétipo e o modelo serem iguais geometricamente,
a razo de semelhanca geométrica é igual & unidade (k=1) e as equag6es mostradas a
seguir, decorrentes dessa simplificacao, denominam-se equacées de Rateaux.
(5.16)
(5.17)
(5.18)
5.5 Velocidade especifica_
‘A velocidade especifican, é uma grandeza importante na escolha do tipo da turbina
eda bomba. Ela tem duas definicdes distintas, sendo uma propria para as turbinas &
outra para as bombas; entretanto, ambas se fundamentam na teoria da semelhanga
mecéinica, vista no item anterior, e so definidas para o ponto de rendimento maximo
Para as turbinas, define-se velocidade especifica como sendo a rotagéo de uma tur-
bina modelo trabalhando numa queda util de 1 m, produzindo 1 cv de poténcia. Assim,
fazendo P, = 1c, H,, = 1 m,n, =n, e eliminando k nas equacées (5.10) ¢ (5.12), tem-se:
Olea
(5.19)
144Maguins hides | Cato 5
1n, : velocidade especifica, em rpm;
n. ; rotacao da turbina, em rpm;
P_ : poténcia produzida pela turbina, em cv;
H_ : queda util sobre a turbina, em m
Para as bombas, a velocidade especifica representa a rotacao da bomba modelo,
trabalhando com vazao e altura manométrica iguais 4 unidade. Nas equac6es (5.10) e
(6.11), fazendo Q,,= 1, Hy,= 1, Ny, =, @ eliminando k, tem-se:
nQ?
(5.20)
em que:
velocidade especifica, em rpm;
: rotacao da bomba, em rpm;
vazéo bornbeada, em m?/s;
altura manométrica da bomba, em m
roles
Uma primeira aproximacao, para a definicéo dos tipos dos rotores das turbinas e das
bombas, pode ser obtida nas Figuras 5.11 e 5.12, sendo conhecidas as vazGes e as alturas
uiteis para as turbinas, ou as velocidades espectficas para as bombas. Analisando essas figuras,
juntamente com as equacées (5.19) (5.20), pode-se concluir que as maquinas hidréulicas que
possuem elevada velocidade especifica (turbinas Kaplan e bombas axiais) se adaptam melhor
&s pequenas alturas. De forma anéloga, pode-se concluir que as turbinas Pelton eas bombas
centrifugas se adaptam melhor as grandes atturas, ou seja, velocidade especifica reduzida,
a
a
a guuees
wns ogee 8
" ‘3
Figura 5.11 - Faixa de aplicacéo das turbinas
Fonte - Bureau of Redaration, citado por Quintela, 1985,
145Fundumantos de Engen Hdricn
Bomba centrifuga mista axial
fg 10 20 40 60 400 200 rpm.
Figura 5.12 - Faixa de aplicacéo das bombas
Fonte - Bureau of Reclamation, Gtado por Quintela, 1985,
Exemplo 5.3
Uma turbina Francis, quando sujeita a vazdo de 30 m/s e queda util de 90
m, produz uma poténcia efetiva de 22000 kW, a 360 rpm. Se esta mesma
turbina fosse posta a funcionar em uma outra instalacao com 100 m de
queda util, para que o rendimento fosse preservado, pede-se:
a) em que rotacdo deveria funcionar;
b) qual vazao deveria ser turbinada;
©) qual poténcia efetiva seria gerada
Solugao
Considerando como dados do modelo:
Q, = 30 mis
90m
P_= 22000 kW
360 rpm
eas equacées (5.10), (5.11) € (5.12), com a razo de semelhanca geomé-
trica igual 4 unidade (k=1), uma vez que a turbina é a mesma nas duas
instalacoes, obtém-se a solucao do problema
=
100
1¥'90
> => Q, = 316m? /see
aquinas hires I Captule §
=> se(Z) => P,=25767kW
22000" ' \"s0
Exemplo 5.4
O ensaio de um modelo reduzido de uma bomba centrifuga com rotor
de 100 mm, acionada por um motor de 1440 rpm de 5 cv de poténcia,
apresentou os seguintes resultados:
Q(mh) 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0 65,0 70,0 75,0 80,0
H,, (m) 18,0 174 16,6 15,7 146 13,4 12,0 105 88 7,0
n(%) 72 77 82 88 84 8 7 70 60 50
a) Determiner a velocidade especifica desta bomba;
b) Para uma bomba homéloga @ do modelo testado, prever a curva carac-
teristica da altura manométrica versus vazdo, sabendo-se que o rotor do
prototipo deve ter 200 mm de didmetro e sera acionado por um motor de
1800 rpm;
©) Determinar a poténcia do motor para acionar a bomba protdtipo ante-
riormente mencionada.
Solucao
a) A velocidade especifica n, de uma bomba definida no ponto de efi-
ciéncia maxima, neste caso para Q = 55 m'/h, H., = 14,6 men, = 84 %.
Levando estes valores na equa¢ao (5.20) e mais o da rotagdo n =1440 rpm,
tem-se:
55 ya
ng 1440(-)
= 23,81pm
b) Aequacao (5.13) permite determinar a relacdo entre os dados de vazéo
do protétipo e do modelo, quando se conhece a razéo de semelhanca
geométrica e a relacdo entre as rotacdes. Neste caso, tem-se:
1800
TM, 1440
1,25
2125=100 + Q=100,
“7Fundementos de Engenbaris Hdrucs
Da mesma maneira, através da equacdo (5.14) determina-se a relacdo entre
0s dados de altura manométrica do protétipo e do modelo
pte
271,257 =6,25 2 4,=625H,
Pontos da curva da bomba protetipo:
Qimh) 35,0 400,0 450,0 500,0 550,0 600,0 650,0 700,0 750,0 800,0
H,(m) 1125. 108,8 103,8 98,1 91,3 83,8 75,0 65,6 55,0 43.8
n(%) 72 77 82 83 84 82 77 70 60 50
Py) 2038 -209«-211-«219-221-227-234 «243-255-260
©) Apoténcia do motor para acionar a bomba protétipo deve cobrir toda a
faixa de operacao da bomba, sendo a pior situacao 0 ponto correspondente
a vazSo de 800 mh, onde a poténcia corresponde a 260 cv, conforme
apresentado no quadro anterior. 0 célculo dessa poténcia pode ser realizado
pela equacdo (5.6) ou pela equacao (5.15). Na pratica, adota-se um motor
cuja poténcia nominal é a poténcia comercial imediatamente superior a0
valor calculado.
Problemas
5.1 Tendo-se em vista a instalacao elevatéria esquematizada a seguir, dimensionar
0s didmetros de recalque e succéo, calcular a poténcia absorvida pelo conjunto moto-
bomba e o custo mensal com a energia elétrica, sabendo-se o seguinte:
‘* material da tubulacdo: ferro fundido novo
* vazao a bombear: 30 Us
* comprimento da tubulacéo de recalque: 100 m
comprimento da tubulacdo de succéo: 10 m rendimento da bomba: 80 %
rendimento do motor: 90 %
[|
preco médio do kWh: RS 0,20
h270m
* funcionamento continuo
RGB OVR_ RG
dQ Ht a
18ETE ———————————————————————
Méauinas ides | Capt S
5,2 A instalacdo elevatoria, mostrada a seguir, deve recalcar agua do reservatério.
R, para o R,, Para fins de escolha dos equipamentos, determinar.
08 didmetros de succdo e recalque
a altura anométrica
as poténcias da bomba e do motor, em cv
Dados:
© material da tubulacdo: PVC
* volume de agua a ser bombeado diariamente: 150 m?
jornada de trabalho da bomba: 8 horas
* comprimento da tubulacao de recalque: 80,0 m
* comprimento da tubulacao de succéo: 10,0 m
* rendimento da bomba: 70 %
* rendimento do motor: 90 %
© pressdo no ponto A do reservatério R,: 1,0 kgf/cm?
a)
| eS
200m
some) Bain
ye
5,3 Um edificio tem 12 pavimentos e 3,15 m de pé direito (altura entre os pavimentos,
incluindo a espessura da laje). A bomnba instalada no piso do 1° pavimento deste
edificio esta a 3 m acima do nivel de agua do reservatorio inferior. O reservatério
superior esta na laje de forro do ultimo pavimento e contém agua até a altura de 3
m. A vazao desejada é de 16200 V/h. O encanamento da succao é de aco galvanizado,
com 75 mm de didmetro, 4 m de comprimento e contém 1 valvula de pé com crivo
@ 1 curva de 90°. O encanamento do recaique é também de aco galvanizado, com
50 mm de diametro, 42 m de comprimento e contém 1 valvula de retengao do tipo
leve, 1 registro de gaveta e 2 curvas de 90°. Calcular a poténcia solicitada ao motor,
supondo o rendimento da bomba igual a 0,6
5.4. A bomba ‘A’ trabalha nas seguintes condicées: 7)
* rotacao da bomba = 1800 rpm
* vazdo = 100 m¥/h
© altura manométrica (Om
© poténcia da bomba = 20 cv
© diametro do rotor = 200 mm
149Fundameentos de Engenharia Hdrulica
Determinar a rotacao, a altura manométrica € a poténcia da bomba ‘B’, hidraulica-
mente semelhante a bomba ‘A’, sabendo-se que a bomba ‘B' deve trabalhar com
uma vazo de 135 m¥/h e como rotor de 220 mm de diametro,
5.5 Conhecendo-se as caracteristicas da bomba descrita a seguir
* rotagdo da bomba = 1800 rpm
*® vazdo = 300 m/h
* altura manométrica = 60 m
* rendimento do conjunto motobomba = 70 %
* diametro do rotor = 300 mm.
pede-se determinar a vazao, o diémetro do rotor e a poténcia de outra bomba, hidrau-
licamente semelhante a anteriormente citada, sabendo-se que ela deve trabalhar
com um motor de 1450 rpm, sob uma altura manométrica de 180 m.
5.6 Qual a rotagdo que da o melhor rendimento de uma turbina Francis para gerar
100000 cv de poténcia efetiva, numa queda Util de 70 m, sabendo-se que a velo-
| cidade especifica da turbina modelo ¢ de 234 rpm?
wi 5.7 Especifique 0 tipo provavel de rotor a ser empregado nas bombas A, 8, C e D
relacionadas a seguir, a partir das velocidades especificas.
Bomba _Rotacdo Vazao0 Altura manométrica_ Numero de rotores
A 3600 "pm 30me%h 100 m 1
B 1800 rpm 80Us 75m 1
c 1800 rpm = 4000 mh 50m 1
D 3600 rpm 2 mis 75m él
150_ Capitulo 6
Anilise dos sistemas de recalque
Este capitulo faz uma anélise dos sistemas de recalque, enfocando, princi-
palmente, os casos das bombas centrifugas, inseridas em diferentes tipos
de instalagbes de recalque. Além disso, 0 capitulo trata do fenémeno da
cavitacdo, seus efeitos e as condigdes em que este pode ocorrer.
6.1 Curvas caracteristicas das bombas
As bombas sao projetadas para trabalhar com vaz6es e alturas manomeétricas
previamente estabelecidas. Através de ensaios verifica-se que as bombas so capazes
de atender outros valores de vaz6es e alturas manométricas, além dos pontos para os
quais elas foram projetadas. O conjunto dos pontos em que a bomba é capaz de operar
constitui a faixa de operacdo da bomba. Além dos dados relacionados com altura ma-
nométrica e vazo, busca-se obter nos ensaios das bombas as seguintes informacoes:
© desenvolvimento da poténcia necessaria ao acionamento da bomba P,
com a vazao recalcada Q;
© variaggo do rendimento 7 com a vazao recalcada Q;
= desenvolvimento do NPSH com a vazao recalcada Q, assunto tratado
no item 6.4.
