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kite Hikes fa oe cca ten Ster eee Coen er ken ea eee nO te Le Re Re Roms a | Supremo o reverendo Natanael Cortez. O SC de 1945 havia nomeado uma Comisso para organizaruma “Casa Editor (Ribeiro a presdiu). Segundo On aC ae OM acta cake nig eee eres Pore RCC eSM ORC SM Oe Me ane al (respectivamenttesoureinoeseeretirio da reerda Comisso) Rui Barbosa de Campos, entre outos, Cente fgise consagrados er aN ee umes mer Tena ten NG promovendo a gléria de Deus. Esta segunda edigdo de 0 Sistema Deals temo valor dete sido um marco em nosso come. en cee CMC tect cn ens Posten eure reer antn cncciy arma Dee ee ee eae rues Per SS a! ESO ESTE LIVRO DEVE SER DEVOLVIDO NA ULTIMA DATA CARIMBADA, c= | _OSISTEM —— PRESBITERIANO SEMIKARIO TEOLOGICO PRESBITERIANG “REV. DEWOEL WICODENOS ELLER ~ BIBLIO cA SREV, OBE R CUNHA" Ne DE REGISTRO: HFR6 paTAL SO _y_O% 99 € W. H. Roberts DOADO POR O Sistema Presbiteriano W. H. Roberts Str - E Biblioteca “ Rev. Ouéies Fovicica da Cunha * IF edigao historia — 1947 2 edigao 1999 — 3,000 exemplares ‘Tradugao: Gutenberg de Campos Revisto: Ana Elis Nogueira Flavia Bartkevicius Cruz Formatagio: Rissato Cap: Publicagiio aprovada pelo Conselho Editorial: Claudio Marra (Presidente), Aproniano Wilson de Macedo, Augustus Nicodemus Lopes, Fernando Hamilton Costa, Sebastido Bueno Olinto €DITORA CULTURA CRISTA (Caixa Postal 15136 - Cambuci 101599-970 - Sio Paulo - SP Fone: (011) 270-7099 - Fax: (O11) 279-1255 cep cep ong br — ww.cep ong be ‘Superintendente: Haveraldo Ferreira Vargas Editor: Claudio Antonio Batista Marra NASCE A CASA PUBLICADORA PRESBITERIANA 1947, Ano notavel, de grandes comecos. A ex- pressdo acima foi empregada pelo reverendo Boanerges Ribeiro, a propésito da primeira edicao desta obra, O Sistema Presbiteriano. Era presidente do Supremo o reverendo Natanael Cortez. O SC de 1945 havia nomeado uma Comissao para organi- zar uma “Casa Editora” (Ribeiro a presidiu). Segun- do o historiador Jitlio Andrade Ferreira, os nomes de Gutenberg de Campos, José Borges dos Santos Jr., Osny Silveira e Pedro Pucci estavam ligados & Edito- ra no comeco. Houve também Joao Lupion, Arman- do Azevedo (respectivamente tesoureito e secreté. tio da referida Comissao) e Rui Barbosa de Cam- pos, entre outros. Crentes fiéis e consagrados. Com mais de 50 anos agora, a CEP continua servindo a IPB e promovendo a gléria de Deus. Esta segunda edigao de O Sistema Presbiteriano, além da contribuicéo evidente por seu sdlido contetido, tem o valor de ter sido um marco em nosso comeco. Louvamos a Deus por nossa histéria e, consa- grados hoje a ele, nos dedicamos com entusiasmo ao desenvolvimento de seu reino. Cléudio Marra Editor CASA DE FERREIRO ESPETO DE PAU Dos sistemas doutrindrios da cristandade, pode se dizer, sem nenhum favor, que o mais séli- do, 0 mais logicamente articulado e o que melhor expressa o ensino das Escrituras é o Presbiteriano. Confiados na solidez do sistema, os ministros presbiterianos nem sempre tém procurado rteal- car e difundir os princfpios essenciais que caracte- rizam a sua teologia. Seu ensino e sua pratica tem visado mais as doutrinas comuns a todas as igre- jas evangélicas e, principalmente, a obra de evangelizacao. E mesmo. Em casa de presbite- tianos é raro ouvir falar em Presbiterianismo. Do evangelho é que se fala mais freqiientemente. No Brasil, a Faculdade Presbiteriana de Teolo- gia tem se caracterizado por uma orientacdo dou- trinéria firme e conservadora. E um baluarte da fidelidade & boa doutrina. Entretanto, os ministros que ali se formaram nao sao homens intoleran- tes. Sao cristaos suficientemente liberais e sensa- tos para cumprir, sem quebrar os principios do seu sistema, os deveres da fraternidade e da cola- boracao crista com todas as denominagdes genu- inamente evangélicas. A preocupagao absorvente CASA DE FERREIRO ESPETO DE PAU 5 nao é o proselitismo denominacionalista estreito, mas a salvagao dos homens por meio de Jesus Cristo. Por isso, embora nao falem tanto como outros em unido de igrejas, eles so os que, de fato, concorrem mais para conservar a boa vizi- nhanga interdenominacional. A numerosa familia presbiteriana tem ajudado a divulgar toda a boa literatura evangélica publicada pelas outras unida- des do evangelismo nacional. E por que é que sio presbiterianos? Em que consiste a esséncia basica e particular do seu sistema? E 0 que todos os presbiterianos leigos deveriam saber e talvez nem todos saibam. E 0 que vai ensinar o pequeno e otimo livro “O Sistema Presbiteriano” de W. H. Roberts, que tao oportunamente acaba de traduzir o Rev. Gutenberg de Campos. “O principio capital é a Soberania de Deus”. Todo o sistema depende des- sa importante verdade revelada nas Escrituras. Esse principio, € certo, suscita problemas e dificulda- des intelectuais. Entre eles, o mais complexo de todos € o da liberdade. Ha solucoes tidas como definitivas e satisfatorias. Sao simplesmente ingé- nuas. E outra coisa, no fazem mais do que negar um dos termos do problema. O Sistema Presbi- teriano nao nega nem pretende resolver. Verifica 0 fato da liberdade, reconhece a Soberania, mas subordina a liberdade humana a Soberania de Deus. Desse assunto, em suas relacdes mais im- 6 © SISTEMA PRESBITERIANO portantes, vai tratar 0 livro que aparece em boa hora e que merece franca, inteligente e cardial aco- Ihida de todos os que, sinceramente, desejam co- nhecer 0 ensino da Biblia. Ao espirito vigilante do Rev. Gutenberg de Campos, a pena competente do Rev. Boanerges Ribeiro e ao espirito servical de Ruy Barbosa de Campos, devemos o aparecimento da obra em portugués. Dos beneficios que vai produzir, dirdio 05 leitores que, estou certo, seraio numerosos J. Borges dos Santos J. O Rev. Gutemberg de Campos, secretario de Educagao Religiosa da Igreja Crista Presbiteriana do Brasil, obteve, hd tempos, a permiss&o para publicar, em portugués, o espléndido livrinho de Roberts sobre o sistema presbiteriano. Traduzindo-o, entregou-o a Comissao da Casa Editora Presbiteriana, a qual lutava e luta com difi- culdade para funcionar pela falta de recursos fi- nanceiros. O senhor Rui Barbosa de Campos se propés publicar o livro em sua tipografia, ofere- cendo a comissao direitos de distribuicdo. Assim, com 0 espirito de sacrificio de leigos e pastores — uns dando tempo e trabalho gratuito, outros colo- cando a disposi¢ao da Igreja suas aptidées profis- sionais, nasce a Casa Editora Presbiteriana, Con- vém lembrar que a biografia de Miguel Torres esta sendo publicada, nas mesmas condi¢ées, pelo se- nhor Pedro Guido Pucci, de Franca, havendo o seu autor, Rev. Jtilio de Andrade Ferreira, aberto mao dos direitos autorais da primeira edicao. “O Sistema Presbiteriano” é uma obra especi- ficamente teolégica; um trabalho denso, sintético. E como esses alimentos que nos vém desidrata- dos. Antes de absorvé-la, é necessario restabele- cer a quantidade normal de palavras e pensamen- tos paralelos que tornem bem simples essa lucida exposicao. Por este motivo e sob os auspicios da Secretaria de Educacao Religiosa, apresentamos 0 livro para estudo na Escola Dominical, nas Unides 5 © SISTEMA PRESBITERIANO de Mocidade, nas Sociedades Auxiliadoras Femi- ninas. Seré util que os pastores, com