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Meritíssimo Juiz de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Ipameri/GO.

POSTULANTE AMPARADO PELOS BENEFÍCIOS DO ESTATUTO DO IDOSO


E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

PROCEDIMENTO DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA


Por dependência aos autos n. 2012.0024.0280/0005 (24028-61.2012.8.09.0074)
Secretaria da 1ª Vara Cível de Ipameri/GO

LOURENÇO CARLOS, brasileiro, casado, inscrito no CPF/MF sob o n.


046.834.448-95 e RG 16.177.340-SSP/SP, residente e domiciliado em Conceição
das Alagoas/MG, à Rua Joaquim Bernardes de Freitas, 454, Bairro das Alagoas,
vem à presença desse H. Juízo, via de seu advogado, nos termos dos artigos 319,
509, II, e 511 – todos do CPC – requerer seja instaurada pelo procedimento
comum LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA em face do ESPÓLIO DE
ANTÔNIO DE PÁDUA FURQUIM BONATELLI, representado pela
inventariante GISELA FERREIRA BONATELLI, brasileira, solteira, arquiteta,
inscrita no CPF/MF sob o n. 287.024.938-10 e no RG n. 25.080.018, residente e
domiciliada em São Paulo/SP, à Rua Américo Alves Pereira Filho, 147, apto. 242,
Vila Morumbi, CEP 05688-000, cujo inventário tramita junto ao Foro Regional
XV - Butantã, em São Paulo/Capital, e o faz na forma que se segue.

DO TÍTULO JUDICIAL

É certo que o liquidante tornou-se credor do Espólio de Antônio de


Pádua Furquim Bonatelli, em decorrência de sentença, proferida nos autos n.
2012.0024.0280/0005 (24028-61.2012.8.09.0074), que assim dispôs:

Ante ao exposto JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido inicial


formulado por LOURENÇO CARLOS em face de ANTONIO DE PÁDUA FURQUIM
BONATELLI, para, em consequência:

1
1) – rescindir o contrato de compra e venda entabulado entre as partes;

2) – reintegrar o autor na posse do imóvel, com a intimação do requerido


para que o desocupe, no prazo de 30 dias, sob pena de pagamento de
multa diária, que arbitro em R$2.000,00;

3) – condenar o requerido ao pagamento de taxa de fruição pela utilização


do imóvel após a notificação de fls. 32/34, efetivada em 05/12/2011, na
proporção de 1% (um por cento) do valor atualizado do imóvel por mês de
ocupação, até a efetiva entrega do imóvel, valores que deverão ser
apurados em liquidação de sentença, bem como sofrer a incidência de
correção monetária com base no INPC e juros de mora de 12% aa, estes
últimos contados a partir da citação;

4) - determinar ao autor o pagamento de indenização das benfeitorias


edificadas no imóvel, que deverão ser efetivamente demonstradas no
procedimento de liquidação de sentença, na forma do art. 509, inc. II, do
NCPC (procedimento comum), podendo o demandado exercer o direito de
retenção da coisa, até o pagamento ou com a compensação do direito de
fruição ora assegurado ao demandante;

5) – condenar o requerido ao pagamento das custas e despesas processuais,


assim como dos honorários advocatícios dos procuradores da parte
autora, que arbitro em 15% (quinze por cento) do valor da condenação,
deixando de condenar a parte contrária nos ônus da sucumbência por ter
decaído de parte mínima do pedido.

Fica esclarecido que interposto recurso de apelação pela parte


demandada, a r. sentença foi parcialmente reformada em parte mínima, nos
seguintes termos:

Na confluência do exposto, conheço da apelação cível interposta


por Antônio de Pádua Furquim Bonatelli – Espólio e lhe dou parcial
provimento, reformando a sentença objurgada, para reduzir o percentual
da taxa de fruição para 70% (setenta por cento) do correspondente a
0,5% (meio por cento) do valor atualizado do imóvel, a ser pago após
recebimento da notificação extrajudicial, por mês de ocupação, até
entrega do imóvel, sob pena de enriquecimento indevido, além de
estabelecer que a desocupação do imóvel determinada na sentença
ocorrerá somente após 30 (trinta) dias da intimação, depois que ocorrer o
pagamento das benfeitorias que ensejou a retenção do imóvel, não
havendo se falar em incidência da multa arbitrada antes da fluência
daquele prazo.