‘As curvas geradas com as informac6es citadas anteriormente constituem as curvas
caracteristicas ou de performance da bomba. As Figuras 6.1 € 6.2 mostram o aspecto
geral dessas curvas caracter’sticas, para as bombas centrifugas e axials, respectivamente.Fundementos de Engenharia Hires
‘As curvas caracteristicas H,,x Q das bombas centrifugas geralmente podem.
ser expressas por uma equacao do 2° grau do tipo:
H,, =aQ +bQ+c
‘onde 05 coeficientes a, b e c podem ser determinados apds a obtencdo
experimental de trés pares H,, e Q e resolvendo o sistema gerado pela
equacao anterior.
Hm
Figura 6.1 - Cunvas caracterstcas das bombas centrfugas
Hm
Figura 6.2 - Curvas caractersticas das bombas axiais,
152Andie dos sistemas de recaque | Captdo 6
As informacées contidas nestas curvas séo essenciais para a escolha da bomba e
para 0 modo de operacao da elevatoria. Os graficos de poténcia, por exemplo, mostram
que a poténcia P, na bomba centrifuga cresce com 0 aumento da vazao Qe nas bom-
bas axiais a poténcia diminui com o crescimento desta. Por esta raz8o, recomenda-se
que a partida dos motores que acionam bombas centrifugas se faca com o registro de
recalque fechado, quando a vazao é nula e a poténcia necessaria a0 acionamento &
minima e, posteriormente, seja aberto, até atingir a vazdo de operacao do sistema. J4
nas bombas axiais acontece o inverso, ou seja, a partida deve dar-se com o registro de
recalque totalmente aberto, pois, nessa situacao, a poténcia de acionamento € minima
A Figura 6.2-a mostra um trecho da curva caracteristica da bomba tracejado, onde
se destaca uma instabilidade, ou seja, para uma altura manometrica é possivel que a
bomba esteja recalcando um dos valores compreendidos na faixa instavel. Embora essa
caracteristica seja mais frequente nas bombas axiais, também é posstvel encontrar curvas
de bombas centrifugas instaveis, Nestes casos, recornenda-se que a bomba trabalhe fora
da faixa de instabilidade devido a incerteza gerada.
6.1.1 Influéncia da rotagao na curva caracteristica da bomba
‘As bombas sao acionadas por motores cujas rotaces podem variar em funcao do
tipo de motor acoplado. Assim, um certo modelo de bomba tanto pode ser acionado por
um motor cuja rotacao én, quanto por outro de rotaggo n,, Essa mudanca de rotacéo
provoca variacées significativas nas curvas caracteristicas da bomba, modificando a sua
faixa de aplicacdo, conforme mostrado na Figura 6.3.
A teoria da semelhanca mecanica, vista no Capitulo 5, permite prever estas variacdes,
desde que se conheca a curva caracteristica da bomba numa dada rotacdo e a nova
rotagao. As equagoes (5.16), (5.17) e (5.18) dao a relacao entre a rotacao e as grandezas
vazao, altura manométrica e poténcia, a partir da consideracao de aue as caracteristicas
do fluido e as demais grandezas geométricas nao variam. Desta forma, é possivel obter,
para cada ponto da curva a rotacao n,, outro ponto da curva caracteristica a rotacao n,,
utilizando as equacdes (6.1), (6.2) e (6.3).
(6.1)
(6.2)
153‘undomentor ds Engenharia Midedaca
sendo:
ns rotacdo
P, : poténcia da bomba
Q : vazdo
tn f
Ay
Hazy 2
He / Be _
4, | a
nat
Ad ; © 8. Hy, (rgin FH,
2 Hm aI Hay
m2 25, = 2 gy
4
Qn ae a Gn a
Figura 6.3 - Influéncia da rotagio na curva caracteristica H, x Q
Vale lembrar que os pontos A, e A, tém a mesma eficiéncia, assim como os pontos
B, €B,, devido a manutencéo da semelhanca mecdnica havida na situacao. Os pontos
A, @ A, so denominados homdlogos, bem como B, e B,, pois tém a mesma eficiéncia.
No problema tratado anteriormente foi analisada a influéncia da alteracéo do valor
da rotacao de n, para n, na curva caracteristica H,, x Q, sendo conhecida esta curva &
rotacdo n, e o valor da rotaco n,. A seguir sera estudado 0 caso em que a curva H,, x
Qé conhecida na rotacdo n,e se queira determinar o valor da rotacéo n, desta bomba
para que a curva H,, x Q passe por um ponto P-(Q, H,).
A soluco desse problema ¢ obtida com as equacées (6.1) e (6.2), fazendo Q, =
Q, © Hyp = Hyg Adicionalmente, é necessério escolher um ponto P, (Q,, H,,,) na curva
de rotacao conhecida n, que tenha a mesma eficiéncia do ponto especificado P,. Nor
malmente o fabricante apresenta as curvas de rendimento obtidas, experimentalmente,
junto com a curva caracteristica da bomba. Neste caso, conforme indicado na Figura 6.4,
© ponto P, é a intersecéo da curva de rendimento que passa por P,, com a curva carac-
tetistica a rotacdo n,. Os pontos P, e P, tém a mesmaeficiéncia e portanto séo pontos
homélogos, para os quais as equacdes (6.1) e (6.2) podem ser aplicadas e portanto ser
definida a rotacdo n,
Quando nao se conhece a curva experimental de rendimento de uma dada bomba,
esta pode ser obtida, utilizando-se as equacées (6.1) e (6.2), j4 que os pontos das curvas
geradas por estas equacdes tém a mesma eficiéncia. Dessa maneira, eliminando n, en,,
estas equacdes obtém-se a equacao (6.4), da familia das curvas de mesmo rendimento,
Fry ou
g
H, = KQ? (6.4)
154Anise dos sistemas de ecalque | Captlo 6
Sendo K uma constante de proporcionalidade de uma dada curva de isorrendimento.
Vale lembrar que, embora seja possivel tracar a curva de isorrendimento, conhe-
cendo-se a constante K, ndo & possivel determinar o valor do rendimento com este
procedimento. A Figura 6.5 mostra as curvas de performance H,, x Qe uma curva de
isorrendimento (H,= KQ2) de uma bomba, ressaltando os pontos homélogos P,, P,P,
P, € P, para os quais as equacées (6.1) e (6.2) séo validas.
BOMBAS CENTRIFUGAS:
‘CURUA DE PERFORAANCE Rotor A
Figura 6.4 - Curvas caracteristicas da bomba: Hm x QenxQ
BOMBAS CENTRIFUGAS Rotor A
CCURWAD€ PERFORMANCE
155| rundamentos de Engsnharia Hiden
6.1.2 Influéncia do diametro do rotor na curva caracteristica da bomba
| Para ampliar a faixa de aplicacdo de determinado modelo de bormba, é comum o
fabricante apresentar alguns tamanhos padronizados de rotor, para o mesmo tipo e ta~
manho de carcaca. A Figura 6.6 mostra as curvas de performance de uma bomba, para
0s possiveis rotores da mesma, cujos diémetros estao indicados pela letra “f". Algumas
vezes, a mudanca de didmetro ¢ realizada através de raspagem do rotor. Entretanto, esse
procedimento 6 € vidvel para bombas centrifugas, onde as faces do rotor so paralelas,
mesmo assim, podendo acarretar sensivel reducao no rendimento. Por esse motivo, as
raspagens sao limitadas em 20%, normalmente.
BOMBAS CENTRIFUGAS
CCURVA DE PERFORMANCE
| ase
OT Ig
\VAZKO (13h)
‘Sucgio 6 12° 9048 Descarga 8" 208,2mm
wes 2
2 4
| “La |
_ o |
317 he |
x {
: Pt |
| Saf a |
400 |
om 40 0 om tao ~~ i
|
|
1
Figura 6.6 - Curvas caracteristicas H, x Q, NPSH x Qe P,x Q.a uma dada rotagéo
156em
Avalise dos sitemas de eaique | Caputo 6
No caso de mudanca do diametro do rotor e das demais dimens6es da bomba, na
mesma razéo de semelhanca geométrica, as relacdes vistas no capitulo anterior, a res-
peito da teoria da semelhanca mecAnica, também sao validas. A aplicacao das equacoes,
(5.13), (6.14) ¢ (5.15), para 0 caso das rotacées do modelo e protétipo serem iguais,
tem como consequéncia:
eos 65)
Hy ye
nk = (6.6)
> (6.7)
Entretanto, 0 caso mais comum € a mudanca do didmetro do rotor com a perma-
néncia das demais dimensdes, deformando a relacéo de semelhanca geométrica “k”,
© que toma as equacées acima inadequadas. O diametro do rotor apés a raspagem,
determinado pelas regras da semelhanca mec&nica, aplicada na secao de salda do rotor
(regiao em que o didmetro é alterado), permite obter a equacao (6.8); entretanto, tal
equacdo nao tem apresentado muita preciso, recomendando-se, portanto, consultar
0 fabricante da bomba para maiores detalhes.
b= (6.8)
em que’
$,: diémetro do rotor 2 (rotor apés a raspagern)
6,: diametro do rotor 1 (rotor original)
Q,: vazao através do rotor 2
Q,: vazao através do rotor 1
J. Karassik (citado por Macintyre, 1987) recomenda a utilizago da equacao
b> pata 0,89, <0, <9,
187Fundomentos de Engenharia WdeSulen
6.2 Curva da bomba versus curva do sistema de tubulacgao
Uma determinada bomba, embora possa trabalhar dentro de uma ampla faixa de
valores determinados pela sua curva caracteristica, tem sua operacdo definida, num
dado sistema, em funcao das condicées deste sistema em termos de altura geométrica
e perda de carga total. Assim, o ponto de operacéo de uma bomba num dado sistema é
a intersecao da curva caracteristica da bomba CB com a curva do sistema de tubulagao.
CS, conforme apresentado na Figura 6.7
PONTO DE
OPERAGAO’
Hg
Figura 6.7 - Curva caracteristica da bomba versus curva do sistema de tubulado
Curva do sistema de tubulagao
A equacdo do sistema de tubulacao, para a situacao em que os pontos 1 € 2 esto
sujeitos & mesma presséo atmosférica, é obtida pela equacao:
Hy = Hy + Ah,» (6.9)
sendo:
H,, altura manométrica
H, — =altura geométrica
Ah, = perda de carga total na tubulacao (Ah, , = Ah’,
Utilizando 0 método dos comprimentos equivalentes para o célculo da perda de
carga localizada, a perda de carga total pode ser representada, genericamente por
ah= p21,
158‘Andis dos stamas be recalque | Capulo 6
Portanto, numa instalacdo cuja altura geométrica, didmetro e comprimento virtual
sejam conhecidos, a equaco caracteristica do sistema é dependente somente da vazao,
conforme mostra a equacio (6.10)
Hy, =H, +1Q” (6.10)
BL,
sendo 7
Dependendo da formula de perda de carga utilizada, 0s valores de re nna equacéo
(6.10) correspondem a:
10,64
Para a equagéo de Hazen-Williams: 1 =1,85 aan
L,
Para a formula Universal: n=2 e
Quando for utilizada a expresséo geral (equacao 3.26 ) para o calculo da perda de
carga localizada (Ah = KU? / 2g), a equacao da curva do sistema é a seguinte:
ow
H, =H, +BGL+K
n= Hy + Brett K oe
(6.11)
or, 8KQ
Hy = Hy + Boeke ore
H,, =H, +6Q +F,Q’ — sendo (%
Portanto, a partir das equac6es (6.10) ou (6.11) e do conhecimento das caracteristicas
fisicas do sistema (altura geométrica, coeficientes de perda de carga, diametros e compri-
mentos da tubulacao), € possivel determinar a equacao da curva caracteristica do sistema
de tubulacao e, consequentemente, tracar a curva correspondent, atribuindo-se valores
a Q. 0 ponto de operacéo da bomba pode ento ser determinado pela leitura grafica
das coordenadas do ponto de intersecao da curva da bomba com a curva do sistema
‘A Figura 6.8 ilustra alguns tipos de sistemas de tubulac6es e suas curvas caracteristi-
cas correspondentes. Para facilidade de entendimento, foi desprezada a parcela de perda
de carga da tubulac3o de succao; entretanto, para levar em conta essa tubulacao, basta
considerar a tubulacdo de succao em série com a curva resultante do recalque, ou seja,
somar as perdas de carga para uma dada vazo, conforme demonstrado no sistema 4 da
Figura 6.8.
