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Estudo Prospectivo Setorial

Automotivo
Relatório Final
Automotivo

Relatório Final

Brasília
Dezembro, 2009
República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior


Miguel Jorge
Ministro

Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)


Reginaldo Braga Arcuri
Presidente

Clayton Campanhola
Diretor

Maria Luisa Campos Machado Leal


Diretora

Samy Kopit Moscovitch


Líder de Projeto

ii
Colaboradores do Estudo

Adriano Duarte (MCT); Ali El Hage (Sindipeças); Antonio Nues Jr (ABVE); Antônio Sérgio Martins
Mello (FIAT); Aurélio Santana (ANFAVEA); Adenides Esteves de Matos (Usiparts S/A Sistemas
Automotivos); Alencar Silva (Plascar); Arnaldo Guido (Sindipeças); Besaliel Botelho (BOSCH);
Caio Moraes (Press Consultoria); Carla Fontana (Informativo FIEP/CNI – IEL); Carlos Alberto
Pereira (DHB); Carlos Augusto Moraes (CGEE); Celso Aragachoy (MWM Motores); Ceres
Cavalcanti (CGEE); Cláudia Banús (ANFAVEA); Cláudio Borges (APEX); Cláudio Vaz
(Sindipeças); Dan Ioschpe (Ioschpe); Darin Kim (autor foto capa EPS-Automotivo); Dario Sassi
Thober (Inst. VonBraun); Decio del Debbio (Daimler); Demétrio Filho (CGEE); Dib Karam
(VSESA); Elaine Michon (CGEE-Eventos); Elso Alberti (vsesa); Elyas Medeiros (CGEE); Eude
Oliveira (FORD); Fabián Yaksic (ABINEE); Fabio Braga (SAE Brasil); Flavia Consoni (UNICAMP);
Flávio Campos (DELPHI); Flavio Gussoni (Magneti Marelli); Francisco Emilio Baccaro Nigro
(IPT/SP); Francisco Galvão (EMBRAER); George Rugitsky (SINDIPEÇAS); Giancarlo Mandelli
(DHB); Gilmar do Amaral (ABIPLAST); Hilton Spiler (BOSCH); Igor Carneiro (CGEE); Jayme
Buarque de Holanda (INEE); João Alecrim Pereira (FORD); João Catapani Neto (Keko Acessórios
S/A.); João Filho (FORD); José Antônio Silvério (MCT); José Carlos Pacovski (Formtap Indústria e
Comércio S/A); José Farat (Embraer); José Luiz Albertin (SAE-Brasil); José Parro (AEA); Kleber
Alcanfor (CGEE – Consultas); Lélio Filho (CGEE); Leo Katsumoto (IVM-Automotive); Leonildo
Bernardon (Controil Freios); Lilia Miranda (CGEE); Lilian Brandão (CGEE); Luc de Ferran (Luc de
Ferran Consultoria); Luis Cassinelli (Braskem); Luís Fernando Figueira da Silva (PUC-RIO); Luis
Paulo Bresciani (ABDI); Luiz Carlos Mandelli (DHB); Luiz Carlos Peluzzo (Visteon Automotive
System); Luiz Carlos Pereira (SINDIPEÇAS); Magda Correa Moreira (MDIC); Marcelo Borja
(FIAT); Marcelo Debien (PST Eletronics S/A); Marcelo Martin (VW); Marcelo Poppe (CGEE);
Marcelo Ribeiro (Sindipeças); Marcelo Rodrigues Soares (CPFL); Marcia Tupinambá (CGEE –
Informação); Marco Hochreiter (Motor Press Brasil); Maria de Fátima Rosolem (CPQD); Mario
Farah (SAE Brasil); Mario Sérgio Salerno (USP); Mauro Ribeiro Júnior (Inst. VonBraun); Mauro
Simões (VW); Max Mauro Dias Santos (VOLVO); Mayra Oliveira (CGEE); Merheg Cachum
(ABIPLAST); Miriam Machado Zitz (SEBRAE); Monika von Stabel (Oliver Wyman Consulting
Gmbh); Orlando da Mota Pavan (Sabó Indústria e Comércio de Autopeças Ltda.); Orlando Strambi
(USP); Osmar Rodrigues (UNESP); Patricio Rodolfo Impinnisi (LACTEC); Paulo Braga
(Automotive Business); Paulo Cardamone (CSM Automotive); Paulo Cesar Amaral Maluf (Metalpó
Indústria e Comércio Ltda.); Paulo Cicconi (Mangels Indústria e Comércio Ltda.); Paulo Emilio
Dias Varante (Fras-Le S/A); Paulo Fernando Isabel dos Reis (PETROBRAS); Paulo Sérgio Coelho
Bedran (MDIC); Paulo Sotero (ANFAVEA); Paulo Varante (FRAS-LE); Paulo Zawislak (UFRGS);
Priscilla Matos (CGEE); Raul Fernando Beck (CPQD); Raul Sturari (Instituto Sagres); Reinaldo
Dias Ferraz de Souza (MCT); Renato Romio (Instituto Mauá de Tecnologia); Ricardo Muneratto
(FORD); Richard Sabah (APEX); Ricardo Takahira (Magneti Marelli); Rogelio Golfarb (FORD);
Rogerio Vollet (GM); Rosana Pauluci (CGEE); Rosilene Silva (Sindipeças); Rodrigo Teixeira
(CNI); Rodrigo Vilela Cecílio (Sabó Indústria e Comércio de Autopeças Ltda.); Rudolf Buhler (IBS);
Sebastião Cardoso (VSESA); Tadeu Cavalcante C. de Melo (PETROBRAS); Thales Lobo
Peçanha (Combustol); Thor Windbergs (BOSCH); Tiago Ferreira (BNDES); Tulio Coletto
(BOSCH); Valter Pieracciani (Pieracciani); Vinícius Romualdo (CGEE); Vinícius Romero
(AUTODATA); Virgilio Cerutti (Magneti Marelli); Willian Mufarej (Sindipeças).

iii
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... 3


LISTA DE QUADROS .................................................................................................... 5
LISTA DE SIGLAS ......................................................................................................... 6
SUMÁRIO EXECUTIVO ................................................................................................. 8

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16

2. PERCEPÇÃO DE LIDERANÇAS DO SETOR ...................................................... 18

3. TENDÊNCIAS DO SETOR AUTOMOTIVO .......................................................... 23

4. CENÁRIOS FUTUROS (2022 e 2034) .................................................................. 33


4.1 Cenário 1 – Brasil Importador ........................................................................ 35
4.2 Cenário 2 – Dinâmico como Sempre.............................................................. 39
4.3 Cenário 3 – Entre os Líderes .......................................................................... 42

5. OPORTUNIDADES DO SETOR ........................................................................... 46


5.1 Novos Materiais ............................................................................................... 47
5.2 Eletrônica Integrada......................................................................................... 47
5.3 Produção Limpa ............................................................................................... 48
5.4 Tecnologias de Redução de Peso e Tamanho ............................................... 48
5.5 Tecnologias de Propulsão Híbridas / Elétrica / Alternativas ......................... 49

6. PRIORIZAÇÃO DAS OPORTUNIDADES TECNOLÓGICAS ............................... 50

7. MAPA TECNOLÓGICO ........................................................................................ 52


7.1 Detalhamento Tecnológico ............................................................................ 52
7.2 Veículos a Combustão .................................................................................... 57
7.3 Veículos Elétricos ........................................................................................... 64
7.4 Priorização das Linhas Tecnológicas............................................................ 72

8. MAPA ESTRATÉGICO......................................................................................... 78
8.1 Análise SWOT ................................................................................................. 78
8.2 Visão de Futuro ............................................................................................... 84
8.3 Objetivos e Ações Estratégicas ..................................................................... 86

1
9. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................... 93

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 97

Apêndice I – Entidades e Membros do Comitê Gestor ............................................ 98


Apêndice II – Relatório da Pesquisa Percepção de Lideranças ............................ 100
Apêndice III – Ferramenta da consulta eletrônica e resultados da
Pesquisa Avaliação do Grau de Relevância das
Tendências ......................................................................................... 111
Apêndice IV – Participantes da 1ª Oficina – Identificação de
Oportunidades ............................................................................. 116
Apêndice V – Timeline História do Futuro do Setor ............................................... 117
Apêndice VI – Ferramenta de Consulta e Resultados da Análise de
Cenários ....................................................................................... 118
Apêndice VII – Participantes da 2ª Oficina – Mapa Tecnológico ........................... 131
Apêndice VIII – Ferramenta da Pesquisa sobre as Linhas Tecnológicas ............. 132
Apêndice IX – Participantes da 3ª Oficina – Mapa Estratégico.............................. 136
Apêndice X – Histórico de Eventos do Estudo Prospectivo .................................. 137

2
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Etapas e produtos desenvolvidos no Estudo Prospectivo do


Setor Automotivo. ..................................................................................... 17

Figura 2 – Influência das tendências em um dado setor. ........................................ 23

Figura 3 – Variáveis e suas alterações na elaboração dos Cenários em 2022


e 2034. ........................................................................................................ 34

Figura 4 – Mapa Tecnológico – Veículos a Combustão. .......................................... 55

Figura 5 – Mapa Tecnológico – Veículos Elétricos................................................... 56

Figura 6 – Ilustração transversal do motor à combustão. ....................................... 58

Figura 7 – Cana de açúcar tropical voltada para a produção de combustível. ...... 59

Figura 8 – Carros da Fórmula 1 já utilizam a tecnologia KERS. .............................. 61

Figura 9 – Carro conceito, Concurso de Design da Volkswagen 2002. Autor:


Carlos Cananéia, UNESP-Bauru ........................................................................... 63

Figura 10 – Aplicação de interfaces veículo-rede elétrica. ...................................... 67

Figura 11 – Ilustração do veículo híbrido, apresentando o motor elétrico,


gerador, bateria e tanque de combustível a petróleo. ............................ 69

Figura 12 – Ilustração da roda elétrica. ..................................................................... 70

Figura 13 – Ilustração do conceito de Smart Grip. ................................................... 71

Figura 14 – Matriz de Priorização de Linhas Tecnológicas de Propulsão –


Veículos a Combustão. ............................................................................. 74

Figura 15 – Matriz de Priorização de Linhas Tecnológicas de Propulsão –


Veículos Elétricos...................................................................................... 75

Figura 16 – Matriz SWOT. ........................................................................................... 79

Figura 17 – Mapa Estratégico – Desenvolvimento da Propulsão para


Veículos a Combustão. ............................................................................. 87

Figura 18 – Rotas Estratégicas nas dimensões de Mercado, Investimento e


Infraestrutura Político-Institucional para o Desenvolvimento da
Propulsão para Veículos a Combustão.................................................... 88

Figura 19 – Rotas Estratégicas nas dimensões de Tecnologia, Talentos e


Infraestrutura Física para o Desenvolvimento da Propulsão para
Veículos a Combustão. ............................................................................. 89

Figura 20 – Mapa Estratégico – Desenvolvimento da Propulsão para


Veículos Elétricos...................................................................................... 90

3
Figura 21 – Rotas Estratégicas nas dimensões de Mercado, Investimento e
Infraestrutura Político-Institucional para o Desenvolvimento da
Propulsão para Veículos Elétricos. .......................................................... 91

Figura 22 – Rotas Estratégicas nas dimensões de Tecnologia, Talentos e


Infraestrutura Física para o Desenvolvimento da Propulsão para
Veículos Elétricos...................................................................................... 92

4
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Variáveis e suas alterações nos Cenários de 2022 e 2034. ........................ 35

Quadro 2 – Variáveis e suas alterações nos Cenários de 2022 e 2034. ........................ 39

Quadro 3 – Variáveis e suas alterações nos Cenários de 2022 e 2034. ........................ 42

Quadro 4 – Priorização de Linhas Tecnológicas de Propulsão – Veículos a


Combustão....................................................................................................... 76

Quadro 5 – Priorização de Linhas Tecnológicas de Propulsão – Veículos


Elétricos. .......................................................................................................... 77

Quadro 6 –Descrição das Dimensões da matriz SWOT. ................................................ 80

Quadro 7 – Análise SWOT – Motores à Combustão (entre parêntesis, no


final de cada característica SWOT, encontra-se a dimensão mais
relacionada a ela, segundo a definição do quadro 6). .................................. 82

Quadro 8 – Análise SWOT – Motores Elétricos (entre parêntesis, no final de


cada característica SWOT, encontra-se a dimensão mais
relacionada a ela, segundo a definição do quadro 6). .................................. 83

5
LISTA DE SIGLAS

ABVE Associação Brasileira do Veículo Elétrico


ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
AEA Associação Brasileira de Engenharia Automotiva
ANFAVEA Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores
APEX Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CGEE Centro de Gestão e Estudos Estratégicos
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CPFL Companhia Paulista de Força e Luz
CPqD Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações
ECE Economic Commission for Europe
EMTU Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos
EUA Estados Unidos da América
Finame Financiamento de Máquinas e Equipamentos
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
FOB Free on Board
GEF Global Environment Facility
GEIA Grupo Executivo da Indústria Automotiva
GM General Motors
GNV Gás Natural Veicular
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços
II Imposto sobre Importação
IMP Importação
INEE Instituto Nacional de Eficiência Energética
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas
IQA Instituto de Qualidade Automotiva
ISO International Organization for Standardization
JIS Just in Sequence
LACTEC Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento

6
MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MERCOSUL Mercado Comum do Sul
MP Medida Provisória
NCM Nomenclatura Comum do MERCOSUL
NHTSA National Highway Traffic Safety Agency
OEM Original Equipment Manufacturer
OICA Organisation Internationale des Constructeurs d’Automobiles
OMC Organização Mundial do Comércio
ONU Organização das Nações Unidas
OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PAAPE Programa de Apoio a Pesquisa em Empresas
PBT Peso Bruto Total
PDP Política de Desenvolvimento Produtivo
PIA Pesquisa Industrial Anual
PIB Produto Interno Bruto
Pintec Pesquisa de Inovação Tecnológica
PIS Programa de Integração Social
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PROCONVE Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores
RAIS Relação Anual de Informações Sociais
RENAVAM Registro Nacional de Veículos Automotores
SAE-Brasil Society of Automotive Engineers – Seção Brasil
SECEX Secretaria do Comércio Exterior
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDIPEÇAS Sind. Nacional da Ind. de Componentes para Veículos Automotores
SUV Sport Utility Vehicle
TNC Empresas Transnacionais
TPS Toyota Production System
TRIM Trade Related Investment Measures
UNECE United Nations Economic Commission for Europe
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
USP Universidade de São Paulo

7
SUMÁRIO EXECUTIVO

Este documento tem como objetivo principal apresentar o Estudo


Prospectivo Setorial – EPS para o setor Automotivo, encomendado pela Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) junto ao Centro de Gestão e
Estudos Estratégicos (CGEE).

A indústria automotiva é uma das mais internacionalizadas cadeias


produtivas que se conhece e o Brasil tem ganho, nos últimos anos, uma
relevância gradativa neste setor, seja pelo potencial de seu mercado, seja por
uma competência tecnológica que pode ser considerada a maior entre os países
que não possuem montadoras nacionais de porte. Ocorre, porém, que a ameaça
representada pela indústria chinesa, coreana e de países do leste europeu – por
exemplo, obriga o país a pensar em estratégias e ações que reposicione o setor
automotivo tanto nos aspectos ligados diretamente à produção como no que diz
respeito à ampliação da capacidade de projetar produtos e sistemas com
condições de se impor nos mercados de produtos voltados para as condições
brasileiras e aqueles semelhantes à nossa.

O presente documento parte de um diagnóstico do setor automotivo que


contempla uma análise detalhada sobre os fatores que condicionam sua estrutura
industrial, bem como a dinâmica competitiva e inovadora dos agentes produtivos
que integram a cadeia automotiva no Brasil e no mundo. O estudo busca sinalizar
tendências e questões relevantes para a formulação de estratégias com vistas ao
aumento da competitividade do setor para os próximos 25 anos.

Em função do porte e da complexidade da cadeia automotiva brasileira, e


tendo em vista os resultados do diagnóstico inicialmente desenvolvido pela
equipe do CGEE no Panorama Setorial, as empresas brasileiras de autopeças
foram escolhidas como foco principal da discussão sobre objetivos e ações
estratégicas para o setor. Pelo fato das empresas de autopeças concentrarem-se
nos elos finais da cadeia e serem, em grande parte, dependentes das estratégias
globais e regionais definidas pelas grandes montadoras e sistemistas que atuam
no país, as inter-relações entre estas e as autopeças nacionais não foi de forma

8
alguma relegada a um segundo plano, sendo consideradas durante todo o
transcorrer dos trabalhos.

O setor de autopeças no Brasil tem um parque de 650 empresas na base


do Sindipeças 1, distribuídas em 11 dos 26 estados brasileiros. Tem faturamento
da ordem de US$ 36 bilhões (2007) e emprega 217 mil pessoas. No ano de 2007
exportou US$ 9,1 bilhões e importou US$ 9.2 bilhões. Representa cerca de 5%
do PIB industrial do país. Atende majoritariamente às montadoras (63,4% do
faturamento), seguido pelo mercado de reposição (12,5%) e exportação (16,5%).

A partir dos anos 90, com a reestruturação produtiva ocorrida no setor


automotivo, houve a entrada de novos players estrangeiros, com a instalação de
novas empresas no país ou com a aquisição total ou de parte do capital de
empresas aqui já instaladas. Como resultado, em 2007, 57,6% das empresas
possuíam capital nacional; já em 1997 esse número era de 69,1%. Em relação ao
faturamento, 85,3% pertence a empresas com capital 100% ou majoritariamente
estrangeiro, o que mostra como neste setor tem crescido a importância das
empresas multinacionais.

Em linhas gerais, o desenvolvimento deste estudo envolve três etapas


complementares que inclui: i) a elaboração de um Panorama do Setor
Automotivo; ii) a identificação de tendências, cenários futuros e oportunidades; e
iii) a definição de mapas tecnológicos e estratégicos, que devem pautar a adoção
de ações de políticas públicas para aumentar a competitividade global do setor.
Todas as etapas do trabalho foram validadas por um grupo denominado Comitê
Gestor, composto por diversos membros governamentais, empresariais e
entidades de classe (Apêndice I).

No que diz respeito ao Panorama Setorial, segue um resumo dos itens


apresentados em detalhe a seguir:

 O item Introdução faz um retrospecto da indústria automotiva brasileira


vis a vis o cenário mundial, enfatizando os principais movimentos de
mudança da estrutura de mercado e produção ocorridos desde os seus

1 1
De acordo com a Pesquisa Industrial Anual (PIA), realizada pelo IBGE, m 2005, as
autopeças somavam 2.651 unidades locais (ULs) no Brasil e empregavam 260.766 pessoas.

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primórdios, no início do século passado. Na seqüência é feita uma
retrospectiva das modificações nas relações de fornecimento ocorridas
a partir dos anos 90 no Brasil, década marcada pela entrada maciça de
investimentos em novas plantas e novos players e pela introdução –
principalmente nestas plantas – de arranjos produtivos inéditos em
nível global, caso do consórcio modular da planta da Volkswagen em
Resende, RJ.

 O item Investimentos procura analisar a dimensão financeira da


inovação, incluindo; investimento em P&D, qualidade e o volume de
investimentos realizados pelas principais empresas do setor. Em
particular, investimentos em aquisições e fusões são citados e
comentados, a partir da constatação de que o processo de redução do
número dos principais players do setor ainda está em curso e, com o
advento da recente crise financeira de 2008, tende a se intensificar
ainda mais. A tendência de se terceirizar processos é uma das
respostas das empresas no sentido de reduzir a necessidade de
maiores investimentos em determinados processos; estas iniciativas –
por outro lado – não são isentas de novos riscos; por exemplo,
questiona-se hoje até que ponto as principais fornecedoras das
montadoras poderão se tornar elas mesmas montadoras e líderes da
cadeia no futuro, uma vez que crescentemente influenciam decisões
chave os processos de inovação de produtos lançados pelas
montadoras.

 No item Infraestrutura político-institucional são brevemente descritas e


comentadas as iniciativas de política industrial relacionadas ao setor
automotivo brasileiro. Em particular são abordadas a Política de
Desenvolvimento Produtivo (PDP), lançada em 2008, a Lei da Inovação
e a Lei do Bem decretadas pelo atual governo entre 2004 e 2005, bem
como iniciativas específicas para o setor, caso de uma linha de
financiamento do BNDES voltada para atividades e recursos físicos
ligados à engenharia de novos produtos. Também são apresentados os

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marcos regulatórios (técnicos e comerciais) do setor, bem como as
estruturas para cooperação entre os principais atores da inovação.

 O item 5 reserva espaço para a discussão da questão tecnológica do


setor. Aqui optou-se por fazer uma discussão que julga-se fundamental:
quais são os fatores que poderão atrair para o país um volume e
principalmente uma qualidade maior de atividades de engenharia de
novos produtos? Quais elementos são necessários para o processo do
desenvolvimento tecnológico, que inclui: pesquisa e desenvolvimento,
aquisição e transferência de tecnologias-chave para aplicação
comercial? O pressuposto é que o Brasil é um dos países que, embora
não sedie empresas líderes em nível global no setor apresenta uma
razoável competência tecnológica que, caso possa ser desenvolvida
em maior escala, traria benefícios importantes não só campo
tecnológico como também no que se refere a aumento do fornecimento
de produtos e sistemas a partir do tecido industrial local, com
conseqüência altamente favorável do ponto de vista macroeconômica e
social. O conceito de sede de projeto é apresentado e discutido para
reforçar a conclusão acima. Este item ainda é alvo de uma discussão
que envolve fortemente a questão tecnológica, a necessidade de
investimentos e o futuro das inovações do setor: a sustentabilidade
ambiental.

 Para Talentos faz-se uma retrospectiva analítica do perfil profissional e


do aparelho formador de recursos humanos voltados para o setor
automotivo. Aborda-se a questão da engenharia em particular, um dos
pontos que - para muitos especialistas – configura-se atualmente como
um gargalo do setor, não só no Brasil, mas em nível mundial. Procura-
se também citar e comentar sobre os cursos de capacitação e
especialização existentes no setor, bem como sobre as instituições
chave neste campo.

 O item Infraestrutura física para inovação aborda e analisa estruturas


físicas que apóiam os inovadores, incluindo redes de informação,
transporte, saúde, energia, os laboratórios e a sua relação com as

11
empresas do setor (contratos, serviços, interações em geral),
particularmente no que se refere aos processos de inovação que
ocorrem nas empresas. Como o Brasil não sedia matrizes de empresas
do setor, parte significativa da pesquisa não é feita no país; no entanto
há atividades de desenvolvimento que de fato já ocorrem em empresas
aqui instaladas e, desta forma, há espaço para maior desenvolvimento
da infraestrutura física voltada para a inovação.

A partir da discussão dos resultados do Panorama do Setor Automotivo, a


ABDI, em conjunto com o CGEE, houve por bem focar o segmento das
empresas brasileiras de autopeças. Desta forma, tanto a discussão das
perspectivas do setor bem como a elaboração dos Mapas Tecnológico e
Estratégico tem como pressuposto priorizar o tratamento destas empresas.

As seguintes atividades foram desenvolvidas no Estudo de Perspectivas


do Setor Automotivo:

 Levantamento da Percepção de Lideranças do Setor Automotivo;

 Levantamento e análise das Tendências relativas ao Setor Automotivo;

 Realização da 1ª Oficina de Trabalho do Estudo Prospectivo. A oficina


se consistiu de uma reunião com a participação de representantes de
empresas-chave do setor de autopeças, entidades de classe, BNDES e
ABDI. Durante esta oficina, foram gerados Cenários Futuros para os
anos de 2022 e 2034;

 Identificação de Oportunidades Tecnológicas para o setor de autopeças


por meio de consulta online.

 Definição pelo Comitê Gestor da Oportunidade Tecnológica,


considerando as oportunidades analisadas no item anterior, com vistas
a orientar as iniciativas de políticas públicas de apoio ao setor, a saber
em: Tecnologias de propulsão (híbridos, elétricos, etc.),
considerando desenvolvimentos complementares para redução de
tamanho, peso e consumo energético.

12
 Realização da 2ª Oficina de Trabalho do Estudo Prospectivo, onde
especialistas do setor, a partir da metodologia proposta pelo CGEE e
sob a sua coordenação, desenvolveram o Mapa Tecnológico com o
detalhamento das tecnologias mais relevantes a serem desenvolvidas
pelo setor nos próximos 25 anos, dentro da Oportunidade Tecnológica
selecionada.

 Análise e priorização das Linhas Tecnológicas mais importantes para a


competitividade do setor de autopeças nacional por meio de consulta
online.

 Realização da 3ª Oficina de Trabalho do Estudo Prospectivo, onde os


participantes da Oficina anterior, mais membros do Comitê Gestor, a
partir da metodologia prospectiva, desenvolveram a Visão de Futuro e
o Mapa Estratégico para o foco do estudo: Tecnologias de propulsão
(híbridos, elétricos, etc.), considerando desenvolvimentos
complementares para redução de tamanho, peso e consumo
energético.

Os mapas estratégicos e tecnológicos apresentados neste relatório visam


propor subsídios para a formulação e implementação de programas e políticas
públicas que possam vir a fortalecer a competitividade global do segmento de
autopeças nacionais para os próximos 25 anos contemplando a seguinte Visão
de Futuro para o Ano 2034: “Consolidar a inserção do setor de autopeças no
mercado global, reforçando sua capacidade de desenvolvimento e aplicação de
novas soluções visando eficiência, confiabilidade e sustentabilidade de produtos
e processos, de forma a atender de maneira competitiva o mercado local e outros
semelhantes, aproveitando vantagens geopolíticas e de recursos naturais
brasileiros”.

Os mapas apontam uma séria de oportunidades, mas também vários


desafios a serem enfrentados pela indústria brasileira de autopeças para que a
visão de futuro seja atingida, especialmente no que se refere aos impactos que o
desenvolvimento tecnológico, notadamente quanto às tecnologias de propulsão,
podem trazer ao setor. Com base no conjunto de evidências discutidas ao longo

13
do estudo apresenta-se a seguir uma síntese das principais recomendações, que
visam a auxiliar na formulação e implementação de programas e ações
específicas que venham a fortalecer a sustentabilidade e a competitividade do
setor no horizonte dos próximos 25 anos (2009-2034):

 Aumentar a competitividade de curto prazo no setor, sob risco de uma


presença cada vez maior de autopeças importadas sendo introduzidas
nos veículos fabricados no Brasil.

 Aumentar a qualidade e a oferta de talentos para o setor,


especialmente no que se refere aos aspectos ligados ao
Desenvolvimento e Gestão da Inovação Tecnológica.

 Prospectar, dentro do universo das autopeças nacionais, quais


competências existem e quais devem ser desenvolvidas dentro das
tecnologias críticas elencadas neste trabalho. Especificamente, seria
importante tentar identificar como o desenvolvimento das tecnologias
de propulsão, notadamente de motores elétricos, vai impactar na
cadeia produtiva hoje existente.

 Estimular a formação de “spin-offs” e de outros tipos de empresas de


base tecnológica, que atendam às demandas de desenvolvimento das
tecnologias de propulsão, especialmente as que se relacionam a
motorização elétrica.

 Estimular a formação de redes entre empresas do setor e de empresas


do setor com universidades e institutos de pesquisa – como forma de
aumentar a competitividade do setor, incentivando a criação e difusão
de conhecimentos e formação de alianças que auxiliem a melhorar a
posição competitiva global do setor.

Finalmente, é importante mencionar que o setor automotivo é um dos


setores selecionados no âmbito do programa para fortalecimento da
competitividade de complexos produtivos, dentro da Política de Desenvolvimento
Produtivo - PDP, lançada em 2008 pelo Governo Federal. Tal programa constitui
um dos eixos da política industrial e contempla diversos tipos de incentivos de
caráter financeiro, regulatório e de apoio técnico. As iniciativas para o setor

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prevêem a desoneração de investimentos, o apoio ao fortalecimento de
engenharia de projeto e recursos para o financiamento do setor de autopeças. As
recomendações deste trabalho, acima elencadas, corroboram estas iniciativas,
sendo portanto, fundamental que durante a etapa de acompanhamento e
implementação deste estudo prospectivo, por parte da Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial - ABDI, esteja articulada com as medidas previstas no
âmbito da PDP de uma maneira geral.

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1. INTRODUÇÃO

O principal objetivo do Estudo Prospectivo Setorial – Automotivo consiste


na apresentação de um conjunto de objetivos e ações estratégicas que visam à
ampliação da competitividade do setor para um horizonte de 25 anos (2009-
2034), além de propor um conjunto de recomendações que subsidiem a
proposição e elaboração de políticas e ações governamentais para o setor de
autopeças de origem nacional.

A partir do diagnóstico atual do setor automotivo que contempla uma


análise detalhada sobre os fatores que condicionam sua estrutura industrial, bem
como a dinâmica competitiva e inovadora do setor no Brasil e no mundo, o estudo
busca sinalizar tendências e questões relevantes para a formulação e
implementação de um Plano Estratégico com vistas ao aumento da
competitividade do setor no horizonte temporal de 25 anos. As etapas do estudo
foram validadas por um grupo – no projeto denominado Comitê Gestor –
composto por membros do governo, empresas e entidades de classe, conforme
lista apresentada no Apêndice I.

Em seguida, o estudo aprofunda a discussão sobre as principais


tendências futuras e cenários para o setor automotivo tendo em vista os
elementos chave que compõem a competitividade do setor nos próximos 25
anos. A fim de detalhar a análise sobre a Visão de Futuro para o ano 2034 e
sobre os Objetivos Estratégicos para o segmento de autopeças nacionais, o
estudo apresenta os principais resultados obtidos nas Oficinas de Trabalho
realizadas com a participação de especialistas no setor.

