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David Comfort
Tradução
Ricardo Giassetti
Roberta Bronzatto
fotos de capa
Michael Ochs Archives/Getty Images (Jimi Hendrix); Michael Ochs Archives/Getty Images (Janis Joplin)/ Michael Ochs Ar-
chives/Getty Images (Jim Morrison); Michael Ochs Archives/Getty Images (Elvis Presley); Robert Whitaker/Hulton Archive/
Getty Images (John Lennon); Jeff Kravitz/Film Magic (Kurt Cobain); Michael Ochs Archives/Getty Images (Jerry Garcia).
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de quaisquer meios.
Publicado mediante acordo com Kensington Publishing Corp., New York, NY, USA.
Comfort, David
O livro dos mortos do rock : revelações sobre a vida e a morte de sete lendas do
rock’n’roll / David Comfort ; tradução Ricardo Giassetti, Roberta Bronzatto. – São
Paulo : Aleph, 2010.
10-06342 CDD-781.66092
Sumário
1 Jimi Hendrix
7 de novembro de 1942 – 18 de setembro de 1970 21
Interlúdio: Órfãos 71
O L i vro d o s M o r t o s d o Ro c k
2 Janis Joplin
19 de janeiro de 1943 – 4 de outubro de 1970 89
Interlúdio: Chapados 115
3 Jim Morrison
8 de dezembro de 1943 – 3 de julho de 1971 133
Interlúdio: Loucos 169
4 Elvis Presley
8 de janeiro de 1935 – 16 de agosto de 1977 183
Interlúdio: Sr. M 217
5 John Lennon
9 de outubro de 1940 – 8 de dezembro de 1980 229
Interlúdio: Alma 269
6 Kurt Cobain
20 de fevereiro de 1967 – 5 de abril de 1994 279
Interlúdio: Amor 325
7 Jerry Garcia
1º de agosto de 1942 – 9 de agosto de 1995 341
Epílogo: Vida 375
Bibliografia 385
Introdução
lador, um paraquedista, um poeta sem teto, um professor de guitarra
hippie, um estudante de arte sem dinheiro: todos tiveram origens mo-
destas. Mas os “Sete Imortais” ou os “Sete” estavam destinados a se
tornar os pioneiros do rock moderno – ícones culturais, apóstolos do
Vaticano do pop e muito mais.
“Somos mais famosos do que Jesus Cristo”, disse um deles sobre
seu grupo, declarando depois que ele próprio era Jesus Cristo – afir-
mações que posteriormente resultaram em seu assassinato.
“Jesus não deveria ter morrido tão novo”, disse outro, “pois teria
sido mais bem-sucedido se tivesse durado mais.”
Quatro morreram aos 27 anos de idade. A maioria teve premoni-
ções sobre morrer jovem. “Estarei morto em dois anos”, declarou um
deles, sabendo muito bem o que estava dizendo aos 25 anos. “Não te-
nho certeza se chegarei aos 28”, disse um segundo membro do Clube
dos 27. “Nunca vou chegar aos 30”, previu um terceiro.
A morte assombrou a vida da maioria deles desde a infância. A
mãe de dois deles faleceu em acidente de automóvel. A mãe de outros dois bebia
até cair. Aos 5 anos de idade, um deles viu o pai se afogar. Outro astro insistia em
dizer que possuía os “genes do suicídio” porque os membros de sua família haviam
tirado a própria vida.
Cada um possuía uma atração fatal. “Vou ser um músico famoso, me matar e
me apagar em uma chama de glória!”, exclamou um. Ele deu ao seu grupo o nome de
Nirvana, definindo o termo como “a paz absoluta da morte.” Outra estrela, estudan-
te do Livro tibetano dos mortos como muitos dos outros, deu à sua banda o nome Grateful
Dead*. Outro nomeou seu grupo The Doors, uma porta para o outro mundo, além
de descrever sua música como um “convite às forças do mal.” Outra lenda viva, obce-
cada pelo fantasma do “carma instantâneo”, disse que faria o seguinte quando final-
mente encontrasse o mensageiro da Morte: “Irei agarrá-lo pelas bochechas e lhe darei
um beijo molhado na boca mofada, porque só há uma forma de partir – encarando
o vento e rindo pra caralho!.” Outros demonstravam uma curiosidade irresistível
sobre a vida além da morte, como observou o meio-irmão do próprio Rei do Rock:
“Era como um devaneio para saber até onde ele poderia chegar – era quase como se
ele procurasse a morte –, apenas para ver o que havia do outro lado e depois voltar.”
Embora cada um dos Sete tenha alcançado o auge da fama durante uma breve
vida, só foram tificados como imortais após sua autodestruição. O namoro de cada
um deles com a morte adquiriu vida própria até assumir proporções mitológicas,
tornando-se um tipo de calvário para sua legião de fãs.