159Fandamentos de Enger Mdrulics
SISTEMAS CURVAS CARACTERISTICAS
1- SO PERDAS DE CARGA
Him
SISTEMA
| u
| 7 _zomea
[ah
° @
2-ALTURA GEOMETRICA * PERDAS DE CARGA|
P_-“SIsTEMA
=
Ho " \ somsa
)
.
3- SISTEMA POR GRAVIDADE 7
me
BOMBA
Hg
Sy,
TSisTEMA.»
i 4- SISTEMA COM DUAS TUBULAGOES EM Hm
SERIE
BOMBA
‘SISTEMA
|ah> hy+ah;
Boast
Figura 6.8 - Determinacao grafica do ponto de operacio da bomba P(Q, H.) para diversos tipos de sistemas
160Andis dos Sswmas de ecalqu | Captulo &
SISTEMAS. CURVAS CARACTERISTICAS
5- SISTEMA COM TUBULAGOES EM PARALELO |
SISTEMA
Hg
aa, a)
204402
6-- SISTEMA DESCARREGANDO EM DOIS RE-
SERVATORIOS DE NIVEIS DIFERENTES ne
BOuBA! SISTEMA
Ha 2}
7- SISTEMA COM ALTURA GEOMETRICA
VARIAVEL
ve
SISTEMA
= Ho, BoMeA
He
Figura 6.9 - Deterrinacdo grafica do ponto de operagao da bomba PQ, H.) pata diversos tipos de sistemas
161Fundomentos de Engen Hrlca
Exemplo 6.1
Certa bomba, empregada num processo industrial, possui a curva caracte-
ristica H,, x Q representada na figura a seguir por “B”. Esta bomba aspira
gua de um poco de succdo e alimenta um reservat6rio, no qual a press8o
absoluta 6 2 atmosferas. Sabendo-se que o desnivel entre o reservatorio
€ 0 poco ¢ de 13,0 m e que um vacudmetro e um manémetro instalados
na succdo e no recalque, bem préximos da bomba, com os centros dos
mostradores nivelados, acusam as pressées de V = -0,5 kgf/cm? e M = 2,5
kgf/cm, respectivamente, pede-se
a) a equacao e a curva caracteristica da tubulacao;
b) onovo ponto de funcionamento da bomba, sea regulagem de um registro
acarretasse um aumento de perda de carga dado por Ah“= 0,02Q? (sendo
Qa vazéo em V/s e Ah” a perda de carga localizada em m)
Hm (m)
|
|
|
ol
wot
|
0
Solucao
a} Ainstalacao de um vacudémetro na succdo e do manémetro no recalque,
préximos & bomba, é a maneira utilizada nas bancadas de ensaio de bombas
para o célculo da altura manométrica. A aplicacéo da equacéo de Bernoulli
entre os pontos (V-M) onde estao instalados estes aparelhos e as conside-
rages de que a variacdo da energia cinética e a perda de carga entre esses
pontos sao despreziveis permite deduzir que:
Bomba
Vacubmetro Manometro
v w
162Ante dos stemas da ete | Captulo §
Para a altura manométrica H,,=30,0m, tem-se pela curva da bomba “B" a
vaz80 Q=1015. Este ponto P, (Q=10,0 V/s; H,=30,0 m) € 0 ponto de trabalho
da bomba no sistema “S,”. Assim P, é também um ponto da curva “S,”
Para se obter a curva do sistema, aplica-se a seguir a equacao de Bernoulli
entre os pontos (1) e (2), situados nas superficies do nivel d’agua do poco
de succio (1) € do reservatério (2), assim:
pas
lg +~2—+ Ah, e
(6.12)
pos
+Ah.s
Na equacao anterior, fazendo H,=30m, H,=13,0m, P,%=2atm ou P,/y
=20m, e P,**/y=10,0m
=> 30,0 =13+20-10+Ah,,
oh,
om
Utilizando @ formula Universal para a perda de carga, tem-se
Ah,» ="
= 0,070
a 10,0?
= Ah, = 0,070?
Levando esse valor de Ah, = 0,070 @, H, = 13,0 m, P,#*hy= 20,0m, Phy
= 10,0 m na equacio (6.12) obtém-se a curva do sistema de tubulago
H,
'3,0 + 0,070Q7
Arbitrando-se valores para Q nesta equacio, obtém-se os respectivos valores
de H,,, mostrados no quadro a seguir, que permitem montar a curva do
sisterna, apresentada no grafico, pela curva "S,”
Qs) 00 20 40 60 80 10.0 12,0 14.0
H,(m) 23,0. 23,3 24,1 25,5 27,5 30,0 33,1 367
163undamentos de Engenhtia Mra
b) Para levar em conta o aumento de perda de carga devido @ regulagem
do registro deve ser acrescida a parcela Ah”= 0,02 Q?, assim:
H,, = 23+ 0,09Q°
Arbitrando-se valores para Qe calculando-se 0 H,, correspondente, obtém-
-se os pontos que constituem a curva "S," mostrados no quadro e grafico
a seguir:
QWs) 0,0 20 40 60 80 10,0 12,0 140
H.(m) 23,0 23,4 24,4 26,2 28,8 32,0 36,0 40,6
Hen (m)
{
50 ~—7 1 ope
404
as)
Observa-se no grafico que 0 novo ponto de funcionamento seria
P(Q=9,451/5; H.,=31,1m) se a regulagern de um registro acarretasse um
Exemplo 6.2
A partir das informacées contidas na figura e grafico mostrados a seguir,
construir a curva da tubulacao resultante (CT112), definir 0 ponto de funcio-
namento e os valores das vaz6es Q, e Q, transportadas para os reservatorios
R,e R,. Considerar despreziveis as perdas de carga localizadas e continuas
na succao e as localizadas do recalque
aumento de perda de carga no registro dado por Ah”= 0,02Q? m.
Caracteristicas Tubulacao
| 1 2
: ‘Comprimento (m) 3000 2000
Diametro (mm) 250 200
Coeficiente de perda de carga da formula de Hazen-Wiliams-C__120 120
164Anise ds temas de ecalque ICaptio 6
ta (09
sol '
ra
Zom. Tuhegiot ag
ae |
a Tubulagho 2 oct
me 7
° 4 1,
Sabo aba ho ae oo aso —ao0
Q (mem)
Solucao
Equacao da curva da tubulagaéo 1:
10,64 Qv®
H,, =12,0+ — +”. 3000 = 12,0 + 3887Q'**
ey 120” 0,25* 0257 a
Equaco da curva da tubulacao 2:
10,64 _Q’
In, = 50+ ae 2000 = 5,0 + 76830"
120 02 a
Pontos para 0 grafico:
Q (mn) 0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0
Q (rm¥s) 0,0 0,0139 0,0278 0,0417 00,0556, 0,0694, 0,0833
‘Hm, (m) 12,0 13,43 17,14 22,89 30,54 39,93 51,16,
Hm,(m)} 5,0 7,82 15,16 26,52 41,64 60,21 82,40
Asoma das vazGes para uma mesma altura manométrica, obtidas nas curvas
das tubulacées CT, e CT, mostradas no grafico, possibilita tracar a curva,
resultante do sistema CS. A intersecdo desta curva com a curva da bomba
CB € 0 ponto de funcionamento do sistema P (Q = 282 m*/h; Hm=22m).
Nesta condicéo, as vaz6es que passam nas tubulacées obtidas nas curvas
CT, e CT, para a altura manométrica de 22 m sao, respectivamente:
Q, = 144 mh
Q, = 138m*h
165Fundentor de Engenharia Hrs
Hm (mn)
cra [crt
ice
150 200 250 [300 350 400 450
138 144 282
Q (mh)
Exemplo 6.3
‘A especificacao de uma instalacéo elevatéria prevé a necessidade de uma
bomba recalcando 35,0 m’/h de agua, numa altura manomeétrica de 17,5 m
entre dois reservatérios cujo desnivel & de 12,0 m. Analisar a possibilidade
de utilizago da bomba, cuja curva caracteristica H,, x Q € mostrada no
grafico a seguir. Para tanto, pede-se:
a) tracar a curva caracteristica H,, x Q da tubulacdo e determinar o ponto
de trabalho da bomba escolhida neste sistema;
b) para que a bomba em andlise atenda exatamente a especificaco, pede-
-se determinar:
.1) diametro do rotor da bomba, a ser obtido através de raspagem, supondo
que a rotaco de acionamento da bomba seja mantida (1750 rpm);
b.2)a rotacao do motor de acionamento da bomba, caso sejam mantidas
todas as dimensdes da bomba;
©) tracar a curva da bomba, para a nova rotacéo do motor determinado
no item b.2.
Hm)
166‘Aras dos stmas be eae | Captulo 6
Soluco
b) Para que a tubulacéo conduza o liquido nas condigées especificadas
P(Q=35,0m¥h, H=17,5m)e Hy = 12,0 m, a equacao da curva caracteristica
da tubulacdo deve ser
H+
H, _17,5~120
35°
o
= 4,49 x10?