a necessdria antecedéncia, déem aulas aos professores ou mantenham com eles palestras em tomo dos en- sinos do livro. Tomei a liberdade de adaptar ao ambiente na- cional ¢ ao nosso tempo as referéncias do autor igreja norte-americana. Nao significa isto que se fez qualquer alteracao ou acréscimo a obra. Sim- plesmente, onde ele se refere a instituicdo e leis norte-americanas, 0 assunto foi “traduzido” para instituig6es e leis brasileiras, tanto eclesidsticas como civis. Porque escrevendo em sua terra, para sua gente, ele aplicava 0 ensino a sua terra @ a0 seu povo. Pela Comissao, Boanerges Ribeito PREFACIO Procurei expor neste livrinho, de modo claro e explicito, as caracteristicas, a autoridade e os de- veres do Sistema Presbiteriano. Dou énfase a in- fluéncia da idéia fundamental desse sistema: a so- berania de Deus sobre 0 seu todo ¢ sobre cada parte. Apresento os aspectos fundamentais do presbiterianismo — como se encontram nos pa- drdes de Westminster — sob os seguintes titulos: Teologia, Dever, Culto e Governo. Indico até que ponto vai a autoridade desses padroes sobre os membros e os oficiais da Igreja Presbiteriana, e as obrigacées individuais e coleti- vas decorrentes da aceitacéo dos mesmos. Entrego-o ao puiblico na esperanga de que seja til & clara compreensao da natureza e da posigao hist6rica do Sistema Presbiteriano, tanto no que concerne a fé como no que diz respeito & pratica W.H. R. © SISTEMA PRESBITERIANO Tanto a letra como o espirito da Palavra de Deus nos autorizam a fazer um estudo sistemati- co do ensino biblico. Por isto, a Igreja Presbiteriana formulou um sistema que contém os principios e costumes que ela professa. Nestas paginas tenta- rei expor, resumidamente, o sistema de verdades contidos nos padrées da Igreja ou, em outras pa- lavras, buscarei responder a seguinte pergunta: “Quais as caracteristicas fundamentais do Sistema Presbiteriano de fé e pratica?” \ A IDEIA FUNDAMENTAL A palavra “presbiteriano” nao designa apenas oadepto de uma forma particular de governo ecle- sidstico. Portanto, “Sistema Presbiteriano” nao é apenas o cédigo de leis que regem determinada organizacao teligiosa. Um sistema, seja de filosofia ou de teologia, pode ser definido como uma classificagdio légica de verdades afins, sob 0 império de uma idéia pre- dominante. Nenhuma verdade tem existéncia iso- lada; ha viva interdependéncia entre as verdades. Ea relacdo harmoniosa de verdades que interde- pendem, sob uma idéia fundamental comum, equivale a um sistema. Nao se deve julgar um sistema de verdades isoladamente, por qualquer de suas partes, nem por caracteristicas acidentais, mas sim por todas as suas partes em conexao légica com a verdade fundamental. Adoutrina da soberania de Deus é a idéia fun- damental do Sistema Presbiteriano. Soberania de Deus significa o controle absoluto de tudo quanto existe, exercido por Deus. O Espirito de Deus, oni- potente, onipresente, onisciente, eterno e supre- 4 © SISTEMA PRESBITERIANO mo governa todas as coisas visiveis e invisiveis, e as governa para fins sdbios, santos e justos: fins estes conhecidos cabalmente por Deus apenas. Definirei, pois, Sistema Presbiteriano: € 0 cor- po de verdades e leis religiosas que tem como ver- dade fundamental a soberania de Deus. 1. O Principio Central— Da soberania de Deus decorre, de fé e pratica. A primeira coisa que deve verificar quem pesquisa verdade religiosa é se Deus — que éa verdade eterna — realmente falou orien- tando os homens em materia de fé e de conduta. Todos os cristos afirmam que Deus falou aos homens e que essa revelacao se acha entesourada na Biblia. Mas embora todos os que se dizem cris- taos aceitem a Biblia como Palavra de Deus, nem todos a consideram regra unica de fé e pratica. Poderiamos dividir a cristandade em quatro clas- ses, neste assunto: racionalistas, liberais, catdlicos € evangélicos. Os racionalistas negam que a Biblia seja realmente Palavra de Deus; os liberais afir- mam que a Palavra de Deus esta contida nas Sa- gradas Escrituras, mas negam que toda a Biblia seja a Palavra de Deus. Além disto, alguns liberais colocam a razdo humana em pé de igualdade com a Escritura, como fonte de conhecimento religio- 0; 0s catdlicos (os que assim se denominam) sus- tentam opiniao bem diversa do racionalismo: tan- to os catélicos gregos, como os romanos e os anglicanos afirmam que a Biblia é a Palavra de A 1DEIA FUNDAMENTAL Is Deus. Mas aceitam, também, as tradigdes e a voz da igroja coma fontes legitimas de autaridade reli- giosa, ao lado da Biblia. E em conseqiiéncia disto, sempre tém substituido as Sagradas Escrituras por mandamentos de homens e decretos de concilios. Os evangélicos combatem as trés posicées aci- ma. Em oposigao as duas primeiras, sustentam que a Biblia é. em sua totalidade. a Palavra de Deus e que cada uma de suas partes é divinamente ins- pirada e infalivel. Contra os catélicos (gregos, 1o- manos e anglicanos) afirmam que a Biblia é a ti ca regra de {é e pratica, e rejeitam a tradicaio como regra de fé. Tomam para seu moto neste assunto a nobre senha: “A Biblia e somente a Biblia é a religiao dos protestantes”. Podemos, pois, resumir assim a posigao dos evangélicos: a soberania de Deus implica na so- berania de sua palavra. Desde que se concorde que na Biblia Deus se revelou ao homem, segue- se que nem as conclusées da razaio humana finita, nem os decretos de uma igreja ou de um papa infalivel, podem ser regra suprema de fé e pratica Somente a Palavra de Deus constitui, para o ho- mem, uma regra infalivel de fé e de pratica. Se aceitamos que certo livro é a Palavra de Deus, de- vemos aceité-lo em todas as suas partes como autoridade suprema. Ao lado da Biblia, a razao nao é norma de fé mas instrumento de interpreta- cao. Neste assunto, os presbiterianos pensam 16 © SISTEMA PRESBITERIANO como todos os evangélicos: a regra de fé e pratica 6 toda a Rihlia — @ somente a Biblia. O Sistema Presbiteriano aceita como objeto de consideragao permanente apenas aquelas coisas cuja origem e autoridade decorrem das Escrituras. Poderiamos chamar & aceitagéo da soberania da Palavra de Deus © principio organico. Vem ele exposto no primeiro capitulo da Confissdo de Fé. Os presbiterianos iniciaram sua Confissao de Fé colo- cando as Sagradas Escrituras em primeiro lugar. 