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FELIPE OLIVEIRA SANTOS

Advogado - OAB/SP 371.844

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ILUSTRÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO DA JARI DO DEPARTAMENTO


MUNICIPAL DE TRÂNSITO E TRANSPORTES DO MUNICÍPIO DE BURI/SP.

Auto de Infração C014288-1

MARCIO PEREIRA TIBURCIO, brasileiro, solteiro,


portador do RG nº 25340617 e do CPF sob o nº 151.481.888-47, residente e domiciliado
na Rua _________________________________________________________, por
meio de seus advogados com instrumento de mandato em anexo, vem respeitosamente à
presença de Vossa Senhoria, com fundamento na Lei nº 9.503/97, apresentar
RECURSO de notificação de imposição de penalidade e multa pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

DOS FATOS

Consta no auto de infração n° C014288-1, que o veículo


HONDA/CG 150 TITAN ES, Placa DNH-8423, na data de 07/02/2016, na Cel Licinio
X Rua Dr. Guimarães, Buri/SP, às 21:45hrs, estava dirigindo sem atenção ou sem os
cuidados indispensáveis a segurança (anexa).

DO DIREITO

DO PREENCHIMENTO DA LAVRATURA DE AUTO DE INFRAÇÃO

No caso em exame, a notificação de autuação por infração à


legislação de trânsito não atendeu aos critérios necessários de seu preenchimento,
conforme a padronização dos procedimentos administrativos na lavratura de auto de
infração, na expedição de notificação de autuação e de notificação de penalidades por
infrações de responsabilidade de pessoas físicas ou jurídicas, sem a utilização de
veículos, expressamente mencionadas no Código de Trânsito Brasileiro – CTB -
RESOLUÇÃO N° 390 DE 11 DE AGOSTO DE 2011 – CONTRAN, senão vejamos:

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A mencionada notificação é omissa em relação ao campo nº 03
“OBSERVAÇÕES”, ou seja, o agente autuador não informa qual a situação
observada, vez que, conforme art. 04º inciso II da Resolução 453/13 do Contran,
existem duas possibilidades de enquadramento referente ao ARTIGO 169 DO
CTB, quais sejam:

1º - utilizando viseira ou óculos de proteção em descumprimento


ao disposto no art. 3º.

2º - utilizando capacete não afixado na cabeça conforme art. 1º:


art. 169 do CTB.

Desta forma, tendo o agente de transito informado no campo


“observação” o enquadramento da infração no artigo 169 do CTB c/c Art. 4º inciso II da
Resolução 453/13 do Contran, e este não informando qual das duas ou as duas
possibilidade em que estaria o condutor infringindo as leis de transito, uma vez que, não
especificando qual a conduta adotada pelo condutor, está autuação está eivada de
nulidade, tendo em vista o cerceamento de defesa, face a não possibilidade do condutor
em saber qual foi sua conduta praticada, para posterior defesa.

A lei exige que o ato administrativo obedeça a forma legal. O


vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de
formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato.

Apesar disso, o caso em tela mostra que a autuação foi levada a


efeito de forma irregular, sem a viabilidade jurídico-administrativa de prosseguimento
da aplicação da penalidade.

Tal situação acarreta ao infrator cerceamento de defesa,


pois, essa omissão, restringe a possibilidade do contraditório, trazendo prejuízo à
defesa do requerente, ainda mais pelo fato de que em casos de multa de trânsito,
o ônus da prova cabe ao próprio infrator, e não quem está autuando, este último,
valendo-se da Presunção de Legitimidade relativa.

Logo, há motivos suficientes para justificar o arquivamento da


autuação em questão.

O princípio da autotutela administrativa representa que a


Administração Pública tem o poder-dever de controlar seus próprios atos, revendo-os
e anulando-os quando houverem sido praticados com alguma ilegalidade.

Dessa forma, a autotutela funda-se no princípio da legalidade


administrativa: se a Administração Pública só pode agir dentro da legalidade, é de se
considerar que os atos administrativos eivados de ilegalidade devem ser revistos e
anulados, sob pena de afronta ao ordenamento jurídico.
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Neste sentido, é a lição de JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO


FILHO[2]:

“[sic] a autotutela envolve dois aspectos


quanto à atuação administrativa: 1º) aspectos de legalidade,
em relação aos quais a Administração, de ofício, procede à
revisão de atos ilegais; 2º) aspectos de mérito, em que
reexamina atos anteriores quanto à conveniência e
oportunidade de sua manutenção ou desfazimento.”.

Assim sendo, a autotutela abrange o poder de anular,


convalidar e, ainda, o poder de revogar atos administrativos. A autotutela está
expressa no art. 53 da Lei n. 9.784/99, assim como na Súmula n. 473 do STF[3].

Dentro de tal contexto, importa considerar que, mais que um


poder, o exercício da autotutela afigura-se como um dever para a Administração
Pública; reitere-se, dever de rever e anular seus atos administrativos, quando ilegais.
Conquanto tal poder-dever seja de índole constitucional, seu exercício não pode se dar
de forma absoluta e irrestrita, porquanto a invalidação de atos administrativos não
garante, por si só, a restauração da ordem jurídica.

DO PEDIDO

Ante o exposto, requer o arquivamento do auto de infração n°


C014288-1, nos moldes do artigo 281, parágrafo único, inciso I, do Código de Trânsito
Brasileiro, com a consequente revogação dos pontos do prontuário do autor, protestando
ainda pela produção de provas por todos os meios admitidos em direito e cabíveis à
espécie, em especial a pericial e testemunhal.

Termos em que,

Pede deferimento.

Buri/SP, 27 de abril de 2016.

FELIPE OLIVEIRA SANTOS


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