=> H,,= 12,0 + 4,49 x103 Q
Pontos para a curva caracteristica da tubulacéo:
Q (mh) 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
#H,, (rn) 12,0 12,45 1380 16,04 19,18 + -23,22,-—-28,16
Conforme mostra a figura anterior, o ponto de trabalho € a intersecao da
curva da tubulacéo (CT) com a curva caracteristica da bomba (CB), ou seja,
© ponto P, de coordenadas:
Hem)
(rm)
Q= 36,5 mh e
b.1) Sabendo-se que o diametro original 6 200 mm e que nestas condices
ele produz 36,5 m’/h, para a producao da vazao especificada de 35,0
167nice de Engenharia Hides
m’sh, 0 novo diametro pode ser determinado, de modo aproximado, pela
equacao (6.8)
2, 35,
=, e- 200 )5e-5 196mm
b.2) Para que a bomba trabalhe no ponto especificado P.(Q=35m*h,
H,=17,5 m), a rotacdo do motor deve ser alterada. O cileulo da nova
rotacéo é realizado aplicando a equacao (6.1). Entretanto, os pontos 1
e 2 para os quais essa equacao pode ser aplicada tem que ter a mesma
eficigncia. Com 0 intuito de achar qual 0 ponto de mesma eficiéncia que
© ponto P,, na curva da bomba a rotacao de 1750 rpm, é tragada a curva
de isoeficiéncia, dada pela equacao (6.4), mostrada a seguir:
2H, =Q?/70
Arbitrando-se valores para Q, obtém-se os valores de H,, correspondentes,
podendo-se tracar a curva da parabola de isoeficiéncia:
Q(mh) 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
H,(m) 00 14 57 12,9 22,9 35,7 51,4
Hm (>
Isoofcisneia
aot
ct
° CO
8 10 20 30 40 50
©
Q (ith)
0 ponto P,(H,, =18,5; Q=36,0 m*/h) intersecdo da curva de isoeficiéncia
com a curva CB, é 0 ponto homdlogo de P,(H,, = 17,5 m; Q= 35 m¥/h)
para 0 qual se pode aplicar a equacao (6.1).
a9
168Anse dot sstemas de recslque Captlo 6
©) Anova curva da bomba a rotacéo de 1701 rpm (CB, no grafico a seguir)
& obtida através das equacées (6.1) e (6.2), ou seja:
701
afag - 12019 _ e
0, = T20,= F750) = 0.972
2 2
%) Hm, (2) Hm, = 0,945Hm,
Hm, =
1750,
1
Q, (m*h) 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0
H,,(m) 25,0 24,7 23,5 21,0 162 100
Q, (mh) 00 9,7 19,4 29,2 389 48,6
Ho (mn) 23,6 23,3 22,2 198 153 9,4
Hm (m)
Y CBa(n = 1.701 cpm)
(nim
6.3 Operacado de multiplas bombas centrifugas
As exigéncias das instalagdes sao muito variadas em termos de vazdo e altura
manométrica € nem sempre é possivel encontrar essas caracter’sticas em uma bomba
somente. A associacéo das bombas em paralelo e em série mostradas na Figura 6.10
pode resolver este problema. O ponto de operacao do sistema é obtido pela intersecao
da curva caracteristica do sistema de tubulagéo com a curva resultante da associag3o
das bombas. I
169Fundametos de Engenharia Hrs
‘Sucgio Recalque Recalque
‘Sucgao deBi deB! de B2
sucgao de
Be
Bombas em paralelo
Bombas em série
Figura 6.10 - Associag8o das bombas em paralelo e em série
6.3.1 Bombas em paralelo
Aassociagao em paralelo é muito utilizada nos casos em que uma bomba somente
no atende & elevatéria em termos de vazo ou quando se deseja aumentar a capacidade
do sistema por partes. A curva caracteristica do sistema resultante da associacao em
paralelo 6 obtida adicionando as abcissas (Q) das curvas caracteristicas de cada bomba,
para uma mesma altura manomeétrica (AD = AB +AC), como mostrado na Figura 6.11.
a
Figura 6.11 - Cura caracterstica resultante da associacéo em paralelo das bombas B, @ 8,
6.3.2 Bombas em série
‘A associaco de bornbas em série 6 mais interessante para vencer uma altura mano-
métrica muito elevada. A curva resultante deste tipo de associacao ¢ obtida somando as
cordenadas (H,,) das curvas caracteristicas de cada bomba, para uma mesma vazao (AD
= AB + AC), conforme mostrado na Figura 6.12.
170‘Ai do sitemas de ealque | Capa §
Cenjunta de motobombas horizontals (Sistema Rio das Velhas, MG) - Foto: Copasa
Hm
Curva caracteristica
resultante |
{| . + |
2 |
| i — jt
4 1 481.
a Q
Figura 6.12 - Curva caracteristica resultante da associacao em série das bombas 8, eB,
6.4 Cavitacao
Cavitagdo é 0 fenémeno de formacao de cavas num liquido devido ao abaixamento
da pressao, no nivel da presso de vapor. A cavitacao ¢ um processo semelhante ao da
fervura, em que o liquido se vaporiza, diferindo, basicamente, pelo agente causador;
enquanto na fervura o processo ocorre devido ao aumento de temperatura, com a pressao
constante, na cavitacao se deve a diminuicao de pressao, com a temperatura constante
mFundementos de Engenharia Helis
Assim, se a pressao absoluta do liquide em algum ponto da instalago atinge valor
igual ou inferior a pressao de vapor do liquido, na temperatura do liquido em escoamento,
parte deste se vaporiza, formando bolhas, com as seguintes consequéncias mais diretas:
© se as bolhas formadas no processo de vaporizacao tém a pressao interna
superior externa, estas se expandem até ocupar toda a secdo, interrom-
pendo o fluxo do liquide;
© se algumas bolhas sao levadas pelo fluxo para o interior da bomba, onde
a pressSo reinante é superior & presséo interna da bolha, estas tendem a se
implodir e a gua circundante é impelida para o centro da bolha, havendo
um choque das particulas (golpe de ariete). Surge uma onda de sobrepress8o
em direcdo contréria ao centro da bolha, podendo atingir a parede interna
da bomba, danificando-a.
6.4.1 Avaliacao das condigées de cavitagéo
Para nao haver cavitacéo & necessério que a pressao reinante no liquido seja superior
a pressao de vapor P,, cujos valores estdo apresentados no Quadro 2.3, em funcao da
temperatura,
Para a analise da cavitacdo em bombas, serd aplicada a equaco de Bernoulli entre
0 pontos (0) e (1), conforme equacao (6.13). © ponto (0) esté localizado na superficie
do nivel d’égua de um reservatério sujeito a pressao atmosférica e o ponto (1) corres-
ponde ao local de menor pressao na instalacdo de recalque mostrada na Figura 6.13
No caso das bombas centrifugas, este ponto esta localizado na regiao de entrada do
rotor, ou seja, antes de receber a energia cinética do movimento do rotor e logo apés
© escoamento ter perdido carga na succao e na entrada da bomba, onde podem surgir
bolhas microscépicas de gés. Estas bolhas, normalmente, sao levadas pelo escoamento
para outras regides, onde a pressdo é superior a pressao de vapor, ocorrendo af o colapso
das bolhas. Nas bombas centrifugas este colapso, normalmente, acontece nos canais do
rotor ou logo apés o rotor, proximo a carcaca.
(6.13)
Considerando que:
0 Z,-Z,=h,
* poco de succio esta sujeito a presséo atmosférica, ou seja, P,=P..,;
* avelocidade na superficie de Agua do reservatério é desprezivel (U, =0);
* aperda de carga entre 0 e 1 (Ah,,) € a soma das perdas de carga na
tubulacéo de succdo (Ah, e no trecho compreendido entre o fim desta
tubulacdo e a entrada do rotor (Ah*), ou seja, Ah,,,=Ah tah;
mnal dos stemas de reaique | Caputo 6
* a cavitacdo inicia quando a presséo no ponto 1 é igual 4 pressio de
vapor (P,=P,),
a equacdo (6.13) transforma-se na equacio (6.14) que dé o valor da altura
de succio, a partir da qual ha formacéo das bolhas de vapor.
a pas yp?
[Fey an ant (6.14)
y 29
S
Y
Figura 6.13 - Succio de uma bomba
Vale a pena ressaltar na equacdo (6.14) que somente a presséo atmosférica ter
sinal positiv, mostrando que esta grandeza facilita a succSo, enquanto as demais gran-
dezas, de sinal negativo, dificultam. Portanto, para que nao haja cavitacao € necessario
posicionar 0 eixo da bomba numa altura inferior a altura h, dada pela expresso (6.14)
Uma outra maneira de se verificarem as condic6es de cavitagdo € separando na
equacao (6.14) os termos que dependem da instalacdo ou do liquide bombeado dos
termos que dependem da bomba, constituindo, assim, os lados esquerdo e direito da
equacao (6.15) apresentada a seguir:
ss ws :
Fan -(n+8 an) Sean (6.15)
Y 29
O lado esquerdo da equacao (6.15), transcrito a seguir, énormalmente denominado
de NPSH disponivel, ou simplesmente NPSH,¢ representa a carga existente na instalacao
para permitir a succdo do fluido.
1BIr cere eect ere cee
Fandomentos de Engoneria Mla
os
i Pa (v2 an |= nr (6.16)
v \ Y
O termo NPSH, proveniente da nomenclatura inglesa, corresponde as iniciais
de Net Positive Suction Head.
O lado direito da equacao (6.15) recebe a denorninacdo de NPSH requerido,
ou simplesmente NPSH,e & interpretado fisicarnente como sendo a carga
| energética que a bomba necessita para succionar liquido sem cavitar,
ou seja
ve
NPSH, =—-+ Ah* (6.17)
29
‘A equacéo (6.17) mostra que 0 NPSH, depende da velocidade e, conse-
quentemente, aumenta com a vazao. Os dados relativos ao NPSH, podem
ser obtidos experimentalmente e sdo, normalmente, fornecidos pelo
fabricante da bomba, por meio de um grafico em funcao da vazéo, cuja
Ih curva tem a forma mostrada na Figura 6.14. Para utilizar as informacées
de NPSH, fornecidas pelo fabricante da bomba, as equacées (6.14) € (6.15)
so reescritas @ seguir, da seguinte forma:
Figura 6.14 - Curva de PSH requerido versus vazao
Fa (Aan nest (6.18)
¥ v
©. NPSH, = NPSH, (6.19)
Em resumo, a avaliacdo das condigdes de cavitacao pode ser realizada calculando 0
NPSH disponivel para a vazdo de operacéo da bomba com a equacao (6.16), e compa-
: rando com 0 valor do NPSH requerido obtido na curva fornecida pelo fabricante, para a
mesma vazao de operacdo da bomba. Se o NPSHrequerido é igual ou superior a0 NPSH
dispontvel na instalaco, conclui-se que deve haver cavitacao na bomba
4Artis dos sistemas de ealqu | Capua §
Quando o fabricante nao fornece a curva do NPSH versus azo, pode-se calcular
um valor aproximado para o NPSH, no ponto de rendimento maximo, pela expressao:
NPSH, = Ah* = 0,0012n*°Q?”? 6.20)
sendo:
n—_: rotagae nominal da bomba em rpm
Q __: vaz8o em mis, no ponto de rendimento maximo
NPSH, : carga de succo requerida pela bomba em m
6.4.2 Margem de seguranca
Normalmente os liquidos bombeados nao se apresentam em uma forma pura,
mas contaminados por impurezas que podem alterar a presséio na qual a cavitacdo se
inicia. Um dos tipos de impureza que ocorre com frequéncia no meio liquido séo gases
dissolvidos que podem provocar 0 surgimento de bolhas macroscépicas a press6es
ainda superiores a pressao de vapor. Por este motivo, no caso de selecdo de bombas, &
importante estabelecer uma margem de seguranca, para garantir a operacio da bomba,
mesmo com liquidos impuros, sem o inconveniente da cavitacao. Na pratica, utiliza-se a
margem de seguranga minima de 0,6 m do liquido bombeado, ou 20% do valor teérico.
As equacées (6.21) a (6.24), mostradas a seguir, originadas das equacées (6.18) e (6.19),
expressam a condicao de nao cavitar com uma margem de seguranca minima de 0,6 m
do liquido bombeado, ou 20% do valor tedrico.
ae ( pas
h, <= -( “+ Ah, + NPSH, +0,6m 6.21)
v
(pa y
G +Ah, +NPSH, | 622)
}
NPSH, —0,6m = NPSH, (6.23)
NPSH, /1,2 = NPSH, (6.24)
175I TE
Fundementor de Engenharia Hides
6.4.3 Inconvenientes da cavitacao
Os principais inconvenientes provenientes da cavitacao sao:
* barulho e a vibracao provocados pelo colapso das bolhas;
* alterago das curvas caracteristicas causada pelo surgimento de bolhas
de ar no meio liquido e pela turbuléncia gerada no fendmeno;
* danificacao do material na regio de colapso das bolhas.
