Administração
Material Teórico
A Liderança no Século XXI
Revisão Textual:
Profa Ms Rosemary
A Liderança no Século XXI
• Introdução
• Conceitos de Liderança
• Conceitos de Líder
• Considerações Finais
Esta Unidade I tem como eixo o estudo do “Líder no século XXI” e o nosso desafio não é apenas
caracterizar esse líder, mas desenvolver um modelo de liderança adequado a nossa realidade. Para
superar esse desafio, precisamos abordar o líder desse século em seus aspectos primordiais. Assim,
esta unidade está estruturada em quatro tópicos que vão nos guiar em nossa disciplina. São eles:
1) O Líder Janusiano;
2) O Líder Baseado nas Emoções;
3) O Líder Baseado no Valor;
4) O Líder Dualista: prosperando no paradoxo.
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Haverá indicações de capítulos de livros presentes no plano de ensino da disciplina para leituras em
“documentos da disciplina” intrinsecamente ligados ao eixo desta unidade e que exemplificam os
temas enunciados acima.
A ordem dos temas acima se baseia na lógica da própria liderança, pois, como sabemos, a liderança
trata respectivamente de um processo contínuo de influência e intervenção nas organizações em prol
de resultados futuros sem menosprezar análises de cenários do passado; implica alcançar resultados
por meio de pessoas e por isso as emoções e o relacionamento interpessoal são imprescindíveis; exige
a legitimação do líder através dos valores que se manifestam em seu comportamento e, por último,
a liderança requer o ajuste contínuo das inúmeras dualidades da gestão, tais como “ser capaz de
construir um relacionamento próximo com sua equipe e manter simultaneamente um distanciamento
adequado”, defender “a descentralização sem abrir mão da centralização em momentos críticos para
traçar metas estratégicas”, entre outros.
Os capítulos que serão indicados deverão ser lidos por vocês para que então todos possam estar
prontos para participarem da atividade de sistematização e reflexiva. A atividade de sistematização
envolverá uma avaliação com base em questões alternativas sobre o material que será disponibilizado
em “exercícios” junto à plataforma Blackboard e a atividade reflexiva envolverá a participação em um
fórum de discussão sobre o tema “Líder Ideal do século XXI”. A atividade reflexiva irá explorar o
nível de teorização de todos vocês para modelar um estilo de liderança adequado a nossa realidade.
Também serão disponibilizadas outras indicações de leituras no espaço “material complementar” em
“documentos da disciplina” e as referências bibliográficas utilizadas para elaboração desta unidade.
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Contextualização
A Liderança no Século XXI implica intervir em organizações que competem em âmbito global.
Cada vez mais os administradores elaboram estratégias internacionais e trabalham em projetos
internacionais ou com equipes interculturais; cada vez mais são exigidos do administrador maior
flexibilidade e conhecimentos para lidar com situações inesperadas ou contingências tais como
necessidades de reduções das estruturas hierárquicas, crises etc. A expansão dos negócios sob
esse contexto exige uma revisão do estilo de liderança tradicional burocrático e do próprio
perfil de líder que ouvimos falar até aqui. Liderar pessoas quando se tem um cargo superior em
uma hierarquia administrativa é diferente de liderar quando não se tem um cargo. A liderança
não deve ser vista apenas como um atributo de um cargo, mas como um processo de alcançar
resultados através das pessoas e assim influenciar suas mentalidades e comportamentos.
Informação
1) O Líder Janusiano
Janus, antigo deus romano (153 a.C.) retratado com duas faces, uma voltada para o passado e
outra para o futuro é utilizado metaforicamente aqui para simbolizar a natureza realística da liderança.
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Unidade: A Liderança no Século XXI
• O jeito como o líder vive a sua vida o legitima e constrói um legado (as pessoas acreditam
no líder que faz o que diz que irá fazer);
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Como é isso na prática?
4) O Líder Dualista
O líder se envolve em dualidades ou dilemas nas organizações, pois o mundo das organizações
envolve uma série de paradoxos. Aprende-se em administração que é preciso ser flexível, mas
simultaneamente centralizador nos momentos críticos para estabelecer assim metas estratégicas;
também se aprende que é preciso adaptar o produto aos gostos dos clientes, sem perder as
vantagens da economia de escala e por último aprende-se que é preciso estar próximo dos
funcionários, porém mantendo um distanciamento adequado. Em meio a esses paradoxos, o
líder deve formar equipes com pessoas diferentes e lidar com esses diversos dilemas.
