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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLHANE

FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLITICA E ADMINISTRAÇÃO PUBLICA

Curso de Licenciatura em Administração Pública

Trabalho de Fim do Curso

Tema: ANÁLISE DO QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL


PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURÍSMO
SUSTENTÁVEL EM MOÇAMBIQUE.

Formando: Stélio Gil Guimarães Guibunda


Supervisor: Padil Salimo

Julho, de 2011

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Analise do Quadro Legal e Institucional para o Desenvolvimento do Turismo
Sustentável em Moçambique.

Este trabalho é apresentado em cumprimento dos requisitos exigidos do Grau de Licenciatura


em Administração Pública na Faculdade de Letras e Ciências Sócias da Universidade Eduardo
Mondlhane.

O Jurí

O Presidente

......................................................................

O Supervisor

........................................................................

O Oponente

.....................................................................

2
Declaração de Honra

Declaro por minha honra que esta monografia nunca foi apresentada na sua essência para a
obtenção de qualquer grau académico e que ela constitui resultado da minha investigação
pessoal e independente, estando indicadas no trabalho e na bibliografia que utilizei.

Maputo, 27 de Julho de 2011

Stélio Gil Guimarães Guibunda

3
Agradecimentos

Agradeço a Deus e as pessoas que directa ou indirectamente contribuíram para a realização


deste trabalho. A todos o meu muito obrigado!

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Abreviaturas

1. ACTF— Áreas de Conservação Transfronteiriça.


2. APITs— Áreas Prioritárias para o Investimento em Turismo.
3. CMMAD— Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.
4. DAF— Departamento de Administração e Finanças
5. DJ— Departamento Jurídico
6. DINATUR— Direcção Nacional do Turismo.
7. DPC— Direcção de Planificação e Cooperação
8. DPT— Direcção Nacional de Promoção Turística.
9. DNAC — Direcção Nacional para as Áreas de Conservação para fins Turísticos.
10. DPT— Direcção Nacional de Promoção Turística.
11. DRH— Departamento dos Recursos Humanos
12. FUTUR— Fundo Nacional do Turismo
13. IGT— Inspecção Geral do Turismo.
14. MITUR— Ministério do Turismo.
15. OMT— Organização Mundial do Turismo.
16. PEDTM— Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique.
17. SENAC — Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.
18. WCED- World Commission Environment and Development.

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Resumo

O presente trabalho constitui uma analise do quadro legal e institucional do desenvolvimento


do turismo em Moçambique mediante a abordagem da teoria do desenvolvimento do turismo
sustentável.
A metodologia apresentada baseou-se essencialmente na auscultação de diferentes fontes
bibliográficas e sensibilidades sobre o tema em questão, tendo sido usado também os métodos
de observação directa e indirecta e a visualização em vídeo de alguns programas informativos
emitidos pela Televisão de Moçambique.
Quando as dificuldades principais e limitações encontradas importa referir o excesso de
burocracia, morosidade nos processos, falta de colaboração, sigilo por parte de certos
funcionários relevantes do Ministério do Turismo para se pronunciarem sobre o assunto em
questão, estes recomendavam-me sempre a visitar o quadro legal e institucional do sector para
esclarecer as minhas duvidas. Outra dificuldade foi a de convencer alguns representantes
comunitários bem como operadores turísticos de darem o seu contributo.
No que concerne aos resultados encontrados, constatou-se haver uma grande necessidade de
investimento, coordenação, integração, formação e informação no sector do turismo em
Moçambique.
Deste modo faz-se recomendação aos órgãos de responsáveis pelo sector, a busca de modelos
sustentáveis de gestão para solucionar as lacunas acima mencionadas.

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Sumario

CAPITILO 1— INTRODUÇÃO .............................................. Erro! Marcador não definido.


1.1 Justificativa ...................................................................... Erro! Marcador não definido.
1.2 Problema .......................................................................... Erro! Marcador não definido.
1.3. Pergunta de Pesquisa ...................................................... Erro! Marcador não definido.
1.3.1 Objectivos ................................................................. Erro! Marcador não definido.
a) Gerais:.................................................................................... Erro! Marcador não definido.
b) Específicos: ........................................................................... Erro! Marcador não definido.
1.4 Hipótese ........................................................................... Erro! Marcador não definido.
1.5 Metodologia ..................................................................... Erro! Marcador não definido.
1.6 Revisão da Literatura e Enquadramento Teórico ............ Erro! Marcador não definido.
CAPÍTULO 2 – TURISMO E SUAS DIMENSÕES ................ Erro! Marcador não definido.
2.1 Definição do turismo ....................................................... Erro! Marcador não definido.
2.2 Visão histórica do fenómeno turístico. ............................ Erro! Marcador não definido.
2.3 Factores determinantes para o desenvolvimento do turismo. .......... Erro! Marcador não
definido.
2.4 Classificação e tipos de turismo ...................................... Erro! Marcador não definido.
2.5 Impactos do turismo ........................................................ Erro! Marcador não definido.
CAPITULO 3 — DESENVOLVIMENTO DO TURISMO SUSTENTAVEL ................. Erro!
Marcador não definido.
3.1 Desenvolvimento Sustentável.......................................... Erro! Marcador não definido.
3.2 Definição, Características e Critérios do Turismo Sustentável ....... Erro! Marcador não
definido.
CAPITULO 4 — QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL DO TURISMO EM
MOÇAMBIQUE. ...................................................................... Erro! Marcador não definido.
4.1 Quadro Legal ................................................................... Erro! Marcador não definido.
4.2 Quadro Institucional ........................................................ Erro! Marcador não definido.
CAPITULO 5 — AVALIAÇÃO DO TURISMO SUSTENTAVEL EM MOÇAMBIQUE
................................................................................................... Erro! Marcador não definido.
CAPITULO 6 – CONCLUSÕES; SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES .... Erro! Marcador
não definido.
6.1 Conclusões ....................................................................... Erro! Marcador não definido.
6.2 Recomendações. ............................................................. Erro! Marcador não definido.

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7. Bibliografias .......................................................................... Erro! Marcador não definido.
8. Anexos ................................................................................... Erro! Marcador não definido.

CAPITILO 1— INTRODUÇÃO

A Revolução Industrial Inglesa no fim do século XVIII, introduziu na sociedade moderna um


modelo económico baseado na obtenção de renda por meio da exploração intensiva dos
recursos naturais, esta fase foi caracterizada por capitalismo industrial. Este sistema
proporcionou uma melhoria das condições de vida das populações comparativamente a época
pré-industrial, estas se multiplicaram e passaram a exercer uma maior pressão sobre os
recursos naturais e o meio ambiente.

O Modelo económico iniciado na Revolução Industrial também se fez sentir no sector do


turismo, este, foi se desenvolvendo enquanto um dos segmentos económicos, desde a segunda
metade do século XIX, o considerado Turismo Moderno em que os aspectos positivos do
ponto de vista económico eram vistos como uma dádiva dos céus marcados por um
crescimento ilimitado. (Reinaldo Dias, 2003)

A partir dos anos sessenta do século XX, constatou-se que o processo de industrialização
tinha elevado a concentração populacional resultante da urbanização acelerada; explosão
demográfica; consumo excessivo de recursos naturais sendo alguns não renováveis;
contaminação (sad águas, do ar, dos solos, etc.); desflorestamento entre outros efeitos. Com
efeito, foram diagnosticados os primeiros problemas ambientais que punham em risco a
existência humana e neste contexto, em 1962 Rachel Carson publicou o livro ―Primavera
Silenciosa,‖ no qual abordou alguns problemas da relação homem-natureza que mais tarde
tiveram repercussões na opinião pública e despertaram o mundo para a questão os problemas
ambientais.

1967 foi declarado pelas Nações Unidas como o ano Internacional do Turismo, período em
que se desenvolveu uma ideologia triunfalista do Turismo, acreditando-se que viria a
substituir as indústrias poluidoras da Revolução Industrial por uma actividade limpa e não
contaminante, ou seja uma indústria sem chaminés. Contudo, a actividade turística não se

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desenvolveu em harmonia com o meio ambiente devido a supremacia dos níveis de impactos
negativos (as vezes irreversíveis) em relação aos impactos positivos sobre a natureza. Neste
contesto os críticos afirmavam que: [O turismo moderno é filho legítimo da Revolução
Industrial, da qual herdou a racionalidade capitalista de consumir os recursos naturais a
qualquer custo para a obtenção de renda] (Reinaldo Dias: 2003;14)
1.1 Justificativa

O facto da Industria do Turismo em Moçambique estar a crescer e a destacar-se na


arrecadação de receitas para o Estado, o que revela o crescimento desta actividade no país,
constitui uma motivação para a realização desta pesquisa, pois:

Considerando que o país possui uma localização geográfica e estratégica ao longo da costa,
tem recursos naturais abundantes espalhados por todas as regiões, tem boas condições
climáticas entre outras características favoráveis para a prática do turismo em quase todas as
épocas do ano e por outro lado, o país encontra-se numa situação de muita pressão económica
que se reflectem em baixos índices de renda na população; distribuição desigual de riqueza;
altos níveis de desemprego; níveis baixos de industrialização; grande dependência na
agricultura e exportação de produtos primários; desigualdades regionais; grande invasão de
divisas para o exterior e elevada divida externa, o Governo tem apostado no turismo como
tábua de salvação económica no combate a Pobreza Absoluta.

Logo, a possibilidade de perigo em se dar prioridade aos interesses económicos a curto prazo
negligenciando deste modo aspectos ligados com a conservação e preservação ambiental bem
como questões éticas, sociais e culturais das regiões turísticas. Se admite que Moçambique é
rico em recursos naturais e que estes devem ser explorados devido a necessidades económicas
do país. Contudo, é fundamental que esta exploração seja socialmente receptiva e
implementada por métodos favoráveis ao meio ambiente.