Finalmente, com base no panorama setorial e na síntese das perspectivas


setoriais, bem como nos comentários e recomendações de especialistas do setor
e contribuições do Comitê Gestor, este relatório apresenta o detalhamento dos
mapas tecnológico e estratégico para o segmento escolhido.

O relatório encontra-se estruturado da seguinte forma. Após esta breve


introdução, a seção seguinte apresenta as perspectivas futuras do setor a partir

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de dois eixos de análise. O primeiro está baseado nas percepções de lideranças
do setor automotivo e centrado na análise de tendências futuras, enquanto o
segundo baseia-se nos resultados de Oficinas de Trabalho com especialistas e
representantes da indústria de autopeças, e apresenta uma visão sobre as
tendências, possíveis cenários futuros nos próximos 25 anos, bem como
oportunidades tecnológicas para o setor. A terceira seção apresenta os
resultados do estudo prospectivo a partir da apresentação e detalhamento dos
Mapas Tecnológico e Estratégico elaborados nas respectivas Oficinas de
Trabalho. A quinta e última seção destaca um conjunto de recomendações que
visam auxiliar na formulação e implementação de programas e ações específicas
para fortalecer a sustentabilidade e a competitividade do setor de autopeças
nacionais no horizonte dos próximos vinte e cinco anos (2009-2034). As etapas e
os produtos do Estudo Prospectivo são resumidos na Figura 1, a seguir.

Figura 1 – Etapas e produtos desenvolvidos no Estudo Prospectivo do Setor Automotivo.


Fonte CGEE

17
2. PERCEPÇÃO DE LIDERANÇAS DO SETOR

Conforme apresentado na Introdução deste relatório, a metodologia de


trabalho do Estudo Prospectivo do Setor Automotivo contemplou a execução de
uma pesquisa exploratória com lideranças relevantes do setor no país, com o
objetivo de levantar suas percepções sobre fatores-chave que pudessem
contribuir para uma melhor discussão acerca do posicionamento das empresas
de autopeças nos próximos vinte e cinco anos. As informações levantadas foram
utilizadas como subsídio para geração de cenários durante a Oficina
“Identificação de Oportunidades”.

Nesta pesquisa, foram entrevistados executivos das montadoras GM


(gerente), FORD (diretor), FIAT (diretor), dos sistemistas Delphi (diretor), BOSCH
(vice-presidente) e Magneti Marelli (presidente e diretor comercial). Também
foram ouvidos representantes de Associações do setor, como a Associação
Brasileira de Engenharia Automotiva - AEA (presidente), a Associação Nacional
dos Fabricantes de Veículos Automotores – ANFAVEA (vice-presidente) e do
Centro das Indústrias do Estado de São Paulo - CIESP (ex-presidente). Além
destes, o consultor Luc de Ferran 2 também foi entrevistado.

Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, com perguntas abertas e


agrupadas nos seguintes temas: Mercado, Tecnologia, Incentivos, Políticas
Públicas, Competências e Talentos. A seguir, será feito um sumário das
principais conclusões sobre cada tema abordado. O relatório completo da
pesquisa encontra-se disponível no Apêndice II.

Para o tema Mercado, foram elaboradas as seguintes questões com o


objetivo de captar a percepção dos líderes sobre o mercado nacional, regional e
global atualmente e nos próximos 25 anos: 1) Na sua visão, quais são os fatores
que movem a política de desenvolvimento, produção e inserção nos mercados

2
Luc de Ferran foi mentor de uma série de automóveis FORD, entre eles o Corcel II, Del Rey,
Pampa, Escort, Fiesta, Ka, Courrier, Escort XR3 e EcoSport e o motor Rocan. É engenheiro
pela Escola Politécnica da USP e pai de Gil de Ferran, campeão de Indianápolis na Fórmula
Indy.

18
das montadoras?, 2) Qual será o diferencial competitivo das autopeças brasileiras
nos próximos 25 anos? e 3) Como o setor brasileiro de autopeças deve se
posicionar para se manter competitivo no cenário global (em quais nichos, tipo de
produtos, tecnologias, diferenciais competitivos)?

Na visão dos entrevistados, o Brasil atualmente é uma plataforma atrativa


para desenvolvimento e produção local, se comparado a outros países
emergentes, pois possui infraestrutura instalada, situação político-econômica
estável, potencial de ampliação do mercado consumidor interno e disponibilidade
de pessoal qualificado, tanto nas montadoras quanto nas autopeças. Além disso,
as autopeças nacionais têm características mais similares às européias do que
suas concorrentes na China, Rússia e Índia, o que facilita o relacionamento com
as matrizes das montadoras durante as etapas de negociação e o
desenvolvimento de produtos.

A ampliação dos investimentos locais, especialmente em novos


desenvolvimentos, estaria condicionada à disponibilidade de incentivos,
benefícios fiscais e financiamentos da natureza da tecnologia a ser desenvolvida
e do conteúdo tecnológico do mercado alvo.

Para manter e ampliar a posição competitiva nos próximos anos, as


autopeças brasileiras deveriam focar o desenvolvimento em soluções voltadas ao
mercado regional, com baixo custo e procurando integração e parceria
estratégica com as montadoras. Em termos de posicionamento de mercado, as
autopeças nacionais podem se manter competitivas no cenário global por meio
de inovação e focando suas estratégias em soluções de baixo custo, eletrônica e
entretenimento (tendo em mente as restrições de renda do mercado),
bicombustíveis (etanol e biodiesel) e tecnologias de motorização compatíveis.
Além disso, deverá pensar na cadeia como um todo, procurando parceiras a
montante na cadeia, como com produtores de resinas plásticas e aços, por
exemplo.

Para o tema Tecnologia, foram formuladas as seguintes questões com o


objetivo de captar a percepção dos lideres sobre as características tecnológicas
do setor nos próximos 25 anos: 1) Qual será a forma de propulsão predominante

19
nos próximos 25 anos? Quais serão as tecnologias críticas?, 2) Temos condições
(tecnológicas e empresariais) de fabricar motores brasileiros (com tecnologia e
empresa de capital brasileiro) e de que tipo de tecnologia (elétricos, combustão
interna?)? Por quê? Onde/quem?, 3) Quais serão as características tecnológicas
dos produtos desenvolvidos para os mercados emergentes? Até que ponto as
engenharias localizadas nestes países se ocuparão do projeto destes produtos?
Há interesse das montadoras neste sentido? e 4) O que se pode desenvolver no
Brasil e levar para outras partes do mundo? Quais são os nichos tecnológicos em
que estas empresas podem/devem se concentrar? O que as empresas de
autopeças brasileiras já podem ou deveriam ser estimuladas a desenvolver?

Na opinião dos entrevistados, não haveria mais uma forma hegemônica de


propulsão, como foi o motor a combustão movido a derivados de petróleo durante
o século XX. Diferentes soluções, como biocombustíveis, propulsão elétrica com
bateria de lítio, hidrogênio e híbridos, apresentam-se como alternativas ao uso de
gasolina e diesel, tanto para veículos leves como comerciais. A tendência seria
de adoção de soluções adaptadas a diferentes faixas de mercado e
necessidades regionais. Isto pode ser bastante benéfico para o Brasil, uma vez
que o pais é um centro de competência mundial em biocombustíveis (etanol de
cana de açúcar e biodiesel).

Ainda assim, na opinião dos entrevistados, dificilmente o país tem


condições de produzir sozinho tecnologia de motorização completa, ou seja, as
empresas precisam estabelecer cada vez mais parcerias com montadoras e
outras empresas do setor ou mesmo de fora dele. Além da questão da propulsão,
há a tendência de segmentar o desenvolvimento tecnológico dos veículos de
acordo com o mercado a ser atendido. O Brasil já é reconhecido como plataforma
de desenvolvimento para veículos destinados a mercados emergentes, com
características semelhantes ao seu próprio mercado, caso dos mercados da
América Latina, por exemplo, e deve continuar a focar este segmento. Em
resumo, o potencial de desenvolvimento tecnológico do setor no país estaria em
tecnologias ligadas a biocombustíveis, veículos populares e design de interiores.

20
Sobre a questão de quais incentivos e políticas públicas poderiam ser
benéficos para o fortalecimento futuro do setor, foram colocadas as seguintes
questões: 1) Quais são as empresas brasileiras que têm maior chance de
desenvolver competências relevantes para a cadeia produtiva do setor, no curto e
principalmente no longo prazo? Como políticas e iniciativas públicas podem
contribuir neste processo em um horizonte de 25 anos?, 2) Quais políticas e
iniciativas públicas melhor contribuem para fortalecer os centros de engenharia
sediados no Brasil? Elas são suficientes quanto à proposta e aos recursos
alocados? Até que ponto a colaboração com centros de desenvolvimento
estrangeiros auxilia neste processo?, e 3) Quais incentivos podem aumentar a
atratividade daquelas empresas?

A opinião geral dos entrevistados é de que houve avanços nos marcos


regulatórios e políticas de incentivo à inovação nos últimos anos no país, mas
para que seus impactos sejam positivos no longo prazo, há necessidade de maior
divulgação e de serem melhor exploradas pelas pequenas e médias empresas do
setor. Além disso, o investimento e incentivo à formação de engenheiros e
profissionais especializados no setor garante a manutenção e ampliação de
atividades de desenvolvimento no país. Para aumentar a atratividade do
mercado, os incentivos e políticas do governo deveriam ser focados em:

 Menores custos de produção e logística: por meio de desoneração


fiscal, investimentos em infraestrutura e disponibilidade de
financiamento;

 Alianças com sistemistas externos, para garantir internacionalização


dos mercados;

 Acordos internacionais para autopeças, similar aos existentes com


Alemanha e México.

Sobre Talentos e Competências requeridas para o desenvolvimento futuro


do setor, as seguintes questões foram feitas: 1) Quais competências serão
demandadas das empresas de autopeças brasileiras nos próximos 25 anos?
Estas competências já estão disponíveis no Brasil, ou requerem atenção especial

21
de políticas públicas de capacitação/formação de pessoal?, 2) Como intensificar
os contatos e a colaboração entre empresas e instituições ligadas a pesquisa e
desenvolvimento, sejam aquelas localizadas no Brasil, sejam as estrangeiras?
Como reduzir as dificuldades que marcam estes processos e que explicam a
baixa freqüência deste relacionamento?

No que se referem a competências, perspectivas diversas foram


apontadas, das quais podem-se destacar as áreas metal-mecânica, eletrônica,
design, produção e materiais, além da gestão de competências técnicas e
gerenciais, como sendo prioritárias para incentivo a formação e qualificação. Há a
percepção de que faltam engenheiros bem formados e qualificados e que esta
tendência poderia ser prejudicial no horizonte pesquisado (25 anos). Há também
a percepção de que o Brasil, especificamente as autopeças, ainda está aquém do
nível de competência demandado pelo mercado global.

A interação entre empresa e universidades e instituições de pesquisa é


outro tema relevante que deveria ser priorizado. Além disso, modelos que
incentivem a formação de empresas de base tecnológica, agências de inovação e
o fomento de maior contato entre estes atores devem ser incentivados.

22
3. TENDÊNCIAS DO SETOR AUTOMOTIVO

Outra etapa do desenvolvimento do estudo prospectivo foi a identificação e


análise das tendências relativas ao setor. Tendências podem ser definidas como
direcionamentos ou vetores que possuem certa força e durabilidade e cujo
conjunto vai indicar como o setor vai se comportar no futuro. São forças restritivas
e/ou propulsoras que criam uma trilha de desenvolvimento futuro para o setor e
cujo desenvolvimento pode gerar cenários mais otimistas, realistas ou
pessimistas. A figura 2 ilustra esses conceitos.

Figura 2 – Influência das tendências em um dado setor.

Para este estudo, foram coletadas tendências nas diversas publicações


técnicas, bem como eventos técnicos do setor. A análise do grau de relevância
das tendências para o setor foi realizada em uma consulta realizada via internet,
sem definir relações de causalidade e influência de uma tendência sobre o outra.
Foram enviados convites a 129 atores relevantes do setor dos quais 35
responderam, contabilizando um índice de resposta igual a 27,13%, e incluindo
representantes de montadoras, sistemistas, academia e de associações como

23
Sindipeças, SAE e ANFAVEA. A página da internet foi construída tendo-se como
base tendências identificadas em estudos anteriores e eventos técnicos do setor.

Nesta consulta, foram avaliados três momentos: atual (2009), 2022 e 2034.
Os respondentes avaliaram o grau de relevância de cada tendência nas áreas de
Mercado, Infraestrutura, Meio Ambiente, Ambiente Político, Social e Tecnologia,
em cada momento. A relevância foi medida com notas entre 0 (muito baixo) a 5
(Muito Alto). As informações levantadas foram utilizadas como subsídio para
geração de cenários durante a Oficina “Identificação de Oportunidades”. Um
resumo do resultado da pesquisa é discutido abaixo. A ferramenta de consulta
utilizada e os resultados estão disponíveis no Apêndice III.

As tendências identificadas para o Mercado nos próximos 25 anos foram:

1. Consumidores buscam veículos mais compactos, eficientes e


silenciosos;.
2. Veículos elétricos mais acessíveis aumentam a competição com
veículos à combustão;
3. A oferta de novas fontes de energia se intensifica (ex. biocombustíveis,
elétrica, hidrogênio);
4. Indústrias, sensibilizadas pelo aquecimento global e pelas mudanças
nos hábitos de consumo direcionam esforços para projetos de produtos
novos com apelo "verde";
5. China avança como líder na fabricação mundial de veículos;
6. Acesso à eletricidade aumenta mundialmente;
7. Dependência energética intensifica a demanda por novas soluções de
propulsão;
8. Vendas de automóveis crescem mais nos países emergentes;
9. Cresce participação de biocombustíveis e gás natural;
10. Fornecimento do petróleo continua instável;
11. Biocombustíveis apóiam a transição entre a Era do Petróleo e a Era do
Hidrogênio;
12. Empresas brasileiras de autopeças adquirem controle de outras
empresas no exterior;
13. Montadora Brasileira emerge e ganha presença internacional.

24
A relevância das tendências de número 1 a 8 foram avaliadas como muito
alta, enquanto que as de 9 a 11 foram consideradas de alta relevância e 12 e 13
de baixa relevância para os próximos 25 anos.

As tendências de relevância muito alta referem-se às mudanças no perfil


do mercado automotivo global que refletem mudanças no perfil socioeconômico
do mercado como um todo – crescimento de demanda nos países emergentes e,
portanto, maior necessidade de soluções compactas e de baixo custo e
mudanças causadas pelo maior apelo ambiental e pela presença da China como
player importante no mercado global.

As tendências 2, 5 e 8 são discutidas em maiores detalhes a seguir,


porque apresentaram como resultado uma diferença significativa de grau de
relevância entre os anos de 2009, 2022 e 2034, o que pode indicar uma
oportunidade de desenvolvimento para o setor. A tendência 2 - Veículos elétricos
mais acessíveis aumentam a competição com veículos à combustão, apresentou
tendência 1.69 (baixa) em 2009, mas com evolução significativa em 2022 (3.59) e
2034 (4.65), indicando uma oportunidade para o desenvolvimento de sistemas de
propulsão elétricos.

Já a tendência China avança como líder na fabricação mundial de


veículos, recebeu a seguinte pontuação 3.00 em 2009, 3.95 em 2022 e 4.25 em
2034. Nesse caso, a relevância já é evidente hoje e deve continuar nos próximos
25 anos. Tal tendência revela uma ameaça atual que deveria ser considerada
hoje e no futuro, no desenvolvimento de tecnologias e estratégias futuras.

Outra tendência a ser destacada é Vendas de automóveis crescem mais


nos países emergentes que foi pontuada como altamente relevante hoje (3.71) e
de muito alta relevância em 2022 e 2034 (4,05 e 4,02, respectivamente),
corroborando dados já apresentados no Panorama Setorial, indicando uma
oportunidade para desenvolvimento de tecnologias mais baratas e eficientes,
próprias para mercados consumidores com renda mais baixa, o que é positivo
para o Brasil, que já possui certa expertise neste segmento.

25
O sentimento do setor sobre esses assuntos para os próximos anos reflete
mudanças já em curso atualmente, como a relevância dos mercados emergentes
e a busca por novas tecnologias de propulsão mais eficientes e limpas.

O resultado também aponta que os biocombustíveis podem ser


alternativas de transição entre a petróleo e outras fontes, mas com crescimento
menor em 2034.

Finalmente, os respondentes consideram de média relevância o


crescimento das empresas nacionais de autopeças no exterior e o surgimento de
uma montadora nacional com presença global.

As tendências para a Infraestrutura nos próximos 25 anos foram:

1. Avanços nos meios de comunicação, tecnologias da informação e


processamento computacional melhoram controles de frota,
roteirizadores e análise de transporte;
2. Aumenta a demanda por sistemas de transporte (passageiros e carga);
3. Melhora dos padrões de infraestrutura e serviços, a partir de parcerias
público-privadas para a construção e manutenção de novas rodovias;
4. Crescem os investimentos para desenvolver e manter estradas e
sistemas de transporte;
5. Crescimento continuado de infraestrutura em países emergentes
aumenta a mobilidade individual e as oportunidades de emprego.

As tendências 1, 2 e 3 foram apontadas como sendo de muito alta


relevância para os próximos 25 anos e as de número 4 e 5 como sendo de alta
relevância, o que corrobora a percepção sobre crescimento de mercado nos
países emergentes e a percepção das lideranças (discutidas no capítulo anterior)
sobre aumento na demanda por soluções integradas em eletrônica, mesmo nos
países emergentes.

A tendência 2 é discutida em maiores detalhes a seguir, porque embora


seja relevante atualmente em 2009 (3,27), tem sua relevância aumentada em

26
2022 (3,93) e 2034 (4,16), o que pode indicar uma oportunidade de
desenvolvimento para o setor. O aumento da demanda por sistemas de
transporte para carga e passageiros, conseqüência da maior concentração e
urbana e patamares de renda, significa uma oportunidade de crescimento para o
setor de veículos comerciais, o que aliado às maiores demandas por eficiência e
sustentabilidade, indica uma oportunidade potencial para desenvolvimento
tecnológico na área.

A melhoria dos padrões de infraestrutura rodoviária e de serviços de


transporte, aliada ao aumento de demanda por soluções de mobilidade também
traz impactos na forma como os veículos serão concebidos e demandados pelos
consumidores. Cidades maiores, com maiores populações, também significam
maiores congestionamentos e problemas relacionados ao uso de veículos, como
a questão de estacionamento e da poluição urbana, por exemplo, o que pode
significar uma maior demanda por soluções de mobilidade diferentes do conceito
atual de automóvel. Este seria o caso de veículos extremamente compactos e
elétricos, o que empresas como a GM já estão procurando desenvolver
(Shuldiner, 2009).

As tendências identificadas para o Meio Ambiente nos próximos 25 anos


foram:

1. Mudanças climáticas e questões de sustentabilidade pressionam o


esforço de desenvolvimento de novos produtos;
2. Desenvolvimento urbano gera preocupação com questões de meio
ambiente e pressionam pelo estabelecimento de regras mais duras no
tráfego;
3. Consumo de combustível e emissão de gases tóxicos são beneficiados
por novas tecnologias (ex. Software, Sensores, Eletrônicos e
Telemática) para o controle de trânsito e da poluição;
4. Aumento do uso de peças recicláveis;
5. O conceito do "Green Design" avança e oferece grande potencial para
novos negócios;

27
6. Tecnologias de transporte urbano reduzem danos ao meio ambiente e
espaço construído;
7. Postura refratária às questões ambientais nos países emergentes
continua;
8. Emissões de CO2 aumentam no mundo.

As tendências 1, 2, 3, 4 e 6 foram apontadas como sendo de relevância


muito alta para os próximos 25 anos, enquanto que a de número 5 foi
considerada de alta relevância, o que demonstra a crescente preocupação com a
indústria com questões relativas à sustentabilidade ambiental.
As quatro primeiras tendências - Mudanças climáticas e questões de
sustentabilidade pressionam o esforço de desenvolvimento de novos produtos,
Desenvolvimento urbano gera preocupação com questões de meio ambiente e
pressionam pelo estabelecimento de regras mais duras no tráfego, Consumo de
combustível e emissão de gases tóxicos são beneficiados por novas tecnologias
(ex. Software, Sensores, Eletrônicos e Telemática) para o controle de trânsito e
da poluição e Aumento do uso de peças recicláveis, apresentam grau de
importância crescente entre os anos de 2009 e 2034, indicando a crescente
tendência de adoção de tecnologias e regras-legislação de desenvolvimento
considerando aspectos de sustentabilidade ambiental.
Esta postura é reforçada pelo fato de as tendências 7 e 8 que sinalizam na
direção oposta, terem sido consideradas como de médio impacto.
O aumento do rigor nas regulações relativas à emissões nos países da
Europa e Japão já é uma realidade, enquanto que os Estados Unidos estão
discutindo um plano de redução das emissões3. Estas normas certamente
refletirão nos países emergentes e na demanda por desenvolvimento de soluções
mais sustentáveis devem crescer em todo o mundo.
Estes resultados demonstram a importância crescente das preocupações
da sustentabilidade ambiental como importante direcionador do desenvolvimento
tecnológico e de mercado nos próximos anos

3
Vide notícia sobre o plano do governo americano para controle de emissões:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/06/090627_eualeiemissoesfn.shtml

28
As tendências identificadas para o cenário político e institucional nos
próximos 25 anos foram:

1. Legislação prioriza produção vinculada à redução do impacto


ambiental (ex. veículos com taxas de emissão menores e seguindo os
parâmetros europeus);
2. Intensificação das restrições ambientais devido aos problemas do
efeito estufa e das mudanças climáticas;
3. Políticas rígidas de regulação e legislação estimulam a evolução
tecnológica para solucionar problemas de congestionamento,
emissões, segurança e resíduos;
4. Sistemas de taxação para racionalizar períodos de alto
congestionamento se intensificam: populações passam a depender
mais do transporte público e veículos são mais usados no fim de
semana.

Todas as 4 tendências acima foram consideradas de relevância muito alta


para o setor nos próximos 25 anos. Estes resultados corroboram os resultados
dos itens Mercado, Infraestrutura e Meio Ambiente quanto à maior preocupação
com sustentabilidade ambiental, maior concentração urbana e maior acesso ao
uso de veículos por uma grande parcela da população.

Esses resultados também vão ao encontro da percepção das lideranças do


setor, quanto à maior demanda por desenvolvimento de tecnologias limpas e
quanto ao desenvolvimento de soluções em mobilidade que atenda aos desejos
de individualidade, mas que sejam viáveis para uso em grandes concentrações
urbanas.

As tendências 1 - Legislação prioriza produção vinculada ao impacto


ambiental (ex. veículos com taxas de emissão menores e seguindo os
parâmetros europeus) – e 3 - Políticas rígidas de regulação e legislação
estimulam a evolução tecnológica para solucionar problemas de
congestionamento, emissões, segurança e resíduos – apresentam grau de
relevância crescente na percepção dos participantes da pesquisa (2,63/3,75/4,40
e 2,38/3,52/4,14, respectivamente), indicando oportunidades de desenvolvimento
de tecnologias ligadas à segurança e meio ambiente, via a adoção de regulações

29
mais rígidas por parte do governo, a exemplo do que já ocorre na Europa e nos
EUA atualmente.

As tendências para o cenário social nos próximos 25 anos foram:

1. Meios alternativos de comunicação são estimulados para reduzir o


número de viagens;
2. Trânsito intenso nas cidades é beneficiado por novos
desenvolvimentos em Software, Sensores, Eletrônicos e em
Telemática;
3. Renda per capita brasileira cresce;
4. Congestionamentos crescem e geram novos problemas para a
mobilidade;
5. Regiões metropolitanas concentram maiores iniqüidades sociais;
6. Maior migração intrarregional e de curta distância afetam sistemas de
transporte e estimulam vendas de veículos;
7. População brasileira aumenta (42 milhões até 2030);
8. Escalada do crime continua para veículos comerciais e de passeio:
sistemas inteligentes baseados no reconhecimento dos passageiros
minimizam os crimes;
9. Utilização decrescente do transporte público.

Das tendências 1 a 8 foram todas consideradas de alta relevância,


enquanto que a tendência 9 foi considerada de média relevância.

Os resultados demonstram o fato de que a maior concentração urbana e o


crescimento do mercado no país trarão novos desafios para a indústria
automotiva, como o que se refere ao desenvolvimento de veículos “inteligentes”,
isto é, dotados de sistemas eletrônicos e de comunicação integrados, mas que
ainda assim estejam de acordo com um patamar de renda compatível com a
realidade nacional. Além disso, como já discutido no item Mercado e Meio
Ambiente, estas soluções em mobilidade devem considerar uma maior

30
preocupação com a concentração urbana e as especificidades para os usuários
(veículos para trabalho ou fim de semana, individual ou com a família, etc).

É interessante destacar a tendência 4 (Congestionamentos crescem e


geram novos problemas para a mobilidade), que já apresenta relevância alta
atualmente, mantendo patamares elevados para os próximos anos (4,00 / 4,21 /
3,64) indicando que preocupação com sistemas inteligentes de controle de
tráfego, soluções em transporte coletivo e alternativas ao veículo comum são
oportunidades para desenvolvimento do setor nos próximos anos.

As tendências para Tecnologia nos próximos 25 anos foram:

1. Simulação computacional reduz tempo e custo de desenvolvimento;


2. Nanotecnologia traz peças não tóxicas, mais duráveis, impermeáveis,
práticas, antimicrobianas, inteligentes e resistentes ao fogo, à
luminosidade e ao risco;
3. Intensificação de materiais alternativos, leves e de melhor
durabilidade;
4. Veículos elétricos ganham força baseados em baterias eficientes e
acessíveis;
5. Aumento da convergência tecnológica e do uso das tecnologias
eletrônicas e de comunicação direcionam esforços da engenharia do
produto;
6. Crescem as soluções e avanços na Interação Homem–Veículo 4;
7. Segurança veicular recebe maior ênfase: sistemas avançados são
capazes de monitorar o ambiente externo e interagir com o motorista
para reduzir acidentes e seus efeitos;
8. Design e aprimoramentos atendem nichos de mercado;
9. Telemática contribui para novos sistemas que, em sintonia com a
infraestrutura e/ou taxação, amenizam os problemas da mobilidade
urbana (ex. congestionamentos, consumo de espaço e combustível);

4
Entende-se por Interação Homem-Veículo a modelagem e avaliação de interfaces centradas
no homem. A interface de usuário do veículo refere-se aos controles mecânicos, as
informações gráficas, textuais e auditivas apresentadas, bem como as seqüências de controle
(como comandos de acionamento) para interagir com o veículo.

31
10. Engenharia experimental 5 se torna fundamental na busca por carros
mais eficientes;
11. Brasil se consolida como sede de projeto das montadoras;
12. Carros híbridos funcionam como ponte para utilização do hidrogênio
como fonte alternativa de combustível.

As tendências de 1 a 10 foram consideradas como de relevância muito alta


sobre o desenvolvimento futuro do setor nos próximos 25 anos, o que corrobora
com os resultados da pesquisa de percepção de lideranças quando identifica que
as grandes tendências em tecnologia para o setor nos próximos anos estão no
desenvolvimento de sistemas eletrônicos de comunicação e interação com o
ambiente, desenvolvimento de materiais alternativos, com grande uso de
nanotecnologia e de tecnologia de propulsão.

Além disso, demonstra a tendência de desenvolvimento segmentado por


regiões e nichos de mercado, com diferentes soluções adaptadas a diferentes
necessidades em termos de custo e mercado.

As tendências 2 e 3 - Nanotecnologia traz peças não tóxicas, mais


duráveis, impermeáveis, práticas, antimicrobianas, inteligentes e resistentes ao
fogo, à luminosidade e ao risco e Intensificação de materiais alternativos, leves e
de melhor durabilidade – apresentam crescente importância para os próximos
anos e também merecem destaque porque são tecnologias que permitem
avanços nas questões de emissões, segurança, conforto e redução de custos em
veículos.

5
Engenharia Experimental refere-se às atividades de desenvolvimento de protótipos e
simulações experimentais em laboratórios ou via modelos computacionais, que procuram
reproduzir as condições de desempenho do produto final, visando antecipar e solucionar
potenciais problemas.

32
4. CENÁRIOS FUTUROS (2022 e 2034)

Dentro da dinâmica do Estudo Prospectivo, após a pesquisa de percepção


de lideranças e análise da relevância das tendências, foi realizada a Oficina de
trabalho “Identificação de Oportunidades”, cujo resultado foi a elaboração de três
cenários alternativos, possíveis de acontecer e reveladores de oportunidades
para o setor.

Participaram da Oficina profissionais de empresas selecionadas (empresas


brasileiras de autopeças com capacidade de desenvolvimento local) e de
representantes da ABDI, BNDES, e entidades de classe ligadas ao setor (SAE e
Sindipeças), conforme Apêndice IV. Os convidados receberam antecipadamente
o Relatório Panorama Setorial, o Resultado sobre a Consulta de Tendências e
um Timeline do futuro (Apêndice V), com dados sobre o setor automotivo para os
próximos 25 anos, obtidos junto a diversos trabalhos e fontes do setor. Durante a
Oficina, foi realizada uma discussão com todos os participantes, procurando
identificar quais seriam as variáveis mais importantes para a construção dos
cenários futuros. As variáveis selecionadas pelo grupo foram: Concentração
Urbana, Novos Modelos de Negócio, Sócio-ambiental, Tecnologia, Recursos &
Investimentos e Infraestrutura Político-Institucional.