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Unidade: A Liderança no Século XXI
Introdução
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Esta Unidade I contempla o conceito de liderança e a abordagem das Teorias de Liderança,
incluindo o conceito de Líder e sua participação no contexto das empresas. A liderança é,
com toda a certeza, um fator importante nos assuntos humanos. Portanto, a necessidade de
estudar a ação da liderança em cargos gerenciais, conhecer os diferentes estilos de liderança,
compreender as dificuldades encontradas no exercício da liderança eficaz é uma realidade.
1. Conceitos de Liderança
O estudo da liderança e as teorias que abordam o assunto líder/liderado no contexto das
organizações, associações, religiões, nações ou qualquer outro grupo social é um tema que
desperta grande interesse dos pesquisadores e cientistas sociais.
Desde a década de 1940, foram publicadas abordagens inéditas sobre a liderança, todavia,
é relevante o conhecimento dos trabalhos publicados pela literatura sobre o assunto a partir do
início do século (BERGAMINI, 1994).
A liderança não é um conceito de fácil definição. Seu uso rotineiro na vida cotidiana distorce o
modo como é definida, consequentemente, dificulta a construção de um conceito. Bryman (2004)
resgata a definição de liderança de um pesquisador, cujo trabalho teve um grande impacto num dos
estágios da evolução da teoria. O conceito de liderança abordado por Stogdill em 1950 refuta que
ela pode ser considerada como um processo de influenciar as atividades de um grupo organizado
em seus esforços no estabelecimento e execução de metas (BRYMAN, 2004).
Pense
Afinal, o que é a liderança? Quais são as principais atribuições dessa função?
Embora a palavra liderança passe a sensação de que aqueles que se encontram no topo são,
automaticamente, líderes, distorce totalmente a função da liderança, pois ela não é um lugar, mas,
sim, um processo. Portanto, liderança não é, por si só, função exclusiva das pessoas que ocupam
cargos superiores hierarquicamente nas organizações. A liderança ocorre sempre que alguém procura
influenciar o comportamento de um indivíduo ou de um grupo, qualquer que seja a finalidade. Pode
ser exercida visando aos objetivos pessoais ou de terceiros, que podem ser coerentes ou não com os
objetivos organizacionais (HERSEY e BLANCHARD, 1986).
As opiniões e conceitos de liderança diferem quanto ao perfil ideal para conduzir os seus
liderados ao alcance dos objetivos institucionais. Em um conceito específico da palavra
“liderança”, Kotter (1992) aborda as duas maneiras básicas no cotidiano:
a) quando se refere ao processo de mover um grupo de pessoas em alguma direção por
meio de métodos coercitivos;
b) para se referir às pessoas que ocupam posições nas quais se espera liderança.
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Unidade: A Liderança no Século XXI
Informação
A preocupação com a liderança é tão antiga quanto a história escrita. Platão constituiu um
bom exemplo dessas preocupações iniciais, ao falar da adequada educação e treinamento dos
líderes políticos, assim como da grande parte dos filósofos políticos que, desde essa época,
procuraram lidar com esse problema.
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No estudo da liderança, é preciso interpretar o conjunto de todos os pontos de vista dos
autores, a fim de que se tenha uma visão mais abrangente do tema.
A evolução histórica da liderança é compreendida de quatro etapas correspondentes a um
determinado período, conforme segue:
1) Teoria dos Traços, que marca o início dos estudos sobre liderança, originou-se de
pesquisas disponíveis a respeito de liderança dentro dos períodos compreendidos entre
1904-1948 (BERGAMINI, 1994);
2) Abordagem dos Estilos de Liderança, caracterizada pela dinâmica do comportamento
do líder, iniciou na de 1950 e prevaleceu até o final dos anos 60;
3) Abordagem Contingencial, que surgiu no final da década de 1960;
4) Abordagem da Nova Liderança, que surgiu no início da década de 1980 e é considerada
a mais importante abordagem sobre o tema.
Cada uma dessas etapas indica uma transformação de enfoque e não o fim das anteriores, e
a cronologia dos estudos, estão associados à mudança de ênfase. A cobertura e a interpretação
dessas principais abordagens serão dispostas a seguir, dividindo-as em tópicos específicos, os
quais representam uma forma mais evoluída sobre o estudo da liderança.
