Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Brasileiro
Estácio Natal
Profa. Dra. Margarida Maria Knobbe
2016
Reprodução autorizada apenas para estudo dos alunos da disciplina.
É vedado o uso para outros fins, publicação em sites da internet, etc. sem
prévia autorização por escrito da autora.
Aula 3
Ouro, conjuração e ideias emancipatórias: o contexto do período pré-
independência
(Estudar páginas 28 a 48 do Livro Didático)
Relembrando....
Economia colonial:
Grandes latifúndios
Monocultura
Cana-de-açúcar
Mão de obra escrava
Exploração exclusiva da Coroa portuguesa
Sociedade patriarcal:
Senhores de engenho: chefes incontestáveis.
Mulheres: administravam a casa e controlavam os escravos
domésticos.
Estrutura judiciária no Brasil colônia
1ª. instância
Ouvidor – funções administrativas, Almotacéis – 2 para cada
conhecer e julgar processos cíveis e município para resolver questões
criminais de partes interessadas, sobre servidões urbanas e obras
juízes, procuradores, fidalgos, etc. novas.
Juiz Ordinário ou da Terra – eleito Juiz de Fora – bacharel em direito,
entre os “homens bons” para nomeado pelo rei para garantir a
processar e julgar processos cíveis e aplicação das leis gerais (substituía
criminais. o ouvidor da comarca).
Juiz de Vintena - juiz de paz para Juiz de Órfãos – eleito ou nomeado
lugares com mais de 20 famílias, para processar e julgar inventários,
eleito pela câmara de vereadores partilhas, tutela, etc. que
para julgar em processo verbal envolvessem menores ou incapazes
questões de pequena monta, sem
direito a apelação.
Estrutura judiciária no Brasil colônia
2ª. e 3ª. instâncias
2ª. Instância:
Relação da Bahia: fundada em 1609, como tribunal de apelação (de 1609 a 1758, teve
168 desembargadores).
Relação do Rio de Janeiro: fundada em 1751, como tribunal de apelação.
3ª. Instância:
Casa da Suplicação: tribunal supremo de uniformização da interpretação do direito
português, em Lisboa.
Desembargo do Paço: originariamente fazia parte da Casa da Suplicação, para
despachar as matérias reservadas ao rei, tornou-se corte autônoma em 1521, como
tribunal de graça para clemência nos casos de penas de morte e outras.
Instância única:
Mesa da Consciência e Ordens: Para as questões relativas às ordens religiosas e de
consciência do rei.
Leis na economia colonial brasileira
1591 - Decreto fecha os portos do Brasil aos navios estrangeiros.
1603 - Governo português decreta o monopólio real da pesca da baleia.
1642 - Coroa portuguesa estabelece o monopólio sobre o tabaco.
1649 - Criada a Companhia Geral do Comércio do Brasil para auxiliar a resistência
pernambucana às invasões holandesas e apoiar a recuperação da agricultura
canavieira do Nordeste.
1658 - Imposto pela Coroa o monopólio do sal.
1682 - Governo português cria a Companhia de comércio do Maranhão para atuar
na agricultura exportadora de açúcar e algodão com fornecimento de crédito,
transporte e escravos aos produtores.
1731 – Carta-Régia estabelece o monopólio sobre a extração de diamantes.
1755 - Fundadas pelo marquês de Pombal as companhias gerais do comércio do
Grão-Pará e do Maranhão.
1759 – Fundadas as companhias gerais do comércio de Pernambuco e Paraíba.
1785 - Governo português proíbe as manufaturas de tecidos no Brasil.
Política mercantilista
”
acompanhados por espingadeiros, violentos, jogadores e devassos; os demais, em
geral, vadios e ladrões, traidores e assassinos”.
Prancha número 5 do
tomo 2 da obra de
Debret “Voyage
Pittoresque et Historique
au Brésil”, Ed. Firmine
Didot et Frères, Paris,
1834-1839
Crise do sistema: fatores externos
Críticas ao regime de monopólios e ao pacto colonial:
Adam Smith (filósofo e economista escocês): um dos teóricos do liberalismo,
criticava a política mercantilista, o controle dos monopólios e o trabalho servil.
Jean Baptiste Say (economista francês): denunciava o caráter espoliativo do
sistema colonial, acusando as colônias de se tornarem ônus para as metrópoles.
Fatores responsáveis pelo esgotamento do sistema: expansão dos mercados,
desenvolvimento crescente do capital industrial e a crise do Estado absolutista.
