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Tudo terminava como tinha começado. Motivado pelo querer saber, acabei por entender
que aquilo que todos procuramos e pensamos estar algures nos confins do mundo, afinal,
sempre esteve bem perto de nós, tão perto que mais, seria impossível…
Prologo.
O caminho tinha sido longo, as cicatrizes que transportava eram profundas, bem
marcadas, mas estavam totalmente curadas. Ninguém faz uma viagem destas sem se
magoar, sem ter que recuperar. Os erros fazem parte da jornada, são eles que nos
direcionam no caminho certo e para isso temos que arriscar. Sem arriscar não há erros,
mas sem arriscar não há caminho, não há nada, apenas o medo, a dúvida e o apego à
nossa zona de conforto, ao conhecido.
Tinha partido para esta viagem, frágil, acompanhado apenas pelos fantasmas de toda
uma vida - o medo, a dúvida e o apego ao meu mundo. Nada mais levava comigo.
Movido apenas por uma breve e ténue VOZ que por vezes me chamava para a
necessidade de lutar contra estes fantasmas.
Mas que voz era esta e porque me incomodava constantemente?! Porque lhe dava
importância?! Porque não seguia a minha vida, como todos os outros?!
Vivia uma vida normal, como qualquer outro. Não poderia afirmar que era diferente de
tantos outros. Mas não é isso a felicidade alcançável? Que mais podemos querer da vida?
Podemos pedir mais?
Essa voz, quando a conseguia ouvir, dizia-me que sim. Era possível ter muito mais, era
possível atingir a plenitude, ter tudo, ser absoluta e permanentemente feliz. Se isso fosse
possível então eu queria atingi-lo. Mas algo me dizia que isso poderia ser algo
irrealizável ou pior ainda, mesmo podendo ser alcançável, para tal, seriam pedidos
grandes sacrifícios.
Estaria eu preparado para esses sacrifícios, estaria eu disponível para correr o risco de
me lançar em algo que pode nem ser realizável?! Tantos medos, tantas dúvidas e apenas
uma certeza – do apego ao conforto da realidade que me era familiar.
Tinha que ser diferente dos outros?! Se quase todos se mantinham no conforto aparente
do seu mundo conhecido. Era assim que vivia a maioria da Humanidade, embora
houvesse uma pequeníssima minoria que tivesse tido a coragem de correr o risco, os
resultados alcançados por essa pequena minoria, não eram minimamente
compensadores. Bastava olhar para aqueles que tinham feito essa opção.
Na sua maioria vivem uma vida de alienados, na verdade, é como se não vivessem.
Certamente que o objetivo da existência, passa por vivermos e não por nos isolarmos de
tudo e de todos. Mesmo que isso seja feito na tentativa de nos libertarmos dos tais
fantasmas que todos transportamos, como uma herança que recebemos com o
nascimento e que se vai fortalecendo com o decurso da nossa vida.
Mesmo não sabendo se aquela voz que me instigava era confiável, mesmo sabendo do
insucesso dos que se atreveram a correr o risco, mesmo assim, não podia condenar-me à
certeza representada no aparente conforto com que até ali a minha vida tinha sido vivida.
Tinha que tentar…
Iniciei o meu caminho, convicto que sabia o que procurar, apenas precisava descobrir
onde procurar.
Não foi diferente, este meu início, este meu erro primordial, de tantos outros que se
atrevem a tentar fazer esse caminho. Todos partem para essa busca, convencidos que
sabem o que procurar. Na realidade, não é errada essa ideia, pois à luz da consciência
que temos na época, somos movidos pelo que acreditamos ser verdade. Mesmo que
mais tarde se compreenda que aquilo que pensávamos ser a verdade, era afinal uma
imagem destorcida e condicionada, pela forma limitada como víamos o mundo nessa
época, mesmo assim, é essa realidade distorcida que nos motiva à procura que termina
por nos permitir ter uma consciência mais clara, levando-nos a perceber o equivoco,
mas também levando-nos para outro nível de perceção do mundo e de nós.
Na sua maioria, dos que iniciam esta busca, poucos são os que persistem e chegam ao
fim, pois em pouco tempo, quase todos, percebem que afinal o que eles procuravam não
é de alcance fácil, precisando de dedicação sincera e entrega plena. Mas mesmo aqueles
que têm condições para se manter no processo de aprendizagem, necessitam de muito
tempo e só após todo esse tempo, chegam a perceber que para além do empenho,
entrega e dedicação sincera, o alcance da tal desejada pedra filosofal, reserva-lhe algo
inimaginável. Na realidade, aquilo que a alquimia faz de mais relevante, não é dar a
fonte da vida eterna ou a capacidade de transformar vil, em nobre metal, no sentido
literal do termo, mas sim no sentido mais elevado do termo.