2
Como o v. acórdão proferido no procedimento em apreço transitou em
julgado, não tendo havido cumprimento espontâneo da obrigação imposta à
parte requerida, através desta - a parte credora – aqui postulante – dá início à
fase de liquidação, com vistas a obter a satisfação que o procedimento busca
contemplar.

DA LIQUIDAÇÃO PARA APURAÇÃO DO VALOR DA


INDENIZAÇÃO/FRUIÇÃO E DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
DA LIQUIDAÇÃO DOS ITENS 3 E 5 DO TÍTULO JUDICIAL.

Conforme se dessume do Laudo Técnico de vistoria da Fazenda


Sobradinho – onde também consta a avaliação do bem, é certo que no imóvel
objeto do pedido inexistem benfeitorias edificadas pela parte demandada.

Se por um lado a parte demandada não comprovou a edificação de


quaisquer benfeitorias na Fazenda Sobradinho, por outro, a parte autora
apresenta Laudo Técnico confirmando a inexistência de quaisquer edificações
no imóvel em apreço, devendo ser observado o disposto no art. 472/CPC.

Com efeito, para liquidação do valor da indenização pelo uso (fruição)


do imóvel rural objeto da matrícula R-11.M1.318 (cf. item 3 do título judicial),
indispensável apurar o valor do referido bem que, na hipótese, é de
R$5.280.000,00 (cinco milhões e duzentos e oitenta mil reais), considerando
a importância de R$60.000,00 (sessenta mil reais) paga pelo alqueire naquela
região, sendo a área total da propriedade correspondente a 88 alqueires,
conforme faz prova o Laudo Técnico anexo (doc. J.).

Com efeito, o valor da fruição até a presente data, considerando a


inexistência de benfeitorias a serem indenizadas e, por conseguinte de
qualquer direito à compensação, soma R$ 4.723.860,51 (quatro milhões,
setecentos e vinte e três mil, oitocentos e sessenta reais e cinquenta e um
centavos), conforme se extrai da seguinte operação aritmética:

R$5.280.000,00 x 0,5% = R$26.400,00 x 90 meses = R$2.376.000,00 x


70% = R$1.663.200,00 x 1,5352562 (correção monetária a partir de 05/12/11
– data do recebimento da notificação) = R$2.553.438,11 + 85% (juros de 1%
ao mês a partir da citação – até 12/06/2019) = R$4.723.860,51;

De fato, considerando a inexistência de benfeitorias edificadas pela


parte demandada na Fazenda Sobradinho (imóvel objeto da ação) – o que
poderá ser confirmado pelo Mm. Juiz através da expedição de mandado de
constatação a ser cumprido por Oficial de Justiça, ou mesmo por Perito
3
nomeado caso entenda necessária a realização de perícia para avaliação do
bem (cf. art. 472/CPC), requer a esse H. Juízo que acolha a pretensão aqui
deduzida, tornando líquido o capítulo da sentença que condenou a parte
demandada ao pagamento da indenização pela fruição do imóvel (70% de
0,5% do valor do bem por mês de ocupação), bem assim da parte que condenou o
demandado ao pagamento dos honorários advocatícios de sucumbência (15%
do valor da condenação) – conforme previsto nos itens 3 e 5 do decisum,
considerando a conclusão do Laudo Técnico anexo ou mesmo determinando a
realização de Perícia para constatação da inexistência de benfeitorias e
avaliação do bem.

De fato, constou expressamente do título judicial ora liquidado:

3) – condenar o requerido ao pagamento de taxa de fruição pela


utilização do imóvel após a notificação de fls. 32/34, efetivada em
05/12/2011, na proporção de 1% (um por cento) do valor atualizado
do imóvel por mês de ocupação, até a efetiva entrega do imóvel,
valores que deverão ser apurados em liquidação de sentença, bem
como sofrer a incidência de correção monetária com base no INPC e
juros de mora de 12% aa, estes últimos contados a partir da citação;

5) – condenar o requerido ao pagamento das custas e despesas


processuais, assim como dos honorários advocatícios dos
procuradores da parte autora, que arbitro em 15% (quinze por cento)
do valor da condenação, deixando de condenar a parte contrária nos
ônus da sucumbência por ter decaído de parte mínima do pedido.