1.2 Problema

Nos últimos anos em Moçambique, tem se verificado um aumento de numero de turistas e um


crescimento económico decorrente do exercício da actividade turística de tal modo que o
Estado arrecadou ao longo do ano de 2007, cerca de 160 milhões de dólares. (Revista Capital:
Fevereiro de 2008: 25), em 2008, foi cerca de 190 milhões de dólares, superando o exercício

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de 2004, de pouco mais de 95 milhões de dólares. (Jornal Notícias; 18/08/2009:11) e em 2009
cerca de 195 milhões de dólares (Jornal O País: 12/10/2010).

Por outro lado, de acordo com a Revista Capital; Fevereiro de (2008: 25) o país vem
ocupando posições de destaque na referência dos melhores destinos turísticos na escala
mundial, por exemplo, os websites especializados na temática como: www.concierge.com;
www.homeandawaymagazine.com; www.lonelyplanet.com/bluelist; www.gilt.edge.com;
entre 2007 e 2008, posicionaram Moçambique entre os dez melhores destinos turísticos no
ranking mundial.

O crescimento da actividade turística em Moçambique por si só não constitui nenhum


problema contudo passa a ser um problema quando associado aos custos económicos,
ambientais, sociais e culturais que eventualmente podem estar por de trás deste crescimento.

Nas ultimas duas décadas, as agendas Internacionais e Nacionais tem sido preenchidas com
temas relacionados com o uso e aproveitamento sustentável dos recursos naturais para o
desenvolvimento de varias actividades económicas inclusive do turismo, sector o qual foi
introduzida uma abordagem teórica de Turismo Sustentável, Justo e/ou Responsável, sendo a
mais usual a abordagem de Turismo Sustentável que segundo Seabra (2001: 29) apud
Reinaldo Dias (2003:73) será possível ser alcançado quando forem considerados em harmonia
e de forma equilibrada os factores económicos, sociais, ambientais e culturais. Contudo esta
garantia só poderá ser dada pelo Estado e Governo através de um quadro legal e institucional
para direccionar de forma coerente o sector actividade turística rumo ao desenvolvimento.

Assim, pretende-se neste trabalho analisar até que ponto o quadro legal e institucional do
desenvolvimento da actividade turística em Moçambique, contem ou não elementos que
podem garantir um desenvolvimento do Turismo Sustentável no país.

1.3. Pergunta de Pesquisa

Constitui a pergunta de pesquisa a seguinte: até que ponto o quadro legal e institucional da
actividade turística em Moçambique contem ou não elementos que podem garantir um
desenvolvimento do Turismo Sustentável?

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1.3.1 Objectivos
Constituem objectivos do trabalho:

a) Gerais:
 Analisar o quadro legal e institucional do desenvolvimento da actividade turística em
Moçambique.
 Analisar o Turismo Sustentável em Moçambique a partir do quadro legal e
institucional.

b) Específicos:
 Identificar as componentes de um desenvolvimento do turismo sustentável.
 Identificar os elementos do quadro legal e institucional Moçambicano que são
favoráveis ao turismo sustentável.
 Avaliar se os elementos identificados no do quadro legal e institucional Moçambicano
estão em conformidade com as componentes de um desenvolvimento do turismo
sustentável.

1.4 Hipótese: o quadro legal e institucional da actividade turística em Moçambique favorece


ao desenvolvimento do Turismo Sustentável.

1.5 Metodologia

A pesquisa que se pretende levar a cabo é meramente teórica e se fundamenta na analise


documental dos aspectos de natureza legal e institucional do desenvolvimento do turismo
sustentável.

Outras estratégias metodológicas serão a realização de entrevistas semi-estruturadas com


actores sociais que operam na actividade turística no país entre definidores de políticas,
operadores turísticos, beneficiários e membros de povoações em algumas regiões onde o
turismo tem se evidenciado. Estes elementos serão seleccionados acidentalmente.

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Sendo uma pesquisa essencialmente de natureza qualitativa a avaliação do turismo sustentável
em Moçambique a partir da analise do quadro legal e institucional, será feita não só tendo em
conta aos paradigmas de desenvolvimento do turismo sustentável existentes na literatura mas
também consoante ao cotidiano dos aspectos relacionados com o turismo em Moçambique.

1.6 Revisão da Literatura e Enquadramento Teórico

Neste ponto serão desenvolvidos os conceitos de turismo e turismo sustentável.

De acordo com Doris Ruchanan (2003:13) a palavra turismo surgiu no século XIX, porem a
actividade estende as suas raízes pela história mas foi a partir do século XX após a Segunda
Guerra Mundial que ele evoluiu como consequência dos aspectos relacionados a
produtividade empresarial, ao poder de compra das pessoas e ao bem-estar resultado da
restauração da paz no mundo.

A Organização Mundial do Turismo (OMT) considera que o turismo é uma modalidade de


deslocamento espacial que envolve a utilização de algum meio de transporte e ao menos um
pernoite no destino. Este deslocamento pode ser motivado pelas mais diversas razões como o
lazer, negócios, congressos, saúde, desporto e outros motivos desde que não correspondam a
formas de remuneração directa. (CRUZ, Rita de Cássia; 2003:04)

Mário Bene (2001: 35), considera o turismo como sendo o resultado do somatório de bens,
recursos (naturais do meio ambiente, culturais, sociais e económicos) e serviços produzidos
por uma pluralidade de empresas. Segundo Reinaldo Dias (2003:19), no final do século XX, o
turismo converteu-se na actividade económica mais importante do mundo, caracterizado por
crescimento espectacular. De acordo com a OMT apud Reinaldo Dias, entre os anos 1950 a
2000 os deslocamentos internacionais de turistas passaram de 25 à 699 milhões de turistas por
ano, projectando-se para o ano de 2010 mais de 1 bilhão de pessoas viajando entre países
numero que tende a subir no ano de 2020 para 1,5 milhão de viajantes internacionais. Ainda
segundo a mesma fonte, o turismo é o sector da economia que mais cresce na actualidade,
superou a indústria automobilista, a electrónica e a petrolífera. Este sector tende crescer cerca
de 7,5% ao ano nos entre os anos 2003 a 2013, movimenta cerca de 3,4 triliões de dólares
(10,9% do PIB Mundial), emprega cerca de 204 milhões de pessoas (10% da força do trabalho
global) e um número incalculável de actividades correlacionadas.

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Contudo, para Mário Bene (2001: 40), a crescente importância do turismo no contesto
económico-social não foi acompanhada na mesma dimensão e velocidade por estudos
científicos embargados por teses que pudessem contribuir para o aperfeiçoamento de politicas
privadas e governamentais do turismo. De acordo com o autor, o sector ainda carece de
pesquisa, informação e dados estatísticos.

Por outro lado, Michael Hall (2004: 17) defende que o turismo é importante não só pela sua
dimensão e número de pessoas que viajam, número de empregados ou quanto dinheiro leva
até um certo destino, mais sim devido ao impacto que exerce na vida das pessoas e nos locais
em que ele é desenvolvido e devido à forma pela qual ele é significadamente influenciado
pelo mundo que o rodeia.

De acordo com Mário Bene (2001: 75), os impactos do turismo, podem ser observados sobre
os pontos de vista económico, social, cultural e ecológicos, podendo ser avaliados sobre
aspectos positivos e negativos. Na óptica Michael Hall (2004:15) os impactos negativos do
turismo superam aos positivos, de acordo com o autor, apesar do excesso de debates sobre
sustentabilidade no turismo, para cada notícia de sucesso, parece haver outras dez de fracasso
ou pelo menos maior impacto ou reconhecimento do impacto negativo exercido pelo turismo
e mesmo assim, ele continua a crescer.

Neste sentido, Doris Ruchanan (2003) afirma que afim de se conter os impactos negativos da
actividade turística, bem como de estabelecer um equilíbrio entre os impactos económicos,
sociais, culturais e ambientais do turismo, novas formas de turismo tem sido propostas e
recebem a denominação de turismo alternativo, responsável, ecológico e mais recentemente,
turismo sustentável.

Segundo Michael Hall (2004: 17), o termo de sustentabilidade é resultado da era ecológica
embora sua herança intelectual do conceito, remonte do inicio do século XIX. A partir do
inicio do século XX, no mundo globalizado do novo milénio, passou se a perceber a ligação
entre ambiente, economia e sociedade. O desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade
são conceitos importantes cujas interpretação e operacionalização têm sido vigorosamente
definidas nas decisões de planeamento e politicas em todo mundo.

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Reinaldo Dias (2003:69), considera que há uma diversidade de definições do que seja
desenvolvimento do turismo sustentável e estas adoptam a forma de um conjunto de
princípios que respeitam a complexidade do conceito, mais que dificultam a sua sensível e
compreensão correcta, esse facto coloca em risco o papel e o desempenho dos agentes
turísticos na implantação dos princípios de desenvolvimento sustentável, pois a falta de
precisão pode levar o seu uso meramente retrorico. Assim, busca-se adoptar-se a actividade
turística a definição originada pela Comissão Brundtand e da Agenda 21 dotando-os de
conteúdos mais precisos. Sendo assim:

De acordo com a Comissão Brundtand (WCED, 1987:49), o desenvolvimento sustentável é


aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de que as
futuras gerações atendam as mesmas necessidades. E segundo a Agenda 21 apud Reinaldo
Dias (2003:57) as praticas sustentáveis serão aquelas que enfatizam a importância da
cooperação entre governo, industria e sociedade civil, estabelecendo uma serie de ferramentas
de implantação para os sectores publico e privado.

Para Reinaldo Dias (2003), no âmbito do turismo, o paradigma da sustentabilidade não


supõem nada de tão novo devido a inter-relação com o meio ambiente (matéria-prima do
turismo), ocorre que seus princípios se unirão dentro de um conceito integrado que foi
absorvido pelas instituições, agentes sociais e opinião pública em um contexto de politicas de
desenvolvimento e a evolução do mercado turístico se vêem cada vez mais a considerar.