Para todo o que consegue persistir na busca alquímica, aquele que era o objetivo inicial,
transforma-se e transforma o aprendiz alquímico de tal maneira que ele percebe que o
verdadeiro valor está naquilo em que ele se transformou e não no que ele aprendeu a
transformar. Assim, mesmo sabendo como fazer, deixa de ter valor para o alquimista, o
metal precioso e a capacidade de prolongar a vida física, pois ele sabe que existe a
eternidade, sabe como chegar a ela e que nela, existem padrões de valores que
transcendem, aqueles que ele aprendeu como transformar.
Assim como a alquimia, também outros caminhos, nos podem levar à transmutação da
condição de ignorância à condição de Sabedoria. A transformação do ser em SER.
PARTE I – A MENTE
Aprender a respirar, comer, falar, andar, correr, etc., são necessidades básicas, que
necessitam de responder às necessidades que fisiologicamente um corpo humano obriga
a cumprir para poder sobreviver, assim porque todos os corpos humanos são idênticos,
por sua vez, têm as mesmas necessidades, daí as capacidades que todos desenvolvemos
serem idênticas.
Já quando partimos para a interpretação e compreensão que temos sobre eventos que
não são aparentemente nucleares para essa nossa sobrevivência, tudo muda, pois, como
não têm um padrão de exigência vital no que aos aspetos fisiológicos se refere,
acabamos por criar capacidades diferentes e muitas vezes dentro dessas, níveis
diferentes de desenvolvimento. Isso torna o mundo como ele é, ou seja, olhando de
longe para o ser humano, aparentemente somos iguais, pois portamo-nos dentro dos
mesmos padrões – caminhamos, falamos, alimentamo-nos, trabalhamos, choramos,
rimos, etc., mas quando nos aproxima-nos de um ser humano em concreto e com ele nos
relacionamos, percebemos que ele é diferente – gostamos de coisas diferentes, temos
ideais diferentes, sonhos, modos de viver a vida, etc. Mas principalmente, devido à
forma diferente como desenvolvemos as capacidades não básicas para a sobrevivência
física, percebemos o mundo de forma completamente diferente.
Pela enorme incapacidade que a linguagem humana tem que representar os profundos
significados das perceções plenas, devemos ter o devido cuidado de manter sempre
presente que tal incapacidade, de lhes dar esse significado, existe porque a nossa
interpretação depender do nosso estado de entendimento, aquilo que muitos designam
por estado de consciência.
Muito se ouve falar sobre a evolução espiritual, muitos são os termos e conceitos que a
tentam explicar, mas de todos os que tenho conhecido até aqui, nenhum deles é
suficientemente claro e capaz de fazer aquilo para que servem os conceitos e
definições – comunicar. Levar a entender plenamente aquilo que está representado nele
e daí gerar benefícios efetivos no dia-a-dia de quem os interpreta.
O engano em que resultam as compreensões que têm origem nas muitas explicações - o
que é, o que significa, o representa e onde nos leva a tal “evolução espiritual”, só
beneficia o descredito que em geral, depois se cria sobre a verdadeira espiritualidade, os
seus processos de evolução e os benefícios que deles resultam.
Assim a questão que importa levantar antes de tudo e para compreender a pertinência do
propósito daquele que é o chamamento que dentro de cada um permanece
incessantemente é - O que é a evolução espiritual e para onde nos leva, como nos pode
beneficiar?
Então poderemos aprender a designar o objetivo da tal evolução espiritual, como sendo
o caminho que nos levará à plena cientificação, mais tarde, entenderemos plenamente o
que essa cientificação representa. Mas para já fique a ideia, estar em estado de plena
LUZ/ILUMINAÇÃO, em pleno estado de SABEDORIA, significa estar plenamente
CIENTIFICADO – ter pleno entendimento, ser claro de consciência.
Para o senso comum, ter entendimento sobre algo, representa saber o que “esse algo”
significa, que existe, como existe, mas na verdade isso, apenas representa o estado de
compreensão e não do entendimento, muito menos o entendimento pleno. Veja um
exemplo – Sabemos o que representa o tempo cronológico. Mas será em temos
entendimento sobre ele? Compreendemos que ele gera o passado, o presente e o futuro e
por julgarmos que já o conhecemos, acabamos que não entende-lo. Tanto não temos
pleno entendimento sobre essa condição da existência que não controlamos, as
expetativas que são geradas através dele, no que acabam por ser o que entendemos por
incerteza quando ao nosso futuro, por exemplo.
