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APOSTILA

Introdução ao Evangelho de João


DE

EVANGELHO DE JOÃO

Prof. Ms. Víctor Raúl Villalba


A PESSOA DE JOÃO
O autor foi João, “filho do trovão” - O discípulo a quem Jesus amava;
Era filho de Zebedeu e sua mãe era Salomé, uma seguidora fiel de Jesus, que pode ter sido irmã
de Maria (Mc.15:40; Jo.19:25); João devia ter uns 25 anos quando Jesus o chamou.
Foi exilado na ilha de Patmos, sob o governo de Domiciano; mais tarde voltou a Éfeso e se tornou
pastor daquela igreja. João escreveu quase uma geração depois dos outros evangelistas, entre os
anos 80 e 100 A.D., no fim do primeiro século, quando todo o restante do NT já estava pronto.
LOCAL DE ORIGEM
PROCEDÊNCIA GEOGRÁFICA
Quatro lugares são propostos:
1. Alexandria
2. Antioquia – alega-se que o quarto evangelho possui algumas afinidades com as Odes de
Salomão, obra escrita em siríaco e que se supõe que era procedente dessa região, e com
Inácio, que serviu como bispo de Antioquia.
3. Palestina – devido à sua grande familiaridade com detalhes culturais e topográficos peculiares à
região, envolve a ideia de que qualquer livro sobre o Jesus histórico deve ter sido escrito na
Palestina.
4. Teoria tradicional de que foi escrito em Éfeso.
AUTORIA
O quarto evangelho não leva o nome do seu autor.
Provavelmente, o título “Segundo João” foi acrescentado a ele assim que os quatro evangelhos
começaram a circular juntos como “Quadruplo evangelho”. Isso se deu, primeiro para distingui-lo
dos outros; mas é possível que seu título tenha sido esse desde o início.
Também, a partir do séc. II os evangelhos apócrifos, enquanto os quatro circulavam
anonimamente, aqueles se declaravam (falsamente) terem sido escritos por apóstolos ou outras
pessoas ligadas ao Senhor.
Daí a necessidade de os escritos trazerem nomes que os identificasse com o seu autor.
EVIDÊNCIAS EXTERNAS
Documentos antigos tanto dentro do cristianismo quanto no próprio gnosticismo que confirmam a
autoria Joanina.
Teófilo, de Antioquia –é o primeiro escritor a fazer claras citações do quarto evangelho e a atribuir
a João (cerca de 181 d.C).
Policarpo; (Bispo de Esmirna) – foi martirizado cerca de 156 d.C.Policarpo se relacionou com os
apóstolos na Ásia (João, André,Filipe) e que os que foram testemunhas oculares e ministros do
Senhor lhe confiaram a supervisão da Igreja em Esmirna.
EVIDÊNCIAS INTERNAS
Westcott demonstra cinco itens que evidenciam O autor do quarto evangelho...
Foi um judeu;

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Foi da palestina;
Foi uma testemunha ocular;
Foi um apóstolo;
Foi o apóstolo João.
DATA
A data do evangelho de João deve ficar em qualquer data entre 80 e 85.
DESTINATÁRIO
Não há qualquer menção a destinatário, mas se João escreveu este livro enquanto estava em
Éfeso, pensa-se que ele preparou o livro para leitores dessa região geral do império.
PROPÓSITO
Evangelizar os judeus, evangelizar helenistas, fortalecer a Igreja, catequizar novos convertidos,
fornecer dados para a evangelização de judeus, e assim por diante.
VERSOS - CHAVE
O texto chave é: Jo.20:30,31
“Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não
estão escritos neste livro; estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o
Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.”
CONTEÚDO-MENSAGEM DO QUARTO EVANGELHO
20.30,31 – Levar os leitores a crer em como crer que.
Para João, crer que Jesus é o Messias significa crer que ele é o Filho de Deus.
* João escreveu para um mundo totalmente diferente daquele em que os acontecimentos
salvíficos aconteceram. Para as pessoas desse novo mundo, Jerusalém, a Palestina estavam
geograficamente distantes e, mais do que isto, o estilo de vida que ali fora seguido sessenta anos
antes, e que forma o contexto da narrativa do evangelho, pertencia a um mundo que, para eles,
fazia parte do passado.
A opinião pública de sua época não estava interessada em fatos históricos e lugares geográficos
(prática judaica em relação ao templo, datas, etc). Eles pensavam que uma ênfase nestas coisas
tendia a obscurecer a relevância universal da verdade eterna.
João conferiu a máxima atenção e importância à verdade eterna, que ele identificou com a auto-
manifestação divina, o Verbo que existia no princípio com Deus.
As características pessoais de João, e seu objetivo claro, fez com que seu evangelho parecesse
muito mais devocional que os sinópticos.
UM ESBOÇO SIMPLIFICADO DO CONTEÚDO
Obs: Em cada um dessas divisões existem sub-divisões.
1. O Início do ministério de Jesus – 1.19-2.12
2. Jesus revela o Pai ao Mundo – 2.13-12.50
3. Jesus revela o Pai aos seus discípulos – 13.1-17.26
4. Paixão e triunfo – 18.1-20.31
Epílogo – 21.1-25

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OS SINÓTICOS E JOÃO

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ENCONTRO COM A PALAVRA- JOÃO 1

O que você espera que aconteça em sua vida como resultado de estudar o evangelho de
João?

1. Por que você acha que João chama Jesus de “a Palavra”-v1,14-?

2. Nos versos 1 a 5, que fatos João atesta serem verdade em relação à Palavra? E Quais
desses fatos o ajudam a entender mais quem é Jesus?

3. Como você explicaria a alguém tanto o sentido como o resultado de receber Jesus? –vv.
12,13

4. De acordo com os versos 14 a 18, que aspectos do carácter de Deus são revelados por
intermédio de Jesus?

5. Leia João 1:19-34. Os versos 8 e 9 e 19-34, apresentam outro João. João Batista, perante
Jesus, aquele que anunciou a vinda de Jesus. Quais atitudes João Batista adotou para
garantir que as pessoas não olhassem para ele, mas para Jesus?

6. Leia João 1:35-51. Esses versos apresentam-nos cinco homens: André, Simão, Filipe,
Natanael, e um cujo nome não é fornecido(João). Como cada um desses homens
responde ao testemunho sobre Jesus?

7. Se pudesse voltar à época desse capítulo, o que você mais gostaria investigar a respeito
de Jesus?

8. Neste capítulo, João registra mais de uma dúzia de nomes, ou descrições, de Jesus. Quais
nomes de Jesus têm maior relevância para você pessoalmente? Explique o motivo.
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SINAIS DE DEUS – JOÃO 2
No capítulo 2, João ressalta dois eventos do começo do ministério de Jesus que demonstram seu
poder e autoridade. Ambos os sinais demonstram que Jesus era a plenitude de Deus vestida de
humanidade.
1. Quando acaba o vinho dos pais do noivo para os convidados, a mãe de Jesus pede que ele
ajude,v.3. O que você acha que Maria esperava que Jesus fizesse?

2. No verso 4, o que Jesus quer dizer com sua resposta a Maria?

3. O propósito do milagre está claro que não é livrar do constrangimento ao noivo, mas...
--Que aspecto dessa gloria de Cristo esse milagre revela a você?

4. Como o retrato de Jesus que João apresenta nos versos 15 e 16 se ajusta ao conceito
popular que hoje se tem dele?

5. Qual a relevância da afirmação de Jesus de que o Templo é a “casa de (seu) Pai”,v.16?

6. Só o Messias, o prometido Libertador de Deus, possui autoridade para purificar o templo.


O povo reconhece esse fato e pede a Jesus um sinal milagroso para confirmar sua identidade, v
18. De que forma o sinal apontado por Jesus seria particularmente significativo para eles-vv.19-
22?

7. Por que eles nãos entendem o sentido que Jesus pretende quando diz: “Destruam este
templo, e eu o levantarei em três dias”?

8. Já que as pessoas creram em Jesus por causa dos sinais miraculosos, por que ele “não se
confiava a eles”,vv.23-25?

9. O que esta passagem revela a respeito da preocupação de Jesus pelo bom nome do seu
Pai?

10. De que maneiras você pode demonstrar a mesma preocupação pelo caráter santo de
Deus?

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RECOMEÇAR- Jesus dialoga com um dirigente da comunidade - João 3
Na maioria das comunidades o status quo é preservado por aqueles que estão no poder.
Qualquer mudança poria em perigo sua posição e sua segurança. Lamentavelmente, alguns
dirigentes das instituições religiosas também resistem às mudanças. O judaísmo dos tempos de
Jesus era uma rígida ortodoxia dominada pelo poderoso partido conservador dos fariseus. Este
era um partido orgulhoso, zeloso e que se caracterizava pela estrita observância de ritos
exteriores e pela interpretação literal e com frequência extrema das leis do antigo Testamento.
Eles se chamavam “guardiões religioso-sociais dos judeus, a quem ensinavam a considerar suas
tradições como o equivalente à palavra definitiva de Deus.
1. Como você descreveria Nicodemos para alguém? Que tipo de pessoa ele era?

2. A resposta de Nicodemos do verso 3 parece não ter nada que ver com sua declaração do
verso 2. Por que você acha que Jesus trouxe à tona o assunto do novo nascimento?

3. Por que Nicodemos responde à explicação de Jesus com tanta admiração? Verso 9

4. Por que Jesus, por sua vez, ficou admirado com o desconhecimento de Nicodemos? 10-12

5. Como a história de Moisés levantar a cobra no deserto ilustra nossa necessidade de


salvação e a oferta da salvação por parte de Cristo? 14-15; Números 21: 4-9.

6. Nos versos 16 e 17, o que o impressiona em relação a Deus?

7. O que esses versos lhe ensinam sobre você mesmo (como parte do “mundo”)?

8. A passagem dos versos 18 a 21 enfatizam a importância de nossa resposta pessoal a Jesus


Cristo. Como você descreveria sua resposta a ele?

9. Em sua opinião, o que motivou os discípulos de João o batista a levantar a questão do


ministério de Jesus? Versos 22-26

10. Como você resumiria a forma como João via o caráter e o ministério de Jesus? Versos 27-36

11. De que maneiras você pode demonstrar a superioridade de Jesus em tudo que você é e em
tudo que possui?

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RELACIONAR-SE COM AS PESSOAS. JOÃO 4
Pense nas pessoas com quem menos gosta de estar – políticos desonestos, pessoas
preconceituosas e intolerantes, membros de gangues violentas, traficantes de drogas, etc. Não
falamos sobre Jesus com algumas pessoas por medo ou por que achamos que não querem
escutar. No tempo de Jesus, as pessoas tinham os mesmos temores e preconceitos. Jesus, no
entanto, rompia qualquer barreira se isso representava trazer uma pessoa à fé.

PARA PENSAR E DISCUTIR.


 - Quando você conseguiu transformar uma conversa comum em uma discussão sobre
Jesus?
 Com quem você tem medo, ou fica relutante, de conversar sobre Jesus? Que fatores o
fazem hesitar?

Em João 4, nós vemos Jesus primeiro alcançar uma mulher, depois os discípulos e, por fim, um
pai angustiado. Observar Jesus se doar às pessoas com amor e compaixão nos ajuda a cuidar de
pessoas que Deus põe em nosso caminho. Vamos ler João 4: 1-26.
1. Por que você acha que “era-lhe -Jesus- necessário passar por Samaria” em seu caminho a
Galileia?v.4. (Em geral, os judeus contornavam Samaria para evitar contato com os
desprezados samaritanos)

2. As palavras de Jesus surpreenderam a mulher samaritana -v.9-. Que situação hoje poderiam
levantar os mesmos preconceitos raciais, religiosos e sexuais?

3. Como o fato de Jesus oferecer “agua viva” contrasta com o que a mulher pensa que ele quer
dizer? vv.10-15. O que essa oferta de “agua viva” representa em sua vida e experiência?

4. Por que você acha que Jesus levanta o assunto da longa lista de casamentos anteriores da
mulher e de seu atual relacionamento adúltero? vv. 16-18

5. Como Jesus responde quando a mulher muda de assunto de repente e começa a falar a
respeito da controvérsia sobre o lugar apropriado para adoração? vv. 19-24.