Monopólios e privilégios: obstáculos aos grupos interessados numa produção em
larga escala comercial.
Mercados fechados e restrições do pacto colonial: entrave ao aumento da
produção em função da mecanização.
Absolutismo monárquico: críticas ao Antigo Regime, crença nos direitos naturais
dos homens, ideias sobre a soberania da nação e supremacia das leis, defesa dos
princípios de igualdade e liberdade.
Crise do sistema: fatores internos
Aumento da população, incremento da produção, ampliação do mercado
interno.
Atritos entre as nações europeias em torno dos monopólios:
Invasões dos franceses e holandeses.
Ataque de piratas e corsários.
Contrabando de produtos nativos.
Críticas internas e expressões do descontentamento com a política de monopólios:
- conflitos entre produtores e comerciantes (1710/1711 - Guerra dos Mascates - PE,
tensão entre senhores de engenho e comerciantes portugueses),
- conflitos entre comerciantes e burocratas (1684 - Revolta de Beckman – MA, reação de
proprietários rurais aos abusos cometidos pela Companhia de Comércio do Maranhão,
instalada na região dois anos antes, em 1682, por ordem do governo português ),
levantes nas regiões de Minas Gerais.
- Revolta dos Alfaiates (Conjuração Baiana ou Inconfidência Baiana), em 1798, que
tinha como objetivo o rompimento dos laços coloniais com Portugal. Liderada pelos
alfaiates João de Deus e Manuel Faustino dos Santos e pelos soldados Lucas
Dantas e Luiz Gonzaga.
Efeitos do iluminismo no Brasil
Impactos da Revolução Americana e da Revolução Francesa: caminhos para
a emancipação.
Influência dos escritos da Ilustração: D’Alembert, Montesquieu, Raynal,
Rousseau, Turgot.
Florescimento do anticolonialismo.
Luta pela emancipação dos laços coloniais.
Explosão de diversos movimentos conspiratórios: Inconfidência Mineira e
Conjuração Baiana.
A abertura dos portos em 1808 e a entrada de estrangeiros facilitou a
divulgação de ideias revolucionárias.
As maçonarias tiveram papel importante no debate em torno dessas teorias.
Limites do liberalismo no Brasil: pobreza ideológica dos movimentos e falta de
envolvimento popular.
O comportamento dos revolucionários, com exceção de poucos, era elitista,
racista e escravocrata. A escravidão foi o limite do liberalismo.
Convenção Secreta de Londres
No início do século XIX, a Europa estava agitada pelas guerras. Inglaterra e
França disputavam a liderança no continente europeu.
Em 1806, Napoleão Bonaparte, imperador da França, decretou o Bloqueio
Continental, proibindo que qualquer país aliado ou ocupado pelas forças
francesas comercializassem com a Inglaterra, com o objetivo de arruinar a
economia inglesa. Quem não obedecesse seria invadido pelo exército
francês.
O príncipe D. João não podia aderir ao Bloqueio porque mantinha intensa
relação comercial com a Inglaterra, mas também temia o exército
francês.
A solução, negociada com a Inglaterra, foi firmada na Convenção
Secreta de Londres, em 1807: a família real portuguesa ‘fugiria’ para o
Brasil. Dessa forma, com a vinda da família real, tem fim o Pacto Colonial.
Houve apoio dos ingleses no transporte da família real, do tesouro real, dos
arquivos, do aparelho burocrático e de toda a corte portuguesa.
Algumas leis importantes
1808 – Carta Régia: abertura dos portos às nações amigas (gerando o
fim do pacto colonial).
1808 – Alvará: liberação da indústria manufatureira.
Alvará de 05 de abril de 1808, que criou a Intendência Geral da Polícia
com o objetivo organizar a segurança e controlar as obras públicas, a
fim de conceder as condições necessárias para a permanência da
Corte na colônia.
1810 – Tratado de Aliança e Amizade entre Portugal e Inglaterra (D.
João se comprometia a não permitir a instalação da Inquisição em
seus domínios da América do Sul) e Convenção de Comércio e
Navegação (estabelecia tarifas alfandegárias preferenciais de 15%
para produtos britânicos - produtos portugueses pagavam 16% e os de
outras nações, 24%).
1815 – Carta de Lei: elevou o Brasil a Reino Unido de Portugal e
Algarves.
Brasil reino
A elevação do Brasil à condição de Reino Unido ao de Portugal e Algarves, ocorrida em
16 de dezembro de 1815, deu legitimidade a uma situação que já existia de fato, por
força da transferência da família real ocorrida em 1808: o Brasil havia se tornado o centro
decisório do Império Português, configurando-se como a parte do Império dotada de
maior importância política, econômica e estratégica.