2. Direito de associagdéo denominacional— K aceitacaio da Palavra de Deus escrita como regra infalivel de fé e pratica nos coloca diante do se- guinte problema: que relacao existe entre 0 indivi- duo e a interpretagao da Palavra de Deus? Que relacao tém com a Biblia os cristéos organizados em diferentes denominacdes? Os padrées presbiterianos respondem a pri- meira pergunta com o principio de que a sobera- nia de Deus decorre de que somente Deus é Se- nhor da consciéncia; é a Deus, Senhor Supremo, que cada homem tem de prestar contas. Visto que Deus é soberano, sua Palavra é a regra suprema de fé e pratica, e cada individuo tem o direito de interpreta-la pessoalmente, de acordo com os pré- pfios principios que ela encerra. Antes de criar or- ganizacdes e antes de elaborar constituigdes ecle- sidsticas, a religido evangélica, em sua forma presbiteriana, coloca a alma em contato direto com A IDELA FUNDAMENTAL 7 Deus, sem qualquer obstaculo oriundo de proces- sas da ra7ao ou de declaracées da Igreja. Na Con- fissio de Fé, este fato esta assim expresso: “So Deus é Senhor da consciéncia e ele a deixou livre das doutrinas e mandamentos humanos que, em qualquer coisa, sejam contrérios 2 sua palavra ou que, em matéria de fé ou de culto, estejam fora dela” (Confissao de Fé, cap. XX, pardagrafo Il). “Portanto, os presbiterianos consideram univer- sais e inaliendveis os direitos do juizo individual em tudo quanto diga respeito a reli de Governo). Portanto, cada pessoa tem o direito de inter- pretar por si mesma a Palavra de Deus — com 0 devido respeito ao Criador. Segue-se dai que cada homem tem 0 direito de se associar com outros para alcancarem 0 altos e santos objetivos da re- ligido crista. Nao é nosso objetivo discutir 0 valor das denominagées evangélicas, mas afirmamos que elas colhem apoio, tanto na natureza humana como na Biblia. O que nos interessa é assinalar a posicao da Igreja Presbiteriana no assunto. Na For- ma de Governo, cap. I, Secdo 2 lemos que “em perfeita harmonia com os prinaipios acima (de juizo individual) qualquer igreja cristé; qualquer unido ou associacao de igrejas particulares tem o direito de formular condicées de admisséo ao seu gré- mio, definindo as qualificacdes de seus ministros e de seus membros. Podem, igualmente, deter- 18 © SISTEMA PRESBITERIANO minar todo o sistema de seu governo interno — contanto que 0 determinem de acordo com os ensinos de Cristo. No exercicio desse direito, qual- quer igreja pode errar, formulando termos de ad- misao demasiado amplos, ou excessivamente es- treitos. Mas o seu erro nao prejudica a liberdade e os direitos dos outros. Quem erra é que esta fa- zendo uso impréprio de um direito". Em virtude das liberdades gémeas de juizo in- dividual e de associagdo voluntaria, e de acordo com as Escrituras, organizou-se 0 grupo de cris- taos conhecidos como presbiterianos, para man- ter o sistema de fé e pratica, de culto e governo que aceitam como o sistema biblico. Se os presbiterianos erram ao afirmar que o sistema presbiteriano € o sistema biblico, adotando-o e sustentando-o, nao tolhem a liberdade de pessoa alguma: tao somente fazem uso impréprio de um direito que é seu. Mas a verdade é que nés, presbi- terianos, estamos profundamente convencidos de que sao biblicos os principios que professamos — com todo 0 respeito para com os que assim nao pensam. E, portanto, um direito nosso exigir dos pastores, presbiteros regentes e didconos a acei- tacao pessoal da Confissao de Fé, do Breve Cate- cismo e do Catecismo Maior como a sistematiza- Ao do ensino biblico. Da mesma forma, exigimos a aprovacao sincera da forma de governo expres- sa na Constituigao da Igreja i] ASPECTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA PRESBITERIANO Apés as consideracées anteriores, é natural que verifiquemos quais os aspectos capitais do siste- ma que estudamos. As linhas mestras do estudo sero as de todas as teligises: Teologia, Dever, Culto e Governo. 1) Teologia. E fundamental, no presbiterianis- mo, 0 seu sistema teolégico: exposigéo do que devemos crer acerca de Deus e das suas relagdes com os homens. Tem-se dito que a teologia presbiteriana é calvinista, mas este termo nao diz tudo. Todas as doutrinas presbiterianas tém sua origem na Pala- vra de Deus. A disposicéio dessas doutrinas se su- bordina, sempre, a idéia calvinista da soherania de Deus. Mas, na Confissao de Fé e nos Catecis- mos ha outras doutrinas, além daquelas que séio peculiarmente calvinistas. Ha, em nossos padrées doutrinarios, trés gran- des elementos teolégicos: no primeiro esto as dou- trinas aceitas por todos os ctistaos: no segundo. dou- trinas mantidas por todos os protestantes; no tercei- 10, as doutrinas caracteristicamente calvinistas. 0 © SISTEMA PRESBITERIANO No primeiro elemento — doutrinas aceitas por todas os cristdios, hd verdades como a existéncia de Deus, a unidade de Deus, a trindade, o plano de Deus, a criacdo, a providéncia, a queda do ho- mem, 0 pecado e 0 castigo, a liberdade da vonta- de humana, a pessoa de Cristo, a personalidade do Espirito Santo, a salvagao mediante a obra do divino Redentor ea resstirreicaa dos mortos. Qs cristaos todos aceitam, substancialmente, essas doutrinas em sua forma geral, mesmo quando introduzem variacdes em detalhes. No elemento caracteristicamente protestante estao doutrinas como a da supremacia das Escri- turas Sagradas como regra de fé e pratica; supre- macia da autoridade de Deus sobre a consciéncia humana; sacrificio vicdrio e mediagao exclusiva de Cristo; justificagao do pecador arrependido somen- te pela fé; promogao dos santos para o céu imedi- atamente aps a morte e sua completa santificagdo no estado de gléria. Estas doutrinas sao um trago de uniao entre todos os cristaos evangélicos de todo o mundo, No elemento caracteristicamente calvinista do presbiterianismo estao as doutrinas usualmente denominadas os cinco pontos peculiares ao calvinismo: a) predestinac&o incondicional, opos- ta a predestinacdo condicional; b) expiagdo defini- da ou a redencdo particular, oposta a expiaciio in- definida; c) a depravacao total do género huma- ASPECTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA PRESBITERIANO 2 no, oposta a depravacdo parcial; d) a graca eficaz, posta A graca incerta; e) a perseveranca final dos santos, oposta a perseveranca parcial. Estes cinco pontos sao peculiares ao presbiterianismo e dis- tinguem os calvinistas dos demais cristéos evan- gélicos. Muitos batistas e congregacionais, e alguns episcopais e metodistas sao, nestes cinco pontos, teologicamente presbiterianos A idéia fundamental do sistema, soberania de Deus, se relaciona diretamente com cada um des- ses cinco pontos. As doutrinas universais mencionadas antes, e todas expostas na Confissaio de Fé, afirmam, com reveréncia e énfase, que Deus existe; que Deus existe em Trindade, sendo um em substancia; que ele é espirito onipotente, onipresente, onisciente, eterno. Infinitamente santo, sdbio e bom; que o universo é desenvolvimento de um plano eterno de Deus; que, havendo criado todas as coisas, Deus a todas governa; que a liberdade de vontade é dom de Deus e torna o homem moralmente responsé vel; que Deus permitiu 0 pecado, mas também determinou sua punicao; que do pecado o homem é gratuitamente salvo por aquele de quem se diz: Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito, para que todo o que nele cré no pereca. mas tenha a vida eterna: e. finalmen- te, que um dia todos os homens ressurgirao dos mortos e receberao no tribunal divino a sentenca inapelavel e final. 