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6. Que princípios que você pode tirar da conversa de Jesus com a mulher para o ajudar a discutir
o evangelho com não cristãos?

7. Leia João 4: 27 -54. De que maneira a confusão dos discípulos a respeito de alimento (vv.31-
33) é semelhante à da mulher sobre a água viva?

8. Jesus, após seu encontro com a mulher samaritana, ensina que lições específicas aos
discípulos e a nós? vv. 34-38.

9. Como a atitude do oficial do rei difere da resposta antecipada por Jesus? v.47-50.

10. Nesse capítulo, o que Jesus lhe ensinou sobre a sua sensibilidade e resposta às pessoas a
sua volta que estão necessitadas? Como você pode alcançar alguém rejeitado pelo mundo e
oferecer o amor de Jesus?

INFORMAÇÃO ANEXA
Cura do filho de um oficial (4:43-54) Este é o segundo dos sete sinais no Evangelho de João. Estes
sinais mostram como o pecador pode ser salvo e os resultados desta salvação.
Os primeiros dois sinais aconteceram em Caná da Galiléia.
a. A água transformada em vinho mostra que a salvação vem através da Palavra de Deus.
b. A cura do filho de um oficial mostra que a salvação é pela fé.
Jesus mostrou em vs. 48 porque muitos não são salvos.
Eles estão esperando sinais e milagres.
Qual o lugar dos sinais hoje?
Não podemos esquecer que satanás também faz sinais e milagres para ENGANAR o povo (II Tes. 2:9-
10). Por causa disso Deus usa hoje em dia a palavra certa e fixa que é a Palavra de Deus para mostrar
Seu plano de salvação.
Com fé na Palavra de Deus o crente tem certeza da sua salvação. ( I João 5:9-13).
- No anexo temos uma LEITURA SOBRE SINAIS

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CAPÍTULO 5
1. O que a objeção dos judeus revela sobre o seu senso de valores?

2. Por que o dia da semana não era obstáculo para a realização dos milagres?

3. Qual a intimidade existente na relação Pai-Filho:

CAPÍTULO 6

1. Fazer uma comparação dos dois milagres quanto ao cenário e necessidades; poder
demonstrado; métodos usados e efeitos.

2. Por que o povo estava procurando Jesus? v.26

3. O que queria o povo dizer quando alguns dentre eles disseram a Jesus: “Senhor, dá-nos
sempre desse pão” v.34; 36?

Os discípulos dos versos 60-66 eram um grupo grande de seguidores e não o grupo
selecionado dos doze. Percebemos claramente esse fato pela distinção feita em 6:67ª e pela
palavra “muitos” nos versículos 60 e 66 . O discípulos dos versos 3, 16, 22 eram os doze.

4. Qual era a pedra de tropeço para muitos dos seguidores de Jesus, naquela ocasião 6:60-
66?

5. PALAVRAS A PONDERAR: “Quereis vos outros retirar-vos”? verso 67


CAPÍTULO 7

Este capítulo mostra como Jesus permaneceu são e salvo, ileso, intacto, embora estivesse indo
para a boca do leão inimigo, em Jerusalém. As DUAS verdades mais importantes deste capítulo
são:

1. A consciência clara que Jesus tinha de Sua missão e de Sua obra. Verso 8 e 29.
2. O fracasso dos inimigos em prender Jesus. verso 30.

O VERSO 53 é mais profundo do que parece. Fala de corações individuais e de lares individuais.
Não diz quantos alí eram crentes ou não. Na verdade é uma conclusão racional do capítulo que
nos leva a fazer uma comparação este último (v.53) com o primeiro do capítulo 8. Observemos
detidamente estes dois versos.

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CAPÍTULOS 8
No capítulo 8, Jesus ainda em Jerusalém, é desafiado pelos escribas quanto à mulher pega em
adultério. Sabiamente, Ele nos confronta com o pecado e nos desafia: quem não tiver pecados
que atire a primeira pedra. Jesus também se apresenta como a luz do mundo e diz aos fariseus,
se eles não O conhecem, também não podem conhecer a Deus. Diz ainda, que se eles
conhecerem esta verdade, eles serão verdadeiramente livres, caso contrário não pertencem a
Deus. Quando Jesus afirma que se alguém guardar a Sua Palavra este não verá a morte, os
judeus disseram: este tem demônios.

No versículo 12, Jesus reafirma que Ele é a luz do mundo. Que implicações isto tem para nós que
cremos Nele?

a) Mt 5:14-16.
b) ......................................................................................................................................
b) Ef 5:8-14. ........................................................................................................................................
Jo 8: 21-37.
Nos versículos 32 e 36 Jesus fala de dois assuntos muito importantes: verdade e liberdade.

a) O que é verdade? (Jo 14:6).


b) ............................................................................................................
c) Como podemos conhecer a verdade? Jo 8:31-32.
d) ..........................................................................
.............................................................................................................................................................

c) No v 32 temos a promessa que se conhecermos a verdade, a verdade nos libertará. Nos


libertará do quê?
.............................................................................................................................................................
Em aceitar Cristo, tornamo-nos livres, deixamos de ser escravos do mundo e do pecado. Que
implicações teremos decorrentes desta decisão?
Lc 14:25-33. ...............................................................................................................................

João 9: 1- 12

1.Como os discípulos veem a relação entre doença e pecado? V.2

2.Qual é a visão de Jesus em relação à mesma questão?

3.O que as palavras obras, dia e noite nos ensinam?v. 4

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4.O que as ações e ordens nos VS. 6 e 7 produziram?

5.Por que você acha que Jesus passa pelo processo de formar barro e instruir o homem a se
lavar, em vez de apenas curá-lo instantaneamente?
_____________________________________________________________________________
Esta é uma história muito interessante que só aparece no Evangelho de João. O texto diz que
uma mulher foi pega em adultério e por este motivo deve ser apedrejada. Que pecado ela
cometeu para ser trazida diante da comunidade e ser condenada à morte? Vamos ver o que a
Torá (Lei) nos diz sobre isso:
“Se um homem adulterar com a mulher do seu próximo, será morto o adúltero
e a adúltera” (Lv 20,10).
Observamos que a Torá diz que os dois serão mortos, tanto a mulher quanto o homem. Mas não
diz que eles devem ser apedrejados.
No Evangelho notamos duas coisas: Não existe um homem, somente a mulher e esta deve ser
apedrejada. Portanto, a pergunta é: de que pecado se trata? O que significa ser adúltera neste
texto?
Na realidade se trata de outro tipo de pecado, vejamos o texto da Torá no qual está escrito que
tipo de pecado ela cometeu:
“Quando no meio de ti, em alguma das tuas cidades que te dá o Senhor, teu
Deus, se achar algum homem ou mulher que proceda mal aos olhos do
Senhor, teu Deus, transgredindo a sua aliança, que vá, e sirva a outros deuses,
e os adore, ou ao sol, ou à lua, ou a todo o exército do céu, o que eu não
ordenei; e te seja denunciado, e o ouvires; então, indagarás bem; e eis que,
sendo verdade e certo que se fez tal abominação em Israel, então, levarás o
homem ou a mulher que fez este malefício às tuas portas e os apedrejarás, até
que morram”. (Dt 17,2-5)
Para compreendermos melhor este texto temos que saber que a Escritura, para falar do
relacionamento entre Deus e Israel, usa a linguagem do casamento. Deus é o esposo e Israel é a
esposa. No momento em que a comunidade é fiel, Israel é tratada como a virgem de Israel. Há
circunstâncias em que ela é infiel e aí ela é chamada de prostituta, ou adultera; e há também
circunstâncias em que ela faz o papel de viúva, como se o esposo estivesse morto, então Israel é
apresentado na figura da viúva. Estes quatro aspectos: virgindade, prostituição, adultério e viuvez
caracterizam a Escritura e o mesmo tipo de linguagem aparece no Novo Testamento.
Percebemos então que o pecado da mulher é o de infidelidade, não se trata de uma transgressão
na área do sexo. Ela foi infiel não a um homem, mas a Deus. Houve uma transgressão da Aliança
de algum modo e neste caso, segundo a lei, ela deve ser apedrejada.
Os escribas e fariseus tinham razão, a “Lei ordena apedrejar tais mulheres”. “Mas Jesus,
inclinando-se, escrevia na terra com o dedo”. Este gesto de Jesus é muito significativo e aparece
apenas uma vez na Escritura.

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“Quando Ele terminou de falar com Moisés no monte Sinai, entregou-lhe as
duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus.”
(Ex 31,18).
As tabuas de Pedra escritas com o dedo de Deus é a Torá, a Aliança entre Deus e o povo de
Israel. Este gesto de Jesus de escrever com o dedo nos leva a refletir sobre duas realidades;
primeiramente que Ele é o próprio Deus que se abaixa para estar com a humanidade; em
segundo lugar quer recordar quantas vezes na história de Israel houve infidelidades, e quantas
vezes Deus lhe perdoou.
Mas eles persistiam em interrogá-lo, então, ele se ergue e diz: “Quem de vós estiver sem pecado,
seja o primeiro a lhe atirar uma pedra!”. Ele se inclina novamente e continua a escrever. Com esta
frase de Jesus eles caem em si e percebem que são pecadores. Logo, começam a sair um após o
outro, começando pelos mais velhos.
Poderíamos explorar mais este conceito de infidelidade, no entanto, o mais importante é
reconhecermos nossa condição de criaturas. Todos nós temos as mesmas dificuldades. Deus na
sua infinita bondade nos perdoa sempre.

João Capítulo 10: 40-42


1. Quais as referências feitas a João Batista encontradas nesta passagem?

2. O que essas referências ensinam a respeito dos frutos de um testemunho fiel?

João Capítulo 11:1-44


1. Como resolvemos o aparente conflito entre o amor de Jesus por seu amigo e sua demora proposital em
ajuda-lo? Vv. 4,5,15

2. Que elementos de dúvida e fé você vê nas declarações de Marta para Jesus – vv.17-27?
Nesse breve encontro, como Jesus aumenta a fé de Marta?

3. De que formas este capítulo alterará o modo como você responde a uma dificuldade pessoal ou à
aparente demora de Deus?
Como isso muda a maneira como você ora por aqueles que estão passando por situações difíceis?

João Capítulo 12
1. Se você soubesse com certeza que só teria uma semana de vida, o que faria com essa
semana?

2. Por quais atos você quer ser lembrado? Com que constância você faz o que quer que os entes
queridos lembrem?

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3. Em João 12:1-11Nesta passagem, com que pessoa você se identifica mais: Maria, que amava
presentear; Jesus, que apreciou receber; Judas, que pensava apenas no valor? Explique por
que você se identifica com essa pessoa

4. O que podemos esperar quando somos extravagantes em nossa devoção a Jesus?


O DIA DA PREPARAÇÃO: Evangelho de João Cap.13 ao 17
Capítulo 13 – O Filho como escavo vv.1-17

Na véspera da crucificação, havia duas coisas no coração de Jesus – seu Pai e seus discípulos.
Nos capítulos 13 a 17 do evangelho temos o privilégio de escutar a conversa dele com ambos.
Contudo, Jesus, antes de poder instruir seus discípulos em relação a sua morte, tem de executar
uma lição de servidão.
Nessa passagem, Jesus mostra-nos o espírito que espera em seus seguidores. Aos olhos de
Jesus, grandeza não é o resultado de se ter muitos servos, mas de ser o servo de muitos.

1. Já pensou no porquê Jesus lava os pés dos discípulos em vez de apenas fazer um sermão
sobre o amor para eles?

2. Pedro está apenas sendo humilde quando se recusa a permitir que Jesus o sirva? – vv.6-8.
Explicar.

3. Nos versos 8 a 11, que verdade espiritual Jesus tenta transmitir a Pedro e a nós?

4. O que este capítulo lhe revela sobre sua atitude em relação a servir?

Capítulo 13 – Um traidor? Eu não!!! – vv 18 a 38


1. Verso 22 - O que lhe diz sobre a maneira como Jesus tratou Judas?

2. Podemos aplicar o exemplo de Jesus à maneira como devemos tratar nossos “traidores” ou
essa [e uma situação única que realmente não se aplica hoje?