O mesmo processo que nos prepara para conseguir sobreviver fisicamente quando
nascemos, paradoxalmente, impossibilita-nos de nos desenvolvermos espiritualmente.
Aparentemente o envolvimento do ser humano, no processo que se dá após o
nascimento e que permite construir a individualidade que nos garantirá a
sobrevivência – a constituição do ego, perversamente, constitui-se como um muro que
termina por se tornar o nosso maior inimigo no processo de aprendizagem de como
regressar ao nosso estado original, a tal evolução espiritual – a transmutação do estado
de ignorância ao estado de Sabedoria.
Os processos de aprendizagem que nos levam à perceber todos os mecanismos que nos
aprisionam nesse estado e o seu entendimento, para posterior libertação deles, são na
verdade, aquilo que podemos descrever como – o caminho que se percorre nessa tal
“evolução espiritual”. O trabalho do alquimista, o processo de CIENTIFICAÇÃO que o
estudante em Hermético leva a cabo.
Certamente que não se lembra da época em que aprendeu a andar, nem a gatinhar, mas
nessa época o seu sistema neurológico, aquele que coordena as funções físicas
voluntárias e involuntárias, teve que aprender sobre o que são os órgãos necessários
para que esses movimentos ocorressem, quer o gatinhar quer o caminhar. Qualquer
processo, qualquer competência que tenhamos que aprender a levar a cabo, consciente
ou inconscientemente, voluntária ou involuntária, necessita que aprendamos sobre um
conjunto de aspetos que levam ao seu domínio, quer seja de caracter físico, quer
cérebro-mental.
Assim, são as ideias pré-concebidas, da própria sociedade que nos incentivam a não ter
que entender os processos que nos poderiam auxiliar a viver melhor, ou se preferirem, a
entender tudo o que não compreendemos sobre nós mesmos. Infelizmente, por muito
que nos custe aceitar, tudo o que não compreendemos, nada tem a ver com
impossibilidade face à capacidade de alcançar esse entendimento, mas sim por falta de
empenho nosso. Essa ideia, de que há assuntos que transcendem a capacidade do ser
humano chegar ao seu entendimento pleno, é uma perigosa ideia e ela é responsável por
nos colocar no estado em que nos encontramos enquanto raça – o atual estado de
ignorância.
Se queremos ter maior domínio sobre o que entendemos pelo nosso destino, devemos
aprender mais sobre nós e para isso precisamos começar por refletir sobre o que somos,
como nos damos conta da existência, o que cria a perceção de nos sentirmos existir, na
verdade – o que representa e como se gera a consciência de estarmos vivos.
Em toda a minha vida, desde muito jovem e com os recursos que ia tendo ao longo da
minha breve existência, sempre tentei responder a esta pergunta – como se gera a
consciência que tenho de mim, do mundo e dos outros, que me leva a sentir existir? Ao
fazer esta pergunta e ao tentar obter a resposta, nunca imaginei que para perceber tal
questão, necessitaria de perceber primeiro o cérebro e o fenómeno que é a mente. Hoje
torna-se simples para mim, entender que sem perceber o que é o cérebro, a mente e
como ambos se relacionam e funcionam, seria como querer compreender ou falar um
idioma, sem nunca ter ouvido ou treinado a prenuncia desse ou outro idioma, ou seja,
sem nunca ter feito uso dos órgãos fisiológicos responsáveis pela comunicação oral.
O Hermetismo afirma e ensina que esse fenómeno que se designa por mente, é algo que
está para além do cérebro. Assim olharemos para a mente como um algo mais sutil e
para o cérebro como um órgão fisiológico, sendo este último, aquele que materializa
aquilo que podemos chamar de movimentos mais densos da mente – pensamentos, mas
também os movimentos mais sutis - intuição. Materializar aqui significa, trazer para
uma simbologia/linguagem humana todo o conjunto de sensações e perceções que o
fenómeno mente, capta e para que se torne entendível, na perspetiva do intelecto
humano, precisa ser convertido em algo com significado para a compreensão.
O pensamento é o instrumento de que a mente se serve para ler os registos que estão
armazenados nas nossas memórias. Vamos dar um exemplo alegórico como forma de
simplificar o entendimento básico sobre os processos e seus órgãos. Imagine um
computador, aquilo que é todo o hardware, podemos entende-lo como o nosso corpo
físico e todos os sistemas neurofisiológicos que o fazem funcionar.
