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CAMPOS, Pedro Henrique Pedreira.

Estranhas
Catedrais. As Empreiteiras brasileiras e a ditadura
civil-militar, 1964-1988. Publicação 2014.
“Empreiteiro é aquele que convenceu o faraó a
empilhar umas pedras no deserto” Elio Gaspari. “O
trem bala e o faraó”. IN. O Globo. Edição de 13 de
fevereiro de 2011.
“Quem faz o orçamento da República são as
empreiteiras”. Adib Jatene apud ALENCASTRO. Luís
Felipe. A grande mudança. In. O Estado de São
Paulo. Edição de 21 de abril de 2010.

Campos evidencia segundo, a Prof.ª Virgínia Fontes “


não apenas a proximidade direta das empreiteiras
com o Estado” mas avança para além do senso
comum, ao identificar de maneira detalhadamente
comprovada uma complexa teia de interesses
privados tecidos por fora e por dentro do Estado, com
um grau maior de complexidade do que a simples
tradução imediata da propriedade em poder político.
P. 27
Este livro tem como objeto as empresas brasileiras de
construção pesada ao longo da ditadura militar
brasileira (1964 a 1988). Objetivamos analisar neste
trabalho as firmas construtoras, suas formas de
organização no âmbito da sociedade civil, a atuação
das mesmas junto à sociedade como um todo e ao
aparelho do estado em particular, e as políticas
públicas aplicadas ao longo do período
especialmente endereçadas ao setor.

Histórico:
Entre 1940-1955, houve um período de mudanças
estruturais na sociedade, com políticas públicas
voltadas para a promoção da industrialização. Essas
políticas passavam pela montagem de várias
agências estatais e um reposicionamento da indústria
de construção na economia. Durante o II Império e a
Primeira República, o estado pouco contratava em
termos de obras públicas, sendo os principais
empreendimentos de engenharia demandados por
empresas privadas, sobretudo estrangeiras. Esse
modelo sofreu modificações já a partir da terceira
década do século XX. Com as alterações na estrutura
do aparelho de Estado ao longo das décadas de
20,30 e, novas funções foram agregadas à prática de
órgãos estatais, fazendo com que o aparelho de
Estado se tornasse em diversas ocasiões o realizador
de obras públicas.
Na década de 1930 ocorre a regulamentação da
profissão de engenheiro dando origem aos Conselhos
Regionais de Engenharia e Arquitetura ( CREAS) e ao
conselho Federal de Engenharia e Arquitetura
(CONFEA).
O FORTALECIMENTO DAS EMPRESAS
PRIVADAS DE ENGENHARIA
- Urbanização das cidades- saneamento, adutoras de
água, novas ruas, pontes...
- Criação dos Institutos previdenciários e as políticas
públicas para habitação. Vargas e Eurico Dutra na
campanha eleitoral trouxeram a política habitacional
para o centro de seus discursos.
- Fortalecimento da Inspetoria de Obras contra a Seca
(IOS) criado em 1909, que realizava as obras sem a
contratação de empresas. Mas com a sua
reestruturação que o renomeou para Departamento
Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS) em 1945
quando passou a contratar empresas privadas. P.51
- O Clube da Engenharia- que reunia empresários da
construção civil foram “entusiastas” dessa mudança
- “Essa transferência da função da construção de
obras públicas para o poder estatal para o privado foi
fundamental para o fortalecimento das empresas do
setor da construção pesada.
