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Pontifícia Universidade Católica De Minas Gerais

Programa De Pós-Graduação Em Direito

Disciplina: Direito Material E Processual Do Trabalho


Professora: Drª. Maria Cecília Máximo Teodoro
Discentes: Kelen Cristina Rolim e Sanzer Caldas Moutinho

Tema: Compliance, definição, leading cases e normas internacionais

I.
Introdução – Evolução Histórica e Conceitos.

O poder diretivo do Empregador e os direitos do empregado, são objeto de estudo


da pesquisadora Rosana Jobim1 (2018, p. 21). De acordo com Rosana o Compliance,
surge como uma resposta às praticas negociais antiéticas baseada na criação de normas
que visam impedir ou minimizar as consequências econômico-sociais desta prática. Para
compreender o sentido diacrônico do compliance, faz-se imprescindível a análise dos
fatos econômicos sociais que originaram o seu novo significado.2

De acordo com a Rosana Jobim, cronologicamente os apontamentos históricos do


surgimento do Compliance ocorreram gradativamente no âmbito nacional e internacional da
seguinte forma:

• 1887: Interstante Commerce Comission (ICC), organismo regulador


administrativo dos EUA;

1
Mestre em Direito do Trabalho na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Especializada em Direito do
Trabalho e Processo do Trabalho pela Rede de Ensino Uniderp e em Direito Público pela Escola Superior da
Magistratura Federal do Rio Grande do Sul.Possui graduação em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2007).
2 “cronologicamente são: a criação do Interstate Commerce Comission (ICC), um organismo regulador
administrativo federal nos EUA, criado pelo Interstate Commerce Act de 1887 e identificado como ponto de partida
dos transportes; o Movimento Progressita de 1890-1920, período da história americana que demonstrou uma
preocupação com a eliminação da corrupção e eficiência governamental, servindo como exemplos desse período
a publicação do Pure Food and Drug Act (1906), do Federal Reserve Act (1913), e do Clayton Anti-Trust Law
(1914); a era marcada pela Depressão e o New Deal dos anos de 1930, com o colapso do mercado financeiro e a
sua crise econômica, a qual implicou em reformas fundamentais no sistema financeiro. Entre outras leis
importantes que emergiram desse período, cita-se o “The Banking Act of 1933” e o The Securities Acts de 1933 e
1934”.
• 1890 – 1920: Movimento Progressista de 1890-1920;
• 1930: A Era marcada pela Depressão e o “New Deal”;
• 1947: No Brasil houve a publicação da “Declaração de responsabilidade do
auditor interno”, pelo Instituto dos Auditores Internos do Brasil
• 1950: A “Era do Compliance”, por haver a contratação de advogados pela
Prudential Securities, nos EUA, para acompanhamento das atividades no
mercado imobiliário;
• 1960: preocupação do mercado com as questões da sustentabilidade, pelo que
são editadas leis federais como a “The Clean Water Act” e a The Clean Air Act,
em razão do surgimento da Agência de Proteção Ambiental Americana;
• 1975: Comitê de Regulamentação Bancária e Práticas de Supervisão – BCBS
(Basel Committee on Banking), com sede no Banco de Compensações
Internacionais na Suiça. Iniciação de um processo de saneamento do sistema
financeiro Internacional, com a expedição de 25 Princípios para um Supervisão
Bancária Eficaz (“Core principles for effective banking supervision”);
• 1977: Promulgação da Foreign Corrupt Practices Act (FCPA), na área de
prevenção de delitos econômicos, cujo objetivo foi tipifica como ilegal os
pagamentos realizados a funcionários públicos no exterior, destinados a
obtenção ou manutenção dos negócios. Escândalo de Watergate3;
• 1977:Declaração Tripartite de Princípios sobre Empresas Multinacionais e Política
Social (Declaração EMN), adotada pelo Conselho de Administração da OIT, com
revisão em 2000 e 2006;
• 1988: O BCBS (Basel Committee on Banking) divulgou o primeiro Acordo de
Capital da Basileia, oficialmente denominado International Convergence of
Capital Measurement and Capital Standards, com o objetivo criar exigências
mínimas de capital para instituições financeiras como forma de fazer face ao
risco de crédito. Em 1996, o Comitê publicou uma emenda ao Acordo de 88,
incorporando ao capital exigido cobertura dos riscos de mercado (Emenda de
96).
• 1994-1995: Escândalos corporativos no Brasil, como do caso Papa-Tudo,
administrado pela corretora Interunion; o Caso Nacional relativo à fraude do
banco;

3
“O contexto histórico em que surgiu a lei gira em torno do escândalo de Watergate, no qual a administração do 37º do
Presidente dos EUA, Richard Nixon, restou marcada por atividades clandestinas e ilegais. (..) Isto provocou um movimento
que evoluiu para uma ‘revolução do Compliance’, na virada do século XXI, alterando fundamentalmente os parâmetros de
ação corporativa”.
2
• 1996: Convenção Interamericana contra a Corrupção (Convenção da OEA),
ratificada pelo Brasil em 2002;
• 1997: Convenção sobre o Combate à Corrupção de funcionários públicos
estrangeiros em transações comerciais internacionais (Convenção da OCDE),
ratificada pelo Brasil em 2000.
• 1998: Promulgação no Brasil da lei 9.613/1998 a respeito do crime de lavagem
de dinheiro ou ocultação de bens, e da Resolução nº 2.554 do Conselho
Monetário Nacional, do mesmo ano que dispõe sobre a implementação e
implantação do Sistema de Controles Internos, legislações marcadas pelo
estabelecimento dos “deveres de compliance” e pela criação de sistemas
internos preventivos à prática corruptiva, lavagem de dinheiro e outras condutas
que colocam ou possam colocar em risco a integridade do sistema financeiro.
• 2000: Escândalos corporativos envolvendo as empresas Enron – umas das
maiores companhias americanas de energia -, WordCom, Global Crossing and
Adelphia, tem-se a promulgação da Sarbanes-Oxley Act de 2002 (SOX), uma
das mais importantes leis de governança e compliance na história americana;
• 2003: Convenção Contra a Corrupção (CNUCC), adota pela Resolução das
Nações Unidas nº 58/4, de 31 de outubro de 2003;
• 2004: O BCBS (Basel Committee on Banking) divulgou revisão do Acordo de
Capital da Basileia, conhecida como Basileia II, com o objetivo de buscar uma
medida mais precisa dos riscos incorridos pelos bancos internacionalmente
ativos. Essa versão, juntamente com as anteriores de 1988 e 1996 e alguns itens
adicionais sobre risco de mercado e de crédito, foi compilada e publicada em
2006 como uma Comprehensive Version.
• 2007-2009: “bolha no mercado financeiro”, o que gerou uma preocupação com o
gerenciamento, regulamentação e monitoramento do sistema financeiro como um
todo;
• 2010: Escândalo no Brasil, do caso Banco Panamericano, onde houve fraude na
contabilidade;
• 2012: Lei de Lavagem de capitais, conhecida como “Lei Anticorrupção”
12.683/2012 no Brasil que alterou a lei 9.613/1998, tornando mais eficiente à
persecução penal dos crimes de lavagem de dinheiro e criou o Conselho de
Atividades financeiras;
• 2013: Promulgação da Lei Anticorrupção ou Lei da Empresa Limpa n°
12.846/2013, no Brasil, com previsão de responsabilidade objetiva das pessoas