3. Três pessoas se destacam nesta passagem – Jesus, Judas e Pedro. Que tal apontar o
traço de CARÁTER de cada um – bom, ruim, etc- que mais o impressiona?

16
Capítulo 14.
Jesus enfrentou o desafio de tratar com corações partidos. Neste capítulo, ele conforta onze
discípulos que sentem como se seu mundo estivesse se despedaçando, vv1-14.

1. Após mais de três anos de convivência com Jesus, o que Tomé e Filipe não perceberam sobre
ele, vv. 5-14?

2. Qual é a relação entre o nosso amor e obediência a Jesus e o amor e presença dele em nossa
vida, vv.15 a 24? Aqui temos a Lei X Amor . Tente resolver essa equação ao responder esta
questão.

Capítulo 15.

À medida que Jesus preparava seus discípulos para enfrentar a vida sem sua presença visível,
ele incutia neles a importância de permanecerem perto dele espiritualmente. Ele
disse:“Permaneçam em mim”. Se, alguma vez, almejou entender o segredo do crescimento
espiritual, você o encontrará nas palavras de Jesus para nós, registradas em João 15:1-11.

1. Por que Jesus em vez de ordenar a dar fruto, ordena apenas: “permaneçam em mim”?-
vv.4

2. O ministério do Pai como agricultor é “(cortar) todo ramo que não dá fruto”, v.2. O que você
acha que isso quer dizer?

Jesus, ao continuar sua conversa com seus discípulos, mostra-nos como é realmente a amizade
com ele. Há tanto consolo como custo-vv. 12-17.

3. Jesus disse a seus discípulos em Jo.13:34,35, para que amassem uns aos outros. De que
forma a instrução dele registrada em 15:12 eleva o padrão de nosso amor?

Capítulo 16

– O que você gostaria de dizer à sua família, ou amigos mais chegados, se soubesse que
tem apenas pouco tempo de vida?***

Em João 16, Jesus sabe que morrerá em menos de 24 horas. Quando os discípulos são
confrontados com essa realidade, eles ficam perturbados(14:1); em seguida, ficam com medo
(14:27); e por fim, ficam cheios de tristeza (16:6). Jesus responde a cada uma de suas
preocupações ao falar sobre a vinda do Espírito Santo, vv. 5-15
17
1. Por que a presença do Espírito é mais proveitosa para os discípulos que a de Jesus? E de
que formas é mais proveitoso hoje ter a presença ativa do Espírito do que ter Jesus aqui na terra?

2. Um dos ministérios do Espírito é a comunicação. Que coisas específicas Jesus disse que o
Espírito transmitiria aos discípulos, vv.12-15?

Nos versos de 16-24, Jesus fornece-nos ajuda muito prática para enfrentar as crises da vida. Ele
não responde a todas nossas perguntas, mas dá o que precisamos para sobreviver.

3. Por que eles – os discípulos- estão tão perturbados? vv. 16-18? Ele não responde com
uma explicação, mas com uma promessa, vv. 19-22. Qual promessa?

4. Que promessa deste capítulo deixou uma impressão mais profunda em você? Por quê?

Capítulo 17 - Jesus ora por si, pelos discípulos e por você!

1. Jesus faz apenas um pedido para si mesmo – que o Pai o glorifique para que ele possa
glorificar o Pai. Por que você acha que isso era tão importante para Jesus?

2. O verso 3. Vida eterna, isso é apenas viver para sempre?

3. Jesus pede que o Pai santifique seus discípulos por meio da sua Palavra, v.17. Como
podemos deixar que a Palavra de Deus tenha esse tipo de efeito em nossa vida?

4. Jesus ora para que aqueles que creem nele sejam UM, “para que o mundo creia que tu me
enviaste”, vv.21,23. O que ele diz, a que se refere isso que sejamos UM?

Capítulo 18
Tema: A agonia de Cristo e seu julgamento
I. A apreensão de Jesus - 18:1-14
Jesus ficou em Getsêmani de propósito porque já sábia o que Judas estava fazendo (13:1-3, 6:6).
É interessante que Cristo, o segundo Adão, foi apreendido num jardim, porque o primeiro Adão
falhou e pecou no jardim. Adão ficou escondido, mas Cristo não se escondeu de ninguém.
Neste capítulo chamamos Judas com os inimigos de Jesus, mostrando o que eles realmente era.
Um homem sempre segue o seu coração e o satanás já tomou do coração de Judas.

18
Note o poder do nome de Jesus “Eu Sou” em vs. 6. Mais uma prova que Jesus é Deus, porque
este nome está usado por Deus Pai no Velho Testamento. Este nome que salva o pecador (17:6)
é o mesmo que condena o incrédulo.
Em vs. 8 Jesus está querendo livrar seus apóstolos do perigo, mas o Pedro decidiu lutar em vez
de sair (vs.10). Que pena que Pedro tomou tanto tempo para aprender obediência. Em tudo, nós
devemos obedecer a palavra de Deus.
Vs. 9 nos mostra que Jesus protege as nossas almas e os nossos espíritos (17:12). Nossas almas
já estão completamente salvas, e no dia da nossa glorificação nossos corpos serão transformados
e feitos iguais ao corpo de Jesus depois da sua ressurreição.
Quando Pedro usou a espada ele desobedeceu a Cristo. Cristo não precisa da nossa proteção.
As armas que nós usamos para lutar contra satanás são espirituais (II Cor. 10:4-6. Ef. 6). Pedro
usou a arma errada com o motivo errado e o resultado foi errado. Jesus curou Malco (Lc. 22:51)
para mostrar a sua grande misericórdia.
II. A negação de Cristo por Pedro - 18:15-27
Agora nós vamos ver as falhas de Pedro. No cenáculo ele jactou-se três vezes que nunca
deixaria Jesus (Mt. 26:33,35 e João 13:37). No jardim Pedro dormiu 3 vezes em vez de orar
como Jesus mandou (Mc. 14:32-41). Depois de negar Jesus 3 vezes, ele foi obrigado por
Jesus a confessar o seu amor 3 vezes (João 21). No jardim Pedro foi vencido pela fraqueza
da sua carne e agora está vencido pela pressão do mundo. É muito importante vigiar e
orar.
Não sabemos quem é o “outro discípulo” de vs. 15. Possivelmente Nicodemos ou José de
Arimatéia. Seja quem for, ele ajudou na falha de Pedro entrou na sala do sumo sacerdote em vez
de fugir como Jesus já disse. Pedro seguiu o caminho de Sl. 1:1. Ele andou segundo o conselho
dos ímpios, ficou no caminho dos pecadores, e finalmente sentou-se na roda dos escarnecedores.
Enquanto Cristo sofria, Pedro aquentou-se e não sofreu nada.
III. A rejeição de Cristo - 18:28-40
Anás e Caifás, os líderes religiosos dos judeus, eram sócios nos muitos negócios do templo e
odiaram Jesus porque duas vezes ele expulsou os vendedores do templo. Eles parecem muito
com alguns chamados “líderes espirituais” hoje em dia que estão lesando o povo e não ajudando
ninguém com seus chamados milagres.
O julgamento de Jesus era injusto e ilícito. Cristo foi julgado à noite e os juízes já foram
persuadidos da culpa dele. Eles pagaram falsos testemunhas e maltrataram Jesus antes que ele
foi oficialmente condenado.
Começando em vs. 33 nós achamos que Pilatos era covarde. Ele fez tudo para agradecer os
judeus e finalmente mandou crucificar Jesus para “satisfazer a multidão” (Mc. 15:15). Haverá
muitos pecadores no inferno porque eles temeram os homens mais que Deus.
Cristo explica a natureza espiritual do seu reino e diz a Pilatos em vs. 36, “O meu reino não pé
deste mundo”. Os judeus rejeitaram Jesus e foi impossível estabelecer seu reino durante seu
ministério no mundo. Um dia Jesus voltará para estabelecer seu reino no mundo (Mt. 6:10).
A pergunta de Pilatos em vs. 38, “Que é a verdade?”, está ainda perguntada hoje em dia. Em
14:6 Jesus disse, “Eu sou a verdade”. 17:17 diz que a “Tua palavra é a verdade”. I João 5:6 diz
que “O Espírito é a verdade”. É claro que não existe verdade em outras coisas, só nas coisas de
Deus.
O mundo sempre escolhe errado nas coisas espirituais, e aqui o mundo escolheu um salteador e
assassino e mataram o Senhor Jesus. Os judeus rejeitaram o seu Messias, mas um dia vão
aceitar o anti-cristo e o falso profeta (5:43).
Os homens rejeitaram Cristo por várias razões. Judas rejeitou Jesus porque escutou o satanás, e
Pilatos porque escutou o mundo.
Em vs. 39 Pilatos mostrou seu conhecimento dos costumes religiosos; mas que pena que ele não
conheceu o Salvador. Há muitos no mundo hoje que observam todos os feriados religiosos e
todos os costumes da sua religião mas não conhecem o Cristo de Deus.

19
Capítulo 19
Tema: Os fiéis ao pé da cruz
I. Cristo está zombado - 19:1-22
Pilatos tentou satisfazer os judeus acoitando Jesus quase até a morte, mas os seus corações
eram duros (12:40), e eles ainda clamaram para matar Jesus.
Os judeus acusaram Jesus de quebrar sua lei porque Ele disse que era Deus (10:33). O fato é
que Cristo provou muitas vezes que era Deus pelos seus milagres e sinais. Ainda hoje o pecador
com coração duro rejeita Jesus e a sua salvação.
Porque Jesus respondeu à pergunta de Pilatos em vs. 9? Pilatos já sábia a verdade e não
aceitou, e Deus não revela mais verdade até obedecer a verdade que já temos. As palavras de
Pilatos em vs. 10 foram a sua própria condenação. Ele teve autoridade para soltar Cristo e já
sábia que Ele foi inocente (198:4). Então, porque não soltou o Salvador? Cristo repreendeu
Pilatos e fez lembrar que todo poder vem de Deus (Romanos 13:1, Prov. 8:15-16). Apesar de
estar nas mãos de Deus o poder, o Pilatos ainda estava responsável pelos seus atos (Lc. 22:22,
João 19:11).
Em João 6:15 os judeus quiseram fazer Jesus o seu rei. Em 12:13, eles saudaram Jesus como
“rei de Israel”. Agora em vs. 12 eles preferem o César. Aqui encontramos a terceira crise no
evangelho de João. Pilatos teve a palavra final porque ele escreveu este título para a cruz: “Jesus
Nazareno, Rei dos Judeus”. O prisioneiro naquela época sempre andava com a sua acusação no
seu pescoço durante o julgamento, e depois esta placa foi pregada na cruz. O único crime de
Jesus era ser um verdadeiro rei.

II. Cristo crucificado - 19:23-30


João só escreveu três das sete frases que Jesus falou na cruz. João escreveu dos soldados sorte
para a túnica de Jesus (Sl. 22:18), e oferecendo o vinagre (Sl. 69:21), e furando seu lado sem
quebrar seus ossos (Sl. 34:20).
Quando Jesus deu sua mãe Maria a João para cuidar, Ele quebrou todos os laços com a terra e
com a sua família.
Quando Jesus disse “Tenho sede”, Ele falou de sede física e espiritual porque estava sofrendo o
nosso inferno. Ele teve sede para que o crente nunca tivesse sede espiritual. “Está consumado” é
uma palavra só no grego (tetelestai) e foi uma palavra usada pelos comerciantes para dizer que o
“preço está pago”. Servos usaram esta palavra depois de completar seu trabalho, e Cristo, o
Servente Obediente, completou a obra que o pai lhe deu. Cristo deu a sua vida para seus amigos.