- Igual ao DNOCS, importante para as empresas
nordestinas, temos o caso da energia elétrica.
- Em 1961 foi criada a ELETROBRAS que reuniu
todas as empresas privadas que forneciam energia
elétrica, que tinha verbas oriundas do empréstimo
sobre energia elétrica, instituída em 1962, e o fundo
de eletrificação aprovado em 1964. Tornou-se
durante a ditadura, com as obras de hidrelétricas e
linhas de transmissão, que ficaram a cargo de um
grupo seleto de empresas e que constituíam o grande
capital do setor. P. 53
- Outra Estatal importante para o setor da construção
pesada, nesse caso criada no próprio governo
Vargas, foi a Petrobras (BR). Antes da sua formação,
o setor do petróleo já movimentava o setor da
construção, porém com o predomínio de empresas
estrangeiras.
- Obras anteriores à criação da BR forma as refinarias
gaúchas Riograndense e Ipiranga e a paulista
Matarazzo, nos anos 30. O primeiro campo de
exploração comercial do petróleo no país foi aberto
me 1928, na Bahia, onde foi construída a refinaria de
Mataripe, em 1946. Já a primeira planta petroquímica
no país é de 1946, no Paraná, feita por empresa norte
americana. Da segunda metade dos anos 40 o
primeiro oleoduto nacional, entre Santos e São Paulo,
e, em 1959... 1950 Refinaria Presidente Bernardes
em Cubatão, em 1954 a maior refinaria do país
Capuava.
- Movimento social intenso a favor da Petrobras.
- Mas a vitória não foi apenas das mobilizações, mas
“a criação da BR e a sua primeira gestão representou
uma oportunidade para o capital nacional da
construção pesada e da montagem industrial.
- Se a construção de hidrelétricas ajudou a consolidar
as maiores firmas de construção pesada e as obras
relacionadas à indústria petrolífera auxiliaram na
formação das empresas de alta especialidade técnica
na engenharia.
- Mais o que mais fortaleceu as empresas foram as
construções rodoviárias... desde 1920 -1934 com o
governo paulista de Washington Luís conhecido como
governador “estradeiro”. Criação do DNER em 1937.
Em 1945 com sua reestruturação e fortalecimento
tornou-se o principal órgão de atuação dos
empresários da construção pesada e o mais
importante contratador de obras públicas do país. Era
também um do órgão estatal que mais empregava
pessoal na administração pública federal, com 30 mil
empregados em 1966. P.55
- “O aperfeiçoamento do modelo da retirada do
estado da atividade construtora, passando este
apenas a contratador das obras”. P.59
- Trata-se de um aperfeiçoamento do modelo
varguista e uma vitória dos interesses dos
empreiteiros, em modelo que teve continuidade
posteriormente, marcando as obras durante a
ditadura. P. 59
- Vários testemunhos convergem sobre a relevância
do governo JK para a alavancagem do setor da
construção pesada, além do fortalecimento e da
nacionalização das atividades das empreiteiras
brasileiras. P. 60
- Multinacionais automobilísticas e empreiteiros
brasileiros se aproximaram pela bandeira do
rodoviarismo.
- A Construção de Brasília- p. 61
- Um incidente na usina de Três Maria que quase
matou o presidente Kubitschek. Depois desse
episódio o governo proibiu construtoras estrangeiras
de trabalharem no Brasil.
- Mas as empresas continuaram atuando no Brasil,
somente em 1969 através de um decreto lei a
atividade das empreiteiras estrangeiras foi proibida no
Brasil.

