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Introdução
A coleta seletiva é um dos braços do eixo de resíduos sólidos, que faz parte dos
quatros eixos do saneamento básico: água, esgoto, resíduos e drenagem. O poder
público é titular do serviço de coletas de resíduos reciclagem assim como coletas de
resíduos orgânicos domiciliares, sendo o titular dos serviços ele pode delegar para
terceiros a prestação de serviços, sendo assim, a prefeitura de Londrina e a CMTU -
Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina fecha contrato com 7
cooperativas de reciclagem, no formato de uma terceirização da coleta.
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Bolsista IC/CNPq e discente do Curso de Geografia/UEL – Bacharelado.
a sua disciplina mediante convênios, termos de parceria ou outros instrumentos de
natureza precária.
A própria lei estabelece que preferencialmente tem que ser firmado o contrato
com associação ou então cooperativas que já realizam este tipo de trabalhos, formadas
exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público
como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com
as normas técnicas, ambientais e de saúde pública, priorizando pessoas que já tenham
um histórico de trabalho com resíduos recicláveis, por uma questão social.
Até 2010 o Poder Público era responsável pelo papel de fiscalizar e controlar os
diversos agentes envolvidos na geração e coleta dos resíduos sólidos, ele ditava as
regras e arcava com os custos com a reciclagem, coleta e destinação dos resíduos.
Porém, com o aumento de problemas com resíduos e falta de resolução destes acarretou
na criação da Lei Federal brasileira nº 12.305/2010, onde algumas mudanças
aconteceram com o propósito de descentralizar o poder da iniciativa pública.
Metodologia
A CMTU paga 1,46 por domicílio no setor que a cooperativa foi responsável
para fazer a coleta destes resíduos, para pagar principalmente o custo do
motorista, o coletor e o caminhão, a CMTU paga também 46 centavos por
domicílio para aluguel de barracão e algum custo administrativo ou outro. O
número de domicílio por setor já foi estabelecido no contrato, então cada
cooperativa já tem um valor que recebe pré estabelecido. Em algumas
cooperativas acontece o caso do triador trabalhar o mês inteiro... Esse valor
que a CMTU paga é para pagar principalmente as coletas na rua, para que o
caminhão passar e fazer a coleta e levar pro barracão, então a CMTU paga a
coleta o aluguel do barracão e o INSS do cooperado (mais ou menos 100 reais
por cooperado) e o valor que cada cooperado ganha no final do mês advém só
do valor que é comercializado do resíduo no final do mês. Então por exemplo, a
cooperativa coleta e ala tria o resíduo que tem valor agregador que ela
consegue vender, e o valor recebido da venda ele tem que ser rateado por todos
os cooperados. A CMTU não consegue dar muito apoio técnico pq o trabalho
dela é fiscalizar os serviços, então não conseguimos participar da
administração dentro das cooperativas. E a cooperativa precisa de apoio
técnico, administrativo, jurídico, contábil, ambiental... A cooperativa é
hierarquicamente igual, portanto toda e qualquer mudança que acontece lá
deve ser feita mediante a uma assembleia geral onde todos votam, e assim
implementam essa mudança, mas o que acontece é que nem todas as
cooperativas faz as mudanças desta maneira, apenas as cooperativas maiores.
Às vezes o presidente delibera alguma coisa, e o funcionário não tem estudo ou
conhecimento e se sente como um funcionário... E às vezes os próprios
funcionários não querem ser presidente por se sentirem incapazes. Uma das
coisas que acontece é que as cooperativas coleta os recicláveis, porém, muitas
vezes não tem só recicláveis, ele tem rejeito também, muitas vezes vem orgânico
que é considerado rejeito, pq não tem valor agregado, ou o peso é muito
pequeno, e é necessário um volume gigante para conseguir vender, que as
cooperativas coletam estes rejeitos e destinam para a Kurika no aterro daí eles
não pagam por esse serviço, só descartam, então as cooperativas juntam
também estes rejeitos e uma vez por semana a Kurika passa lá e pega sem custo
para cooperativa”
“Os veículos das coletas tem uma séria de requisitos que devem estar em dia
para realizar os serviços, como por exemplo, os pneus carecas, a obrigação de
um corrimão atrás para segurar, um monte de requisito que deve ser cumprido.