QUANTO AO ITEM 4 DO TÍTULO EM LIQUIDAÇÃO - DA


LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA PELO PROCEDIMENTO COMUM
PARA APURAÇÃO DE EVENTUAIS BENFEITORIAS E RESPECTIVA
INDENIZAÇÃO.

Também constou do referido título em liquidação o seguinte:

4) - determinar ao autor o pagamento de indenização das


benfeitorias edificadas no imóvel, que deverão ser efetivamente
demonstradas no procedimento de liquidação de sentença, na
forma do art. 509, inc. II, do NCPC (procedimento comum),
podendo o demandado exercer o direito de retenção da coisa, até
o pagamento ou com a compensação do direito de fruição ora
assegurado ao demandante;

4
Com relação ao item “4” do título judicial (sentença, f. 1582), o autor
também requer a instauração da LIQUIDAÇÃO PELO PROCEDIMENTO
COMUM, a fim de apurar a existência ou não de benfeitorias no imóvel
rural em questão e, por conseguinte, inexistência de eventual indenização,
apresentando desde logo, todavia, LAUDO TÉCNICO DA FAZENDA
SOBRADINHO, realizado por conceituado profissional – Agrimensor,
através do qual ficou comprovada a inexistência de benfeitorias edificadas
pela parte demandada e, por consequência, a inexistência de qualquer
direito a indenização capaz de assegurar à parte demandada a retenção do
imóvel, devendo ser observado o disposto no art. 472/CPC nesse
particular.

Vale lembrar que seria da demandada o ônus de provar a existência de


benfeitorias por ela edificadas no imóvel rural em questão, conforme firme
jurisprudência acerca do tema:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - NULIDADE DECISÃO - AUSÊNCIA DE


RELATÓRIO E FUNDAMENTAÇÃO - EXTINÇÃO DE CONDOMÍNIO.
ALIENAÇÃO DA COISA COMUM - INDENIZAÇÃO POR
BENFEITORIAS - ÔNUS DA PROVA. 1. O relatório da sentença
conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do
pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas
no andamento do processo; os fundamentos, em que o juiz analisará as
questões de fato e de direito; e o dispositivo, em que o juiz resolverá as
questões principais que as partes lhe submeterem. Presentes os elementos
essenciais da sentença, não há que se falar em nulidade. 2. Tratando-se
de coisa comum indivisível, não verificado o interesse de adjudicação por
um dos condôminos, mostra-se possível a alienação judicial do imóvel. 3.
A prova da realização das benfeitorias é ônus da parte que a alega,
não se prestando a demonstrar a juntada de declarações formuladas
pela própria parte interessada. (TJMG - Apelação
Cível 1.0433.09.272881-8/001, Relator(a): Des.(a) Estevão Lucchesi , 14ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 04/10/2018, publicação da súmula em
16/10/2018).

APELAÇÃO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS -


BENFEITORIAS NECESSÁRIAS - INEXISTÊNCIA DE ANUÊNCIA DO
PROMITENTE VENDEDOR - NÃO COMPROVAÇÃO - DEVER DE
INDENIZAR AFASTADO - SENTENÇA MANTIDA: 1. Pela dinâmica
do ônus da prova, incumbe ao Autor provar o fato constitutivo de seu
direito, nos termos do art. 373, I, do CPC de 2015.
2. Da mesma forma, não comprovada a realização de benfeitorias
necessárias, a improcedência do pedido indenizatório é medida que
se impõe. (TJMG - Apelação Cível 1.0024.09.598757-4/001,

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Relator(a): Des.(a) Domingos Coelho , 12ª CÂMARA CÍVEL, julgamento
em 18/04/2018, publicação da súmula em 24/04/2018).

Considerando que nenhuma benfeitoria foi realizada no imóvel pelo


demandado – tanto que jamais comprovada nos autos, deve ser observada a
conclusão do Laudo Técnico em anexo (art. 472/CPC).

