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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA

CENTRO DE CIÊNCIAS APLICADAS


LICENCIATURA EM LETRAS/ ESPANHOL

JORGE DOS SANTOS SILVA

A RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE EDUCAÇÃO, FILOSOFIA E IDEOLOGIA.

BACABAL-MA
2019
JORGE DOS SANTOS SILVA

A RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE EDUCAÇÃO, FILOSOFIA E IDEOLOGIA.

Trabalho apresentado ao curso de Licenciatura


em Letras – com habilitação em Português e
Espanhol da Universidade Estadual do
Maranhão – UEMA, para obtenção parcial de
notas na disciplina de Filosofia da Educação,
ministrada pelo professor orientador: Edilson
Macedo.

BACABAL
2019
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2. A RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE EDUCAÇÃO, FILOSOFIA E IDEOLOGIA

SILVA, Jorge dos Santos1


Prof. MSc. Edilson Macedo

Antes de abordar a relação existente ente a filosofia, a educação e a


ideologia e as especificidades que tratam este trabalho a respeito da educação e sua
influência ideológica na vida e nos costumes do ser humano, julga-se necessário,
deixar claro a definição de alguns termos que serão discutidos durante esta pesquisa,
visto que alguns destes possuem polissemia em sua significação, portanto faz-se
necessário a definição de alguns desses termos.
Concepção de educação: No âmbito desta pesquisa considera-se
educação como um fenômeno social, histórico e cultural, ou seja, deve-se entender
que ela pode se efetuar em qualquer lugar, com qualquer pessoa e em qualquer
situação e sua efetivação dependerá dentre outros elementos, o ideal de homem que
se pretende formar.
Pensar na educação como um fenômeno de caráter social, histórico e
cultural, requer pensar que esta está presente no ser humano em todo seu processo
vital de desenvolvimento, desde a mais tenra idade, o nascimento, a sua morte.
Segundo Bueno e Pereira (2013) a educação é um fenômeno que permite o ser
humano desenvolver-se em seus diferentes graus de realização pessoal e social, nas
mais variadas formas de organização da sociedade.
Nesta perspectiva sociocultural, educação deve ser entendida como uma
prática social, no qual tem-se por finalidade o desenvolvimento humano que pode se
dar através dos diversos saberes que são disponibilizados em uma cultura, ou seja, é
através do que se pretende formar, por meio da cultura existente e das exigências da
sociedade que se forma o perfil ideal para um grupo social.
Concepção de Filosofia: A palavra filosofia possui origem grega –
philosophia. Onde philo deriva-se de philia que se relaciona com companheirismo,
fraternidade, amor, amizade e Sophia vem de shophos, que significa saber,
conhecimento, sábio. Logo, geralmente quando relacionamos o significado de

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Licenciado em Pedagogia pela FACAM, de Buriticupu-MA; Graduando em Letras – Habilitação em Língua
Portuguesa e Língua Espanhola e suas respectivas literaturas pela UEMA, de Bacabal-MA. E-mail:
<Jorgesantos96silva@gmail.com>.
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filosófica em seu sentido etimológico, corresponde dizer que filosofia é o “amor pelo
saber”, ou ainda, “a amizade profunda à sabedoria”. A filosofia compreende-se como
uma ciência que tende como objetivo levar ao saber.
Prado (1981) explica que filosofia seria uma especulação infinita e
desregrada que gire em torno de qualquer questão ou assunto, sob o ponto de vista
de cada autor, de suas subjetividades e de suas experiências e estudos. Ainda relata
que a filosofia não se responsabiliza em unicamente responder a questionamentos,
mas sim, sugerir e fazer perguntas e problematizar o assunto com o intuito de
estimular a reflexão e o pensamento crítico, além da curiosidade.
Concepção de Ideologia: Para Chauí (2016) a ideologia pode ser definida
como “um corpus de representações e de normas que fixam e prescrevem de antemão
o que se deve e como se deve pensar, agir e sentir.” Isso condiciona-se pelo fato de
sua anterioridade, pois a ideologia irá definir a forma de agir, pensar e sentir relativo
aos fatos existentes e aos novos temporais.
Logo esse corpus que se constitui por ideologia tende a objetividade de
produzir uma espécie de universalidade imaginária, pois tende a favorecer e
predominar o ponto de vista, isto é a subjetividade de um determinado grupo de
pessoas, ou ainda da classe que domina as relações sociais (CHAUÍ, 2016). Assim, a
reprodução da dessa universalização tende não ó tornar privado o generalizado, mas
também, cobrir e tornar oculto esse particular, ou seja, a divisão da sociedade em
classes.
Por fim, dentre outros raciocínios e características levantadas Cahuí sobre
ideologia, cabe aqui ressaltar que a eficácia da ideologia depende, principalmente, da
sua capacidade de inventar e persuadir o social por meio de um imaginário coletivo
em cujo interior os indivíduos possam localizar-se, identificar-se e, pelo
autorreconhecimento assim obtido, legitimar involuntariamente a divisão social.
É possível se estabelecer relações entre esses termos? Segundo a autora
Chauí (2016), descrever as relações existentes entre esses termos conceitua-se como
uma tarefa longa, cansativa e quase impossível. Tentar descrever a relação entre eles
é como tentar escrever uma tese sobre “Deus e sua época”, diz a autora. Logo vemos
que esta não é uma tarefa fácil, tampouco simplista, por isso, a necessidade de
conceituar os três itens logo no início, par apenas agora tentar associar esses três
pontos que aqui nos convém. Para ela, não tem como se falar de ideologia, sem falar
de educação, logo os mesmos são temas geradores inesgotáveis, possibilitando
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várias visões, paradigmas, correntes de pensamentos e como são amplamente