Segundo à Organização Mundial do Turismo (OMT, 1993:22) apud Mário Baptista;


(1990:68) o desenvolvimento do turismo sustentável é aquele que atende as necessidades dos
turistas actuais e das regiões receptoras e ao mesmo tempo protege e fomenta as
oportunidades para o turismo no futuro. Concebe como um caminho para a gestão dos
recursos de forma que possam satisfazer as necessidades económicas, sociais e estéticas,
respeitando ao mesmo tempo a integridade cultural, os processos ecológicos essenciais a
diversidade biológica e os sistemas que sustentam a vida.

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CAPÍTULO 2 – TURISMO E SUAS DIMENSÕES

Neste capítulo pretende-se fazer uma abordagem geral do turismo na óptica de alguns autores.

2.1 Definição do turismo

Segundo Rita Cruz (2003:4), o turismo é uma prática social que envolve o deslocamento de
pessoa pelo território e que tem no espaço geográfico seu objecto principal de consumo.

Mário Bené (2001:35) identificou três tendências para a definição de turismo: a económica
(estas só reconhecem as implicações económicas, empresariais do turismo) a técnica (tem por
objectivo obter informações para fins estatísticos e legislativos) e as definições holísticas
(procuram abranger a essência total do assunto). Por sua vez, Licínio Cunha (2003:18)
acrescentou a tendência conceptual, esta tem por objectivo encontrar uma definição capaz de
fornecer um instrumento teórico que permita identificar as características essenciais do
turismo e distingui-lo de outros sectores.

Tanto para Mário Bené (2001) como para Licínio Cunha (2003) foram os professores Suíços
Walter Hunziker e Kurt Krapf que estabeleceram uma definição (Holística) mais elaborada
do turismo ao considerarem em 1942 o turismo como a permanência de pessoas fora do seu
local habitual de residência desde que tais deslocações e permanências não sejam utilizadas
para exercício de uma actividade lucrativa principal.

2.2 Visão histórica do fenómeno turístico.

Segundo Reinaldo Dias (2003:75) o fenómeno turístico é relativamente recente, cuja versão
moderna surgiu na metade do século XIX, quando Thomas Cook em 1841 organizou uma
viajem de comboio para levar um grupo de 750 passageiros de Lucerster para participar de um
congresso em Langborough na Inglaterra. Esse acontecimento marcou o início da época
moderna do turismo e o surgimento dos grupos organizados com fins lucrativos. Por outro

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lado, o Serviço Nacional de Aprendizagem comercial ―SENAC‖ (1998:11;12) considera que
historicamente, a organização do turismo e o seu desenvolvimento estão ligados a fenómenos
socioculturais decorrentes da evolução do capitalismo moderno, assim, o turismo conhece um
desenvolvimento expressivo a partir de 1950 em função de um conjunto de factores que
determinaram um novo estilo de vida em todo planeta. O pós guerra trouxe mudanças
culturais responsáveis para um novo estilo de vida que favoreceu o desenvolvimento do
turismo e a década 60 marcou a explosão do turismo como fenómeno de massa.

De acordo com Doris Ruchanan (2003), os anos 1950 à 1970 caracterizaram-se pela
massificação da actividade turística quando os voos charters e os pacotes turísticos
conduziram milhares de pessoas as partes mais remotas do planeta alem de conduzi-las a
localidades nos próprios países emissores. Nos anos 80, a prosperidade económica dos países
desenvolvidos fez com que grande maioria de sua população e diversas categorias
profissionais desfrutasse de ferias pelo menos duas vezes por ano.

2.3 Factores determinantes para o desenvolvimento do turismo.

Segundo a SENAC (1998:11;12) os movimentos turísticos ocorridos em meados do século


XIX decorreram das mudanças socioculturais produzidas pela passagem do capitalismo
comercial ou mercantil para o capitalismo industrial. Este contribuiu para o fortalecimento do
turismo através do desenvolvimento de pesquisas tecnológicas que levaram a construção de
maquinas para equipamentos de navios, locomotivas, de recursos de engenharia e arquitectura
que revolucionaram a construção civil, tornado mais confortáveis os meios de hospedagem e
mais rápidos e seguros os meios de transporte. As conquistas sociais dos trabalhadores através
de ferias remuneradas e o decimo terceiro salário também criaram condições favoráveis as
viagens numa sociedade em que o contacto com outros povos, outras culturas e ambientes
geográficos passou a ser valorizado como forma de ampliar o conhecimento e informação.

Para Doris Ruchanan (2003), os factores que estimularam a dinâmica no desenvolvimento do


turismo, contribuindo assim para o seu crescimento, foram o aumento de tempo livre, a
redução da jornada de trabalho diária, semanal e anual aumentou o tempo livre para
actividades de lazer e turismo; a evolução técnica através do aumento da produtividade e
redução dos custos de produção gerou aumento na renda de camadas amplas da população;
desenvolvimento de empresas prestadoras de serviços para viagens de férias; liberalização das

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formalidades aduaneiras, eliminação de vistos, a unificação de documentos de viagens; a falta
do verde e os impactos psicológicos da vida urbana.

2.4 Classificação e tipos de turismo

Segundo ―SENAC‖ (1998:53-60) as formas e tipos de turismo variam consoante os factores:

— Motivações ou objectivos da viagem: (turismo recreativo ou lazer, cultural, de sociedade,


religioso, desportivo e de eventos).
— Procedência dos viajantes: (turismo nacional e internacional).
— Quanto ao volume da demanda: (turismo de massa e turismo de minorias).
— Forma de organização: (turismo individual, organizado e social).
— Quanto a faixa etária: (turismo infanto-juvenil, adulto, para terceira idade e misto).

Licínio Cunha (2003:48), considera que os tipos de turismo resultam de factores psicológicos,
culturais ou profissionais intrínsecos ao individuo e destacou o turismo de recreio; turismo de
repouso; cultural; étnico; de natureza; de negócio e turismo desportivo. Assim o turismo pode
ser classificado segundo a:

— Origem dos visitantes: (turismo domestico ou interno, turismo receptor e emissor).


— Repercussão na balança de pagamentos: turismo externo activo (quando da origem a uma
entrada de divisas) e turismo externo passivo (quando da origem a uma saída de divisas).
— Duração da permanência: turismo de passagem ou transito e turismo de permanência.
— Liberdade administrativa: turismo dirigido ou condicionado e turismo livre.
— Organização da viagem se destaca o turismo individual e o turismo colectivo de grupo.

2.5 Impactos do turismo

Segundo Mario Bene (2001:39) o turismo é eficiente para promover a difusão da informação
sobre determinada região ou localidade, seus valores naturais e culturais; abrir novas
perspectivas sociais como resultado de desenvolvimento económico e cultural da região;
integrar socialmente, incrementar a consciência nacional; desenvolver a criatividade de vários
campos e promover o sentimento de liberdade mediante a abertura ao mundo, estabelecendo

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contactos culturais, estimulando o interesse pelas viagens turísticas. Por outro lado, o autor
considera que o turismo pode provocar os seguintes prejuízos: degradação e destruição
ambiental; perda da autenticidade da cultura local; ausência de perspectivas para os grupos da
população local que não obtêm benefícios directos das visitas dos turistas; aparecimento de
fenómenos de disfunção social na família, patologia no processo de socialização,
desintegração da comunidade e dependência do capital estrangeiro face ao turismo.

De acordo com Doris Ruchanan (2003:30) os impactos do turismo podem ser observados e
analisados sobre o ponto de vista ambiental, económico, social e cultural. Assim:

a) Impactos ambientais: são modificações ou a sequencia de eventos provocados pelo


processo do desenvolvimento turístico nas localidades e têm origem em um processo de
mudança e não constituem eventos pontuais resultantes de uma causa especifica. Segundo
Doris Ruchanan (2003:34), o crescimento rápido do turismo a partir dos anos 50, resultou na
degradação ambiental de inúmeros recursos turísticos em todo o mundo e os indicadores
apontam um crescimento continuo de 4% a 5% ao ano e consequentemente os impactos sobre
o meio ambiente também se intensificam.

b) Impactos económicos do turismo: De acordo com Wilson A. Rabahy (1990:59-73) apud


Doris Ruchanan (2003:42-43) os impactos económicos do turismo podem ser positivos
quando são atribuídos ao ingresso de moedas estrangeiras fortes para a renda nacional;
ingresso e invasão de divisas; quando originam dos investimentos estimulados pela actividade
turística, sobre tudo na geração de emprego. E negativos, através de custos de oportunidade
quando muitas actividades primárias são abandonadas pelas populações locais para se
lançarem em busca de emprego nas empresas turísticas também, a importação de produtos do
exterior para atender desejos e necessidade dos turistas, provocam uma evasão de divisas que
os rendimentos em moeda estrangeira nem sempre conseguem compensar; a dependência do
turismo tem levado alguns países ao colapso económico quando por diversos motivos o
número de turistas diminui; a inflação e a especulação imobiliária; Sazonalidade da demanda
turística, que se caracteriza pela concentração de turistas em certas localidades em
determinadas épocas do ano e por sua ausência quase total em outras épocas, esse facto
compromete a rentabilidade e contribui também para o desemprego nessas épocas do ano.

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c) Impactos sociais de turismo podem ser: efeito demonstração que ocorre quando a presença
de um numero grande de turistas estimula hábitos de consumo desconhecidos ou inacessíveis
para a população receptora (importação de produtos ―comidas, bebidas, vestuários‖; novos
hábitos de entretenimento ―casinos‖ ou o consumo de drogas ou de bebidas alcoólicas.);
alteração da moralidade, este indica o aumento da prostituição; a disseminação de certos tipos
de doenças (tropicais endémicas; viroses, etc.); importação de recursos humanos qualificados
para trabalhar nos empreendimentos turísticos, estes auferem altos cargos e bons salários e os
empregos menos qualificados e remunerados são ocupados pelos moradores das localidades.

d) Impactos culturais: de acordo com Doris Ruchanan (2003:37) podem ser negativos quando:
a produção do artesanato é voltada unicamente para o consumo dos turistas, descaracterizando
a função original e utilitária dos objectos para transforma-los em itens de decoração; a
vulgarização das manifestações tradicionais quando cerimónias tradicionais são apresentados
como shows preparados para atender a curiosidade e ao interesse dos visitantes,
transformando desse modo a cultura local em rituais de entretenimento; a decoração dos
hotéis e restaurantes com objectos de arte e do artesanato local para tornar os ambientes mais
exóticos através de figuras e desenhos de rituais sagrados para os nativos. E os impactos
culturais positivos podem ser a valorização do artesanato e cerâmica, outros tipos de olaria e
artigos de palha; valorização da herança cultural; valorização das artes, do teatro, a musica,
dança e gastronomia local; orgulho étnico; valorização e preservação do património histórico.