III. O sepultamento de Cristo - 19:31-42


Os judeus obedeceram as suas leis (vs.31), mas ainda eram tão cegos que mataram Aquele que
deu a lei e que cumpriu a lei. Os soldados não quebraram as pernas de Jesus porque Ele já tinha
morrido. Cristo não desmaiou, mas sim morreu. O sangue e a água que saíram do Seu lado
mostram os dois lados da salvação; o sangue para pagar a penalidade do pecado e a água para
nos lavar e purificar. Os dois lados devem sempre estar presentes na vida do salvo. Quem é salvo
deve andar no mundo com seu comportamento limpo.
Em vs. 35 mostra que o João deixou Maria na sua casa e voltou para a cruz para presenciar as
últimas horas de vida de Jesus. Cristo foi mais importante que Maria.
Deus preparou dois homens importantes, Nicodemos e José de Arimatéia, para enterrar o corpo
de Jesus. Geralmente os corpos dos crucificados foram jogados no vale de Gehenna onde foi
queimado o lixo da cidade. Isaías. 53:9 promete que Jesus séria sepultado com os ricos.
Nicodemos e José sabiam do Velho Testamento sobre a morte de Jesus e já prepararam o
sepulcro e as ervas para seu sepultamento. Provavelmente José comprou este túmulo só para o
sepultamento de Jesus, porque nenhum rico queria ser sepultado perto do lugar onde os criminais
foram crucificados

20
Capítulo 20
Tema: A ressurreição de Cristo
João escreve das três vezes que Jesus apareceu depois da sua ressurreição. Cada aparência
teve um resultado diferente nas vidas das pessoas que encontraram com Jesus.
I. Maria viu o Senhor - 20:1-8
Cristo expulsou sete demônios de Maria (Lc. 8:2) e ela O amava muito. Maria pensou que alguém
roubou o corpo de Jesus e correu para avisar Pedro e João. Eles logo visitaram o túmulo.
Chegando ao túmulo eles viram os lençóis, mas o corpo não estava mais aí. Os lençóis foram
deixados cuidadosamente nos seus lugares e não como um ladrão os deixaria. Jesus
simplesmente passou pelos lençóis como;ele também passou pela pedra que selou o Seu túmulo.
Vs. 8 nos diz que os homens creram por causa das provas do túmulo. Mais tarde quando Jesus
apareceu outros creram, e depois muitos creram das Escrituras. Em qualquer coisa espiritual há
três provas que podemos confiar: (1) As provas que dá (2) A Palavra de Deus (3) experiência
pessoal.
Maria esperou perto do túmulo e encontrou com Jesus. Muitas vezes nós devemos esperar
(Isaías. 40:31) para receber uma benção de Deus. Maria viu dois anjos dentro do túmulo mas
achou que eram dois homens que roubaram o corpo de Jesus. Ela estava chorando tanto que
nem percebeu que era Jesus que falou com ela. Jesus a chamou pelo nome e ela finalmente
percebeu que era Jesus. 10:3-4 diz que o Bom Pastor chama as suas ovelhas pelo nome e as
ovelhas conhecem a sua voz (Isaías. 43:1)
Vs. 17 indica que Jesus subiu ao céu naquela manhã para apresentar a sua obra feita ao Pai.
Depois de encontrar pessoalmente com Jesus, Maria saiu com alegria para espalhar as boas
novas.
II. Os discípulos verão o Senhor - 20:19-25
Já encontramos duas vezes a palavra “o primeiro dia da semana” (20:1,19). É o domingo e não o
sábado. O sábado dos judeus era o sétimo dia e era a figura de descanso de trabalho -
LEGALISMO. Domingo é o dia do Senhor, o primeiro dia da semana, e é a figura de vida e
descanso antes de trabalho - GRAÇA. Cristo passou pelas portas fechadas e trouxe paz aos
homens medrosos. Duas vezes Ele deu paz, vs. 19-21. A primeira paz é PAZ COM DEUS
baseada no sacrifício de Cristo na cruz; assim Jesus mostrou-lhes as suas mãos e seu lado. A
segunda paz é a PAZ DE DEUS que nós gozamos pela presença de Deus conosco (Fil. 4). Jesus
mandou os discípulos saírem como embaixadores do Pai (17:15-18).
Quando Jesus assoprou sobre eles, Ele deu-lhes poder como o Pai deu vida e poder em Gên.
2:7. A Palavra de Deus é inspirado por Deus que Deus assoprou sobre os escritores e as suas
palavras tornaram-se a Palavra de Deus (II Tim. 3:16). Jesus também, deu o Espírito Santo no dia
de Pentecostes para ajudar neste trabalho tão importante. O poder que foi dado em vs. 23 não é
para hoje senão na pregação do evangelho que dá a todos os homens a oportunidade de
salvação. Realmente não temos exemplo no Novo Testamento de um apóstolo que perdoou
pecado. Pedro (Atos 10:43) e Paulo (Atos 13:38) mostraram Jesus aos homens. Os discípulos
daquela época tiveram privilégios especiais, principalmente nos primeiros cap. de Atos, mas nós
não temos estes mesmos privilégios hoje em dia (I Cor. 13:8)
III. Tomé viu o Senhor - 20:26-31
Tomé não estava presente na reunião quando Jesus apresentou-se aos discípulos. Perdemos
muitas bênçãos quando faltamos nos cultos. Tomé disse, “Se eu não vir o sinal dos cravos em
suas mãos e não meter o dedo no lugar dos cravos, e não meter a minha mão no seu lado, de
maneira nenhuma o crerei. ” Há muitos no mundo de hoje em dia como Tomé.
Na próxima reunião, no domingo, Jesus apareceu a todos os discípulos, incluindo Tome. Jesus
mostrou sua misericórdia e amor e Tomé esqueceu completamente de exigir as provas. O
testemunho dele merece nossa atenção: “Senhor meu, e Deu meu.” Jesus disse que nós estamos
bem-aventurados hoje em dia porque cremos sem ver.
Agora note as três aparências de Jesus e os seus resultados. Maria mostrou seu AMOR porque
quis cuidar do corpo de Jesus. Jesus restaurou a ESPERANÇA dos discípulos. Eles já perderam

21
sua esperança e estavam reunidos numa sala com temor. Jesus fortificou a FÉ de Tomé quando
provou para ele a sua ressurreição.
Aqui achamos as três coisas mais importantes na vida do crente - fé, esperança, amor. Porque
Jesus vive hoje, a nossa fé está segura (I Cor. 15:17). Porque Cristo ressuscitou dos mortos, nós
temos uma esperança viva ( I Pedro. 1:3). E I Pedro. 1:8 diz, “Ao qual, não havendo visto amais.”
Em vs. 30 e 31 João fala do propósito do seu evangelho, “Para que creiais que Jesus é o Cristo, o
Filho de Deus, e para que, crendo tenhais vida em seu nome.”
Neste evangelho já encontramos muitas pessoas incrédulas que receberam vida eterna em
Jesus:
(1) Natanael 1:50 ,
(2) os discípulos 2:11 ,
(3) os samaritanos 4:39 ,
(4) o régulo 4:50 ,
(5) o cego 9:38 ,
(6) Marta 11:27 ,
(7) os judeus que viram Lázaro ressuscitar 12:11 e
(8) Tomé 20:28.
Todos testemunharam do mesmo fato, “Eu creio”.

Capítulo 21
Tema: O epílogo do Evangelho de João
Especialmente neste cap. achamos a reconciliação entre Jesus e o Pedro.
I. Uma noite de derrota - Pedro pescando - 21:1-3
Pedro renunciou tudo e voltou a pescar. Ele renunciou tudo para seguir o Senhor Jesus (Lc. 5:1-
11) e agora está de volta à vista do pescador. Tudo que lemos acerca daquela noite fala de
derrota:
(1) Está escuro, que quer dizer que Pedro não estava andando na luz.
(2) Ele não recebeu nenhuma ordem para fazer o que fez - desobedecer.
(3) Tudo que fez aquela noite falhou, como sempre acontece quando não obedecemos o Senhor.
(4) Ele não reconheceu Cristo, que mostra que sua visão espiritual era muito fraca.
(5) Pedro influenciou outros 6 homens a desobedecer.
Deus não abençoa somente quando estamos fiéis e obedecemos a Palavra. “Sem mim nada
podeis fazer” (15:5). Há muitos crentes que gastam muito tempo, dinheiro, e força para nada,
porque suas atividades não tem base nas Escrituras. É melhor esperar a orientação do Senhor e
receber as suas bênçãos do que entrar numa obra da nossa escolha e falhar.
II. Uma manhã de decisão - Pedro festejando - 21:4-17
Depois que Cristo aparece a pesca vai muito melhor e eles pegaram muitos peixes. Só alguns
minutos de trabalho com Cristo produziu mais que a noite todo trabalhando só na carne. É
interessante notar que um milagre semelhante aconteceu no princípio do ministério de Pedro.
LUCAS 5 X JOÃO 21
1. Uma noite de derrota 1. Uma noite de derrota
2. Não sabemos o número de peixes - 2. 153 peixes v.11
3. A rede quebrou 3. A rede não quebrou
4. Cristo ficou no barco 4. Cristo ficou na terra
Aconteceram outros milagres neste capítulo: Pedro foi dado a força para puxar uma rede que nem
7 homens juntos poderiam puxar (vs.6,11). O fogo e a refeição foram produzidos milagrosamente
por Jesus.
Tudo que Jesus fez foi para chamar a atenção de Pedro e abrir seus olhos espirituais. Os peixes
fizeram Pedro se lembrar de que ele já deixar tudo e seguir a Jesus; o fogo o fez lembrar da sua
negação de Jesus (18:18). O mar da Galiléia o fez lembrar dos milagres que Jesus fez, a
multiplicação dos pães, quando ele andou nas águas com Jesus achando a moeda na boca do
peixe, acalmando a tempestade, etc.

22
Pedro negou três vezes publicamente e agora Jesus exige que Pedro declare seu amor
publicamente três vezes. Depois disso Jesus deu Pedro uma comissão. Agora Pedro não é
somente um pescador de homens, mas também um pastor de ovelhas (vs. 17) (I Ped. 5).
Todos os crentes são pescadores de homens, mas alguns estão chamados para ser
pastores e cuidar e alimentar as ovelhas.

III. Um dia de dedicação - Pedro seguindo - 21:18-25


Há uma diferença entre um filho e Deus (um salvo) e um discípulo de Deus (um salvo
obediente). Nem todos os crentes são discípulos. Quando Pedro pecou ele não perdeu a sua
salvação, mas perdeu a sua comunhão.
Cristo falou com Pedro sobre a cruz (vs. 18) mostrando que um dia Pedro séria crucificado (II
Pedro. 1:12-14).
Mais uma vez Pedro erra e começa a falar sobre João (vs. 21). Nós devemos olhar só para
Jesus??(Hebreus. 12:1-2) e não é a nossa responsabilidade descobrir a vontade de Deus para
outras pessoas. Devemos seguir a Cristo (vs. 22).
João fecha seu Evangelho dizendo que o mundo não podia conter os livros se tudo fosse escrito
acerca da vida de Jesus. Os quatro evangelhos só apresentam 4 aspectos diferentes da vida de
Jesus e não a sua vida completa.
Nós só encontramos Pedro sendo usado em Atos porque ele reconciliou com Cristo em João 21.
Deus usa o crente que está em comunhão com Seu Filho Jesus Cristo.