3
jurídicas envolvidas, conforme previsto no artigo 186 e 932, III, do Código Civil e
Súmula 341 do STF.
• 2014: Deflagração da operação lava jato no Brasil, com a responsabilização
administrativa e judicial de várias empresas.
• 2015: Resolução da ONU, acerca dos” Objetivos de Desenvolvimento
Sustentáveis”, com 17 objetivos e 169 metas, com o título: “Transformar Nosso
Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, destinado a todas
as pessoas do planeta, incluindo empresas no âmbito nacional e internacional;
• 2015: Decreto lei nº 8.420/2015 que regulamentou a lei 12.846/2013, no Brasil.
• 2016: Resolução CMN no 4.539/16, no Brasil que consiste na regulamentação
exigindo que as Instituições Financeiras implementem política que garanta a
manutenção da transparência, responsabilidade e diligência na oferta e venda de
produtos e serviços a seus consumidores;
• 2017:Mais recentemente, no Brasil foram divulgadas a Resolução CMN no
4.595/17 e a Circular Bacen no 3.865/17 exigindo que Instituições Financeiras,
Administradoras de Consórcio e Instituições de Pagamento implementem Política
de Compliance (Conformidade).
Após a indicação dos acontecimentos históricos descritos acima podemos avançar
para o conceito de Compliance. De acordo com Tomaz (2018, p. 25), a abordagem etimológica
do termo Compliance é a seguinte:
A origem do termo compliance ao verbo inglês to comply que significa, basicamente, agir
de acordo com um comando ou uma regra, obediência a uma ação determinada.
Segundo o Dicionário Inglês Oxford o verbo to comply deriva de termos utilizados no final
do século XVI como do italiano complire, catalão complir, espanhol cumplir, do latim
complere ‘encher, atender’, mais tarde tomando sentido de cumprir os resquisitos de
cortesia, obedecer.
Para Giovanni (2014, p. 20), o conceito de Compliance vai além do escopo da
legislação e esclarece:
Um estar em consonância com as legislações e regulamentos internos e externos das
organizações. Extrapola, portanto, o simples acolhimento da legislação e tem por
objetivo em atuar de acordo com os princípios da empresa, com ética, moral,
honestidade e transparência, não só na condução dos negócios, mas também na atitude
de todas as pessoas envolvidas, revelando um comportamento empresarial responsável.
A Federação Brasileira de Banco – Febraban (Guia Compliance, 2018)4, define o
Compliance como uma atividade também consultiva, vejamos:
Compliance transcende a ideia de “estar em conformidade” às leis, regulamentações e
autorregulamentações, abrangendo aspectos de governança, conduta, transparência e
temas como ética e integridade. Além da atuação preventiva e detectiva, Compliance
cada vez mais tem se tornado uma atividade também consultiva, dando suporte aos
objetivos estratégicos e fazendo parte da missão, visão, valores, cultura e gerenciamento
de riscos das Instituições.

4
Disponível em:
<https://cmsportal.febraban.org.br/Arquivos/documentos/PDF/febraban_manual_compliance_2018_2web.pdf>
4
Borsatto e Rita da Silva (2015, página 290), entendem o Compliance, como um
“novo modelo de gestão” e explicam:
Seria um novo modelo de gestão. Traduzindo-se na boa governança corporativa que vai
de encontro ao abuso de poder dentro das empresas, podendo ser definida como uma
ferramenta de gerenciamento de riscos de uma empresa (e.g., risco de uma sanção legal
ou regulamentar, perdas financeiras, perdas reputacionais decorrentes da falta de
cumprimento de disposições legais) e conceituar-se-ia como: O agir de acordo como
estabelecido por lei, regulamentos, protocolos, padrões ou recomendações de
determinado setor, códigos de conduta e órgãos regulatórios. É um estado de
conformidade desejado perante a lei, regulação ou em virtude de demanda.

Do ponto de vista do Compliance criminal e da Lei Brasileira de Anticorrupção de nº


12.846/2013, Saad (2015, p.305), explica que:
[...} a cultura de compliance, orientada por decisões empresariais em conformidade com
“best practices” (práticas de excelência) e por padrões procedimentais de governança
corporativa, não se limita à avaliação de um estar em conformidade com a Lei.
No âmbito do Direito do Trabalho, Nascimento (2014)5 entende que a definição de
Compliance consiste em:
Procedimentos da empresa que visam satisfazer o cumprimento de leis, portarias,
normas regulamentares, regulamentos, normas internacionais, convenções e acordos
coletivos. Trata-se do cumprimento da ética e da moral na micro sociedade que constitui
a empresa. Assim, no âmbito trabalhista o compliance abrange as condutas
discriminatórias, o assédio moral, o assédio processual, a corrupção, as condutas
antissindicais e os relacionamentos entre gestores e colaboradores devendo as
empresas possuir mecanismos de denúncias nessas hipóteses. Neste cenário, as
empresas deverão implementar códigos de ética e de conduta e mecanismos de
denúncias e investigações, a fim de garantir o respeito às liberdades individuais dos
empregados, evitando quaisquer condutas antiéticas ou imorais.
Rosana Jobim6 (2018, p. 21), trata sobre o poder diretivo do Empregador e os
direitos do Empregado e explica que o Compliance,
surge como uma resposta às práticas negociais antiéticas baseada na criação de normas
que visam impedir ou minimizar as consequências econômico-sociais desta prática. Para
compreender o sentido diacrônico do compliance, faz-se imprescindível a análise dos
fatos econômicos sociais que originaram o seu novo significado.7