Agora vamos falar sobre os softwares – o sistema operativo, aqui seria o Ego, o
conjunto de instrumentos que juntos fazem funcionar, de forma básica, todo o hardware
e simultaneamente, suportam os restantes softwares que serão instalados. O disco rígido
seria a nossa capacidade de registar e tudo o que nele esteja contido, serão as nossas
memórias. Aqui o pensamento estaria representado pelo movimento em que a agulha lê
a informação contida no disco rígido.
A tela (ecrã) e tudo o que nela se apresenta, o que surge como perceção no momento, é
aquilo que entendemos como tempo presente. Sendo o conjunto de informações
registadas no disco rígido as nossas memórias, são também o que entendemos por
passado, pelo conjunto de eventos/acontecimentos que já tivemos perceção.
O conjunto de suportes, a partir dos quais o nosso disco pode receber informação, para
além do ETERNO AGORA, são então os suportes físicos como DVD´s, CD´s, pen-
drive´s, cartões de memórias e intra-redes. Estes, representam o conjunto de suportes a
partir dos quais constituímos dia-a-dia o nosso suporte de memórias internas. Eles
equivalem os conhecimentos/informações adquiridas durante a nossa educação
académica, social e cultural. Na verdade o seu conjunto termina por fazer parte e
constituir, uma parte importante do modo como o nosso sistema operativo (Ego)
funcionará.
Mais tarde usaremos estes exemplos como forma de ilustrar parte dos processos
complexos que a mente, no seu conjunto, origina. Mas então como funciona a mente,
como nos damos conta, como temos cons-ciência?
Para tentar auxiliar o entendimento sobre a forma como registamos e como percebemos
o mundo que temos como existência, vamos socorrer-nos do Hermetismo e das suas
disciplinas, neste caso, da Numerologia Sagrada Pitagórica. A mente, no atual estado
em que o ser humano se encontra, estado encarnado neste plano denso/físico, ela é
incapaz de relacionar mais que um acontecimento/evento ao mesmo tempo. A mente
humana, no atual estado, não consegue percecionar em simultaneidade, aquilo a que as
religiões denominam, de certa forma, por Omnipresença, ou seja, conseguir estar ou
perceber vários eventos ou espaços simultaneamente.
Vamos dar um exemplo para perceber melhor este processo. A agulha (leitor) que lê o
disco rígido (nossas memórias), só consegue ler um dado de informação de cada vez, o
que surge na tela/ecrã do computador é o que percebemos como momento presente. Na
verdade esse momento presente é composto por um conjunto de dados a que a agulha
(pensamento) consegue aceder e agrupar num outro sistema que durante breves
segundos consegue manter vários dados juntos e organizados de forma a mostra-los na
tela/ecrã, gerando assim a imagem que se apresenta nessa tela/ecrã (momento presente).
A este sistema que cria uma imagem com base em alguns dados capturados pelo
A perceção que temos como momento presente é na verdade isto mesmo – uma
memória temporária que regista durante uns breves segundos um conjunto de
dados/imagens/informações que representam aquilo que compreendemos como
existindo no momento presente. Porque esta memória virtual é de duração breve, o
pensamento, atualiza-a permanentemente e isso termina por gerar aquilo que
percebemos como decurso do tempo.
Assim é indispensável fixar que qualquer que seja o grau de desenvolvimento de um ser
humano, sem exceção, temos uma limitação que é imposta pelo estado em que se
materializa a mente, naquilo a que muitos afirmam ser o sistema cerebral. Desde que
estejamos a falar de uma mente projetada num corpo físico (encarnada), esta estará
sempre limitada, sendo incapaz de atingir o estado a que o Hermetismo designa de
simultaneidade e que as religiões designariam de Omnipresença.
Imagine uma condição térmica de 30 graus centigrados e a ela vamos designar por –
estado 1 (UM). Agora imagine que não haveria no universo qualquer outro grau de
temperatura, todo o universo, estava a 30 graus centígrados. Nesta condição 1 (UM),
embora houvesse a temperatura, o ser humano, não tinha cons-ciência dela, pois era
impercebível para si, não havia outro grau para que a mente humana conseguisse
identifica-la como algo existente.
Então pense agora na possibilidade de passar a haver uma outra condição, 5 graus
centígrados, a ela designaremos por - estado 2 (DOIS). Só com esta condição a mente
passaria a ser capaz de efetuar o registo, por comparação, da condição 1, com o
surgimento da condição 2. O registo, ou cons-ciência destas duas, é materializado
mentalmente por - estado 3 (TRÊS) que gera a condição que entendemos por
temperatura ou sensação térmica.
