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A função da tributação está neste caso aparente. Nada tem a ver com
financiamento de gasto do governo. A imposição de obrigação tributária
resulta na transformação de economias tradicionais em economias
modernas de dinheiro obrigando as populações colonizadas a
precisar do dinheiro colonial e a usá-lo para pagar suas dívidas
tributárias. A tributação impõe a moeda do governo colonial como a
unidade padrão de troca para todos os bens e serviços, tornando-a a base
do sistema monetário do país. A imposição de um sistema monetário
nacional exige não somente que os cidadãos queiram dinheiro mas
também que precisem de dinheiro. Tem que haver um arranjo que
garanta que os cidadãos possuam e usem a moeda nacional única. O
mesmo processo cria crescente população de assalariados. Os locais
obteriam o dinheiro que começou a ser exigido cultivando culturas de
exportação e/ou se tornando trabalhadores assalariados. Que as moedas
estatais são impulsionadas pela tributação [tax-driven] era compreendido
por Adam Smith, John Stuart Mill e J. M. Keynes entre outros.
Quando você paga seus impostos você não está comprando serviços do
governo, como você poderia comprar um produto de uma firma privada. A
capacidade do governo de prover tais serviços como faz não tem relação
sistêmica ou operacional com receitas tributárias. Quando o governo
recebe seu pagamento de imposto, o Fed simplesmente debita o saldo do
seu banco no valor do cheque que você enviou, e o seu banco
correspondentemente debita o saldo em sua conta-corrente no mesmo
montante. Isso é o que ocorre quando o governo federal aceita um
pagamento. Quando o governo federal faz um pagamento, digamos, à
Dell por computadores usados em escritórios do governo, ele meramente
credita a conta-corrente bancária da Dell no total do pagamento.
Sem dúvida, no fim a Dell tem mais dinheiro, isto é, os números na sua
conta foram aumentados, e nessa medida uma constrição financeira sobre
uma firma privada foi levantada. Mas o governo não tem, no mesmo
sentido, mais dinheiro depois que você paga seus impostos. Outra vez,
isto é assim porque o governo pode gastar no que escolher gastar, e sua
posição de déficit ou superávit em relação à arrecadação de tributos não
impõe nenhuma constrição sistêmica sobre esse gasto. Nosso sistema
monetário não determina nenhuma conexão operacional entre o gasto
federal e as receitas tributárias.
As realidades das contas federais são difíceis de compreender porque nos
dizem para pensarmos na contabilidade e na tributação do governo da
mesma maneira que pensamos na contabilidade privada. Fazemos um
cheque para a mercearia e esse pedaço tangível de papel vai para o
vendedor, que agora tem esse tanto a mais para gastar ou poupar. É
como se algo real, como uma onça de ouro, fosse transferido para um
vendedor em troca de suas mercadorias. Ele agora literalmente tem algo
que pode utilizar para preencher seus objetivos econômicos. O mais
importante, o que você uma vez teve e ele agora tem é um selo [token]
material de um tipo finito. Pode-se ficar sem ouro. Mas este exemplo é
inapropriado para o gasto do governo federal; a contraparte do governo
moderno ao ouro, o dinheiro, não é algo que lhe possa faltar. Nada mais é
que uma entrada em um livro, ou um número em uma planilha eletrônica.
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tributa%C3%A7%C3%A3o-e-dos-d%C3%A9ficits-alan-nasser-20/1299823216731009/?
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