5
Sônia Mascaro Nascimento. Desembargadora do TRT2. Disponível em:
http://www.mascaro.com.br/noticia/noticias_site/lei_anticorrupcao_sob_a_otica_do_compliance_trabalhista__artigo
_de_sonia_mascaro_nascimento_no_site_do_juseconomico.html
6
Mestre em Direito do Trabalho na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Especializada em Direito do
Trabalho e Processo do Trabalho pela Rede de Ensino Uniderp e em Direito Público pela Escola Superior da
Magistratura Federal do Rio Grande do Sul.Possui graduação em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2007).
7“cronologicamente são: a criação do Interstate Commerce Comission (ICC), um organismo regulador
administrativo federal nos EUA, criado pelo Interstate Commerce Act de 1887 e identificado como ponto de partida
dos transportes; o Movimento Progressita de 1890-1920, período da história americana que demonstrou uma
preocupação com a eliminação da corrupção e eficiência governamental, servindo como exemplos desse período
a publicação do Pure Food and Drug Act (1906), do Federal Reserve Act (1913), e do Clayton Anti-Trust Law
(1914); a era marcada pela Depressão e o New Deal dos anos de 1930, com o colapso do mercado financeiro e a
sua crise econômica, a qual implicou em reformas fundamentais no sistema financeiro. Entre outras leis
5
Neste sentindo o Compliance trabalhista pode ser entendido como um conjunto de controles e
diretrizes internas, bem como de outras normas e procedimentos que devem ser observadas
pelas empresas que atuam com trabalhadores, no sentindo mais amplo da prestação de
serviço, com a finalidade de prevenção ao descumprimento de leis trabalhistas, tais como
outros descumprimentos de outras normas na esfera administrativa ou legal que podem gerar
punições na esfera cível e no âmbito da justiça penal. O Compliance trabalhista surgiu no
período posterior a edição a Lei Anticorrupção, porém mesmo sem normas específicas, os
programas são orientados pela Legislação Trabalhista e Normas Regulamentadoras do
Ministério do Trabalho. O Tribunal Superior do Trabalho (TST, 2019)8, na pesquisa de assuntos
mais recorrentes aponta que no ano de 2019, mais precisamente até fevereiro de 2019, o nº 1
no ranking são processos envolvendo pedidos de horas extras, em que constam 6.821 ações
trabalhistas, o que demonstra que o descumprimentos das normas trabalhistas é uma
realidade, no Brasil.
Não obstante a imperiosa necessidade de controles internos é importante ressaltar
que o Poder Diretivo e Fiscalizatório do Empregador também tem limites. Os instrumentos do
Empregador para realizar a fiscalização do cumprimento dos controles internos são diversos e
contam com recursos tecnológicos, tais como: câmeras de filmagem, rastreadores em veículos,
inspeção de correios eletrônicos. Outras formas de inspeção são de ordem clínica, como
exames de gravidez, toxicológicos, etc. Esse poder de controle do empregador tem respaldo
legal no direito de propriedade, juntamente com a sua função social, artigo 5º, caput, XXIII, da
CR/88. Quando se trata de Compliance, o controle é feito por meios de Canais de ética e ou
Canais de Denúncias (JOBIM, 2018, p.66), que pode ser feita de forma interna, quando a
denúncia é feita para um canal interno da empresa; e pode ser feita de forma externa, quando
são utilizados canais que não pertencem a empresa. O empregado por sua vez tem garantias
fundamentais inerentes à sua pessoa, uma dela é a preservação dignidade da pessoa humana.
É direito do empregado ter acesso à informação, artigo 5º, inciso XVI, da CR/88; o direito à
intimidade, artigo 5º, incisos X e XII da CR/88; direito ao contraditório e à ampla defesa,
previsto no artigo 5º, inciso LV, da CR/88.
Salles (2017, página 100), após tecer comentários acerca do conceito de
Compliance, aponta duas subdivisões que caracterizam o procedimento:
O compliance pode ser dividido em dois campos de atuação: um, de ordem subjetiva,
que compreende regulamentos internos, como a implementação de boas práticas dentro
e fora da empresa e a aplicação de mecanismos em conformidade com a legislação
pertinente à sua área de atuação, visando prevenir ou minimizar riscos, práticas ilícitas e

importantes que emergiram desse período, cita-se o “The Banking Act of 1933” e o The Securities Acts de 1933 e
1934”.
8
TST, disponível em: < http://www.tst.jus.br/web/estatistica/tst/assuntos-mais-recorrentes>.
6
a melhoria de seu relacionamento com clientes e fornecedores. O outro campo de
atuação é de ordem objetiva, obrigado por lei, como é o caso da Lei de Lavagem de
Dinheiro.

Salles ainda adverte que o Compliance subjetivo possui característica ético-legal, sendo
facultativa a adoção pela empresa, e, no âmbito objetivo, por derivar de legislação estatal,
detém caráter obrigatório. Nesse panorama, o Compliance, segundo descrição de Salles (2017,
página 99-100, apud VALENTE), implica a responsabilização em três esferas:
Em termos gerais, o compliance abarca as seguintes responsabilidades jurídicas: (i) no
direito privado, por danos provocados em nível extracontratual, como ocorre no direito
civil, ou pelo descumprimento contratual, com a incidência de 34 Valuation poder ser
compreendido como o conjunto de elementos econômicos que compõem o valor (justo)
da empresa. 100 sanções indenizatórias preestabelecidas; (ii) no direito administrativo,
pelo descumprimento de normas legais e regulamentares, sobrepondo-se a função
administrativa sancionadora; e (iii) no Direito Penal, pela prática de infrações penais
legalmente reconhecidas (VALENTE, 2015, p. 138)9.

Verissimo (2017, página 91) lembra os objetivos do Compliance, destacando seu caráter
preventivo e sancionatório:
O compliance tem objetivos tanto preventivos como reativos. Visa a prevenção de
infrações legais em geral assim como a prevenção dos riscos legais e reputacionais aos
quais a empresa está sujeita, na hipótese de que essas infrações se concretizem. Além
disso, impõe à empresa o dever de apurar as condutas ilícitas em geral, assim como as
que violam as normas da empresa, além de adotar medidas corretivas e entregar os
resultados de investigações internas às autoridades, quando for o caso.
Além dos ramos do direito nos quais há responsabilização em razão do Compliance,
Verissimo (2017, página 92), discorre sobre a abrangência do termo, tendo características
distintas de acordo com a área do direito com a qual se relaciona. Relaciona a incidência do
Compliance com as seguintes áreas do direito: bancário e de ações, trabalho, proteção de
dados, comércio internacional, normas tributárias, defesa da concorrência, proteção à saúde no
âmbito da indústria farmacêutica, normas penais (criminal compliance). Deduz-se, portanto,
que o Compliance se apresenta como conceito estratificado, cuja aplicação produz efeitos tanto
no âmbito privado como no recinto do direito público, mas sempre com o mesmo espoco:
prevenir e punir desvios de conduta.

II.
Compliance no Brasil

O Compliance no Brasil ganhou relevância, após o julgamento da Ação Penal nº.


470 pelo Supremo Tribunal Federal, embora não tenha inaugurado o tema no Ordenamento
jurídico brasileiro. O caso restou amplamente conhecido como “Mensalão”.