ANEXOS

23
TAREFA DE CASA
ANOS DE CONFLITOS - Capítulos 5:1 a 12: 36
Você poderá ficar surpreso ao verificar como era constante oposição dos governantes e do povo
para com Jesus durante os dois últimos anos do Seu ministério. Até mesmo alguns dos discípulos
de Jesus se lhe opuseram nessa ocasião. Leia as seguintes referências e registre suas
observações sobre tal oposição. Siga o exemplo.Quando você concluir este estudo da oposição
a Jesus, lembre-se da profecia feita 700 anos antes por Isaías: “Ele era desprezado, e o mais
rejeitado entre os homens” (Is 53:3)
Referência Fonte de Oposição Tipo de Oposição Motivo da Oposição
5:16
5:18 Judeus Procuravam matar Jesus Jesus reivindicou sua
exemplo divindade
5:43
6:41
6:52
6:61,66
6:70
7:1
7:5
7:11
7:12
7:20
7:27,30
7:32
7:41,44
7:45
7:47
8:6
8:13
8:48,53,59
9:16
9:22
9:24
10:19
10:24,31
10:39
11:46
11:53
11:56-57
12:4
12:10
12:19

24
LEITURA 1

Os sete sinais no Evangelho de João

Quando falamos de Evangelhos, os livros que contam a vida de Jesus, costumamos dividi-los em
dois grupos: os sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) e João. Essa divisão tem a ver com o carácter
deles. Os três primeiros, embora não idênticos, são muito parecidos. João, invés, é muito
diferente dos sinóticos, seja pelo estilo que pelo conteúdo. Por exemplo, nos sinóticos abundam
os milagres, enquanto que em João aparecem poucos: apenas sete, entre os quais três que não
se encontram nos outros evangelhos. Outra diferença importante é o estilo dos textos. Nos
sinóticos é marcado o uso das parábolas, por parte de Jesus, para explicar a sua mensagem. Em
João elas não aparecem, mas há muitos diálogos, que não existem nos primeiros três
evangelistas (Samaritana, Nicodemos). Poderíamos ainda citar a questão geográfica: os sinóticos
situam o ministério de Jesus na Galileia e Jerusalém e somente o local da sua Paixão; João,
invés, centra todo o ministério de Cristo em Jerusalém. E, por fim, coisa fundamental, João fala
especificamente de Cristo, enquanto que nos sinóticos aparece muito sublinhado a relação de
Jesus com os apóstolos.
Esses elementos mostram como João escreveu uma obra particular, que precisa ser tratada com
um olhar diferente.

A estrutura de João
Sem entrar em detalhes sobre a divisão do Evangelho de João, queria apenas mostrar como uma
das partes do Evangelho é dedicada aquilo que normalmente é dito “os sinais” de Jesus, que são
sete.
É normal, deixando como uma introdução o capítulo 1, dividir o quarto evangelho em duas partes:

 1,19 – 12,50: libro dos sinais – Quem é Jesus


 13,1 – 20,31: livro da glória – Ceia, morte e ressurreição de Cristo

Os sete sinais
Na primeira parte da sua obra, João procura mostrar quem é Jesus, descobrir a sua natureza,
revelar a sua missão. Para isso usa “sinais”, que são sete:

 As bodas de Caná (2,1-12)


 Cura do filho de um funcionário (4,43-54)
 Cura do paralítico (5,1-47)
 Multiplicação dos pães (6,1-15)
 Caminhar sobre as águas (6,16-70)
 Cura do cego de nascença (9,1-41)
 Ressurreição de Lázaro (11,1-54)

Não pretendo falar desses sinais, mas apenas usá-los para mostrar a lógica do pensamento do
apóstolo e evangelista.
A compreensão do evento “Jesus”
Um texto fundamental de João se encontra em 16:12-13
25
Tenho ainda muito que vos dizer, mas não podeis agora suportar. Quando vier o Espírito da
Verdade, ele vos conduzirá à verdade plena, pois não falará de si mesmo, mas dirá tudo o
que tiver ouvido e vos anunciará as coisas futuras.
Esse texto mostra que quando Jesus falava nem tudo era entendido pelo seu público. A
compreensão do que representou Jesus ficou evidente somente depois da sua morte e
ressurreição. O que escreve João por volta dos anos 90 não poderia ter escrito quando Jesus
morreu. A compreensão da vida de Jesus não foi automática, mas cresceu com o tempo. Os
apóstolos não entenderam imediatamente profundamente o sentido da sua pessoa e dos seus
gestos.
Em João há dois textos que mostram esse processo de maneira clara. O primeiro se encontra no
capítulo 2, quando Jesus fala da sua morte e ressurreição: “destruí este templo, e em três dias eu
o levantarei” (versículo 19). João, então acrescenta: “Ele, porém, falava do Templo do seu corpo”
(versículo 21). Essa nota do evangelista é importante porque mostra a compreensão plena da
mensagem enigmática de Cristo. Na mesma ocasião, aproveita para mostrar aos leitores como os
apóstolos levaram tempo para entender de maneira clara o que Jesus queria dizer e qual relação
havia aquela frase com a sua história: “Quando ele ressuscitou dos mortos seus discípulos
lembraram-se de que dissera isso, e creram na Escritura e na palavra dita por Jesus” (versículo
22).
O segundo texto se encontra em João 12, que conta o ingresso de Jesus em Jerusalém, antes da
sua Paixão. Nessa ocasião o evangelista cita um texto de Zacarias 9,9: “Não temas, filha de Sião!
Eis que vem o teu rei montando num jumentinho!” E acrescenta: “Os discípulos, a princípio, não
compreenderam isso; mas quando Jesus foi glorificado, lembraram-se de que essas coisas
estavam escritas a seu respeito e que tinham sido realizadas” (João 12,15-16).
João está dizendo que o que Jesus dizia só foi entendido depois, repensando tudo o que
aconteceu, relendo a Bíblia os discípulos entediam o que fizeram com Jesus e se tornou evidente
que as Escrituras já falavam dEle. Só quando escreve o Evangelho João tem consciência disso e
pode inserir a passagem de Zacarias na narração sobre a entrada de Jesus em Jerusalém.
Nesse sentido, o evangelista, fazendo uma leitura teológica do evento Jesus, colocou na boca de
Cristo coisas que Jesus, durante a sua vida terrena, não pode ensinar. Foram “ensinadas” pelo
Espírito, como subentendido na passagem do capítulo 16, citada acima. No fundo, são palavras
de Jesus, pois se trata do seu Espírito que ensina.
É por isso que o Evangelho de João pode ser lido, com bons frutos, somente em nível espiritual.
Há, obviamente uma possibilidade de lê-lo como testo literário, estudando a sua história, estrutura
e estilo. Mas só a leitura da fé permite compreender toda a sua profundeza.
Os sinais
Os “sinais” da primeira parte do Evangelho de João traduzem essa perspectiva espiritual da obra.
O termo grego usado é semeîon. Às vezes é traduzido simplesmente como “milagre”, coisa
completamente errada.
O sinal é algo que faz vir à mente outra coisa. Ele pode ser natural ou convencional.

26
Um sinal natural é algo entendido por todos. Por exemplo, fumaça relembra fogo. E isso em
todos os lugares do mundo. As pegadas de pés na areia da praia lembram uma pessoa, que por
ali passou.
Um sinal convencional invés é diferente para cada cultura, para cada contexto. No tempo dos
vickings, o corno era sinal de força. É por isso que os vemos sempre representados com um
capacete com cornos. Hoje, para nós, o corno tem outro sentido. A palavra “cachorro” significa o
animal doméstico para todos os que conhecem português. Mas para quem não o conhece, não
quer dizer nada. Esses são sinais convencionais.
Entender um sinal natural é fácil, mas sinais convencionais mudam de cultura para cultura. João
usa principalmente sinais convencionais. Para entendê-los é necessário estudar o seu contexto.
Só assim podemos entender de maneira plena. Por exemplo, quando diz que encontra a
Samaritana no poço, precisamos entender o sinal “poço”, que provavelmente para nós não
significa nada, mas para a cultura bíblica significa muito; é, por exemplo, o lugar privilegiado para
começar uma relação que se tornará “casamento”.
Para entender João precisamos sair das nossas convicções culturais.
O Símbolo
O sinal, visto que se trata de algo que chama em mente una outra realidade, é expressão de uma
dualidade: existem dois elementos, um que conduz ao outro. Em João essa dualidade é
constantemente exprimida em relação a planos: o baixo e o alto, o mundo do ser humano e o
mundo de Deus, aquilo que se vê e aquilo que verdadeiramente existe. Os setes sinais que Jesus
realiza representam a síntese de sua vida, que é, em si, um sinal, um grande semeîon.
Poderíamos dizer que a vida de Jesus é um símbolo.
A palavra símbolo em grego (symbolon) lembra dois pedaços de uma mesma realidade,
necessárias para constituir um todo. O símbolo, portanto, é uma metade que precisa da outra
para criar uma unidade.
O contrário de symbolon é diabolon (separar, dividir).
Retomando João, os fatos históricos da vida de Cristo para ele são os sinais, o símbolo da vida
de Deus, do mistério trinitário divino. Jesus é aquele que permite criar unidade. Os fatos que João
conta, sinais, são tidos como significativos, comunicam algo a mais. É por isso que precisam ser
lidos em chave simbólica.

Os Sete Sinais do Quarto Evangelho

E acontecerá que, se eles não te crerem, nem ouvirem a voz do primeiro sinal, crerão à voz do
derradeiro sinal;” (Êxodo 4:8)

O Evangelho de João tem, além do famoso prólogo (1:1-18) e do epílogo (21), duas grandes
partes, conhecidas pelos teólogos como o Livro dos Sinais (1:19-12:50) e o Livro da Glória (13:1-
20:31). Embora os títulos não indiquem tudo que há em cada “metade” do Livro, eles nos
apontam para um tema importante no Evangelho de João, que é como os sinais de Jesus
apontam para a sua glória; como tudo aquilo que Jesus fez, de algum modo, aponta para
sua crucificação e ressurreição.

27
“Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão
escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (Jo. 20:30,31)

Sinais (sēmeia) é como são conhecidos os sete milagres especiais que Jesus realiza no Quarto
Evangelho. Um sinal indica sempre algo; ele tem sempre um “sentido”, e, por isso, uma leitura rica
dessas narrativas envolve a apreensão do sentido daquilo que Jesus fez.

Assim como Moisés foi enviado a realizar sinais que autenticassem sua autoridade profética
perante o povo israelita (Êx. 4:1-9), Jesus foi enviado a fazer as “obras” do Pai que lhe enviou, as
quais testificam do seu anúncio (Jo. 5:36). Há, de fato, consistente conexão, ao longo do Quarto
Evangelho, entre ver os sinaise crer no Filho (2:11,23; 4:48; 6:2,30; 10:24,25,37,38; 11:47,48;
12:10,11; 20:25,30,31). Se Jesus não realizar sinais, eles não crerão (4:48; cf. 10:37,38). Mas
assim como na narrativa do deserto (Nm. 14:11), a reação de fé perante os sinais não é
automática (7:5; 12:37); afinal, nem todos são ovelhas (Jo. 10:26). Mas isso torna mais culpados
aqueles que não creram (15:22,24).

Em 2:18, sinal é o que confere ou confirma a autoridade profética (mas veja Dt. 13:1-3; Mc. 13:22
par); autoridade é, no sinóticos, a questão levantada pelos fariseus após a purificação do templo
(Mc. 11:27,28 par.).

A comparação entre Moisés e Jesus, explícita em Jo. 1:17, percorre o restante do Evangelho; de
fato, Jesus é aquele que liberta os escravos (8:31-36), aquele que dá o verdadeiro maná (6:29-
33) e água (4:10-14; 7:37), e é erguido como serpente no deserto (3:14,15). A tipologia entre
Moisés e Jesus tende, é claro, para a superioridade deste, pois faz obras que nenhum outro fez
(15:24).

O primeiro sinal é a transformação da água em vinho na festa de Caná (2:1-11). Sua mãe, seus
irmãos e seus primeiros discípulos estão presentes (2:12), e é sob instigação de sua mãe que
Jesus realiza aquele que é textualmente identificado como o primeiro sinal: “Com este, deu Jesus
princípio a seus sinais em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram
nele.” (2:11). A Páscoa estava próxima (2:13). Esse primeiro sinal relembra o último sinal a ser
realizado por Moisés para que o povo de Israel acreditasse em sua vocação profética: tornar água
em sangue (Êx. 4:8,9).

As talhas nas quais se colocou água estavam ali para a purificação dos judeus (Mc. 7:3,4),
expressão ligada no Quarto Evangelho ao batismo joanino (Jo. 3:25,26). A água é
especificamente posta nessas talhas sob ordem de Jesus, e não em qualquer outro recipiente —
inclusive aquele que já havia sido usado para vinho, e que poderia ser usado em conjunto com as
talhas. Ainda que esteja em vista, nesse detalhe, a abundância do milagre (600 litros de vinho!), a
comparação com o sinal mosaico e a referência à purificação convidam a ler nesse primeiro sinal
de Jesus aquilo que já foi visto em 1:17: a relação entre aquilo que Jesus iria fazer (o Evangelho)
e aquilo que o antecedeu (a Lei e o judaísmo) era de transformação, não uma simples rejeição,
substituição ou adição.