A Figura 6.15 mostra as curvas caracteristicas Hm x Qe 11x Q de uma determinada
bomba centrifuga instalada em um sisterna no qual a bomba cavita para vaz6es superiores
a Q,. Apartir desta vazdo, as curvas caracteristicas nao seguem mais 0 comportamento
normal, apresentando uma queda substancial nos valores da altura manométrica e do
rendimento. Assim, 0 ponto real de trabalho seré 0 ponto (2) e nao 0 (1)
(Curva n x Q cavitando na vazdo @2
‘Curva 1 x em condig6es normals
Curva do Sistema Hmx@
Curva Hyy x Q em condigses normals
‘avitando na vazio Q,
Figura 6,15 - Influéncia da cavitagao nas curvas caracteristicas de uma bomba centrifuga
Exemplo 6.4
Determinar a vazao maxima permissivel de uma bomba para que néo haja
cavitacéo, sabendo-se que esta opera em um sistema cujo nivel de agua
no reservatorio de succao est 4,0 m abaixo do eixo da bomba. Os dados
da instalagdo e a curva de variacéio do NPSH desta bomba em relacio 8
azo sao apresentados a seguir:
© pressao atmosférica absoluta, no local da instalacao: 90450 Pa
* temperatura da agua: 20°C
© diametro da tubulagdo de succéo: 400 mm
* coeficiente de perda de carga da formula Universal: 0,025
* comprimento da tubulacéo de succao: 100 m
*@ pecas e acessbrios da succéo:
valvula de pé com crivo
curva 90°
reducdo excéntrica
16Arie ds sistemas de ecaiqu I Captlo
T
= 40
&
% 30} 7
zg
z
20
10
-
oo
000 004-0082 ONG 02D HO.
Q (nts)
Solugio
CO problema ¢ resolvido comparando 0 NPSH disponivel com 0 NPSH reque-
rido, conforme indicado na expresso (6.19). 0 calculo do NPSH dispontvel
6 realizado através da equacio (6.16), cujos valores das parcelas poder
ser obtidos no enunciado do problema e complementados com dados do
Quadto 2.3 (y=9789 Nim e P=2335 Pa), com excecao da perda de carga
na succéo que é calculada em funcéo da vazao, como demonstrado a seguir:
Pas _ 90450! og ayn
” 9789N / mr
h, = 40m
Pp _ 2335N/m?
——_, = 0,24m
y 9789N/m*
A perda de carga Ah, 6 a soma das perdas de carga continua € localizada.
O cdlculo da perda de carga continua serd realizado pela formula Universal
(equacao 3.3) ea perda de carga localizada através da expressao geral (equa-
G40 3.26), com os coeficientes obtidos no Quadro 3.9 reescritos a seguir:Fundamentos de Enger Hides
valvula de pé
* ctivo
* curva 90°
© reducao excéntrica
Q
Ah, = 75-987 040
013’ -2-9,81 0,40
+3,05) = 30,02Q?
Levando os valores obtidos anteriormente na expressao do NPSH disponivel
tem-se:
-.NPSH, = 9,24-(4,0+ 0,24+ 30,020’)
NPSH, = 5,00-30,02Q°
Arbitrando valores para as vazées Q na equacao acima e calculando os
valores correspondentes de NPSH disponivel, é possivel determinar-se a
curva de variacao do NPSH, em funcao de Q e comparé-la com a curva do
PSH requerido fornecida no problema, como ilustrado no grafico a seguir:
Q(*4)
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20 0,22 0,24
NPsHdim) 5,00 4,99 495 4,89 481 4,70 4,57 4,41 4,23 403 3,80 3,55 3,27
NPSH-0,6(m) 440 4,39 4,35 429 421 4.10 3,97 3,81 3,63 343 3,20 295 2.67
NPSH,/1,2(m) 4,17 4,16 413 4,08 4,01 3,92 3,81 3,68 3,53 3,36 3,17 2,96 2,73
0 grafico a seguir mostra, além da curva do NPSH, te6rica, as curvas do
NPSH, com as margens de seguranca de 0,6m e 20%. A intersecéo da
curva do NPSH, com a curva do NPSH,/1,2, correspondente ao ponto [1],
dé a vazdo maxima permissivel desta bomba para que nao haja cavitacao
nesta instalacdo, cujo valor é 0,18 mis.
178Arie dos sistemas de ealqu | Cape
NPSH (m)
Exemplo 6.5
‘A Figura 6.6 mostra as curvas (H,,, Q), (NPSH, Q) e (P, Q) de uma bomba
que acionada por um motor de 1775 rpm devera operar dentro das
seguintes condic6es:
* Diametro do rotor @: 17 7/8”
Vazao: 800 m?/h
Altura geométrica: 80 m
Temperatura da agua: 20°C
Pressdo atmosférica local: 9,24 mca
Perda de carga na succao: 10 % da perda de carga total.
a) tracar a curva caracteristica do sistema;
b) determinar qual € 0 novo panto de trabalho da bomba, associando
outra bomba igual em paralelo;
©) tendo em vista o funcionamento de uma ou duas bombas em paralelo,
determinar qual deve ser a poténcia do motor;
d) calcular a altura de colocacao da bomba
Solugio
a) Curva caracteristica do sistema
Para Q = 800 m?/h encontra-se na curva da referida bomba, com $: 17 7/8",
H,, = 98m
179undements d Engen Hires
Na equacao (6.10) da curva do sistema (H,, = H, +2), com H,, = 98m,
H, = 80 me Q = 800 mith, obtem-se r = 2,8 x 10%. Assim, a equacéo
caracteristica do sistema é:
H,, = 80 + 2,8 x 10° Q (Qem mh)
Qimm) 0 200 400 600 800 100
H,(m) 80,0 81,1. 84,5 90,1 98,0 108.1
Os pontos da curva do sistema, representada por C,, estéo plotados no
grafico da bomba mostrada neste exercicio
b) Novo ponto de trabalho (com outra bomba igual em paralelo)
Para se tracar a curva de duas bombas iguais em paralelo, basta duplicar a
vazio, mantendo-se a altura manométrica, como apresentado por C,, no
grafico a seguir. Na intersecao da curva C,, com a curva C, tem-se 0 novo
ponto de trabalho:
Q=977m%7h
H,, = 106,7 m
©) Poténcia exigida pela bomba ao motor
Pelo grafico tem-se:
Para uma bomba (no ponto de trabalho) = Q=800 m/h =» P=320c™.
® Para duas bombas (no ponto de trabalho) =» Q=977 m*/h, sendo cada
bomba responsdvel por Q = 488,5 m*/h, a poténcia exigida por cada bomba
6 P=280 cv.
Nos sistemas que possuem mais de uma bomba, pode acontecer de estar
somente uma bomba funcionando, como por exemplo na ocasiao da
manutengéo de uma delas, assim a poténcia para especificacao deve levar
‘em conta a pior situaco, ou seja, P = 320 cxv., pois do contrario o motor
poderia ser danificado.
180‘odie dos sstenas desig | Captlo 6
BOMBAS CENTRIFUGAS 4775 RPM
CURVA DE PERFORMANCE | |
|
OT ye
Curva do Sistema - C5
‘Curva de 1 bomba
{
re zl * |
ala
:
:
|
| |
| 100 |
|
Dae ee
YVAZAO (m3h) |
|
d) Altura de colocagao da bomba (h,)
A altura de colocacao da bomba, para nao haver cavitacdo, ¢ dada pela
equacéo (6.14), em que:
Pp
24m
Y
y = 998kof /m? (ver Quadro 2.3 para T=20° C)
181eo
Fundomentos de Engenharia Wren
Pes = 0,0238k9f /cm?
(ver Quadro 2.3 para T=20° C)
ats 238kg f/m?
yy 998kgf fm
PR = 238kgf/m? =>
0,24m
Como analisado para o caso da poténcia, a maior exigéncia por parte da
bomba se dé quando a bomba esta funcionando sozinha. Essa observacdo
é valida para todas as bombas centrifugas, porque a poténcia e o NPSH,
so proporcionais 8 vazao. Assim, a determinacao da altura de colocagao
da bomba deve ser realizada para a situacao de uma bomba funcionando,
isto é:
Q= 800 m'iheH, = 98m
para HH, =80m = Ah=H,-H,=18
Pelo enunciado do problema a perda de carga na succéo é 10% da perda
de carga total, portanto
Ah,=0,10Ah = => Ah,=1,8m
Levando os valores calculados na equacao (6.14) e 0 valor do NPSH, = 3,6 m,
! obtide no grafico da bomba para Q = 800 m*/h, obtém-se:
h, < 9,24-(0,24+1,8 + 3,6) nee em
Problemas
6.1 Uma bomba centrifuga, com as caracteristicas H,, x Q mostradas no quadro
a seguit, produziu 50 V/s, quando foi instalada numa adutora que interliga dois
reservatorios cuja diferenca entre os niveis de agua é 30,0 m, Apés 20 anos de
funcionamento deste sistema, verificou-se que a azo havia sido reduzida para
40 /s devido ao aumento da perda de carga na tubulacao. Desprezando as perdas
de carga localizadas, pede-se determinar, apds 20 anos de uso, a perda de carga
continua na tubulacao ¢ 0 aumento percentual do coeficiente de perda de carga
da formula Universal.
182Anais dos sstomas de real |Coptulo 6
QWs} 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0
H,,(m) 80,0 75,1 69,6 636 57,1 50,0 42,4 34,3 25,6
6.2 Uma bomba centrifuga foi testada em laboratorio numa instalacao cujo esque-
ma de medigo de pressao ¢ mostrado na figura abaixo. As informacées obtidas
nos testes estdo no quadro a seguir. Pede-se determinar a curva caracteristica H,
x Qda bomba
Manémetro
metalico
°
400mm
vs +
300mm
=
hy
Teste Vazio (Us) — Mandmetro de mercirioh, (mm) Mandmetro metlico P, (KPa)
1 40,0 120 490
2 700 160 372
3 100,0 190 245
6.3 Uma bomba testada em laboratério apresentou as caracteristicas mostradas
no quadro a seguir. Esta bomba deverd ser utilizada numa estacao elevatoria cuja
altura geométrica € 25 m, ligada a uma adutora com coeficiente de perda de carga
da formula Universal igual a 0,025 e extensdo de 3556 m. As pecas, conexdes €
aparelhos provocam uma perda de carga localizada de 10 U/2g. Pede-se selecionar
0 didmetro da tubulagio para permitir 0 escoamento de 80 is e calcular a poténcia
consumida.
\Vazao (Vs) 0 20 40 60 80 100 120
Altura manomeétrica(m) 60 59 57 52 45 35 22
Eficiéncia (96) eat 2 eee ee 7 obeee 09) 154)
6.4 A adutora mostrada na figura a seguir conduz 200 m*/h do reservatério R, para
© R,. Objetivando aumentar esta vazéo, serd introduzida uma bomba no ponto B,
com as caracterlsticas apresentadas no quadro.
183Q(m’mh) 0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0 450,0 500,0
H,(m) 80,0 79,0 77,0 73,8 70,0 65,0 59,0 52,0 43,0 35,0 25,0
a) determinar a vazao transportada entre os reservatorios apds a colocacao da bomba;
b) fazer um esquema mostrando a linha piezométrica entre os dois reservatérios,
apos a colocacao da bomba.
6.5 Duas bombas idénticas sdo instaladas nurna adutora de 250 mm de diametro, 5
km de extensao e coeficiente de perda de carga da formula Universal igual a 0,020.
Esta adutora interliga dois reservat6rios cuja diferenca entre os niveis de agua
15,0 m. Conhecendo-se as caracteristicas da bomba, apresentada no quadro a
seguir, e desprezando a perda de carga localizada na adutora, pede-se
a) calcular a vazio total bombeada se as bombas forem associadas em paralelo €
em série;
) considerando a possibilidade das bornbas estarem associadas em série e em pa-
ralelo e também a possibilidade de trabalhar somente uma bomba, qual a poténcia
e NPSH maximos requeridos por uma bomba?