2 © SISTEMA PRESBITERIANO Na Confissao de Fé, o elemento protestante é também dominado pelo principio da soberania divina. Porque Deus é Soberano é que sua pala- vra é a Gnica regra infalivel de fé e prdtica; que todo homem Ihe é diretamente responsavel em matéria religiosa; que, fora do sacrificio e da medi- aco de Cristo, nao ha salvagao para o pecador; que boas obras nao salvam, mas somente a fé em Cristo; que nao hd estado intermedidrio deno- minado purgatério, mas que as almas dos mortos ou vao para 0 céu ou para o inferno. Os cristaos protestantes nao créem que a igreja, ou a razéo humana, sejam fontes de divina autoridade em matéria religiosa; que os homens tenham o direi- to de impor doutrinas usando a forga; que os pe- cadores possam ser salvos por outro modo além da mediacao de Cristo; que a graca de Deus possa ser comprada com boas obras; que os crentes pre- cisem esperar depois da morte durante longo pe- riodo antes de serem aceitos a presenca de Cristo. Desde que Deus é Soberano, a Biblia é lei supre- ma; o homem, um ser responsvel perante Deu: a salvacao depende apenas da fé; a graga vem de Deus sem dinheiro e sem preco, gratuitamente, e © céu é uma realidade imediata apés a vida terrena. Também no elemento calvinista propriamen- te dito, a Confissao exalta a soberania de Deus. Os cinco pontos do calvinismo sao apenas a afirma- cdo da soberania de Deus na salvacéo do homem. ASPECTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA PRESBITERIANO b Para nds, a salvacdio de cada crente faz parte de um grande plano da providéncia divina. formula- do desde toda a eternidade. Sem a interferéncia da vontade de Deus, nem mesmo um simples pardal tombaria ao solo. Com referéncia a salva- do, ctemos o seguinte: a) que a salvagao nao vern como recompensa a fé, mas que tanto f6 como salvacao sao dons gratuitos de Deus; b) que todo crente é objeto de amor eterno, gracioso, defini- do, incompardvel; ¢) que o pecado domina o ho- mem de tal maneira que este é incapaz de salvar- se por si mesmo; d) que a regeneracao é um livre ato da vontade de Deus — e de Deus apenas; e) que o homem nao pode ser, ao mesmo tempo, autor do pecado e autor da salvacdo; f) que quan- do © Espitito Santo toca eficazmente uma alma, ela adquire nova vida; g) que aqueles a quem Deus ama em Cristo, so de seu amor até o fim: a pes- soa tegenerada nao é daquelas que se retiram para a perdicao, mas daquelas que créem para 0 ga- nho da alma (Hb 10.39) O calvinismo ensina que 0 autor do universo é, também, autor da salvacao. Ensina que Deus é amor e que esse amor, plenamente revelado em Cristo, é mais forte do que a morte. Afirma, ainda, que Deus se relaciona com a alma de cada pessoa individualmente, nao com a massa. Declara que Deus, fonte de toda a graca e de toda a vida, con- cede ao pecador graga e vida. Declara, finalmente, a © SISTEMA PRESBITERIANO que o homem convertido é filho de Deus para sem- pre. O plano, o amor, a vida, o poder e as pro- messas de Deus fazem da salvacao do homem arrependido uma certeza gloriosa. Os cinco pontos do calvinismo, partindo do estado de pecado e de misétia em que se acha o homem, incapaz de ordenar sua propria salvacio, passam a apresentar os quatro passos do livra- mento: predestinacao, redencio, conversio e santi- ficagao. A santificacaio culmina com a glorificagao. Encontramos todo o calvinismo em sua for- ma original nas seguintes palavras: Todo aquele que o Pai me dé, esse vird a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o langarei fora (Jo 6.37) As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as co- nhe¢o, e elas me seguem. Eu thes dou a vida eter- na; jamais perecerao, e ninguém as arrebataré da minha mao (Jo 10.27,28). Ora, aquele que é po- deroso para vos guardar de tropecos e para vos apresentar com exultacdo, imaculados diante da sua gloria, ao unico Deus, nosso Salvador, medi- ante Jesus Cristo, Senhor nosso, gloria, majesta- de, império e soberania, antes de todas as eras, € agora, e por todos os séculos. Amém (jd 24,25). A teologia presbiteriana é consistente do co- meco ao fim. Reconhecendo a soberania divina em todas as coisas, tanto na natureza como na graca e na providéncia, atribui tudo quanto acon- tece a soberana vontade de Deus. O Racionalismo, Rev Ob BiH on Pele ASPECTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA PRESBITERIANO 25 pelo contrario, atribui o governo e 0 controle do universo a forcas naturais, cegas e sem inteligén- cia. O racionalismo acaba sempre no deismo, na infidelidade ou no fatalismo. O arminianismo, por sua vez, faz do homem, em grande parte, o arbi- tro do destino, mutilando, assim, a fé, oftuscando aesperanca, introduzindo, enfim, os caprichos, as impertinéncias e as fraquezas inerentes & nature- za humana, como fatores preponderantes no pla- no universal das coisas. O Sistema Presbiteriano afirma que o Espirito Eterno, misericordioso, justo, onipresente, onipo- tente e onisciente criou e sustenta, guiou e conti- nuaré a guiar, todo o universo, a flor modesta e 0 sol flamejante; 0 homem pecador e o santo ar- canjo, até que os propésitos divinos se consumam na libertagao do pecado em que se acha acorren- tada a criagdo fatigada e gemedora. Créem os presbiterianos que, embaixo, em cima, ao redor, em cada parte e no conjunto do sistema de coisas a que denominamos Universo, houve, ha e havera uma vontade dominante, uma justica real, um nobre amor: a justica, a vontade e © amor que Deus é. Nao acreditam na fatalidade e nem no homem como 4rbitros do destino, mas em Deus, o Pai onipotente. 2. Dever. Entre as doutrinas essenciais do re- gime presbiteriano estao aquelas que determinam o dever do homem. Na determinacao das leis que ‘ee ee OOOO 2% 0 SISTEMA PRESBITERIANO regem a conduta humana nao ha som confuso em, nossos padrées. Principios e preceitos morais sao neles apresentados com a mais absoluta clareza, As principais doutrinas sobre o dever sao as que se referem & livre agéncia do homem, a lei de Deus, ao pecado, a fé em Cristo, as boas obras, a liberdade crista, aos votos e juramentos legais, & magistratura civil, ao casamento, ao divércio e ao juizo final. Também estas doutrinas se conjugam em ordem légica com o principio fundamental da soberania de Deus. Da soberania divina decorrem as seguintes verdades: a) a livre agéncia do ho- mem é um elemento pré-ordenado em sua per- sonalidade e implica na sua responsabilidade pe- rante Deus; b) a Lei Moral, como se encontra nos. dez mandamentos e de modo amplificado no Novo Testamento, continua em vigor, e os homens the devem inteiro respeito e obediéncia; c) tudo o que, no homem, se opuser a lei divina, seja em pensa- mento, em palavra ou em obra, é pecado; d) a fé em Cristo é um dever de todos aqueles que ou- vem e conhecem o evangelho; e) homem algum tem o direito de sobrecarregar a consciéncia de outros homens com distin¢Ses morais que nao estejam em harmonia com a Palavra de Deus; £) os ctistéos devem provar, com uma vida piedo- sae reta, as verdades doutrindrias que professa g) boas obras constituem a prova de que o cristéo ja pertence a familia de Deus, mas nao servem de ASPECTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA PRESBITERIANO n base nem de recurso para a salvagao do pecador; h) o homem nao pode comprometer-se, em hip6- tese alguma, a fazer 0 que nao seja reto; i) deve- mos cultivar grande reveréncia pelo nome de Deus; j) 0 Estado, tanto quanto a Igreja, ¢ de instituicao divina; k) a obediéncia a autoridade civil legitima equivale a obediéncia devida a Deus; 1) tanto na Igréja como no Estado, a familia é a fonte e a se- guranca da prosperidade. Resumindo os trés tilti- mos tdpicos direi: os preceitos que governam re- lagdes entre os homens, sejam pessoais, politicas ou eclesidsticas, devem estar em plena harmonia com a Palavra de Deus. Encarecendo os preceitos rigidos sobre o de- ver, os calvinistas