Dessa forma, os líderes passam a ser compreendidos como seres diferentes de outras
pessoas, pelo fato de possuírem alguns traços de personalidade considerados como profundos
(BERGAMINI, 1994).
Os principais quesitos de traços pessoais examinados pelos pesquisadores recaíram sobre três
principais grupos:
a) Físicas, avaliando a compleição física, altura e aparência;
b) Inteligência e fluência de discurso.
c) Características de personalidade, que englobava o perfil, a introversão, extroversão e a
autoconfiança.
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Unidade: A Liderança no Século XXI
Embora alguns estudos realizados de forma sistemática no enfoque dessa teoria e, mesmo
que essas pesquisas tenham encontrado alguns traços pessoais significativos, as características
da personalidade do líder apresentam evidências consideráveis na sua confirmação prática.
Segundo Bergamini (1994), o principal objetivo dos teóricos era a investigação dos conjuntos
de traços peculiares ao líder, portanto não foram correlacionadas essas características a outros
aspectos relevantes, como por exemplo, a eficácia no processo de liderança. Entretanto, as
metas das pesquisas conduziram a uma desilusão com a Teoria dos Traços pessoais a partir do
final da década de 1940. Em decorrência disso, iniciou-se a investigação do estilo de liderança,
do modo como será apresentado a seguir.
As análises das pontuações dos líderes dentro desses dois estilos foram relacionadas a várias
medidas de resultados, tais como desempenho do grupo e satisfação dos subordinados. A
consideração estava associada à moral e motivação no trabalho, porém, apresentava baixos
níveis de desempenho (BRYMAN, 2004).
A importância da abordagem pode ser apenas um registro das percepções genéricas das
pessoas sobre o comportamento dos líderes, e sua importância é tanto metodológica, quanto
substantiva. Consideração e iniciativa de estruturar ainda eram expressões empregadas em
estudos muitos anos depois que a abordagem de estilo perdera atualidade.
Embora a abordagem metodológica tenha continuado a ser usada de várias formas, na
década de 1960, a principal tendência foi o estudo dos modelos contingenciais de liderança,
que veremos a seguir.
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Unidade: A Liderança no Século XXI
Essa desilusão das abordagens contingenciais gerou um espaço para conduzir novos estudos
sobre a liderança. No próximo tópico, será visto o tratamento teórico e as novas vertentes
abordadas no estudo da liderança.
A caracterização da expressão Nova Liderança tem sido usada para denotar as abordagens
atuais que surgiram na de 1980 e que, consequentemente, sinalizam um novo modo de
conceituar e pesquisar a liderança (BRYMAN, 2004).
Muitos estudiosos da liderança carismática também apresentaram a visão como central para
a liderança organizacional. A visão e a missão quase equivalem à definição característica da
liderança carismática (BRYMAN, 2004).
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Bryman (2004) analisa os estudos sobre a Nova Liderança como sinais de mudança de
orientação, uma vez que considera o líder como um gestor de significado e reconhece o papel
fundamental da visão no processo.
No estudo de Burns, os líderes políticos podem ser distinguidos em termos de
uma dicotomia entre liderança transacional e transformacional. A primeira compreende uma
troca entre líderes e seguidores, especificada na oferta de recompensas na forma de prestígio e
dinheiro em obediência a seus desejos (BRYMAN, 2004).
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Unidade: A Liderança no Século XXI
Pense
Em que era vivemos?
Estamos na era de serviços, caracterizada pela intangibilidade, utilização de imagens. Hoje o líder
precisa agradar e conquistar a confiança dos seus liderados mais do que nunca, pois o seu jeito de
falar, sua postura e seus valores refletem a imagem que a organização passa ao ambiente e a todos
os interessados no negócio (stakeholders).
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3.1. O Líder Janusiano
Jatos, antigo deus romano (153 a.C.), retratado com duas faces, uma voltada para o passado e
outra para o futuro, é utilizado metaforicamente aqui para simbolizar a natureza realística da liderança.
Até recentemente, acreditava-se na abordagem genética da liderança, ou seja, a liderança
é inata ao indivíduo e dependia de características genéticas. Não obstante, a “abordagem
situacional” derrubou essa crença de que o líder já nascia pronto e mostrou que a liderança e
seus estilos deveriam ser ensinados e apreendidos pelos indivíduos.