Qimym) 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
H,(m) 80,0 79,0 77,0 73,8 70,0 65,0 59,0 52,0 43,0 35,0 25,0
NPSHim) 0 04 09 15 24 38 52 7,1 8&8 11,0 14,0
Pl) - 41 43 50 58 73 89 103 122 140 160
6.6 A curva caracteristica de duas bombas iquais associadas em paralelo apresenta
08 seguintes dados:
QWs) 0,0 2.0 40 60 80 10,0 12,0 140
H,(m) 15,5 15,2 146 134 12,0 100 7.6 44
Com um desnivel geométrico de 6,0 m, as duas bombas ligadas recalcam 10 Vs
sob a altura manométrica de 10,0 m. Qual a altura manométrica e qual a vazao de
apenas uma bomba ligada?
184nie dos ssteras de rca Cape 6
6.7 Ainstalagao de recalque, mostrada na figura a seguir, possui duas bombas iquais
associadas em paralelo,
No grafico abaixo séo apresentadas as seguintes curvas caracteristicas, relacionadas
a instalacao mostrada na figura anterior:
C,_1 curva resultante de duas bombas iguais em paralelo;
C, : curva caracteristica da tubulacdo 1;
C, : curva caracteristica da tubulacao 2
Hm (m)
Pede-se determinar:
a) a vazéo em cada tubulagao com as duas bombas ligadas;
b) a vazdo em cada tubulacéo com apenas uma bomba ligada;
©) © ponto de funcionamento estando as duas bombas ligadas;
d) avazao na tubulacao 2, caso 0 registro da tubulacao 1 fosse totalmente fechado
as duas bombas funcionando;
e) o novo ponto de funcionamento, caso 0 desnivel fosse reduzido para 20,0 m.
185Fandementoe de Engenhata dru
6.8 Certa instalacao elevatoria recalca 700 m’/h de agua, dentro das seguintes con-
digdes.
* Altura geométrica: 40,0 m
* Presséo atmosférica: 9,0 mca
Densidade da agua: 0,996
Pressao de vapor: 0,043 kgf/cm?
Perda de carga na succao: 8 % da perda de carga total.
a) determinar a altura maxima de succdo, para a bomba, cujas curvas caracteristicas,
(H,, Q)e (NPSH, Q) esto mostradas na Figura 6.6, com rotor de diametro igual a 14”;
») calcular 0 novo ponto de operacéo dessa bomba, caso a perda de carga no sisterna
de tubulacao aumentasse 20%.
6.9 Uma bomba movida por um motor de 3500 rpm deve trabalhar num sistema cuja
altura maxima de succao é 2,0 m. Verificar se esta bomba cavita ao trabalhar com
uma vazéo de 10 Us, sabendo-se que este ponto corresponde a sua melhor eficiéncia
Considerar:
pees
Y
9,8mca
Pv
¥
,2mca
* Diémetro da suc¢do: 100 mm
* Comprimento da tubulacao de succao: 7,0 m
* Coeficiente de perda de carga da formula de Hazen-Williams: 130
Desprezar as perdas de carga localizadas.
6.10 Uma elevatéria est sendo projetada para recalcar 500 m’/h, a uma
altura geométrica de 30,0 m, através de uma adutora de 400 mm de dia-
metro, 12 km de comprimento e coeficiente de perda de carga da formula
Universal igual a 0,022. A perda de carga localizada prevista 6 de 10L7/2g.
Visando aproveitar uma bornba existente, cujas caracteristicas, a rotacao
de 1800 rpm, sao mostradas no quadro a seguir, pede-se’
a) 0 ponto de trabalho;
{CF ) determinar a rotacéo para que a bomba trabalhe exatamente com a
vazao de projeto.
Qimyh) 0100 200 300 400 500 600
H,(m) 120-119 115 409 100 87 70
186Capitulo 7
Caracteristicas basicas dos escoamentos livres
No presente capitulo sdo estudadas as. caracteristicas fundamentais
dos escoamentos livres, bern como dos condutos usualmente utilizados.
Analisam-se também as distribuicées de velocidades e presses associadas
a este tipo de escoamento.
7.1 Escoamentos livres e forcados
© escoamento livre, ou escoamento em canais abertos, é caracterizado pela pre-
senca de uma superficie em contato com a atmosfera, submetida, portanto, a pressdo
atmosférica. Assim, a passo que nos escoamentos em condutos forcados as condicoes
de contorno sao sempre bem definidas, nos escoamentos livres estas condicoes podem
ser variévels, no tempo € no espaco.
‘Além disto, a extrema deformabilidade da superficie livre dé origem a uma série de
fendmenos desconhecidos nos condutos forcados, tais como o ressalto hidréulico € 0
remanso, que sero estudados nos préximos capitulos,
Um outro aspecto importante que deve aqui ser realcado é a maior variabilidade,
tanto quanto a forma quanto & rugosidade das paredes dos condutos, em contraposicao
& maior uniformidade observada nos condutos utilizados nos escoamentos em carga
Este aspecto contribui, também, de forma significativa, a uma maior complexidade nas
formulacdes mateméticas relativas aos escoamentos livres
Apesar destas diferencas entre dois tipos de escoamento, os principios basicos que
regem os escoamentos livres $40 essencialmente os mesmos daqueles referentes aos escoa-
mentos forcados. Assim, as equacdes fundamentals s80 as seguintes, j4 vistas no Capitulo 2:Fundomantos do Engeahaci Hee
| ® Equaco da continuidade, traduzindo a conservacao da massa:
Q=4
=AU; 1)
* Equacéo correspondente ao teorema de Euler, traduzindo a conservacao
da quantidade de movimento:
B= oo{9,0:-0,0) 7.2)
* Equacdo de Bernoulli, traduzindo a conservacéo da energia
2 2
ay tase aby tas Seah (73)
Nestas equacées, ter-se
© Q: vazdo, em miss;
* A: area, em m*
U: velocidade média, em mis;
R: forca resultante, em N;
p: massa especifica, em kg/m?
B: coeficiente de Boussinesq;
Z: cota do fundo, em m;
y: profundidade, em m;
0: Coeficiente de Coriolis;
* g: aceleracao da gravidade, em m/s?;
© Ah: perda de carga, em m.
Curso d'agua natural: escoamento livre
188Caractere bias dos exoamente ares |Capulo 7
“Exemplo 7.1
Um canal retangular com base de 5 m transporta uma vazao de 10 m?/s
entre os pontos 1 e 2, em uma extenséo de 1 km e desnivel de 13 m
Sabendo-se que a profundidade a montante é de 1 m e a velocidade a
jusante é igual @ 3 m/s, pede-se calcular a perda de carga total entre o
inicio e 0 término do canal.
Solucdo
Aplicando a equacéo de Bernoulli entre o inicio ¢ 0 final do canal, adotando
0 datum pasando pelo ponto 2 e supondo at, €«., = 1,00 pode-se escrever:
(2, + y)+U? 12g) ~(2, + YoU; 12g) = Ah
(13,00 +1,00+U? /2g)—(0,00+ y, + 3,00" / 2g) = Ah
Para determinar U, ¢ y,, pode-se aplicar a equacao da continuidade:
=> U, = QUA, = (10,00 m/s) / (5,00 m . 1,00 m) = 2,00 mis
= A,= QIU, = y, . 5,00 m = (10,00 m*/s) / 3,00 mis = y, = 0,67 m
Portanto:
Ah=(13,00+1,00+ (2,00) / 2g) (0,00 +0,67m + 3,00? / 2g) =13,07m
7.2 Parametros geométricos e hidraulicos caracteristicos
Conforme dito anteriormente, as condicdes de contorno nos escoamentos livres
podem apresentar-se de forma extremamente varidvel. Em funcao da geometria da secdo
da profundidade de escoamento, pode-se definir um certo numero de parametros, que
tém grande importancia e séo largamente utilizados nos célculos hidraulicos.
189Fundomentos de Enger Meus
Figura 7.1 - Pardmetros hidraulicos fundamentals das secoes transversais
Estes parémetros hidrdulicos fundamentais relativos a uma secao transversal S80
essencialmente os seguintes:
* Seco ou Area Molhada (A): parte da seco transversal que ¢ ocupada
| pelo liquido;
* Perimetro Molhado (P): comprimento relativo ao contato do liquido com
0 conduto;
* Largura Superficial (B): largura da superficie em contato com a atmosfera;
* Profundidade (y): altura do liquido acima do fundo do canal;
1 © Profundidade Hidrdulica (y,): razao entre a Area Molhada e Largura
Superficial:
Vp =AIB (7.4)
* Raio Hidrdulico (R,): razao entre a Area Molhada e o Perimetro Molhado:
R,= AIP (7.5)
Este ultimo pardmetro constitui a dimensao hidréulica caracterfstica, utilizada para
i 0 cdlculo do numero de Reynolds.
A profundidade y muitas vezes é assimilada a uma altura de escoamento perpen-
dicular a0 fundo do canal, designada por “h”. Nas condic6es usuais de declividades
reduzidas, como seré visto ulteriormente, pode-se frequentemente tomar as duas gran-
dezas como equivalentes.
190
onesie iiiCaracas bisa ds escoamentas es | Captlo 7
Para algumas secoes, de forma geométrica definida, esses elementos podem ser
analiticamente expressos em funcdo da profundidades da agua, conforme Quadro 7.1
onde so apresentadas as caracteristicas geométricas fundamentals das secbes mais
comumente usadas na hidrdulica dos canais abertos.
Quadro 7.1 — Parametros caracteristicos de algumas segdes usuais
A Perimetro Ral Largura—Profundidade
aa Molhado __Hidréulico Superficial Hidraulica
by bea oly b y
(b+2yyy (o+2y)y
be beayyiee bray GtBy
(wey y Te y
ze ane aS ay sy
0,125(-sene)F 95eD 0,25
[> avy@-v ornsfsrts)o
woe ge Ff
bservacio: angulos em radianos
191I
undementos de Engenharia Mérulce
Exemplo 7.2
Caleular 0 Raio Hidréulico e a Profundidade Hidréulica do canal trapezoidal
da figura, sabendo-se que a profundidade do fluxo € de 2m.
Solugao
Sendo 0 parametro Z igual a 4,0, pela tabela 7.1, tem-se:
A=(b+zy)y = (4,00 m +4 x 2,00 m) x 2,00 m = 24,00 m*
+2y (1422)? =4,00m +2x2,00mx (1 + 4) = 20, 49m
+2zy=4,00m+2x4x2,00 m= 20,00 m
Em termos de utilizacdo pratica, as secées trapezoidais sdo bastante empregadas
em canais de todos os portes, com ou sem revestimento, Da mesma forma, as secbes
retangulares tém também emprego bastante amplo, sendo, no entanto, construdas em
estruturas rigidas, de forma a garantir a estabilidade das secées. Para a conducéo de
vaz6es mais reduzidas, empregam-se as sec6es circulares, de uso comum em redes de
esgoto, redes de Aguas pluviais e em bueiros. Da mesma forma, as secbes triangulares
40 utilizadas em canais de pequenas dimensoes, tais como as sarjetas rodoviarias e
urbanas. Maiores detalhes tecnolégicos relativos aos tipos de secées e revestimentos
adotados na Engenharia Hidraulica serdo vistos no Capitulo 13.
Para a caracterizacdo das sec6es triangulares e trapezoidais, pode-se introduzir um
parametro geométrico "2", conforme pode ser visto no Quadro 7.1, referente a inclina-
Gao do talude, correspondente a razao entre as dimensbes horizontal e vertical deste.