9
VALENTE, Victor Augusto Estevam. Direito penal de empresa e criminalidade econômica organizada: responsabilidade penal
das pessoas jurídicas e de seus representantes face aos crimes corporativos. Curitba: Juruá, 2015.
7
Teodoro (2017, página 100-102), ao traçar um breve panorama histórico sobre o
Compliance no Brasil, ressalta os reflexos do julgamento do caso “Mensalão” em relação ao
Compliance:
Neste trilhar, o Brasil instituiu a Lei da Empresa Limpa por meio da Lei n. 12.846/2013,
que alterou a Lei n. 9.613/1998 e que dispõe “sobre os crimes de ‘lavagem’ ou ocultação
de bens, direitos e valores, a prevenção da utilização do sistema financeiro para os
ilícitos previstos nesta Lei e cria o Conselho de Atividades Financeiras – COAF,
conhecida como a Lei Anticorrupção Empresarial, vigente desde 29 de janeiro de 2014.
Torna-se imperativa a implantação de práticas de conformidade ou Compliance no
ambiente empresarial que, notadamente diante da tentativa de introduzir a possibilidade
da adoção da “teoria do domínio do fato” (deveria conhecer o fato), sobretudo após o
julgamento pelo Supremo Tribunal Federal dos Autos 470 (Julgamento do Mensalão)
bem da previsão legal de responsabilidade objetiva em relação aos empregados a eles
subordinados perante terceiros prevista constitucionalmente ou, por conta da culpa in
vigilando nas demais hipóteses, instiga as empresas a adotar códigos de conduta para
compliance.

O direito positivo brasileiro, especialmente por meio da Lei n. 9.613/1998, instituiu mecânicos
de controle ou Compliance objetivo, estabelecendo obrigações para empresas, no sentido de
colaborar com as investigações de lavagem de dinheiro “[...] e de criar sistemas de controle
internos que previnam as práticas de corrupção, de lavagem de dinheiro e outras condutas que
possam colocar em risco a integridade do sistema financeiro [...]” (SAAVEDRA, 2014, página
169). Segundo Saavedra (2014, página 174), com o advento da Lei n.12.683/2012, que alterou
a Lei n. 9.613/1998, foram alterou os artigos 10 e 11, para estabelecer a obrigação da adoção,
pelas empresas, de sistema de controles internos visando aumentar os sistemas de controle:
“Art. 10. .................................................................................
........................................................................................................
III - deverão adotar políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu
porte e volume de operações, que lhes permitam atender ao disposto neste artigo e no
art. 11, na forma disciplinada pelos órgãos competentes;
IV - deverão cadastrar-se e manter seu cadastro atualizado no órgão regulador ou
fiscalizador e, na falta deste, no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf),
na forma e condições por eles estabelecidas;
V - deverão atender às requisições formuladas pelo Coaf na periodicidade, forma e
condições por ele estabelecidas, cabendo-lhe preservar, nos termos da lei, o sigilo das
informações prestadas.
.............................................................................................” (NR)
“Art. 11. .................................................................................
........................................................................................................
II - deverão comunicar ao Coaf, abstendo-se de dar ciência de tal ato a qualquer pessoa,
inclusive àquela à qual se refira a informação, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a
proposta ou realização:
a) de todas as transações referidas no inciso II do art. 10, acompanhadas da
identificação de que trata o inciso I do mencionado artigo; e
b) das operações referidas no inciso I;
III - deverão comunicar ao órgão regulador ou fiscalizador da sua atividade ou, na sua
falta, ao Coaf, na periodicidade, forma e condições por eles estabelecidas, a não
ocorrência de propostas, transações ou operações passíveis de serem comunicadas nos
termos do inciso II.

A referida lei ampliou sobremaneira os mecanismos de combate a corrupção do Brasil,


imputando às empresas maior controle interno, com obrigação de informar as instituições
estatais transações potencialmente lesivas à legislação.
8
Os avanços do Compliance objetivo se sucederam no Brasil, culminando com a
aprovação pelo Congresso Nacional da Lei n. 12.846/2013, que tratada da responsabilização
civil e administrativa das pessoas jurídicas, por atos contra a Administração Pública,
notadamente aqueles ligados ao oferecimento de vantagens aos agentes públicos em troca de
vantagens indevidas. Verissimo (2017, página 45, apud TIEDEMANN10), ao tecer comentários
sobre a capacidade de adquirir culpa das empresas, assim destaca:
Efetivamente, a capacidade de contrair culpa é o equivalente ao reconhecimento da
corporação como tal, pela ordem jurídica. A questão sobre ter ou não conhecimento das
proibições criminais deve ser respondida autonomamente desde o ponto de vista da
empresa, como já demonstrou a jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia
e alguns julgados da Corte Superior Regional de Apelos Administrativos na Alemanha: a
pessoa jurídica tem dever próprio de agir de acordo com as leis e as regulações, e de
conhecer o direito. O mesmo é verdadeiro para responsabilidade por negligência.

Importante destacar a existência de órgão estatal especificamente ligado ao


Compliance estatal, visando obstar práticas delitivas e punir os responsáveis por eventuais
desvios de conduta. Assim são descritos o histórico e os objetivos principais da Controladoria
Geral da União – CGU (CGU, 2019).
Criada em 28 de maio de 2003, com a publicação da Lei nº 10.683, a Controladoria-
Geral da União (CGU), típica agência anticorrupção do país, é o órgão encarregado de
assistir direta e imediatamente ao Presidente da República no desempenho de suas
atribuições quanto aos assuntos que, no âmbito do Poder Executivo, sejam relativos à
defesa do patrimônio público e ao incremento da transparência da gestão, por meio das
atividades de controle interno, auditoria pública, correição, prevenção e combate à
corrupção, e ouvidoria. A CGU é ainda órgão central do Sistema de Controle Interno e do
Sistema de Correição, ambos do Poder Executivo Federal.

As normas empresariais (Compliance subjetivo) são importantes fontes da regulação


por meio de Compliance, possuindo inúmeros atributos e características a depender do modo
de implantação do sistema de controle no âmbito empresarial. Percebe-se, portanto, que o
arcabouço normativo do Brasil no que se referente às normas Compliance, detém amplitude e
possui avançados mecanismos práticos e conceituais de controle, visando prevenir o
cometimento de ilícitos.