Em seguida, após duas rodadas de discussões em que os presentes foram


divididos em grupos, foram elaborados três cenários, com visões extremas e um
moderado das tendências apresentadas na seção 3. Nestas discussões, os
participantes descreveram oportunidades e ameaças, expectativas de consumo,
lacunas e incertezas em 2022 e 2034, usando como guia as variáveis
apresentadas acima.

Os cenários, doravante denominados “Brasil Importador” (pessimista),


“Dinâmico como sempre” (conservador) e “Entre os líderes do setor” (otimista), de
onde foram derivadas as oportunidades tecnológicas discutidas no próximo
capítulo, serão apresentados a seguir. As variáveis consideradas na construção
dos cenários e suas alterações são apresentadas, bem como os possíveis

33
coringas que podem influenciar significativamente o futuro. Coringas
correspondem às grandes surpresas, eventos difíceis de serrem antecipados ou
entendidos, de baixa probabilidade de ocorrência que se acontecem, impactam
fortemente o objeto de estudo. Geralmente surpreendem, em parte porque se
materializam tão rapidamente que os sistemas sociais não podem efetivamente
responder a eles.

A figura 3 apresenta as variáveis e ênfase utilizada na elaboração dos


cenários.

Figura 3 – Variáveis e suas alterações na elaboração dos Cenários em 2022 e 2034.

34
4.1 Cenário 1 – Brasil Importador

Neste cenário, o setor automotivo brasileiro torna-se dependente de


importações, sem capacidade tecnológica de desenvolvimento. As descrições
das variáveis neste cenário, conforme quadro abaixo, tendem para o extremo
pessimista e, portanto, revelam possíveis fragilidades do setor.

Quadro 1 – Variáveis e suas alterações nos Cenários de 2022 e 2034.


Concentração urbana Alta Tecnologia Baixa
Socio-ambiental Ruim Recursos & Investimentos Indisponíveis
Infraestrutura Politico-Institucional Ruim Novos Modelos de Negócio Raros

Em 2022, a alta concentração urbana nos grandes centros promove o crescimento da


frota urbana e uso do carro como meio de transporte. Maiores são os deslocamentos e
o tempo gasto, acarretando maiores custos (logístico, consumo de combustível, tempo
e pessoal). Mesmo em países desenvolvidos, os problemas de tráfego se mantêm e a
deterioração das condições sociais e de emprego se agrava, ainda que com aumento
de renda.

Com a maior concentração urbana e falta de investimentos, diminui a qualidade das


vias e o alcance da malha viária, com poucos recursos de controle de tráfego, como
semáforos inteligentes. Faltam recursos para investimento em transporte coletivo e

35
com as dificuldades do trânsito, associadas à maior violência e impunidade, e maiores
índices de poluição no meio ambiente, o comportamento “clausura” muda a lógica de
deslocamentos. Novos modelos de negócio e novas soluções de transporte
individualizado são estimulados, como motocicletas e transporte de duas rodas
adaptadas para maior conforto e segurança, tornando-se alternativa ao transporte
público.

As regulamentações no Brasil sobre emissões e sustentabilidade são inferiores a de


outros países emergentes. A pouca regulamentação sobre poluição e sua fiscalização
(especialmente nos países emergentes), aumenta a propensão a problemas de saúde
e não incentiva o desenvolvimento tecnológico do setor automotivo. Nessas condições,
o mercado de automóvel se torna ainda mais saturado. A maior especialização dos
mercados força soluções de projeto do produto distintas para diferentes locais,
especialmente no que diz respeito a produtos para países emergentes x desenvolvidos.
Há diminuição do número de players no mercado brasileiro, reduzindo-se também os
investimentos e a escala de produção.

As tecnologias de controle de tráfego e navegação nos veículos são pouco utilizadas


nos países emergentes, pois não há infraestrutura viária compatível com essas
tecnologias. O aumento gradual do conteúdo tecnológico e as legislações de
segurança e meio ambiente mais rigorosas passam a restringir mercados
produtores/desenvolvedores e número de plataformas globais. Os custos de novas
tecnologias também restringem sua disseminação nos países emergentes e em toda
cadeia de suprimentos (a jusante e a montante). Tensões e questões políticas em
países produtores fazem com que o preço do petróleo aumente e inviabilize o
desenvolvimento e aprimoramento da propulsão à combustão, tornando a alternativa
elétrica mais atrativa.

A indústria brasileira apresenta pouca sinergia entre setores que poderiam aumentar a
tecnologia e o conhecimento. As tendências tecnológicas continuam sendo ditadas
pelos países centrais e o Brasil perde competitividade, mesmo para países
emergentes, como a China, Índia, Argentina e México, que em 2009 eram seus
clientes. A introdução gradual do padrão elétrico de propulsão no mundo traz
dependência energética e de tecnologia e limita os mercados para exportação,
isolando tecnologicamente o Brasil. A inércia no desenvolvimento de materiais,
especialmente da nanotecnologia, compatível com níveis competitivos, torna o Brasil

36
ainda mais dependente de importações nesse segmento.

São poucos os recursos e investimentos destinados a capacitação de talentos e a


falta de atratividade do setor, o que contribui para evasão de talentos e perda de
capacidade tecnológica. Devido à falta de capacitação, talentos para desenvolvimento
e laboratórios, os custos de desenvolvimento são altos e a divisão entre indústria e
centros de pesquisa permanece. Faltam pesquisadores e engenheiros para
desenvolver tecnologia e o foco de pesquisa nas universidades ainda permanece em
pesquisa básica em áreas não tecnológicas.

Em 2034, a infraestrutura urbana permanece como a de 2022 que, com maior


concentração populacional, transforma o automóvel num bem inviável nos centros
urbanos. O carro deixa de ser sinônimo de status e as novas formas de transporte e
comunicação substituem a necessidade de automóvel “padrão 2009”. O mercado
brasileiro se torna ainda mais saturado, sem capacidade de exportação e sem
capacidade tecnológica. Consolida-se a predileção do mercado nacional pelo padrão
“SUV” (veículos grandes, para a família), descolando ainda mais a especialização
produtiva do Brasil da tendência mundial de sustentabilidade e veículos compactos.

A indústria local se torna pouco atraente a novos investimentos, a novos negócios e a


novos entrantes com tecnologias mais competitivas. Os novos entrantes no mercado
automotivo trazem seus fornecedores, prejudicando a cadeia de autopeças. Além
desse movimento, o uso cada vez maior dos motores elétricos traz um conjunto de
conhecimentos e tecnologias distintos dos empregados no período de 2009 a 2022, e
que muda substancialmente a forma de organização da cadeia produtiva do setor
automotivo. Tal fenômeno faz com que os sistemistas e montadoras de 2009 percam
espaço e importância na cadeia de valor. A concentração de produtores de automóveis
continua e isola ainda mais o Brasil, que mantém foco em exportação de commodities
(produtos sem valor agregado) e na importação de produtos de maior valor agregado,
incluindo-se automóveis e/ou suas respectivas peças. Existe pouca eficácia das
políticas públicas de fomento à industrialização.

O Brasil se torna importador de automóveis, especialmente dos veículos movidos a


eletricidade. Há estagnação tecnológica em termos de desenvolvimento de novos
materiais e eletrônica, gerando dependência do exterior. O distanciamento dos centros

37
de excelência é maior que em 2022 e a base tecnológica e industrial em commodities
deixa o país vulnerável a competição pelo preço.

A falta de recursos para investimento em transporte coletivo, capacitação de talentos


permanecem inalteradas e continuam contribuindo para evasão de talentos e perda de
capacidade tecnológica. Os altos custos de desenvolvimento e a divisão entre indústria
e centros de pesquisa continuam nos padrões de 2022. Até 2034, as políticas
econômicas são levadas ao extremo e a dinâmica da divisão do trabalho industrial e da
produção se deteriora. A infraestrutura político-institucional do país, com relação a
legislação trabalhista e tributária, continua sem melhoras em relação a 2022 e há
morosidade no poder Judiciário e no processo de registro de patentes.

38
4.2. Cenário 2 – Dinâmico como Sempre

Neste cenário, o setor automotivo brasileiro cresce em produção, consumo


e capacidade tecnológica, mantendo posição secundária em relação aos países
líderes. As descrições das variáveis neste cenário, conforme quadro abaixo,
tendem para uma situação mediana e, portanto revelam, além de fragilidades,
oportunidades interessantes para as empresas do setor.

Quadro 2 – Variáveis e suas alterações nos Cenários de 2022 e 2034.


Concentração urbana Alta Tecnologia Média
Socio-ambiental Mediana Recursos & Investimentos Médio
Infraestrutura Politico-Institucional Mediana Novos Modelos de Negócio A

Em 2022, a alta concentração urbana incentiva o surgimento de novos modelos de


negócio (ex. clubes de compartilhamento de uso de carros). Governos investem em
infra-estrutura, mas as questões de trânsito não se resolvem. A renda aumenta
moderadamente, gerando maior demanda por veículos, apesar das tecnologias de
informação e comunicação que favorecem o trabalho remoto. Questões de
sustentabilidade e meio ambiente são incentivadas junto à população pelo marco
regulatório.

39
A especialização dos mercados incentiva soluções de projeto do produto distintas para
diferentes locais (países emergentes x desenvolvidos). Há diminuição do número de
players no mercado brasileiro, reduzindo o total dos investimentos e aumentando a
escala de produção por planta/empresa.

A legislação, especialmente a que se refere à inspeção veicular, e o aumento da


educação no trânsito reduzem moderadamente os acidentes. Com as mudanças
climáticas cada vez mais evidentes, há maior fiscalização da legislação (maiores
exigências aos padrões de emissão, reciclagem, reutilização, etc.) e o preço do
petróleo situa-se em níveis elevados (US$70-100 o barril).

O Brasil mantém seu espaço como desenvolvedor de tecnologia (ex. câmbio


automático e automatizado) e manufatura. Empresas da cadeia se reposicionam em
função das mudanças tecnológicas incrementais e se integram às líderes que
repassam parte do desenvolvimento a elas. Tal movimento continua a contribuir com a
diminuição do número de pequenas e médias empresas da cadeia produtiva. Redes de
conhecimento, tecnologia intra e interindústria e as próprias empresas buscam o
aprimoramento tecnológico. As tecnologias de controle de tráfego, navegação e
infraestrutura viária são orientadas para situações mais críticas. Muitas soluções
tecnológicas são utilizadas somente em nível regional (ex. caso do etanol no Brasil) e a
adoção de tecnologias de entretenimento é compatível com a legislação e
infraestrutura político-institucional.

Laboratórios e talentos aumentam em número e qualidade. Há atração de alunos e


profissionais para o setor e as associações profissionais ganham mais importância
(SINDIPEÇAS, SAE, AEA e etc.), em cooperação com as universidades.

Em 2034, o crescimento da renda da população aumenta ainda mais a demanda por


veículos. A concentração de produtores de automóveis continua e, tal mudança na
cadeia automotiva, isola o Brasil que mantém foco em exportação de commodities e na
importação de produtos de maior valor agregado. A frota de veículos sai de 6
habitantes/veículo em 2022 para 5 habitantes/veículo em 2034.

A legislação e educação para o trânsito reduzem efetivamente os acidentes. Novas


tecnologias atendem a novos padrões (ex. grande número de empresas com selo
“verde”). O preço do petróleo mais elevado (acima de US$100 o barril) viabiliza a

40
introdução dos combustíveis alternativos e a geração de novas tecnologias
alternativas.

A velocidade de desenvolvimento tecnológico aumenta e as empresas estão bem


posicionadas globalmente em função de mudanças tecnológicas. A maior parte da
frota tem propulsão alternativa ou mista e as empresas desenvolvem carros
incorporando tecnologias de ponta a menor custo e há novos avanços da propulsão
alternativa ou mista. A produção e o desenvolvimento compartilhado atendem aos
mercados globais. Tecnologias de controle de tráfego e de navegação nos veículos se
tornam generalizadas e compatíveis com as soluções de interação homem-veículo-
estrada e infraestrutura viária.

A disponibilidade de talentos e recursos é maior e reduz o custo de desenvolvimento


de novos produtos e processos. Há manutenção da infraestrutura político-
institucional com a continuidade das políticas e iniciativas públicas em relação a 2009
e fortalecimento das instituições que geram essas iniciativas. O aprimoramento da
legislação trabalhista e tributária é finalmente concretizado, bem como maior agilidade
dos agentes do poder Judiciário e do processo de registro de patentes. Permanece a
estabilidade econômica e do comércio internacional.

41
4.3. Cenário 3 – Entre os Líderes

Setor automotivo brasileiro cresce em termos quantitativos e qualitativos,


bem como a sua capacidade tecnológica e o país se torna player mundial. As
descrições das variáveis neste cenário, conforme quadro abaixo, tendem para
uma situação otimista e, portanto revelam, além grandes oportunidades para as
empresas do setor se elas souberam aproveitá-las.

Quadro 3 – Variáveis e suas alterações nos Cenários de 2022 e 2034.


Concentração urbana Alta Tecnologia Alta
Socio-ambiental Adequada Recursos & Investimentos Disponíveis
Infraestrutura Politico-Institucional Adequada Novos Modelos de Negócio Vários

Em 2022, a concentração urbana e a organização do espaço urbano aumenta em


relação a 2009 e os governos investem na infraestrutura física como vias urbanas,
metrôs, estradas, etc. Aglomerações urbanas, nas imediações dos grandes centros,
criam efeito positivo sobre demanda de carros mais baratos para trajetos curtos,
viabilizando acesso aos meios de transporte (metrô, ônibus, etc.). Grandes empresas
investem no desenvolvimento de carros menores e de propulsão alternativa ou mista,
uma vez que o trajeto médio dos carros diminuiu e viabiliza mais facilmente carros
elétricos ou com outros combustíveis alternativos. Os veículos de cargas de menores

42
dimensões têm sua demanda acelerada – estando focados no transporte urbano –
enquanto que os veículos de carga têm acesso muito limitado aos centros urbanos.
Esta nova dinâmica aumenta a demanda por serviços de inteligência de tráfego e
veicular e a importância do meio ambiente e sustentabilidade (ex. reciclagem de
materiais, baseados em técnicas mais eficientes). Há maior rigor na inspeção veicular e
na qualidade de serviços das empresas de controle de tráfego.

Fruto da crise das grandes montadoras em 2009, novas formas de colaboração entre
fornecedores se consolidam, com surgimento de montadoras menores, em modelos de
rede de colaboração entre sistemistas, autopeças e empresas de tecnologias distintas
da automotiva, mas fundamentais em um novo modelo de produto. Vários modelos de
produtos e tecnologias emergem (propulsão elétrica, biocombustíveis, hidrogênio, etc.)
adaptados às especificidades de cada região e contribuindo para inserção de
empresas nacionais na nova cadeia global de fornecimento.

A renda média da população, maior que em 2009, ocasiona o aumento da demanda


por veículos de maior valor agregado, bem como de veículos de entrada. Isto diminui a
idade média da frota, traz benefícios para o trânsito e força a prática da
sustentabilidade que, por conseqüência, estimula a criação de legislação e de
mecanismos que forçam a renovação da frota. As mudanças climáticas, cada vez mais
evidentes, estimulam a criação de uma legislação mais rigorosa e aumentam o
consumo consciente. Ambos estimulam a geração de tecnologias de recuperação de
energia gerada pelo carro que foram desprezadas no início dos anos 2000. A
legislação ambiental força o desenvolvimento de novas tecnologias e busca um destino
para sucatas e assemelhados por meio de novos sistemas de reciclagem. O país se
alinha à legislação de outros países, o que colabora com esforços de exportação e
homologação de produtos para estes países.

A alta do preço do petróleo (pela dificuldade de extração, desastres naturais, conflitos


locais, etc.) viabiliza as inovações tecnológicas em novos materiais, combustíveis,
propulsão e eficiência energética. As empresas da cadeia produtiva conseguem se
reposicionar, antecipar as mudanças tecnológicas e se manterem ativas na cadeia de
fornecimento. Com novos recursos disponibilizados, as empresas investem em novos
modelos de negócio e novas tecnologias. As soluções globais são objeto de
adaptação para a sua implementação regional. Numa dinâmica de projeto colaborativo,
algumas empresas líderes de projetos conseguem integrar a elas grupos restritos de

43
pequenas e médias empresas e a elas repassam parte das atividades de projeto do
produto. Esses movimentos aumentam a demanda de tecnologias voltadas para
fatores de sustentabilidade (energia e questões ambientais) e reforçam a necessidade
de se integrar a acordos e à legislação internacional de metrologia.

Com a política de formação de talentos, um número maior de profissionais passa a ser


disponibilizado para o setor automotivo. A concentração de empresas no setor
automotivo aumenta a quantidade e importância de suas associações (SINDIPEÇAS,
SAE, AEA e outros), e estimula o trabalho conjunto de empresas com universidades e
centros de pesquisa, no Brasil e no Exterior. Há continuidade das políticas e
iniciativas públicas iniciadas na década de 2000 (do tipo “lei do bem”, lei da inovação
e outras), com o fortalecimento das instituições responsáveis pela gestão destas
iniciativas. Como resultado, cresce a confiança dos atores, especialmente das
empresas, de que estas iniciativas não são passageiras, mas vieram para ficar. Cresce
a importância de um plano nacional de transporte (integração de modais etc.).

Em 2034, começam proliferar soluções variadas de mobilidade. O tráfego nos grandes


centros se mantém, mas soluções alternativas aparecerem e são apropriadas por
alguns atores. O cenário urbano inclui uma mescla de algumas mega-metrópoles com
novos centros urbanos (de menor porte) que foram crescendo orientadas por políticas
públicas. No ambiente das mega-metrópoles, as pessoas trabalham perto de suas
residências ou desenvolvendo trabalho à distância em relação ao empregador, com
eventuais reuniões presenciais. O carro é usado principalmente para o lazer e a
sustentabilidade é incorporada na vida das pessoas. Os processos de reciclagem e de
reaproveitamento do automóvel e/ou veículo de cargas chega a 80 por cento do total
possível de ser feito. Com o uso de medidores de energia elétrica residenciais
“inteligentes” (Smart Grid), é possível usar energia elétrica sobressalente gerada no
veículo para vendê-la para rede, especialmente em horários de pico.

Cada vez mais a lógica do serviço prevalece e passa a ser a ênfase das
concessionárias, montadoras, etc. Nas relações de fornecimento, prevalece a
concentração de players, onde as relações de parcerias, co-design etc. de 2009 passa
a valer para toda a cadeia (os sistemas de Electronic Data Interchange – EDI são
vitais).

44
O perfil e as preferências dos usuários de automóveis se expandem e o mercado
consumidor potencial é maior. Crianças menores de 16 anos são autorizadas a dirigir e
os mais idosos têm melhores condições para fazer o mesmo; comandos à distância
facilitam o processo.

As soluções de propulsão alternativa ao petróleo, já viáveis do ponto de vista técnico e


econômico, estão voltadas para fornecimento de energia em geral. A integração
tecnológica é consolidada, tendo como base a microeletrônica. Os plásticos e metais
são substituídos pelos materiais sintéticos biodegradáveis; a nanotecnologia passa a
ser incorporada, por exemplo, para adaptar o carro automaticamente às diferentes
estações do ano. Os produtos são mais personalizados, diferentemente dos pacotes
de opções que existiam em 2009. Os carros são voltados para necessidades e desejos
de indivíduos diferentes, seja um vendedor, pessoa idosa, num número muito grande
de opções.

O grau de nacionalização do projeto de carros produzidos no Brasil aumenta e a


customização é em boa parte regional, para necessidades locais. Quem conhecia o
mercado brasileiro e continuou oferecendo soluções para este mercado conseguiu
sobreviver. A indústria nacional continua adaptando carros pequenos, absorvendo as
novas tecnologias e sendo referência neste nicho, em função de seu histórico de
competências em projeto.

45
5. OPORTUNIDADES DO SETOR

A partir da sistematização dos cenários gerados na 1a. Oficina, foi


realizada a etapa de Identificação das Oportunidades Tecnológicas mais
importantes para a competitividade do setor de autopeças nacional para os
próximos 25 anos.

A identificação de oportunidades tecnológicas foi feita por meio de uma


consulta qualitativa da percepção dos especialistas do Setor. A consulta foi
realizada entre os dias 10 e 22/06/2009, por meio de uma página da Internet com
convite enviado via e-mail para os especialistas. Dos 137 consultados, 25
responderam, ou 18,25% de respondentes. Entre os consultados, estavam
representantes do setor privado (montadoras, sistemistas, autopeças, consultores
e entidades de classe) e do setor público (MCT, MDIC, APEX, ABINEE, MME,
BNDES).

A consulta virtual, com os cenários gerados na 1ª Oficina, solicitava aos


respondentes que identificassem as oportunidades tecnológicas numa única
sentença para cada cenário. Foram geradas 213 sentenças de conteúdo. As
respostas dos especialistas foram analisadas e organizadas inicialmente em 10
áreas de Oportunidades Tecnológicas, descritas abaixo. A ferramenta de consulta
e o conteúdo gerado na consulta encontra-se no Apêndice VI. As cinco primeiras
(em negrito), por sua abrangência e relevância, foram selecionadas como as
principais para a competitividade futura do setor de autopeças no país nos
próximos 25 anos:

 Novos Materiais;
 Eletrônica Integrada;
 Produção Limpa;
 Tecnologias de Redução de Peso e Tamanho;
 Tecnologias de Propulsão Híbridas / Elétrica / Alternativas;
 Inteligência de Tráfego;

46
 Redução de Custo;
 Parcerias Universidade e Empresa;
 Tecnologias Verdes;
 Motores e Transmissão.

5.1 Novos Materiais


As demandas por veículos mais leves, econômicos, compactos, duráveis,
com design e funcionalidades diferenciados, além de menos custosos e
agressivos ao meio ambiente, leva à intensificação de desenvolvimento de
materiais alternativos, mais leves, com melhor durabilidade e que sejam
recicláveis e de baixo impacto ambiental. Portanto, uma importante oportunidade
tecnológica para o setor é o desenvolvimento de novos materiais de construção
para a indústria automotiva e novas aplicações para materiais já utilizados, como
os plásticos, por exemplo. Uma importante área dentro de novos materiais é o
uso da Nanotecnologia, melhorando a funcionalidade e design das peças
utilizadas.

O desenvolvimento de novos materiais pode levar as empresas de


autopeças a intensificar o estabelecimento de parceiras de desenvolvimento fora
da cadeia automotiva, como universidades, institutos de pesquisa e fornecedores
como indústria de aço, alumínio e petroquímicas.

5.2 Eletrônica Integrada


O aumento da convergência tecnológica de sistemas de comunicação
dentro e fora do veículo, o uso de tecnologias eletrônicas e de comunicação,
visando maior conforto, desempenho e especialmente segurança ao dirigir é
significativo nos próximos 25 anos.

Posto que o Brasil não possui atualmente competência significativa nesta


área, para evitar dependência futura e manter ou até mesmo aumentar a

47
competitividade do setor de autopeças, faz-se necessário investir no
desenvolvimento de capacidade de desenvolvimento nesta área.

5.3 Produção Limpa


Um dos eixos de desenvolvimento de tecnologias para os próximos anos
(e que já está ocorrendo atualmente) é o das “Tecnologias Verdes” ou “Limpas”,
ou seja, que minimizem os impactos sobre o meio ambiente e considerem como
prioritários os aspectos de sustentabilidade ambiental.
O desenvolvimento de novos materiais, de novas formas de motorização e
de transporte devem considerar aspectos ambientais desde a sua concepção.
Este conceito engloba o conceito de reciclabilidade, uso de materiais reciclados
ou remanufaturados, baixo (ou nulo) índice de emissões de CO2 e outros gases
do efeito estufa.
É importante destacar que a consideração de uma tecnologia como verde
deve ser feita considerando todo seu ciclo de vida, ou seja, considerar todo o
balanço energético de gases emitidos em toda sua cadeia produtiva. Este
conceito traz uma série de oportunidades de desenvolvimento para o setor,
lembrando que o Brasil já é um centro de competência de desenvolvimento de
tecnologias de motorização verdes, como o etanol e o biodiesel, além do uso de
materiais verdes (como o plástico derivado de etanol e de glicerina, por exemplo).

5.4 Tecnologias de Redução de Peso e Tamanho


Como foi mencionado nos cenários e nas tendências, a maior
concentração urbana, o crescimento de mercados emergentes e de baixa renda e
a necessidade de maior eficiência energética, traz a necessidade de veículos
mais compactos, leves e eficientes no consumo de combustíveis.
Este fato traz a oportunidade de desenvolvimento de materiais
diferenciados e o uso de eletrônica, como já foi acima discutido, além de trazer

48
oportunidades de novos designs e arquitetura, além de formas de utilização de
veículos inovadoras.

5.5 Tecnologias de Propulsão Híbridas / Elétrica /


Alternativas
Como já discutido no item Produção Limpa, a questão do desenvolvimento
sustentável, além da incerteza sobre o fornecimento futuro de petróleo, traz como
oportunidade o desenvolvimento de tecnologias de propulsão inovadoras.
Como surgiu na discussão de cenários e tendências, dificilmente haverá
um único paradigma de motorização, como foram os motores de combustão
interna no século passado. Com isso, as oportunidades tecnológicas se
multiplicam, dependendo da aplicação (veículos comerciais / leves), do mercado
(mercados de entrada / premium) e das condições logísticas e institucionais
regionais (como etanol no Brasil, por exemplo).
O Brasil, com sua competência já consolidada em etanol e biodiesel, pode
ampliar seu leque de opções, desenvolvendo soluções em motorização elétrica e
a hidrogênio, por exemplo.

49
6. PRIORIZAÇÃO DAS OPORTUNIDADES TECNOLÓGICAS

No dia 13 de julho de 2009 ocorreu a 2ª reunião do Comitê Gestor, cuja


principal tarefa foi a de escolher uma das cinco Oportunidades Tecnológicas
propostas no item anterior para efeito de um desdobramento e detalhamento de
mapas e rotas tecnológicas e estratégicas previstos na metodologia do Estudo
Prospectivo do Setor Automotivo. Os mapas e rotas ajudarão a orientar as
iniciativas de políticas públicas de apoio ao setor.

Como parte da preparação para a decisão acima, a equipe do CGEE


apresentou um resumo das atividades e da metodologia que resultaram na
definição das oportunidades tecnológicas acima citadas. Após as discussões
entre os presentes, ficaram definidas as oportunidades tecnológicas abaixo como
sendo as escolhidas:

 Tecnologias de Propulsão Híbridas / Elétrica / Alternativas

 Tecnologias de Redução de Peso e Tamanho

Além de escolher estas duas oportunidades o Comitê Gestor sugeriu que,


pelo fato de serem bastante correlacionadas, as duas oportunidades tecnológicas
acima poderiam ser transformadas em uma só, o que se justifica também pelo
fato de facilitar o desenvolvimento dos mapas e das rotas do Estudo. Desta
forma, acatando esta recomendação, a equipe técnica do Estudo propôs a
seguinte redação para a oportunidade tecnológica escolhida:

“Tecnologias de propulsão (híbridos, elétricos, etc.),


considerando desenvolvimentos complementares para redução de
tamanho, peso e consumo energético”

Ainda, o Comitê Gestor indicou um conjunto de recomendações que foram


objeto de atenção nas etapas seguintes do estudo e que podem ser resumidas a
seguir:

50
 Considerar a importância de que o Brasil construa competência para não
somente desenvolver tecnologias, mas, e principalmente, para saber
aplicá-las de forma adequada em produtos e processos que envolva a
cadeia automotiva;

 Buscar incorporar a possibilidade de que mudanças mais radicais possam


impactar fortemente o setor (produtos, processos, lógica dos negócios),
em uma trajetória que negue o ritmo relativamente lento de mudanças que
se observa historicamente no setor automotivo mundial;

 Atentar para o fato de que se está estudando a possibilidade de reduzir a


zero o IPI para carros elétricos.

51
7. MAPA TECNOLÓGICO

Após definida a Oportunidade Tecnológica a ser desenvolvida pelo setor, a


metodologia do estudo previa o detalhamento das possíveis Linhas Tecnológicas
para esta oportunidade, alinhadas aos cenários e à capacidade de
desenvolvimento das autopeças nacionais no período de 25 anos. Para a
elaboração do Mapa Tecnológico e a Priorização das Linhas Tecnológicas mais
relevantes para o setor, foram realizadas as atividades descritas nos itens 7.1 e
7.2, a seguir.

7.1 Detalhamento Tecnológico


Foi realizada uma segunda Oficina de Trabalho no dia 11 de agosto, com o
objetivo de detalhar as tecnologias relacionadas à oportunidade selecionada e
elaborar o Mapa Tecnológico do segmento: “Tecnologias de Propulsão (híbridos,
elétricos, etc.), considerando desenvolvimentos complementares para redução de
tamanho, peso e consumo energético”. As tecnologias de propulsão foram
divididas pela equipe do CGEE em dois grandes grupos, com intuito de melhor
direcionar a elaboração dos trabalhos:

 Veículos a Combustão: Veículos com motores Ciclo Otto (movidos a


gasolina, álcool e gás natural) e Ciclo Diesel.

 Veículos Elétricos: Veículos híbridos (combustão/elétricos), elétricos e


movidos a células de combustível.