O Líder Janusiano reflete muito bem as idéias da liderança situacional. É o líder que
aprende com o passado para elaborar estratégias de intervenção para o futuro. É o líder que tem
duas faces, uma voltada para o passado e uma para o cenário do futuro.
Há inúmeras pesquisas sobre a liderança, sobre como desenvolvê-la sob a perspectiva da
liderança situacional e do Líder Janus. As compilações dos resultados dessas pesquisas nos
levam a um conjunto de medidas prescritivas que levariam à formação de um Líder Janusiano,
tais como:
• A credibilidade é o fundamento da liderança e o líder não pode mudar de acordo com
os modismos administrativos;
• A liderança é tarefa de todos;
• Os líderes aproveitam as oportunidades estratégicas e agem com uma noção de
urgência;
• Os líderes focalizam o futuro;
• Os líderes são integrantes das equipes;
• O jeito como o líder vive a sua vida o legitima e constrói um legado (as pessoas acreditam
no líder que faz o que diz que irá fazer);
• A liderança nada mais é do que “cuidar” das pessoas.
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Unidade: A Liderança no Século XXI
4. Conceitos de Líder
Os resultados das empresas são conquistados por meio dos grupos de trabalho, dos recursos
materiais, tecnológicos e financeiros. A ação humana, evidentemente, é a estrutura mais
relevante e capaz de conduzir as entidades na consecução dos seus objetivos.
O ser humano, na evolução da história, transformou o mundo gradativamente e, portanto,
necessita de estratégias especiais a fim de que suas potencialidades sejam devidamente
absorvidas e aproveitadas nas instituições.
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Ao definir o líder ideal, Mintzberg (1998, p. 141) resgata o exemplo de Brawell Tovey da
Winnipeg Symphony Orchestra, pois o líder não é um simples maestro, mas o que mantém
controle absoluto da sua orquestra ao refletir sua figura como um gerente na condução de sua
equipe de forma organizada.
Com efeito, o que acontece em muitas empresas é a figura do líder que luta para manter
seu cargo, preocupa-se somente com os objetivos da empresa e abandona os sentimentos, as
necessidades e aspirações dos liderados. Neste modelo, o gerente apresenta sugestões, toma a
decisão e impõe mudanças sem a participação dos funcionários.
Atualmente, não basta ao líder influenciar e dirigir o comportamento das pessoas. É
fundamental ele possuir um estilo de liderança participativa, consultando os subordinados a fim
de que eles participem no processo de tomada de decisões. “Os verdadeiros líderes são pessoas
que assimilaram e entenderam os princípios absolutos de liderança: programa de trabalho claro,
filosofia individual, relações duradouras e foco na globalização” (CROSBY, 1999, p. 75).
Considerações Finais
As questões levantadas na Unidade I refletem parte dos estudos sobre a liderança, desde
os primeiros conceitos estabelecidos, cujas vertentes possuíam como enfoque a figura do líder
nato, até a liderança com perfil organizacional, na qual a abordagem estuda a ação da liderança
nas instituições.
Nas pesquisas mais recentes sobre o tema, os autores têm como propósito investigar se a ação
da liderança é eficaz não somente na produção de resultados, mas também se seus seguidores
estão convictos de que as atividades atribuídas a eles pelos líderes são pactuadas, isto é, os
liderados acatam as ordens dos líderes pela credibilidade que esses têm por eles.
A Unidade I apresentou o eixo do estudo do “Líder no século XXI” e o nosso desafio não
é apenas caracterizar esse líder, mas desenvolver um modelo de liderança adequado a nossa
realidade. Para superar esse desafio precisamos abordar o líder desse século em seus aspectos
primordiais. Assim sendo, foram abordados os quatro tipos de líder do Século XXI. São eles:
1) O Líder Janusiano;
2) O Líder Baseado nas Emoções;
3) O Líder Baseado no Valor;
4) O Líder Dualista: prosperando no paradoxo.
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Material Complementar
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Unidade: A Liderança no Século XXI
Referências
HERSEY, P. & BLANCHARD, K. H. Psicologia para Administradores. São Paulo: EPU, 1986.
SOCALSCHI, B. et al. Iniciação à Administração: Preceitos Básicos. São Paulo: Papelivros, 1985.
STEYNER, C. Beyond Games and Scripts. New York: Editor Grove Press, 1976.
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Anotações
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