III.
Compliance e Normas Internacionais

De acordo com a evolução histórica descrita na introdução do presente estudo, o


sistema de Compliance remonta a segunda metade do século XIX nos EUA. Tomaz (2018,
página 31) destaca que a legislação predecessora que inspirou a legislação de outros Estados
na criação de normas de Compliance foi a Foreign Corrupct Practice Act – FCPA:
Sobre essa norma internacional: Foreign Corrupct Practice Act – FCPA ou Atos Contra
Práticas Corruptas no Exterior (APCE), surgiu em 1997, após o escândalo Watergate,

10
TIEDEMANN, Klaus. Corporate criminal liability as a third track. In: BRODOWSKI, D. et. al. Regulating corporate
criminal liability. Cham: Springer, 2014.
9
com o objetivo de reestruturar a ética nos negócios, por meio do controle das empresas
norte americanas, proibindo a corrupção transacional. Com essa norma, os EUA
criminalizaram a conduta do suborno (Corromper Funcionários Públicos Estrangeiros) .

Após sucessivas discussões no âmbito internacional sobre o combate a corrupção, a


comunidade internacional, inspirada em legislações nacionais e transnacionais de aplicação
limitada, resolveram deliberar sobre a criação de um acordo com amplitude global sobre o
combate a corrupção. Assim, em 29 de setembro de 2003 entrou em vigor a Convenção das
Nações Unidas contra a Corrupção que passou ao ordenamento jurídico do Brasil com a
ratificação pelo Decreto Legislativo nº. 348, de 18 de maio de 2005, e promulgada pelo Decreto
Presidencial nº. 5.687, de 31 de janeiro de 2006. O texto da Convenção das Nações Unidas
contra a Corrupção (2003, página 6), prevê as seguintes finalidades programáticas aos estados
membros:
Artigo 1 Finalidade A finalidade da presente Convenção é: a) Promover e fortalecer as
medidas para prevenir e combater mais eficaz e eficientemente a corrupção; b)
Promover, facilitar e apoiar a cooperação internacional e a assistência técnica na
prevenção e na luta contra a corrupção, incluída a recuperação de ativos; c) Promover a
integridade, a obrigação de render contas e a devida gestão dos assuntos e dos bens
públicos.

Em razão da citada norma houve a padronização internacional das regras de


combate a corrupção, padronizando mecanismos e objetivos aos Estados membros, de modo a
influenciar a edição de leis que instituam mecanismos eficazes de combate à corrupção.
No âmbito privado vale salientar a adoção pelas empresas das normas ISO
(International Organization for Standardization), organização não governamental de
padronização.11
Sobre as normas anticorrupção instituída pela ISO, Verissimo (2017, página 95), assim
discorre:
Para a ISO 19600:2014, primeira norma internacional sobre o assunto, compliance é o
resultado de uma organização cumprir suas obrigações, e que é tornado sustentável
pela incorporação na cultura da organização, no comportamento e na atitude das
pessoas que trabalham nela. Compliance é definido como o cumprimento de todas as
obrigações de uma organização, enquanto que o non-compliance ocorre pelo não
preenchimento de uma obrigação de compliance. A ISO 37001:2016 é a norma
internacional que detalha as boas práticas com relação ao compliance anticorrupção,
sendo aplicável a quaisquer organizações, sejam elas públicas ou privadas, com ou sem
fins lucrativos, em todos os setores. De acordo com essa norma, uma política
anticorrupção é um componente de uma política de compliance mais ampla, e o sistema
de administração que o suporta auxilia a organização a evitar ou diminuir os custos,
riscos e danos envolvidos na corrupção, a promover a confiança no negócio e a
aumentar sua reputação.

Internacionalmente as regras de Compliance adquiriram enorme importância, pelo


fato de regulamentarem o comércio mundial com práticas saudáveis de negócio. Busca-se,

11
International Organization For Standardization. Sobre a ISO. Disponível em: <https://www.iso.org/about-us.html>.
Acessado em março de 2019.
10
pois, coibir os crimes transnacionais e evitar a perda financeira com a punição de pessoas e
empresas, além da fuga de capitais, pois a cada dia mais os investidores buscam países e
empresas com políticas transparentes e saudáveis.

IV.
Compliance e a Jurisprudência dos Tribunais Superiores e Estaduais, leading
cases

Leading case n° 1:

EMENTA: PROGRAMA DE COMPLIANCE. MONITORAMENTO DA


CONTA CORRENTE DO EMPREGADO. VIOLAÇÃO AO ART. 5º,
INCISO X, DA CF/88. A adoção de programa de compliance, pelo
empregador, não institui, em seu beneplácito, carta branca que autorize
o monitoramento diuturno da vida bancária/financeira - do empregado e
auditoria em sua conta bancária. As instituições bancárias ou
financeiras devem adotar medidas que lhes permitam o controle das
operações bancárias e financeiras. No entanto, estas medidas devem
observar os limites e alcances da norma que instituiu esse tipo de
monitoramento, tendo em vista os fins nelas também previstos. As
empresas que praticam esse método de gestão devem cuidar de
estabelecer os critérios ou parâmetros do programa de compliance de
modo a preservar a intimidade e a vida privada do empregado, tal
como assegurado pela CF, no art. 5º, inciso X. Não se pode olvidar que
a subordinação do trabalhador ao empregador é jurídica, vale dizer,
nos estritos limites e contornos da lei (e aqui se incluem não só as
cláusulas contratuais como também todo universo de normas ou
regulamentos atinentes à regulação da relação jurídica empregado-
empregador). Logo, no caso de adoção de programa de compliance,
como um verdadeiro código de conduta e procedimentos no âmbito
empresarial, e como tal, com roupagem de norma contratual, impõe-se
a observação dos limites constitucionais e legais de proteção à
privacidade da pessoa. Sendo o empregador quem detém o poder de
comando da relação de emprego, a ele compete comprovar a
observação da legalidade, sem a qual se conclui pela abusividade inata
da conduta. O abuso decorre, natural e consequentemente, da
ausência de comprovação da legalidade, e não o pensamento reverso:
presume-se legal, se não se comprovou o abuso. Uma coisa é manter
o registro permanente das operações realizadas (por todo e qualquer
correntistas); outra é monitorar, diuturnamente, as movimentações
financeiras do empregado, inclusive impondo-lhe restrições nas
operações bancárias e até pessoais, em evidente sistema de auditoria
permanente sobre a vida privada (bancária e financeira) do trabalhador.
Nem mesmo na LC 105/2001 observa-se tão amplo poder de quebra
de sigilo bancário, que se obtém, pelo critério legal, mediante
autorização judicial, caso presentes indícios e circunstâncias que
recomendem ou imponham a derrocada da proteção de que trata o art.
5º, inciso X, da CF. (TRT 3ª Região. RO 02230-2014.008.03.00.1. Data
de Publicação:01/07/2016. Órgão Julgador:Primeira
TurmaRelator:Emerson Jose Alves Lage; Revisor:Jose Eduardo
Resende Chaves Jr.).

Leading case nº 2:

7583323 - COMPLIANCE TRABALHISTA DA TERCEIRIZAÇÃO.


RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. O princípio
ético de integridade empresarial e as práticas de compliance trabalhista
impõem, como decorrência lógica do princípio da legalidade, que a
empresa zele pelo rigoroso cumprimento da legislação trabalhista em
relação a todos os trabalhadores que laborem a seu benefício,
11
registrando com transparência os dados desses trabalhadores para a
facilitação da auditoria do trabalho, porquanto constitui ato lesivo à
Administração Pública dificultar atividade de investigação ou
fiscalização pelos órgãos estatais (Inteligência dos art. 5º, II da
Constituição, art. 5º, V da Lei nº 12.846/2013 e arts. 41 e 42 do Decreto
nº 8.420/2015). (TRT 3ª R.; RO 0011158-57.2017.5.03.0031; Rel. Des.
José Eduardo de Resende Chaves; DJEMG 28/09/2018).

Leading Case nº 3:

Magister: Repositório autorizado do STF nº 41/2009, do STJ nº


67/2008 e do TST nº 35/2009.7422313 - TERCEIRIZAÇÃO OU
OUTSORCING NA MINERAÇÃO. ILEGALIDADE. A terceirização ou
outsorcing na mineração é um procedimento antigo e consolidado.
Visando à redução de custos e à competitividade, algumas empresas
optam por centralizar os seus recursos nas atividades básicas e que
agregam valor e repassar a terceiros a execução de serviços
complementares, mas não menos importantes. Fora do Brasil a
terceirização ou outsorcing na mineração é uma história de sucesso.
Trata-se de uma prática altamente difundida e enraizada que ainda
está em expansão. Lá o outsorcing é uma decisão da contratante e
depende da qualidade da empresa terceirizada e do seu pessoal e
equipamento. Apesar de ser uma decisão estratégica utilizada pelas
mineradoras desde 1980 o outsorcing só ganhou popularidade
mundial a partir de 1990. Lá fora como aqui os ganhos com a
terceirização estão diretamente ligados à redução de custos,
velocidade operacional, maior flexibilidade e a possíveis vantagens
competitivas. A maior diferença que podemos notar é que lá fora, as
empresas terceirizadas devem, obrigatoriamente, se adequar à
governança corporativa da contratante, o chamado compliance. Esta
aproximação das regras da empresa terceirizada aos princípios
fundamentais do gerenciamento e da cultura da contratante evita os
problemas (usados como argumentos contrários à terceirização) que,
infelizmente, ainda vemos aqui no Brasil. No presente caso, à falta
desta adequação entre as empresas contratantes, bem assim de
uma regulamentação legal específica, nos termos da Súmula nº 331,
do c.TST, não se cogita de contratação de serviços especializados
ligados à atividade-meio da tomadora, mas sim de autêntica
atividade-fim, motivo pelo qual não se pode ter como lícita a
terceirização havida. (TRT 3ª R.; RO 0011326-78.2014.5.03.0091;
Rel. Des. Carlos Roberto Barbosa; DJEMG 11/05/2016).

Leading Case nº 4:

Nota: Repositório autorizado do STF nº 41/2009, do STJ nº


67/2008 e do TST nº 35/2009
68144034 - PROCESSUAL PENAL. EXCEÇÃO DE
SUSPEIÇÃO CRIMINAL. "OPERAÇÃO LAVA-JATO".
PARTICIPAÇÃO DO JUÍZO EM EVENTOS ACADÊMICOS OU
INFORMATIVOS. MANIFESTAÇÕES SEM ÍNDOLE PROCESSUAL.
QUEBRA DE IMPARCIALIDADE NÃO CARACTERIZADA.
INEXISTÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO OU INTERESSE NA CAUSA. 1.
As hipóteses de impedimento e suspeição descritas nos arts.
252 e 254 do Código de Processo Penal constituem um rol exaustivo.
Precedentes do Tribunal e do STF. 2. Regras de titularização e
afastamento do magistrado são precisas e não admitem a integração
de conteúdo pelo intérprete, impedindo, assim, que juízes sejam
erroneamente mantidos ou afastados. O rol do art. 254, do CPP,
constitui numerus clausus, e não numerus apertus, sendo taxativas
as hipóteses de suspeição. Precedentes desta Corte e do STF. 3.
Eventuais manifestações do magistrado em textos jurídicos ou
palestras de natureza acadêmica, informativa ou cerimonial a
respeito de crimes de corrupção, não conduz à sua suspeição para

12
julgar os processos relacionados à Operação Lava-Jato. 4. A regra
de afastamento do art. 254, IV do Código de Processo Penal tem
natureza técnica-processual, não abrangendo manifestações do
magistrado externas e de caráter abstrato relativamente a crimes de
corrupção, medidas de compliance a serem adotadas no âmbito
administrativo e sem qualquer referência específica ao processo. 5. A
participação do excepto em eventos promovidos por entidades não
governamentais, mesmo com a presença de autoridades políticas,
não ganha contornos partidários ou revela antagonismo político do
excepto com relação ao excipiente, pois eventos com a presença de
políticos não se transformam em políticos partidários. 6. Exceção de
suspeição a que se nega provimento. (TRF4ª R.; EXSUSP 5021192-
71.2018.4.04.7000; PR; Oitava Turma; Rel. Des. Fed. João Pedro
Gebran Neto; Julg. 04/07/2018; DEJF 06/07/2018).

Leading Case nº 5:
88541406 - REPRESENTAÇÃO COMERCIAL. Rescisão promovida
pela empresa representada. Sentença de procedência em parte,
condenando a parte ré ao pagamento de comissão referente ao
cumprimento integral de um dos contratos, sem considerar os
aditivos posteriores, e ao pagamento das diferenças de comissão,
nos termos originalmente pactuados em relação a outro contrato,
afastando a redução do percentual de comissão. Irresignação de
ambas as partes. Cabimento em parte apenas do recurso da parte ré.
Conduta do sócio da representante comercial, que se envolveu em
casos de corrupção e celebrou acordo de colaboração premiada com
o Ministério Público Federal no âmbito da Operação Lava-Jato, que
afetou a imagem da empresa representada, alterando a classificação
desta no sistema de compliance da Petrobrás, e impedindo a priori a
sua participação nos processos licitatórios desta. Caracterizado o
descumprimento do contrato por afronta ao Código de Ética
integrante da relação contratual. Justo motivo para a rescisão do
contrato por parte da empresa representada caracterizado. Art. 35, b
e c da Lei nº 4.886/65. Hipótese, contudo, que não afasta a obrigação
em relação aos valores devidos a título de comissão pelos serviços já
realizados. Contrato de Frame Agreement que foi integralmente
cumprido, conforme provas que constam dos autos. Comissão devida
ao representante sobre as vendas efetuadas mesmo depois da
rescisão do contrato de representação, posto que feitas ainda em
razão do contrato celebrado pela empresa autora na condição de
representante da ré. Indevida, porém, qualquer remuneração em
decorrência de negociações posteriores, sem a atuação da autora,
relativamente aos aditivos celebrados ao contrato original.
Concordância da parte autora com a redução do percentual das
comissões que receberia pelo Projeto Golfinho que restou provada.
Condenação ao pagamento da diferença de comissão. De 2% para
4%. Afastada. Honorários advocatícios de ambas as partes
majorados para o importe de 12%, mantidos os parâmetros fixados
pelo Juízo de origem. Incidência da norma prevista no artigo 85, §11,
do CPC. Recurso da autora não provido e recurso da ré provido em
parte. (TJSP; APL 1076339-18.2016.8.26.0100; Ac. 12165131; São
Paulo; Vigésima Quarta Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Walter
Barone; Julg. 31/01/2019; DJESP 08/02/2019; Pág. 2185).