Foram convidados a participar da oficina especialistas nas tecnologias


acima citadas, selecionados a partir de indicações feitas por profissionais do
setor, de contatos da ABDI e a partir de experiências prévias da equipe do CGEE.
Além disso, foi consultado o Portal Inovação, um instrumento do MCT que visa
estimular a constituição de alianças estratégicas e o desenvolvimento de projetos
de cooperação envolvendo empresas nacionais e ICTIs, para levantar nomes de
pesquisadores e grupos de interesse. O grupo de especialistas convidado (vide

52
Apêndice VII) contou com pesquisadores de universidades, centros de pesquisa,
empresas e instituições do setor, ou a ele relacionadas.

As seguintes atividades foram desenvolvidas durante esta Oficina:

1. Apresentação do Estudo e Metodologia da Oficina.

O objetivo da oficina foi a elaboração do mapa tecnológico do segmento


selecionado a partir da visão e experiência dos especialistas no setor. Para isso,
a equipe do CGEE preparou uma lista prévia de elementos e linhas tecnológicas
passíveis de serem desenvolvidas nos próximos 25 anos. Estes elementos e
linhas foram discutidos na Oficina em dois grupos distintos; um para os veículos
“à Combustão” e outro para os veículos “Elétricos”. A cada uma das tecnologias
apontadas pelos grupos foi associado um conjunto de requisitos para os anos de
2022 e 2034, e posteriormente, realizada uma reflexão sobre possíveis impactos
de coringas 6 (“wildcards” ou surpresas) do setor.

2. Definição dos Elementos Tecnológicos e Requisitos

Com os especialistas divididos em dois grupos (“Combustão” e “Elétricos”),


foram discutidos, durante cerca de 3 horas, os elementos e as linhas tecnológicas
para cada uma das duas categorias de propulsão. A discussão, realizada no
formato de um “brainstorming”, foi conduzida a partir de uma estruturação dos
elementos tecnológicos desenvolvida previamente pela equipe do CGEE.

Após a discussão nos grupos, os resultados foram apresentados para o


conjunto dos especialistas visando sua consolidação. Nesta etapa, também foram
apresentados os requisitos para o desenvolvimento das tecnologias nos próximos
25 anos. Por requisitos entende-se, neste trabalho, um conjunto de aspectos
(legais, econômicos, de infra-estrutura, etc. – vide relação completa no parágrafo
seguinte) que necessitam (ou necessitarão) de detalhamento para que uma visão

6
Um Coringa ou “Wildcard” pode ser definido como um evento inesperado, uma grande
surpresa, difícil de ser antecipada ou entendida, de baixa probabilidade de ocorrência, mas
uma vez que ocorra, traz grandes impactos para todo o setor. Exemplos de coringas são
grandes descobertas científicas, catástrofes naturais, novos modelos de comunicação,
eventos históricos, epidemias, etc.

53
mais clara do desenvolvimento futuro das tecnologias possa ser desenvolvida.

3. Matriz de Relações entre Elementos Tecnológicos e Requisitos

Novamente separados em dois grupos, os especialistas discutiram a


associação dos requisitos do setor para cada um dos elementos tecnológicos
levantados. Os requisitos selecionados são os que se seguem:

 Impacto na Cadeia Produtiva;


 Adequação à Infraestrutura;
 Impacto Ambiental;
 Viabilidade Econômica;
 Aceitação Mercadológica;
 Durabilidade e Confiabilidade;
 Customização para o Segmento;
 Desempenho conforme uso (carga x passageiro, individual x coletivo);
 Customização para o segmento;
 Segurança Veicular.

Após a associação dos requisitos às tecnologias, novamente os


especialistas foram reunidos para validação e consolidação dos resultados.

4. Definição dos Coringas do Setor

Após a elaboração dos elementos e requisitos para cada linha tecnológica


definida pelo grupo, foi feita uma discussão sobre possíveis coringas que
poderiam influenciar significativamente no desenvolvimento das tecnologias. A
equipe foi convidada e refletir sobre possíveis coringas e quais suas
conseqüências para as linhas tecnológicas levantadas.

Os resultados finais do Detalhamento Tecnológico realizado na 2a. Oficina


de Trabalho, para Veículos a Combustão e Veículos Elétricos encontram-se nas
figuras 4 e 5, abaixo:

54
Figura 4 – Mapa Tecnológico – Veículos a Combustão.
55
Figura 5 – Mapa Tecnológico – Veículos Elétricos.

56
A seguir, são apresentados resumos das linhas tecnológicas para cada um
dos dois segmentos de propulsão.

7.2 Veículos a Combustão


Os especialistas participantes da oficina concordam que os motores a
combustão permanecerão importantes no mercado nos próximos 25 anos,
especialmente em aplicações para veículos comerciais (caminhões e ônibus) e
em veículos de mercados emergentes, utilizando-se álcool como combustível.
Para os veículos a combustão, as seguintes linhas tecnológicas foram
selecionadas pelos especialistas:

 Aprimoramento de Gasolina, Álcool, Diesel e Gás para maior eficiência


energética e ambiental: Os especialistas indicaram que dentro do
objetivo de melhorar a eficiência energética e reduzir o impacto
ambiental (especialmente emissões de gases do efeito estufa) haveria
a possibilidade de desenvolvimentos de novos combustíveis, além de
desenvolvimentos nos motores. Pesquisas relacionadas a melhoria de
processos de produção e de obtenção de matérias primas (como o
aprimoramento do rendimento na produção de cana de açúcar) podem
contribuir para a disponibilidade de combustíveis de melhor qualidade,
o que impactaria positivamente no desempenho dos motores, na sua
eficiência energética e na redução na emissão de gases poluentes.

 Desenvolvimento de motores movidos a Éter Dimetílico (DME): O éter


dimetílico (DME) é um combustível derivado do metanol e utilizado em
aerossóis há décadas. Está sendo pesquisada sua utilização em
motores de ciclo diesel, com vantagens relacionadas à redução de
emissões de gases poluentes. Pode ser obtido por meio de biomassa.

 Desenvolvimento de motores movidos a Bio Metano: O gás metano


produzido a partir de biomassa pode ser utilizado em motores ciclo Otto

57
ou Diesel, com a vantagem de reduzir emissões e ser proveniente de
biomassa. Já existem protótipos deste tipo de veículo em teste.

 Gasolina sintética: Uso de gasolina em motores Otto produzida a partir


de gás natural (processo GTL). A gasolina obtida teria menor teor de
enxofre, produzindo uma queima mais limpa, além de proporcionar
maior economia e melhor desempenho do motor, pois possui maior
octanagem.

Figura 6 – Ilustração transversal do motor à combustão.


Fonte: GettyImages.

 Obtenção de Biodiesel a partir de Etanol: Constitui uma outra rota para


a produção do biodiesel, utilizando-se o etanol como forma de melhorar
o balanço energético e de emissão de CO2 no processo produtivo. Seu
uso e desempenho seria similar ao biodiesel produzido a partir de
material graxo.

58
Figura 7 – Cana de açúcar tropical voltada para a produção de combustível.
Fonte: GettyImages.

 Novas utilizações do Álcool Aditivado no Ciclo Diesel: Já existem testes


sendo realizados por montadoras como a Scania para o uso de álcool
(etanol) aditivado em motores ciclo Diesel. Também há alternativa de
se obter álcool adequado ao ciclo diesel, ou ainda modificar o ciclo para
seu uso. As vantagens ambientais já são conhecidas (menor emissão
de poluentes, fonte renovável e com balanço de CO2 positivo).

 Novos desenvolvimentos para Conversão e Transmissão de Energia no


Ciclo Otto: Como forma de melhorar o desempenho, a eficiência
energética e as emissões nos motores ciclo Otto (movidos a gasolina,
álcool ou gás natural), uma série de tecnologias para conversão e
transmissão de energia no motor ciclo Otto estão sendo desenvolvidas,
ou já existem em mercados de nicho e aplicações restritas e que
podem ser aperfeiçoadas e se tornar importantes para o mercado
nacional nos próximos 25 anos. Os especialistas escolheram as
seguintes tecnologias como sendo as mais importantes e promissoras:

 Injeção direta de combustível;


 Uso de turbo compressor;
 VVT - Comando de válvulas variável;
 Transmissão continuamente variável (CVT);
 EVT (Eletromechanical Valve Train): Motor sem eixo comando de
válvulas;
 Aprimoramentos na geometria e materiais de construção da Câmara
de Combustão;
 Aumento na razão de compressão e/ou motores com razão de
compressão variável;
 Recirculação dos gases de escape (Escape Gás Recicle);
 Transmissão automatizada;
 Redução de cilindrada e desativação de cilindros do motor, mas
mantendo potência e desempenho;
 Redução de atrito e de massa do motor;

59
 Melhorias no coletor de admissão;
 Reaproveitamento da energia de descarga (turbo compound).

 Novos desenvolvimentos para Conversão e Transmissão de Energia no


Ciclo Diesel: Assim como no motor ciclo Otto, uma série de
desenvolvimentos estão sendo testados ou já utilizados em aplicações
restritas em motores Diesel. As tecnologias acima descritas para o ciclo
Otto são aplicáveis para motores Diesel, além de:

 Uso de Turbo dual-stage;


 Uso de ar comprimido no turbo;
 Uso de emulsão diesel/gasolina e/ou diesel/álcool;
 Sistema de injeção de combustível com ultra alta pressão (acima de
2300 bares);
 Multiinjeção;
 Sistema de reaproveitamento de energia híbrido-mecânico.

 Sistemas de Controle e Gerenciamento do Motor/Veículo no Ciclo Otto


e Diesel: Além dos desenvolvimentos em sistemas de conversão e
transmissão de energia, para melhorar a eficiência energética,
desempenho e emissões nos motores a combustão, outra linha
tecnológica seria a relacionada ao desenvolvimento de sistemas
eletrônicos integrados de controle e gerenciamento do motor. Assim
como no item anterior, essas tecnologias não são exatamente novas,
mas sua aplicação em mercados emergentes e de baixo custo ainda é
pouco difundida, o que pode ser uma oportunidade para seu
desenvolvimento e adaptação aos requisitos de mercados brasileiros e
de outros emergentes. O grupo destacou as seguintes tecnologias
específicas:

 Calibração do motor baseando-se em modelos matemáticos (model


based);

60
 Sistema start-stop, que desliga o motor quando o veículo para em
congestionamentos ou semáforos;
 Sistemas para gerenciamento da energia dissipada;
 Definição do software de controle do motor pelo desenvolvedor do
motor;
 Desenvolvimentos na tecnologia de softwares de controle;
 Gerenciamento dos sistemas de segurança do veículo
(ABS/Controle Tração, p.ex.);
 Integração de sistemas de sensores e atuadores;
 Uso de sensor de etanol para motores flexíveis no tanque.

 Tecnologias para aproveitamento da energia térmica remanescente:


Desenvolvimento de sistemas que reaproveitam a energia térmica
gerada pelo motor ou freios, a exemplo do KERS utilizado atualmente
pelos carros que competem na Fórmula 1 7.

Figura 8 – Carros da Fórmula 1 já utilizam a tecnologia KERS.


Fonte: GettyImages.

7
KERS – Sigla em inglês que significa Kinetic Energy Recovery System, um sistema que captura
e armazena a energia que seria dissipada no momento da frenagem, para ser utilizada
posteriormente. Para mais detalhes, vide: http://www.youtube.com/watch?v=xAvexjr2ax0 e
http://www.flybridsystems.com/F1System.html

61
 Motores alternativos aos de Ciclo Otto/Diesel (HCCI, CAI, LTC):
Desenvolvimento de novas formas de combustão, como o HCCI
(Homogenous Charge Compression Ignition), motor que une os
princípios do ciclo Otto e Diesel – não é necessária ignição para ocorrer
a combustão; o CAI – Controlled Auto Ignition, tipo de motor que regula
a ignição e o LTC (Low temperature combustion), que trabalha a
temperaturas inferiores. Esses tipos de motor estão em
desenvolvimento em universidades e também em protótipos
desenvolvidos por montadoras e sistemistas.

 Motores projetados especificamente para uso de álcool ou flexível: Os


motores a álcool e/ou flexíveis utilizados no país foram desenvolvidos a
partir de adaptações em motores desenvolvidos para utilizar gasolina.
Com um motor concebido exclusivamente para o uso do álcool, poder-
se-ia atingir melhor desempenho e economia de combustível.

 Novos desenvolvimentos em arquitetura e design do veículo visando à


redução de peso e consumo energético: A redução de peso e
mudanças na arquitetura de veículos pode trazer benefícios para o
consumo energético, redução no uso de materiais e emissões, além de
satisfazer a novas necessidades de mercado, em ambientes urbanos já
saturados em termos de trânsito. Também, podem atender a
segmentos específicos de mercado, como modelos de veículos
específicos para idosos ou adolescentes. Foram citadas as seguintes
linhas tecnológicas:

 Para redução de massa e inércia: uso de rodas de plástico, novas


ligas metálicas e materiais para carroceria;
 Novos designs para atender aos requisitos de aerodinâmica e
conforto acústico;
 Veículos desenvolvidos para novos modelos de negócio e
segmentos específicos de mercado. Ex.: veículos urbanos para
duas pessoas, para uso compartilhado;
 Pneus que não furam e dispensam o uso do estepe, reduzindo o
peso total do veículo;

62
 Mini carros ou “carros/motocicletas” para uso urbano;
 Integração do motor com tecnologias de controle a distância
(telemetria).

Figura 9 – Carro conceito, Concurso de Design da Volkswagen 2002. Autor:


Carlos Cananéia, UNESP-Bauru.

Na discussão sobre os coringas que poderiam mudar a trajetória de


desenvolvimento dos motores a combustão, os seguintes tópicos foram
levantados:

 Disponibilidade e preço do petróleo no mercado: Ainda que importantes


descobertas de reservas tenham sido feitas, especialmente no Brasil,
tensões e questões políticas em importantes países produtores, aliado
ao aumento do consumo de petróleo para geração de energia elétrica,
podem fazer com que o preço dos combustíveis fósseis venha a
inviabilizar o desenvolvimento e aprimoramento dos motores a
combustão, tornando a alternativa elétrica mais atraente para a
indústria

63
 Desenvolvimento de “moto/carro”: Com o aumento da densidade
populacional urbana, haveria o aumento de soluções de transporte
individualizado, como motocicletas adaptadas para maior conforto e
segurança, que trafegariam em pistas exclusivas, tornando-se
alternativa ao transporte público. Este tipo de solução pode trazer
impactos para toda a cadeia automotiva, em termos de novos modelos
de negócio e novos entrantes no setor, como os fabricantes de
motocicleta, por exemplo.

 Desenvolvimento de motores rotativos de terceira geração: São


motores desprovidos de anéis de segmento, mais econômicos, leves e
de alta potência

 Domínio das “Forças de campo”: Atualmente, o estudo da física teórica


de partículas e sua interação ainda está em estágio teórico, mas
descobertas de cunho radical nesta área poderiam revolucionar os
conceitos de transporte e energia. Isto significaria a possibilidade de
desenvolvimento de sistemas de transporte no qual se usaria uma
combinação dos campos elétrico, gravitacional e magnético para
transporte de objetos e pessoas. Atualmente, existem pesquisas em
universidades como a Caltech (EUA), e em empresas como a IBM e o
Instituto de Física Niels Bohr (Dinamarca) sobre o transporte de fótons
e outras partículas. 8

7.3 Veículos Elétricos


Para o detalhamento das linhas tecnológicas de veículos elétricos, partiu-
se da seguinte definição: motor elétrico é aquele que utiliza energia elétrica, seja
ela alimentada diretamente no veículo, ou gerada a partir de uma célula a

8
Fonte sobre o assunto, vide:
http://researchweb.watson.ibm.com/quantuminfo/teleportation/ ou
http://www.nbi.ku.dk/forskningsgrupper/kvanteoptik/english/news/qoptnbinews/lightatomtele/

64
combustível (a partir do hidrogênio, por exemplo). Além dos veículos 100%
elétricos, também foi incluída nesta definição o desenvolvimento tecnológico e a
alternativa dos veículos híbridos. Os especialistas participantes da oficina
discutiram a importância deste tipo de motorização para o país, julgando-a
relevante para o mercado automotivo nos próximos 25 anos.

Para melhor entendimento das linhas tecnológicas que serão descritas


abaixo, é necessária uma descrição de como funciona e o que significa o veículo
elétrico e o veículo híbrido, feita a seguir, baseada no documento “Situação
Tecnológica e de Mercado de Veículos Híbridos e Elétricos” 9.

Os veículos 100% elétricos não são exatamente uma novidade


tecnológica: no final do século XIX já existiam modelos movidos a eletricidade. O
desenvolvimento e disponibilidade de combustíveis fósseis interromperam a
trajetória de desenvolvimento dos motores elétricos para automóveis.

Um veículo elétrico é composto dos seguintes sistemas: motor elétrico e


seu controlador eletrônico de velocidade e um conjunto de baterias. Pode ser
considerado de construção mais simples que os veículos a combustão, porque
não possuem sistemas de transmissão, exaustão de gases, de entrada de ar,
nem de ignição e combustão. Sua grande desvantagem em relação aos motores
a combustão (e o motivo pelo qual foi abandonado no início do século) é sua
pequena autonomia – pelo menos até o momento, o que está relacionado à
tecnologia de acúmulo de energia nas baterias.

Para que um carro elétrico possuísse a mesma autonomia que um a


gasolina, por exemplo, o peso do conjunto de baterias necessário inviabilizaria
sua construção. Contudo, a crescente difusão do uso de baterias, especialmente
na indústria de celulares e notebooks, tem contribuído para o desenvolvimento de
novas tecnologias que buscam o aumento da densidade energética e a
autonomia dos veículos elétricos.

9
Fonte: Soares, M. Situação Tecnológica e de Mercado de Veículos Híbridos e Elétricos. SP:
AEA, 2009. 15p.

65
Um veículo híbrido pode ser definido como aquele que possui motor a
combustão e conjunto motor/gerador/baterias que auxilia na propulsão do veículo.
Em baixas velocidades, o motor elétrico é responsável pelo movimento e à
medida que mais tração seja necessária, o motor a combustão é acionado. Já
está à venda no mercado modelos como o Toyota Prius (que desde 1997 já
vendeu mais de 1 milhão de unidades, no Japão e EUA 10) e Honda Insight. Sua
vantagem é o baixo consumo de combustível (cerca de 25 km/l), mas seu preço
ainda é alto – Nos EUA é vendido a US$24 mil.

Para os próximos 25 anos, os especialistas participantes da oficina


acreditam que haverá espaço no mercado para os dois tipos de veículos,
elétricos e híbridos.

As seguintes linhas tecnológicas foram levantadas:

 Fonte de Energia Elétrica: Todo carro elétrico necessita de uma fonte


de energia, seja ela gerada internamente (vide células a combustível)
ou externamente (posteriormente levada ao veículo). Um dos atuais
desafios no desenvolvimento dos veículos elétricos é o seu tempo de
carregamento, o que limita sua autonomia para uso em longas
distâncias. Duas grandes tecnologias a serem desenvolvidas neste
campo são:

 Interface veículo / rede (plug/tomada): Tecnologia “plug-in”.


Otimização do tempo e da forma de carregamento;
 Interface de comunicação com a rede: Tecnologias para interface
entre o veículo e a rede distribuidora de energia.

10
Fonte: http://www.noticiasautomotivas.com.br/toyota-prius-chega-a-1-milhao-de-unidades-
vendidas/

66
Figura 10 – Aplicação de interfaces veículo-rede elétrica.
Fonte: Apresentação da Electric Power Research Institute, Inc.

 Desenvolvimentos nos motores a combustão interna para veículos


híbridos: Nos veículos híbridos, há potencial para o desenvolvimento e
aprimoramento da parte a combustão do motor. Além de incorporar as
tecnologias discutidas anteriormente para os motores a combustão,
pode-se citar ainda as seguintes possibilidades:

 Motores Stirling (combustão externa);


 Tecnologias para reaproveitamento da energia térmica dissipada

 Células a Combustível: Outra forma de alimentar o motor elétrico, seria


produzir eletricidade a partir de Hidrogênio (H2), gerando vapor de água
como subproduto. Além dos problemas de segurança e logísticos
ligados ao uso do H2, sua obtenção nas células de combustível a partir
de etanol ou metanol gera subprodutos que as deterioram. Sua
vantagem em relação ao carro elétrico alimentado externamente é o
fato de não haver competição entre o uso da energia elétrica disponível
na rede e para o abastecimento de automóveis. O uso de eletrólise da
água não seria uma alternativa, uma vez que o balanço energético
neste caso não é viável. 11 Para se tornar uma tecnologia viável

11
Existe um projeto para uso de hidrogênio em trólebus que circulam na região do ABC, em São
Paulo. Na tecnologia prevista para este projeto, será abastecido hidrogênio produzido
externamente por hidrólise de água. Neste caso, o uso do hidrogênio se justifica como forma

67
econômica e tecnicamente, os desenvolvimentos abaixo são
necessários:

 Interface Veículo / posto de hidrogênio: caso seja alimentado


hidrogênio diretamente no veículo;
 Geração de hidrogênio: reformador/eletrolisador;
 Armazenamento de Hidrogênio: especialmente quanto à questão da
segurança;
 Reaproveitamento da energia térmica gerada pela célula;
 Sistemas de controle da célula.

 Acumuladores de Energia Elétrica (Bateria): A questão dos


acumuladores de energia elétrica é o grande gargalo para o
desenvolvimento dos veículos elétricos. Impactam diretamente na
autonomia dos veículos. Existem diferentes tecnologias de baterias em
desenvolvimento, oriundas das tecnologias de baterias para celulares e
notebooks, como alternativa às baterias chumbo-ácidas atualmente
utilizadas em automóveis. Destacam-se as tecnologias de Níquel-
Cádmio, Níquel-Metal Hidreto, e Íon-Lítio, sendo esta última apontada
como a mais promissora, assim como suas derivadas a base de
polímeros. O uso da nanotecnologia em baterias é uma das áreas mais
promissoras para desenvolvimento tecnológico. Como alternativa às
baterias, pesquisa-se o uso de supercapacitores que são células de
potência com baixa energia e que possuem vida útil superior a 20 anos.
As linhas tecnológicas apontam para os seguintes desdobramentos:

 Baterias: Aumento da densidade energética, vida útil, segurança,


redução de custo, gestão de carga e descarga e reciclagem;
 Redução de custo de supercapacitores.

de estocar energia para uso em horário de pico, quando o uso dos veículos é mais intenso e o
custo da energia muito maior. Vide: http://www.emtu.sp.gov.br/h2/

68
 Eletrônica de Potência: Os motores elétricos necessitam de
controladores eletrônicos, para variação de velocidade, utilizando para
isso a variação da freqüência da rede elétrica, por meio de inversores
de freqüência. Estes inversores já existem e são bem desenvolvidos
para motores de uso industrial, mas seu custo para aplicações
automotivas ainda é alto.

 Inversores de freqüência – redução de custo para aplicações


exclusivamente automotivas;
 Freio regenerativo.

 Eletrônica de controles: Assim como nos veículos de combustão


interna, o desenvolvimento de sistemas de controle e gerenciamento do
veículo e sua interface com o usuário é uma linha tecnológica que
necessita de desenvolvimento nos próximos 25 anos. Estes sistemas
permitem uma maior eficiência energética e melhor desempenho para
os motores.

 Sistemas para controle e gerenciamento do veículo;


 Sistemas para controle e gerenciamento da bateria.

Figura 11 – Ilustração do veículo híbrido, apresentando o motor elétrico,


gerador, bateria e tanque de combustível a petróleo.
Fonte: GettyImages.

69
 Motor elétrico / gerador: Ainda que o motor elétrico não seja uma
novidade tecnológica, há muito espaço para seu desenvolvimento e
aprimoramento, visando maior eficiência energética.

 Redução e tamanho do motor, utilizando-se novos materiais de


construção e design, visando maior eficiência;
 Uso da roda elétrica (wheel hub motor): ao invés de um motor
central e um sistema de transmissão para as rodas, haveria um
motor para cada roda, instalada diretamente no cubo da roda,
eliminando o diferencial e a transmissão no veículo.

Figura 12 – Ilustração da roda elétrica.


Fonte: Siemens e VDO.

 Transmissão em veículos híbridos: Coordenar a transmissão do motor


à combustão com a do motor elétrico.

 Arquitetura e design do veículo elétrico: Motores elétricos permitem


diferentes configurações e diferentes alternativas de design em relação
aos veículos atuais, com o uso de rodas elétricas, por exemplo.

 Cogeração de energia, por meio do uso de Smart Grid – Com o uso de


medidores de energia elétrica residenciais “inteligentes” (Smart Grid),
que possibilitam comunicação entre usuários da rede secundária e
distribuidora, é possível usar energia elétrica sobressalente gerada no
veículo para vendê-la para rede, especialmente em horários de pico.

70
Figura 13 – Ilustração do conceito de Smart Grip.
Fonte: Electric Power Research Institute, Inc.

Na discussão sobre os Coringas que poderiam mudar a trajetória de


desenvolvimento dos motores elétricos, foram levantados os seguintes tópicos:

 Entrada de novos players no mercado automotivo e redução da


importância do papel da montadora como integradora de tecnologias:
O uso dos motores elétricos traz um conjunto de conhecimentos e
tecnologias distintos dos atualmente empregados na cadeia automotiva
como um todo. Isto tende a trazer novos players para a cadeia – como
fabricantes de baterias e motores elétricos, o que pode mudar
substancialmente a forma de organização da cadeia produtiva do setor
automotivo. Tal fenômeno pode fazer com que os atuais sistemistas e
montadoras percam espaço e importância na cadeia de valor, de
maneira similar ao que ocorreu com os produtores de computadores
quando da introdução do PC no mercado, na década de 70. Se tal
processo se concretizar, igualmente grande será o impacto sentido
pelas autopeças brasileiras, uma vez que estas apresentam pouca
capacidade de adaptação rápida a novos paradigmas tecnológicos,
sem contar a pouca capacidade de investimento relacionada à
capacitação tecnológica.

 Abastecimento químico para baterias: Desenvolvimento de baterias


sem eletrodos sólidos, como, por exemplo, usando sais de vanádio
líquido. Após o uso, esses sais podem ser reativados, o que resolveria
problemas de descarte de baterias.

71
7.4 Priorização das Linhas Tecnológicas

A partir das Linhas Tecnológicas geradas na 2a. Oficina, foi realizada a


etapa de Priorização das linhas de pesquisa tecnológica mais importantes para a
competitividade do setor de autopeças nacional para os próximos 25 anos.

A priorização das linhas tecnológicas foi feita por meio de uma consulta
eletrônica aos especialistas do setor, realizada entre os dias 20 e 26/08/2009. O
objetivo da consulta era avaliar as Linhas de Pesquisa Tecnológica dos Veículos
Elétricos e à Combustão a fim de colher subsídios para elaboração de Mapas
Tecnológico e Estratégico. A primeira parte da consulta se referiu aos veículos
elétricos e a segunda aos veículos à combustão. Dos 136 consultados, 34 ou
25% responderam o questionário eletrônico. Entre os consultados, estavam
representantes de montadoras, sistemistas, autopeças, consultores, entidades de
classe, representantes de empresas como Embraer, Petrobrás e VSE-Vale, de
universidades e institutos de pesquisa, como INEE, ABVE, CPFL, CPqD, IEE,
IPT, USP e do Ministério de Ciência e Tecnologia. Os respondentes avaliaram
cada linha tecnológica utilizando os seguintes critérios:

1. Importância do Domínio Tecnológico pela cadeia automotiva instalada


no Brasil (de veículos comerciais e de passeio) nos próximos 25 anos;

2. Maturidade Técnico-econômica da Tecnologia no mundo nos próximos


25 anos;

3. Base atual de recursos (pessoas, laboratórios) para o desenvolvimento


da tecnologia no país no futuro.

Cada critério foi medido com notas entre 1 (Baixo) a 3 (Alto). As


informações levantadas foram utilizadas como subsídio para geração da Matriz

72
de Priorização de Linhas Tecnológicas que foi apresentada e discutida durante a
3a Oficina. A ferramenta de consulta e os resultados da pesquisa estão
disponíveis no Apêndice VIII.

Para a construção das matrizes de priorização, utilizou-se o seguinte


critério: Para cada linha tecnológica, criou-se um indicador de Importância x
Maturidade, obtido pela multiplicação das notas para cada um desses critérios.
Optou-se por este indicador, pois ele representa a relação direta que existe entre
a importância e a maturidade de uma tecnologia. A suposição é que, quanto
maior a sua maturidade no mercado mundial nos próximos 25 anos, maior sua
importância para a indústria automotiva nacional. Posteriormente, foi feita a
correlação entre o indicador Importância x Maturidade com a Base de Recursos
existente no Brasil. Pelo critério proposto acima, os resultados foram inseridos em
uma matriz de quatro quadrantes sendo que cada um deles aponta para as
seguintes características:

Quadrante Baixo índice de base de recursos e Baixa Importância x


Maturidade: A tecnologia deste quadrante não seria crítica dado que a sua base
atual de recursos é baixa no Brasil e, além disto, não será uma tecnologia
relevante para o setor nos próximos 25 anos. Portanto, não seria uma tecnologia
prioritária para investimento.

Quadrante Alto índice de base de recursos e Baixa Importância x


Maturidade: A tecnologia que se enquadram neste quadrante também não seria
crítica, pois ainda que a base de recursos seja alta no Brasil, ela não seria
relevante para o setor nos próximos 25 anos e assim como no caso anterior, não
seria prioritária para maiores investimentos.