Assim para se compreender o turismo, de acordo com Licínio Cunha (2003: 109) é necessário
o conhecimento do conjunto de relações que o originam, porque estamos perante uma teia
complexa de dependências e conexões, sendo cada uma delas de natureza diferente e com
funções também diferentes. Logo, o conhecimento do turismo implica a apreensão do seu
conjunto, caso contrario, ter-se-ão apenas visões parcelares ou especificas, deste modo, torna-
se necessário adoptar uma abordagem integrada da actividade turística ou seja de todas as
suas componentes e relações através de uma visão sistémica.

Deste modo, para organizar essa complexa industria que é o turismo é necessário dispor de
um quadro referencial dinâmico, flexível e adaptável de literatura com simples e fácil
compreensão que integre essa complexidade e represente por inteiro as suas combinações de
modo a conferir a racionalidade e inteiração lógica as acções e actividades no espaço de forma

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coerente com objectivos ajustados a um roteiro lógico de procedimentos, harmonizando de
forma equilibrada os seus impactos económicos, sociais, ambientais e culturais.

CAPITULO 3 — DESENVOLVIMENTO DO TURISMO SUSTENTAVEL

Neste capitulo pretende-se focalizar o conceito de turismo sustentável como parte integrante
do desenvolvimento sustentável. Assim, numa primeira fase far-se-a uma abordagem geral
sobre o desenvolvimento sustentável e na segunda fase ira se abordar o termo de turismo
sustentável.

3.1 Desenvolvimento Sustentável.

Segundo Reinaldo Dias (2003:30), o desenvolvimento sustentável teve sua origem na segunda
metade do século XX, com a intensificação do crescimento económico mundial. Este facto
agravou os problemas ambientais e estes apareceram com maior visibilidade em vários
sectores da população, em particular nos países desenvolvidos, os mais afectados pelos
impactos da Revolução Industrial, de tal modo que o ano de 1968 o marcou inicio das
discussões sobre o meio ambiente, movimentado grandes massas em todo mundo à
questionarem a racionalidade do sistema capitalista e se encontrar formas alternativas de
convivência.

Neste âmbito, foram realizados três encontros para se delinear uma estratégia com vista a
enfrentar os problemas ambientais na década 70 e nas seguintes, nomeadamente: O Clube de
Roma na Itália; a Assembleia das Nações Unidas em Estocolmo na Suécia e Conferência da
UNESCO sobre a Conservação e o uso Racional dos Recursos da Biosfera em Paris na
França. Estes encontros, tiveram como mérito o lançamento de bases para as abordagens dos
problemas ambientais numa óptica de desenvolvimento que constituiu o primeiro passo do
que viria a ser mais tarde o conceito de Desenvolvimento Sustentável e por outro lado,
contribuíram para que se estabelecesse preocupações normativo-institucionais no âmbito da
ONU e dos Estados bem como nas organizações financeiras multilaterais que constituíram

20
assessorias posteriormente transformada em departamentos, encarregados da questão
ambiental. (Kitamura. 1994:48 apud Reinaldo Dias 2003)

Com o aumento das preocupações ambientais, em 1983, a Assembleia Geral da ONU, criou a
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), com objectivo de
examinar as relações entre o meio ambiente e o desenvolvimento e apresentar propostas
viáveis. Esta comissão foi presidida pela Primeira Ministra da Noruega Gro Harlem
Brundtland, esta elaborou um informe denominado Nosso Futuro Comum, divulgado em
1987. Este relatório pode ser considerado um dos documentos mais importantes sobre a
questão ambiental e o desenvolvimento nos últimos anos pois, vincula estreitamente a
economia e a ecologia e estabelece com muita precisão o eixo do qual se deve discutir o
desenvolvimento, formalizando o conceito de sustentável e estabelecendo parâmetros a que os
Estados, independentemente da sua forma do governo deveriam se pautar, assumindo a
responsabilidade não só pelos danos ambientais mais também pelas politicas que causam
esses danos. Por outro lado, Braurwell e Lane (1993:2) apud Michael Hall (2004: 21),
acrescentam que o Relatório de Brundtand (WCDE:1987), proporcionou estimulo
significativo ao conceito e à pratica de desenvolvimento sustentável cinco princípios básicos
de sustentabilidade, nomeadamente: Planeamento holístico e criação de estratégias; a
importância de preservar processos ecológicos essências; necessidade de preservar o
património e a bio diversidade; necessidade de buscar um tipo de desenvolvimento que
permita à produtividade ser sustentada no longo prazo para as gerações futuras (o conceito de
equidade intergeracional) e por ultimo estabeleceu uma meta a ser atingida com vista a se
encontrar um equilíbrio de justiça e oportunidades entre as nações.

De acordo com a Comissão Brundtand (WCED, 1987:49), o desenvolvimento sustentável é


aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de que as
futuras gerações atendam as mesmas necessidades. (Michael Hall: 2004).

Para, CMMAD (1991:49) apud Reinaldo Dias, (2003:47) o desenvolvimento sustentável é um


processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direcção dos investimentos, a
orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e
reforçam o potencial presente e futuro a fim de atender as necessidades e aspirações humanas.

21
Segundo Reinaldo Dias (2003), não existe uma visão única do que é o desenvolvimento
sustentável, pois: Uns consideram como sendo um meio para obtenção do crescimento
continuo por meio do manejo racional dos recursos naturais e a utilização de tecnologias mais
eficientes e menos poluentes. Enquanto que outros entendem como um projecto social e
politico destinado a erradicar a pobreza, elevar à qualidade de vida e satisfazer as
necessidades básicas da humanidade que oferece os princípios e orientações para o
desenvolvimento harmónico da sociedade considerando a apropriação e a transformação
sustentável dos recursos naturais ou seja é compatibilizar o meio ambiente com o crescimento
económico continuo, mantendo as condições que produzem e reproduzem as relações de
exploração, hierarquização e dominação que permitem à apropriação da capacidade produtiva
social. E para outros, implica novas bases nas quais se sustenta a civilização, pela construção
de uma nova racionalidade ambiental que coloque como sentido e fim da organização social
produtiva o bem estar material do ser humano (nível de vida) e seu desenvolvimento espiritual
(qualidade de vida).

3.2 Definição, Características e Critérios do Turismo Sustentável

De acordo com World Travel and Tourism Council (1995) apud Solange Matsinhe (2005), o
Turismo Sustentável é aquele que busca as necessidades dos turistas actuais enquanto protege
e incrementa as oportunidades para o futuro, por meio de produtos que são operados em
harmonia com o meio ambiente local, comunidades e culturas, de modo que estes se tornem
os grandes beneficiários e não vitimas da prática do turismo.

Como Turismo Sustentável, considera-se aquele que atende as necessidades dos turistas
actuais sem comprometer a possibilidade a possibilidade do usufruto pelas gerações
futuras.(World Comission of Enviroment and Development:1987 apud Doris Ruchanan;
2003:10)

De acordo com a Organização Mundial do Turismo com base no informe de Brundtand


(OMT; 1993:22) apud Reinaldo Dias (2003: 68) o turismo sustentável é aquele que atende as
necessidades dos turistas actuais e das regiões receptoras e ao mesmo tempo protege e
fomenta as oportunidades para o turismo futuro, concebendo como um caminho para a gestão
de todos os recursos de forma que possam se satisfazer as necessidades económicas, sociais e

22
estéticas respeitando ao mesmo tempo a integridade cultural, os processos ecológicos
essências, a diversidade biológica e os sistemas que sustentam a vida.

Segundo a Carta de Turismo Sustentável de Lanzarote (Ilhas Canárias ―Espanha‖,


Conferencia Mundial do Turismo Sustentável em 1995), o Turismo Sustentável devera se
nortear por três eixos fundamentais que devem ser contemplados de forma equilibrada e que
nenhum se sobressaía sobre os demais: ser economicamente viável, ecologicamente
suportável e equitativo do ponto de vista ético e social. (Reinaldo Dias, 2003: 60).

Para Reinaldo Dias (2003: 69) os eixos que representam objectivos fundamentais do
desenvolvimento turístico sustentável nomeadamente o crescimento económico,
sustentabilidade ambiental e equidade social devem ser conciliados de modo a que
permaneçam em equilíbrio estável para que se obtenha o máximo de benefícios possíveis e se
atenda o interesse das gerações actuais e futuras. Assim os princípios de sustentabilidade
devem constituir o objectivo principal de qualquer espaço ou produto turístico em qualquer
dos seus estágios evolutivos.

Segundo, a Association Internationale d`Experts Scientifique du Tourisme: 1991 (AIEST)


apud Doris Ruchanan (2003:112), para o desenvolvimento do turismo sustentável devem ser
harmonizados os seus aspectos económicos, sociais e ecológicos do seguinte modo: respeito
pelo meio ambiente natural (o turismo não pode colocar em risco ou agredir irreversivelmente
as regiões nas quais se desenvolve); harmonia entre a cultura e os espaços sociais da
comunidade receptora (sem agredi-la ou transformá-la); distribuição equitativa dos benefícios
do turismo (entre a comunidade receptora, os turistas e os empresários do sector) e por ultimo
a questão do comportamento do turista (devendo este ser responsável, atencioso, receptivo às
questões de conservação ambiental, sensível a inteirações com as comunidades e educado).