Creado, não é percebida pela mente humana, porque apenas registamos tudo o que se
manifesta dualisticamente. Por isso somos designados de seres duais, este é o
verdadeiro significado esotérico para tal termo. Vivemos um estado mental limitado
pela dualidade, ou se preferirem, condicionados à LEI UNIVERSAL que o Hermetismo
designa de Polaridade.
Aqui também se percebe que tudo o que representa o Universo percebido, tudo que se
manifesta como percetível para a mente humana tem que está em condição trina, estado
3 (três). Assim afirmamos, sem entendermos plenamente que o Universo é de
características e essencialmente tridimensional. Na verdade o que é tridimensional é a
nossa capacidade de percecionar e assim, apenas temos ciência do que se apresenta na
condição 3 (três) / tridimensionalmente.
Muito do que se manifesta no Universo, não conseguimos ter perceção, basta para isso
entender que sem haver polarização/desdobramento de um determinado evento ou
condição, a limitação a que a mente humana está relegada, não permite a sua perceção.
Muito do que são até os fenómenos designados de paranormais derivam desta limitação,
como iremos verificando no contexto destes ensinamentos.
Vamos deixar aqui um desafio para reflexão, caso concorde com esta linha de
entendimento Hermético. Não haverá tantos eventos, fenómenos e condições no
Universo que estando presentes, pelo simples fato de termos uma limitação na condição
mental, apenas temos perceção de uma parte do que é toda a existência?
Resumindo, temos então que aquilo que é a mente, no estado físico representado pelo
sistema que gera a perceção da existência (sistema cerebral-mental), apresenta duas
características que por si, nos tornam reféns da maneira como vivemos e vemos a
existência. Apenas conseguimos perceber e ter presente um único evento de cada vez e
só temos perceção dos eventos que se polarizam/desdobram e se apresentam
tridimensionalmente.
Isto não significa que as limitações da mente ou se preferirmos, o estado mais denso em
que se manifesta a mente, como sistema sutil de consciencialização do espírito, fiquem
somente por aqui. Para termos um melhor domínio da mente, devemos primeiro
perceber como ela funciona, o que ela representa, quais os seus limites e como ela
existe/se manifesta nos vários níveis da existência.
Ainda dentro dos aspetos mais relevantes a ter em conta como principais mecanismos
de limitação da mente, devemos ter como referência o que comummente se compreende
por EGO. Este não é influenciado, nem influencia, diretamente as duas primeiras, mas é
fundamental na forma como olhamos o mundo, principalmente na forma como nos
vemos e vivemos nele.
Embora o Ego influencie a forma como o ser depende da mente e esta se manifesta, por
si, ele não é uma característica da mente, apenas induz o modo em que nos
manifestamos, enquanto diferentes seres, no estado encarnado. Por si só, o Ego, é o
fenómeno que origina as diferenças percetivas entre os seres humanos. Enquanto as
duas primeiras características que aqui apresentamos, representam os mecanismos que
geram o limite a partir do qual a mente funciona, significando isso que todos estamos
condicionados a elas de forma idêntica, já o Ego, representa no seu todo, o sistema que
gera a individualidade. Enquanto as duas primeiras são constituídas como condições
inerentes aos planos da existência em si e o ser humano nada pode fazer para a sua
eliminação enquanto estiver no estado encarnado, o Ego surge como condição suscitável
de diferenciação entre os seres, assim como passível de maior ou menor eliminação por
cada um, dependendo da condição individual em que nos encontremos.
Embora o Ego não seja propriamente a mente ou parte dela, ele cria todo o conjunto de
condicionantes para que a mente se apresente no seu estado mais liberto/claro. Assim
podemos afirmar que o Ego, juntamente com os fenómenos que são o medo, o apego e a
dúvida, são os inimigos naturais da libertação plena, isto porque é através deles que a
mente fica condicionada à totalidade das suas capacidades.
Mas para entender melhor o Ego devemos aqui mostrar uma imagem análoga. Imagine
que aquilo que consideramos Ego é uma caixa, onde nós estamos dentro. Essa caixa está
totalmente vazia, estando unicamente preenchida por cada ser individualmente em cada
caixa. Todos os seres humanos em estado encarnado, estão dentro da sua própria caixa.
Ela, tendo seis lados, esses lados são completamente opacos e a caixa completamente
estanque. Em todas as caixas (Egos), apenas existem seis pequenos orifícios que
permitem perceber o exterior – cinco destes, representam os sentidos físicos (audição,
visão, olfato, tato e paladar), o sexto sentido representa aquilo que designamos por
intuição.