Tal ato foi sugerido pelo representante francês (Talleyrand) nas negociações do
Congresso de Viena, com o objetivo de fortalecer a posição de Portugal na Europa pós-
napoleônica.
A elevação do Brasil à categoria de Reino Unido garantiu, todavia, a permanência da
Corte no Rio de Janeiro.
Se, para o Senado da Câmara do Rio de Janeiro, o ato de 16/12/1815 constituiu-se em
“ilustrada política”, pois levava em consideração a “preeminência” que o Brasil fazia por
merecer em função de “sua vastidão, fertilidade e riqueza”, para os portugueses
(apoiados pelos ingleses) fazia-se imprescindível o retorno da família real à Europa.
A elevação do Brasil à condição de reino, a recusa de D. João a voltar a Portugal e sua
coroação como rei (com o título de D. João VI) em 06/02/1818 (em virtude da morte de
D. Maria I em 1816 e da Insurreição Pernambucana de 1817) reafirmava o crescente peso
político do Brasil sobre o Império e a ascendência do Rio de Janeiro sobre as demais
partes do país.
Mudanças na estrutura jurídica
em 1808
A Relação do Rio de Janeiro foi transformada em Casa da Suplicação para
todo o Reino, com 23 desembargadores, criando-se as Relações do
Maranhão, em 1812, e as de Pernambuco, em 1821.
Como órgãos superiores das jurisdições especializadas, foram instituídos: o
Conselho Supremo Militar e a Mesa do Desembargo do Paço e da Consciência
e Ordens.
Criação dos cargos:
Juiz Conservador da Nação Britânica, como garantia de foro privilegiado para
os súditos ingleses, sendo exercido por um juiz brasileiro eleito pelos ingleses
residentes no Brasil e aprovado pelo embaixador britânico (cargo só extinto em
1831).
Intendente Geral de Polícia, com jurisdição sobre os juízes criminais, que
recorriam para ele, podendo prender e soltar presos para investigação.
Portugal descontente
A aclamação de D. João VI em terras americanas atingiu duramente os
sentimentos dos portugueses na Europa – o jornal O PORTUGUÊS chamava a
Corte no Brasil de “governo tupinambá”.
Algumas medidas paliativas foram tomadas, visando atenuar o
descontentamento dos súditos portugueses europeus – para tanto, o Alvará de
25/04/1818 concedia taxas mais favoráveis para o vinho e a aguardente
trazidos de Portugal, enquanto que o Aviso de 30/05/1820 isentava dos direitos
de entrada nos portos brasileiros, o peixe e alguns tecidos portugueses (como o
linho).
O descontentamento, em Portugal, com as condições em que se encontrava
a parte europeia do Império, levou à chamada Revolução do Porto
(24/08/1820) – tal movimento tinha como objetivos o fim do Antigo Regime, a
convocação das Cortes (na verdade, uma Assembleia Constituinte) para a
elaboração de uma Constituição para o Império e o restabelecimento do
lugar que os portugueses entendiam como merecido no contexto do Império
Luso-Brasileiro.
Aplicação: articulação teoria e prática
Vimos em nosso Livro Didático que dois traços fundamentais que caracterizaram a
sociedade brasileira colonial foram o fato de ser rural e patriarcal. A primeira
característica está relacionada às baixas densidades populacionais e um espaço onde
predominam a paisagem e a atividade agrícola. No que se refere ao segundo, trata-se
de um tipo de "ideologia" reinante na época, na qual o homem é considerado a maior
autoridade no seio da família, devendo as mulheres se subordinarem a eles, prestando-
lhes obediência.
Pesquise na internet: atualmente no Brasil, qual o percentual populacional que vive nos
centros urbanos e qual o percentual que vive nas áreas rurais.
Após, pesquise para saber se homens e mulheres com igual nível de escolaridade
recebem, em média, salários iguais.
Como se sabe, no decorrer da história, algumas características permanecem (aquilo que
denominamos como permanências) e outras vão sendo superadas (o que denominamos
como rupturas). Nesse sentido, pergunta-se:
a) Há permanência ou ruptura no que se refere à ocupação do espaço rural/urbano no
Brasil?
b) Há permanência ou ruptura no que se refere à característica colonial de tratamento
desigual entre homens e mulheres?
Justifique sua resposta com base nas investigações realizadas.