Para secoes irregulares, como as dos canais naturais, estas relacdes analiticas nao
podem usualmente ser estabelecidas. Eventualmente pode-se tentar ajustar curvas para
representar estas relac6es, como parabolas, para cursos d’agua de pequenas dimensoes.
Ainda no que diz respeito aos canais fluviais naturais, trabalha-se frequentemente
com as chamadas Secdes Retangulares Largas, que sao utilizadas para cursos d’agua
de grandes larguras e pequenas profundidades. Assim, supde-se que a profundidade 6
192Caracerstcs biscas dos escoamantos aes |
desprezivel em relacao & largura do curso d’dgua, ou seja, 0 perimetro molhado pode
ser assimilado a largura, obtendo-se’
=> Rh
uy P (7.6)
Quando a seco do conduto é constante ao longo de toda a sua extenséo, diz-se que
© canal é prismatico. Os canais e condutos prismaticos so 0s Unicos que nos permitem
obter um escoamento uniforme, ou seja, com profundidades constantes ao longo do
escoamento, para uma dada vaza0, como serd visto posteriormente.
Tendo em vista que 0 escoamento livre se processa exclusivamente em funcao da
gravidade, os desniveis desempenham um papel primordial no seu estudo, sendo que a decli-
vidade ()) corresponde ao parametro caracteristico. As declividades so, evidentemente,
adimensionais, expressas em “metro por metro” [m/ml, correspondendo a razo entre o
desnivel e a distancia horizontal. € bastante usual, também, a notagio das declividades
em “porcentagem”. Assim, uma declividade de 4%, por exemplo, correspondente a uma
declividade de 0,04 m/m, est associada a um desnivel de 4 cm para cada metro percorrido
‘no sentido horizontal.
7.3 Variagéo da pressao
No que diz respeito a variacdo da press8o na secao transversal, pode-se dizer, ini-
cialmente, que esta assume aqui uma maior importancia do que no caso dos condutos
forcados. Com efeito, considera-se, em geral, a pressao reinante nos condutos forcados
igual em todos os pontos da secéo, tendo em vista as dimens6es dos condutos, em geral
reduzidas, comparadas com as cargas piezométricas reinantes. No caso dos condutos
livres, esta consideracao nao pode ser efetuada,
‘Assim, nos escoamentos livres, a diferenca de presses entre a superficie livre eo
fundo no pode ser desprezada, pois nao considerando interferéncias devides a turbulén-
cia, constata-se que a presso em qualquer ponto da massa liquida é aproximadamente
proporcional 8 profundidade, ou sea, a distribuicéo da pressao na secao obedece a Lel de
Stevin, relativa a distribuicao hidrostatica de presses, como pode ser visto na Figura 7.2
Figura 7.2 - Distribuigto de presses no escoamento uniforme e gradualmente variado
193Funéomentos de Engen dria
Nestas condicoes, pode-se assumir que:
P=yh an
onde:
‘P: presséo;
+f. peso especifico do liquide;
h: profundidade do ponto considerado.
Na realidade, a hipétese de distribuicéo hidrostatica de press6es ocorre apenas
quando inexistem componentes de aceleracao no sentido longitudinal, ou seja, quando
observam-se linhas de corrente retilineas, caracterizando o chamado Escoamento Paralelo.
Esse tipo de fluxo, a rigor, ocorre apenas em situacées de escoamento uniforme. Toda-
via, para objetivos praticos, pode-se considerar também os escoamentos gradualmente
variados como sendo paralelos, ou seja, assume-se também para estes uma distribuicao
hidrostatica das pressdes.
Nos escoamentos bruscamente variados, quando a curvatura das linhas de corrente
] no sentido vertical € significativa, caracteriza-se o Escoamento Curvilineo, observando-se
i uma alteracdo na distribuico hidrostatica das press6es. Com efeito, em escoamentos
curvos, convergentes ou divergentes, observa-se a presenca de forcas inerciais, que co-
respondem as aceleragbes tangenciais e normais, que alteram a distribuicso hidrostatica
de pressoes, conforme pode ser visto na Figura 7.3.
CO)
Figura 7.3 - Distribuigdo de presses nos escoamentos curvilineos
De fato, em perfis convexos constata-se uma redugdo da pressao hidrostatica. Por
outro lado, no caso de perfis céncavos, observa-se uma sobrepressao adicional. Deve-se
entao introduzir correc6es nos valores da presséo hidrostatica através da seguinte expres-
so (Graf, 1993):
P'=P+AP 78)
onde;
(7.8a)
194,coractertcasbscas ds excoaments Ives | Capito 7
sendo:
: pressao resultante, devidamente corrigida;
P: pressio hidrostatica;
7. peso especifico;
+: profundidade;
g: aceleracao da gravidade;
U: velocidade média;
r: raio de curvatura do fundo, considerado positivo para fundos concavos
€ negativo para fundos convexos.
Um outro aspecto que deve ser considerado aqui diz respeito ao efeito da declividade
na distribuigéo das press6es. Com efeito, para canals com declividades, a distribuigéo de
press6es afasta-se da hidrostatica, como pode ser visto na Figura 7.4, relativa a um canal
de largura unitéria e inclinacao @, em condicées de escoamento uniforme.
t.
Figura 7.4 - VariagSo da distrbuicdo das pressGes em canais com decividade
Nestas condic6es, a pressdo no ponto B da Figura 7.4 é dada pela seguinte expres-
séo, segundo Chow (1959):
P, =yycos’ 79)
Esta pressdo € denominada pseudo-hidrostatica, diferindo da hidrostatica apenas
pelo fator cos’8. Com o aumento da declividade, o fator cos cresce, tornando a dife-
renca mais significativa. Em canais com declividades inferiores a 0,1 m/m, a diferenga
seria menor do que 1%, tornando, portanto, realista desprezar-se essa correcao no
desenvolvimento de calculos praticos em Hidraulica. Pode-se introduzir um critério de
declividade para distinguir dois tipos de canals e, consequentemente, as simplificacoes
passiveis de serem consideradas:
* canais com deciividade reduzida (1 < 10%), onde pode ser considerada a
distribuicao hidrostatica de pressoes;
* canais com grandes declividades (I > 10%), para os quais € necessério
considerar-se a distribuigéio pseudo-hidrostitica de pressoes,
195Fundamantos de Engentaia Mics
A Figura 7.5, apresentada a seguir, ilustra a distribuicao de press6es no escoamento
em um vertedor, evidenciando zonas de subpressao (crista), sobrepressao (pé), bem como
a distribuicdo pseudo-hidrostatica ao longo da sua calha.
E € importante salientar que a subpressao observada na crista pode levar, eventual-
mente, a valores de pressdo efetiva inferiores & atmosférica, conduzindo a problemas
de cavitacdo e consequente desgaste da estrutura. Da mesma forma, elevados valores
de sobrepressao observados no pé do vertedor podem também conduzir a deterioracao
estrutural.
Figura 7.5 - Distribuicao de pressGes ao longo de um vertedor
Fonte - Adaptado de Crausse, 1951.
Exemplo 7.3
Durante uma cheia, um vertedor de altura igual a 8,00 m e largura 5,00 m
descarrega uma vazo de 22,00 m?/s, Os raios de curvatura do vertedor nos
pontos A e C (ver Figura 7.5) so, respectivamente, 1,20 m e 4,00 m. A
calha (ponto 8) tem uma inclinacéo de 90%. Sabendo-se que no panto A
a lamina d’4gua atinge 1,40 m de altura, e nos pontos B eC as velocidades
de escoamento s80 9,00 rms e 13,00 ms, respectivamente, pede-se calcular
a pressdo hidrostatica nestes trés pontos.
196aracterbtcas bscas ds escoamentos Ives | Captulo 7
Solugdo
© Secdo A:
P’
+ (yh/g)(e/1)
P = yh = (9810 Nim’). (1,40 m) => P= 13734 Nin?
U= QUA = (22,00 m’/s) / (1,40 m. 5,00 m) =» U=3,14 mis
P’ = 13734 + (9810. 1,40 / 9,81).(3,14 | -1,20)
P’ = 13734-11502 => P’=2232 Nim? «© P!= 2,23 KN/ m?
© Sedo B:
1=90% = 0=42"
Q=UA= A = QIU = (5,00 m) h = (22,00 mils) /(9,00 mis) =» h=0,49m
P=yh. coke P
9810. 0,49. cos?(42°)
=> P’=2654 Nim? = 2,65 KN /m?
* Seco C:
Q=UA = (22,00 mls) = (13,00 mis). (5,00 m). h=> h=0,34m
P=yh => P=9810.0,34 = P= 3335 Nim’
Pi =P+(yh/g)(U2/1) => P’ = 3335 + (9810. 0,34 /9,81).( 13,00? / 4,00)
=> P= 17700Nim? e& P’ =17,70KN/ m?
Em sintese, pode-se dizer que usual mente trabalha-se com a hipstese de distribui-
«Go hidrostética de presses nos escoamentos em canais com fundo plano e pequenas
declividades. As consideracées desenvolvidas ao longo deste texto referem-se, sobretudo,
a canais nestas condicdes, de uso bastante frequente na Engenharia Hidraulica
197Fundsmentos de Engenharia Widen
A Variacdo da velocidade
Nos condutos livres, a presenca de superficies de atrito distintas, correspondentes
as interfaces liquido-parede e liquido-ar, acarreta uma distribuicéo nao uniforme da
velocidade nos diversos pontos da seco transversal. O esquema apresentado na Figura 7.6
ilustra a distribuicao das velocidades em uma seco de curso d'agua, podendo observar-se
© aumento da velocidade das margens para 0 centro e do fundo para a superficie, em
fungao do aumento da distancia do tubo de corrente em relacdo a superficie de attito
Figura 7.6 - Esquema da dstribuicao das velocidades em um curso d'égua
Na Figura 7.7, ilustra-se a distribuig&o de velocidades nas secdes transversais através
das Isdtacas, ou seja, das curvas de igual velocidade, em algumas secdes usuais artificiais,
Canal trapezoidal
Canal triangular
Canal circular Canal retangular
Figura 7.7 - Distribuicéo da velocidade em diferentes secbes artifciais
Fonte - Adeptato de Chow, 1959,
198‘Caracas Bascas os escoaments tes Captulo 7
Em canais naturais, a distribuicao das velocidades é mais complexa, como pode ser visto
na figura apresentada a seguir, onde se pode visualizar a distribuicdo das velocidades em
uma seco transversal do rio Amazonas, medida quando de uma vazao de 270.000 m*s.
242830 2828 2
Figura 7.8 - IsOtacas observadas no rio Amazonas, no estreito de Obidos
Fonte - Cristofolett, 1988.
Em canais curvos a distribuicéo das velocidades é ainda mais complexa, constatando-se
a presenca de correntes secundarias, que originam velocidades de escoamiento no plano
da seco
De forma geral, no sentido horizontal as velocidades em uma seco vo de valores
nulos, junto as margens, a valores maximos nas proximidades do centro do escoamento,
conforme pode ser visto nas Figuras 7.6. 2 7.8. J4 em uma vertical, o perfil de distribui-
0 das velocidades ¢ aproximadamente logaritmico, conforme ilustrado na Figura 7.9,
indo de um valor nulo, junto ao fundo, até um valor méximo logo abaixo da superficie,
entre 5% e 25% da profundidade. O valor da velocidade média, designada por U, corres-
ponde, aproximadamente, a média aritmética das velocidades medidas a 20% e 80% da
profundidade, podendo também ser considerado aproximadamente igual a velocidade
observada a 60% da profundidade.