Leading Case nº 6:
17429914 - PROGRAMA DE COMPLIANCE. MONITORAMENTO
DA CONTA CORRENTE DO EMPREGADO. VIOLAÇÃO AO ART.
5º, INCISO X, DA CF/88. A adoção de programa de compliance, pelo
empregador, não institui, em seu beneplácito, carta branca que
autorize o monitoramento diuturno da vida bancária/financeira. do
empregado e auditoria em sua conta bancária. As instituições

13
Leading Case nº 7:
Magister: Repositório autorizado do STF nº 41/2009, do STJ nº
67/2008 e do TST nº 35/2009.

bancárias ou financeiras devem adotar medidas que lhes permitam o


controle das operações bancárias e financeiras. No entanto, estas
medidas devem observar os limites e alcances da norma que instituiu
esse tipo de monitoramento, tendo em vista os fins nelas também
previstos. As empresas que praticam esse método de gestão devem
cuidar de estabelecer os critérios ou parâmetros do programa
de compliance de modo a preservar a intimidade e a vida privada do
empregado, tal como assegurado pela CF, no art. 5º, inciso X. Não
se pode olvidar que a subordinação do trabalhador ao empregador é
jurídica, vale dizer, nos estritos limites e contornos da Lei (e aqui se
incluem não só as cláusulas contratuais como também todo universo
de normas ou regulamentos atinentes à regulação da relação jurídica
empregado-empregador). Logo, no caso de adoção de programa
de compliance, como um verdadeiro código de conduta e
procedimentos no âmbito empresarial, e como tal, com roupagem de
norma contratual, impõe-se a observação dos limites constitucionais
e legais de proteção à privacidade da pessoa. Sendo o empregador
quem detém o poder de comando da relação de emprego, a ele
compete comprovar a observação da legalidade, sem a qual se
conclui pela abusividade inata da conduta. O abuso decorre, natural
e conseqüentemente, da ausência de comprovação da legalidade, e
não o pensamento reverso: presume-se legal, se não se comprovou
o abuso. Uma coisa é manter o registro permanente das operações
realizadas (por todo e qualquer correntistas); outra é monitorar,
diuturnamente, as movimentações financeiras do empregado,
inclusive impondo-lhe restrições nas operações bancárias e até
pessoais, em evidente sistema de auditoria permanente sobre a vida
privada (bancária e financeira) do trabalhador. Nem mesmo na LC
105/2001 observa-se tão amplo poder de quebra de sigilo bancário,
que se obtém, pelo critério legal, mediante autorização judicial, caso
presentes indícios e circunstâncias que recomendem ou imponham a
derrocada da proteção de que trata o art. 5º, inciso X, da
CF. (TRT3ª R.; RO 0002230-94.2014.5.03.0008; Rel. Des. Emerson
José Alves Lage; DJEMG 01/07/2016).

Leading Case nº 8:
62403698 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. DEMANDA PELO
PROCEDIMENTO COMUM. PEDIDO DE OBRIGAÇÃO DE
FAZER. Decisão que concede parcialmente tutela de urgência.
PETROBRAS. Licitação. Modalidade de convite. Atual prestadora do
serviço. Alegação de que novo procedimento licitatório constituiria
burla. A autora, ora agravada, ingressou com a demanda originária
sob alegação de que, muito embora seja a atual prestadora de
serviços de vigilância armada e desarmada nas unidades da ré na
bacia de campos, não foi convidada a participar de processo licitatório
para a renovação das atividades desempenhadas. A ré cancelou o
procedimento combatido e iniciou novo certame, mais abrangente,
novamente sem viabilizar a participação da autora. A decisão
recorrida deferiu tutela de urgência a fim de suspender os efeitos do
novo procedimento licitatório, sob fundamento de que a renovação do
certame implicaria em burla ao anterior. Com efeito, os procedimentos
licitatórios da PETROBRAS devem observar os ditames da Lei nº
13.303/2016 (Lei das estatais), eis que seu artigo 96, inciso II,
revogou expressamente as remissões legais ao Decreto nº
2.745/1998. Nesse passo, o artigo 31 da referida norma destaca a
necessidade de observância dos princípios administrativos, sobretudo
publicidade e impessoalidade, a fim de ser assegurada a proposta
mais vantajosa em julgamento objetivo, evitadas operações em que
14
se caracterize sobrepreço ou superfaturamento. No caso concreto,
todavia, há comprovação de que todos os licitantes foram
cientificados do cancelamento da licitação inicial, sendo certo que o
novo procedimento envolve um maior número de concorrentes, com
área de atuação mais abrangente, a caracterizar objetos distintos. Os
quais, inclusive, extrapolam os limites da lide. Note-se que além da
necessidade de observância à publicidade e impessoalidade, há que
ser igualmente resguardada a moralidade administrativa. Nesse
contexto, está descaracterizada a plausibilidade do direito diante da
demonstração de que a exclusão da autora está fundada em
elementos objetivos de compliance, especificamente pelo fato de o
grupo empresarial da autora estar diretamente envolvido nas
investigações da operação lava jato, cujas irregularidades implicaram
em ser considerada como elevado grau de risco. Reforma que se
impõe, para revogar a liminar concedida pelo juízo a quo. Recurso
conhecido e provido. (TJRJ; AI 0012786-47.2018.8.19.0000; Rio de
Janeiro; Décima Quinta Câmara Cível; Relª Desª Maria Regina
Fonseca Nova Alves; Julg. 17/07/2018; DORJ 18/07/2018; Pág. 268)