dao énfase ao juizo predestina- do por Deus: énfase a certeza de que cada pensa- mento, palavra e ato de cada individuo, em todas as circunstancias e relagées da vida, estarao sujei- tos ao julgamento de um tribunal onisciente, im- pessoal, imparcial e inflexivel; julgamento que sera seguido de uma sentenca justa e itrevogavel Uma expresso concisa da responsabilidade humana a luz da soberania divina se encontra nas palavras do Salvador: ... o Senhor, nosso Deus, é 0 dnico Senhor! Amarés, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coragao, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua torca. O se- gundo é: Amards o teu proximo como a ti mes- mo. Nao ha outro mandamento maior do que es- 28 0 SISTEMA PRESBITERIANO tes (Mc 12.29-31). Digo-vos que de toda palavra ftivola que proferirem os homens, dela darao conta no dia do jutzo (Mt 12.36). O verdadeiro dever, tanto para com os homens como para com Deus, tem, como fonte, a sobera- nia divina e por ela é dominado na determinacao da responsabilidade humana Ja houve quem afirmasse que o Sistema Presbiteriano faz pouco da responsabilidade hu- mana, tornando o homem simples maquina. Tal afirmagao se origina em um falso conceito do sis- tema que adotamos. E verdade que o calvinismo — e com muita razao — encarece a soberania de Deus, mas, assim fazendo, engrandece também o homem e suas obrigacdes. Quanto se fizer para tornar clara e patente a idéia da soberania divina, terd como resultado a exaltagao da responsabili- dade humana. Quanto mais claramente Deus é compreendido e a sua soberania reconhecida, tan- to mais aceitaveis e obrigatérios se tornam os se- guintes principios: o homem é um ser livre, pre destinado; a vida reta € um dever perpétuo esta- belecido por Deus; a responsabilidade moral do homem foi pré-ordenada pelo Espirito Divino; 0 juizo de Deus é inevitavel e a libertacaio do castigo e da condenacao sé é possivel mediante Jesus Cristo. A soberania, alei e a justica de Deus, em harmonia com a liberdade humana, fazem dos conceitos presbiterianos sobre o dever uma forca moral austera e poderosa. ASPECTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA PRESBITERIANO 2» Leais 4 doutrina da soberania da lei de Deus sobre a vida humana, os calvinistas tém, como nenhum outro grupo de cristaos, aplicado essa lei & conduta dos homens. A aplicacéo comum da palavra “puritano” & moral calvinista é evidéncia desse fato, dispensando a citagao de outras provas. N&o somente na vida intima do individuo, mas também nas relagées ptiblicas da sociedade, o calvinismo tem sido uma forga moral incontrasta- vel. Diz 0 grande Gladstone que a influéncia geral do presbiterianismo assegurou aos homens, “na ordem civil, as vantagens de auto-governo local e das instituicdes representativas; habitos disciplina- dos da mente, respeito pelos adversdrios e alguns dos elementos do sentimento juridico; desenvol- vimento de individualidades genutnas, ao lado do desencorajamento de personalismos arbitrdtios e de toda e qualquer tendéncia excéntrica; senti- mento da vida comum e enérgica disposi¢ao de defendé-la; amor a lei combinado com amor a liberdade”. O verdadeiro calvinismo tem sido e é podero- sa forca do bem tanto na vida individual como na do Estado, exercendo decisiva influéncia na con- duta do cidadao e na ordem social. O resultado mais glorioso do calvinismo tem sido a criacia de consciéncias tementes a Deus e de cidadaos fi¢is a lei. Fé em Cristo e obediéncia a Deus determi- nam sempre respeito as lei 0 © SISTEMA PRESBITERIANO 3. Culto — O culto ocupa lugar de eminéncia na Igreja cristd, tanto no que se refere a pessoas. como a lugares e formas. Poderiamos definir culto como um movimen- to da alma humana para Deus, em nome de Jesus Cristo, no qual se adoram as perfeigdes divinas, exalta-se a bondade de Deus, imploram-se bén- caos celestiais como 0 perdao dos pecados. Para muitas pessoas, o culto é a esséncia da religiao e, em nenhum outro departamento da religiao, tem os homens procurado tao insistente e audazmen- te interferir na soberania de Deus. As doutrinas principais dos padrées presbiteria- nos, com referéncia ao culto, sao: a) somente Deus deve ser adorado; b) deve ser adorado pela medi- ago de Cristo apenas; c) Deus aceita 0 culto quan- do tributado em espirito e em verdade, sob a dire- ao do Espitito Santo; d) somente no culto verda- deiro pode o pecado ser perdoado e obtido 0 fa- vor divino; e) no Evangelho, parte alguma do cul- to religioso aparece subordinada a este ou aquele lugar; f) dentre os sete dias da semana, Deus se- parou um para o descanso, devendo esse dia ser inteiramente consagrado a Deus; g) os principios gerais do culto esto expostos na Biblia. Nestas doutrinas, como nas demais do presbi- terianismo, a idéia dominante ¢ a da soberania divina. Visto que Deus ¢ Soberano, toda e qual- quer idolatria é proibida; 0 culto nao deve ser ofe- ASPECTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA PRESBITERTANO 31 recido através de medianeiros humanos, mas atra- vés de Jesus Cristo, tinico mediador e tinico sacer- dote; os ministros nao sao sacerdotes, mas lide- res da congregacao e do culto; homem algum e anjo algum tém 0 poder de perdoar pecados e de conferir gragas: somente Deus tem tal poder; 0 culto verdadeiro pode ser realizado em qualquer lugar; 0 caminho que conduz ao favor divino parte do coracaio arrependido e nao das montanhas de Gerizim ou das colinas de Jerusalém; a lei do des- canso em um dia dedicado ao culto e 4 comu- nhao especial com Deus nao foi ab-rogada e os cristaos devem guarda-la; somente as ordenan- cas de culto indicadas na Palavra de Deus é que tém autoridade e sao obrigatérias; 0 culto deve ser oferecido a Deus nao somente pessoal e inti- mamente, mas também em assembléias ptiblicas; as formas e as ordenangas religiosas sao simples meios para a conquista dos grandes objetivos da vida espiritual dos crist&os, mesmo os sacramen- tos urdenados por Deus, precivsus com sav pata aalma do crente, representando, embora, a cul- minancia do culto divino e o verdadeiro contato da alma com Cristo, contudo, nao tém em si mes- mos eficdcia alguma, e somente pela béncao de Deus se tornam operantes. Poderfamos resumir assim os prineipios presbi terianos do culto: nao ha outro objeto de culto além de Deus; nao ha outro sacerdote além de Cristo; nao ha perdao senao para o pecador arrependido; © SISTEMA PRESBITERIANO para a obtencao do favor divino nao ha obstaculo além da incredulidade; ndo ha culto senao o tri- butado a Deus em espitito e verdade; nao existem formas de culto além daquelas expressas na Biblia O calvinismo condena os expedientes huma- nos que tendem a dificultar a livre comunhao do homem piedoso com o seu Criador. No Sistema Preshiteriano, a alma 6 colacada em cantata dire- to com Cristo, que a leva a presenca do Deus eter- no de quem ela ouve, pessoalmente, as consoladoras palavras: ... Filho, os teus pecados estao perdoados (Mc 2.5). Os princfpios acima expostos criaram formas de culto simples e claras, que tém sido parte do testemunho e da gloria das Igrejas Presbiterianas por muitas geragdes. Opondo-se aos romanistas e aos ritualistas, os presbiterianos afirmam e sus- tentam que o culto prestado aos santos e aos