Quadrante Baixo índice de base de recursos e Alta Importância x


Maturidade: Seria uma tecnologia passível de investimentos, pois a base de
recursos é baixa no Brasil, mas a tecnologia é relevante para o setor nos
próximos 25 anos, indicando um “gap” nas competências requeridas para o
desenvolvimento do setor.

73
Quadrante Alto índice de base de recursos e Alta Importância x
Maturidade: Esta seria uma tecnologia a ter sua base de recursos mantida ou
aumentada, pois será uma tecnologia relevante para o setor nos próximos 25
anos.

As figuras 4 e 5 abaixo apresentam o resultado das matrizes para os


segmentos de veículos a combustão e elétricos, respectivamente.

Figura 14 – Matriz de Priorização de Linhas Tecnológicas de Propulsão – Veículos a


Combustão.

74
Figura 15 – Matriz de Priorização de Linhas Tecnológicas de Propulsão – Veículos
Elétricos.

Durante a 3a Oficina, as duas matrizes acima foram apresentadas aos


especialistas, os quais as discutiram e sugeriram – a partir desta discussão – qual
seria o conjunto de tecnologias que mereceriam maior destaque e investimento.
O resultado desta escolha é mostrado nos quadros 1 e 2 abaixo:

75
Quadro 4 – Priorização de Linhas Tecnológicas de Propulsão – Veículos a Combustão.

Tecnologia Prioridade

1. Novos desenvolvimentos em arquitetura do veículo Manter ou ampliar


visando à redução de peso e consumo energético

2. Sistemas de Controle e Gerenciamento do Motor / Manter ou ampliar


Ciclo Diesel

3. Aprimoramento de Gasolina, Álcool, Diesel e Gás Manter ou ampliar


para maior eficiência energética e ambiental

4. Sistemas de Controle e Gerenciamento do Motor / Manter ou ampliar


Ciclo Otto

5. Tecnologias para aproveitamento da energia térmica Tecnologia a apostar


remanescente

6. Novos desenvolvimentos para Conversão e Manter ou ampliar


Transmissão de Energia no ciclo Diesel

7. Motores alternativos aos de ciclo Otto ou Diesel – Tecnologia a apostar


HCCI, CAI, LTC

8. Novas utilizações do álcool no ciclo Diesel Tecnologia não crítica

9. Novos desenvolvimentos para Conversão e Tecnologia não crítica


Transmissão de Energia no ciclo Otto

10. Motores projetados especificamente para o uso de Tecnologia não crítica


álcool

11. Obtenção de Biodiesel a partir de Etanol Tecnologia não crítica

12. Desenvolvimento de motores movidos a Tecnologia não crítica


Biometanol

13. Gasolina sintética Tecnologia não crítica

14. Desenvolvimento de motores movidos a DME Tecnologia não crítica

76
Quadro 5 – Priorização de Linhas Tecnológicas de Propulsão – Veículos Elétricos.

Tecnologia Prioridade

1. Eletrônica de Controles Manter ou ampliar

2. Acumuladores de Energia Elétrica: Baterias Tecnologia a apostar

3. Motor Elétrico / Gerador Manter ou ampliar

4. Eletrônica de Potência Manter ou ampliar

5. Novos desenvolvimentos em arquitetura do veículo Manter ou ampliar


visando à redução de massa, inércia e consumo
energético e o design, aerodinâmica, conforto
acústico e materiais ambientalmente sustentáveis

6. Fonte de energia elétrica: Desenvolvimento de Tecnologia a apostar


interface de comunicação com a rede

7. Fonte de energia elétrica: Desenvolvimento de Manter ou ampliar


interface veículo- rede elétrica (plug/tomada)

8. Acumuladores de Energia Elétrica: Supercapacitores Tecnologia a apostar

9. Células a combustível: Desenvolvimentos de sistemas Tecnologia a apostar


de controle e gerenciamento de célula

10. Transmissão: Tecnologia de “caixa satélite” e outros Manter ou ampliar


materiais

11. Células a combustível: Abastecimento e Logística Tecnologia não


crítica

12. Desenvolvimento de motor de combustão interna Tecnologia não


estacionário (Atkinson, Miller) crítica

13. Células a combustível: Aproveitamento do calor Tecnologia não


gerado na célula crítica

77
8. MAPA ESTRATÉGICO

A construção do Mapa Estratégico foi feita em uma oficina (a 3ª e última)


realizada no dia 27 de agosto, na sede do Sindipeças, em São Paulo. Foram
convidados para esta oficina alguns dos participantes da oficina anterior em que
se discutiu o mapa tecnológico para o segmento de autopeças da cadeia
automotiva brasileira (vide Apêndice IX). A agenda de trabalho desta oficina foi a
seguinte:

1. Contextualização do Estudo Prospectivo do Setor Automotivo;

2. Apresentação dos resultados da consulta online “Priorização de Linhas


Tecnológicas de Propulsão de Veículos Elétricos e à Combustão”;

3. Construção da Visão de Futuro do Segmento Alvo;

4. Análise de Pontos Fortes, Pontos Fracos, Oportunidades e Ameaças


do Segmento Alvo (em dois grupos - Veículos Elétricos e à
Combustão);

5. Definição de Objetivos Estratégicos e Ações para o Segmento Alvo


(em dois grupos - Veículos Elétricos e à Combustão);

6. Priorização de Objetivos Estratégicos e Apresentações;

7. Próximos passos e Comentários Finais.

8.1 Análise SWOT


Para a proposição da rota estratégica foi utilizada a análise SWOT (Figura
8) Esta análise serve para se avaliar uma empresa, uma equipe, um país, etc.
Para se chegar à definição do Mapa Estratégico do Setor Automotivo, foi adotada

78
esse modelo de análise para a representação do ponto de partida (2009) e do
ponto de chegada (2034).

Forças Fraquezas

Oportunidades Ameaças

Figura 16 – Matriz SWOT.

Para isso, considera-se as seguintes definições:

 Como Forças ou Fraquezas – Elementos deste tipo presentes na


Indústria Brasileira Automotiva, no momento analisado;

 Como Oportunidades ou Ameaças – Elementos deste tipo,


identificáveis fora do Brasil ou da Indústria Brasileira propriamente dita,
no momento analisado ou no futuro.

Essa análise deve considerar as seis dimensões utilizadas na metodologia


do Estudo para caracterizar e analisar um dado setor industrial. As dimensões de
análise são Mercado (M), Tecnologia (TE), Talentos (TA), Investimentos (IN),
Infraestrutura Física (IF), Infraestrutura Político-Institucional (IP) (vide quadro 6
para uma definição mais detalhada do significado de cada uma das seis
dimensões). Para que a matriz SWOT seja construída, faz-se perguntas do
seguinte tipo, para cada quadrante da matriz de análise:

79
 Forças: O que o país faz bem? Que recursos especiais o país possui e
pode aproveitar? O que outros países acham que nós fazemos bem?
 Fraquezas: No que o país pode melhorar? Onde o país tem menos
recursos que os outros? O que outros acham que são as nossas
fraquezas?
 Ameaças: Que ameaças (leis, regulamentos, concorrentes) podem
prejudicar o país? O que os países concorrentes andam fazendo?
 Oportunidades: Quais são as oportunidades externas para o país que
você pode identificar? Quais tendências e "modas" se pode aproveitar
em nosso favor?

Quadro 6 –Descrição das Dimensões da matriz SWOT.


Dimensões Descrição
Elementos essenciais para a inserção competitiva das inovações brasileiras no mercado,
Mercado inclui: cadeias produtivas; caracterização do consumo; e redução das barreiras de entrada no
mercado.
Dimensão financeira da inovação, incluindo: investimento em P&D; apoio ao
Investimento empreendenderismo e empreendimentos de risco; e promoção de estratégias de inovação de
longo prazo.
Infra-Estrutura Político- Estruturas políticas que apoiam os inovadores, incluindo: proteção à propriedade intelectual;
Institucional regulação de negócios; e estruturas para colaboração entre os stakeholders de inovação.
Elementos necessários para o processo do desenvolvimento tecnológico, que inclui:
Tecnologia pesquisa e desenvolvimento, transferência de tecnologia; aquisição de tecnologia; e
tecnologias-chave para aplicações comerciais.
Dimensão humana da inovação, que inclui: a criação do conhecimento; educação;
Talento
treinamento; e apoio à mão-de-obra.
Estruturas físicas que apoiam os inovadores, incluindo: redes de informação, transporte,
Infra-Estrutura Física
saúde e energia.

A dinâmica de grupo utilizada para a condução do processo de elaboração


dos quadrantes SWOT constou dos seguintes passos:

1. Primeiramente, os especialistas participantes da oficina receberam um


quadro inicial onde algumas sugestões de pontos fortes, fracos,
oportunidades e ameaças foram propostas pela equipe CGEE. Com

80
base nestas sugestões foram constituídos 2 grupos de trabalho, um
para combustão e outro para veículos elétricos.

2. Num segundo momento, cada participante de cada grupo elaborou seu


próprio quadro SWOT.

3. Num terceiro momento, todos os participantes compartilhavam suas


posições com os demais, chegando-se a um único quadro SWOT para
cada um dos dois grupos de trabalho (“Combustão” e “Elétricos”).

Ao final, esta atividade gerou os seguintes resultados (Quadros 7 e 8):

81
Quadro 7 – Análise SWOT – Motores à Combustão (entre parêntesis, no final de cada
característica SWOT, encontra-se a dimensão mais relacionada a ela, segundo a definição
do quadro 6).
Forças ou Pontos Fortes (Strengths) Fraquezas ou Pontos Fracos (Weaknesses)
Aspectos internos ao país que ajudam o Aspectos internos ao país que atrapalham o
desenvolvimento das Tecnologias de Propulsão desenvolvimento das Tecnologias de Propulsão
• Economia estável e competitiva, linhas de crédito • Alta burocracia em processos de obtenção de linhas de
mais acessíveis. (M) crédito em valores expressivos. (IN)
• Potencial de crescimento alta (baixa relação de • Custo de credito alto que encarece o preço do veiculo (M)
habitantes / veículos) (M) • Tributação elevada na cadeia produtiva (M)
• Mercado receptivo a novas tecnologias de custo • Preço elevado de tarifas para infraestrutura (energia,
adequado (M) transporte, comunicação) (IF)
• Capacidade produtiva disponível maior do que a • Histórico reduzido em P&D anterior em tecnologias chave
demanda (M) como as relacionadas às baterias (TE)
• Flexibilidade tecnológica e de gestão para lidar com • Baixo investimento em cursos de formação e atualização
variedade e produção de pequenas series (TE) para profissionais na área (TA)
• Brasil como centro desenvolvedor de tecnologia no • Dificuldade para aumentar quantidade de profissionais para
setor automotivo. Engenharia local bem desenvolvida novos avanços (TA)
(TE) • Não existência de uma montadora / sistemista de capital
• Uso intensivo dos veículos comerciais e base nacional dificulta investimento pesado em tecnologias
empresarial (empresas de peso) reforça uso desses disruptivas no país (TE)
veículos • Foco no Desenvolvimento de biocombustíveis/etanol isola o
• 3º produtor mundial de ônibus Brasil da tecnologia do elétrico (TE)
• Mercado interno com grande potencial de • Falta de produção local de plásticos de engenharia
crescimento para veículos baratos (M) (poliamidas especiais, fibra carbono) (TE)
• Desenvolvimento de soluções adaptadas a cada tipo • Poucos centros de pesquisa e lab independentes (IF)
de mercado – ex. Biocombustíveis para • Legislação trabalhista dificulta: terceirização de funções
Diesel/veículos entrada, elétricos para veículos complexas de engenharia (IP)
premium/ (M) • Legislação trabalhista protecionista – dificuldade de
• Maior rigor na legislação ambiental/segurança (IP) terceirização, dedicação exclusiva, redução da jornada de
• Matriz energética renovável (M) trabalho, contratação de Mao de obra qualificada em
momentos específicos (IP)
• Falta de inspeção veicular atrapalha o desenvolvimento de
mercado (M)
• Variedade na qualidade do combustível (M)
• Culturalmente, consumidor não valoriza benefícios
tecnológicos de longo prazo (M)
Oportunidades (Opportunities) Ameaças (Threats)
Aspectos ao país que ajudam no desenvolvimento Aspectos ao país que prejudicam o desenvolvimento das
das Tecnologias de Propulsão Tecnologias de Propulsão
• Incentivo a inovação utilizando institutos de pesquisas • Países asiáticos possuem processo decisório mais rápido
e universidades (TE) para investir (IN)
• Aumento na demanda de cursos tecnológicos e • Países asiáticos com mais facilidade de crédito para
graduados (TA) expansão da capacidade produtiva (IN)
• Mercado saturado nos países desenvolvidos (M) • Países concorrentes mais próximos dos mercados
• Preço / disponibilidade de petróleo favorece consumidores (M)
desenvolvimento de soluções de motorização a • Preço / disponibilidade de petróleo favorece
combustão interna/híbridos (M) desenvolvimento de soluções de motorização a
• Maior demanda por sustentabilidade ambiental(M) elétrica/alternativos (M)
• Aplicação rigorosa da inspeção veicular (M) • Entrada dos veículos elétricos (TE/M)
• Incentivo a renovação da frota (M) • Falta de autonomia estratégica, centro de decisão de
• Potencial dos motores pequenos (duas rodas) para motores futuros esta fora do pais, restando questões de
redução das emissões em comparação com outros nicho para o pais (M)
veículos (M) • Outros países emergentes desenvolvem capacidade
• Liberalização do mercado de combustíveis: permitir tecnológica em automóveis populares, como México (TE)
utilização de motores a diesel nos veículos de
passeio – visando eficiência energética (M)
• Desenvolvimento da reciclagem como política social e
geração de renda (TE e M)
• Atualização de veículos antigos para novas
tecnologias retrofit (TE)
• Programas de incentivo ao desenvolvimento de
veículos comerciais dedicados (ex. ônibus transporte
escolar e urbano) (IP e M)
• Presença de produtos e empresas brasileiros no
exterior gerando maior competitividade (M)

82
Quadro 8 – Análise SWOT – Motores Elétricos (entre parêntesis, no final de cada
característica SWOT, encontra-se a dimensão mais relacionada a ela, segundo a definição
do quadro 6).
Forças ou Pontos Fortes (Strengths) Fraquezas ou Pontos Fracos (Weaknesses)
Aspectos internos ao país que ajudam o Aspectos internos ao país que atrapalham o
desenvolvimento das Tecnologias de Propulsão desenvolvimento das Tecnologias de Propulsão
• Economia estável e competitiva, linhas de crédito mais • Alta burocracia em processos de obtenção de linhas de
acessíveis. (M) crédito em valores expressivos (IN/IP)
• Capacidade produtiva disponível maior do que a • Preço elevado de tarifas para infraestrutura (energia,
demanda. (M) transporte, comunicação) (IF/IP)
• Mercado receptivo a novas tecnologias de custo • Histórico reduzido em P&D anterior em tecnologias
adequado (M) chave como as relacionadas às baterias (TE)
• Desenvolvimento de soluções adaptadas a cada tipo de • Não existência de uma montadora / sistemista de
mercado – ex. Biocombustíveis para Diesel/veículos capital nacional dificulta investimento pesado em
entrada, elétricos para veículos premium (M) tecnologias disruptivas no país (TE)
• Brasil como centro desenvolvedor de tecnologia no setor • Inadequação de algumas estruturas patrimoniais das
automotivo e de motorização elétrica (TE-/TA+) empresas para fins de financiamento (IF/IP)
• Maior rigor na legislação ambiental/segurança (IP) • Instabilidade institucional gerando aumento de riscos
• Recente Introdução da tecnologia flex demonstra que a para investidores (IP)
indústria brasileira é adaptativa e pró-ativa (TE/M) • Multinacionais com estratégias conflitantes em relação
• A matriz de transporte é predominantemente rodoviária aos interesses do Brasil (M)
(M/IF) • Insuficiência de mão-de-obra qualificada (TA)
• Diversificação da matriz energética, limpa e auto- • Custo Brasil (IF/IP)
suficiência em energia (M/IF) • Degradação da malha rodoviária (IF)
• Melhora progressiva da renda (M) • Inexistência de indústria de semicondutores (TE)
• Parque industrial de baterias chumbo-ácido é consolidado • Desconhecimento do rol de incentivos para a inovação
(produção e reciclagem) (IF/M) no país (IN)
• Engenharia de alta qualidade e competitiva (IF/M) • Ausência de capital de risco (IN)
• Fácil aceitação do mercado a novas tecnologias (M) • Jazidas de lítio insuficiente para atender ao mercado
• Capacidade do Brasil em fazer tropicalização de brasileiro (M/IF)
componentes (TE)

Oportunidades (Opportunities) Ameaças (Threats)


Aspectos externos ao país que ajudam no Aspectos externos ao país que prejudicam o
desenvolvimento das Tecnologias de Propulsão desenvolvimento das Tecnologias de Propulsão
• Incentivo a inovação utilizando institutos de pesquisas, • Países asiáticos possuem processo decisório mais
universidades e indústrias (TE) rápido para investir (IN)
• Aumento na demanda de cursos tecnológicos e • Países asiáticos com mais facilidade de crédito para
graduados (TA) expansão da capacidade produtiva (IN)
• Mercado saturado nos países desenvolvidos (M) • Países concorrentes mais próximos dos mercados
• Preço / disponibilidade de petróleo favorece consumidores (M)
desenvolvimento de soluções de motorização • Preço / disponibilidade de petróleo não favorece
elétrica/híbridos (M) desenvolvimento de soluções de motorização a
• Maior demanda por sustentabilidade ambiental (M) elétrica/alternativos (M)
• Parcerias tecnológicas internacionais (M) • Outros países emergentes desenvolvem capacidade
• Acordos com América Latina para exploração de recursos tecnológica em automóveis populares, como México,
naturas (M) Índia, China (TE)
• Smartgrid (Integração de veículo na rede elétrica) (TE) • Foco no Desenvolvimento de biocombustíveis/etanol
• Liderança do Brasil no MERCOSUL (IP/M) isola o Brasil da tecnologia do elétrico (TE)
• Existência de produtos conceitualmente já testados (TE) • Imposição de modelos de negócio pela indústria
internacional (M)

83
8.2 Visão de Futuro

A visão de futuro do setor de autopeças foi desenhada em duas etapas. Na


primeira, os participantes da oficina receberam uma orientação acerca do significado
da visão de futuro. Alguns exemplos de estudos anteriores, conduzidos pelo CGEE
em outros setores, foram mostrados.

A metodologia do CGEE define uma Visão de Futuro como “algo concreto que
a organização ou setor deseja alcançar num determinado espaço temporal. A visão
é uma descrição clara de intenções estratégicas da organização em prazos
determinados e é representada pela declaração do setor ou conjunto de empresas
sobre como ele entende que será o seu futuro”.

Com base nesta definição, os especialistas foram convidados a realizar um


brainstoming de palavras e expressões que – no seu entender – deveriam ser
consideradas na construção da Visão de Futuro do setor. Em um segundo momento,
conduziu-se um exercício cujo objetivo foi o de mesclar, combinar e fundir palavras e
expressões semelhantes e/ou relacionadas entre si, para se chegar aqueles termos
considerados mais importantes, essenciais para se proceder a um último processo
de redação da Visão do Setor. Desta forma, as expressões chave elencadas e
consideradas foram as seguintes:

1) Sustentabilidade Social e Ambiental / Confiabilidade / Robustez /


Qualidade / Segurança / Eficiência / Padronização (visando melhorar
interfaces entre autopeças e sistemas) / Reaproveitamento de Materiais
2) Desenvolver e Adotar Inovações (pela integração de cadeias produtivas e
de valor)
3) Diferencial Geopolítico e dos Recursos Naturais Disponíveis (aproveitando
os recursos naturais e energéticos do país e fazendo uso mais nobre das
fontes de recursos naturais – caminho tecnológico de maior eficiência)

A partir desta lista inicial foi constituída, durante a oficina, uma equipe de 3
representantes dos especialistas para propor uma redação da Visão de Futuro, a

84
qual foi discutida e revisada e que, ao final, gerou a seguinte Visão de Futuro do
segmento de autopeças, considerando as Tecnologias de propulsão (híbridos,
elétricos etc.) e desenvolvimentos complementares para redução de tamanho, peso
e consumo energético para 2034:

“Consolidar a inserção do setor de autopeças no mercado global, reforçando


sua capacidade de desenvolvimento e aplicação de novas soluções visando
eficiência, confiabilidade e sustentabilidade de produtos e processos, de
forma a atender de maneira competitiva o mercado local e outros semelhantes,
aproveitando vantagens geopolíticas e de recursos naturais brasileiros”.

85
8.3 Objetivos e Ações Estratégicas

Nesta etapa, buscou-se elencar um conjunto de objetivos e ações


estratégicas que – na percepção dos participantes da oficina – poderão conduzir o
setor de autopeças a atingir a visão antes enunciada, tratando de forma adequada
as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças identificadas acima. Esta discussão
foi feita tendo por referência adicional as seis dimensões utiliza nos Estudos
Prospectivos, a saber: Mercado, Investimento, Infraestutura Político-Institucional,
Infraestrutura Física, Tecnologia e Talentos.

Para tanto novamente foram formados os dois grupos de especialistas, um


para veículos à combustão e outro para os veículos elétricos. A metodologia seguida
constou dos seguintes passos:

1. Um exercício individual em que cada participante, de posse de uma cópia


do respectivo SWOT e das palavras chave identificadas para a visão do
setor, procurou identificar objetivos e ações estratégicas necessárias.

2. Sob a condução do CGEE, cada participante propôs objetivos e ações


estratégicas e estes foram discutidos pelo grupo que as consolidou em um
quadro resumo, dividido pelas seis dimensões acima referenciadas.

3. Como parte final desta metodologia, procedeu-se a uma revisão final –


feita pelo próprio grupo sob a coordenação do CGEE – de cada um dos
objetivos e ações elencados. O objetivo desta etapa foi o de verificar se as
palavras e frases propostas foram suficientemente elencadas e tratadas.

O resultado final desta atividade é mostrado nas figuras a seguir:

86
Figura 17 – Mapa Estratégico – Desenvolvimento da Propulsão para Veículos a Combustão.

87
Figura 18 – Rotas Estratégicas nas dimensões de Mercado, Investimento e Infraestrutura Político-Institucional
para o Desenvolvimento da Propulsão para Veículos a Combustão.

88
Figura 19 – Rotas Estratégicas nas dimensões de Tecnologia, Talentos e Infraestrutura Física
para o Desenvolvimento da Propulsão para Veículos a Combustão.

89
Figura 20 – Mapa Estratégico – Desenvolvimento da Propulsão para Veículos Elétricos.
90
Figura 21 – Rotas Estratégicas nas dimensões de Mercado, Investimento e Infraestrutura Político-Institucional
para o Desenvolvimento da Propulsão para Veículos Elétricos.

91
Figura 22 – Rotas Estratégicas nas dimensões de Tecnologia, Talentos e Infraestrutura Física
para o Desenvolvimento da Propulsão para Veículos Elétricos.

92
9. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este estudo representa a etapa final de uma análise de caráter prospectivo


sobre o setor automotivo em horizonte temporal de 25 anos, com foco no segmento
de autopeças de origem nacional. Em linhas gerais, o desenvolvimento deste
trabalho envolveu três grandes etapas:

i) a realização de um panorama da cadeia automotiva brasileira com o


objetivo de identificar os pontos críticos que mereceriam consideração na avaliação
e prospecção do futuro desta cadeia;

ii) a identificação de tendências e cenários futuros, a partir de uma discussão


coletiva e que contou com a participação ativa e sistemática de lideranças e
especialistas do setor; e,

iii) a definição de mapas tecnológicos e estratégicos que embasam a


proposição de ações com vistas a concretizar a visão desejada pelo setor em 2034.

A metodologia adotada para realização deste trabalho envolveu diferentes


tipos de insumos onde destacam-se, pesquisa bibliográfica, coleta, tratamento e
sistematização de dados secundários relativos ao setor, entrevistas individuais e
realização de oficinas de trabalho com especialistas, a interação com equipes
técnicas da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI e CGEE, bem
como sugestões e considerações de membros do Comitê Gestor no decorrer das
diferentes etapas de apresentação e validação dos resultados parciais. O Apêndice
X resume todas as atividades do estudo.

A indústria automotiva brasileira é composta, em linha gerais, de montadoras


de automóveis, caminhões e ônibus e fornecedores de autopeças. Dada sua
complexidade e abrangência, optou-se ao longo deste estudo em focalizar a análise
no setor das empresas brasileiras de autopeças. Justifica-se esta escolha pelo fato
deste ser o segmento onde as ações e políticas públicas voltadas para seu

93
desenvolvimento podem ter maior impacto, além de ser, tradicionalmente, o
segmento mais carente em termos de recursos físicos, financeiros e de RH, além se
constituir também no segmento mais fortemente ameaçado pela crescente
competição internacional.

Para a manutenção e ampliação da competitividade do setor no país, é


necessária, além do crescimento do mercado consumidor, a consolidação do país
como um centro de competência, sediando cada vez mais projetos de
desenvolvimento de produtos. Para que isto ocorra, a existência de uma rede de
fornecedores qualificados para o desenvolvimento de tecnologias em nível global é
fundamental. Portanto, fortalecer a capacidade de desenvolvimento tecnológico e a
competitividade do setor de autopeças nacionais deve ser uma prioridade para a
proposição de políticas públicas para o setor.

Dentro da nova geografia global do setor, o país tem vantagens comparativas


que podem fazer com que, cada vez mais, ele possa se consolidar como um centro
de decisão e de gestão de projetos, especialmente os relacionados a veículos que
utilizam soluções tecnológicas do tipo do motor flex utilizando etanol e o
desenvolvimento de implementos e soluções para transporte de carga e pessoal em
caminhões e ônibus voltados para países emergentes.

Contudo, esta oportunidade é também disputada por países como China,


Índia, Rússia, entre outros. Adotar políticas de incentivo ao desenvolvimento
tecnológico do setor e reforçar a competitividade das autopeças locais é fator crítico
para que o país não perca essa oportunidade.

No que se refere ao desenvolvimento tecnológico, existe um amplo campo de


possibilidades a serem exploradas para incorporar novas tecnologias de produto e
processo. Seguindo a metodologia de trabalho do Estudo, optou-se por selecionar a
seguinte oportunidade tecnológica: Tecnologias de propulsão (híbridos, elétricos
etc.), considerando desenvolvimentos complementares para redução de tamanho,
peso e consumo energético.

Dentro desta oportunidade, os especialistas consultados desenvolveram uma


série de considerações e discussões sobre o desenvolvimento nos próximos 25
anos de dois principais grupos de tecnologias de propulsão: Motores a combustão

94
(Ciclo Otto, Diesel e outros, com combustíveis como gasolina, álcool, diesel, gás e
outros) e Motores Elétricos (Elétricos e Híbridos).

Após o desenvolvimento do Mapa Tecnológico, o grupo de especialistas


convidados procedeu à discussão do Mapa Estratégico, que consiste em um
conjunto de objetivos e ações estratégicas, buscando atingir a seguinte Visão de
Futuro do segmento de autopeças para 2034: “Consolidar a inserção do setor de
autopeças no mercado global, reforçando sua capacidade de desenvolvimento e
aplicação de novas soluções visando eficiência, confiabilidade e sustentabilidade de
produtos e processos, de forma a atender de maneira competitiva o mercado local e
outros semelhantes, aproveitando vantagens geopolíticas e de recursos naturais
brasileiros”.

O presente estudo aponta para uma série de desafios a serem enfrentados


pela indústria brasileira de autopeças para que este objetivo seja atingido,
especialmente no que se refere aos impactos que o desenvolvimento tecnológico do
setor, notadamente quanto às tecnologias de propulsão, pode trazer ao setor.

No caso particular do motor elétrico, muito embora as previsões indiquem que


somente de 20 a 25% do total da frota terá este tipo de motorização, este patamar –
se atingido – acarretará grandes transformações na cadeia produtiva. O maior (e
certamente não o único) risco novamente se apresenta – no caso brasileiro – para
as empresas brasileiras de autopeças, dada a dificuldade que certamente estas
terão para se adaptar a nova base tecnológica.

Assim, com base no conjunto de evidências discutidas ao longo deste estudo,


apresenta-se a seguir uma síntese das principais recomendações, que visam auxiliar
na formulação e implementação de programas e ações específicas que venham a
fortalecer a sustentabilidade e a competitividade do setor no horizonte dos próximos
25 anos (2009-2034), particularmente com foco nas empresas nacionais de
autopeças:

• Aumentar a competitividade de curto prazo no setor, sob risco de uma


presença cada vez maior de autopeças importadas sendo introduzidas no
carro fabricado no Brasil.

95
• Aumentar a qualidade e a oferta de talentos para o setor, especialmente no
que se refere aos aspectos ligados ao Desenvolvimento e Gestão de
Inovação Tecnológica.

• Prospectar, dentro do universo das autopeças nacionais, quais competências


existem e quais devem ser desenvolvidas dentro das tecnologias críticas
elencadas neste trabalho. Especificamente, seria importante tentar identificar
como o desenvolvimento das tecnologias de propulsão, notadamente de
motores elétricos, vai impactar na cadeia produtiva hoje existente.

• Estimular a formação de “spin-offs” e de outros tipos de empresas de base


tecnológica, que atendam às demandas de desenvolvimento das tecnologias
de propulsão, especialmente as que se relacionam a motorização elétrica.

• Estimular a formação de redes entre empresas do setor, e de empresas do


setor com universidades e institutos de pesquisa – como forma de aumentar a
competitividade do setor, incentivando a criação e difusão de conhecimentos
e formação de alianças que auxiliem a melhorar a posição competitiva global
do setor.

