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Você é um de nós

Marianne Franke-Gricksch e sua Pedagogia Sistêmica


A Pedagogia oSistêmica nas escolas é um novo paradigma que vem ampliando a
visão do que pode existir acerca das dificuldades de Aprendizagem, que é o
movimento do ser humano para a vida, para conquistar seus espaços.

A Pedagogia Sistêmica leva em conta o que há oculto nos sistemas familiares e


escolares que impede uma criança de crescer, através do olhar da CONSTELAÇÃO
FAMILIAR SISTÊMICA (Bert Hellinger), que está presente em vários países do
mundo, e vem crescendo muito no Brasil como uma das alternativas sistêmicas
terapêuticas.

Diversas escolas em todo o mundo experimentam e apresentam relatos


impressionantes sobre as transformações que ocorrem com alunos, professores e
escolas com a aplicação dos princípios das Constelações.

A PRECURSORA NO MUNDO

O grande nome da Pedagogia Sistêmica no mundo é a professora alemã Marianne


Franke-Gricksch que iniciou suas experiências com alunos em uma escola alemã e
que, surpresa com os resultados, escreveu um livro para relatar a experiência e
desde então é convidada para conferências, seminários e cursos em todo o mundo.

A pedagogia sistêmica pode ser aplicada em situações de desintegração, de


dificuldades de aprendizagem, de problemas comportamentais, em conflitos e
quaisquer problemáticas que surjam no sistema escolar direta ou indiretamente.

O RELATO DA PROFESSORA MARIANNE*

“Como muitos outros professores, frequentemente me desesperava em minhas


tarefas. Eu me sentia cada vez mais limitada pelas condições externas: as
transformações dos alunos em direção a comportamentos consumistas e o mundo
da televisão; os tipos de comportamentos ligados ao meio ambiente de onde
provinham os alunos; a crescente imposição daquilo que deveria fazer parte do
currículo escolar; a insistência na transmissão de conteúdo, deixando pouco tempo
para o aprendizado prático; as diversas imposições da secretaria de educação (…).
Nesse processo solitário em uma classe, muitas vezes, a minha auto-avaliação com
relação a minhas próprias qualidades pedagógicas e de ser humano tendia para o
negativo. Após 10 anos de trabalho estava exausta.

As Constelações familiares me conduziram a uma nova compreensão dos alunos. Vi


como estão inseridos em suas famílias e sua lealdade a elas. Mas também
reconheci as forças que empregavam constantemente para ligar sua vida familiar à
escolar e percebi que essas forças poderiam ser frutíferas. Na verdade, isso
acontece quando nós, professores, abrimos nosso coração às famílias, permitindo-
lhes entrar em nossas salas de aula como uma presença invisível e permanente.

Gradualmente consegui ver nas crianças os representantes de suas famílias com


suas leis, suas dinâmicas próprias e suas tarefas particulares. Os alunos me
mostravam constantemente que estavam comprometidos de um modo profundo
com suas famílias e davam inabalável prioridade a essas dinâmicas.

As crianças conseguem suportar mais facilmente a insegurança que advém desse


novo campo – escola – assim como através do aprendizado em si, quando são
reconhecidas por tudo o que trazem consigo. Então a escola não é uma melhor
alternativa do que a vida em casa, mas um enriquecimento do que já existe. E
também o respeito que nós, professores temos pela criança não é nada mais que o
respeito por sua família de origem e isso também inclui o respeito pelo destino da
família toda, não importando se, de nosso ponto de visto, isso atua de uma forma
que fomenta ou obstrui seu desenvolvimento e sua disposição para aprender.

A melhor coisa que podemos presentear a um aluno é reconhecer seu destino tal
como ele é, e isso requer de nós, professores, uma grande dose de disciplina:
renunciar a querer ajudar a superar as limitações de sua família de origem.

Nós somos apenas os professores – as crianças permanecem conectadas a seus


próprios destinos e famílias. Uma mudança em situações difíceis acontece quando a
própria criança consegue respeitar seu próprio destino. Contudo, na maioria dos
casos, permanecem emaranhadas no amor: externamente rejeitam aquilo que
causa seu sofrimento e o que (inconscientemente) amam de forma incondicional.