Por outro lado Seabra (2001:29) apud Reinaldo Dias (2003:75), a Organização Mundial do
Turismo (1994) defende que para o turismo sustentável ser possível devem ser considerados
os seguintes factores: Sustentabilidade económica (maximização da utilização dos recursos
naturais com redução dos custos ambientais); sustentabilidade social (adaptabilidade e a
capacitação social); sustentabilidade ambiental (analisa os níveis de visitação, os tipos de
visitantes e o seu comportamento); sustentabilidade cultural (envolve o estudo sobre a

23
singularidade, a força e a capacidade cultural) e sustentabilidade politica (determinada pelo
apoio e envolvimento dos residentes do destino turístico).

Mário Bene (2001) caracteriza os critérios ecológicos; económico; social e cultural do turismo
sustentável nos seguintes termos:

— Critérios ecológicos: tem como elemento a contemplação e o contacto com a natureza.


Nele são analisados os factores: espaço natural, urbano e o seu planeamento territorial;
atractivos turísticos e consequências do turismo sobre o meio ambiente; preservação da flora,
da fauna, paisagens, compreendendo todas as funções variáveis e regras de consistência de
cada um desses factores.

— Critério económico: analisa as alternativas de utilização dos recursos existentes para a


produção turística nos destinos turísticos, a distribuição e circulação da renda gerada pela
actividade e como e porque se processam os períodos de expansão e retracção dos fluxos
nacionais e internacionais de turistas.

— Critério social: de acordo com Mário Bene (2001: 77) o turismo é um factor socioecómico
importantíssimo que intensifica e aperfeiçoa a mobilidade humana, assim, o turismo e a
mobilidade guardam uma relação directa e se influenciam mutuamente. Para o homem
conteporanêo o descanso é uma necessidade, é a oportunidade vital de se encontrar a si
mesmo, seu semelhante e a natureza. Além da monotonia, o ritmo do trabalho durante a
semana exige também a ruptura libertadora que capacite para o desenvolvimento de outros
aspectos fundamentais da vida como o descanso, o desfrute e contemplação da natureza, a
formação cultural, o trabalho social livre, o entretenimento, à pratica de desporto, cada vez
mais pessoas de todos estratos sociais concorrem a estes aspectos da vida. E essa demanda
crescente está a exigir respostas imediatas em termos de planeamento e investimento para um
tipo de turismo com equipamentos receptivos adequados e compatíveis com os hábitos e
características socio-económicas desse fluxo turístico. É precisamente este ritmo que vai
tornando este fenómeno sociológico.

— Critério cultural: o turismo representa um tipo de acção pessoal que enriquece os


conhecimentos. O turismo é em certo sentido o instrumento que serve de vinculo a
reabilitação das culturas, contribuindo em grande medida para a sua difusão mundial.

24
Deste modo, para haver um turismo sustentável é fundamental um intercâmbio equitativo
entre os critérios ecológicos, económicos, sociais e culturais de modo a que nenhum tenha
mais e/ou menos privilegio em relação ao outro.

De acordo com Doris Ruchanan (2003), a implantação do turismo sustentável requer altos
custos, contudo têm lucratividade reduzida, porém continua por períodos de tempo muito
mais longos.
CAPITULO 4 — QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL DO TURISMO EM
MOÇAMBIQUE.

No presente capitulo, pretende-se verificar o quadro legal e institucional para promoção e o


desenvolvimento da actividade turística em Moçambique.

4.1 Quadro Legal

O quadro legal da actividade turística em Moçambique é composto pela: Lei do Turismo


(2004); Politica do Turismo e Estratégia de sua Implementação (2003); Politica e Estratégia
Nacional de Floresta e Fauna Bravia (1995); Lei da Floresta e Fauna Bravia (1999); Lei de
Terras (1997); Programa Nacional de Gestão Ambiental (1995); Lei Quadro Ambiental
(1997); Lei de Pescas e Lei de investimentos.

Segundo o Ministério do Turismo (MITUR:2010) o quadro legal do turismo que actualmente


se encontra em vigor é a Politica do Turismo e Estratégia da sua Implementação, aprovada
pelo Governo através da Resolução nº 14 de Abril de 2003 e o Plano Estratégico para o
Desenvolvimento do Turismo em Moçambique (PEDTM:2004-2013), aprovado na 15º
Sessão Ordinária do Conselho de Ministros de 12 de Outubro de 2004. Estes documentos
servem de base no processo de planificação estratégica; fixam prioridades especifica; definem
produtos e mercados; identificam áreas prioritárias para o investimento em turismo; focalizam
os recursos necessários; definem as áreas, linhas e as acções estratégicas; fazem a avaliação
do potencial do mercado de base dos recursos do actual papel e potencial da conservação para
o turismo e apresentam detalhadamente as acções estratégicas de desenvolvimento dos
recursos humanos no turismo.

25
De acordo com a Resolução nº 14/2003 de 4 de Abril (31), ênfase vai para a abordagem
orientada para a relação entre o produto e o mercado com pressupostos de aliviar a pobreza
absoluta bem como na melhoria das condições de vida da população e consequentemente na
produção da riqueza nacional. Logo pretende-se com a politica promover um turismo
sustentável e responsável, priorizando áreas para o desenvolvimento do turismo direccionado
para um leque de mercados e contribuindo para a reabilitação, conservação e protecção dos
ecossistemas e do património natural do nosso país sendo o desafio principal a promoção do
desenvolvimento turístico como motor de crescimento económico, engajamento dos sectores
publico e privado bem como das comunidades.

Os princípios fundamentais da politica são o estabelecimento de um quadro institucional de


mecanismos de planificação, controle e participação activa na criação de um ambiente
favorável para o desenvolvimento do turismo; promoção de parecerias entre o sector público e
privado e comunidades no processo do desenvolvimento do sector; adopção de princípios
sustentáveis de planificação e formas efectivas de implementação; formação e
profissionalização dos recursos humanos a vários níveis; preservação dos valores culturais e
orgulho nacional entre outros.

As áreas prioritárias de intervenção e actuação são as seguintes: Planificação integrada;


acesso a terra para o desenvolvimento do turismo; infra-estruturas e serviços públicos; áreas
de conservação; desenvolvimento do produto turístico; valorização do património cultural;
promoção turística; desenvolvimento de recursos humanos e formação; envolvimento
comunitário; desenvolvimento social; áreas prioritárias para o investimento do turismo;
regulamentação e controle de qualidade.

4.2 Quadro Institucional

Segundo o Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique


(PEDTM:2004-2013:17) no esforço de dinamizar o processo do desenvolvimento do turismo
em Moçambique, foi criado em 2000, o Ministério do Turismo (MITUR), através do Decreto
Presidencial nº 1/2000 de 17 de Janeiro, tendo o Decreto Presidencial nº 9/2000 de 23 de
Maio, definido as suas atribuições e competências como sendo a direcção, planificação e
execução das politicas nos seguintes domínios: actividades turísticas; industria hotelaria e

26
similar; e áreas de conservação para fins turísticos. Deste modo, os papéis principais do
(MITUR) são: facilitar e catalisar do desenvolvimento turístico.

A nível institucional, para a realização de suas atribuições, o Ministério do Turismo organiza-


se de acordo com as seguintes áreas de actividade: Actividades turísticas; industria hotelaria e
similar; áreas de conservação para fins do turismo e inspecção do turismo. E tem como órgãos
a nível central a Direcção Nacional do Turismo (DINATUR); Direcção Nacional para as
Áreas de Conservação para fins Turísticos (DNAC); Direcção Nacional de Promoção
Turística (DPT); Direcção de Planificação e Cooperação (DPC); Inspecção Geral do Turismo
(IGT); Departamento dos Recursos Humanos (DRH); Departamento de Administração e
Finanças (DAF); Departamento Jurídico (DJ) e Unidade de Coordenação das Áreas de
Conservação Transfronteiriça (ACTF).

O Ministério do Turismo tem como instituições de tutela: o Fundo Nacional do Turismo


(FUTUR), responsável pela promoção do desenvolvimento do turismo através do marketing,
assistência técnica e financeira aos operadores locais, formação e provisão de assistência aos
empreendimentos de interesse turístico; e também existe o Hotel Escola Andalucia,
vocacionado para a formação do pessoal do ramo hoteleiro do nível básico, nas áreas de
recepção, cozinha e pastelaria, bar e andares. E a nível local o MITUR é representado pelas
Direcções Provinciais.

No âmbito da Estrutura Organizacional o sector do turismo se relaciona com diversos


ministérios, instituições e órgãos do sector público e privado no processo do seu
desenvolvimento da seguinte maneira:

Órgão de Tutela ( promove o desenvolvimento da industria turística do país e a administração


e coordenação de politicas relacionadas com o turismo); órgão intersectorial de coordenação
(coordena e guia o desenvolvimento do turismo e estabelecer a ligação intersectorial para
facilitar e incrementar o fluxo de turistas e de viagens no país); fundo para o fomento do
turismo (visa apoiar técnica e financeiramente as organizações e indivíduos que pretendem
levar a cabo projectos turísticos ou afins); municípios (a sua intervenção concerne ao uso e
aproveitamento dos espaços e em conformidade com os princípios estabelecidos na presente
politica); órgãos de promoção de desenvolvimento turístico nas áreas prioritárias para
investimento turístico (tem atribuições especificas no âmbito da promoção de projectos e

27
investimentos turísticos nas áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento turístico,
com envolvimento activo das comunidades e da sociedade civil); órgãos consultivos
(assessoram o sector com recomendações especificas em assuntos relacionados com a politica
e sua implementação; órgãos de coordenação de promoção do produto turístico (programam
as actividade promocionais, identificação e mobilização de recursos financeiros para a
execução dos programas em relação a estratégia de marketing turístico no país); e órgãos
locais do turismo (tem por objectivos emitir pareceres em relação aos planos de
aproveitamento turístico na região, promover acções para o embelezamento dos espaços e a
consciencialização dos residentes para as práticas de bem receber, entre outras).

O Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique (PEDTM: 2004-


2013) tem como pilar a. Politica do Turismo e Estratégia da sua Implementação e serve de
base no processo de planificação estratégica, fixa prioridades especifica, define produtos e
mercados, identifica áreas prioritárias para o investimento em turismo e focaliza os recursos
necessários como também define as áreas, as linhas, acções estratégicas e os antecedentes que
conduziram a formulação das acções estratégicas resumidas; faz a avaliação do potencial do
mercado de base dos recursos do actual papel e potencial da conservação para o turismo e
apresenta de forma detalhada as acções estratégicas de desenvolvimento dos recursos
humanos no turismo e quadro especial para o turismo.

De acordo com o (PEDTM: 2004-2013) os principais intervenientes do turismo no país, são


Governo e o Estado a nível central, provincial e distrital; as autarquias; o sector privado; as
comunidades locais; as organizações não governamentais da sociedade civil; os turistas; as
instituições financeiras; as agências internacionais; a imprensa e o público em geral.

A implementação do Plano Estratégico identifica acções praticas e pragmáticas e intervenções


necessárias para guiar o desenvolvimento do turismo durante dez anos (2004-2014)
enfatizando cinco áreas-chave de implementação e os seus respectivos planos de acção,
nomeadamente: Estrutura Institucional e Administração e Coordenação das Áreas Prioritárias
para o Investimento em Turismo (APITs) e Áreas de Conservação Transfronteiriça (ACTFs);
Planificação e Desenvolvimento Integrado; Desenvolvimento dos Recursos Humanos;
Marketing e Conservação.

28
CAPITULO 5 — AVALIAÇÃO DO TURISMO SUSTENTAVEL EM MOÇAMBIQUE

Neste capitulo pretende-se analisar o turismo sustentável em Moçambique não só de acordo


com os elementos do quadro legal e institucional mas também ao cotidiano da actividade.

O quadro legal e institucional tem por objectivo promover um turismo sustentável e


responsável mediante a conservação e protecção de ecossistemas e do património natural do
País. Tais objectivos foram estabelecidos de modo a equilibrar os interesses económicos e
considerações sociais, culturais e ambientais, contudo:

Constatou-se que nos informes apresentados anualmente pelo Ministro do Turismo na


Assembleia da Republica bem como em conferencias de imprensa, conselhos coordenadores,
reuniões e outros tipos de encontros relacionados com a situação a actividade turística em
Moçambique são divulgados resultados de estudos, pesquisas e estratégias relacionadas com
os impactos primários do turismo, excluindo os secundários e terciários, ou seja, a prioridade
centra-se na medição dos aspectos mais tangíveis e qualificáveis tais como o económico e
estatísticos (valor de receitas arrecadadas pelo Estado, operadores e investidores turísticos
durante o exercício da actividade em referido período, bem como o número de chegadas dos
turistas no país por ano, por exemplo), havendo deste modo ausência de estudos e pesquisas
relacionados com custos sociais, culturais e ambientais da presença de turistas no país. Se é
que tais pesquisas são feitas, os resultados não são revelados.

Moçambique é considerado Pérola do Indico por possuir cerca de 2800 km de costa marítima;
ter praias cristalinas e riqueza subaquática composta por varias espécies animais, canais ricos,
achados arqueológicos; tem localização geográfica estratégica e invejável a nível da Região
Austral com potencial de biodiversidade da flora e fauna bravia; rios, lagos e lagoas e um
leque de recursos naturais abundantes para a pratica de varias modalidades de turismo. De

29
acordo com o Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique
(PEDTM:2004-2013:50), até o ano de 2025 Moçambique será o destino turístico mais
vibrante e exótico da África que dará boas vindas a mais de 4 milhões de turistas por ano.
Porem, a que se ter em conta certos aspectos, pois não basta a um país possuir um
deslumbrante meio ambiente para ocupar um lugar privilegiado no ranking dos destinos
turísticos mais importantes do planeta, é necessário muito conhecimento e informação sobre o
turismo; produção de estudos sociais, económicos, políticos e ambientais a respeito do
turismo; uma gestão e administração eficiente do uso e aproveitamento sustentável dos
recursos disponíveis e pesquisas cientificas sobre as regiões potencialmente turísticas afim de
se encontrar melhores formas de se desenvolver a actividade turística de acordo com as
características das regiões. Segundo Mário Bene (2001: 9), pesquisas revelaram que Países
Europeus, dotados de recursos limitados se comparados com a exuberância tropical do Brasil
e de Países Africanos, tem captado fluxos turísticos muito superiores da demanda estrangeira
naqueles países.

Para melhor localização geográfica do potencial turístico, Moçambique foi dividido em três
regiões, nomeadamente: o Norte (constituído pelas províncias de Cabo Delgado, Nampula e
Niassa); o Centro, (constituído pelas províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia) e o Sul
(constituído pelas províncias de Maputo, Maputo Cidade, Gaza e Inhambane), sendo cada
região com características geofísicas, desenvolvimento sócio-económico e perfis turísticos
diferentes. Contudo, os dados apresentados para caracterizar os perfis regionais contem
elementos que não permitem uma visão correcta das regiões pois estas não são potencialmente
turísticas por completo na medida que os seus atractivos turísticos se encontram situados em
alguns espaços geográficos, logo, devem ser identificados, caracterizados e divulgados
consoante ao tipo e modalidade de turismo adequada. Outro aspecto é o facto das regiões
serem caracterizadas de acordo com a quantidade e qualidade dos estabelecimentos turísticos
(capacidade de alojamento; padrões de serviços, conforto, etc.), vias de acesso; infra-
estruturas e desenvolvimento socio-económico enquanto que o potencial turístico das regiões
se avalia de acordo com os recursos cénicos e paisagísticos; a composição química, a
qualidade das aguas e suas características terapêuticas; o clima; os recursos termais
relacionados com a qualidade de calor; a cobertura vegetal; a profundidade das bacias, etc.
Estes são os recursos do meio ambiente que constituem a matéria prima da oferta turística
local e são associados a infra-estruturas urbanas de acesso, de equipamentos e serviços para

30
um processo de produção capaz de transforma-la em produto acabado para o consumo
turístico (Michael Hall; 2004: 112).

A componente de Planificação e Desenvolvimento Integrado é primordial para o


desenvolvimento da actividade turística, pois envolve um conjunto de elementos de outros
sectores que em coordenação com o sector do turismo, fazem deste, uma actividade complexa
e multi-dimensional com seus evidentes reflexos nos espaços onde ocorrem, na economia, na
sociedade, cultura, meio ambiente, politica etc. Porem, no caso de Moçambique, esta
componente é apresentada superficialmente e não aborda com precisão com que sectores e
áreas chave a industria do turismo deve interagir para se desenvolver, quais as prioridades,
como é que deverá ocorrer esse intercâmbio, quais são as taxas adequadas e qual é a provisão
de capital exigido para a expansão.

O quadro legal e institucional identifica como principais intervenientes do turismo no país, o


Governo e o Estado a nível central, provincial e distrital; as autarquias; o sector privado; as
comunidades locais; as organizações não governamentais da sociedade civil; os turistas; as
instituições financeiras; as agências internacionais; a imprensa e o público em geral. Contudo,
a prática revela que tanto no processo de elaboração de politicas e programas nacionais da
actividade turística bem como na sua implementação não há envolvimento de todos os
intermitentes. Este processo envolve por inteiro o Estado e as suas instituições através da
atribuição dos espaços bem como de licenças para a pratica da actividade turística; o sector
privado e investidores como agentes e promotores do desenvolvimento do turismo nas
localidades e alguns representantes estratégicos pertencentes as administrações locais
enquanto que os restantes elementos sobre tudo as comunidades locais e a sociedade civil no
geral tem pouca ou quase nenhuma participação nesse processo. Como consequência,
observa-se um pouco por todo o país, excesso de liberalismo da iniciativa privada, estes se
concentram muito no desenvolvimento e desempenho de actividades lucrativas a curto prazo e
discriminam as outras que beneficiam a componente social, ambiental e cultural das regiões.

Outro aspecto é o facto de que em Moçambique elaboração de politicas, programas e


projectos relacionados com o turismo é feita no interior dos órgãos públicos dentro das
tradicionais linhas interdepartamentais e as partes interessadas no geral são consultadas
apenas no final do processo, geralmente em reuniões publicas formais, sendo a atribuição de
responsabilidades fixada por lei e impossível de ser quebrada o que de certa forma cria uma

31
barreira na comunicação pois, os documentos resultantes nestas condições costumam a ser
propostas autoritárias e não um acordo entre varias partes. Por outro lado, os agentes do
turismo não são os mesmos envolvidos no processo de elaboração das politicas, na protecção
e preservação da natureza bem como dos direitos sociais e culturais das comunidades locais.

CAPITULO 6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1 Conclusões

De acordo com os elementos do Quadro Legal e Institucional para o desenvolvimento do


turismo em Moçambique e segundo as estratégias metodológicas adoptadas ao longo da
pesquisa, a luz da teoria de desenvolvimento turismo sustentável chega-se a conclusão de que
o quadro legal e institucional da actividade turística em Moçambique não favorece ao
desenvolvimento do Turismo Sustentável, pelas seguintes razões:

Não se conhece profundamente o espaço turístico (as características; as potencialidades; o


espaço geográfico e a capacidade real dos territórios para se absorver um eventual fluxo
turístico) no qual o Quadro Legal e Institucional foi aplicado e esta sendo implementado. Para
um estudo do espaço turístico é necessário um conjunto de equipes multidisciplinares
constituídas por especialistas do turismo em áreas de investigação de mercados, planificação e
ordenamento territorial, hotelaria turística, marketing turístico e gestão do meio ambiente.
Para se alcançar estes objectivos são necessários recursos financeiros, humanos e matérias.
Segundo o (PEDTM: 2004-13: 43) e de acordo com o Ministro do Turismo, Fernando
Sumbana Júnior (Jornal Nacional: Televisão de Moçambique: 18/03/11) o sector do turismo
enfrenta dificuldades de níveis profissionais baixos; fraca capacidade institucional por parte
do governo para elaborar, controlar e monitorar a planificação do turismo e baixa
orçamentação. Estas dificuldades constituem uma barreira para a sustentabilidade do sector.