96
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BBC Brasil. Deputados dos EUA aprovam legislação ambiental de Obama. 26
jun. 2009. Disponível em:
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/06/090627_eualeiemissoesfn
.shtml>. Acessado em 10 setembro de 2009.

FLYBRIDSYSTEMS. Kinetic Energy Recovery System (KERS). Disponível


em: <http://www.flybridsystems.com/F1System.html>. Acessado em 10
setembro de 2009.

IBM. Quantum Teleportation. Disponível em:


<http://researchweb.watson.ibm.com/quantuminfo/teleportation/>. Acessado
em 10 setembro de 2009.

Shuldiner, H. GM developing city-friendly cars. The Washington Times. EUA,


05 junho, 2009. Disponível em:
<http://washingtontimes.com/news/2009/jun/05/gm-developing-city-friendly-
cars/>. Acessado em 08 setembro de 2009.

Soares, M. Situação Tecnológica e de Mercado de Veículos Híbridos e


Elétricos. SP: AEA, 2009. 15p.

97
Apêndice I – Entidades e Membros do Comitê Gestor

Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores –


SINDIPEÇAS
Willian Mufarej
Arnaldo Guido
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – ANFAVEA
Paulo Sotero
Aurélio Santana
Instituto Brasileiro de Siderurgia – IBS
Rudolf Buhler
Sociedade de Engenheiros da Mobilidade – SAE Brasil
Mario Farah
Fabio Braga
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC
Paulo Sérgio Coelho Bedran
Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica – ABINEE
Fabián Yaksic
Associação Brasileira da Indústria do Plástico – ABIPLAST
Merheg Cachum
Gilmar do Amaral
Agência de Promoção de Exportações e Investimentos – APEX
Richard Sabah
Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT
José Antônio Silvério
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE
Miriam Machado Zitz
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES
Tiago Ferreira
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI
Reginaldo Arcuri
Clayton Campanhola
Roberto Alvarez
Alexandre Gaino
Samy Kopit

Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE


Marcio Miranda
Fernando Rizzo
Liliane Rank
Adriano B. Galvão
Roberto Marx
Adriana Marotti

98
Usiparts S/A Sistemas Automotivos
Adenides Esteves de Matos
DHB
Carlos Alberto Pereira
Giancarlo Mandelli
Luiz Carlos Mandelli
Keko Acessórios S/A.
João Catapani Neto
Formtap Indústria e Comércio S/A
José Carlos Pacovski
Controil Freios
Leonildo Bernardon
PST Eletronics S/A
Marcelo Debien
Sabó Indústria e Comércio de Autopeças Ltda.
Orlando da Mota Pavan
Rodrigo Vilela Cecílio
Metalpó Indústria e Comércio Ltda.
Paulo Cesar Amaral Maluf
Mangels Indústria e Comércio Ltda.
Paulo Cicconi
Fras-Le S/A
Paulo Emilio Dias Varante

99
Apêndice II – Relatório da Pesquisa Percepção de Lideranças

Relatório da Pesquisa

PERCEPÇÃO DE LIDERANÇAS

Junho, 2009

100
Contextualização e objetivo da pesquisa

Considerando as incertezas e a velocidade das últimas transformações no


Setor automotivo, a atividade de antecipação de futuros se torna ainda mais
necessária, de modo a preparar as empresas e o governo para as surpresas e
descontinuidades que vêem pela frente. O objetivo desta pesquisa é levantar
percepções sobre fatores-chave que possam contribuir para uma melhor discussão
acerca do posicionamento das empresas de autopeças nos próximos vinte e cinco
anos. As informações levantadas servirão de subsídio para geração de cenários
futuros e a formulação de estratégias para o Setor durante a Oficina “Identificação
de Oportunidades”.

Lideranças representadas neste relatório

Perspectivas de lideranças da GM (gerente), FORD (diretor), FIAT (diretor),


Delphi (diretor), BOSCH (vice-presidente), Magneti Marelli (presidente e diretor
comercial), Associação Brasileira de Engenharia Automotiva - AEA (presidente),
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – ANFAVEA (vice-
presidente), Centro das Indústrias do Estado de São Paulo - CIESP (ex-presidente)
e do consultor Luc de Ferran fazem parte deste relatório.

Metodologia da pesquisa

A equipe realizou pesquisa de campo por meio de entrevistas


semiestruturadas, com perguntas abertas e agrupadas por temas. A duração de
cada entrevista foi de aproximadamente quarenta minutos. As entrevistas com
lideranças da GM e Delphi ocorreram na sede da Sociedade de Engenheiros da
Mobilidade (SAE) em São Paulo. A entrevista com a liderança da FIAT e ANFAVEA
ocorreu no escritório de assuntos institucionais da FIAT em Brasília. A entrevista
com as lideranças da Magneti Marelli ocorreu na fábrica de Mauá, em São Paulo. As
entrevistas com representantes da FORD, BOSCH, AEA, CIESP e com o consultor
Luc de Ferran foram feitas por telefone.

101
Biografia das lideranças entrevistadas
Rogerio Vollet é gerente da Engenharia de Tecnologia e Arquiteturas Elétricas Avançadas da
GM do Brasil. Foi da GM Alemanha e líder de projetos globais. Possui MBA e é mestre em
engenharia elétrica pela Universidade de São Paulo (USP).

Flávio Campos é diretor de engenharia da Delphi para a América do Sul e diretor da SAE
Brasil, seção São Paulo. É líder Black Belt Six Sigma e atua em estratégia, planejamento,
desenvolvimento e inovação na empresa.

Virgilio Cerutti é engenheiro italiano, presidente da Magneti Marelli Powertrain no Brasil e o


responsável pelas operações do Grupo no Mercosul.

Flavio Gussoni é o atual diretor comercial-corporativo da Magneti Marelli e foi diretor comercial
da divisão Powertrain.

Luc de Ferran foi mentor de uma série de automóveis FORD, entre eles o Corcel II, Del Rey,
Pampa, Escort, Fiesta, Ka, Courrier, Escort XR3 e EcoSport e o motor Rocan. É formado em
engenharia pela Escola Politécnica da USP e pai de Gil de Ferran, campeão de Indianápolis na
Fórmula Indy.

Cláudio Vaz é economista e atua no setor automotivo desde os anos 70. Dedicou a diversas
empresas de autopeças e participou na política industrial do setor. Foi presidente do
SINDIPEÇAS (1992-1994) e do CIESP.

Antônio Sérgio Martins Mello é diretor de Relações Institucionais da FIAT e vice-presidente da


ANFAVEA. Atuou como Secretário do Desenvolvimento da Produção do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e superintendente da Superintendência
da Zona Franca de Manaus (Suframa).

Besaliel Botelho é o vice-presidente executivo para a América Latina da BOSCH e presidente


da SAE BRASIL. Botelho é engenheiro de Eletrônica e Telecomunicação pela Universidade de
Karlsruhe na Alemanha e iniciou sua carreira no Grupo BOSCH em 1985.

José Parro é presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) e foi


representante de Relações Governamentais da Delphi na América do Sul. É engenheiro
mecânico e atua no aprimoramento da engenharia automotiva.

Rogelio Golfarb é diretor de Assuntos Corporativos e Comunicação da FORD para América do


Sul. Atua no setor desde 1981, tendo ocupado posições em Engenharia, Finanças, Marketing e
presidência da ANFAVEA (2004-07). Formado em engenharia pela FEI, tem curso de
estratégia de produto e negócios pela Duke University, EUA.

102
Questões de mercado

Na sua visão, quais são os fatores que movem a política de desenvolvimento, produção e
inserção nos mercados das montadoras?

De acordo com os entrevistados, os fatores que movem a política de desenvolvimento,


produção e inserção nos mercados das montadoras são:

• O potencial de mercado (renda per capta e proporção de veículos por habitantes);

• A disponibilidade de pessoal com capacidade de inovar, criar soluções e desenvolver


propostas de redução de custo;

• A disponibilidade de incentivos, benefícios fiscais e financiamentos;

• A natureza da tecnologia a ser desenvolvida;

• O conteúdo tecnológico do mercado alvo.

A estabilidade político-econômica e as taxas de juros praticadas no país, pois servem como


parâmetro de financiamentos, fomento e alavancagem para aquilo que o mercado
consumidor vai estabelecer como linhas de crédito. A política econômica, adequada e viável
em relação aos outros países, estabelece uma plataforma atrativa para o Brasil.

Dependendo dos fatores levantados acima, a política das montadoras pode priorizar a
engenharia global ou regional. A infraestrutura instalada foi outro fator decisivo para futuros
investimentos no país do ponto de vista das montadoras.

Qual será o diferencial competitivo das autopeças brasileiras nos próximos 25 anos?

Os diferenciais indicados para as autopeças brasileiras nos próximos 25 anos são:

Desenvolver engenharia e tecnologias locais a custos mais baixos e apresentar propostas de


valor. Essa necessidade pode ser atribuída à baixa lucratividade das montadoras tradicionais
na última década devido à redução do percentual de rentabilidade;

Dar suporte de engenharia antes, durante e depois do desenvolvimento, atuando de forma


integrada com a montadora no desenvolvimento de novos produtos;

Capacidade de tirar proveito das vantagens tributárias que o Estado Brasileiro já criou e deve
criar no futuro;

Apresentar soluções adequadas ao mercado regional (incluindo as Américas; área de grande


interesse para as empresas do país);

Inserção no mundo tecnológico se comparado às autopeças chinesas que ainda são


nacionalistas, sem capital estrangeiro e sem o know-how global;

Em relação à Rússia, China e Índia, as autopeças brasileiras têm características da cultura


européia, o que facilita na negociação com as montadoras durante o desenvolvimento de
processos e tecnologias;

Atuar no segmento de componentes eletroeletrônicos que já vem ganhando suporte do


governo e existem pequenas empresas trabalhando nessa possibilidade. Com relação ao
conceito de autopeças brasileiras, as empresas de capital nacional precisariam de um aporte
de capital considerável para se tornarem competitivas. O mais provável, e por uma questão
de conveniência, seria considerar empresas mistas pelo fato de serem brasileiras;

103
Alavancar insumos básicos para oferecer produtos específicos manufaturados, como as
mineradoras ao estender sua cadeia de valor para produtos estampados, forjados e
fundidos. No Sul de Minas Gerais já há um caso. Os produtores de resinas poderiam
abranger plásticos injetados, vácuo formados, etc;

Fomentar a sustentabilidade de ferramentarias modernas e competitivas, considerando que a


competição com a Coréia do Sul, China e Índia será grande. Minas Gerais possui casos de
sucesso.

Como o setor brasileiro de autopeças deve se posicionar para se manter competitivo no


cenário global (em quais nichos, tipo de produtos, tecnologias, diferenciais competitivos)?

Na visão dos entrevistados, o setor de autopeças pode se manter competitivo no cenário


global por meio da inovação e atuação estratégica, focando em:

Soluções de menor custo, considerando que o mercado brasileiro está ansioso por
tecnologia e, ao mesmo tempo, tem restrições de consumo;

Soluções em eletroeletrônica, pelas necessidades de comunicação do mundo moderno e de


redução de emissões;

Soluções em entretenimento de forma geral, lembrando que será necessária uma


padronização para utilizar aparelhos externos e uma proposta de valor baseada em uma
plataforma comum para os fabricantes interessados;

Soluções em powertrain, devido a nossa diversidade de combustível e necessidade de


inovação nesse ramo;

Soluções em bicombustíveis, pela tradição do país nesse campo e a quantidade de veículos


flex em circulação. No curto e médio prazo, a tecnologia deverá necessariamente respeitar o
meio ambiente – não consumir mais do que o ambiente pode gerar – e focar em novos
materiais cada vez mais recicláveis e menos poluentes. Os veículos deverão ser adequados
ao trânsito e à cidade ao oferecer um pouco menos de conteúdo tecnológico do que se viu
nos últimos anos no mercado norte-americano com veículos grandes. No longo prazo, pode-
se pensar no hidrogênio e em algumas ações que veem sendo desenvolvidas e que
demandam investimentos pesados em pesquisa. A ressalva é que o mercado brasileiro ainda
não tem aporte econômico para fazer pesquisa profunda nesse tipo de tecnologia.

Montar cadeia de valores a partir de produtos básicos, com menos participantes e com fluxo
de caixa e lucratividade mais favorável, a exemplo das montadoras japonesas que são mais
verticais e mantêm um certo domínio sobre sua cadeia de valores. Além disso, deve se
preocupar com a cadeia produtiva como um todo, observando questões sensíveis como o
trabalho degradante e escravo.

Questões de tecnologia

Qual será a forma de propulsão predominante nos próximos 25 anos? Quais serão as
tecnologias críticas?

Diversas visões sobre as formas de propulsão veicular nos próximos 25 anos foram
relatadas, algumas mais conservadoras, outras mais ousadas, mas todas apostando na ideia
de que não haverá uma única solução. O pensamento comum aponta para a quebra da
hegemonia da propulsão por petróleo, seja ela por soluções elétricas, célula-combustível,
motor Otto otimizado para combustíveis biomassa, etc. As visões levantadas sobre esse
tema incluem:

104
O Brasil deverá continuar usando o álcool, por ser mais barato e ter tradição. As outras
soluções (hibrido e elétrico) ainda são caras no momento para entrar no mercado brasileiro;

O elétrico está ganhando força em alguns países desenvolvidos porque a eletricidade é


subsidiada, assim como o gás é subsidiado no Brasil;

Inexistência de um padrão dominante global, com soluções mistas devido aos custos da
energia em cada região. Deve haver uma disponibilidade de tecnologias multicombustíveis
aplicados em escala. O Brasil é rico em recursos hídricos e talvez cause menos emissões se
a opção por energia elétrica for utilizada nos carros. Países com petróleo abundante devem
continuar usando aquela fonte de energia. Pode-se prever no médio e longo prazo um misto
de fuelcells, bicombustíveis e eletricidade;

Em 2034, a matriz energética estará ainda mais diversificada e a eletrificação deve crescer
no país. No curto prazo (0–5 anos), o veículo movido a motor de combustão interna (Otto ou
diesel) continuará dominante, mesmo que seja para amortizar investimentos passados. Em
um horizonte de 25 anos e talvez antes (2022), podemos ver dois caminhos para países
emergentes:

• Veículos “plug-in” elétricos com bateria de lítio – (carro igual ao celular, mas ao invés de
falar, ele anda), isto se aplica a veículos de duas rodas e carros de passageiros das
classes A e B. Seria uma solução de baixo custo para um veículo de uso diário em torno
de 150 a 250 km e recarga nos intervalos. Interessante ressaltar o fornecimento de
baterias lítio e quem está por trás disso atualmente. Tem lítio na Argentina, Paraguai,
Chile. No Brasil tem que desenvolver e deixa mais favorável o carro elétrico. Junto com o
carro elétrico, serão necessários painéis solares. Nesse conceito, também foram citados
para o longo prazo os veículos hidroelétricos (movidos a hidrogênio) que se pretende
testar no âmbito do projeto de colaboração entre Fiat, Itaipu e Mes-Dea para
desenvolvimento do carro elétrico;

• Veículos híbridos – combustão + elétrico, apesar de serem caros, pois têm as duas
soluções. De todo modo, o Brasil deve continuar com os motores movidos a etanol ou
derivados de biomassa, com ciclo Otto, porém serão extremamente inteligentes e
otimizados, seja no ganho do combustível ou no powertrain. Como o etanol é um
combustível em abundancia no pais, não devemos abdicar dessa riqueza econômica e
de meio ambiente;

• Veículos comerciais - prevê-se uma forte participação de híbridos elétricos de grande


porte, como é o caso hoje das locomotivas ferroviárias e equipamentos pesados de
mineração. Essas soluções também poderiam ser miniaturizadas e aplicadas nos carros
de passeio.

Temos condições (tecnológicas e empresariais) de fabricar motores brasileiros (com


tecnologia e empresa de controle de capital brasileiro)? De que tipo de tecnologia (elétricos,
combustão interna?)? Por quê? Onde/quem?

Para os entrevistados, o capital puramente nacional é algo quase inviável em qualquer país
do mundo. Mesmo que o proprietário da empresa seja brasileiro, ele vai recorrer a
investimentos de bancos internacionais que terão participação de fundos e, portanto, estará
alavancando o capital externo, principalmente para desenvolver inovação no setor
automotivo. Quando se fala de motor, empresas dedicadas precisarão estabelecer parcerias
com as montadoras, já que os fabricantes de motores no país são as próprias montadoras,
que devem manter esse domínio. Fabricantes independentes farão, como já fazem hoje,
contratos de médio e longo prazo com algumas montadoras.

O Brasil tem poucas restrições do ponto de vista tecnológico. Temos engenheiros e


pesquisadores já engajados no setor e temos fortes universidades que podem tanto trabalhar
na parte de combustão como em máquinas elétricas e seus controles.

105
A capacidade de desenvolver motores vai depender da qualidade do projeto, visando uma
plataforma de produção que deve suprir o mercado nacional e internacional. Vai depender
também de quanto o Brasil consegue investir na mesma velocidade, seja em tecnologia, seja
em capacidade, para poder competir mundialmente. Neste caso, não se pode pensar em
proteção do governo para barrar produtos de fora. Os países cresceram e tiveram êxito
porque enxergaram a necessidade de investir em tecnologia adequada e estavam abertos
para o mercado mundial.

Num primeiro momento, imaginam-se empresas desenvolvendo motores com um grau de


inovação tecnológica que permita com que as montadoras estabeleçam parcerias sempre
apostando numa tecnologia inovadora. Num estágio mais avançado, imagina-se trabalhar
para produzir motores a hidrogênio, visando um retorno em 20 anos ou 30 anos.

Quais serão as características tecnológicas dos produtos desenvolvidos para os mercados


emergentes? Até que ponto as engenharias localizadas nestes países se ocuparão do
projeto destes produtos? Há interesse das montadoras neste sentido?

Para os entrevistados, as características dos produtos desenvolvidos para os mercados


emergentes serão diferenciadas em função das necessidades de mobilidade, que divergem
grandemente das necessidades dos países mais ricos. Elas incluem:

• Carros que atendam a base da pirâmide social, ou seja, para aqueles cidadãos com
menor renda. Trata-se do carro popular que poderia ampliar a base de consumo. O
Brasil deveria fazer o carro verdadeiramente popular, de 6 a 7 mil Dólares;

• Avanços que devem obedecer ao conhecimento e às necessidades locais, utilizando


tecnologias sofisticadas, possivelmente barateadas ao ganhar escala nos mercados
desenvolvidos. Cada vez mais caminharemos para plataformas globais, principalmente
com o aumento de legislação em combustíveis, segurança e reciclagem, que vai
demandar novos projetos e produção de novos veículos. A consolidação de plataformas
globais será chave para que as empresas possam sobreviver. Nesse contexto, a
engenharia que já se ocupa com produtos para os mercados emergentes deve continuar
no futuro;

• Requisitos específicos dos mercados: longas distâncias, tráfego pesado, vias precárias,
sobrecarga, combustíveis inconstantes, problemas com segurança, regulamentação
complexa e não compatível, custos altos de licenciamento e seguro, manutenção do
valor de revenda;

• Com relação a ocupação do projeto pelas engenharias localizadas nos mercados


emergentes, os entrevistados acreditam que se trata de um fator crítico, mas é preciso
levar em consideração o conteúdo tecnológico de cada país. Todos os mercados têm um
conjunto mínimo de conteúdo tecnológico. Nesse sentido, a diferença está no que o
mercado comporta, em termos de capacidade de compra. No Brasil esse conteúdo ainda
é bastante inferior em relação aos mercados desenvolvidos, considerando que alguns
itens, como ar condicionado, ABS e outros, se tornaram mais comuns apenas
recentemente.

Á medida em que o conteúdo tecnológico aumenta, cresce também a pesquisa e


desenvolvimento no país. Quem investir antes terá uma vantagem competitiva no longo
prazo, principalmente se aproveitar o GAP tecnológico que se assemelha ao da Índia, Rússia
e outros países emergentes. O Brasil tem hoje capacidade para desenvolver produtos com
rapidez, flexibilidade e menor investimento. Trata-se de um país emergente com
características de outros países emergentes, mas refinamento de alguns países
desenvolvidos. A força de trabalho é boa, tem uma cultura européia bem desenvolvida,
profissionais com flexibilidade, altamente motivados, que aceitam desafios e adoram se
internacionalizar. Essas são vantagens competitivas com relação aos outros países do

106
mundo que algumas montadoras já descobriram e, portanto, uma oportunidade para que o
país faça projetos automotivos.

O que se pode desenvolver no Brasil e levar para outras partes do mundo? Quais são os
nichos tecnológicos em que estas empresas podem/devem se concentrar? O que as
empresas de autopeças brasileiras já podem ou deveriam ser estimuladas a desenvolver?

Os entrevistados vislumbraram algumas áreas que podem ser desenvolvidas e levadas para
outras partes do mundo. Entre elas incluem:

• Os biocombustíveis: As soluções em biocombustíveis são uma realidade. Se a


exportação de carros biocombustíveis aumenta, temos condições de aumentar a
produção de etanol também. Países com condições de produzir o etanol (espalhados
pela África e America Latina em geral) podem ser um mercado em potencial por ser uma
aptidão natural da região. O Brasil está à frente dos outros, porém corre risco de os EUA
superarem a vantagem competitiva, já que estão se organizando e estruturando suas
pesquisas;

• Os veículos populares: O conhecimento de como desenvolver um veículo pequeno tem


valor e os países desenvolvidos já tomam proveito disso. As soluções mais simples com
menos requisitos são aceitáveis e tendem a crescer. No curto e médio prazo, o Brasil
pode se destacar em relação aos outros países pelo perfil do veículo que se apresenta
como solução. No longo prazo, vai depender mais das tendências tecnológicas;

• O design de interiores: ainda pouco explorado, o Brasil tem condições e capacidade de


desenvolver competência nessa área para levar para outros países, mas deve ser
competitivo.

Face as oportunidades, as dificuldades para exportar ainda são grandes e foram lembradas,
pois os países desenvolvidos são exigentes e contam com profissionais extremamente
qualificados. Por outro lado, a engenharia brasileira está bastante capacitada para
desenvolver produtos e apresenta potencial para inseri-los em países da África, China,
México, etc.

Com relação à área de ferramentaria, trata-se de um negócio que não é mais rentável hoje,
até pela ociosidade da capacidade de produção.

Questões de incentivos

Quais são as empresas de capital nacional que têm maior chance de desenvolver
competências relevantes para a cadeia produtiva do setor, no curto e principalmente no
longo prazo? Como políticas e iniciativas públicas podem contribuir neste processo em um
horizonte de 25 anos?

Os entrevistados evitaram responder a primeira pergunta, indicando que os fornecedores


(autopeças) são diversos, de capacidades específicas em cada segmento do setor
automotivo.

Com relação ao conceito de “capital nacional”, muitos apresentaram a visão de que, se o


capital for exclusivamente nacional, seria muito difícil ter a chance de desenvolver
competências relevantes no contexto global. Isso porque é comum entre as empresas de
autopeças se associarem ou serem adquiridas por conglomerados mundiais, até mesmo
pelas novas exigências globais das montadoras. Seria preciso analisar o porte da empresa,
considerando um limite mínimo de 50 milhões de Reais e disponibilidade de massa critica
qualificada para iniciar um desenvolvimento adequado. Caso haja um financiamento para

107
pesquisa alocando recursos humanos e financeiros adequados, a empresa nacional poderia
se equiparar em termos de know-how a uma empresa internacional.

Com relação às políticas e às iniciativas públicas que podem contribuir para o processo de
desenvolvimento de competências nacionais nos próximos 25 anos, deve existir uma
disponibilidade não só recursos financeiros, mas também de tecnologias e de conhecimento.
Existem uma série de ações ligadas à promoção do know-how que precisam de suporte,
desde a disponibilidade ao investimento. Isso tudo pode fazer uma grande diferença no
futuro e, quanto mais rápido o Brasil investir na capacitação tecnológica, mais rapidamente
ele estará apto a poder jogar de igual pra igual em qualquer mercado.

Quais políticas e iniciativas públicas melhor contribuem para fortalecer os centros de


engenharia sediados no Brasil? Elas são suficientes quanto à proposta e aos recursos
alocados? Até que ponto a colaboração com centros de desenvolvimento estrangeiros auxilia
neste processo?

O arcabouço legal definido pelo governo é competitivo em relação ao mundo. As políticas


públicas são adequadas para o setor, mas poderiam ser mais divulgadas e melhor
exploradas para que as pequenas e médias empresas pudessem acessá-las.

Existem diversos países com competência técnica e a questão custo de desenvolvimento


pode ser um diferencial para o Brasil. Se for mais barato para desenvolver aqui,
provavelmente será feito no Brasil. A capacitação técnica das universidades é outro um fator
de decisão para escolher parceiros no desenvolvimento de produtos, considerando que as
universidades privadas ainda não se mostram preparadas para fazer pesquisa.

Hoje no Brasil são formados 30 mil engenheiros anualmente voltados para a área automotiva
e ainda é muito pouco se comparado com a China que coloca 600-700 mil a cada ano. O
Brasil precisa trabalhar na estrutura e motivação dos estudantes.

As necessidades atuais vão demandar muitos engenheiros e a tendências é que isso


aconteça nos países onde tradicionalmente os produtos já são desenvolvidos. Quanto mais
investirmos agora, mais estaremos abrindo as portas para a inovação no futuro. De maneira
geral, não vamos definir a engenharia, mas precisamos criar o ambiente propicio para a
inovação. Devemos estar mais preocupados com o processo do que com o produto final.

A Lei da Inovação e do Bem já foi um grande passo que despertou o interesse do empresário
e começa gerar projetos de pesquisa no Brasil. Ainda existe burocracia, mas que é uma
questão de amadurecer o programa. Além dessas, existe muito espaço para crescer e
inovar. O setor automotivo mereceria uma Lei Rouanet para o desenvolvimento da
engenharia.

Quais incentivos podem aumentar a atratividade daquelas empresas?

Em resumo, são menores custos de produção e logística. Nas autopeças, precisaremos


reduzir os custos, ampliar o volume e ganhar escala. Será necessário capital de giro,
engenharia e ajuste fiscal (menores taxas de financiamento).

Existência de alianças com sistemistas externos que tenham atuação global para importar
e/ou produzir peças em mais de um país. Se a aliança com outra empresa existir, ela deve
estar vinculada a empresa de autopeças de modo transparente para a montadora.

Acordos internacionais para autopeças. Os acordos hoje se restringem à Argentina e ao


México. Precisaremos de políticas para ampliar o leque de acordos internacionais, que
possam fomentar a engenharia. Isso será ainda mais vital para as autopeças.

108
Algumas linhas de financiamento foram apontadas como formas de incentivar a atratividade
das empresas, apesar das dificuldades enfrentadas para obter tais financiamentos (ex.
BNDES e Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP). Para um grande número de
empresas, essas ferramentas de fomento ainda são pouco utilizadas, talvez por desinteresse
do empresário.

Questões de talentos

Quais competências serão demandadas das empresas de autopeças brasileiras nos


próximos 25 anos? Estas competências já estão disponíveis no Brasil, ou requerem atenção
especial de políticas públicas de capacitação/formação de pessoal?

Perspectivas diversas foram apontadas quanto às competências que serão demandadas das
autopeças brasileiras nos próximos 25 anos. São elas:

O país ainda está aquém do conhecimento que existe lá fora em todas as autopeças. Com a
globalização, pode se ganhar acesso a conhecimentos externos, mas o processo é lento e
muitas vezes o representante no Brasil não consegue ter a mesma fluência no assunto. É
comum a montadora pular a autopeça nacional, indo direto para o fornecedor externo. A
competência técnica das autopeças deixa a desejar e elas devem investir muito em
treinamento e também num rodízio para trazer especialistas externos para trabalhar no país
e vice-versa.

A agilidade e flexibilidade para absorver demandas muito voláteis. O grande desafio não será
específico a uma tecnologia, mas sim ao seu custo e qualidade que pode ser trabalhada com
ferramentas do tipo 6-Sigma e estrutura de relacionamento (TVM-total value management
que olha a cadeia de valor para deixá-la mais transparente).

As áreas mais demandadas devem ser metal mecânico, eletroeletrônica, design, produção e
materiais. Nessas áreas, será preciso criar cursos para capacitar mais rapidamente o
engenheiro automotivo. Hoje o treinamento atende, mas precisa de um processo para
acelerar a formação do profissional e cortar pela metade o tempo de formação. É preciso
estimular processos de capacitação, onde o governo poderia ter um papel maior, e capacitar
num nível mais avançado já que graduação esta num nível bastante razoável.

A gestão de empresas também é outra área para ser trabalhada no futuro. O Brasil já tem
nos seus cromossomos uma capacidade de gerenciar com flexibilidade, mas na gestão de
empresas é preciso competência e uma base de formação.

No horizonte do estudo (2034), é preciso identificar adolescentes com talento para as


ciências exatas e criar um currículo de crescimento ao longo de sua juventude. É necessário
rever o currículo de crescimento e uma ligação escola-indústria bem cedo na vida dos
brasileiros, algo similar ao modelo de ensino de TheoPrax em Stuttgart na Alemanha, onde
os adolescentes trabalhavam na resolução de problemas industriais.

Como intensificar os contatos e a colaboração entre empresas e instituições ligadas a


pesquisa e desenvolvimento, sejam aquelas localizadas no Brasil, sejam as estrangeiras?
Como reduzir as dificuldades que marcam estes processos e que explicam a baixa
freqüência deste tipo de relacionamento?