discutidos e de caráter longínquo, reuni-los par debate parece ser loucura, como
Chauí ressalta.
É preciso se questionar: qual a influência da educação em nossas vidas?
Quem são os educadores? Que suportes ideológicos estes possuem? Quais seus
benefícios? Que aparatos filosóficos a escola se utiliza no processo educacional?
Qual o papel dentro da educação? E da ideologia? O ensino pedagógico fortalece
ideologias ou alienação? Responder essas questões requer tempo, análise e
perspectivas subjetivas pautadas no conhecimento real das escolas e da educação.
Partindo do pressuposto levantado por Marx, ressalta a ideologia como um
conjunto de ideias, opiniões e argumentos inversa a realidade que proporciona uma
separação entre pensar e agir com a finalidade de estabelecer relações de privilégios
e divisão de classes. Logo, a escola portadora dos diferentes paradigmas
educacionais, e pautada nos diferentes cânones pedagógicos, não pode e não tem
como fugir de ideologias, pois é portadora ou encontra-se dentro delas, logo pode
utilizá-las de diferentes formas e necessidades.
Assim, podemos dizer que a filosofia no âmbito educacional tende o papel
importantíssimo de estabelecer o pensamento reflexivo e critico acerca as formas de
ideologia e de alienação que fortalecem a ideia de divisão, subordinação e dominação
de classes. Tendem a fortalecer a emancipação do sujeito, e a transformação integral
do sujeito quanto ao seu pensar, agir e tomar decisões.
Santigo e Silveira (2016) corroboram com esse pensamento, e relatam que
a escola funciona como um espelho das condições sociais, logo é reprodutora essas
ações apresentadas por uma sociedade, veja:

O que estou tentando dizer é que a escola não é uma ilha social na qual
poderia ser “trazida” a consciência, mas ela também não é “reflexo” das
condições sociais. A escola é expressão concreta dessas condições. Ou seja,
a escola é uma das instituições sociais que repete e reproduz as demais
condições sociais porque ela é expressão dessas condições (2016, p. 276).

A educação, portanto, deve tomar a ideologia como um aparato pedagógico


filosófico e reflexivo para libertar o sujeito dos aparelhos repressores e ideológicos
que os mantem em uma cadeia viciosa de alienação, e os levar para a tomada de
decisão coesa, e continua rumo ao progresso e emancipação individual e coletiva.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BUENO, Almerinda Martins de Oliveira; PEREIRA, Elis Karen Rodrigues Onofre.


Educação, escola e didática: uma análise dos conceitos das alunas do curso
de pedagogia do terceiro ano – UEL. II jornada de didática e I seminário de
pesquisa do CEMAD, 2013.

CHAUÍ, Marilena de Souza. Ideologia e educação. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 42, n. 1, p.
245-257, jan./mar. 2016.

PRADO Jr., Caio. O que é filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1981 (Primeiros Passos, 37).

SANTIAGO, Homero Silveira; SILVEIRA, Paulo Henrique Fernandes. Percursos de


Marilena Chauí: filosofia, política, Educação. Pesqui., São Paulo, v. 42, n. 1, p. 259-277,
jan./mar. 2016.

SOUZA, João Valdir A. Sociedade, cultura, educação e escola. Belo Horizonte:


Ed. UFMG, 2006.

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