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Necrológico

Pedro Henrique dos Reis Soares

Meu caro amigo,

Venho através desta informar-lhe da morte do nosso querido companheiro de várias


datas, Pedro. É inexplicável a angústia do meu coração e o aperto em meu peito em
atestar que não o verei mais, nunca mais. Ele expirou ontem à noite em sua casa
enquanto dormia. O que me conforta é saber isto que venho contar-lhe: Pedro Henrique
dos Reis Soares foi em vida tudo o quanto aspirou ser.

Após, meu amigo, você deixar a cidade, Pedro deixou de dar-se as bobagens da
juventude, não sei ao certo o que aconteceu com ele, mas ele mudou, e para melhor.
Tornou-se mais maduro e garantiu-me que se doaria a vida intelectual de todo o seu
ser, quem poderia imaginar que ele cumpriria tal promessa tão perfeitamente. Foi um
dos homens mais cultos que conheci e ainda assim tão simples, sabia domar a vaidade
que seu coração pecador lhe imputava. Lembro com certa veneração e saudade dele
dizendo-me que “a verdade somente serve a seus escravos” insistindo que eu também
começasse a ler a obra “Vida Intelectual” de um tal padre francês de nome estranho,
quem sabe um dia.

E não pense que foi somente em mim que ele deixou marcas, meu amigo. Ele lecionou
para crianças, adolescentes e adultos a matéria que mais amava: História do Brasil.
Deixando impresso nessas almas um amor imenso pela história dos homens e mulheres
do nosso país, sem ufanismos, distorções da realidade ou instrumentalizar a narrativa,
ele simplesmente os contava como eram de fato: pessoas profundamente inabarcáveis
com defeitos e qualidades. Foi também entusiasta da sétima arte, roteirizando e
dirigindo alguns filmes que deves ter ouvido falar de tão belos que são, mas o que sei
que mais gostava era de escrever, inspirado pelo Machado de Assis ele queria imprimir
a mais densa realidade do brasileiro em contos e romances e assim o fez, tornou-se o
maior romancista brasileiro do século XXI o nosso Pedro.
Conseguiu também exito pessoal, casou-se com uma bela moça que o acompanhara
em sua busca pela verdade, amava-a muito e ela a ele, naturalmente o amor
transformou-se em quatro filhos, um mais traquina que o outro, porém, muito amados os
pequenos. Nunca foi rico, mas sempre bem de condições. Guardo por último sua maior
realização, que o próprio Pedro me revelou há alguns anos, sendo isto: ter tido o prazer
de conhecer a Cristo e ter a certeza de estar com ele quando partisse desta vida. Pois
bem! meu caro, alegre-se com a vida do nosso querido comprade que foi exemplo para
muitos brasileiros e principalmente para os que como eu, tive a honra de conviver. Um
abraço.

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