QUEM É QUEM NA CONSTRUÇÃO PESADA NO


BRASIL
Após verificar como se formou e se avolumou certa
“demanda” de obras públicas, relacionada à
urbanização e industrialização da economia
brasileira, tentaremos conhecer os sujeitos
realizadores desses projetos no âmbito empresarial,
ou melhor, identificar os principais empreiteiros
brasileiros.
AS PRIMEIRAS EMPRESAS BRASILEIRAS- p. 70
As primeiras importantes construtoras brasileiras
nasceram no Rio de Janeiro, e uma das primeiras
atividades do setor foi a especulação urbana.
Primeiras empresas no ramo das habitações
populares p.71
- Companhia de Saneamento do Rio de Janeiro- Artur
Sauer
- Evoneias Fluminense – Américo de Castro
- Jannuzzi- Antônio Jannuzzi- Sociedade Construtora
de Casas Populares.
O comendador Jannuzzi era uma liderança do setor
da construção. Defendia “a união dos construtores
para atuar coletivamente junto ao aparelho do Estado
obtendo leis, normas e medidas que beneficiassem
as empresas de construção.
Em 1919 ele liderou o grupo de 92 construtores que
criaram a Associação da Industria da construção Civil
do Rio de Janeiro (AICC). p. 72
Atuando nas vias do novo centro e nas áreas
valorizadas firmas forma pioneiras no uso de concreto
armado, como a Perdeneiras, de Eduardo
Pederneiras que depois vai presidir a AICC e que
deve sua empresa depois envolvida na construção de
Brasília.
As companhias pioneiras que atuaram em obras
urbanas para a Prefeitura e União na República Velha
participavam do Clube de Engenharia, como a
Companhia Edificadora Nacional, fundada por André
Gustavo Paulo de Frontim, que também estava
envolvido com as construtoras Melhoramentos e a
Sociedade Brasileira de Urbanismo.
As principais empreiteiras do século XX- divididas por
estado e região de origem, visto que as relações com
os grupos dominantes locais junto ao aparelho de
Estado regional forma importantes para a formação e
o sucesso das campanhas.
Rio de Janeiro: p.73
As primeiras com forte atuação política pela
proximidade com o poder político. Na década de 1960
e na ditadura, deram lugar as paulistas, mineiras e
nordestinas na liderança do mercado de obras
públicas.
Mas as empresas nordestinas transferiram-se para o
Rio. Como Norberto Odebrecht, a Queiroz Galvão e a
Delta. Ao contrário da mineira Andrade Gutierrez que
mudou sua sede para SP.
p. 75- A Sociedade Brasileira de Urbanismo- Paulo
Frontim tinha forte ligação com o grupo político de
Vargas, do interventor Henrique Dosworth e, depois
do PSD carioca. Essas ligações forma importantes
para a empresa realizar as obras do cristo Redentor,
a estrada da Tijuca, o viaduto de Canoas, o Forte de
Copacabana, o Jardim de Allah e outros serviços de
urbanização. Quando Carlos Lacerda chegou ao
poder tinha 28 contratos, depois de seis meses restou
1.
A empresa de Luigi Quattroni também foi à bancarrota
quando Lacerda tirou da companhia a construção do
Túnel Rebouças.
A gestão Lacerda com o objetivo de enfraquecer o
grupo empresarial que apoiava o getulhismo abriu
mercado de obras no rio para empresas fora do
estado.
Mas, algumas empresas foram beneficiadas pela
gestão lacerdista, como a Braskan -Lighet, que fez a
adutora Guandu -Leblon , e a Carvalho Hosken,
ligada a Secretaria de Sandra Cavalcanti e que ficou
com os contratos de urbanização em áreas de favelas
removidas da zona sul.
OS EMPRESÁRIOS PRÓXIMOS AOS MILITARES E
DOS NOVOS GOVERNANTES PÓS 1964
Jair Gomes de Souza, era um dos controladores da
Empresa SISAL, construtora de prédios urbanos,
como o prédio do Rio Othon Palace Hotel, em
Copacabana. Souza era amigo pessoal e jogava
cartas com o presidente Arthur Costa e Silva, além de
ter financiado o IPES antes do golpe. A empresa
cresceu na ditadura.
COMPANHIA METROPOLITANA DE
CONSTRUÇÕES (CMC). Propriedade nos anos de
1970 dos irmãos Mário, Maurício e Marcelo Alencar e
de Frederico Gomes da Silva. A empreiteira era
dirigida por Harold Cecil Poland que presidiu o
Sindicato Nacional da Construção (SINICON). Apoiou
o IPES e era próximo do General Golbery do Couto e
Silva e de Carlos Lacerda. A empresa fora fundada
em 1933 e fora responsável por trechos da Dutra, são
Paulo- Curitiba, rio -Bahia, Imigrantes, o aeroporto de
Curitiba, barragens, oleodutos, Brasília, dentre outras
obras que a enquadravam como uma das maiores do
país na primeira metade dos anos 70.
Em colaboração ao projeto político do coronel Mário
Andreazza de ser Presidente da República, os donos
da Metropolitana arrendaram os jornais Correio da
Manhã e Última Hora, respectivamente em 1969 e
1972.
A empresa foi a falência em 1974- dívidas. A revista
o empreiteiro acusou má administração, mas as
circunstâncias parecem indicar um rompimento
político, dada a ligação da empresa ao Grupo
Andreazza, parcialmente marginalizado na transição
dos governos Médici e Geisel.
Se a Metropolitana teve seu brilho interrompido a
Ecisa e a Esusa.
Donald Stuart- ver p. 77
A empresa que teve acessão no fim da ditadura foi a
Carioca Engenharia, fundada em 1947 por João
Carlos Backheuser. Com foco regional e local deu seu
salto no governo Brizola. Carioca Chistiani-Nielsen
/Engenharia (CCNE) e, na década de 1990, foi alçada
a posição de uma das maiores empreiteiras do país.
Participou das privatizações. Sendo uma das
controladoras do suprimento de água para Niterói e
de rodovias com pedágios no Rio.