Outro detalhe, notado com maior frequência, é a quase recusa de Jesus em realizar o milagre por
não haver ainda chegado a sua “hora” (2:4). O sinal e a hora estavam ligados. Com isso, Jesus se
refere à hora de ser preso e morrer (7:1-9,30; 8:20). O texto parece pressupor que a morte de
Jesus seria o momento para mostrar sua glória e realizar o seu sinal.

Como o primeiro, o segundo sinal foi realizado em Caná (onde Jesus o concedeu), mas também
em Cafarnaum (onde se cumpriu). Jesus voltava para a Galiléia depois de ter sido rejeitado na
Judéia, e é recebido pelos galileus (4:43-46). O milagre é a cura do filho de um oficial de Herodes,
28
que estava à beira da morte e que Jesus cura à distância (4:46-54). É explicitamente chamado
de “segundo sinal“ (4:54) e foi realizado na proximidade da Páscoa (4:43-45; cf. 2:13ss).
Provavelmente não é à toa que o Quarto Evangelho coloque esse milagre em um contexto galileu,
e isso fortalece a temática aberta em 1:17; dada a rejeição, Jesus não iria seguir os protocolos do
judaísmo.

O terceiro sinal é a cura do paralítico no tanque de Betesda (Casa da Bondade, ou da


Misericórdia), em Jerusalém (5:1-15). Jesus foi a Jerusalém para “uma festa” (5:1). O milagre foi
realizado no sábado (5:10), e, por isso, o Quarto Evangelista prefere utilizar uma expressão que,
na sua linguagem, é idêntica a “sinal”, mas que ressoa melhor com a situação, que é a
expressão “obra” (7:21). Que “sinal” e “obra” sejam o mesmo, e vê em 9:3,16 (cf. 4:48, 10:37,38),
mas esta última ressalta o fato de que Jesus violou o descanso sabático ao realizar o milagre, ato
que incita os judeus a persegui-lo (5:16-18).

Além disso, Jesus realiza o milagre especificamente sem utilizar águas disponíveis (que eram
consideradas curativas pelos judeus), ao contrário do que ocorre no sexto sinal (quando as águas
não tem qualquer propriedade especificada).

O quarto sinal é a multiplicação dos pães e peixes para alimentar uma multidão (6:1-15). Jesus
está próximo ao mar da Galiléia. O milagre é explicitamente chamado de “sinal” (6:14,26), e
aqueles que o viram identificaram Jesus como “o profeta que devia vir ao mundo”, o que, no v. 15,
se mostra ser o Messias. Essa multidão claramente vê em Jesus, que os alimenta, o mesmo que
seus antepassados teriam recebido de Moisés (cf. Dt. 18:15-18). O milagre de Jesus deixa
sobras, enquanto que o de Moisés não. A Páscoa estava próxima (Jo. 6:4).

O quinto sinal, que ocorre logo em seguida, é andar sobre as águas do mar da Galiléia (6:16-
21). Há quem dispute a identidade desse feito miraculoso como sinal, visto não ser explicitamente
chamado assim, ainda que haja alguma relação com a travessia do Êxodo.

O sexto sinal é a cura de um cego de nascença (9:1-7), no tanque de Siloé (O Enviado). É


chamado “sinal” (9:16), e parece ter sido feito na proximidade da Festa dos Tabernáculos
(7:2,10). Foi feito no sábado (9:14). O milagre causa uma discussão entre os fariseus sobre a
autoridade de Jesus realizar milagres e quebrar mandamentos. Para Jesus, cegos eram
aqueles “discípulos de Moisés”(9:28) que se negavam a crer nele (9:39). Enquanto os fariseus
argumentavam que um homem pecador (que violava o Sábado) não poderia ser enviado de Deus,
o cego de nascença lhes respondia com base naquilo viveu: “havendo sigo cego, agora
vejo” (9:25).

O sétimo sinal é a ressurreição de Lázaro em Betânia, perto de Jerusalém (11:1-45),


reconhecido como sinal em 12:18, pouco antes da Páscoa (11:55). Jesus aguarda a morte de seu
amigo Lázaro, porque, realizando esse sinal, espera que seus discípulos creiam (11:15); de fato,
o v. 15 dá a entender que, se Jesus estivesse lá, não teria permitido a morte de Lázaro.

Esse sinal é o que ocasiona a conspiração contra Jesus (11:46-53), dando razão ao que Jesus
temeu quando sua mãe lhe pediu para fazer o primeiro sinal: realizar sinais atrairia para si ódio e
ele seria morto. A história de Lázaro levava outras pessoas a crerem em Jesus, o que fazia com
que o próprio Lázaro fosse perseguido (12:9-11).

A conspiração é política: os fariseus temem que os romanos tirem o seu lugar (11:48) e por isso
prestam fidelidade a César (19:15) contra a pretensão popular de coroar Jesus (6:15), pois o povo
crê em Jesus por ver que “faz muitos sinais”(11:47,48). Diferentemente de outros momentos em
que tentam matar Jesus, neste existe um envolvimento da liderança de Jerusalém e do sumo

29
sacerdote. Não era mais um linchamento espontâneo, mas sim uma decisão calculada. Já estava
decidido: “Desde aquele dia, resolveram matá-lo.” (11:53).

Nos Evangelhos sinóticos, a conspiração para matar Jesus é ocasionada pela purificação do
Templo e consequente confronto entre Jesus e líderes locais (especialmente a Parábola dos
Lavradores Maus), que se dão na última semana. Quando entendemos a teologia dos sinais de
João, vemos por que ele transfere a purificação para o começo do Evangelho (2:13-22), longe da
última semana: os sinais que Jesus realizava radicalizava a reação dos judeus, entre aqueles que
o abraçavam e aqueles que o odiavam, e aí se localiza o ódio contra ele.

Então aparece o oitavo sinal, no Livro da Glória, que é aguardado e prenunciado por todo o
Evangelho, e já identificado como sinal desde o prenúncio de 2:18-22, mas, indiretamente,
também em 20:30,31. Chegou a hora de Jesus: a hora de ser glorificado (12:23,27; 13:1; 16:32;
17:1). O oitavo sinal é a Crucificação, seguida da Ressurreição. Morto, Jesus verte sangue e
água (19:33-37), o que faz com que outros creiam nele.

Enquanto a ressurreição recorda o milagre realizado por Jesus em Caná, seu primeiro sinal, sua
própria ressurreição recorda o último sinal realizado em Betânia. Jesus foi “levantado” (3:13-15;
8:28), isto é, crucificado, e sendo crucificado ele atrai todos a si (12:32), o que manifesta a glória
do oitavo sinal sobre todos os outros sete. Tomé quer ver “o sinal [typon] dos cravos” (20:25), mas
bem-aventurados são os que não viram e creram (20:29).

G. M. Brasilino

LEITURA 2

Onde estão os milagres? Por que não os vemos hoje?

Introdução: O que é um milagre? Socorro-me de três dicionários on-line. O Michaellis registra:

Milagre – Michaellis

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São pois intervenções sobrenaturais. Praticamente todas as religiões contam com intervenções
desta natureza. Isto não diminui os registros bíblicos, pelo contrário, evidenciam sua
superioridade. Conta-se que determinado líder religioso, dialogando, com um pastor lhe disse:
Todos os milagres que você puder apontar os temos em nossa religião. Curas, intervenções sobre
a natureza, etc. O pastor respondeu: Há o milagre da salvação? O líder calou-se!
Os milagres de Jesus são maravilhosos, mas o tema deste post são aqueles operados através
da Igreja. Jesus nos deu poder sobre enfermidades (Atos 19:11,12), sobre os demônios (Atos
19:14ss) e até mesmo para ressuscitar mortos (Atos 20:9ss). Tais práticas acompanham a Igreja
ao longo dos séculos. Vi e ouvi Deus fazer coisas tremendas em minha curta vida e há inúmeros
milagres verdadeiros relatados em livros. Mas há algo que não bate. Onde estão os milagres
hoje? Ainda ouvimos falar deles, mas dado o tamanho da Igreja e sua influência na sociedade e
excetuando o milagre da salvação (o maior de todos, diga-se) são poucos. Claro, claro, há a
premissa da raridade, pois milagre é justamente aquilo que subverte a ordem natural e
comezinha. Mas há outras que se impõem.
A premissa da necessidade
Pensemos agora: Quantos de nossos irmãos estão enfermos, muitos à beira da morte? Quantos
pedidos não recebemos em nossos cultos de oração por irmãos novos e velhos? De quantas
pessoas não sabemos dominados e escravizadas pelo mal? Não aquele pecado cotidiano,
familiar à natureza humana, mas simplesmente, dominados?
A premissa da atração
É inegável que a Igreja crescia por atração. Gosto de pregar a Palavra de Deus, gosto de ouvir,
creio que ela tem um poder inegável de atrair o pecador. Aliás, ainda engatinhamos em sua
utilização. Mas, convenhamos, um milagre tem o poder de atrair multidões a ouvi-la ou não?
A premissa da limitação humana
Pegue um ateu qualquer, junte a um crítico e some a um indiferente. Coloque-os diante de um
milagre verdadeiro e incontestável. Fatalmente ficarão emudecidos. Na pior das hipóteses darão
de ombros diante do inexplicável! Era isso que acontecia a Jesus. Lembro do episódio em que
curou o cego em João 9. Seus críticos utilizavam todo tipo de argumento, arrazoavam,
ponderavam, mas não havia escapatória: um homem cego de nascença via normalmente! Para
uma sociedade indiferente à mensagem do Evangelho precisamos ou não de milagres?
A premissa da igreja hospital
Estava num culto onde um demônio se manifestou. Um homem estava ouvindo o culto do lado
de fora. Um irmão o viu e se aproximou, falando de Jesus. Convidou-o a entrar e ele o fez. Mas
ao chegar em frente ao púlpito, como quem ia se decidir por Cristo, ele caiu possesso e começou
a grunhir como um porco. Coisa terrível de se ver. Ninguém conseguiu expulsar o demônio. O
dirigente do culto disse ao microfone: “Não se traz uma coisa dessa pra Igreja!” Ora, pra onde iria
aquele triste homem? Se a igreja não é hospital para cuidar de doenças do corpo e da alma, onde
as pessoas buscarão a cura de seus males?
Enfim…
É uma questão que me intriga há muito tempo. Sei dos falsos milagres e milagreiros. Sei dos
vendilhões de milagres. Sei que milagres não implicam diretamente em salvação. Conheço
pessoas desviadas que receberam milagres tremendos. Sei também como é fácil dar de ombros
para alguém que precisa de um milagre e dar algumas desculpas padrão: “É Deus não quis”, “Vá
pra casa e se Deus quiser Ele fará”, ” Espere o tempo de Deus”, esmagando todas as premissas
acima!
Compartilhei a questão com alguns amigos do Facebook. A intenção era colher impressões
as mais diversas. Fiz uma pergunta simples: “Por que não há mais milagres hoje como
antes?”. Também colhi alguns dados pessoais, apenas para contrastar as percepções. Não pude
contatar muita gente. Primeiro, o post ficaria enorme, segundo, não o terminaria tão cedo. Nem
todos me responderam a esta altura da publicação, mas prometo publicar tão logo cheguem.
Inseri na ordem de chegada da resposta. Agradeço penhoradamente àqueles que gastaram um
pouco de tempo com suas respostas. Farei minhas considerações ao final:

31
Geremias do Couto, pastor assembleiano, jornalista, blogueiro
Creio na contemporaneidade dos dons à luz de 1ª Coríntios 12 a 14. Esse é o meu parâmetro.
Quando me perguntam sobre o assunto, sempre remeto o consulente para esses capítulos e peço
que os leia algumas vezes. De forma simples, qualquer manifestação pentecostal precisa
enquadrar-se nos ensinos paulinos ali referidos.
Dito isto, devemos olhar os milagres no mundo contemporâneo sob alguns ângulos. Primeiro, não
posso concordar com essa enxurrada de milagres midiáticos que atualmente se vê, onde sua
imensa maioria não passa de farsa. São meros recursos propagandísticos que não resistem a
qualquer busca de autenticidade. Segundo, a tentativa de neutralizar ou resistir à impostura, leva
ao outro extremo de desacreditar em sua contemporaneidade e mesmo evitar pregar sobre o
tema. Terceiro, a institucionalização também contribui para que pouco se veja nos grandes
centros ou grandes igrejas milagres autênticos pela burocratização da fé. Quarto, a incredulidade
acaba também sendo um fator de desestímulo para que eles aconteçam.
No entanto, creio que os milagres não aconteçam com a frequência que alguns desejam a ponto
de transformá-los em ato vulgar. Conforme ensina Paulo, a soberania sobre eles é do Espírito
Santo, não nossa. Quando ocorrem, são sinais de Deus em determinadas situações para trazer
glória ao seu nome e autenticar o poder do evangelho.
Em minha experiência pessoal, que me lembre, foram três experiências que posso considerar
milagrosas. Meu pai, certa vez, sem qualquer malabarismo, orou por uma irmã que estava
entrevada na cama há anos e, no dia seguinte, ela apareceu andando no culto. Isso serviu de
testemunho para muitos descrentes naquela época. Nisso acredito. Só acho que não precisa de
espetáculo, mídia ou coisa que o valha. Mas se buscarmos no anonimato, no meio da
simplicidade, em locais diferentes de todas as partes do mundo, eles estão acontecendo como
sinal da proclamação do Evangelho.
Gutierres Fernandes Siqueira. 25 anos. Editor do blog Teologia Pentecostal. Graduado em
Comunicação Social pela Faculdade Paulus (FAPCOM) e pós-graduado em Mercado Financeiro e
de Capitais pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É membro e professor de EBD na
AD Ministério Belém, São Paulo/SP.
Sou evangélico pentecostal desde 2001, mas nunca vi pessoalmente nenhum morto ressuscitar
ou um cadeirante curado de sua deficiência. Entretanto, já ouvi inúmeros relatos sobre milagres
extraordinários [1]. Talvez, você, caro leitor, já tenha visto algum fato fora do comum operado pelo
Senhor ou, quem sabe, você tenha um forte testemunho de cura. Eu, por exemplo, ainda muito
bebê tive sarampo, fortíssimo. Na ocasião o médico falou que a única esperança era sobreviver
com sequelas. Graças ao bom Deus, não há nenhum resquício daquela doença. Mas, repito:
nunca vi um morto ressuscitar ou um cego de nascença passando a enxergar.
Reitero aos mais desavisados que acredito em milagres e nos dons espirituais para os nossos
dias. Aliás, acreditar em Deus e desacreditar de milagres é um raciocínio torto, ilógico, irracional…
Bom, mas por que nos dias de hoje não vemos os milagres da primitiva igreja? Vejamos:
1. O livro de Atos é um relato histórico. É da natureza da narrativa histórica destacar os fatos
mais importantes. Seja o historiador religioso ou secular, não veremos a menção do dia
comum, mesmo sendo o “não-acontecimento” a tomar o maior tempo linear. Isso não quer
dizer que os “fatos mais importantes” fossem ordinários. O historiador é um jornalista tardio.
Você já assistiu algum jornal noticiando que a dona Maria foi na feira e comprou duas
melancias? É claro que não. A notícia é sobre o acontecimento fora do comum. A história, da
mesma forma, trata sobre os principais fatos. Portanto, devemos tomar o cuidado de não ler
um fato histórico como o corriqueiro, o trivial. Portanto, não é porque você leu vários milagres
em Atos que tais sinais fossem diários.

2. O milagre é, em si, extraordinário. O milagre é raro, pois se acontecesse todos os dias


deixaria de ser milagre. É uma questão de lógica. Sim, você pode estranhar o fato de uma
comunidade dita cristã vivendo em torno do milagre, pois a fé cristã tem milagres, mas não
vive em torno dele. Devemos entender que o milagre é exceção e não a regra, o comum, o

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dia a dia. Paulo, o apóstolo, pergunta os coríntios: “Porventura são… todos operadores de
milagres?” [1 Co 12.29]. Evidente que a resposta é negativa.

3. O milagre era a reafirmação da mensagem apostólica. Embora o dom de “poder para operar
milagres” [cf. 1Co 12.10 NVI] seja acessível a qualquer cristão em qualquer época, também, é
necessário entender que a natureza dos milagres através dos apóstolos visava a confirmação
de sua mensagem [cf. At 2.43 comp. Mc 16.20 e At 14.3]. A Igreja Cristã é universal (católica,
em grego) e apostólica, pois está baseada na “doutrina dos apóstolos” [At 2.42]. A Igreja está
firmada sobre o “fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra
angular” [cf. Ef 2.20 NVI]. O milagre, portanto, serviu como um selo de autenticidade da
mensagem apostólica. Logo, se concluiu que a diminuição dos milagres no presente
momento histórico se dá pelo fato de não estarmos a construir uma nova revelação
escriturística. Nós, hoje, não temos a autoridade dos profetas e apóstolos do passado e,
assim, a necessidade dessa confirmação sobrenatural é diminuída.

4. Embora Cristo seja o mesmo, a sua operação não necessariamente repete o passado. É
muito comum no meio pentecostal citar Hebreus 13.8 para insinuar que o milagre do passado
precisa repetir-se nos dias de hoje. O autor aos hebreus quis dizer que a natureza, o poder e
o caráter de Cristo nunca mudam, mas não que Ele repete a sua forma de agir. O próprio livro
começa informando que a forma de Deus se comunicar não é a mesma, mas passou por
mudanças na pessoa de Cristo [cf. 1. 1-2]. Mortos ressuscitaram? Sim, é verdade. Mas na
própria Bíblia depois vemos a ênfase sobre a esperança da última ressurreição. Horton
escreveu: “Mas como Donald Gee informa (…) há, apenas, dois registros de ressurreição de
mortos (Atos 9.40, 20.10). Nos outros casos, foi-lhes indicado o consolo da ressurreição e da
volta do nosso Senhor (I Tessalonicenses 4.13-18)”.

5. Milagre não produz conversão, logo, devemos nos preocupar mais com a falta da pregação
evangélica. Blaise Pascal escreveu:

Se eu tivesse visto um milagre, dizem eles, eu me converteria. Como garantem que fariam o que
ignoram? Imaginam que essa conversão consiste numa adoração que se faz de Deus como um
comércio e uma conversão tal como a representam para si. A conversão verdadeira consiste em
aniquilar-se diante desse ser universal a quem se irritou tantas vezes e que pode legitimamente
pôr-vos a perder a qualquer momento, em reconhecer que nada se pode sem ele e que nada se
mereceu dele, afora estar em desgraça. Ela consiste em conhecer que existe uma oposição
invencível entre Deus e nós, e que, sem um mediador, não pode haver comércio [2].
6. Falta fé. “E estes sinais seguirão aos que crerem “ [Mc 16.17]. Este tópico foi colocado por
último propositadamente. Embora ache que as explicações já dadas mostrem bem que não
devemos nos preocupar com essa pergunta, por outro lado, é inegável que precisamos ter mais fé
no Deus no impossível. Sim, muitos milagres não acontecem porque simplesmente oramos mal
ou agimos com ceticismo.

Referências Bibliográficas:

[1] HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD 1993. p 299.

[2] PASCAL, Blaise. Pensamentos. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p 143.

