DOGMAS
DA
SANTA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA
Elaborado por:
Advertência ao leitor
Dogma é uma verdade religiosa, imediata e formalmente, revelada por Deus.
Deve-se crer com Fé divina e Católica todos os ensinamentos contidos na Palavra de Deus, escrita
e transmitida oralmente, e que a Igreja, através de solene juízo, ou pelo magistério ordinário e universal,
propõe para crer, como revelado por Deus1.
O dogma é o objecto da Fé divina e católica: da Fé divina porque é uma verdade revelada por
Deus; de Fé católica, porque é proposta pelo magistério infalível da Igreja.
Se um baptizado nega conscientemente ou coloca em dúvida uma verdade revelada de Fé divina e
católica, é culpado de heresia e incorre ipso facto, em excomunhão. Ora, a condição de herege deve-se
considerar segundo a lei divina (peccatum) e a lei canónica (delictum).
Realça-se ainda, a gravidade do pecado contra o Espírito Santo2. Porquê? Porque ao cometê-lo o
homem opõe-se aos dons espirituais da verdade e da graça, e perdendo-os, dificilmente se converte. De
entre os 4 pecados contra o Espírito Santo, aquele de «contradizer a verdade conhecida», é o que mais se
tem verificado ser cometido pelos clérigos, “contaminando” os fiéis, que neles acreditam. Veja-se as
palavras de Nosso Senhor: «todo o que disser alguma palavra contra o Filho do Homem será perdoado.
Porém o que a disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro»3.
Temos então que, se alguém não crê em [algum] qualquer artigo ou ponto da nossa santa Fé
Católica, ou advertidamente, duvida ser verdade, consentindo em pensar que é coisa que, pode ser, não
ser assim: neste caso a fé com que crê os outros pontos ou artigos, não é verdadeira e sobrenatural, senão
uma sombra e semelhança dela, porque pela sua infidelidade se lhe destruiu a Fé divina; e é claro que se
crera nos demais artigos pelo motivo que deve crer (que é a veracidade de Deus, e a Sua revelação
declarada pela autoridade da Igreja), esse mesmo motivo o obrigara a crer todos inteiramente, pois Deus,
que revelou uns, revelou também os outros, e a Igreja, que ensina aqueles, ensina também estes.
Ora, o herege que confessa um Deus Uno e Trino, e porém nega a presença real de Cristo na
Eucaristia, de nenhum destes pontos tem fé verdadeira, porque (como em semelhante caso disse São
Jerónimo) no primeiro caso fez do Evangelho de Cristo, evangelho do homem; no segundo, fez do
Evangelho de Cristo, evangelho do demónio (In cap. I ad Galat. V. II).
Esta é a nobreza, a excelência da Fé Católica, cuja luz se parece com a dos olhos: se os picamos,
ainda que não seja mais do que com a ponta de uma agulha em qualquer parte deles, toda a sua luz se
turva, e ficamos às escuras.
Se ofendemos a Fé, ainda que seja num só ponto, e com uma só dúvida consentida com
advertência, toda a sua luz se perde, e ficamos nas trevas da infidelidade.
Ao leitor interessado em aprofundar o estudo sobre o dogma recomenda-se a leitura de:
Compendio di Teologia Dogmatica, Ludovico Ott, 1964.
IHSV
1
Cfr. Concílio Vaticano I (Dz 1972).
2
Cfr. Compêndio de Doutrina Cristã (S. Pio X) [1905 (1948)], 8º ed., União Gráfica, Lisboa, p. 182: «chamam-se
pecados contra o Espírito Santo, porque se cometem por pura malícia, a qual é contrária à bondade que se atribui
ao Espírito Santo». Consultar também: DRAGONE [1950 (2009)], Spiegazione del Catechismo di San Pio X per
catechisti, Centro Librario Sodalitium, Italia, pp. 235-238.
3
Cfr. Novo Testamento [1956], Liv. Apostolado da Imprensa, Porto, trad. Pe Matos Soares, [Mt. 12,32].
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40. O Espírito Santo procede do Pai e do Filho como de um único princípio através de uma única
inspiração.
41. O Espírito Santo não procede através da geração, mas através da inspiração.
42. As relações em Deus são realmente idênticas com a Natureza Divina.
43. As Três Pessoas Divinas estão um no outro.
44. Todas as actividades ad extra de Deus são comuns para as Três Pessoas.
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V. Deus o Santificador
1. Há uma intervenção sobrenatural de Deus nas faculdades da alma, da qual procede a acção livre da
vontade.