AS EMPREITEIRAS PAULISTAS
“Todos querem ser Camargo Corrêa”
Constran- Olacyr Francisco de Morais Filho- Era uma
empresa média na Ditadura e foi crescendo
gradualmente até se tornar uma das 10 maiores do
país. P. 83
Cetenco- Eduardo Celestino Rodrigues- Era um as
cinco maiores do país nos anos 70 – Seu presidente,
professor de Engenharia da USP escrevia livros sobre
problemas nacionais, além de ser próximo de
Adhemar de Barros, Delfim Neto, Mário Henrique
Simonsen e ter sido assessor do Ministro da Minas e
Energia César Cals.
Por fim, a maior empreiteira paulista e do Brasil
durante a Ditadura foi a Camargo Corrêa. Ela constou
como a primeira entre as construtoras nacionais, e
seu faturamento superava o dobro das receitas da
segunda colocada. No início dos anos 80 era a maior
companhia construtora do mundo. Ela superava
norte-americanas e europeias, já que construiu as
três maiores hidrelétricas do mundo; Itaipu, Guri na
Venezuela, e Tucuruí.
Fundada em 1938 em SP, seus principais sócios
Sebastião Ferraz Camargo Filho. p. 86 O fato de ser
cunhado do Interventor Ademar de Barros que
contratou a companhia para várias obras. Citação p.
86
A ligação Camargo Correa Bradesco Votorantim-
José e Antônio Ermírio de Moraes.
p. 88 Ligações de Sebastião Camargo.
Na ditadura CC participou dos projetos mais
ambiciosos do regime, tomando parte nas obras da
Itaipu, Carajás, transamazônica, Rio-Santos, ponte
Rio -Niterói, metrô de São Paulo, tucurui, ferrovia do
aço, aeroporto de Manaus, Guarulhos.
AS MINEIRAS ESTÃO EM TODAS
Minas Gerais é o segundo maior celeiro de
construtoras no país. Isso se deve em grande
medida às políticas públicas estaduais pioneiras da
construção de estradas e eletrificação. Em especial a
partir da gestão JK.
Rabello- Marco Paulo Rabello- Durante o governo JK
era poderosos. Mas com a ditadura Rabello perdeu
seguidamente concorrências após o golpe. Às
relações de JK com a Rabello foi utilizada para
cassação de seus direitos políticos em 1964.
Barbosa Mello- Affonso Barbosa Mello- ditadura
atuava como subempreiteira.
Construtora Brasil AS- José Lúcio Resende- Eliseu
Resende- principal representante dos empreiteiros na
ditadura.
Andrade Gutierrez- fundada em 1948 pelos irmãos
Gabriel, Roberto Andrade e por Flávio Gutierrez.
Segundo o autor é a menos envolvida em denúncias
de corrupção.
Mendes Junior- fundada por José Mendes Junior em
1942. O trânsito entre a empreiteira e o Estado
marcou a trajetória de José Mendes Jr.
Murilo Mendes- filho foi responsável pela empresa
durante a ditadura.
A intensa atuação junto ao Estado mineiro permitiu à
empresa uma inserção na Cemig e em Furnas.
Tornou-se a segunda construtora de hidrelétricas do
país durante a ditadura e uma das responsáveis pela
ITAIPU.
Outro cliente especial foi a PETROBRAS para o qual
a empreiteira realizou cinco refinarias e sete
plataformas. A MJ foi pioneira na construção de
plataformas de petróleo- construiu cinco refinarias e
sete plataformas de petróleo.
“A ponte política entre o governo mineiro com a
ditadura foi realizada com sucesso pela empresa”,
contratando militares como o General Arthur Moura,
que trabalhava na MJ em 1972 e tinha sido adido
militar nos Estados Unidos. A MJ teve também
participação intensa nas obras tocadas pelas
agências estatais dirigidas pelo General Mario
Andreazza. Tanto quanto ele foi Ministro dos
Transportes (1967-1974), como quando dirigiu a
pasta do interior (1979-1985).
Ver P. 96-97. Falência nos anos 90.