A matéria pela qual é constituída a caixa, é igual para todas as caixas e aqui poderemos
fazer a analogia destas com as duas condições limitantes que descrevemos
anteriormente – A forma analógica em que a mente funciona e a sua limitação face à
simultaneidade. Os orifícios, estão cobertos por ligeiras camadas, translucidas. A
matéria de que são constituídas estas camadas que cobrem os orifícios, são feitas de um
conjunto de ingredientes (códigos sociais, regras, ética, conceitos, leis do homem,
costumes, etc.), nem todas as camadas destes orifícios, das várias caixas, têm os
mesmos ingredientes, nas mesmas quantidades e proporções, por isso a densidade por
que esses orifícios nas caixas são constituídas (conjuntos dos códigos), determinam a
translucidez, posicionamento e formato dos seis orifícios (seis sentidos). Assim após
estar completamente constituído a caixa de cada um, é a densidade com que as camadas
que cobrem os orifícios dessa caixa foram constituídas que determina a perceção do
mundo exterior.
Aqui é importante perceber bem o que é intuição e perceção, visto, serem dois
mecanismos fundamentais no funcionamento da mente. Perceção, na imagem do
exemplo da caixa, é todo o conjunto de sensações que conseguimos obter do mundo
exterior a partir da totalidade dos seis orifícios. Já intuição, é unicamente o que resulta
da perceção do sexto orifício, ou seja, é em si um sentido. Enquanto os cinco restantes
têm um carater mais denso, pois captam as condições que se encontram em vibrações
mais densas (físicas), o sentido intuição capta os níveis mais sublimes das cinco
primeiras, os estados vibracionais mais elevados dos cinco sentidos. Mas a intuição,
enquanto sentido sutil, é também o instrumento fundamental de comunicação entre os
vários estados em que a mente se manifesta.
O Hermetismo ensina que tudo o que se manifesta, aquilo que entendemos por
existência, onde se inclui o que compreendemos como mente, existe manifestado em
vários níveis de vibração ou se preferir, em vários níveis de desdobramento,
concretamente – sete. Assim tudo o que está manifestado, existe em vários outras
condições, unicamente, apenas temos perceção da sua existência, do seu nível sétuplo
mais denso.
Os números são sete, agora afirmará, não, os números são uma sequência de dez
(0,1,2,3,4,5,6,7,8 e 9) e repetido ao décimo primeiro número. Não, não é verdade. Os
números manifestos, no estudo esotérico das suas características, são apenas sete, isto
porque os três primeiros (1,2 e 3), são na verdade apenas um único. A Numerologia
Pitagórica estuda um lado dos números que representam as características esotéricas que
eles revelam para quem domina o seu conhecimento.
Não iremos aqui aprofundar muito sobre o assunto, mas ainda assim, lembra-se da
analogia simbólica que apresentei para revelar anteriormente a incapacidade da mente
perceber parte da existência? Quando refletimos com base no exemplo que representa a
polarização ou descontinuidade, através da representação do estado 1 (30 graus
centígrados), dos estado 2 (5 graus centígrados) e do estado 3, em que a
Assim tudo é sétuplo, os números manifestos são sete e tudo o que se manifesta,
apresenta-se descontinuado numa imensidão de desdobramentos vibracionais sétuplos.
Todas as condições Universais, absolutamente todas, se podem reduzir à condição única
mais sutil. A mente também, ou melhor, a forma como ela se apresenta.
Os inimigos naturais da mente e que nos condicionam ao acesso pleno do estado em que
ela se encontra, são para além do ego que já mencionamos, aqueles que o hermetismo
designa pelas três cabeças de Cérbero. A respeito desta figura mítica, existem várias
referências sobre a sua simbologia, sendo que todas elas surgem como recurso alegórico
para facilitar os vários ensinamentos aí contidos. Tanto em textos menos conhecidos
(esotéricos), como nos que são de conhecimento da humanidade em geral (exotéricos),
quase ninguém consegue extrair deles, os seus verdadeiros entendimentos e por isso,
não resultando daí qualquer benefício.
Quem esteja a ler a afirmação anterior, pensará – “Sim claro, mas eu sei que é o medo, o
apego e a dúvida”. Será que sabe? Voltando a aplicar aqui a diferença entre o que é a
compreensão e o entendimento, aparentemente até compreendemos os que são os
conceitos, mas não temos pleno entendimento do que são, muito menos do que eles
originam no processo que é a manutenção do tal estado de ignorância que falamos
inicialmente e de onde todos devemos sair a caminho da libertação, no processo de
busca pela sabedoria.