Em relação a isso, muitas vezes eles acabam pecando, neste caso os fiscais
devem notificar, eles tem um prazo para defesa, e caso a defesa não seja
acolhida pelo diretor eles recebem um multa, e essa multa é descontada do
valor que eles recebem mensalmente, então cada requisito desses que estiverem
fora do padrão é um porcentual a menos no final do mês.. Acontece com certa
frequência essas multas. E a CMTU não pode emitir muita notificação porque
se não quebram eles e as cooperativas não conseguem dar conta.”
O valor que cada cooperado ganha no final do mês advém do valor que é
comercializado dos resíduos no final do mês. A cooperativa coleta e faz a triagem destes
resíduos de valor agregado que consegue ser vendidos, e o valor recebido da venda é
rateado por todos os cooperados. O IPEA (2012a) aponta que a renda média dos
catadores podem ficar abaixo de um salário mínimo em diferentes localidades, no
contexto de Londrina, entre 2014 à 2017, a renda média variou entre as diferentes
cooperativas, registrando médias salariais abaixo do salário mínimo, a cooperativa mais
estruturada da cidade é a que garante os melhores salários (LONDRINA, 2018).
Para minimizar custo para as cooperativas uma das ideias pensadas pela
CMTU é fazer com que cada cooperativa atue mais próximo ao seu barracão, embora
haja uma resistência por parte das cooperativas por não querer abrir mão de uma região
para ir para outra região próxima ao barracão. É difícil até de mudar o dia da coleta,
pois já tem uma vivência, tanto para as cooperativas quanto aos catadores.
Além disso muitos dos coletores informais passam nos domicílios antes das
cooperativas e recolhem os resíduos sólidos, consequentemente as cooperativas ficam
sem o material da coleta. A falta de resíduos para serem coletados pelas cooperativas
ocasiona a redução de renda para as cooperativas, que causa um descontentamento por
falta de verba e influência na opção pelo trabalho de coletor informal.
Umas das propostas que vem sendo pensada é tentar inserir estes informais em
uma associação de catadores, assim, cada associado entraria como MEI
(Microempreendedor Informal), também seria mantido as cooperativas e em
consonância com isso teria um barracão para esses associados. Dessa forma, é possível
não gerar tanto passivo trabalhista para a associação, como é gerado para as
cooperativas, o que poderia respingar na CMTU, portanto, facilitaria o trabalho destes
coletores sendo mais fácil de gerenciar.
Os cooperados são hierarquicamente iguais, portanto, toda e qualquer mudança
que acontece na cooperativa deve ser feita mediante a uma assembleia geral, na qual
todos votam, e assim implementam essa mudança. O problema é que nem todas as
cooperativas fazem as mudanças desta maneira, em alguns casos o presidente delibera
algum decreto e o funcionário que não possui estudo se sente apenas no seu papel de
funcionário de obedecer às normas propostas. Estes mesmos funcionários podem
assumir o cargo de presidente, mas isso não acontece por se sentirem incapazes.
Considerações Finais
Conclui-se que alguns dos problemas existentes em partes é pela má gestão das
cooperativas, uma vez que a CMTU não pode participar de forma mais contundente,
porque o seu papel é apenas fiscalizar, ela não pode interferir nas áreas administrativas,
jurídicas, contábil, financeira e ambiental, ela só orienta e estabelece requisitos.
Nota-se que para que a lei estabelecida pela PNRS cumpra suas propostas e
regras é necessário que o Poder Público trabalhe junto das cooperativas destinando a
elas um amparo, seja pensando em novas propostas na distribuição das verbas e
principalmente na dinâmica de atuação das cooperativas, pois devido ao aumento dos
catadores informais e os problemas citados no trabalho, é indissociável esperar uma
auto suficiência completa dos catadores e das cooperativas na atual situação do
município.
Portanto, é necessário novas propostas para que de fato haja uma inclusão
social dos catadores tantos os das cooperativas como os informais para além de atender
as propostas da PNRS, atender também a demanda de resíduos sólidos do município.
Referências bibliográficas
BAPTISTA, Vinícius Ferreira. Por uma política pública e não um simples instrumento
de gestão de política: a coleta seletiva na visão vazia da Política Nacional de Resíduos
Sólidos. Plurimus Cultura e Desenvolvimento em Revista, v. 4, p. 50-70, 2015.
BESEN, Gina Rizpah. Coleta seletiva com inclusão de catadores: construção
participativa de indicadores e índices de sustentabilidade. São Paulo: Faculdade de
Saúde Pública da USP, 2011.