Figura 7.9 - Perfil das velocidades en uma vertical
Tendo em vista o exposto pode-se afirmar que a distribuicao das velocidades em uma
secdo é bastante complexa, implicando na necessidade de um tratamento matematico
tridimensional para sua adequada descricéo. Estas condicdes acarretariam, evidentemente,
dificuldades operacionais relativas aos cdlculos praticos em Engenharia Hidraulica.Fundamentos de engenala Hrs
Assim, para levar em conta as irregularidades da distribuicdo das velocidades nas
segdes sem, no entanto, adotar uma abordagem tridimensional complexa, pode-se
trabalhar com as velocidades médias nas equacdes de Bernoulli e do Teorema de Euler,
utilizando os coeficientes de Coriolis (a) e de Boussinesq (B), adimensionais ja vistos
anteriormente. As express6es de cdlculo destes coeficientes sd0 as sequintes
vdA (7.10)
awk
WA
2
6 Naa 7.11)
WA
Esses adimensionais sao, portanto, sempre superiores ou iguais a unidade, sendo que
© valor unitario corresponde a situacao de velocidade constante em toda a seco, Para
canais prismaticos, os valores de B obtidos experimental mente sao compreendidos entre
1,02 e 1,12 @ os valores de a. situam-se, frequentemente, entre 1,03 e 1,36, segundo
Chow (1959), podendo eventualmente atingir valores superiores a 2
A determinacao das velocidades em uma secao s6 é possivel através de medig6es
diretas, sendo efetuada usualmente com o uso de aparelhos denominados molinetes,
que associam a velocidade de escoamento a rotacao de uma hélice. Atualmente estéo
disponiveis equiparnentos mais modernos para medicao de velocidade, baseados na
reflexdo de ultrassons e raios laser.
Essencialmente determina-se a velocidade em diversos pontos em uma vertical,
associando a cada ponto medido uma area de influéncia. A velocidade média e a vazio
podem ser entéo calculadas de acordo com as seguintes expressoes:
Molinete
200cas bccas dos excosments ies | Capito 7
A=dA (7.12)
e=dVA 7.13)
u=ayY (7.14)
Ainda, a partir de medigdes de velocidades nas sec6es pode-se também calcular ave B
pelas seguintes expressbes, obtidas a partir da discretizacao das equac6es (7.10) e (7.11):
mwa (7.15)
o OFA
2
via (7.16)
fo WA
Supondo uma distribuicao logaritmica das velocidades em uma vertical, 0s coeficien-
tes 0. e B podem ser expressos em funcao de uma relacao entre as velocidades rédias
e maximas em uma secdo de acordo com as seguintes expressdes:
a =1438?—267 7.17)
Bolte? (7.18)
Nestas expressbes e pode ser calculado pela seguinte expresso
(7.19)
onde V,,,, corresponde @ velocidade maxima e U a velocidade média na
secéo
Exemplo 7.4
Em um canal retangular, com lamina d’égua de 1,50 m de altura, foram
efetuadas medicdes da velocidade de escoamento @ 0,30 e 1,20 m de
profundidade, obtendo-se respectivamente 1,50 e 0,90 m/s. Sabe-se que
a velocidade superficial & de 1,40 m/s e supondo-se que a velocidade
maxima seja 15% superior a esta, pede-se calcular para esta secao os
parametros ae B.
201Fundaments de Engenhais Waren
Solugéo
As medic6es a 0,30 e 1,20 m, correspondem a 20 e 80% da profundidade
do fluxo (1,50 m), logo a velocidade média na secéo sera a média das
velocidades medidas:
U=(Vyyy, + Vagy,)12 = (0,90 + 1,50)/2 = U=1,20 mis
V,
60 mis
1,15. (1,40 mis)
£=(V,,,/U)- 1 = (1,60 mis) /(1,20 mis)-1 => © = 0,333
Botte = 1+(0,333¥ > B=1,11
= 1+ 3e?-2e? = 1 +3 (0,333F - 2 (0,333) > a= 1,26
Tendo em vista a frequente dificuldade pratica de dispor de valores reais de ae B,
adotam-se, usualmente, valores iguais 8 unidade para os dois parametros, o que implica
a consideracao de uma velocidade média constante em toda a seco. Essa suposi¢ao, a
rigor incorreta, pode ser considerada valida como uma aproximacdo, tendo em vista que
as equacoes de conservacao da energia e da quantidade de movimento sao utilizadas,
frequentemente, para efetuar balanco entre secdes nao muito diferentes geometricamente
e, portanto, com valores de o: e B préximos. Cabe ressaltar, no entanto, a necessidade
de ter sempre ern mente a possibilidade de tratar situacées com valores de parametros
significativamente varidveis, o que forca a utilizagéo de valores diferentes da unidade.
Problemas
7.1. A galeria da avenida Alvaro da Silveira, situada na regiéo da Pampulha, em
Belo Horizonte, foi implantada em concreto moldado in loco, de forma retangular
com largura de base de 4,50 m. Sabendo-se que ela deverd funcionar com uma
profundidade de fluxo 1,60 m e que a velocidade mécia de escoamento prevista é
de 3,20 m/s, pede-se calcular a vazao transportada. ©
7.2 Caleular os parametros hidréulcos caracterstcos de um canal trapezoidal de
largura de base de 3,00 m, taludes laterais com Z = 1,5 e profundidade 2,60 m.
Calcular também a velocidade média de escoamento, supondo que ele transporta
uma vazao de 60 m*/s nas condicdes de projeto.Ceracerstcas bises dos escoamentos les | Capo 7
7.3 A adutora do Sistema Rio das Velhas, implantada para abastecimento de agua
da cidade de Belo Horizonte, possui um trecho em canal, com seco circular em
concreto liso, com diémetro interno de 2,40 m, assentado com declividade de 1%.
Determine a velocidade de escoamento para a condicao de funcionamento corres
pondente a meia secao e vazio de 6 mvs.
7.4 Foram efetuadas medicbes de velocidades em um curso d’agua, como indicado na
figura. Pede-se calcular os pardmetros hidrdulicos caracteristicos da seco, a vazéo, a
velocidade média, os coeficientes ae B, bem como a soma das cargas piezométrica
e-cinética na secéo.
k fe ale tim, -afe- 3im. a 9m,
7.5. Refazer 05 calculos dos coeficientes a e do problema 7.4, adotando as
express6es (7.17), (7.18) e (7.19) e assumindo V,,,, = 2,2 rv.
7.6 Foram medidas as velocidades de escoamento em diversas profundidades em
um canal retangular largo, conforme tabela a seguir:
y(m) oO 0,2 0,4 0,6 — 0,8 (superficie)
U(ms) 0 0, 5 6
Adotando-se uma ponderacao pela area associada a cada velocidade, pede-se calcu-
lar a vazao especifica (vazao por unidade de largura) e a velocidade média na secao.
7.7 Determinar os parémetros caracteristicos (A, P. B, y, Rh, yh) da travessia rio Jacaré,
na rodovia Ferndo Dias a partir da seco esquematizada abaixo. Supondo que a
velocidade média de escoamento é de 2,50 m/s, calcular a vazao maxima passivel de
ser escoada sob a ponte. A viga (longarina) da ponte possui uma altura de 1,50 m.
7.8 Um canal de irrigacao, inicialmente com secéo retangular (secdo 1) ¢ posterior
mente trapezoidal, com taludes inclinados de 45° (secao 2), conforme indicado nas
figuras, é implantado com as cotas de fundo de 818,00 m e 812,50 m, respectiva-
mente, Pede-se:
203Fundamonict de Engenharia
a) calcular a vazéo transportada, supondo escoamento permanente com a profun-
didade de 3,00 m na segio 2;
b) definir o Coeficiente de Coriolis para as secdes 1 e 2, conhecendo-se as velo-
cidades médias nas subareas indicadas na secdo 2 e supondo-se que a velocidade
média de 2,75 m/s € constante em toda a secao 1;
total entre as secdes 1 € 2.
10m
segho 1 sEgHO2
©) determinar a pressao no fundo do canal na seco 1 e calcular a perda de carga
7.9 Deduzir a expressao (7.9).
204Capitulo 8
Energia e controle hidraulico
Neste capitulo séo analisados aspectos ligados a energia nos escoamentos
livres, com a definigdo dos regimes de escoamento e a introducso da nocao
de controle hidraulico. As transicées em canais retangulares s80 também
aqui tratades
8.1 Regimes de escoamento
Conforme visto anteriormente, a energia correspondente a uma secao transversal
de um canal é dada pela soma de trés cargas: Cinética, Altimétrica e Piezométrica:
wv
H=zt+ytae 1)
29
Como efetuado por Bakhmeteff, em 1912 (Chow, 1959), pode-se considerar a
quantidade de energia medida a partir do fundo do canal, obtendo-se a expressao da
energia especifica, que corresponde apenas & soma das cargas cinética e piezométrica
2
UF
E= aoe (8.2)
Veg
Adotando a. = 1, como visto no Capitulo 7, e substituindo a velocidade média pela
vazao através da equacdo da continuidade, pode-se escrever:
@
2gA?
E=y+ 63)Fundamentor de Engenharia Mids
Considerando a rea como uma funcao da profundidade, pode-se entéo constatar
que a energia especifica é uma funcao apenas de y, para uma dada vazéo:
ays 8.4)
PY To ‘
Assim, fixando-se uma vazdo, pode-se dizer que a energia especifica € a distancia
vertical entre 0 fundo do canal ea linha de energia, correspondendo, portanto, & soma
de duas parcelas, ambas func6es de y:
E=E,+E,
sendo
EBay
o
Oat
Pode-se representar graficamente a energia especifica em funcao de y:
VPE,
@ o ©
Figura 8.1 - Obtencéo de curva de energia especifica
Apartir da Figura 8.1 pode-se constatar que a energia especifica nao é uma funcao
monétona crescente com y; existe um valor minimo de energia, que corresponde a uma
certa profundidade, denominada Profundidade Critica - y.. A energia correspondente a
y, 6 chamada de energia critica -E.
‘Assim, para um dado valor de energia, superior aE, existem dois valores de pro-
fundidade, y, e y, denominadas Profundidades Alternadas. Pode-se entéo dizer que
existem dois regimes de escoamento, denominados Regimes Reciprocos. O escoamento
que ocorre com y, denomina-se escoamento Superior, Tranquilo, Fluvial ou ainda Sub-
critica. O escoamento correspondente a y, denominado Inferior, Rapido, Torrencial ou
Supercritico. © escoamento que ocorre com yy, ¢ denominado Critico.
‘A expressao da energia especifica (8.4) conduz a uma equacdo de terceiro grau.
Assim, para um dado valor de energia, duas das raizes que satisfazem a equacao cor-
respondem as profundidades subcritica e supercritica jd vistas. A terceira raiz apresenta
valor negativo, nao possuindo, portanto, significado fisico
Da mesma forma pode-se também introduzir 0 conceito de Declividade Critica
Com efeito, pode-se supor, inicialmente, uma vazo constante escoando em um canal
prismético com uma profundidade superior a critica. Ao aumentar a declividade do
206Energia controle hire Caprule 8
canal constata-se um aumento da velocidade de escoamento. De fato, pela equacso
da continuidade, a esse aumento de velocidade corresponde uma reducao da secao
molhada, ou seja, uma reducao da profundidade de escoamento, podendo-se chegar a
um ponto em que a profundidade atinge o valor critico. Tem-se entao, nesta situacao,
a Declividade Critica - Ic. A declividade critica, portanto, é aquela que conduz 4 pro-
fundidade critica. Declividades superiores a essa serao declividades supercriticas, pois
conduzem a profundidades de escoamento inferiores a critica, y