Nas salas de aula são representadas leis familiares que são seguidas por alunos e
adultos, e o simples respeito pelas famílias pode ser útil para o crescimento de um
campo social e curador na classe.
O pensamento sistêmico inclui o conhecimento de que o aluno e os professores
estão conectados a suas famílias de origem (e às idéias e regras desse sistema).
Ser parte do sistema escola significa que a escola também faz parte de todos os
sistemas familiares que estão conectados a ela ou, usando imagens, que as famílias
de origem de todos os alunos e professores representam subsistemas de uma
escola.

Dessa forma, as famílias atuam na escola e a escola nas famílias (..). Assim, não
podemos distinguir completamente onde o “sistema família” termina e o “sistema
escola” começa.

Segundo nossa noção tradicional, que nos deixa acreditar que podemos perceber o
mundo do modo como ele é, consideramos família e escola como duas unidades
claramente delineadas, cada uma com suas próprias regras, necessidades e
tarefas. Hoje, contudo, sabemos que nenhum sistema pode ser mantido
completamente independente de outro sistema e que a escola também não pode
ser mantida afastada de tais fatores como televisão ou a cultura jovem existente.

Nossos alunos são os arquitetos de nosso campo e de seu mundo futuro. Assim
sendo – mais do que qualquer outro campo de consciência – a escola está criando a
matriz do futuro que se está formando.”

Trecho extraído do livro da Professora Marianne, “Você é um de nós”, publicado e


vendido no Brasil pela Editora Atman.

A seguir, o relato de uma professora brasileira que experienciou a técnica das


Constelações*

“Sou professora das séries finais do ensino fundamental em uma escola pública
municipal em Uberlândia/MG e a direção da escola me permitiu colocar em prática
as constelações familiares de acordo com Bert Hellinger. Comecei em 2007.

Desde o primeiro dia de aula convidei-os a conhecer o trabalho, explicando a


importância de se respeitar os pais e o próprio destino. Iniciei formando um circulo
onde todos nos abraçamos e desejamos boas vindas ao novo ano letivo. Em
seguida, sugeri que se imaginassem em contato com os pais: se encostassem,
ficassem no colo, como bebês e sentissem o conforto de estarem protegidos por
eles, mesmo não tendo conhecido um deles ou ambos e agradecessem a vida. À
medida que fazia isso periodicamente, fui observando que muitos alunos não
conseguiam encostar-se nos próprios pais, então durante o exercício ia até a
carteira e fazia constelação de imaginação, às vezes fazia grupos.

Chegou um momento que os alunos se sentiram tão bem que começaram a pedir
para serem constelados e então marcávamos para um dia de módulo e fazia
atendimentos individuais com bonecos na presença de um dos pais ou um familiar
responsável pelo aluno. Obtivemos muitos resultados satisfatórios e descrevo
alguns:

M uma menina de 11 anos que gaguejava tanto que não conseguia ler em voz alta,
fiz uma constelação de imaginação e estava ligada a uma irmã de 9 meses que
morrera engasgada com excesso de comida. Quando nasceu recebeu o nome da
irmã morta. Dois meses depois de constelada a menina não gaguejava e já
conseguia ler.

C I um menino de 11 anos não fazia tarefas, não tomava banho todos os dias, tinha
os cabelos desgrenhados e sujos, arrastava enormes chinelos e estava sempre
distante. Julgava o pai porque é alcoólatra. Conseguiu fazer um grande movimento
em direção ao pai. Cortou os cabelos duas semanas depois e começou a fazer
tarefas escolares, em seguida começou a ir limpo para a escola, mas mesmo assim
foi reprovado. No final de 2008 foi aprovado para 6ª série, seu material é organizado
e está alerta nas aulas.

C um menino de 14 anos fazendo a 5ª série pela 3ª vez era rebelde, brigava,


xingava, não anotava as aulas, não fazia tarefas escolares, tinha problemas todos
os dias, estava sendo encaminhado para o conselho tutelar quando conversei com a
mãe. Ela foi até a escola e fizemos uma constelação individual com bonecos, ele
estava identificado com o padrasto, pois não conheceu o pai que foi embora quando
ainda era muito pequeno, colocou o padrasto no lugar do pai. Os problemas foram
amenizando, ele começou a fazer tarefas de Inglês e Ciências, diminuíram as brigas
e as ocorrências. Foi reprovado, mas conseguiu ser promovido em 2008 e está
muito feliz.