Olhando o Brasil como um todo, a colaboração entre empresas e instituições de P&D precisa
de maior desenvolvimento. No longo prazo, um fator estratégico sempre vai ser a qualidade
das pessoas, da formação, da educação. Quando se tem boas universidades, tem jovens
que vão nascer com novas idéias de negócios. O Venture Capital é um modelo interessante
que escolhe boas idéias fora das empresas e boas pessoas para desenvolver. Hoje temos
Campinas que tem um bom nível de relacionamento entre as empresas e as universidades.

109
Mas, considerando o tamanho do Brasil, sua população e o comparativo com os Estados
Unidos e Japão, percebe-se um GAP muito importante. Novas políticas deveriam
desenvolver a estratégia do Venture Capital.

As agências de inovação das universidades são o canal de entrada para acessar os


pesquisadores, por mapeamento das patentes, e para se ter controle e tornar visível o que
se pode fazer. Talvez se possa fazer um treinamento de pessoal para entender qual o papel
da universidade e do pesquisador e os tipos colaboração. Na visão das grandes empresas, o
papel da universidade nessa situação é trabalhar junto com a indústria para ajudar no
desenvolvimento de pesquisas. A universidade ganha com aporte de recursos privados para
comprar equipamentos, distribuir bolsas e atrair mais pesquisadores. A sociedade ganha ao
gerar mais conhecimento e a empresa ganha com o direito de explorar a patente. Do lado
das empresas, existe ainda ignorância sobre todos esses mecanismos disponíveis. Talvez
seja o caso de enviar equipes de treinamento que possam ajudá-las e treiná-las também.

A colaboração na inovação foi apontada como um ponto fundamental, mas para os


entrevistados (dois deles) os mecanismos e nível de colaboração ainda são incipientes. É
preciso incentivar mecanismos de interlocução (como o IMETRO, por exemplo) para estreitar
a relação entre a indústria e a universidade. A melhor forma seria estimular palestras e
contato colaborativo para gerar esse tipo de situação. Palestras poderiam ser, por exemplo,
em melhoria de produtividade, ou fórum para discutir o carro de 2030, ou como vai ser o
carro brasileiro de 2020, etc. Se não estimular essa discussão, não existe raciocínio, não se
sabe como as pessoas se relacionam ou quem são os players, não se consegue criar uma
visão de longo prazo com vistas a novas oportunidades e não há colaboração entre
empresários. Outra linha de ação seria estimular contatos para gerar clusters, já que não tem
política voltada para isso.

E finalmente, os contratos de cooperação com universidades devem ter metas claras e


estarem atrelados a qualidade do projeto, tendo uma cobrança rigorosa. Para fazer uma
engenharia tem que investir muito dinheiro e cobrar duramente do outro lado. O
desenvolvimento da engenharas passa por formar mais engenheiros, expandir a capacidade
tecnológica das universidades e criar carreiras em Y.

110
Apêndice III – Ferramenta da consulta eletrônica e resultados
da Pesquisa Avaliação do Grau de Relevância das Tendências

Tela de Apresentação da Consulta sobre Tendências

111
Tela de análise das Tendências da dimensão de Mercado

112
Resultados da Análise de Tendências Automotivas - Mercado

Resultados da Análise de Tendências Automotivas – Infraestrutura

113
Resultados da Análise de Tendências Automotivas – Meio Ambiente

Resultados da Análise de Tendências Automotivas – Político-


Institucional

114
Resultados da Análise de Tendências Automotivas – Social

Resultados da Análise de Tendências Automotivas – Tecnologia

115
Apêndice IV – Participantes da 1ª Oficina – Identificação de
Oportunidades

Data: 04 e 05/6/2009

Local: Club Transatlântico – São Paulo/ SP.

NOME INSTITUIÇÃO
Adenides Esteves de Matos USIPARTS
Adriana Melo USP
Adriano Braun CGEE
Alexandre Gaino ABDI
Arnaldo Guido SINDIPEÇAS
Carlos Alberto Pereira DHB
Claudio Chauke CGEE
Clayton Campanhola ABDI
Fabio E. P. Braga SAE BRASIL
Fernando Rizzo CGEE
João Catapani Neto Keko Acessórios
José Carlos Pacovski FORMTAP
Leonildo Bernardon Controil Freios
Liliane Rank CGEE
Marcelo Debien PST Eletronics
Mario Farah SAE BRASIL
Orlando da Mota Pavan Sabó
Paulo Cesar Amaral Maluf Metalpó Indústria
Paulo Cicconi Mangels
Paulo Emilio Dias Varante Fras-le
Reginaldo Arcuri ABDI
Roberto Marx USP
Rodrigo Vilela Cecílio Sabó
Tiago Toledo Ferreira BNDES

116
Apêndice V – Timeline História do Futuro do Setor

117
Apêndice VI – Ferramenta de Consulta e Resultados da
Análise de Cenários

Ferramenta de Consulta online – Tela de apresentação e instruções

118
Ferramenta de Consulta online – Tela de consulta

119
Conteúdo gerado na consulta
Frases
Em 2034, home office e escritório presencial se igualam. A renda maior aumenta ainda mais a demanda
por veículos e a questão sustentabilidade estará cada vez mais presente para a maioria da população.
As empresas desenvolvem carros incorporando tecnologias de ponta a menor custo e haverá
maior avanço da propulsão alternativa ou mista.
2022 - Fabricação de peças para carros movidos a combustíveis diferenciados: etanol, energia
elétrica, outros. 2034 - Oferta de serviços especializados para adequação de peças aos novos modelos.
- Oferta de alternativas para o desenvolvimento de novos modelos - interface direta com montadoras e
fabricantes de veículos automotores.

Adaptação de carros para acomodar novas exigências, 2028.


Desenvolvimento de novos motores = 2016
Até 2022: adoção de práticas e de certificações necessárias à internacionalização, requisitos essenciais
para a sobrevivência em mercados com maior escala e em uma estrutura produtiva mais globalizada.
Nesse cenário, considero a tendência de redução do protecionismo.
Até 2024, será a redução o tamanho dos veículos e tecnologia de comunicação nos caros
propriamente dita. Para 2034 teremos uma utilização maior de transporte urbano. Os veículos serão
maiores e utilizados para o laser, apresentando mias tecnologias de segurança e etc.
2022 Autopeças podem desenvolver novos modelos de automóveis mais compactos e econômicos,
em parceria com outra empresas do setor e montadoras
Peças e ferramentas para a substituição autônoma das partes sem a necessidade de apoio de terceiros.
Peças de fácil substituição com qualidade.
As indústrias de autopeças têm grande oportunidade de participar dos saltos tecnológicos que se
aproximam. Para isso elas precisam fortalecer a busca de novos conhecimentos tecnológicos,
principalmente através de participação em congressos, eventos de entidades do setor (como a SAE), e
licenças técnicas para fabricação e desenvolvimento no Brasil.
Produção de biodiesel
Desenvolvimento de inteligência veicular que propicie interação com sistemas de inteligência de trafego.
Ex. controle de congestionamentos e sistemas de direção autônomos para baixas velocidades. O
desenvolvimento de motores elétricos de todos os tipos e tamanhos deverá ser um caminho. Somem-se
a isto itens como sensores e outros sistemas de captação de dados.
Investimentos em nanotecnologia para que as empresas de autopeças forneçam produtos cada vez
mais leves, resistentes e adequados ao tamanho dos novos veículos.
Aproveitamento da expertise brasileira na construção de carros compactos e biocombustíveis, podendo
ser realizadas pesquisas para inserção de carros mistos (álcool e elétrico). A popularização de alguns
opcionais propiciará o fornecimento de itens mais tecnológicos a preços menores. Desenvolvimento
de produtos com menor custo , com tecnologia adaptada ao novo conceito de veiculo e que utilizem
materiais alternativos a partir dos recursos naturais existentes no pais.
As autopeças terão que estar reposicionadas em termos tecnológicos para que possam continuar a
participar da cadeia de fornecimento, de forma competitiva. Para tanto, terão que ter competências
internas e parcerias externas que viabilizem esta condição.
Veículos menores, capazes de transportar uma ou duas pessoas, dotados de segurança, conforto,
elétricos deverão ser alternativa: ocupam menos espaços na via, fáceis de estacionar etc. Viagens:
carros convencionais alugados para aquele uso. Para autopeças: itens de conforto HVAC baratos,
baterias, compostos leves. Acredito no conceito de que o veiculo deve ser vinculado ao uso: a dona de
casa que só vai ao supermercado pode ter um pequeno carro elétrico para isso; o executivo que
sempre anda sozinho não precisa deslocar um veiculo de uma tonelada para levá-lo ao serviço e assim
por diante
Mobilidade compartilhada por sistemas de carro para carro sem necessidade de infraestruturaexterna ou
compartilhada por meio de cidades digitais. Sistemas indicam origem e destinos de encontro ou
interesse. Cidades digitais permitem acesso em veiculo a qualquer conteúdo disponível via internet ou
meio digital privado.
Miniaturização e sistemas eficientes de alternativas de rotas ( GPS inteligente)

120
Fornecimento de peças construídas com e somente material reciclado devido a escassez de recursos
naturais. Motor a hidrogênio e seus componentes. A automação em estradas e avenidas. Infraestrutura.
A diversificação do transporte público. Trens de alta velocidade. Transporte ferroviário de cargas. Anéis
viários interligando armazéns de cargas.
Como as empresas de Autopeças são, majoritariamente, multinacionais, somente, um fomento
governamental faria com que desenvolvimentos fossem iniciados no Brasil. Vide Pró-Álcool, por
exemplo. O Brasil deveria disputar a liderança do país mais verde do mundo.
Considero que o fator mais importante para as empresas aumentarem sua competitividade seria o
desenvolvimento de tecnologias que agredissem menos o meio ambiente destacando-se assim no
cenário mundial e conseguindo amplo apoio dos órgãos governamentais.
- produtos/ tecnologias \"clean\"
A partir de 2022 o desenvolvimento de veículos deverá estar focado nos PEV (Veículo Puramente
Elétrico). O foco para aumento da competitividade deverá estar centrado nos componentes relacionados
a estes veículos, mas tão importante quanto no desenvolvimento de novos materiais/ alternativos que
possibilitem a redução de peso dos veículos amplificando a sua performance. Novos compostos
que incorporem a utilização de recicláveis e fibras naturais seriam chave no desenvolvimento das
empresas que deveriam já estar pesquisando esta área antes de 2022.
Em 2034, a concentração de produtores de automóveis continua. Tal mudança na cadeia automotiva
isola o Brasil que mantém foco em exportação de commodities e importação de produtos de maior valor
agregado
Trazer empresas de autopeças para produzir no Brasil, 2022
2034 - Desenvolvimento de serviços relativos à produção de autopeças, buscando alternativas de
ampliação da cadeia produtiva e a agregação de valores.
Desenvolvimento de soluções de segurança e conforto nas cabines
Investimento em engenharia (laboratórios, recursos humanos, interação com centros de pesquisa
nacionais e internacionais) em busca de maior proximidade aos centros de desenvolvimento das
montadoras.
Temos ainda montadoras em vários paises até o ano 2024, existindo um bom volume de mercado de
manutenção; A partir de 2034 as montadoras serão intercontinentais e os paises emergentes produzirão
componentes para as montadoras e para o mercado de reposição
2022 e 2034 - Investir em tecnologias que ajudem a baratear veículos - novos materiais, eletrônica
Existência de uma indústria automotiva independente das grandes montadoras. Sem o loteamento do
mercado definido pelas multinacionais.
As empresas de autopeças precisarão estar presentes na época do projeto e do desenvolvimento global
dos produtos. Para isso, a associação a empresas globais e a presença da engenharia brasileira
nos centros de desenvolvimento globais é fundamental. O Brasil não poderá se conformar em ser
um mero exportador de commodities.
Produção de biodiesel
O desenvolvimento de laboratórios certificados e campos para validação de novos produtos, adequados
a condições locais será uma necessidade para manter a competitividade das autopeças brasileiras.
As empresas brasileiras deverão investir em P&D&I, formando equipes de trabalho que se diferenciem
dos demais pólos produtivos mundiais. Vemos oportunidades em design, tecnologias para motores
limpos, desenvolvimento de novos materiais e sistemas de transporte inteligentes.
Oportunidade de adaptação de veículos para países emergentes, com condições parecidas com o Brasil.
Para isso o Brasil deverá ser considerado no rol de países sede de projetos.
Novos modelos de negócio envolvem principalmente as montadoras e fornecedores de serviços
associados. A oportunidade aqui é a que as autopeças consigam também rever o seu modelo de negócio
e, se possível, oferecer serviços novos para clientes finais e/ou clientes da cadeia automotiva ou mesmo
diversificar a oferta de produtos visando outras cadeias produtivas.
Eficiência enérgica deve ser a motivação básica. Tanto para a fabricação de componentes como para os
veículos. Assim, a oportunidade tecnológica estará ligada a materiais mais leves, resistentes e de
pouco uso de energia na sua fabricação.
O Brasil evoluiu de importador de tecnologia para exportador de soluções (Mão de obra) não perdendo o
foco em tecnologias de custo beneficio atraente, pois o mercado local majoritário mantém esta
característica para massificação de produto. Porém somos um pólo gerador de desenvolvimento e
principalmente aplicação exportando soluções.

121
Sobra nada a fazer
Quanto mais concentrado o mercado pior para os países sem montadoras locais. A concentração de
montadoras leva à concentração do desenvolvimento de autopeças junto aos centros de
desenvolvimento das montadoras.
Desenvolvimento de veículos com preços mais competitivos atraindo assim o interesse de um maior
numero de países.
Formulação pouco clara: se a concentração de produtores aumenta, como a escala diminui? Acho
pouquíssimo provável o cenário, se entendi a formulação. Só cabe a questão para empresas de capital
nacional. Se o mercado estiver concentrado e fora do país, se as nacionais se internacionalizarem com
peso.
Concordo com a concentração de produtores, mas a consequência natural é o aumento da escala. O
mercado mundial de veículos, principalmente emergentes, tem tamanho e escala que no futuro devem
impactar a exportação de veículos completos. O fenômeno do Japão nos EUA não deve se repetir. O
custo ambiental de se exportar grandes lotes de veículos passará a ser medido e a velocidade de
mudança para atender os clientes de maior renda do futuro vai necessariamente passar pela localização
das plantas perto dos mercados. Assim o que as autopeças deveriam focar antes de 2022 é na
estratégia de aumentar a qualidade e valor dos produtos que fabrica. Temos definitivamente que
investir no aumento de tecnologia.
Em 2022, a legislação (inspeção veicular) e educação reduzem moderadamente o número de acidentes
com uma maior conscientização da população. Com as mudanças climáticas cada vez mais evidentes,
há maior fiscalização da legislação (maiores exigências aos padrões de emissão, reciclagem,
reutilização, etc.) e o preço do petróleo situa-se em níveis elevados (US$70-100) e outras alternativas de
fonte de energia serão pensadas.
Investimento pesado em peças para automóveis utilizando combustíveis alternativos, 2022
2022 - Desenvolvimento de soluções a serem incorporadas nos veículos que sejam economicamente
viáveis e \"verde\". - desenvolvimento de soluções que respeitem as normas e ordem social.
Sistemas de monitoramento do desgaste das peças criticas
Investimento em práticas sustentáveis: seleção de fornecedores e melhoria dos processos e adoção de
tecnologias verdes.
A educação e a segurança no trânsito exigirão produtos mais sofisticados e com maior qualidade. Para o
ano 2034, os combustíveis - energia elétrica com solução definitiva para um mundo melhor.
2022 e 2034 - Investir em desenvolvimento de novos materiais, novas tecnologias alternativas ao
petróleo - elétrico / biocombustíveis/hidrogênio
Carro elétrico com recarga solar.
Produção de biodiesel
O meio ambiente e a sustentabilidade serão as palavras-chave dos próximos anos e décadas. Os
combustíveis e as formas de energia alternativas serão desenvolvidos e disponibilizados no
período. As indústrias de autopeças precisarão se manter atentas a esse desenvolvimento, para
não serem surpreendidas por uma rápida saída do mercado em razão de obsolescência de produtos e
serviços hoje importantes.
Investir em tecnologias e posicionamento de mercado associadas a: 1. Componentes mais leves
(plásticos de alta performance etc) para diminuir o consumo de energia. 2. Componentes mais
amigáveis à sustentabilidade ambiental (menores resíduos; 3. emissões de gases; origem renovável e
fácil disposição). 4. Investir em imagem/marca de empresa comprometida com a sustentabilidade.
Neste aspecto o inicio de um processo sustentado e regulamentado de Remanufatura de Autopeças
será uma grande oportunidade para a cadeia de autopeças. Este processo já é bastante consolidado nos
EUA e Europa, mas hoje temos um terreno pouco fértil pois o mercado de peças usadas no Brasil está
hoje mais associado a crime do que a uma atividade empresarial organizada e ambientalmente
responsável.
As empresas devem investir em novas tecnologias em sistemas de força (motor e transmissão),
bem como em itens de segurança.
Oportunidade de desenvolvimento e fabricação de itens/componentes mais verdes e de segurança (a
popularização fará com que o preço caia).

122
Autopeças terão que rever seus processos internos, especialmente no que diz respeito à manufatura,
para que possa continuar a fornecer para a cadeia produtiva, tanto nacional como internacional. Os
parâmetros de fornecimento que vinculam atenção ao meio ambiente e sustentabilidade terão que
ser obedecidas por estas empresas. No que se refere ao processo de desenvolvimento de produtos, o
mesmo deverá ocorrer, mas aí está se falando de especificações de produto e de processo.
Inicialmente: Inspeção Veicular deveria ser tema para 2009 e não para 2022! Sistemas anticolisão,
independentes do motorista deverão ser oportunidades para evitar acidentes. Sistemas que impeçam o
motorista de realizar manobras perigosas deverão equipar os veículos. Pelo estado da arte acho isso
possível já em 2015
A inspeção veicular não mais existe e é feita remotamente através do sistema de diagnostico do veiculo,
o proprietário recebe alertas e prazos apenas para as exceções e as próprias concessionárias assumam
a manutenção reparativa dos veículos. Toda a rede criada, no entanto se dedica a tarefas mais
especificas de configuração e retrofiting de veículos mais antigos adequando-os a novas tecnologias em
uso. Sistemas anticolisão são mandatórios sistemas ativos e passivos de segurança são de série
e a tecnologia se foca em evitar acidentes a partir da comunicação veiculo-veiculo.

Desenvolvimento de sistemas que evitam acidentes ou impedem a entrada em situações de risco


- 2025
Novamente, a oportunidade para as empresas de Autopeças locais existirá se o governo implementar as
legislações de emissões com um atraso menor em relação aos países centrais e estimular soluções
locais, tais como o Pró-Álcool, no passado.
Antecipar os estudos quanto a tecnologias que efetivamente possam agredir menos o meio ambiente,
saindo na frente.
Desenvolver carro elétrico / baterias / sistema de controle. A tração elétrica rompe barreiras à entrada
atuais.
Combustíveis Biológicos serão sempre a melhor alternativa. Usar boa parte do benefício de não
depender do petróleo no segmento de veículos leves, investir em tecnologia para melhorar a eficiência
dos motores flex bem antes de 2015 e liderar o desenvolvimento de combustíveis derivado de material
orgânico: lixo por exemplo. Etanol de celulose muito mais competitivo que de cana.

A produção e desenvolvimento compartilhado atendem a mercados globais. Tecnologias de controle de


tráfego e navegação nos veículos (são generalizada???) tem infraestrutura compatível...,
Seguir fornecendo peças inovadoras para o mercado nacional e internacional, 2022
2022 - Utilização de nano e biotecnologia na Fabricação de peças. Utilização de novos materiais
para a especialização do mercado pode ser considerado um diferencial.
Sistemas automáticos de prevenção de acidentes
2022: especialização em componentes voltados aos países periféricos. Por exemplo, itens concebidos
para estradas ruins.
Para 2024 - aumento da tecnologia,. caro mais automatizados -peças perfeitas;Para 2034 - mais
tecnologia e caros mundiais com elevada automatização e piloto automático já em grande maioria da
marcas modernas de veículos
2022 e 2034 - Desenvolver soluções próprias para produtos de entrada, com custo inferior
Sistemas especialistas que equipem o carro de forma colaborativa; ou seja: apoio à manutenção
preventiva, suporte a sobrevivência, utilização das facilidades de telecomunicações. Inteligência
artificial autônoma para impedir ou mitigar a ocorrência de acidentes.
Produção de biodiesel
A evolução tecnológica e as mudanças radicais que serão observadas nos dois períodos considerados
fazem necessário às autopeças procurar se manter atualizadas, participando das redes ce
conhecimento, particularmente através de associações profissionais como a SAE.
Investir em tecnologias associadas a: 1. Componentes para carros elétricos (menor emissão de gases
residuais); 2. Componentes mais leves (plásticos de alta performance etc) para diminuir o consumo de
energia
Acreditamos que o cenário de 2034 acontecerá já em 2022. A oportunidade para as empresas de
autopeças de pequeno e médio porte é a inovação, tanto para fornecer para as grandes, quanto para
desenvolvimento compartilhado global.
Com um setor organizado e apoio público-privado pode-se ter a oportunidade do Brasil como "sede de
projeto". Por outro lado, a configuração apresentada possibilita imaginar a criação de uma montadora

123
nacional competitiva focada em nichos de mercado, com características próximas as do Brasil.
No Brasil haverá oferta de carros mais baratos do que os dos países desenvolvidos, mas a tecnologia
mais moderna também deverá estar presente nestes carros. Isto significa que um bom domínio
tecnológico deverá estar incorporado nas empresas de autopeças de forma geral. Assim estas empresas
deverão ter sua área de engenharia de produto e processo bem sedimentada, de acordo com a área de
atuação da mesma.
Mais conhecimento de eletrônica gerado no Brasil! Para atender requisitos de segurança, economia de
energia e conforto, sistemas eletrônicos deveriam ser desenvolvidos e produzidos aqui. Imagino uma
dependência tecnológica no futuro: condenação a importar componentes básicos: sensores, chips,
control boxes etc
A infraestrutura de ITS embora ainda em atraso já oferece tecnologias de interface adequadas aos
dispositivos instalados de fábrica em veículos. Toda a fiscalização burocrática e técnica necessária a
circulação dos veículos é feita eletronicamente e o gerenciamento pode ser remoto. O proprietário do
veiculo somente é chamado caso um dos sistemas continue a operar sem correção por determinado
período superior de tempo assim como passado o prazo de regularização dos documentos.
Nada a declaras além de concordar com a descrição
Se o governo não decidir que o Brasil deve liderar o processo de gerenciamento de tráfego, a
tecnologia virá de fora!
Em 2034 focar desenvolvimentos em tecnologias de controle de trafego e navegação que possam
estimular ainda mais o uso dos veículos e diminuir o impacto sofrido com a concentração de veículos.
Sistemas de controle e integração de sistemas eletrônicos, tecnologias de comunicação (tipo M2M via
chip de celular, p. ex, pensando hoje), tração elétrica + bateria, H2
As empresas de autopeças só serão beneficiadas se lançarem sua estratégia à dos governos na
definição e implementação de um sistema viário viável, o qual vai além do carro. Portanto novos setores
e segmentos devem ser focados para que as tecnologias acima possam se desenvolver.
Há atração de alunos e profissionais para o setor e as associações do setor automotivo ganham
importância (SINDIPEÇAS, SAE, AEA e etc.) em cooperação com as universidades (marco legal,
interação universidade empresa, talentos, P&D etc).
Desenvolver propriedade intelectual para incorporar em produtos e licenciar, 2022.
2022 - RH preparado para o trabalho em áreas transversais do conhecimento. Conhecimento sistêmico
que possibilite a flexibilidade para novos processos e projetos de produção.
Investimento na engenharia de processos e de projetos
Investir em desenvolvimento de produtos em linha com as grandes montadoras.
Para a capacidade de desenvolvimento tanto para 2024 ou 2034 é uma questão de sobrevivência das
organizações e das pessoas humanas. As indústrias terão escolas próprias de formação de talentos.
2022 2 2034 - Investir em parceiras com universidades e centros de pesquisa, aproveitando
recursos governamentais
Produção de biodiesel
As empresas precisam incentivar seus engenheiros e técnicos a permanentemente se atualizarem,
através de cursos de pós-graduação, mestrados profissionais e participação nas associações que
difundem conhecimento, como SAE, AEA etc. Essas associações terão papel relevante na ponte entre a
universidade e a indústria, levando de forma prática às indústrias o conhecimento científico das
universidades e levando às universidades as necessidades da indústria.
1. Estabelecer políticas de desenvolvimento em parcerias com os demais elos da cadeia produtiva
(automotiva; fornecedores de equipamentos; design etc), órgãos de CT&I e governo; 2. Desenvolver
competências profissionais em talentos voltadas para PD&I;
Parceria com universidades e governo para o desenvolvimento de novas tecnologias.
Ampliação da relação universidade-empresa, desenvolvimento de modelos de especialização de
engenheiros liderados pelas associações e oferta de infraestrutura tecnológica compartilhada entre
diversas empresas, podendo ou não, ser gerida pelas associações.
Autopeças deverão ser capazes de atrair talentos adequados as suas necessidades. Oferecimento de
educação continuada e de oportunidade de crescimento profissional serão chaves para tanto.

Cursos de Engenharia Automotiva mais disseminados. Atração de professores estrangeiros. Eliminação


da besteira de exigir aulas em português (limita os docentes). Atenção ás práticas de boa gestão

124
empresarial
A política de incentivo através de programas tecnológicos (FINEP, PPB, LEI DO BEM) tornam o pais
tecnologicamente competitivo sem falar nos custos de desenvolvimentos. Pela atividade conjunta
desenvolvida no passado as empresas se habituaram a contratar a mão-de-obra acadêmica que
desenvolveu os projetos incentivados e a cooperação indústria privada e acadêmica já faz parte da
estratégia dos departamentos de P&D das autopeças. Convênios e consórcios tendo como
patrocinadores as entidades de classe são comuns no mercado. E as entidades passam a ter
departamentos técnicos de apoio (Steering comittes) para priorizar áreas estratégicas de
desenvolvimento de auto-suficiência em tecnologia: Wirelles, Streaming Digital, Comunicações, ITS,
Telemática etc.
Projetos de inovação radical em rede aberta na fase pré-competitiva
Os recursos acompanharão a velocidade da implementação da tecnologia e continuaremos não gerando
talentos para desenvolvimento de produtos e tecnologias. A carreira de técnicos para desenvolvimento
de produtos não tem atrativos suficientes.
Precisamos fazer com que as Universidades criem e incentivem seus alunos e detentores do
conhecimento a passarem um bom tempo da sua carreira na indústria, aplicando as pesquisas da
universidade na pratica da indústria.
Há aprimoramento da legislação trabalhista e tributária, estímulo a P&D, bem como maior agilidade do
Judiciário e de registro de patentes.
Investir em propriedade intelectual para melhorar produtos e licenciar patentes, 2022.
Relações contratuais e de cooperação de longo prazo junto a sistemistas e montadoras
Ampliação dos investimentos em P&D apoiados nos mecanismos de financiamento resultantes da
estabilidade econômico-institucional.
Havendo mais renda para todos, haverá mais demanda. Em 2034 os veículos serão muito limpos em
todos os sentidos. Terão uma vida útil bem mais curta, havendo necessidade de substituição pela
busca de novos modelos.
Produção de biodiesel
Para poderem estar na crista da onda do desenvolvimento empresarial dos próximos anos, as empresas
terão que implementar as mudanças que as novas leis venham a facilitar. Particular atenção deverão ter
as empresas para utilizarem de maneira inteligente e profícua os incentivos criados por todas as esferas
de governo.
1. Os resultados dos desenvolvimentos em PD&I devem ser valorizados e protegidos por patentes ou
segredos industriais.
2. Estabelecer vigilância dos meios de regulação (nacional/internacional - tarifas não tributárias) para
antecipação/proteção dos desenvolvimentos de PD&I e marcas.
A redução de 40% nas alíquotas de importação praticada no Brasil permite que as Montadoras importem
produtos e sistemas completos usando este benefício. Ou que utilizem esta redução para pressionar a
indústria brasileira a praticar preços muito baixos, comprometendo sadia rentabilidade. A assimetria que
isso traz com a Argentina é fator de atrito constante. Se o objetivo é fortalecer as empresas de autopeças
aqui estabelecidas o adequado é a extinção do redutor, prevalecendo as alíquotas da TEC. Em beneficio
da Proposta acima, há que se considerar a valorização do Real que facilita e barateia as importações,
além de tornar mais difícil as exportações. Esta tendência é irreversível pelo próprio comportamento dos
preços das commodities

Início imediato de novos modelos de trabalho, que sejam mais flexíveis: home-office, contratos por
projeto, desenvolvimento através de parcerias globais, entre outros.
Equalização da situação tributária e trabalhista permitirá maior competitividade internacional da indústria,
assim como ampliação do mercado interno, decorrente da diminuição dos preços dos veículos. A
intensificação da parceria público-privada torna a gestão do "setor" mais estratégica, e menos de
curto prazo.
Autopeças devem estar preparadas para utilizar os recursos que o governo coloca a disposição destas
empresas, seja subsídios, seja estímulos do tipo que a lei do bem e da inovação oferecem. Precisam
monitorar e utilizar efetivamente o que de novo poderá ser oferecido.
Na infraestrutura político-institucional dever-se-ia eliminar os conflitos de competência entre os poderes e
entre os Ministérios. Transito está ligado ao |Min das Cidades. Policia Rodoviária (cuisa de transito) está
no Min Justiça e assim por diante. Porque não um órgão \"forte\" para todas as questões de transito?