an- jos é uma usurpacao da gloria divina; que os sa- cerdotes exploram 0 nome e o poder de Cristo; que as liturgias obrigatérias, além de nao terem base nas Escrituras, constituem um entrave ao ver- dadeiro culto. As Igrejas Presbiterianas, crendo fir- memente na soberania divina e aplicando, na dou- trina do culto, o principio fundamental da autori- dade da Biblia, insistem sempre em que a liberda- de em liturgia é um dos resultados diretos dos prin- cipios do Antigo e do Novo Testamento. O Deus que nos deu as doutrinas cristés essenciais é 0 ASPECTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA PRESBITERIANO 2 mesmo que convida todos os homens a pratica livre e espontanea da prece. O caminho de livre acesso a Deus tem sido, no passado, obstrufdo por mil entraves resultantes do orgulho, da igno- rancia e da pretensdo humana. Mas os calvinistas sempre lutaram, vigorosamente, contra isso, en- frentando incompreensées, softimentos, criticas, ataques e morte na defesa e na preservagaio do direito de livre acesso ao trono celestial de graca e de perdao. Que os calvinistas de hoje se unam, pois, aos do passado na preservacio tenaz da li- berdade de culto — esse instrumento que Cristo emprega para promover a libertaco do Homem. 4. Governo — Em seus aspectos essenciais, 0 governo da Igreja nao é matéria de expediente ou competéncia humana. A Igreja foi estabelecida por Deus, na terra, coma finalidade de preservar, man- ter e difundir a sua verdade. A Igreja deve ser, ao mesmo tempo, a coluna e 0 alicerce da verdade. Tendo tido origem divina. a natureza e as aspec- tos gerais da Igreja esto claramente indicados na Palavra de Deus. As principais doutrinas presbiterianas sobre a Igreja e sua forma de governo sao: a) Jesus Cristo € 0 Chefe da igreja; b) todos os crentes devem estar unidos entre si e ligados diretamente a Cris- to, assim como os diversos membros de um cor- Po, que se subordinam a direcdo da cabeca; ) Jesus Cristo mesmo determinou a natureza do ee eee M © SISTEMA PRESBITERIANO governo de sua Igreja; d) todos os crentes, como membros do corpo de Cristo, tém o direito de par- ticipar das atividades da Igreja; e) a Igreja tem au- toridade para exercer disciplina sobre os faltosos e para exercer 0 govern; f) os cristaos tem o di- reito de livre associagaéo em denominagées que prescrevam as condicdes de admissdo em seu seio; 8) as Igrejas podem preservar a uniao espiti- tual e douttinaria dos cristéos sendo, ao mesmo tempo, independentes administrativamente. A soberania de Deus determina a ordem e a forma de apresentacaio dessas doutrinas. Do prin- cipio basilar do presbiterianismo — a soberania de Deus — procedem, logicamente, as verdades seguintes: a) Cristo é a unica cabeca da Igreja e, portanto, todos os cristaos que a ele estao unidos so membros da Igreja ideal, invisivel, que existe no céu e na terra, composta de todos os eleitos; b) todas as pessoas que professam a verdadeira religido so membros da Igreja visivel e universal existente na terra; c) todo o poder da Igreja é de- clarativo e ministerial. Ministerial quando a Igreja age em lugar de Cristo. Declarativo quando inter- preta os ensinos de Cristo contidos nas Sagradas Escrituras; d) os termos de admissiéo de mem- bros devem ser de acordo com o que esta estatuido na Palavra de Deus; e) somente devem ser nome- ados na Igreja oficiais permanentes nos casos que a Biblia indicar; f) os ministros, como representan- ASPECTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA PRESBITERIANO 38 tes de Cristo, so irmaos e iguais uns aos outros em autoridade; g) 0 povo de Deus tem o direito de participar do govemo da Igreja; h) a Igreja possui © poder de excluir os crentes faltosos e de regular a conduta de seus membros; i) como a Igreja é composta, nao de unidades desconexas e inde- pendentes, mas de partes unidas umas as outras, camo parcées de um todo, verdadeiros membros de um corpo, tem ela o direito de regular e de inspecionar todas as suas partes componentes, se- jam membros da comunidade eclesiastica, sejam congregacées particulares; j) a existéncia de deno- minag6es nao fere os preceitos biblicos e nao des- troi a verdadeira unidade da Igreja, desde que cada uma delas cumpra fielmente a missao que foi im- posta por Deus; k) e, finalmente, o Estado nao tem poder algum sobre a Igreja. Aplicados no Sistema Presbiteriano, esses prin- cipios resultam numa organizagao eclesidstica cujos aspectas principais s40 os seguintes: a) Jesus Cris- to é a tinica cabeca da Igreja; b) os ministros so iguais uns aos outros; c) a autoridade é sempre outorgada positivamente nao a individuos, tais como bispos, mas a concilios representativos; d) as atividades e os negécios das congregacdes locais so administrados conjuntamente pelos pas- tores e pelos oficiais escolhidos pelo povo, cha- mados presbiteros regentes e didconos; e) os in- teresses gerais da Igreja sao dirigidos por érgaéos (ieee penn NE ee SSS SS 3 © SISTEMA PRESBITERIANO representativos: presbitérios, sinodos e assem- biéias gerais; f) os ensinos de Cristo contidos nas Escrituras constituem a lei da Igreja; g) os termos de admissao sao iguais aos termos de salvacao; h) a disciplina é exercitada somente contra ofen- sas feitas 4 Palavra de Deus ou contra faltas clara- mente inferidas desta Palavra; i) todas as denomi- nagdes que sustentam as doutrinas essenciais da religiao cristé sao reconhecidas como Igrejas de Cristo; j) a organizagao eclesidstica ideal é aque- la que realiza 0 sabio propésito de uma Igreja livre num Estado livre. Podemos, também, apresentar esses prin- cipios em forma negativa: a) nao ha outra cabeca na Igreja além de Cristo; b) nao deve haver mono- polio de poder e autoridade pelos pastores; c) nao existe governo de prelados; d) nao existe outra fonte de lei além da Biblia; e) nado se concebe ne- gacao do direito popular; f) nado h4 outro empeci- Iho para a comunhao a nao ser a incredulidade; g) nao ha exclusdo a nao ser por ofensa a prin- cipios biblicos; h) nao pode haver adogao de re- gras gerais sem a cooperacao de todo 0 corpo de Igrejas associadas; i) nao se nega o carater cristao a pessoa alguma que professe a religiao crista; j) 0 Estado nao pode interferir na esfera eclesidstica. Deste modo, em relacao a Cristo ha obedién- cia; no ministério, igualdade; com respeito aos di- reitos populares, o devido reconhecimento; quan- ASPECTOS PRINCIPALS DO SISTEMA PRESBITERIANO ” to a legislacao e a disciplina, submissao a lei divi- na; no governo dos negocios e das atividades da Igreja reina a sabedoria combinada com a eficién- cia; na comunidade crista, a pratica da fraternidade; com respeito ao Estado, liberdade de culto Os principios acima resumidos sao base de uma dupla conviccao: 0 governo presbiteriano re- aliza, no seu aspecto divino, 0 reino de Cristo; no seu aspecto humano, 0 ideal da Repdblica. E um. governo que se adapta as necessidades humanas e esta em absoluta harmonia com os preceitos da Palavra de Deus. Estas doutrinas influenciaram, poderosamen- te, a forma de governo de varias denominacdes cristés; permearam a sociedade moderna e grandemente modificaram as instituigdes politicas de varios paises. Foram, no passado, o baluarte das liberdades civis e religiosas. Acredito