Na verdade tudo o que julgamos compreender destas três condições mentais, são apenas
a perspetiva mais básica das suas manifestações, aqui também, as suas manifestações
sétuplas mais densas. Como já comentado anteriormente, a aparente complexidade de
tudo o que existe, deve-se à descontinuidade que caracteriza a manifestação das coisas.
Aqui relembramos a matriz por que essa descontinuidade se realiza, no tal
desdobramento sétuplo e sempre múltiplos de sete em sete. Desta forma aqui também o
entendimento que não conseguimos ter dos fenómenos que são as desmultiplicações
originadas nestas três condições, levam a que quase nunca, consigamos identificar, no
nosso processo de existência, o confronto que este animal (Cérbero) tem
permanentemente com a nossa mente. Desta forma somos permanentemente devorados
por uma das suas enormes bocas – o adego, o medo ou a dúvida.
Caso estivéssemos plenamente cientes do que eles representam e o que geram no ser
humano, a humanidade não estaria no atual estado de desenvolvimento e por sua vez, o
mundo que conhecemos seria bem diferente. O que estamos a afirmar é que o medo, o
apedo e a dúvida enquanto condições mentais, apresentam-se na maioria das vezes
impercebíveis, porque esperamos que elas se apresentem nos seus estados mais óbvios,
quando quase nunca se apresentam dessa forma.
A analogia relativa ao cão de três cabeças e a representação de cada uma delas como
condições mentais, ou melhor, condições a que a mente constantemente se deixa
subjugar, não é em vão, pois na verdade quase nunca uma destas condições ataca a
mente isoladamente. Na verdade, elas trabalham em conjunto e uma delas ao atacar a
mente, leva que a mente se tente defender dessa, estando distraída na luta, acaba por ser
devorada por uma das suas irmãs. Este é o modus operandi de Cérbero e dificilmente a
mente humana leva a melhor sobre este inimigo feroz.
Vamos analisar, na prática, como operam estas condições e os efeitos que produzem na
nossa mente, resultando no estado em que permanecemos no nosso dia-a-dia. Temos
afirmado até aqui que estas condições e o Ego, são os únicos responsáveis pelo ser
humano não conseguir sair do atual estado de escuridão mental – a ignorância. O
principal efeito que as três irmãs produzem na mente é o seu aprisionamento no estado
mais denso, evitando assim que os seus estados mais elevados se manifestem, criando
aqui como que uma prisão da mente dentro do sistema cerebral.
Esta analogia, face ao que são as ténues diferenças entre Ego e o medo, o apego e a
dúvida, também representa com precisão, o grau de confundibilidade que se tem entre
eles. Aqui fica mais claro que sendo o conjunto de softwares operativos do computador
aquilo que caracteriza e diferencia o modo de funcionamento de cada computador,
dando-lhe assim a individualidade aparente, já o software antivírus que ele tem
instalado e a forma como ele está configurado, irá gerar o resultado em como cada
computador acederá tanto à informação interna, como à informação externa.
Mas o que são, o medo, o apego e a dúvida? Como se escondem, como atuam e como
devoram a nossa mente em cada confronto?
Na verdade o grande carrasco da mente é o medo, tanto o apego como a dúvida são dois
instrumentos que auxiliam o medo a aprisionar a mente. Todos os processos que nos
condicionam, se relacionam com um dos estados do medo e este é criado a partir dos
estados da dúvida e do apedo que por sua vez se relacionam com nosso Ego. Vejamos
as situações comuns de sofrimento e quando nos referimos a sofrimento, este tanto
acontece por motivos positivos, como por motivos negativos.
A situação mais comum ao ser humano, tem a ver com os sofrimentos relacionados com
a necessidade de ter uma determinada quantidade de bens materiais, naquilo que a
sociedade de consumo criou como ideal de vida, nos padrões de modernidade atual. Ter
casas, carros, viajar, roupa de marca, joias, etc., e quando atingimos um conjunto destes
bens, procuramos atingir um nível a seguir. Uma casa maior, ou mais casas, carros de
maior valor ou meias carros, veleiros, aviões, mais viagens, joias de maior valor…mais,
mais e mais.
Realizamos as nossas expetativas e devido aos apegos que vamos criando em relação
aos que alcançamos e às dúvidas que temos de conseguirmos alcançar mais ainda, estas
duas, geram em nós medo e esse medo remete-nos para processos de sofrimento. Muitos
dos estados de sofrimento, relacionam-se com a forma como entendemos os eventos que
fazem parte da vida e isso representa o nível de ignorância em que nos encontramos.