125
As patentes brasileiras passam a ser reconhecidas no exterior, principalmente na área de combustíveis
ou sistemas de gerenciamento de motores com combustíveis renováveis (Verdes). Engenheiros
brasileiros adaptam o conceito de carro elétrico ou Hibrido a tecnologia FLEX e ganham um veiculo
multicombistivel muito mais diferenciado que as versões Européias e Americanas. Novamente a arte de
atingir um custo - beneficio em regime de escala transcende os padrões internacionais.
Manutenção dos projetos sem grandes novidades
A infraestrutura continuará aquém dos desenvolvimentos automobilísticos.
O Brasil necessita de um salto quântico. Os recursos naturais de que dispomos são a maior
oportunidade de desenvolvimento de tecnologia agregada a novos materiais.
Uso de materiais "sustentáveis"
2022: migração dos esforços para as novas oportunidades, aproveitando o estoque de recursos naturais
existentes, o que facilita a adoção de \"práticas verdes\" em bases competitivas.
Cada vez mais novos modelos de veículos, novas tecnologias e novos materiais, novos sistemas de
segurança, novos combustíveis. Em 2034 realmente termos a energia elétrica como o combustível
mais utilizado. O transporte de mercadorias será realizado por trens e navios e o reparte por veículo de
médio porte que circularão nos centros urbanos.
2022 e 2034 Investir em tecnologias alternativas de mobilidade - novos tipos de automóveis mais
compactos para uso urbano
Produção de biodiesel
Os governos municipais, estaduais e federal terão que investir em infraestrutura urbana nos dois
períodos considerados. A curto prazo, há a necessidade de se ampliar a malha de vias para circulação
de veículos, que, mesmo de menores dimensões do que os atuais, serão bem mais numerosos. Ao
mesmo tempo investimentos em um transporte coletivo de melhor qualidade do que o atual permitirão
que o indivíduo use seu carro para chegar perto dos centros urbanos, estacione de forma fácil e barata e
se utilize de uma das formas de transporte coletivo para dentro das cidades. É chegada a hora em que o
governo tem que aplicar de forma intensa em infraestrutura urbana os recursos obtidos através da
pesada taxação dos veículos individuais.
Além das inovações tecnológicas mencionadas (carro elétrico; componentes mais leves; insumos
mais amigáveis ecologicamente), o carro poderá portar outras funcionabilidades tais como:
brinquedos internos para as crianças; TV interativa; Computador a bordo etc (considerar o
telefone celular como modelo de inovação)
Quanto à tecnologia parece-me que o caminho é parecido com o do cenário Pessimista. O que deve ser
diferente é o numero de empresas capacitadas a atender a demanda com estas novas tecnologias em
volumes maiores. A cadeia de fornecedores da indústria brasileira hoje ainda esta em um nível de
aprendizagem/entendimento e adequação ao nível das tecnologias atuais. Neste sentido os paises
asiáticos já saltaram na frete em termos de desenvolvimento, qualidade, quantidade e custo.
Investimentos em tecnologias que proporcionem peças mais leves e resistentes, além de recicláveis.
Empresas de autopeças devem desenvolver novas soluções para mobilidade.
Nos leis de reciclagem dos veículos são emitidas e a engenharia deve se adaptar as situações de
contorno. O transporte intercentros é priorizado com veículos que comutam entre os pequenos centros
urbanos. O transporte coletivo e o compartilhado merecem especial atenção. Formas limpas de
mobilidade (Elétrico / Fuel Cells) coexistem ou são estes apenas os permitidos como mobilidade nos
centros urbanos
Tecnologia inteligente de relacionamento veículo/central de tráfego para recálculos de rotas on time.
As oportunidades apareceram se a sociedade brasileira decidir ousar e pressionar o governo para
investir em programas que exijam que as montadoras desenvolvam tecnologias locais para se adequar
aos requisitos legais.
Núcleos de locação de veículos de toda gama. Entendo que o mundo vai buscar depender menos do
veículo do que o contrário. Imaginar que o veículo poderá ser fonte de energia para a vida do cidadão
parece ir na direção contrária ao que o cenário acima prevê. O carro poderia ser movido à água? A
água seria um recurso mais caro que o petróleo em 2034? Parece-me que o uso de transporte de massa
vai ter de se adaptar ao schedule das pessoas o que poderá gerar a necessidade de um modo de
transporte diferente do atual entre o carro e o metro, trem , etc.
Investimento em tecnologia de informação e engenheiros projetistas capazes de trabalhar em equipes
multinacionais
Assumir parte do processo de desenvolvimento para adicionar maior valor à produção

126
Tanto em 2024 com 2034, teremos veículos modernos - muita tecnologia de informação. Novamente
teremos novas oportunidades de fabricar componentes modernos, limpos. de alta qualidade, com
materiais cada vez mais resistentes e etc.
Investir em parcerias estratégicas com outras autopeças e montadoras. Formação de redes de
cooperação e pesquisa com pequenas empresas emergentes de base tecnológica, visando desenvolver
tecnologias e modelos de negócios novos para o setor
Produção de biodiesel
Nos dois períodos veremos mudanças substanciais na forma de trabalho conjunto entre as empresas do
setor. Novos produtos e novas formas de distribuição serão necessárias para atender as evoluções
ligadas à mobilidade humana. A velocidade de desenvolvimento de produtos e serviços será tão grande
que os participantes terão que interagir permanentemente. Os sistemas tecnológicos de comunicação
serão fundamentais para toda a cadeia de fornecedores da indústria da mobilidade.
Participar de projetos compartilhados com os elos da cadeia à montante (projetos, materiais etc) e à
jusante atendendo os anseios dos consumidores, que devem ser obtidos por surveys específicas.
Utilização efetiva dos conceitos de PRODUÇÂO ENXUTA de forma integrada na cadeia poderá trazer
um diferencial competitivo muito interessante. É uma tecnologia de gestão que necessita de
desenvolvimento humano e não pode ser copiada ou adquirida de uma hora para outra. Somar a isto a
integração com sistemas informacionais é uma demanda para este cenário.
Acreditamos no cenário de 2022. Os sistemistas terão maior representatividade em relação às
montadoras. O cenário de 2034 está com redação confusa.
Cada vez mais por força da reciclagem os módulos eletrônicos e elétricos passam a ser
normatizados permitindo a recuperação "retrofiting" ou reciclados para remanufaturamento ou peças de
reposição. Empresas começam a se cooperar mais passando o co-design aos fornecedores de
autopeças que pensam em soluções cada vez mais transversais para os seus clientes ganhando em
economia de escala.
Novos sistemas de armazenagem de energia ( fixo e móvel )
Não acredito em montadoras menores, pois os custos de pesquisa e desenvolvimento nos próximos
anos serão proibitivos, em função da necessidade ambiental.
Venda de solução ao invés de produto.
Além dos esforços de PD&I já mencionados, incorporar facilidades para os jovens (parachoques mais
resistentes; serviços de seguro especiais etc) e para os idosos (facilidade no acesso ao veículo; sistemas
de regulagens de banco mais amigáveis etc)
Maior internacionalização
Novamente a educação é a base para o desenvolvimento social e a manutenção do meio ambiente.
Para as indústrias de Autopeças, prevalece a necessidade de grandes investimentos pra produção de
componentes mais sofisticados, com baixo custo e alta performance. A base de tudo é a pesquisa e o
desenvolvimento da capacidade de produção limpa, sem resíduos industriais e sem qualquer perda
de energia.
Investir em novos materiais e tecnologias verdes
Produção de biodiesel
O quadro descrito obrigará a introdução de novos sistemas de transito e de manejo de veículos, com
vias de trânsito inteligentes,com faixas e sistemas interagindo com os veículos, estes interagindo
com as vias e com os demais veículos, sistemas de prevenção de colisões e atropelamentos.
Serão necessários também sistemas de atendimento rápido e eficiente em casos em que o acidente
tenha ocorrido. Tudo isso obrigará os governos a fazer pesados investimentos nessa área.
Volto aqui ao tema da remanufatura de AUTOPEÇAS, fundamental para dar sustentabilidade a um ciclo
completo de utilização de um.
A indústria de autopeças poderia investir em: equipamentos que armazenem a energia dispensada
pelos veículos (para posterior uso em domicílios, por exemplo), acessórios customizados para
adolescentes e idosos (facilitando a dirigibilidade), entre outros.
Sistemas com intuito de aumentar a segurança ou mesmo evitá-los são mais frequentes e alguns
exigidos por regulamentação permitindo aos motoristas novos e ou de idade avançada dirigirem
seus veículos de forma mais segura adotando sistemas eletrônicos.
Tecnologias inteligentes de segurança e controle remoto
Aqui deixo uma pergunta. Como cenário acima não parece ser necessário pensar que uma nova
indústria terá que emergir. Se compositos puderem substituir a maioria dos materiais , a indústria

127
como a vemos hoje não existirá: usinagem de plástico ao invés de ferro, injeção de compósito ao invés
de estamparia de aço, etc. A oportunidade tecnológica tem que ser pensada a partir de uma quebra de
paradigma.
Baseando-se nas expertises tecnológicas desenvolvidas (propostas anteriores) introduzir os novos
produtos que estarão na fronteira do conhecimento (vigilância tecnológica; parcerias com entidades de
C,T&I nacionais e internacionais; joint-ventures) e customização de veículos para cada "tribo",
atendendo aos seus anseios pesquisados.)
2022: Investir pesadamente em nanotecnologia para acompanhar uma mudança que tende a ser
disruptiva.
Os fabricante de autopeças deverão buscar soluções para a demanda de veículos elétricos. O novo
veículo será movido a eletricidade que poderá ser produzida de muitas formas, até mesmo pelo petróleo,
mas existem muitas outras formas de desenvolver um veículo para com um baixo consumo de energia..
Investir em novos materiais - nanotecnologia e design verde
Produção de biodiesel
Mais uma vez vemos que a indústria de autopeças terá que trabalhar em conjunto com as montadoras e
com a academia para desenvolver novos materiais, sistemas de produção. Nesse contexto as
associações voltadas à disseminação do conhecimento, à normalização e à pesquisa aplicada serão
ainda mais importantes do que hoje. O Governo precisará prover recursos para essas finalidades a título
de financiamento de longo prazo para as empresas e entidades do setor.
Investir em estudos detalhados dos mercados atual e futuro (novas gerações) e lançar pacotes
imediatamente para verificar aceitação do mercado e manter diferencial em relação à concorrência.
A tecnologia FLEX se harmoniza com a Hibrida e ou elétrica fazendo com que o custo da solução
seja ainda vantajoso para o consumidor final devido a flexibilidade ou incentivo fiscal inicial ou posterior
(Opção de consumo do combustível renovável ao invés do Fóssil) garantindo descontos ou outro tipo de
incentivo econômico nos gastos com impostos dos veículos.
Aumentar a participação em outros mercados internacional, utilizando os conhecimentos de PD&I e
recursos.
Internacionalizar o processo de pesquisa
As empresas de autopeças deverão ter uma visão clara de formar talentos para desenvolver e aplicar
seus próprios produtos. Nós acreditamos que a montadores serão empresas intercontinentais. O Brasil
será um grande fabricante de componentes. Estas são as nossas oportunidades.
Investir em parcerias com universidades e centros de pesquisa
Produção de biodiesel
Um grande trabalho de incentivo aos jovens para que procurem as carreiras voltadas ao
desenvolvimento tecnológico tem que ser iniciado em curto prazo e aumentado a médio e longo prazos.
A fuga aos cursos técnicos e de engenharia precisa ser atacada através de incentivos de curto prazo e
políticas de compensação a serem enfatizadas tanto pelas empresas, como pelas universidades e
governos.
Programas de integração universidade-empresa durante a formação de graduação ou pós-graduação
pode ser um caminho para diminuir o abismo existente entre a Universidade a as empresas. Isto pode
diminuir muito tempo de formação e adaptação de novos profissionais. O modelo de estagio que
praticamos hoje é insuficiente e defasado.
As empresas de autopeças podem se juntar e lançar uma marca nacional, através de parcerias.
Não consigo escrever algo diferente do que havia feito no caso do cenário conservador. (o mesmo se
aplica para as demais questões).
Essas associações criam parcerias com institutos de pesquisa e universidades, quer seja para nortear a
área tecnológica como abastecer juridicamente o legislativo na criação de novas normas
regulamentadoras para os fabricantes de veículos beneficiando seus clientes finais e principalmente os
cidadãos em geral especialmente os não motoristas ou em idade fora desta habilidade quer sejam mais
novos ou idosos.
Provavelmente no futuro aqui apontado, o carro não será menor ou grande e sim mais adaptado ou
menos ao usuário. Organizações como SINDIIDEIAS, SINDISOLUÇOES etc devem desenvolver
veículos que possam se adaptar a mais de uma utilização. Em minha opinião, as tecnologias devem
mirar uma redução do número de segmentos com uma ampliação do tipo de meio de transporte por
segmento.
Estabelecer parcerias com os atores dos outros elos da cadeia para expandir o portfólio de produtos em

128
que a empresa tenha competência e vantagem competitiva
Materiais mais econômicos, mais leves e com uma excelente apresentação. Tudo deve ser muito
bonito.
Há necessidade de que os governos incentivem as empresas no sentido de cooperarem no esforço de
racionalização da matriz de transportes, mas é fundamental que as linhas mestras desse processo sejam
lideradas por órgão do governo que trabalhem em longo prazo e com objetividade.

A desoneração dos investimentos não pode mais tardar. Em um mercado global mais competitivo, não
faz sentido pagarmos IPI, PIS e ICMS sobre Ativos que gerarão empregos e renda. Principalmente
porque concorrentes do Exterior, notadamente da Ásia não pagam tais ônus. Recorde-se que as novas
tecnologias geralmente impõem a utilização de equipamentos mais sofisticados tecnicamente, portanto,
mais caros. Algumas autopeças demandam capital intensivo, daí o imperativo da desoneração.
Atração de novos investimentos tecnológicos para o Brasil.
O Nível tecnológico atingiu seus objetivos na eletrônica embarcada, o mesmo mecanismo deve ser
estendido a infraestruturafora dos veículos, fazendo das rodovias, sistemas de controle e
fiscalização eficientes e seguros a partir da tecnologia embarcada no veiculo que interage com
estes sistemas.
Sociedade ousa liderar o processo de se adequar às novas tecnologias de desenvolvimento
sustentável.
Expandir os seus negócios para outros mercados/países, aproveitando-se das competências e
vantagens competitivas da empresa.
Se tudo der errado, nos temos que produzir peças para manter a frota em funcionamento. Esta é a nossa
oportunidade de manter uma frota de veículos com segurança. Produzir com baixo custo, e eliminar a
carga de impostos e etc.
As empresa de autopeças devem focar seus produtos em soluções de transporte público.
Inovações incrementais sem grande saltos ganham espaço
Conclusão: O governo, em função do custo adicional das novas tecnologias, atrasa, ainda mais, a
implementação das legislações que exigem a adequação dos veículos à um mundo com menos
emissão de carbono.
Expansão dos negócios e/ou portfólios de produtos (maior participação nos outros elos da cadeia), com
foco em suas vantagens competitivas.
Continuaremos a trabalhar com nossas estradas ruins. A cada dia mais oportunidade de produzir peças
para a manutenção da frota nacional e internacional. Produzir com baixo custo. Eliminar a tributação
com aumento de preço de venda.
Investir em desenvolvimento tecnológico para evitar obsolescência
As empresas de autopeças poderiam migrar parte da produção para outros mercados, como por
exemplo, China e Índia.
Não acredito existir sobrevivência para este cenário. Ele não é viável em minha opinião.
Este é o cenário de hoje. Não estamos trabalhando para idealizar o modo de transporte a ser
implementado entre 2009 e 2022. Este cenário pode ser mais real do que pessimista caso uma política
clara de redução de tarifas e impostos não seja aplicada rapidamente. Não vejo oportunidade tecnológica
neste cenário. De novo empresas que poderiam inovar no desenvolvimento de novas tecnologias podem
ser penalizadas pelo ambiente e pela possibilidade da mudança global do fluxo e volume de
exportações.
Utilizar os esforços de PD&I e competências adquiridas para se antecipar às mudanças e influenciar nas
decisões técnicas/comerciais do seu negócio.
Manter as empresas operando com elevando grau de produtividade para manter custos compatíveis com
a necessidade do mercado. Produzir com custo baixos aproveitando as matérias primas nacionais.
Resta pouco a fazer quanto ã tecnologias
Neste cenário o padrão coletivo se expande e não 0 SUV.
Utilizar as competências e vantagens para prospectar novos mercados no exterior e investir em PD&I
com foco em eliminar os gaps tecnológicos nas suas áreas fins e se reposicionar no mercado.
Vamos produzir produtos para veículos elétricos de modelos mundiais. Investir em centro de
treinamento pra desenvolver tecnologia a nível mundial.
Investir em desenvolvimento tecnológico para evitar atraso

129
Investimento em novas tecnologias para diferentes tipos de matrizes energéticas e alianças
estratégicas com empresas de diversas partes do globo para transferência de tecnologia.
Não acredito neste cenário pelos motivos já explicados anteriormente. Importar perto de 15 milhões de
unidades não parece ser viável no futuro.
A pesquisa básica pode ser tecnológica, mas não aplicada a pesquisa básica também é importante, pois
para a utilização de muitos outros recursos ainda somo carentes deste tipo de pesquisa; sugestão:
excluir e o foco...
Estabelecer parcerias com entidades de excelência no Brasil ou empresas de outros países, com o
objetivo de superar as dificuldades.
Haverá muito esforço para desenvolvimento de novas tecnologias a serviço da indústria de autopeças. O
Brasil está com novas oportunidades na indústria de tecnologia embarcada.
As empresas de autopeças devem liderar a formação de profissionais especializados para o setor, como
por exemplo, fornecer bolsas atrativas para pesquisadores. Investimento em programas de intercâmbio
com outros países para a troca de conhecimentos entre profissionais. Pressionar o governo através das
associações de classe a mudar a prioridade dos investimentos públicos.
Colaborar de maneira séria com Governo e entidades de classe, pressionando para a rápida elaboração
de políticas que redirecionem os planos do setor. Sinceramente, a única forma que vejo é aumentar o
valor da indústria e ser parte integrante do desenvolvimento de estratégias que limitem a ocorrência
deste cenário.
Adequar-se às condições temporárias (cooperativas, outsourcing, parcerias) e estabelecer um trabalho
individual ou de associação de classe para reverter o quadro junto aos órgãos legais.
A indústria de autopeças será convocada para atender a demanda e respeitar as legislações pertinentes.
Muita substituição de desenho de peças e questionamento sobre a utilidade das mesmas.
As empresas de autopeças devem se mobilizar para forçar a integração dos mercados, como por
exemplo, MERCOSUL e ALCA, ou até mesmo acordos bilaterais. Elas podem também estabelecer redes
para mobilização da sociedade para mudar as prioridades de investimentos do governo, com projetos
que transcendam os mandatos partidários.
O pior dos mundos, resta a estratégia de sobrevivência que pode gerar canibalização no setor
Não creio, por mais que o cenário tenha sido desenvolvido.

130
Apêndice VII – Participantes da 2ª Oficina – Mapa Tecnológico

Data: 11/08/2009

Local: SINDIPEÇAS – São Paulo/ SP.

NOME INSTITUIÇÃO
Adriana Marotti USP
Adriano Braun Galvão CGEE
Alexandre Gaino ABDI
Arnaldo G. Guido SINDIPEÇAS
Celso Aragachoy MWM Motores
Cristiane Freire Pamplona CGEE
Dario Sassi Thober Inst. VonBraun
Dib Karam VSESA
Flávio Campos DELPHI
Francisco Emilio Baccaro Nigro IPT/SP
Hilton Spiler BOSCH
Jayme Buarque de Holanda INEE
Liliane Rank CGEE
Marcelo Rodrigues Soares CPFL
Maria de Fátima Rosolem CPQD
Mauro Ribeiro Júnior Inst. VonBraun
Orlando Strambi USP
Paulo Fernando Isabel dos Reis PETROBRAS
Raul Fernando Beck CPQD
Renato Romio MAUA
Ricardo Takahira MAGNETIMARELLI
Roberto Alvarez ABDI
Roberto Marx USP
Sebastião Cardoso VSESA
Tadeu Cavalcante C. de Melo PETROBRAS
Tiago Ferreira BNDES

131
Apêndice VIII – Ferramenta da Pesquisa sobre as Linhas
Tecnológicas

Tela de Apresentação da Consulta sobre Tendências

132
Tela de análise das Linhas Tecnológicas para Veículos Elétricos

133
Resultado do levantamento sobre a base atual de recursos
(pesquisadores, laboratórios, etc.) que atuam no país nas linhas de pesquisa
detalhadas para os Veículos Elétricos.

Respostas

Participante A (em 2009-08-22 00:41:40):


• Egberto Gomes Franco, Researcher - Fuel Cell, IEE – Instituto de Eletrotécnica e Energia, Av. Prof. Luciano
Gualberto, 1289 Butantã, 05508-010 - São Paulo -SP (dados de contato disponíveis na resposta original,
solicitar ao CGEE)
• Renato Romio, Motor and Vehicles Division, Instituto Mauá de Tecnologia (dados de contato disponíveis na
resposta original, solicitar ao CGEE)
• Paulo Riedel, GM Powertrain Engineering, Executive Director, Avenida Goias, 2769,Sao Caetano do Sul -
SP, (dados de contato disponíveis na resposta original, solicitar ao CGEE)

Participante B (em 2009-08-24 14:36:39):


• A base Brasileira ainda não destina grandes recursos para a tecnologia do veículo elétrico.

Participante C (em 2009-08-24 18:05:26):


• Células a Combustível - Pesquisadores: Egberto Gomes Franco, Carlos eduardo Rollo Ribeiro, Paulo Lucas
Dantas Filho, Flávio Taioli e Francisco Geraldo Burani
• Logística do Etanol para Células a Combustível - Pesquisadores: Egberto Gomes Franco, Carlos Eduardo
Rollo Ribeiro, Paulo Lucas Dantas Filho, Flávio Taioli e Francisco Geraldo Burani

Participante D: (2009-08-25 12:33:10)


• Há umas poucas pesquisas na UERJ (Engenharia) com foco maior em metodologias para avaliação de
desempenho de veículos elétricos a bateria. Alguns projetos na UNICAMP e alguns desenvolvimentos
práticos de VEs na FEI. No campo de baterias, muito importante, não existe praticamente nenhuma
pesquisa no Brasil.

Participante D (em 2009-08-25 15:16:35):


• Paulo Isabel e William Schmitt, Centro de Pesquisas da Petrobras, pesquisas em soluções para
abastecimento de veículos elétricos e híbridos plugin. Em montagem o laboratório para testes de estações
de abastecimento;
• Patrício Impiinisi, pesquisador doutor especialista em baterias. Trabalha no laboratório para testes de
baterias existente no LACTEC;
• Luis Guilherme Rolim, trabalhando com pesquisas e aplicações de eletrônica de potência e controle de
motores de forma geral no laboratório existente no departamento de engenharia elétrica da UFRJ;
• Marcelo Linardi, pesquisador trabalhando com membranas para células a combustíveis de tecnologia PEM
em laboratório do IPEN.

134
Resultado do levantamento sobre a base atual de recursos
(pesquisadores, laboratórios, etc.) que atuam no país nas linhas de pesquisa
detalhadas para os Veículos a Combustão.

Respostas

Participante A (em 2009-08-20 16:33:33):


• Na pesquisa de novos desenvolvimentos para conversão e transmissão de energia cabe destacar os
trabalhos realizados pelos pesquisadores, Laboratórios e empresas que formam a RNC - Rede Nacional de
Combustão. A lista das entidades participantes e das linhas de pesquisa pode ser obtida no site da rede:
www.redenacionaldecombustao.org ou através do seu coordenador: Prof. Luís Fernando Figueira da Silva -
Departamento de Engenharia Mecânica da PUC-Rio (dados de contato disponíveis na resposta original,
solicitar ao CGEE)

Participante B (em 2009-08-22 00:33:55):


• Renato Romio, Motor and Vehicles Division, Instituto Mauá de Tecnologia (dados de contato disponíveis na
resposta original, solicitar ao CGEE)
• Paulo Riedel, GM Powertrain Engineering, Executive Director(dados de contato disponíveis na resposta
original, solicitar ao CGEE)
• Anselmo Eduardo Diniz / Robson Pederiva, UNICAMP(dados de contato disponíveis na resposta original,
solicitar ao CGEE)
• Campinas -- SP - Combustão e controle de poluição. Desenvolvem-se projetos de equipamentos para
combustão eficiente de biomassas, resíduos e outros combustíveis alternativos. Desenvolvem-se estudos
de gaseificação de biomassa, para produção de gás de baixo poder calórico. Estuda-se a aerodinâmica de
câmara de combustão e pequisa-se métodos de diminuição de emissão de poluentes atmosféricos (como
NOx e SO2). (Aprovada pelo Departamento/Conselho Científico em 1994). Linha ligada ao departamento de
energia, departamento de engenharia térmica e fluidos.
• Rogerio Vollet, GM Advanced Electrical Architecture and 12V Electric Power Management (dados de
contato disponíveis na resposta original, solicitar ao CGEE)

135
Apêndice IX – Participantes da 3ª Oficina – Mapa Estratégico

Data: 27/08/2009

Local: SINDIPEÇAS – São Paulo/ SP.

NOME INSTITUIÇÃO
Adriano Braun Galvão CGEE
Alexandre Gaino ABDI
Arnaldo G. Guido SINDIPEÇAS
Celso Argachoy MWM Motores
Claudio Chauke Nehme CGEE
Fábio Braga SAEBRASIL
Flávio Campos DELPHI
Francisco Emilio Baccaro Nigro IPT/SP
Hilton Spiler BOSCH
Jayme Buarque de Holanda INEE
José Antônio Silvério MCT
Liliane Rank CGEE
Luis Carlos Mandelli DHB
Marcelo Rodrigues Soares CPFL
Maria de Fátima Rosolem CPQD
Mauro Ribeiro Júnior Inst. VonBraun
Milton Pombo da Paz CGEE
Paulo Fernando Isabel dos Reis PETROBRAS
Paulo Sérgio Coelho Bedran MDIC
Raul Fernando Beck CPQD
Ricardo Takahira MAGNETIMARELLI
Roberto Alvarez ABDI
Roberto Marx USP
Tadeu Cavalcante C. de Melo PETROBRAS
Tiago Ferreira BNDES

136
Apêndice X – Histórico de Eventos do Estudo Prospectivo

Data Local Objetivo Participantes

22/01/08 Brasília 1ª reunião com o Setor - ABDI e CGEE


Apresentação do Programa
Estratégico Setorial e composição do
comitê gestor

21/07/08 São Paulo Visita às instituições para discussão ABDI e CGEE visitou Sindipeças, Anfavea,
da composição do Comitê Gestor Abinee, Abiplast, SAE

08/08/08 Brasília Reunião de trabalho para discutir o Especialistas do setor: Roberto Marx, Paulo
desenho da cadeia produtiva, Zawislak, Flavia Consoni, Luis Bresciani,
tendências e estratégias do setor Adriano B Galvão, Liliane Rank e Claudio
Chauke

26/08/08 Brasília 1ª Reunião de Comitê Gestor - Sindipeças, Anfavea,ABIMAQ, ABINEE, SAE


Apresentação da metodologia, BRASIL, ABIPLAST, MCT, MDIC, ABDI e CGEE
cronograma do estudo e indicação de
consultores

07/10/08 São Paulo Participação no Congresso 2008 SAE CGEE


BRASIL para coleta de informações
de complementação do estudo

27/11/09 Brasília Reunião ABDI para ajuste da ABDI e CGEE


metodologia do Estudo,
considerando percepções de
lideranças e grupo de autopeças
nacionais na etapa de perspectivas.

11/03/09 a São Paulo e Entrevistas com Lideranças do Setor GM, Ford, Fiat, Delphi, Bosch, Magneti Marelli,
20/05/09 Brasília AEA, Anfavea, Ciesp e consultor Luc de
Ferran

26/05/09 São Paulo Reunião com Sindipeças e ABDI CGEE, ABDI, e Sindipeças

04/06/09 e São Paulo 1ª Oficina de Trabalho - Identificação Usiparts, DHB, Keko, Formtap, Controil Freios,
05/06/09 de Oportunidades PST Eletronics, Sabó, Metalpó, Mangels, Fras-
le, Sindipeças, Sae, BNDES, USP, ABDI e
CGEE

13/07/09 São Paulo 2ª Reunião do Comitê Gestor USIPARTS, Sindipeças, Anfavea, DHB,
Metalpó, Unicamp, Abiplast, MCT, Sebrae,
SAE-Brasil, Mangels, MDIC, IBS, BNDES, Poli-
USP

11/08/09 São Paulo 2ª Oficina de Trabalho – Mapa USP, Sindipeças, MWM Motores, Instituto
Tecnológico Vonbraun, VSESA, Delphi, IPT/SP, Bosch,
INEE, CPFL, CPQD, Volvo, Petrobras, Maua,
Magneti Marelli, BNDES

27/08/09 São Paulo 3ª Oficina de Trabalho – Mapa USP, Sindipeças, MWM Motores, Instituto
Estratégico Vonbraun, VSESA, Delphi, IPT/SP, Bosch,
INEE, CPQD, Petrobras, Magneti Marelli,
BNDES

137
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

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