que de- terminarao a forma da Igreja ideal do futuro, es- peranca comum de todos os cristéos. Quando sur- gir essa Igreja ideal, manterd a igualdade entre os pastores; igualdade entre os crentes; supremacia das Escrituras; a chefia exclusiva de Jesus Cristo. De modo geral, poderfamos expor o valor do Sistema Presbiteriano: na teologia, honra a sobe- tania de Deus sem negar a liberdade humana. Na doutrina do dever, exige obediéncia a Deus e da énfase a responsabilidade do homem. No culto, exalta a Deus pelas béngdos que nos confere e 8 © SISTEMA PRESBITERIANO afirma 0 direito de livre acesso ao trono da graca divina. No governo, encarece a chefia de Cristo ao mesmo tempo que proporciona oportunidade ao povo cristéo de desenvolver sua atividade espiri- tual. Do comeco ao fim, o sistema reconhece Deus como Soberano e todas as partes de sua estrutura doutrinaria estéo em harmonia com a Biblia. Seus simbolos séo uma Biblia aberta e uma sarca ardente ill AUTORIDADES DO SISTEMA PRESBITERIANO Em 1729, a Igreja Presbiteriana adotou os pa- drdes de Westminster ¢ em 1788, toda a Cunsti- tuigao que até hoje conserva na esséncia. Por isto, embora nao se exija dos membros das Igrejas a aprovacéio formal do sistema presbiteriano, os padrdes de Westminster sao a lei regularmente adotada pela Igreja Presbiteriana, tanto para os crentes como para os oficiais, ¢ funcionam como a regra comum em teologia, dever, culto e gover- no. Como a Constituigéo Nacional, a Constituicao da Igreja € lei e guia para todas as pessoas sob sua jurisdicéo. O compromisso de fidelidade so- mente € exigido dos oficiais, mas o dever de obe- diéncia & Constituigao e & autoridade constitucio- nal atinge todos os presbiterianos. Além disso, somente a autoridade que estabeleceu esses pa- drées € que pode alterd-los no todo ou em qual- quer de suas partes. Assim como no Estado, o cidadao nao pode modificar os termos das leis a seu talante, também na Igreja o crente ndo tem o direito de pessoalmente alterar simbolos, leis e padrées. O sistema presbiteriano, em suas leis e Eo © SISTEMA PR SBITERIANO regulamentos, 6 pode ser modificado pela auto- tidade da Igreja, & qual somente compete modifi- car e interpretar os padrées. Na esfera civil, a in- terpretacdo das leis é da competéncia dos tribu- nais especializados. Do mesmo modo, nas igrejas cristas, a interpretacao das leis denominacionais est entregue as autoridades denominacionais. A autoridade conferida aos coneilios para alterar ou modificar leis eclesidsticas é absoluta no Sistema Presbiteriano. Os padrées da Igreja definem as relacdes en- tre ministros, presbiteros regentes e didconos. Antes de serem conduzidos aos cargos que de- sempenham, esses oficiais estdo sujeitos & Cons tituigdo que, solenemente, se comprometem a res- peitar no momento em que sao ordenados. Quan- do 08 oficiais so ordenados e respondem afirma- tivamente as perguntas de praxe contidas no Ma- nual de Culto, eles nao estao aceitando de novo 0 Sistema Presbiteriano, mas votando lealdade ao sistema como lei da Igreja. Alids, os termos e as condicées de aceitacao do oficio foram, como é justo, formulados pela propria Igreja. Ao adotar, em 1729, os padrées de Westminster, a Igreja estabeleceu que os presbité- rios nao deviam receber candidato ou ministro & comunhao presbiteriana “a ndo ser que declaras- sem estar de acordo com todos os artigos neces- sdrios e essenciais da Confissao de Fé e dos Cate- AUTORIDADES DO SISTEMA PRESBITERIANO a cismos", Resolveu, também, que os ministros ou candidatos ao ministério que tivessem alguma di- vida ou dificuldade com respeito “a qualquer dos artigos”, essencial ou nao, deviam manifestar seus sentimentos ao presbitério por ocasiao do com- promisso. Nessa mesma ocasiao, os presbitérios foram declarados juizes das dificuldades apresen- tadas pelos candidatos. Estabeleceu se, assim, um principio que tem sido mantido pelas leis e praxes da Igreja: o candidato a pastor ou a oficial, que divirja de qualquer ponto do sistema presbiteriano, deve declarar seus sentimentos ao presbitério sob cuja jurisdicao se encontre quando for examinado para ordenago. Fica também estabelecido que os presbitérios tém poder de interpretagao em maté- tia de costume e doutrina, sujeitos a apelo aos tribunais superiores da Igreja: Sinodos e Assem- bléia Geral. O direito que a Igreja tem de determinar as qualificagdes dos candidatos a cargos eclesidsti- cos e de requerer-lhes compromissos de fidelida- de é constitucional, natural e indiscutivel. A aceitacao formal do Sistema Presbiteriano implica na aceitacaio da verdade de que os funda- mentos deste sistema nao podem ser, legalmen- te, mudados. Submisso & vontade da maioria, no que nao fira esses principios fundamentais, é tradicdo presbiteriana, tanto na Igreja como no Es- tado. Mas as prdprias maiorias nao tem poder para 2 0 SISTEMA PRESBITERIANO mudar os grandes aspectos do Sistema Presbiteria- no. Embora as matérias nao-essenciais sohre o culto e 0 governo e mesmo as formas de exposi- cao doutrinaria estejam sujeitas 4 vontade das maiorias constitucionais, as doutrinas fundamen- tais e necessérias, quer sobre a fé, quer sobre o culto ou 0 governo, nao lhes esto sujeitas. A revi- sao dos padrées presbiterianos somente é permi- tida nos pontos nao essenciais. Podem adotar-se novas formas de exposicdo doutrindria; podem- se eliminar aspectos no essenciais ao sistema; podem-se adicionar capitulos novos que déem expressdo mais completa a velhas verdades; pode haver, enfim, alteragéo nos regulamentos admi- nistrativos. Tais alteracdes, emendas ou acrésci- mos serdo legitimos desde que devidamente en- caminhados e executados dentro das normas cons- titucionais. Mas, em hipétese alguma, as grandes doutrinas e os aspectos fundamentais do sistema poderao ser eliminados, suprimidos ou abando- nados. A Constituigao da Igreja Presbiteriana nao pode ser alterada de tal maneira que venha a set episcopal o seu governo; romanista 0 seu culto; vazia do contetido doutrinério calvinista a sua teo- logia; abandonada a divindade de Cristo; anulado seu sacrificio vicdrio; destruido o valor supremo da fé no ato da justificagao; afirmada a salvac&o do incrédulo e do nao eleito; cancelado o principio organico da supremacia da Biblia. A Igreja Presbi- AUTORIDADES DO SISTEMA PRESBITERIANO 2 teriana, pela sua organizacdo original; pelo ato his- tético da adogao dos padrées de Westminster em 1729; pelas decisdes formais de duas reunides notaveis, uma em 1758 e outra em 1869; pela sua Constituigao; pelas cartas civis e pelos atos eclesidsticos, nao é uma igreja episcopal e nem é uma igreja sacerdotal — é uma igreja fundamen- talmente democratica, uma igreja historicamente protestante e calvinista, uma legitima igreja de Cris- to e como tal permanecera. A mudanca de seus fundamentos significaria uma revolugao. O Dever dos Presbiterianos: visto que o Siste- ma Presbiteriano foi sempre adotado pela Igreja Presbiteriana, o dever comum dos membros e oficiais pode ser expresso em uma palavra: /eal- dade. Oficiais e membros da igreja devem manter e sustentar as formas substanciais daquele siste- ma que constituem sua lei. A natureza do Sistema Presbiteriano é tal que sua aceitacao implica no sentimento de