2. Há uma influência sobrenatural de Deus nas faculdades da alma que coincide no tempo com a acção
livre da vontade do homem.
3. Para toda a acção salutar, é absolutamente necessária a graça sobrenatural interna de Deus (gratia
elevans).
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Côngrua: pensão concedida aos párocos! Sinal de que o mérito da graça se obtém apenas pelas obras da fé. Não é
doação do bem em si que trás o mérito da graça, mas sim o desejo de fazer o bem a um irmão, o amor que se
emprega na acção, porque Deus assim o deseja e pede.
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Deus, ao criá-los, já sabe que livremente irão perder-se no inferno. Deus não interfere no seu livre desejo, como
não interferiu com os anjos caídos. Estes homens recebem, como todos os outros, infinitas possibilidades de
salvação e rejeitam todas, por absoluta teimosia. Ao invés de amarem a Deus, eles decidem amar o pecado, e
morrem nele.
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Se fosse irresistível todos se salvariam, e então não haveria liberdade.
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A graça da salvação é suficientemente dada também aos que se perdem, mas estes rejeitam-na livremente.
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A pessoa deve desejar a sua salvação e lutar por ela, senão não haveria mérito pessoal. Não basta dizer que se
aceitou Jesus, e dispensar os sacramentos que Ele nos deixou.
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VIII. Os Sacramentos
1. Os Sacramentos da Nova Aliança contêm a graça, a qual eles significam, e conferem-na sobre aqueles
que não a impedem.
2. Os Sacramentos trabalham ex opere operato, isto é, os sacramentos operam pelo poder do rito
sacramental completo.
3. Todos os Sacramentos da Nova Aliança conferem graça santificante sobre os receptores.
4. Os três Sacramentos, Baptismo, Confirmação e Santas Ordens, imprimem um carácter, que é uma
marca espiritual indelével, e, por esta razão, não podem ser repetidos.
5. O carácter sacramental é uma marca espiritual impressa na alma.
6. O carácter sacramental continua pelo menos até a morte daquele que o carrega.
7. Todos os Sacramentos da Nova Aliança foram instituídos por Jesus Cristo.
8. Há sete Sacramentos da Nova Lei.
9. Os Sacramentos da Nova Aliança são necessários para a salvação da humanidade.
10. A validade e a eficácia do Sacramento é independente da ortodoxia do ministro e estado da graça.
11. Para a válida administração do Sacramento é necessário que o ministro realize o sinal Sacramental de
uma maneira correcta.
12. O ministro deve ter a intenção de pelo menos fazer o que a Igreja faz.
13. No caso de receptores adultos, é necessário o merecimento moral para recepção merecida ou frutífera
dos Sacramentos.
IX. Baptismo
1. Baptismo é um verdadeiro Sacramento instituído por Jesus Cristo.
2. A matéria remota do Sacramento do Baptismo é a água natural.
3. O Baptismo confere a graça da justificação.
4. O Baptismo efectiva a remissão de todos os castigos do pecado, tanto eterno quanto temporal.
5. Mesmo recebido imerecidamente, o Baptismo válido imprime na alma do receptor uma marca
espiritual indelével, o Caráter Baptismal, e por esta razão, o Sacramento não pode ser repetido.
6. O Baptismo pela água (Baptismus fluminis) é, desde a promulgação do Evangelho, necessário para
todo o homem sem excepção, para a sua salvação.
7. O Baptismo pode ser validamente administrado por qualquer pessoa.
8. O Baptismo pode ser recebido por qualquer pessoa em perigo de vida e que ainda não esteja baptizada.
9. O Baptismo de uma criança recém-nascida é válido e lícito.
X. Confirmação
1. A Confirmação é um verdadeiro Sacramento propriamente assim chamado.
2. A Confirmação imprime sobre a alma uma marca espiritual indelével, e por esta razão, não pode ser
repetida.
3. O ministro ordinário da Confirmação é somente o Bispo9.
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Em casos de força maior, também um padre pode ser nomeado pelo Bispo a fim de administrar este Sacramento
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XII. Penitência
1. A Igreja recebeu de Cristo o poder de remir os pecados cometidos após o Baptismo.
2. Pela Absolvição da Igreja, os pecados são verdadeiramente e imediatamente remidos.
3. O poder da Igreja de perdoar os pecados estende-se a todos os pecados sem excepção.
4. O exercício do poder da Igreja para perdoar os pecados é um acto judicial.
5. O perdão dos pecados que tem lugar no Tribunal da Penitência é um Sacramento verdadeiro e válido,
que é distinto do Sacramento do Baptismo.