“Talvez meu público aprecie mais a minha música se achar que estou me des-
truindo”, disse a estrela que teve diversas overdoses antes da injeção que finalmente
a matou em um quarto de hotel em Los Angeles. Nos dias que se seguiriam, ela
deveria gravar a versão final dos vocais de Buried Alive in the Blues para o maior álbum
de sua carreira.
“É engraçada a forma como a maioria das pessoas admira a morte”, meditou
outro imortal. “[...] você tem de morrer para acharem que você vale alguma coisa.”
Todos os Sete, exceto um, tentaram suicídio ou ameaçaram cometê-lo. Todos
os Sete tornaram-se viciados. A maioria morreu por excesso de drogas. Se um deles
não tivesse morrido baleado, poderia muito bem ter tido o mesmo fim.
“Bicho, estou chapado o tempo todo!”, declarou o poeta que, como a maioria
dos outros, foi alertado por seus médicos para que largasse as drogas ou morreria.
Antes de sua impressionante estreia no clube Whisky a Go Go em Los Angeles, ele
tomou uma dose de lsd dez vezes mais forte do que a normal. Ele adorava citar
William Blake: “A estrada dos excessos leva ao palácio da sabedoria.” Seu palácio
da sabedoria veio a ser seu mausoléu pichado no cemitério Père Lachaise, em Paris,
ao lado dos túmulos de Oscar Wilde, Chopin e Balzac.
O passatempo favorito de outra estrela era “fumar um, tomar um, lamber um,
chupar um, foder um.” Seus amigos a alertaram para pegar leve. “Ah, bicho, não
quero viver assim”, protestou ela. “Eu quero queimar. Quero arder lentamente.”
Ela e o primeiro membro do Clube dos 27, famoso por destruir suas guitarras,
usavam heroína juntos antes de transar. O apetite dele não ficava atrás do dela.
Como lembrou um vocalista famoso e drogado de outro supergrupo, “Ele era o
cara mais chapado que já conheci.”
Seis dos sete imortais foram presos diversas vezes. Foras da lei, rebeldes, pre-
gadores da liberdade, tiveram uma postura gloriosa contra o establishment. O sétimo
foi o único de sua espécie, fazendo sua própria lei – afinal, ele era o establishment: o
Rei. O presidente Nixon o nomeou agente federal de narcóticos. O Rei nunca se
permitiu ser um drogado de rua: nos últimos 20 meses de vida, consumiu 12 mil
tipos diferentes de analgésicos, todos receitados por médicos.
Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Elvis Presley, John Lennon, Kurt
Cobain e Jerry Garcia foram os ícones do maior movimento jovem na história. Os
Sete surgiram em momentos trágicos. Os sonhos da década de 1960 foram estilha-
* O Carma Instantâneo vai te acertar em cheio / É melhor você se recompor. Muito em breve você vai estar morto.
Após uma apresentação medíocre do Grateful Dead, Jerry Garcia, o que so-
breviveu por mais tempo entre os Sete, reclamou para seu último tecladista, Bruce
Hornsby, “Você não entende 25 anos de cansaço!”
Somente Lennon conseguiu “se livrar do ciclo vicioso”, entrando em um
período de reclusão de cinco anos. Mas tão logo o fundador dos Beatles voltou à
ribalta esperando “conquistar novamente o mundo”, foi dada a bandeirada final
de sua corrida.
o ex-Beatle estava sob vigilância constante do fbi. Seria seu fã e assassino, Mark
David Chapman, um candidato manchu*? Após anos de antagonismo mútuo e
infidelidades, Yoko planejava em segredo divorciar-se de John depois que ele a
ajudasse a lançar seu próprio álbum solo. Pouco tempo antes de seu assassinato,
por que ela e seus frequentemente cuidadosos “direcionadores” psíquicos o acon-
selharam a atravessar o Triângulo das Bermudas em uma minúscula corveta?
Cobain estava deixando o Nirvana, divorciando-se de Courtney Love, rees-
crevendo o testamento para excluí-la e preparando-se para pedir a custódia de
sua filha. Seu corpo sem vida foi encontrado no cômodo acima de sua garagem,
ao lado de uma espingarda e um bilhete de suicídio. Além disso, de acordo com
a autópsia, a quantidade de heroína detectada em seu sangue correspondia a três
vezes a dose letal da droga. Como o próprio Cobain ainda poderia ter puxado o
gatilho da espingarda?
* Uma pessoa que, alheia a sua própria vontade, é convencida a agir em prol de interesses
de terceiros. O termo foi imortalizado pelo livro The Manchurian candidate, de Richard Condon,
adaptado para o cinema em 1954 e 2004 (no Brasil, Sob o domínio do mal). [n. do t.]