Segundo Pendula Tavares, porta voz da Direcção de Planificação e Cooperação (DPC) no


Ministério do Turismo (2010) os dados colectados para estudos e pesquisas, planeamento,
administração e gestão do sector do turismo são de órgãos alheios ao Ministério do Turismo

32
como por exemplo: Instituto Nacional de Estatística; Hotéis; Aeroportos; Serviços Nacionais
de Fronteiras entre outros e por sua vez há muita lentidão e demora no recebimento desses
dados. Assim, apurou-se que os referidos dados possuem finalidades diferentes, portanto, as
informações colhidas para orientar o, planeamento, administração e gestão do sector do
turismo na realidade se baseiam nas necessidades especificas de outros órgãos logo, não
constituem um conjunto de informações capazes de atender completamente a um sistema
voltado exclusivamente para a actividade turística.

Foram identificados como componentes do quadro legal da actividade turística em


Moçambique a Politica e Estratégia Nacional de Floresta e Fauna Bravia (1995); Lei da
Floresta e Fauna Bravia (1999); Lei de Terras (1997); Programa Nacional de Gestão
Ambiental (1995); Lei Quadro Ambiental (1997); Lei de Pescas e Lei de investimentos.
Contudo, os referidos arranjos institucionais não apresentam nenhum artigo exclusivamente
direccionado para a actividade turística com vista a distinguir de outras actividades bem como
de outros sectores. Este facto revela haver uma ausência de coordenação entre o turismo com
outros sectores.

Segundo Michael Hall (2004: 110), para se obter um desenvolvimento sustentável do turismo,
as politicas, estratégias, planos e programas referentes a actividade devem ser definidos para
cada caso especifico considerando as características e a realidade local. Em Moçambique, o
quadro legal é genérico e amplo, portanto, não é aplicável para casos excepcionais e
exclusivos da actividade pois, não esta especificamente direccionado para cada modalidade
de turismo que as regiões reúnem condições para desenvolver o turismo uma vez que o país
possui regiões e localidades potencialmente turísticas espalhados por todo o território e com
características diferentes uma das outras.

Considera-se que uma das principais condicionalidades para a formulação e implementação


da Politica de Turismo é a forte presença da dimensão social em todas as suas manifestações,
e que sejam crescentes o numero de pessoas atingidas por essa politica e as áreas por ela
abrangidas. De acordo com Reinaldo Dias (2003:71), não há desenvolvimento do turismo
sustentável sem a integração da população local em todas as fases do processo.

Apesar do Quadro Legal prever mecanismos de participação das populações locais embora de
maneira não clara e detalhada, a realidade mostra que as povoações locais são pegues

33
desprevenidas com o desenrolar da actividade turística já em um estagio evolutivo. De acordo
com Francisco Mapossa (2011), membro comunitário do Posto Administrativo de Zitundo na
Província de Maputo (localidade a que pertence a Praia da Ponta de Ouro) as comunidades
são apenas convocadas a participar em eventos (pré organizados e planificados a porta
fechadas e sem a sua participação) de lançamento da primeira pedra para a construção de infra
estruturas e/ou empreendimentos turísticos ou inauguração dos mesmos, para se manifestarem
culturalmente através de danças e cerimonias tradicionais sem que então tenham informações
abrangentes sobre os benefícios ou custos que tais empreendimentos podem trazer para as
suas vidas.

Tem se constantemente observado (a nível da imprensa) no sector do turismo bem como em


outros sectores quando em conferencias, reuniões e outros eventos de carácter politico-
empresarial, (a nível nacional e internacional) o Governo apelando aos investidores e
empresários internacionais, estrangeiros e nacionais a investir seus capitais no país porque
este dispõe de vários recursos naturais ainda não explorados. Para o efeito são criadas todas as
condições, aberturas e facilidades com vista a atrair investimentos no país sem que então se
tenha elaborado estudos e pesquisas cientificas para obtenção de informação e conhecimento
sobre as potencialidades do país bem como do seu real valor económico, ambiental e social.

Em Moçambique, o progresso do sector do turismo nos últimos anos deve-se muito mais a
decorrência de programas e iniciativas isoladas do que na actuação coordenada que reflicta
claramente seus benefícios sociais, culturais, económicos, ambientais e físicos das
localidades, regiões e do país em geral. Logo, estes programas e planos por serem
empreendidos isoladamente, maior parte deles não atingem os objectivos propostos. Um dos
exemplos é o caso Projecto Tchuma Tchato, programa de manejo dos recursos naturais
implantado na província de Tete ao longo do Vale do rio Zambeze, lançado em 1995 em
Bawa no distrito de Magóe. (Centro Terra Viva; www.clubefmozambique.com/pt:
18/05/2010). O Projecto Tchuma Tchato, rapidamente se espalhou para outros distritos da
Província de Tete e pelo país no geral em regiões bastante ricas em fauna bravia. Este
programa conta com a ajuda das comunidades locais na gestão sustentável dos recursos
faunisticos ora explorados com a pratica do turismo cinegético (pesca e caça desportiva) e
estas passaram a beneficiar-se financeiramente. Nos dias de hoje, este projecto se encontra em
vias de extinção devido a falta de sustentabilidade financeira por causa da redução da ajuda

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dos doadores externos, reduzida capacidade técnica aliadas a ausência de planos de uso de
terra e ao não zoneamento da área do Tchuma Tchato.

O desenvolvimento do turismo sustentável é um processo que deve ocorrer em fases e etapas


especificas. Infelizmente, a nível da estratégia metodológica adoptada no trabalho, não foi
possível apurar se em Moçambique existem fases e etapas definidas para o desenvolvimento
da actividade turística. Se tais indicadores existem não se sabe em que estagio o país se
encontra.
6.2 Recomendações.

Recomenda-se a construção de um modelo de gestão e desenvolvimento turístico integrado e


sustentável formado por diversas organizações da sociedade civil em conjunto com o sector
privado e o Estado por meio do estabelecimento de padrões contratuais com a redefinição de
deveres e responsabilidades de cada elemento. Este conjunto de elementos devera interagir
em todos os estágios do desenvolvimento do turismo em todas regiões do país, de modo que o
aproveitamento racional e ecologicamente sustentável da natureza beneficie maior numero
possível dos intervenientes.

É fundamental o Estado e Governo em coordenação com as Universidades (publicas e


privadas) que lesionam cursos de turismo criem um projecto e programa que visa na
elaboração de pesquisas e estudos que beneficiem a industria do turismo em geral de modo a
que se ofereça apoio estatístico e analítico ao governo e ao sector privado para o
desenvolvimento turístico planeado e equilibrado. Os estudos teriam como resultados a
obtenção de dados relacionados com: Informação de Turismo: com abrangência em todo o
território nacional a nível regional, municipal e local visando fornecer dados e informações
adequadas para a actividade de gestão, administração e planeamento do sector em combinação
integrada com outros tipos de informação (económica, social, politica, comercial, legislativa,
etc.); e Sistema Nacional de Estatísticas de Turismo: com vista a permitir disponibilidade de
informações fundamentais a pesquisa, planeamento e gestão administrativa do sector e
realizações de analises técnico operacional da realidade turística em seu contexto económico,
social, ecológico e cultural tais como: o controle de entrada, permanência e saída de turistas
no país com objectivos de colher informações permanentes sobre o volume, as origens e a
natureza dos fluxos receptivos, suas motivações principais e o perfil dos turistas estrangeiros
que visitam Moçambique.

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Recomenda-se a criação uma Estratégia Municipal e Regional exclusivamente virada para o
desenvolvimento do turismo, afim de estes possam legislar sobre as suas especificidades
regionais e locais, com vista a sistematizar e conferir racionalidade e inteiração lógica as
acções e actividades no espaço de forma coerente, mediante um inventario e levantamento
pormenorizado dos atractivos e atracções baseados na oferta turística afim de se constatar o
que existe e avaliar o potencial turístico do município e da região.

7. Bibliografias

BAPTISTA, Mário. O Turismo na Economia: Uma abordagem técnica, económica, social e


cultural. Edição Nacional de Formação Turística: Portugal; 1990.

BAYARD, Do Coutto Boiteux e Maurício Wermen: Planeamento e Organização do Turismo.


Teoria e Pratica. Qualitymark Editora LTD: Rio de Janeiro. 2004.

BAHL, Miguel: Perspectivas do Turismo na Sociedade Pós Industrial. Roca Editora: 2003.

BENE, Mário Carlos. Analise Estrutural do turismo. 6º Edição. São Paulo. Editora
SENAC.2001.

CRUZ, Rita de Cássia Ariza da. Introdução a Geografia do Turismo. 2º Ed. 2003. Roca
Editora LTDA.

DIAS, Reinaldo. Turismo Sustentável e Meio Ambiente. São Paulo: Atas Editora. 2003.

HALL. C. Michael. Planeamento Turístico: Politicas, processos e relacionamentos. Editora


Contexto. 2004.

LEEF, Enrique. Ecologia, Capital e Cultura: Racionalidade Ambiental; Democracia


Participativa e Desenvolvimento Sustentável. Colecção Sociedade e Ambiente nº5. Edifurb
Editora, Blumenau. 2000.

36
Legislação Sobre a Terra. Lei nº 19/97. Regulamento da Lei de Terras. Decreto nº 66/98: 4º
Edição. Imprensa Nacional de Moçambique. Maputo: 2008.

MATSINHE, Solange de Feguereido. Estudo do Turismo Sustentável em Cabo Delgado;


Praia do Wimbe: Apolitéctica (ISPU); Maputo. 2005.

Politica Nacional do Turismo e Estratégia de sua Implementação: Resolução nº 14/2003.

Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique (2004 – 2013).


RUSCHMANN, Doris. Turismo e Planeamento Sustentável – A Protecção do Meio
Ambiente. Papiros Editora, 10º Ed. 2003.

RUSCHMANN, Doris. Turismo e Planeamento Sustentável – A Protecção do Meio


Ambiente. Papiros Editora. 14º Ed. 2008.

SACHS, Ignacy. Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável / Organização: Paula Yone


Sttroh. Rio de Janeiro: Garamond. 2002.

