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TERESINA
2019
SOLIDARIEDADE E CRUELDADE EM RORTY: O USO DAS HISTÓRIAS EM
QUADRINHOS AUTOBIOGRÁFICAS EM SALA DE AULA
A Deus por ter me dado saúde e disposição para conclusão deste trabalho,
resultado de meses de pesquisas, dividindo o tempo entre as disciplinas do curso e
o TCC.
Grato ao prof. Dr. Heraldo Aparecido Silva pela amizade, confiança e tempo para
orientação com materiais, reflexões e ideas de como produzir pesquisas no campo
da filosofia da educação, trabalho iniciado ainda nos primeiros períodos da
graduação, desde a participação em eventos acadêmicos, apresentações de
comunicação oral, publicação de artigo e agora a finalização do TCC.
A minha mãe Márcia que nunca deixou de acreditar no meu potencial, aos amigos
de turma e que a universidade me presenteou em especial a Ester Sousa pelo apoio
e incentivo aos meus projetos, aos conhecidos e amigos fora da universidade que
torceram pra que tudo desse certo.
Autobiographical comics are known to represent the author's life or record a certain
historical fact from his point of view. These stories can also be used in the classroom
to stimulate students' learning and imagination. Interest in the subject emerged as a
way to facilitate the understanding of the contents of History by students of
elementary school, since as HQs, in most cases, it has its limited potential in
textbooks because they appear only to serve as an illustration or theme for other
genres. Rorty as a enthusiastic of narrative genres, includes comics as propitiating
what a theory can not achieve. Thus, through the use of autobiographical comics or
the individual will be able to sensitize to the isolation of the other, even if the same is
not known or familiar; caring for its identical goes through difficult situations .
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 07
4.1 HQ 1 ........................................................................................................ 14
4.2 HQ 2 ........................................................................................................ 16
4.3 HQ 3 ........................................................................................................ 19
4.4 HQ 4 ........................................................................................................ 22
6. CONCLUSÃO ............................................................................................... 36
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 37
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1. INTRODUÇÃO
2. PERCURSO METODOLÓGICO
teóricos que tiveram como função conceituar, descrever como ocorre e por que
ocorrem essas situações na sociedade.
Rorty (2007) tinha nos autores de literatura conselheiros morais capazes de
alertar, instruir e ensinar o indivíduo sobre situações presentes e futuras do seu
cotidiano por isso acreditava nos gêneros narrativos para alcançar a verdade.
A metodologia é responsável por tornar explícito as diversas opções
teóricas, que vão fundamentar as consequências do caminho escolhido para
compreensão de uma dada realidade, e a relação do homem com ela (MINAYO,
1994, p. 22).
Por isso o intuito de associar os estudos de Rorty aos conteúdos abordados
nas HQs para criar uma ferramenta na educação que auxiliasse no processo de
ensino aprendizagem das aulas de História, estimulando nos alunos o sentimento de
solidariedade em relação às situações de Crueldade nos conflitos sociais,
associando à realidade deste aluno na sociedade atual.
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Freud nos mostra por que deploramos a crueldade em alguns casos, mas
nos deleitamos com ela em outros. Mostra-nos por que nossa capacidade
de amar restringe-se a algumas formas, tamanhos e cores muito
particulares de pessoas, coisa ou ideias. Mostra -nos por que nosso
sentimento de culpa é despertado por certos eventos muito espec íficos e,
em tese, perfeitamente insignificantes, e não por outros que, segundo
qualquer teoria moral conhecida, teriam muito mais vult o. Além disso, ele dá
a cada um de nós o instrumental para c onstruir nosso vocabulário privado
de deliberações morais (RORTY, 2007, p. 71-72).
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4.1 Persépolis
Marjane se sentia oprimida mesmo sendo criança, pois apesar de ter pais
modernos, nasceu dentro de uma religião que lhe foi imposta, e valorizava sempre o
homem, deixando de lado as vontades e direitos da mulher.
Pensando nisso a garota brincava de criar seu próprio livro sagrado,
colocando datas comemorativas e regras que incluíam as pessoas marginalizadas
pelo governo. Algo compartilhado somente com sua avó.
Marjane mesmo criança era além de sua época, e por se preocupar com o
sofrimento das pessoas a sua volta, ela estava sempre lendo pensadores, filósofos e
revolucionários, pessoas que fizeram a diferença em seus países e agora servia
para garota como influência para mudança de seu país.
A garota possuía as características de sua mãe, não apenas em aparência,
mas também na personalidade em lutar por seus direitos, se revoltar com a injustiça
sofrida pelos outros, e bater de frente contra o regime de forma sutil ou mesmo em
manifestações. A mãe de Marjane era ocidental e por isso compreendia a revolta e
pensamentos confusos em relação a política do país.
4.2 PyongYang
A crítica feita por esse livro coincide exatamente com a situação que Guy
presenciou dentro do país: os habitantes não só respeitavam o líder da nação como
um chefe de estado que representa um cargo político, mas também o reverenciavam
dando a ele o status de ser divino.
A presença de Kim é constante em qualquer lugar do país, dentro das
habitações através de quadros e programas de rádio que transmitem conteúdos do
governo, nas instituições privadas ou públicas e principalmente nas ruas, onde são
erguidos monumentos, telões, outdoors, estátuas gigantes, e na cultura desde as
escolas até o local mais simples da capital Pyongyang a presença do político não
passa despercebida.