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LEITURA 3
O LADRÃO VEM!
Jesus disse que o ladrão vem SOMENTE para, roubar, matar e destruir. João 10:10.
Estive pensando nas implicações destas palavras e percebi o quanto estas palavras são
pertinentes para os dias atuais.
O ladrão se aplica a Satanás!
Ele vem SOMENTE para fazer estas três obras!
Jesus disse que ele (Satanás) vem para roubar, matar e destruir. A pergunta teológica é: QUEM É
QUE PODE SER, ROUBADO, MORTO E DESTRUIDO por Satanás?
Gente, e agora? Quem, realmente, pode ser afetado por esta ação demoníaca?
Se você responder que todo ser humano nascido de mulher, é o alvo de Satanás, e, por sua vez,
todos os seres humanos podem ser mortos, roubados e destruídos por Satanás, você acaba de
engrossar a fila da maioria da população mundial, que, no senso comum, entendem que Satanás
é realmente o ladrão com os poderes acima mencionados. E, que, todos os seres humanos
podem ser afetados por estas investidas do maligno.
Uau, você acabou de descobrir que é igual à maioria das pessoas! E que pensa como a maioria
das pessoas sobre a terra pensam!
Quero te convidar agora a pensar este texto de outra forma. Vamos fazer os seguintes
questionamentos:
Se a Bíblia diz que todas as pessoas nascem em pecado e debaixo da ira de Deus (salmo 51:5;
João 3:36; Romanos 3:23;6:23), e, seguindo a mesma ideia, Paulo afirma que todos os homens
estavam mortos nos seus delitos e pecados, (Efésios 2:1-3), surge então uma incógnita: PODE
UMA PESSOA MORTA ESPIRITUALMENTE SER MORTA, ROUBADA E DESTRUIDA
ESPIRITUALMENTE POR SATANÁS?
Satanás pode matar o que já está morto? Ele pode roubar aquele que não tem absolutamente
nada pra ser roubado? E, ele pode ainda, destruir o que já está destruído espiritualmente? Ele vai
atacar aqueles que já estão no seu reino?
Seguindo este raciocínio, chega-se à seguinte assertiva: a toda e qualquer pessoa que ainda não
possui a vida espiritual em Cristo, não se deve aplicar este texto. Pois, elas não podem reagir aos
ataques de Satanás pois já estão sob as trevas e a ignorância espiritual.
Segue-se então, que o Diabo só pode matar, roubar e destruir aqueles que estão vivos
espiritualmente. E, somente, os salvos, os nascidos de novo, os regenerados e justificados em
Cristo, é que possuem vidas, portanto, poderiam ser mortos, somente eles possuem um tesouro
eterno e espiritual que poderia ser roubado, e, unicamente eles têm algo que poderia ser
destruído por Satanás.
Entende-se que estas ações demoníacas se aplicam diretamente aos crentes. Não se aplicam
aos ímpios perdidos.
Satanás quer matar, roubar e destruir aqueles que são seus inimigos! Ele não vai atacar aqueles
que já O servem no seu reino das trevas! E, só se tornam inimigos de Satanás, aqueles que foram
libertos do império das trevas e transportados para o reino do Filho do amor de Deus.
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Isto posto, a visão do texto toma outro sentido! Agora fica mais claro os dizeres de Jesus.
O ladrão vem para roubar, matar e destruir aqueles que estão vivos em Cristo, possuem a
herança eterna no Filho, pois são co-herdeiros com Ele, e, estão edificando a igreja de Cristo
sobre a terra, portanto, estão edificando algo que Satanás deseja destruir!
O ladrão só ataca quem É, quem TEM e quem CONSTRÓI!
Quem É (vivo) - quem TEM (o reino e a herança deste reino) - quem CONSTRÓI (edifica a igreja).
Se você não É, não TEM e nem CONSTRÓI, portanto, não deve se preocupar com os ataques de
Satanás.
São poucas as pessoas que entendem os ataques de Satanás! São poucas as pessoas que são
atacadas pelo Diabo!
O Diabo ruge, ciranda, tenta, ataca, persegue, fere, machuca, oprime, engana, e, faz de tudo o
que lhe é permitido por Deus fazer, mas, graças a Deus, não logra e nem logrará sobre as vidas
dos filhos eleitos de Deus. Deus é quem os guarda e a vitória deles já foi consubstanciada na sua
morte e ressurreição.
Agora que o texto se tornou hermeneuticamente claro aos nossos olhos teológicos, vamos
considerar estas três ambições do inimigo. Se o Diabo deseja MATAR, ROUBAR E DESTRUIR,
só existe uma maneira de se evitar que Ele tenha sucesso em suas investidas.
Antes quero dizer o que você não deve fazer!
Religião não o ajudará a SER, nem a TER, e, nem tão pouco a CONSTRUIR. Foge disso! Ser um
religioso só te fará ainda mais vulnerável aos ataques satânicos.
Ascetismo intelectual, espiritual, social, material e físico. Esse negócio de querer se separar do
mundo, fugir da realidade mundana com o fim de ser vivo e santo, ter riquezas espirituais, e
edificar a igreja, nada disso irá te imunizar aos ataques do maligno.
Templocentrismo! Não centralize sua vida, sua fé, sua ortodoxia e ortopraxia no templo. Se você
couber dentro de um templo e ficar totalmente confortável dentro de um, é sinal que você está
quadrado! Como você irá SER, TER e CONSTRUIR vivendo o tempo todo dentro de um templo?
Templocentrismo gera ufanismo, narcisismo espiritual e uma diaconia de serviço
centripetocentrica, tudo passa a ser voltado para o templo.
Expulsar demônios, falar em línguas estranhas, arrepios e experiências espirituais e
sobrenaturais, ainda que tudo isso seja legitimamente bíblico, não produzirá vida em ninguém,
não acrescentará nada para que alguém tenha algo espiritual e não levará ninguém a construir a
igreja. Tem cristão que se concentra em buscar isso pensando que agindo assim confirma que é
vivo, tem herança e está edificando a igreja. Lerdo engano!
Nada disso mencionado acima fará com que você seja vivo espiritualmente falando, tenha
herança em Cristo e edifique a Igreja do Nazareno sobre a terra.
Desejo lhe apresentar o único recurso que você tem disponível para SER, TER E
CONSTRUIR! Este é o único recurso que você precisa para provocar o LADRÃO e o atiçar a tal
ponto de o mesmo desejar-te, ROUBAR, MATAR E DESTRUIR.
Em João 10:10 o texto continua dizendo: “... eu vim para que tenham vida e a tenham em
abundância”. JESUS! Ele é o único recurso para que você SEJA, para que você TENHA e para
que você CONSTRUA!
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Satanás SOMENTE vem para atacar JESUS! O alvo de Satanás é JESUS! O problema é que
todo aquele que estiver em CRISTO, na VIDEIRA, tem vida, tendo vida em Cristo, então,
obviamente passa-se a ser alvo de Satanás!
Se alguém está em Cristo, automaticamente está na briga com Satanás! Este alguém passa a ser
alvo do Ladrão!
Mas para provocar mesmo o Ladrão é preciso chegar à vida ABUNDANTE que há em Cristo.
Jesus disse que veio para que os eleitos tenham vida e a tenham em abundância. Se a vida em
Cristo não for a abundância, Satanás não se dará ao trabalho de atacar nenhum cristão.
Vida em abundância significa:
Mateus 6:33
Tomar a cruz e negar a si mesmo
Guardar tudo aquilo que Ele ordenou ou ensinou
Que Ele cresça e o cristão diminua
Ser servo, somente servo e nada mais do que servo
Deixar Cristo SER em nós para que SEJAMOS! (Descobrimos depois que somos servos inúteis)
Deixar Cristo DAR a nós o que é dEle para que possamos TER! (Depois descobrimos que tudo
continua sendo dEle e nós somos apenas mordomos)
Deixar Cristo EDIFICAR em nós o que precisamos CONSTRUIR! (Depois descobrimos que
somos apenas pedras vivas na edificação)
Isto é a vida em abundância que Cristo tem para todos aqueles que estão nEle. Somente esta
vida em abundância é que irá causar a ira de Satanás.
Existem cristãos que vivem uma vida cristã tão medíocre, que nem ao Diabo provocam, quanto
mais ao mundo e às pessoas perdidas.
Jó provocou Satanás, ou seja, a vida de Jó chamou a atenção de Satanás! O Diabo quis a vida de
Pedro e Jesus disse que o Diabo queria cirandá-lo.
Se Satanás não farejar em nós o sangue de Cristo, ele não terá nenhuma razão de nos atacar
para ROUBAR, MATAR E DESTRUIR!
Agora tudo ficou claro!
O texto bíblico agora faz sentido!
Sabemos agora a importância e urgência de sairmos pelos quatro cantos da terra levando a vida
abundante que temos em Cristo para que os povos que Deus ama e quer salvar tenham a
aplicação de João 10:10 em suas vidas. Enquanto João 10:10 não se aplicar a estas pessoas
significa que elas continuam servindo ao Ladrão. O texto de João 10:10 nunca se tornará uma
realidade em suas vidas.
Está claro pra você?
Vida abundante é sinônimo de ser alvo do Ladrão!
Satanás quer roubar Cristo, matar Cristo e destruir Cristo!

36
Nós somos atacados por tabela! Por estarmos envolvidos com o Cristo de Deus! Quanto mais
vida em abundância tivermos neste Cristo mais alvos e alvejados seremos! Cristo disse que
quando sofrêssemos e fossemos perseguidos não eram a nós que estavam fazendo, mas sim a
Ele. (Lucas 21:12-19; João 15:20).
Gente, você ainda não está entendendo! Este texto de João 10:10 está querendo ensinar a todos
nós, cristãos, gente do reino de Deus que nós não somos nada e não valemos nada, pois até
quando somos alvos de Satanás, só o somos por causa de Cristo, pois é Cristo em nós que
provoca ou chama a atenção de Satanás para nós.
Uau! E tem um bando de cristãos se achando a última bolacha do pacote! Tem Cristão que pensa
que é tão santo e tão poderoso que o Diabo vive atrás dele porque ele é muito importante no reino
de Deus. Cara, pensa um pouco!
Você só serve ao Diabo se Cristo estiver na sua vida! E, isso, quando você desaparece
totalmente em Cristo para que Cristo produza vida em abundância na sua vida! Somente assim,
Satanás pedirá permissão ao Pai para tentar ou intentar algo contra sua vida! Entendeu agora?
Meu irmão você não vale nada pro Diabo antes de Cristo, e você pode continuar não valendo
nada pro Diabo depois de Cristo na sua vida, se você não morrer em Cristo! Somente depois de
morrer em Cristo e deixar Cristo, por meio do Espírito Santo, reinar totalmente e integralmente em
sua vida, é que assim o Diabo virá para ROUBAR, MATAR E DESTRUIR o Cristo que há em
abundância em sua vida!
Cristo é a razão de significarmos algo para Satanás!
Sem Cristo, estamos mortos em nossos delitos e pecados e, portanto, já não significamos nada
para o Diabo.
Com Cristo em nossas vidas, e tendo a vida em abundância com Ele, é que, somente assim,
passamos a significar alguma ameaça a Satanás.
Cristo é a razão da nossa significação para o mundo espiritual das trevas, para o mundo espiritual
do reino do filho do amor de Deus, e para o mudo dos homens e para a terra dos viventes.
Sem Cristo, não servimos para nada em nenhuma dimensão, seja espiritual ou material. Cristo é o
único que nos faz aparecer nos mundos!
E tem gente que ainda pensa que é alguém ou alguma coisa neste mundo e no porvir sem Cristo!
Espero em Deus que você tenha aprendido de uma vez para sempre o que você significa para
Cristo!
Espero em Deus que você também tenha entendido de uma vez para sempre o que é e o que
significa a vida de uma pessoa sem Cristo!
Uma pessoa sem Cristo, nem Satanás deseja roubá-la, matá-la ou destruí-la, porque ela está no
reino dele, e ele não pode roubar a si mesmo, matar a si mesmo e nem destruir a si mesmo. Cabe
a nós a MISSÃO de transportá-las do império das trevas e do esquecimento para o reino da luz
em Cristo Jesus, para que possam significar algo para Cristo, para Satanás e para os mundos dos
homens e dos espíritos.
Perceberam a importância e a relevância da obra missionária? Pode a obra missionária ser
tratada com tanto descaso pelos cristãos e pela igreja hodierna?
Que Deus nos ajude.

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LEITURA 4

Significado de Logos:
O Logos (em grego, palavra), no grego, significava inicialmente a palavra escrita ou falada -- o
Verbo. Mas a partir de filósofos gregos como Heráclito passou a ter um significado mais
amplo. Logos passa a ser um conceito filosófico traduzido como razão, tanto como a capacidade
de racionalização individual ou como um princípio cósmico da Ordem e da Beleza.
Logos é uma palavra grega, com diversos significados: palavra, discurso, matéria, razão, motivo,
o falar, etc. O significado, portanto, depende muito do contexto em que o vocábulo é usado. O
correspondente, em hebraico, é dabar
Na Bíblia o livro que, por excelência, exalta essa termo grego é o Evangelho de João. Para o
evangelista, Jesus é a Palavra personificada. O seu Evangelho proclama que a Palavra (logos)
divina tomou forma humana numa pessoa histórica, isto é, em Jesus.
Logos e Rhema
—Em grego, o idioma em que se escreveu o Novo Testamento, existem dois vocábulos que se
traduziram como “palavra”. Um é ‘logos’, e o outro é ‘rhema’. Embora o significado geral é
“palavra”, em grego os dois vocábulos mencionados têm matizes diferentes, que no português
não se reflete.
—‘Logos’ é a Palavra de Deus que foi dita uma vez. ‘Rhema‘ é a Palavra que foi dita pela
segunda vez. A Bíblia inteira é a Palavra (logos) de Deus. É o que Deus já falou na história, é a
palavra de verdade, uma revelação completa, cabal, da vontade de Deus para o homem.
—Mas a Bíblia não é a ‘rhema’ de Deus, porque a ‘rhema‘ é o que Deus nos fala pela segunda
vez, por meio do Espírito Santo, em forma específica ao nosso coração. O ‘logos’ é a Palavra
objetiva; ao contrário a ‘rhema’ é a Palavra subjetiva. Quando María recebeu a visita do anjo, lhe
trouxe a ‘rhema’ de Deus. Por isso María pôde dizer: “Faça-se comigo conforme a sua
palavra” (‘rhema’) (Lc. 1:38). Deus tinha falado a ela especificamente.
—A ‘rhema’ de Deus não é independente do ‘logos’, pois se apoia nele. Quando Deus nos fala de
maneira específica, o Espírito Santo usará o ‘logos’ para fazê-lo, e o fará aplicando-o à nossa
situação presente. Um fragmento do ‘logos’ se transformará em ‘rhema’ para nós, e suprirá nossa
necessidade. Quando o Senhor respondeu a Satanás no deserto disse: “Não só de pão viverá o
homem, mas também de toda palavra(‘rhema’) que sai da boca de Deus” (MT. 4:4). O Senhor
tinha recebido a ‘rhema’ de Deus, esse era seu alimento, portanto não precisava converter as
pedras em pão.
—São as ‘rhemas’ de Deus os que nos alentam, exortam-nos, edificam-nos. São as respostas de
Deus, procedentes de sua Palavra, que nos enchem o coração de certeza, gozo e paz.
—Como a igreja é purificada hoje das impurezas do mundo? “Pela lavagem da água pela
palavra” (‘rhema’) (Ef.5:26). Que importante é! Quanto necessitamos das ‘rhemas’ de Deus!
—Agora, como obter estes ‘rhemas’? Primeiro, devemos estar muito familiarizados com o ‘logos’.
Temos que encher nossa mente e nosso coração com a Bíblia; assim, o Espírito Santo terá muito
o que lançar mão para nos falar em situações determinadas. O Espírito Santo tomará a letra da
Palavra (o ‘logos’) e a transformará em espírito, pois a Palavra (a ‘rhema’) é espírito e vida, é a
Palavra viva de Deus.
—Se nos abrirmos a Palavra de Deus (o ‘logos’), para que abunde em nosso coração, as rhemas
abundarão também em nossa vida, e assim a Palavra de Deus paulatinamente se irá encarnando
em nós. Quer dizer, iremos sendo transformados na mesma imagem de nosso Senhor Jesus
Cristo. Para concluir a “rhema” é a revelação dada pelo Espírito Santo de Deus; àquilo que
transcende a Palavra escrita.

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