A ODEBRECHT E OUTRAS FAMÍLIAS


EMPREITEIRAS DO NORDESTE E NORTE
As empreiteiras da região nordeste do país foram
beneficiadas pelas atividades de instituições federais:
o DNOCS, a Chesf, BNB, a Petrobras e a Sudene.
Autarquias que atuaram na implementação da
infraestrutura regional e na realização de obras,
havendo certa preferência para as construtoras
locais, o que correspondia aos interesses
organizados e alojados nessas instituições e ás
próprias diretrizes políticas que norteavam as suas
ações, dado que eles buscavam fortalecer as
empresas da região. P. 97
A escolha da Bahia como sede do primeiro polo
petroquímico nacional foi uma decisão estratégica
onde deve ter pesado o fato de boa parte dos técnicos
de maior hierarquia da Petrobras serem baianos
natos ou com grande afinidade com aquele estado. A
empreiteira local Norberto Odebrecht ficou incumbida
junto como a Mendes Júnior de realizar as obras da
Refinaria Landhulfo Alves (Relan), que integra o
complexo industrial.
Concic José Rial e Família
Delta Fernando Cavendish Soares 1961
EIT Tibério César Gadelha 1951
Estacon Luftala de Castro Bitar 1969
Norberto Odebrecht Norberto Odebrecht e Filhos
1943
OAS (BA) César Matta Pires 1976
Queiroz Galvão (Recife) Dario, Antônio e Mário
Queiroz Galvão e família 1953
Soares Leone Manoel Augusto Leone 1953
Queiroz Galvão (Recife) Dario, Antônio e Mário
Queiroz Galvão e família 1953 – Cresceu com obras
para Petrobras e Sudene
Em 1980 criou a subsidiária Queiroz Galvão
perfurações. Vencendo licitações para prospecções
no mar e atuando na construção naval para a BR.
Galvão Engenharia em meados dos anos 90.
NORBERTO ODEBRECHT - p. 99
Mas, a maior empresa durante a ditadura foi a
Norberto Odebrecht fundada em 1943, e teve em
princípio o governo baiano e as empresas e
instituições federais sediadas no Nordeste como
principais clientes. Construindo edifícios urbanos e
obras portuárias no Rio São Francisco. A Odebrecht
passou a ter a Petrobras como contratante desde os
anos 50. Sob a presidência do baiano Juracy
Magalhães, a empreiteira foi contratada para várias
obras na região. Assim, vieram o oleoduto Cadu –
Candeias, em 1953, a Refinaria Landhulfo Alves,
1957, o edifício central da Petrobras em 1960 em
Salvador, o edifício da Companhia Pernambucana de
borracha Sintética (Coperbo), em 1965, e depois fora
da região nordeste o edifício sede da BR no RJ em
1972. Nesse momento a Odebrecht se aproximou de
Ernesto Geisel. No final do governo Médici, a NO
estava próxima aos militares presentes nos quadros
da Petrobras, arrematou dois contratos que alteraram
significativamente o seu porte. As vitórias na
concorrência para construção do Aeroporto do
Galeão e da Usina Nuclear de Angra fizeram tornar-
se a 3ª lugar das mais 100+
p. 101 mais obras
Delação do esquema de corrupção Delfim Netto e a
Camargo Correa
Acusada de envolvimento no esquema PC Farias e
Collor de Mello
Em 1991 Norberto Odebrecht se afasta passando a
presidência a Emílio Odebrecht
Em meados da década de 70 surge a OAS- César
Matta Pires- Antônio Carlos Magalhães. Obras
Arranjadas pelo Sogro (OAS)
Odebrecht vai
EMPRESAS SULINAS
CRALMEIDA - PARANÁ
Cecílio Rego de almeida- 1958- PROTECIONISMO
DO ESTADO DO PARANÁ.
O DESENVOLVIMENTO DO SETOR DA
CONSTRUÇÃO PESADA DURANTE A DITADURA.
P. 113
Com a chegada de Arthur Costa e Silva ao poder e a
entrada em cena de Delfim Netto (M. Fazenda, Mário
Andreazza (M. Transportes) e Eliseu Resende
(DNER) redundou em forte política de investimentos
públicos e incentivo as empresas de construções
brasileiras. O período do chamado “milagre” foi
historicamente mais favorável às construtoras
brasileiras, dado o fato de boa parte do crescimento
de então ter sido fruto de investimentos estatais em
obras.
Capítulo 3- A atuação dos Aparelhos Privados da
Construção junto ao Estado e à sociedade
“ A tese da rodovia como a maneira mais adequada
de integrar o território nacional ganhou força com a
ditadura, que implementou a política de extinção de
ramais ferroviários. P. 223
“Na ditadura, a ideologia rodoviarista se adequou e
fomentou diretrizes de uma certa vertente do
pensamento militar, que defendia a integração do
território nacional, a ocupação das regiões da
Fronteira da Amazônia, baseada na Doutrina de
Segurança Nacional. Certos traçados de estradas
foram inspirados em estudos geopolíticos realizados
pelos integrantes da ESG, tendo em vista objetivos
militares de segurança e defesa.
Boa parte desses empresários esteve em uma
posição de sustentação e responsabilidade sobre o
regime. P. 225
Os empreiteiros e a grande imprensa