A população obedece cegamente tudo que é instruído pelo governo,
inclusive denunciando para as autoridades tanto estrangeiros como habitantes do
país, uma forma vista, por alguns, de ter reconhecimento e prestígio diante das
instituições públicas que representavam Kim.
Aquilo que fosse de fora da Coréia do norte (ideais políticos, propagandas
de consumo, marketing ao capitalismo, música, filmes, internet, moda, objetos
eletrônicos) são visto como artefatos suspeitos e por isso censurados pelo governo.
A comida no país era racionada, então rotineiramente faltavam alimentos
nos supermercados. Assim as empresas pagavam também seus funcionários com
sacas de arroz, e o sistema de iluminação não possuía capacidade necessária para
abastecer a cidade por completo, assim como se deslocar em Pyongyang durante a
noite ficava inviável.
Guy, quando não estava trabalhando, todos os dias saia com seu intérprete
para conhecer um pouco a capital, pois como não era permitido estrangeiro andando
sozinho pela cidade fotografando e filmando, quando turistas eram vistos se
deslocando por conta própria sem a companhia de alguém do país, poderiam ser
denunciados.
O pouco tempo de estadia na Coreia do Norte foi importante para Guy ter
experiência a uma nova cultura, totalmente diferente da sua, além de fazer amizade
com outros turistas e o reconhecimento do seu trabalho por uma empresa
estrangeira.
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Figura 6 – Fronteira entre Israel e Palestina, local de conflito na região (Crônicas em Jerusalém).
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Marjane (2007), ainda criança, teve uma infância muito confusa por conviver
entre os costumes da cultura islâmica e a ocidental dos seus pais, já que eles eram
tão modernos e flexíveis, enquanto no Irã havia tanta injustiça social, sendo que o
governo tinha Leis inspiradas nas regras (alcorão) de um deus, e ao invés de
bênçãos a maioria da população no país padecia, em contraste com uma minoria
política constituída por homens privilegiados. Por essa razão a garota dizia querer
ser a primeira mulher na linhagem dos profetas, para acabar com essa injustiça.
Figura 9 – Marjane e o sonho de se tornar uma profet a para acabar com as injustiças no Irã
(Persépolis).
O Ironista liberal nunca está satisfeito com seu vocabulário final (palavras
que usamos para justificar nossos atos) como definido e acabado, acredita sempre
na possibilidade de mudança para melhor. Então quando um indivíduo ou grupo
social rompem com a estrutura linguística de sua comunidade e a redescreve, mais
pessoas passam a perceber situações que retrocedem o desenvolvimento social e
moral da sociedade, situações que marcam o indivíduo são as injustiças sociais.
Mana (2015) que nasceu no Irã, sofreu perseguição e censura após a má
interpretação de uma publicação, como consequência durante o tempo que esteve
na prisão e temeu pela sua vida, logo soube que pessoas nas ruas morreram em
confronto com o exército, e na cadeia presenciou situações de estupro, tráfico de
drogas e violência física dos outros presos.
Mana nunca tinha sido preso, e em sua primeira prisão injustamente por
xenofobia, presencia na cadeia por três meses situações que os direitos humanos
classificam como depreciação à dignidade da pessoa humana, onde presos e
agente penitenciários comandavam o presídio internamente segundo seus
interesses, liberando o tráfico de droga, espancamentos e violência sexual.
A ausência de justiça ocorre porque nossas instituições e práticas ainda
confundem o público com o privado.
Dessa forma, Rorty (2007, p.17) define: “O vocabulário da autocriação é
necessariamente privado, não compartilhado e impróprio para argumentação. O
vocabulário da justiça é necessariamente público e compartilhado – um meio para
intercâmbio argumentativo.”
Ou seja, uma sociedade que tem como objetivo alcançar o máximo de
justiça e pretende cessar e/ou diminuir a crueldade, não deve valorizar o espaço
privado em detrimento do espaço público e vice-versa.
Tornando as pessoas Liberais segundo a definição de Judith Shklar,
interpretada por Rorty: “pessoas que consideram a crueldade a pior coisas que
fazemos” (RORTY, 2007).
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5.2 Sugestão de planejamento para aulas de História a partir das HQs autobiográficas
A BNCC foi utilizada como base para o planejamento das aulas ministradas no ensino fundamental, de acordo com temáticas
abordadas em sala de aula na disciplina de História.
transformações
ocorridas nas cidades
e a interferência nas
vidas da população.
6. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
DELISLE, Guy. Uma Viagem à Coréia do Norte. Campinas: Zarabatana Books,
2007.
______. Crônicas de Jerusalém. Campinas: Zarabatana Books, 2012.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas,
1994.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a
Wittgenstein. São Paulo: Zahar, 2011.
MALDITOS CARTUNISTAS. Direção: Daniel Garcia e Daniel Paiva. Produção:
Daniel Garcia e Daniel Paiva. Roteiro: Daniel Garcia e Daniel Paiva. Brasil: Rio de
Janeiro, 2011. Mini DV, (93 min.), color.
LUYTEN, Sonia. M. O que é História em Quadrinhos. São Paulo: Editora
Brasiliense, 1985.
MAZUR, Dan. DANNER, Alexandre. Quadrinhos: História Moderna de Uma Arte
Global. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. São Paulo/Rio de
Janeiro: HUCITEC-ABRASCO, 1994.
NEYESTANI, Mana. Uma Metamorfose Iraniana. São Paulo: Nemo, 2015.