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8. Anexos

Anexo 1 — MODALIDADES, FORMAS E TIPOS DE TURISMO. Fonte: Serviço


Nacional de Aprendizagem comercial ―SENAC‖ (1998:53-60),

a) Turismo Recreativo ou de lazer: é motivado pelo desejo de recuperação da capacidade


física mental, pela necessidade de relaxar do descanso e das tensões provenientes do cotidiáno
do trabalho. É considerado o tipo preferido por jovens e pelo público de terceira idade,
mantidas suas diferenças. Os locais preferidos geralmente têm sido praias, centros urbanos
famosos, balneários, montanhas, fazendas, hotéis tipo rísortes e entretenimento.

b) Turismo Cultural: é caracterizado pelo interesse em manter contacto com outros povos,
outras culturas, monumentos artísticos e sítios arqueológicos visando ao enriquecimento
cultural.

c) Turismo de saúde: é praticado por pessoas que visam conseguir benefícios para a sua
saúde. Este tipo de turismo procura regiões que disponham de estâncias hidro-minerais, as que
são atribuídas propriedades terapêuticas como fontes sulfurosas ou de águas minerais, lamas
para banhos, areia quente entre outras propriedades. A demanda desse tipo de lugares é
estável, pois a procura por motivos variados acontece o ano inteiro.

d) Turismo Religioso: é a viagem específica a núcleos receptores como míticos ou que


envolvem a fé e os sentimentos de caridade dos crentes ou pessoas vinculadas a religião e
pode ser realizado individualmente ou em grupo. Conforme os objectivos religiosos dos
turistas, essas viagens podem ser denominadas romarias ou peregrinações, como por exemplo:

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Roma, Aparecida do norte, Crato, Meca entre outros lugares.

e) Turismo Desportivo: é motivado pelo prazer causado por certas actividade como pesca,
caça, pesca submarina, excursões, caminhadas, escalamento de montanhas entre outras.

f) Turismo de Eventos: é realizado em função do interesse em participar de reuniões


científica (congressos, seminários, encontros, etc.), profissionais (feiras, exposições) e até
politicas. Esse tipo de turismo, aplica-se exclusivamente a aqueles que viajam para participar
como observadores dos eventos excluindo portanto apresentadores ou qualquer outra pessoa
cuja participação seja remunerada.

g) Turismo Nacional: é praticado pelos viajantes de um país dentro das próprias fronteiras.

h) Turismo Internacional: é realizado para fora das fronteiras de origem do viajante.

As modalidades de turismo mencionadas nas alíneas (g; h) podem ser classificadas de acordo
com o seu destino ou direcção, em exportativo para indicar o deslocamento das pessoas para
fora de seu país e receptivo para identificar o movimento de entrada de nacionalidade ou país
de pessoas vindas de fora.

i) Turismo de massas: se refere a viagens programadas para roteiros muito procurados e


visitados por milhares de pessoas anualmente.

j) Turismo de minorias inclui as viagens realizadas para locais pouco procurados pelas
pessoas.
As denominações de (massa e minoria) nada têm que ver com as características sociais da
demanda, ou seja não se referem as diferenças de classes entre os viajantes (privilegiada,
media e popular). O gosto por destinações pouco visitadas é muito mais uma ordem cultural
de interesse, de interesse pela originalidade, do que uma escolha determinada pela situação
economiza do turista.

k) Turismo Individual: este turismo pode também ser chamado de turismo particular ou auto
financiado e ocorre quando todas as providenciais (a programação, o levantamento de custos,
a forma de pagamento) necessárias ao planeamento e execução de viagem são tomadas pelos

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interessados, sem o concurso de agências de viagens ou de qualquer outra entidade de
natureza turística.
O termo individual, não se refere a quantidade de pessoas que participam da viagem. Sob essa
modalidade de turismo podem se constituir grupos de pessoas ligadas por laços familiares, de
amizade e outros, como forma inclusive de reduzir as despesas com organizações prestadoras
de serviços.
l) Turismo Organizado: corresponde a actividades turísticas programadas, organizadas e
executadas por agência de viagens, associações, entidades de classe, clubes ou qualquer outra
instituição que envolve um grupo de pessoas.

m) Turismo Ecológico: é realizado em áreas naturais preservadas com objectivo de estudar e


admirar a paisagem, suas plantas e animais.

n) Turismo Social: é uma forma especial de viagem, hospedagem, alimentação, serviços e


lazer organizada para pessoas cuja a renda não permite o deslocamento sem ajuda de
terceiros, pessoas ou entidades. Normalmente esse tipo de turismo se realiza em colónias de
férias de associações, de entidades de classe ou de empresas ou albergues e hospedagem
específicas que funcionam subsidiados por recursos de origem governamental ou fundos
especiais.

o) Critério faixa etária, segundo este, o turismo pode ser classificado como infanto-juvenil,
adulto, para terceira idade e misto. As programações organizadas segundo esse critério têm
por princípio a programação de actividades que respondam as preferências de cada uma das
faixas de idade correspondentes aos diferentes grupos etários. O turismo para terceira idade
pressupõem programações especiais que levem em conta o respeito a certas limitações físicas.

Anexo 2 — CRITERIOS DE SUSTENTABILIDADE. Fonte: Ignacy Sachs (2002: 85-88)

a) Critério Social: este critério pressupõe que seja alcançado um patamar considerável de
homogeneidade social; distribuição de renda justa; emprego pleno e/o autónomo com
qualidade de vida decente; igualdade no acesso aos recursos e serviços sócias entre outros.

b) Critério Cultural: presume que haja mudanças no interior e continuidade (equilíbrio entre
respeito a tradição e inovação); capacidade de autonomia para elaboração de um projecto

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nacional integrado e endógeno (em oposição às cópias servis dos modelos alienígenas);
autoconfiança combinada com a abertura para o mundo.

c) Critério Ecológico: consiste na preservação do património da natureza na sua produção de


recursos renováveis; limitação do uso dos recursos não renováveis entre outros.

d) Critério Ambiental: consiste no respeito e realce a capacidade de auto depuração dos


ecossistemas;

e) Critério Territorial: pauta pela melhoria do ambiente urbano; pela superação das
disparidades inter-regionais; por configurações urbanas e rurais balanceadas (eliminação das
inclinação urbanas nas a locações ao investimento público); estratégias de desenvolvimento
ambientalmente seguras para áreas ecologicamente frágeis (conservação da bio diversidade
para o eco desenvolvimento);

f) Critério Económico: consiste no desenvolvimento económico intersectorial equilibrado;


segurança alimentar; capacidade de modernização contínua dos instrumentos de produção;
nível razoável de autonomia na pesquisa cientifica e tecnológica; inserção soberana na
economia internacional;

g) Politica Nacional: consiste no alcance de um nível razoável de coesão social; democracia


definida em termos de apropriação universal dos direitos humanos; desenvolvimento da
capacidade do Estado para implementar o projecto nacional em parceria com todos os
empreendedores; um nível razoável de coesão social;

h) Politica Internacional eficácia do sistema de prevenção de guerra da ONU, na garantia da


paz e na promoção da cooperação internacional; um pacote Norte-Sul de co-desenvolvimento,
baseado no principio de igualdade (regras do jogo e compartilhamento da responsabilidade de
favorecimento do parceiro mais fraco); controle institucional efectivo da aplicação do
principio da preocupação na gestão do meio ambiente e dos recursos naturais; prevenção das
mudanças globais negativas; protecção da diversidade biológica e cultural; gestão do
património global, como herança comum da humanidade; sistema efectivo de cooperação
cientifica e tecnológica internacional e eliminação parcial do carácter de commodity da
ciência e tecnologia, também como propriedade da herança comum da humanidade.

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Anexo 3 — GUIÃO DE ENTREVISTAS

Entrevista com o Porta Voz da Direcção de Planificação e Cooperação (DPC). Ministério do


Turismo: 27 de Outubro de 2010.

Como é feita o angariação de dados e informações necessárias para a Planificação do sector


do turismo em Moçambique?

Com que Sectores, Órgãos ou Ministérios o Ministério do Turismo tem cooperado? E qual é a
relevância desta cooperação?

Como é que se desenvolve o processo de elaboração de Programas, Projectos e Politicas


Nacionais do Turismo? E quem são os principais intervenientes envolvidos?

Entrevista a Senhor Francisco Mapossa; Membro Comunitário do Posto Administrativo de


Zitundo na Província de Maputo. (Março de 2011).
NB: Entrevista de carácter informal que teve a participação de mais sete membros da
comunidade que falaram em anonimato.

Que papel as comunidades tem desempenhado para o desenvolvimento do turismo na região?

As comunidades são consultadas ou tem participado no processo de marcação e atribuição de


espaços para a construção de empreendimentos turísticos?

Que benefícios as comunidades tem tirado com o desenvolvimento do turismo na região?

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Anexo 4 – FONTES ADICIONAIS.

Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD: 1987)

DECRETO Nº 12/2002 de 6 de Junho. Aprova o Regulamento da Lei nº 10/99; de 7 de Julho,


Lei de Florestas e Fauna Bravia. Imprensa Nacional. Maputo. 2002.

FUTUR, Fundo Nacional do Turismo. Moçambique Tourist Guide. 3º Ed. 2006/2007.

Instituto Nacional de Estatística (Estatísticas Oficiais) Anuário Estatístico (Statically


Yearbook) 2005 – 2009.

Jornal Noticias: 18 de Agosto de 2009.

Jornal O País: 12 de Outubro de 2010.

Lei Quadro Ambiental (1997)

Peças de Noticiários e Reportagens acerca de questões relacionadas com o Turismo em


Moçambique concebidas pela Televisão de Moçambique, incluindo entrevistas e informes do
Ministro do Turismo, Fernando Sumbana Júnior. (Outubro de 2010 a Maio de 2011).

Programa Nacional de Gestão Ambiental (1995).

Relatório Regional do Desenvolvimento Humano na SADC: Situação Geral; Governação e


Desenvolvimento Humano na Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral
(SADC: 2008).
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