lealdade Homem algum infringiria, hoje, 0 direito de juizo pessoal, prerrogativa inalienavel da personalidade humana. O direito de juizo pessoal é uma coisa e a auto-limitacdo desse direito pela aceitagéo vo- luntaria dos simbolos de uma denominagao é coi- sa inteiramente diversa. Ninguém pode compelit pessoa alguma a entrar para uma denominacao religiosa ou a aceitar cargos nessa denominagao. Contudo, constantemente os homens ingressam. “4 0 SISTEMA PRESBITERIANO em sociedades onde os direitos dos individuos sao limitados pelos préprios regulamentos sociais. O direito natural do homem 4 liberdade, por exern- plo, é reconhecido nas relagées civis, mas nosso sistema social organizado limita, necessariamen- te, esse direito. E 0 que acontece na esfera do Es- tado, acontece no campo eclesiastico. A lealdade civil na Reptiblica Democratica é sentimento obti gatorio, que se impée a cada cidadao, indepen- dentemente de sua vontade. Os cidaddos dos pa- ises livres geralmente adquirem, de maneira in- consciente, o sentimento desse dever. Mas, numa denominacao eclesidstica, a filiagdo e a aceitacao de cargos so atos voluntarios. E por um ato vo- luntario que 0 converso se filia A Igreja Presbi- teriana; por ato voluntatio 0 presbitero, o diécono eleito, o pastor, aceita e exerce seu cargo na Igre- ja. O Estado exige lealdade civil obrigatoriamente Allgreja Presbiteriana exige mais fidelidade e mais lealdade de seus membros e oficiais. Cada presbi- teriano, oficial ou membro da igreja, tem o dever moral de conhecer, aceitar e defender os Padrées da Igreja e 0 seu governo. Atos voluntarios nos conduziram a este dever de lealdade. E um alicer- ce basico e indispensavel, que nao deve ser re- movido sob pretexto algum, em nome de argu- mento algum. Deve ser lealdade inteligente. Nossa aceitacao do Sistema Presbiteriano nado deve decorrer de AUTORIDADES DO SISTEMA PRESBITERIANO 4s mera catequese, nem devemos aceitar os Simbo- los e Padrdes da Igreja como resultado jA consa- grado pelo pensamento e pelo esforco das gera- Ges passadas, mas por uma atitude pessoal e vo- luntaria de exame e de investigacao pessoal. Nao se concebem, neste século perscrutador e irrequi- eto, homens semelhantes aos livros da era purita- na, escritas e depositados em prateleiras ande amarelam e envelhecem sob o pé de séculos. Cada geracdo humana tem vico proprio, como a erva na primavera. Tem vida propria, ambiente peculi- ar e crescimento proprio. Os homens de cada ge- tagao, enquanto crescem com os anos, agrade- cendo, embora, a0 passado suas ligées, olham o universo com olhos abertos e inteligéncia curiosa, procurando descobrir por si mesmos e para si mes- mos os segredos e os mistérios da vida universal Assim, sustentando hoje as grandes verdades do Sistema Presbiteriano, nao o fazemos apenas por influéncia do passado, mas pelo exame pessoal e consciente dos grandes problemas teolégicos, das grandes questées morais, e dos principios e pre- ceitos que dizern respeito ao culto e ao governo da Igreja. Depois de refletir e compreender bem as limitagdes da Palavra de Deus e da natureza humana a que nds, homens, estamos sujeitos, a grande maioria dos calvinistas atinge a posicéio que sustenta e defende — nao porque o calvinista seja antigo, mas porque ¢a verdade eterna. Se os olhos 46 0 SISTEMA PRESBITERIANO de nossos antepassados nao foram cegos, os nos- sos também nao 0 so. Nao usamos os dculos de nossos velhos pais. Temos nocao de nossa liber- dade e das responsabilidades contidas nos Padrées da Igreja, porque sobre elas meditamos e atingi- mos a conviccdo de que sao biblicas. Os presbiterianos possuem aquela inteligente apreensdo pessoal da verdade que constitu a hase segura da lealdade a um sistema de fé e pratica. Mas a lealdade a denominacao abrange mais que respeito ao credo, ao culto e ao governo denominacional. Estas coisas tém valor, mas seu valor real s6 se mede em proporcao ao trabalho e as atividades denominacionais que inspiram e con- duzem. Assim como a fé se evidencia pelas obras, também a lealdade tem sua credencial: atos e re- alizagdes. Como denominacio, a Igreja Presbite- riana tem sido excepcionalmente feliz: estabele- ceu intimeras agéncias de manutengao e difusao do Reino de Deus; tem sido forte e fiel no seu cre- do, fundamentalmente biblico; forte pelas simpa- tias populares que tem gozado; pelas suas rela- des com a Historia e 0 desenvolvimento dos pa- ises onde foi plantada pela providéncia de Deus; forte pela influéncia que tem exercido sobre ele- mentos de valor nos diversos setores da vida pu- blica de paises como os Estados Unidos da Améri- ca do Norte, a Escécia e tantos outros; forte pelo grupo escolhido de crentes que jé deu ao Brasil; AUTORIDADES DO SISTEMA PRESBITERIANO 4" forte no ntimero de seus adeptos e nos recursos materiais, intelectuais e morais que Ihe tém sido confiados. Tem possuido principios reais, presti- gio hist6rico, influéncia dominadora, onimodos re- cursos. Assim equipada pela providéncia Divina, a Igreja Presbiteriana tem realizado trabalhos de amplitude universal. Para os Presbiterianos, pala- vras coma América, Brasil, sdo sinénimos de “opor- tunidade” e, se estiverem a altura dos privilégios providenciais que possuem, dedicardio todos os seus grandes recursos em homens e meios para a ampla divulgacao das verdades que professam, Iutando pelo maior desenvolvimento possivel de suas instituicdes. Alealdade ao Sistema Presbiteriano toma obri- gatoria a lealdade as suas instituicdes espalhadas em todo o mundo; exige um movimento agressi- vo, resoluto e persistente em favor de um enten- dimento integral com as demais denominacées. Fiel a estas diretrizes é que a Igreja Preshiteria- na vindica, perante o mundo, seu direito de existir como Igreja legitima, demonstrando claramente que tem sua missdo a cumprir na terra. Convicta de sua tremenda responsabilidad e de suas opor- tunidades gloriosas, sabe que serd util e necessa- tia na extensao e no triunfo do reino de Cristo. Em regra, o melhor cristaéo, o mais fiel a Cris- to, é aquele que mais lealmente serve a igreja de que é membro. O verdadeiro cristo tem sempre © SISTEMA PRESBITERIANO consciéncia de que ocupa um lugar no reino de Deus, por sua escolha pessoal e conforme a ope- racao da Divina Providéncia. Eo que é verdade no individuo é, também, verdade nas igrejas cristas. A denominac&o mais fiel a missao que lhe foi atri- buida por Deus, mais leal a fraternidade cristae ao Chefe Supremo da Igreja, é, justamente, a que é mais leal a sua prépria natureza, aos seus principi- os peculiares e que se recusa, como fez Davi, a executar a obra de Deus vestida com a armadura de Saul. Quanto mais leal a si mesma fora Igreja Presbi- teriana, tanto mais leal sera a Jesus Cristo. Jesus Cristo é a fonte de todo o poder. Saturados de seu Espirito, devem lutar e viver to- dos 0s discipulos, seguros de que os esforgos sao sempre coroados de éxito quando a fé é viva e verdadeira. Nao por merecimentos de quem tra- balha, mas porque Cristo conquistou para si por virtudes suas, “o Reino, e 0 Poder, e a Gloria”. SEMIMARIO TEOLOGICO PRESBITERIAND wREV. Rev. Obédes Feiveira da Cunha ” BMG REV Biblietsca “ flav, Quédes Fei

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