MP um menino de 12 anos da 6ª série era rebelde, não fazia tarefas, tinha péssimas
notas, era sujo, rabiscava os cadernos e perdia todo o material. Fizemos uma
constelação em grupo e trabalhamos com um segredo em relação à mãe. Em 2008
foi um dos melhores alunos da sala, com todo material organizado, entregava
tarefas antes do prazo e obteve boas notas. Esta mais concentrado e foi promovido
para a 7ª série.

MJ um garoto de14 anos da 7ª série me foi encaminhado por uma pedagoga,


porque ele não era meu aluno. Era rebelde, respondia, brigava, xingava, não fazia
tarefas, faltava muito e tinha momentos de muita ternura e educação. Estava preso
ao pai que fora assassinado pela mãe, que após o assassinato fora embora e nunca
mais ele soube dela. Foi um excelente aluno na 8ª série em 2008, além de
carinhoso, sorridente,cooperativo e freqüente.

W um garoto de 10 anos da 4ª série tentou suicídio dentro da própria escola.


Trabalhei apenas com a mãe em uma constelação individual com bonecos.Ele
estava identificado com o assassino do pai. Seu comportamento mudou totalmente
e não falou mais em suicídio.

Um garoto de 15 anos, faltava muito às aulas, respondia, brigava, conversava


durante as aulas, não fazia tarefas, não respeitava os professores. Fizemos
pequenos movimentos em relação ao pai durante todo ano de 2007 e ele melhorou
bastante. Ao final de 2008 me pediu para constelar porque queria muito mudar,
queria transformar sua vida em algo muito bom. Coloquei-o de frente para o quadro
e pedi para olhar para sua mãe. (Ela morreu em conseqüência de um câncer
quando ele tinha 10 anos e desde então o pai se tornara alcoólatra, ele cuidava do
pai e da casa). Ele desmaiou. Chamei-o para a vida, ele abriu os olhos e disse:
professora, falei com a minha mãe. Está tudo bem agora. Ele não voltou em 2009,
foi morar com uma tia porque o pai se casou novamente.

Em 2008 uma pedagoga pediu sugestão de um trabalho coletivo para uma 6ª série
com muitos alunos repetentes e que estava novamente com baixo índice de
aproveitamento, muita brincadeira e falta de compromisso. A direção autorizou e
utilizamos duas aulas para o trabalho. Fizemos um círculo com os alunos e a
pedagoga representava a turma, cada aluno levantava-se, chegava diante dela,
olhava em seus olhos fazendo contato e dizia sim. Quando metade da turma já tinha
feito esse movimento, ela não resistiu o peso e sentou-se no chão. Eles ficaram
muito preocupados com ela, expliquei que era assim a sala e que por isso os
professores não estavam conseguindo ajudá-los e eles disseram a ela: pode se
levantar, isso é comigo. Ela se levantou e entregou a cada um o seu destino e seu
emaranhamento. No dia seguinte constelamos dois alunos que não conseguiram
dizer sim. Foi um trabalho muito bonito e estamos aguardando resultados.”

Fonte do depoimento: Instituto Bert Hellinger Brasil Central

Os relatos da professora nos mostram o quanto podemos apoiar o crescimento e


desenvolvimentos dos alunos com dificuldades quando olharmos para além da
dificuldade, para o que pode os estar guiando nestes movimento de insucesso.

Conhecer os fundamentos do campo sistêmico familiar tem exercido influências


precisas e eficazes em muitos casos e atendimentos clínicos realizados em todo o
mundo, abrindo caminho para soluções destes conflitos escolares e familiares.

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DÉFICIT DE ATENÇÃO, HIPERATIVIDADE, ORDENS DO AMOR, PEDAGOGIA
SISTÊMICA, TDAHBERT HELLINGER, CRIANÇAS DIFÍCEIS, DIFICULDADE DE
APRENDIZAGEM, DISLEXIA, MARIANNE FRANKE-GRICKSCH, PEDAGOGIA
SISTÊMICA, TDAH, VOCÊ É UM DE NÓS!

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