Leading Case nº 9:
46176518 - RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO.
DISCUSSÃO SOBRE A NECESSIDADE DE CAUÇÃO PARA
SUSTAÇÃO DE PROTESTO. HIPÓTESE EXCEPCIONAL.
IMPUTAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE CORRUPÇÃO PRIVADA
PARA OBTENÇÃO DE CONTRATOS, CUJA RESCISÃO PLEITEIA-
SE COM BASE INFRINGÊNCIA DE CLÁUSULA DE COMPLIANCE.
DESNECESSIDADE DE CAUÇÃO. AGRAVO PROVIDO. 1. Na ação
ordinária, a Agravada pleiteou a rescisão de contratos que
alegadamente foram obtidos por meio de suborno a alguns dos seus
funcionários. A causa de pedir foi a infração a cláusula
de compliance, que obriga a adoção de comportamento empresarial
ético e estava presente em todos os contratos firmados. Foram
cumulados pedidos indenizatórios pelos danos sofridos; 2. O juízo a
quo deferiu medida liminar para obrigar que a Agravada abstenha-se
de protestar títulos contra a Agravada, mas condicionou a eficácia da
medida à prestação de caução em dinheiro; 3. Apesar da
necessidade de caução ser a regra geral para deferimento da
sustação de protesto, a decisão agravada contraria o precedente do
STJ que fixou tese sobre a matéria em sede de recursos repetitivos.
No voto condutor, foi consignado expressamente que é certo que, em
todo caso, o excepcional deferimento da medida sem contracautela
(resguardo dos interesses do credor) deverá ser devidamente
fundamentado pelo juiz (RESP 1.340.236 - SP); 4. Decisão agravada
reformada para, reconhecendo a situação excepcional, afastar a
necessidade de caução para que tenha efeito a sustação dos
protestos. 5. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E
PROVIDO. (TJBA; AI 0004364-10.2017.8.05.0000; Salvador; Quinta
Câmara Cível; Relª Desª Carmem Lucia Santos Pinheiro; Julg.
05/09/2017; DJBA 12/09/2017; Pág. 409).

Leading Case nº 10:

28252097 - DIREITO ADMINISTRATIVO. Polícia do trabalho.


Inclusão de empregador em lista suja de trabalho escravo.
Portaria interministerial mtps/mmirdh nº 4/2016. Tendo sido
comprovado que a inclusão da empresa no cadastro de
empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições
análogas à de escravo observou todas as exigências fixadas na
portaria interministerial nº4/2016, que regula a matéria, e inexistindo
prova de que a empregadora se enquadra em qualquer situação
prevista pela portaria que autorize a não inclusão em tal cadastro,
não há motivo para se determinar a exclusão requerida. Sentença
15
mantida. Recurso conhecido e desprovido. (TRT 10ª R.; RO 0000710-
86.2018.5.10.0001; Terceira Turma; Rel. Juiz Antônio Umberto de
Souza Júnior; Julg. 06/02/2019; DEJTDF 08/02/2019; Pág. 373)
85335334 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E ANTERIOR À
LEI Nº 13.467/2017. AÇÃO INIBITÓRIA. CADASTRO DE
EMPREGADORES QUE TENHAM MANTIDO TRABALHADORES
EM CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO. PORTARIA Nº
540/2004 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO. Trata- se de ação
inibitória em que a Parte pretende afastar os efeitos da Portaria nº
540/2004 do Ministério do Trabalho e da Portaria Ministerial nº
02/2011, por considera-las inconstitucionais e ilegais, e, assim, obstar
a inclusão de seu nome no cadastro de empregadores que mantêm
trabalhadores em condições análogas à de escravo. Contudo, no
caso concreto, obstar a inclusão do nome da Parte no cadastro de
empregadores, pela prática de condutas extremamente lesivas da
empresa em relação aos seus trabalhadores, em condições análogas
às de trabalho escravo, equivale a negar exigibilidade e eficácia à
Portaria nº 540/2004, bem como a contrariar os princípios basilares
da Constituição, mormente aqueles que dizem respeito à proteção da
dignidade humana e da valorização do trabalho humano (art. 1º, III e
IV, da CR/88). Agravo de instrumento desprovido. (TST; AIRR
0050021-47.2014.5.23.0026; Terceira Turma; Rel. Min. Mauricio
Godinho Delgado; DEJT 09/03/2018; Pág. 1389)

V.
Conclusão

Feitas todas as considerações acima é possível concluir que o Compliance é


necessário e consiste em um instrumento importante para consolidar procedimentos e
estabelecer critérios de controle organizacional interno, a fim de trazer transparência aos
negócios realizados por empresas privadas e na gestão dos órgãos públicos. A evolução do
Compliance ao longo dos anos comprovou a necessidade da existência de mecanismos de
controle para o combate à Corrupção no cenário mundial. Com a globalização, fatos
relacionados à corrupção ganharam proporções e projeções internacionais irradiando efeitos e
consequências em diversos países, Estados e cidades. Esta realidade demonstrou a fragilidade
de governos e Diretorias Executivas de grandes empresas colocando em crise todo o Sistema
Financeiro, uma vez que estamos vivenciando uma economia global.
Muito além de ser apenas um sistema de normas a serem cumpridas o Compliance,
é uma forma de controle e prevenção à Corrupção e combate ao descumprimento da
legislação. Há uma urgência social em se perseguir condutas éticas e transparentes na gestão
dos negócios na esfera pública e privada. O Poder Diretivo e Fiscalizatório do Empregador é
assegurado por instrumentos internacionais e internos, no caso do Brasil, há disposição
expressa na Constituição Federal, todavia os Empregados também possuem direitos que
mesmo que sejam considerados inespecíficos - diante da universalidade de recursos e meios
que as empresas possuem para a efetivação do Programa de Controle – são inerentes à sua
pessoa, a saber, a dignidade da pessoa humana. O acesso à informação, prevista no artigo 5º,
16
inciso XVI, da CR/88; o direito à intimidade, estabelecido no artigo 5º, incisos X e XII da CR/88
e o direito ao contraditório e à ampla defesa, garantidos no artigo 5º, inciso LV, da CR/88, são
formas de promoção à dignidade da pessoa humana do trabalhador e consiste em direitos
fundamentais. Há um caminho longo a se percorrer.

Referências Bibliográficas

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BRASIL. Decreto Lei nº 8.420, de 15 de março de 2015. Regulamenta a Lei no 12.846, de


1o de agosto de 2013, que dispõe sobre a responsabilização administrativa de pessoas
jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira e dá
outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm> Acessado em
30.03.2019.

BRASIL. Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. Dispõe sobre a responsabilidade


administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública,
nacional ou estrangeira, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm>. Acessado em
31.03.2019.

BRASIL. Decreto Legislativo nº 68, de 1992. Aprova o texto da Convenção 158, da


Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre o Término da Relação do Trabalho por
Iniciativa do Empregador, adotada em Genebra, em 1982, durante a 68ª Sessão da
Conferência Internacional do Trabalho. Disponível em:

17
<https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decleg/1992/decretolegislativo-68-16-setembro-1992-
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