Mas como se dá esse processo de paralisia mental? Vamos voltar ao que já lemos
anteriormente sobre a forma como a mente funciona e os limites de que ela depende.
Assim, pegando um exemplo qualquer, tudo é explicado a partir do exercício que
faremos de seguida. Todos os processos de bloqueio mentais, se originam no medo,
mesmo aqueles que julgamos esta longe de qualquer correlação, são na verdade
derivados do culminar dos códigos de que é constituído o Ego, fortalecidos pelo apego
O que é para si, um problema? Será algum tipo de obstáculo que surge no seu dia-a-dia
sem que consiga apresentar uma solução, genericamente, será sempre isto. Então se
pensarmos nos ensinamentos Herméticos, onde tudo pré-existe, manifestado na tal
condição/estado 1 (UM) que a mente não consegue percecionar. Se partirmos do
princípio que tudo pré-existe, podemos concluir que tudo o que está percetível à mente
no estado em que se manifesta como sistema cérebro-mental, é apenas uma parte do que
existe manifestado em potencial.
Agora podemos fazer uma outra analogia para o que pode genericamente significar um
problema na perspetiva humana, conciliada com uma perspetiva científica e esotérica.
Se no nosso dia-a-dia surge, dentro da sequência de eventos que representam a
existência, uma falha, se nesse conjunto de sequências, falta um dos eventos que daria o
resultado que pretendemos, isso seria porque, do conjunto de possibilidade infinitas,
tendo sido organizadas todas de forma cronologicamente corretas, mas por qualquer
motivo, um dos inúmeros eventos necessários ao bom funcionamento da sequência, não
se manifestou na condição/estado 2 – resultando daí, a falta de consciencialização do
evento em falta na condição/estado 3, representado no tal problema com que nos
deparamos constantemente.
Então, esotericamente poderemos afirmar que qualquer problema existe, porque de certa
forma, a sequência que foi materializada, trazia algo em falta e essa falha, representa um
erro no fluir correto da sequência de eventos que levariam ao resultado desejado. Na
verdade, quando surge uma falha na sequência de um conjunto de eventos – um
problema, ele resulta apenas da nossa incapacidade de termos consciência da
informação em falta. A reação imediata de todo o ser humano, é, através do pensamento
procurar nas suas memórias internas a solução, por vezes, tenta-se também obter ajuda
de algumas fontes ao seu alcance. No exemplo do computador, a sequência completa e
todas infinitas possibilidades de qualquer sequência, corresponde a tudo o que existe na
internet, mas o operador do computador, não percebe como pode aceder a essa fonte de
conhecimento e tenta a solução através do recurso ao disco rígido e a outros suportes de
memória local (DVD´s, CD´s, pen-drive´s, etc.).
Raramente o ser humano desta forma consegue uma solução e na maioria das vezes, a
que consegue, é sempre algo condicionada, relativamente ao que seria desejável, isto
porque não se dá conta que a verdadeira solução, a parte perdida em falta na sequência,
está no tal estado manifesto, mas inconciliável para a mente no estado em que ele se
encontra. Seria preciso permitir que a mente se sintonizasse, de forma a ter acesso ao
local onde pré-existe a sequência total dos eventos e daí levar para a sua memória
interna o pedaço que está a faltar.
Desta forma e porque para aceder à fonte externa onde pré-existem, todas as soluções, é
preciso usar o instrumento que é a intuição e como a mente só executa uma ação de
cada vez, ela termina por ficar prisioneira do instrumento que é o pensamento e assim
nunca recebe o evento em falta, pois este, está fora das suas memórias.
Então é com base no medo e porque quando ele se instala, torna-nos incapazes de
conseguir cessar o pensamento, ou seja, colocar o estado mental num nível de vibração
capaz de perceber estados que embora manifestos, estão na tal condição 1 (UM),
inconciliável para a mente no estado cerebral e para isso, para que essa sintonia
aconteça, precisamos que desligar por momentos o instrumento que é o pensamento e
ligar o instrumento que é a intuição.
O medo, gerado pela constante dúvida e esta movida pelos apegos que temos em relação
aos códigos que nos constituem enquanto individualidade, aprisionam a mente. Isto
significa que esse sentimento que se reflete fisicamente no que entendemos por
sofrimento, é quem impede de percebermos e estarmos em estados mentais para além
daquele que conhecemos por movimentos cerebrais como - pensamentos. Estes
originam todo o conjunto de reações apresentadas como emoções que na sua maioria,
mais tarde ou mais cedo culminam nos processos de sofrimento.
aplica esse grau de libertação e os efeitos práticos que gera na aplicação dessa tal
SABEDORIA.