6. A Justificação extra-sacramental é efectivada pelo perfeito arrependimento apenas quando ele é
associado com o desejo para o Sacramento (votum sacramenti).
7. A Contrição, emergindo por motivo de temor é moralmente boa e acção sobrenatural.
8. A confissão Sacramental do pecado é ordenado por Deus e é necessária para a salvação.
9. Pela virtude da Divina ordenança, todos os pecados graves de acordo com espécie e número, assim
como aquelas circunstâncias que alteram a sua natureza, são objectos da obrigação da confissão.
10. A confissão de pecados veniais não é necessária, mas é permitida e é útil.
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11. Nem todos os castigos temporais para o pecado são sempre remidos por Deus da culpa do pecado e o
castigo eterno.
12. O sacerdote tem o direito e o dever, de acordo com a natureza dos pecados e a possibilidade do
penitente, de impor obras salutares e apropriadas para a satisfação.
13. As obras penitenciais extra-sacramentais, tais como desempenhar práticas penitenciais voluntárias e
suportar pacientemente as provações mandadas por Deus, possuem valor satisfatório.
14. A forma do Sacramento da Penitência consiste nas palavras da Absolvição.
15. A absolvição, em associação com os actos do penitente, efectiva o perdão dos pecados.
16. O efeito principal do Sacramento da Penitência é a reconciliação do pecador com Deus.
17. O Sacramento da Penitência é necessário para a salvação daqueles que, após o Baptismo, caem em
pecado grave.
18. Os únicos proprietários do Poder de Absolvição da Igreja são os Bispos e os sacerdotes.
19. A absolvição dada por diáconos, clérigos ou ordem inferior, e leigos não é Absolvição Sacramental.
20. O Sacramento da Penitência pode ser recebido por qualquer pessoa baptizada que, após o Baptismo,
cometeu um pecado grave ou venial.
21. O uso das Indulgências é útil e salutar para o fiel.
XIV. Matrimónio
1. O casamento é um Sacramento verdadeiro e distinto instituído por Deus.
2. Do contrato sacramental do casamento emerge a Aliança do Casamento, que liga ambos os parceiros
do casamento para uma comunidade de vida indivisível até o fim da vida.
3. O Sacramento do Matrimónio confere graça santificante sobre as partes contratantes.
XV. Extrema-unção
1. A extrema-unção é um Sacramento verdadeiro e distinto instituído por Jesus Cristo.
2. A matéria remota da extrema-unção é o óleo.
3. A forma consiste na oração do sacerdote sobre a pessoa doente a quem realiza a unção.
4. A extrema-unção dá à pessoa doente graça santificante a fim de a animar e fortalece.
5. A extrema-unção efectiva a remissão de pecados graves ainda remanescentes e os pecados veniais.
6. A extrema-unção efectiva algumas vezes a restauração da saúde corpórea, se isso resulta numa
vantagem espiritual.
7. Apenas os Bispos e os sacerdotes podem administrar validamente a extrema-unção.
8. A extrema-unção pode ser recebida apenas pelos Fiéis que estão seriamente doentes.
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XVI. Os Novíssimos
1. Na presente ordem da salvação, a morte é um castigo para o pecado.
2. Todo o ser humano sujeito ao pecado original está sujeito à lei da morte.
3. As almas dos justos que no momento da morte estão livres de toda a culpa, do pecado e castigo do
pecado, entram no Céu.
4. A felicidade do Céu dura por toda a eternidade.
5. O grau da perfeição da Visão Beatífica concedida para o justo é proporcional ao mérito de cada um.
6. As almas daqueles que morrem na condição de grave pecado pessoal entram para o Inferno.
7. O castigo do Inferno dura para toda a eternidade.
8. As almas dos justos que, no momento da morte, estão carregadas de pecados veniais ou castigos
temporais devido aos pecados, entram no purgatório.
9. No fim do mundo, Cristo voltará novamente na glória para pronunciar o julgamento.
10. Todos os mortos se levantarão novamente no último dia com os seus corpos.
11. Todo o morto se levantará novamente com o mesmo corpo que ele teve sobre a terra.
12. O Cristo, na sua segunda vinda, julgará todos os homens.
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