“ A imprensa brasileira, como em outras partes do


mundo, tem vínculo histórico com empresas
interessadas na difusão de suas ideias, valores e
projetos e no uso do veículo como mecanismos
político de pressão junto as agências do aparelho
estatal. Nos arquivos diplomáticos norte-americanos,
historiador Carlos Fico verificou o desprezo dos
funcionários da embaixada dos EUA pelos jornais
brasileiros. Esses eram vistos como oportunistas,
irresponsáveis, indignos de confiança e,
corriqueiramente pagos: “centenas de artigos que se
pretendem notícias honestas são na verdade,
comprados ou pagos pelos interesses das
companhias, organizações ou políticos”. P. 238
As memórias de Samuel Wainer, na obra “Minha
Razão de Viver”, aponta “ como interesses
empresariais podiam condicionar ou determinar
reportagens, notícias, editoriais ou toda a orientação
de um jornal. Por outro lado, era estratégia das
empresas usar a imprensa para atingir determinados
fins. P. 239
No relato de Jorge Ferreira, observa-se como era a
prática anterior ao governo militar:

“Eu bebia com o Jânio “desde que ele


era vereador, era amigo dele, até
onde o Jânio pode ser amigo de
alguém. Aí vem o Jânio prefeito, o
Jânio Governador. A gente precisava
mostrar que o Jânio sabia gerenciar.
Só que custava 20%. Quem dava
dinheiro eram os empreiteiros.
Alguém do governo chegava na
Camargo Corrêa e dizia: Arranja aí
dez mil réis para sair uma reportagem
em O Cruzeiro”.
No entanto, durante o governo militar esta relação se
aprofunda.
O golpe de 1964 teve amplo apoio da grande
imprensa do país, com exceção praticamente isolada
do Última Hora. P. 245
“Grupos de comunicação cariocas como o Globo, da
família Marinho, o dia, de Chagas Freitas, e o Jornal
do Brasil de Nascimento Brito, ganharam força com o
regime, ampliando sua circulação e desenvolvendo
atividades além da imprensa escrita, o que
potencializou sua ação e poder político. Incêndios
múltiplos e quase simultâneos ocorreram em 1969 em
quatro emissoras de televisão e foram atribuídos a
grupos de esquerda “terrorista”. No caso, nenhum
grupo de luta armada assumiu as ações, mas os
atentados renderam as empresas de comunicação
recursos de seguros que serviram para renovação e
modernização de seus equipamentos. Além disso,
jornais e revistas como Veja e Manchete faziam
edições especiais sobre grandes projetos de
engenharia da Ditadura, como a Transamazônica e
Itaipu, em tom de exaltação e apoio.
A venda do Última Hora de Samuel Wainer- p. 248

Conexões militares dos empreiteiros

“ A aproximação entre empresários e oficiais assumiu


novo tom após 1964, e as companhias tentavam
aliciar militares de alta patente para integrar os
quadros, a diretoria e até a presidência de sua firma.
Isso se dava com coronéis e generais que haviam
ocupado postos chaves no aparelho de Estado, como
ministério e a presidência das estatais. Segundo um
empreiteiro que atuou naquele período no setor de
serviços especiais de engenharia, assim se procedia
para evitar dificuldades no trato com o governo contra
a Ditadura. “Isso é simples. A gente colocava um
coronel na empresa”. O objetivo da alocação desse
funcionário de origem militar na empresa era obter
facilidades com a administração e garantir a
proximidade com agências e figuras da sociedade
política, o que poderia render frutos para a empresa.
P. 285.

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