Na verdade, pode-se concluir pelo anexo fotográfico que o bem se


encontra em estado de abandono, o que afasta ainda mais qualquer pretensão de
indenização por benfeitorias da parte demandada na hipótese em questão.

CONCLUSÃO

Do exposto, requer se digne esse H. Juízo:

a) confirmar ao liquidante os benefícios da assistência judiciária


gratuita, nos termos dos artigos 98 e 99 do CPC, e do art. 5º, LXXIV, da
CF/88, por não dispor de condições de arcar com o pagamento de custas e
demais despesas processuais, sem prejuízo próprio e de sua família, conforme
decidido nos autos da ação principal;

b) determinar, nos termos do art. 511 do CPC, a intimação do Espólio


demandado, através de seu advogado cadastrado nos autos da ação
principal, para, querendo, apresentar defesa ao procedimento de liquidação no
prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de revelia;

c) garantir ao postulante a produção de todas as provas em direito


admitidas, em especial pelo depoimento pessoal da parte contrária, sob pena
de confissão, declarações de testemunhas, cujo rol será apresentado a tempo e
modo, juntada de documentos – especialmente o Laudo Técnico anexo,
perícias, vistorias in loco, expedição de ofícios dentre outras.;

d) ao final, acolher a presente liquidação nos termos aqui propostos,


reconhecendo/declarando a inexistência de benfeitorias edificadas pela parte
demandada, e, por consequência, confirmando a inexistência de qualquer
direito da parte demandada requerer a retenção do bem por inexistir
indenização por benfeitorias a ser satisfeita pelo autor, estabelecendo,
outrossim, que o valor da condenação a ser paga pela demandada pelo uso
do imóvel (fruição), até a presente data, é de R$ 4.723.860,51 (quatro
milhões, setecentos e vinte e três mil, oitocentos e sessenta reais e
cinquenta e um centavos), com acréscimo dos meses subsequentes até a
devida restituição do bem, e que o valor dos honorários advocatícios de
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sucumbência é de R$ 708.579,07 (setecentos e oito mil, quinhentos e setenta
e nove reais e sete centavos), tudo com incidência de correção monetária e
juros de mora, conforme Laudo Técnico apresentado (cf. art. 472/CPC), ou,
caso esse Mm. Juiz entenda necessária, seja determinada a realização de Perícia
Judicial a fim de confirmar a inexistência de benfeitorias edificadas pela parte
demandada, bem assim o valor da Fazenda Sobradinho, dando por liquidada a
condenação imposta à parte requerida, a qual deverá ser também condenada ao
pagamento de custas e honorários advocatícios nesse procedimento, por ser
medida de Direito.

Fica esclarecido que o cumprimento das determinações (inclusive


expedição de ordem de reintegração de posse) estabelecidas nos itens 1 e 2 do
título judicial já foram requeridas nos autos do procedimento da ação onde fora
proferido o julgamento (cf. parágrafo §1º do 509/CPC).

Requer, finalmente, seja determinada a averbação deste procedimento de


liquidação no rosto dos autos da ação de inventário dos bens deixados pelo
falecido condenado, devedor do título judicial em liquidação autos n.
1056165-88.2016.8.26.0002 que tramita perante a 2ª Vara de Família e
Sucessões do Foro Regional XV – Butantã São Paulo/SP, bem assim no rosto
dos autos da ação de inventário n. 0024996-92.2013.8.26.0071, que tramita
perante a 2ª Vara de Família e Sucessões do Foro de Bauru/SP, onde consta
como único herdeiro do autor da herança lá inventariada o aqui
condenado/devedor, sucedido pelo ESPÓLIO, aplicando-se o disposto nos
artigos 860, ambos do CPC.

Valor dessa R$ 4.723.860,51 (quatro milhões, setecentos e vinte e três


mil, oitocentos e sessenta reais e cinquenta e um centavos) para efeitos
fiscais.

E. Deferimento.
Uberaba/MG, 12 de junho de 2019.

O advogado,

Paulo José Gouvêa Júnior


OAB/MG 64.236

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