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OS MANUSCRITOS ÁRABES DE FREI JOÃO DE SOUSA:

ERUDIÇÃO E ENSINO EM PORTUGAL NO SÉCULO XVIII*

ISABEL M. R. MENDES DRUMOND BRAGA**

1. Entre os arabistas que viveram em Portugal e deixaram obra conta-se frei


João de Sousa, ou Yuhannā ad-Dimasqī (c. 1730-35-1812), natural de
Damasco, filho de pais católicos, criado numa das missões de Barbadinhos
franceses e residente em Portugal desde 1749 ou 1750.1 Frei João de Sousa
dedicou parte significativa da sua vida ao estudo, ensino e tradução do árabe
falado e escrito. Poliglota, conhecia e falava francês, italiano, castelhano,
maltês, português, além de um pouco de latim,2 turco e persa, mas tinha
como língua materna o árabe. Foi autor de vasta obra, manuscrita e impressa,
nomeadamente de textos motivados pelo seu trabalho de professor e de
intérprete oficial de árabe, função que desempenhou desde 1784, passando
———————
*
A Investigação desenvolveu-se no âmbito do projecto “Manuscritos Árabes y
Aljamiados en Madrid: Catalogación y Estudio”, referência HUM2006-12729-C02/FILO,
financiado pelo MEC (Espanha) com co-financiamento do FEDER.
**
Professora auxiliar com agregação e de nomeação definitiva da Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa. isabeldrumondbraga@hotmail.com
1
Trigoso (1815) XLIX-LXII; Salgado (1790); Figanier (1949); Oliveira Andrade, Banha
de Andrade (1979) 1-22.
2
Trigoso referiu que frei João de Sousa conhecia pouco latim e que desenvolvera o
estudo daquele idioma em Portugal. Cf. Trigoso (1815) LIII. A cultura e os conhecimentos de
frei João de Sousa não passaram em claro a Carl Israel Ruders, um estrangeiro que viveu
algum tempo em Portugal. Cf. Ruders (1981) 269.
2 ISABEL M. R. MENDES DRUMOND BRAGA
posteriormente a oficial honorário e intérprete régio, em 1786 e, finalmente,
a oficial do quadro do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, em
1792.3 Foi assim que acompanhou as missões diplomáticas marroquinas em
Lisboa e as portuguesas em Marrocos e Argel, realizadas na segunda metade
do século XVIII. De todas estas embaixadas elaborou diários, relações ou
relatos recentemente publicados4 cujos conteúdos são bastante ricos do ponto
de vista dos rituais, etiqueta, usos e costumes, presentes trocados, itinerários
e locais visitados. As informações que o autor redigiu quer sobre o Norte de
África, quando acompanhou os embaixadores portugueses, quer sobre
Portugal ao assistir as comitivas marroquinas, ultrapassam largamente as
questões políticas e diplomáticas, pois detêm-se num vasto conjunto de
assuntos com relevância para diferentes áreas de interesse, nomeadamente as
práticas alimentares e religiosas, as obras públicas, a cultura e os
divertimentos, desde a ópera ao Pátio dos Bichos, na capital portuguesa.

———————
3
Veja-se o elenco das obras, in Figanier (1949) 9-14.
4
Braga (2008d).
OS MANUSCRITOS ÁRABES DE FREI JOÃO DE SOUSA 3

Fig. 1. Frontispício do relato da primeira embaixada marroquina a Lisboa.


(Lisboa, A.C.L, Manuscritos Azuis, n. 696)

Estas seis relações permitem conhecer a ostentação de signos e a


representação que Marroquinos, Argelinos e Portugueses fizeram de si
próprios e dos outros. Ao longo das descrições das missões diplomáticas
foram desfilando aspectos de representação literal —o embaixador substitui
o soberano— de etiqueta e protocolo —desde a apresentação de
cumprimentos à entrega das credenciais, passando pelo oferecimento de
banquetes— e menos de discussão de aspectos políticos. Em muitos passos,
4 ISABEL M. R. MENDES DRUMOND BRAGA
as descrições apresentam mais o modo de apreender a realidade por parte de
um estranho, assemelhando-se aos relatos de viajantes estrangeiros da
época,5 do que uma exposição de uma negociação política.
Frei João de Sousa, além de intérprete, desenvolveu outras actividades,
tendo sido professor, tradutor e coleccionador de vários tipos de documentos
árabes. Se enquanto intérprete escreveu as referidas relações6 enquanto
docente, entendeu ser útil a publicação de gramáticas, léxicos e fábulas
morais. Note-se que em Portugal, no século XVIII, o interesse pelo idioma
árabe ganhou novo fôlego.7 Desenvolveram-se então os estudos da língua
através da abertura de aulas, o que se traduziu numa novidade. Neste
processo alguns nomes tiveram especial relevância. Destaque para frei
Manuel do Cenáculo, da Ordem Terceira da Penitência de São Francisco, e
futuro bispo de Beja, que elaborou um plano de estudos para a Ordem, no
qual incluiu a língua árabe; Frei António do Rosário Baptista, o primeiro
autor português de uma gramática de árabe, intitulada Instituições da Lingua
Arabiga, publicada em 1774, com caracteres árabes importados de Londres8
e Frei João de Sousa que reinaugurará os estudos, ainda que de forma
irregular, a partir de 1788, e publicará, no ano seguinte, Vestigios da Lingua
Arabica em Portugal,9 um texto, vocacionado para o ensino dos seus
discípulos, tal como o Compendio da Grammatica Arabica, aparecido em

———————
5
Chaves (1987) 11-13.
6
Além de uma outra publicada na época, resultante de uma vinda inesperada de uma
comitiva marroquina chegada a Lisboa acidentalmente. Cf. Sousa (1793).
7
Sobre o conhecimento do árabe em Portugal até ao século XVIII, cf. Braga (2008) 111-128.
8
Figanier (1949) 22-25; Sidarus (1986) 40.
9
Sousa (1830). Frei José de Santo António Moura foi discípulo de frei João de Sousa e
aperfeiçoou os estudos de árabe em Marrocos, com Hajje Haddu. Foi igualmente autor de um
trabalho sobre as dinastias marroquinas. Cf. Moura (1827) 47-140. Deixou um relato da
viagem de Lisboa a Fez, efectuada em 1797 (de 6 de Janeiro a 21 de Abril), na qual serviu de
intérprete ao cônsul de Portugal, Jorge Pedro Colaço. Esta deslocação visou a entrega de um
presente ao soberano de Marrocos. Cf. Lisboa, A.N.T.T., Ministério dos Negócios
Estrangeiros, cx. 299, documento não numerado.
OS MANUSCRITOS ÁRABES DE FREI JOÃO DE SOUSA 5
10
1795, produzido para facilitar o estudo no convento de Jesus. Nesta obra, o
frade arabista referiu a importância do árabe para o estudo da teologia, da
história de Espanha e, consequentemente, da portuguesa; do conhecimento
da etimologia de muitas palavras, aduzindo ainda o facto de o árabe ser uma
língua vernácula numa parte do mundo, o que facilitava o comércio, a
diplomacia, a missionação e a necessidade de entender, analisar e refutar o
Alcorão. Este tipo de argumentos era comum a alguns autores castelhanos,
quer contemporâneos quer anteriores, a frei João de Sousa.11

Fig. 2. Frontispício da gramática de árabe de frei João de Sousa.


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10
Sousa (1795).
11
Alaoui (2006) 161-169.
6 ISABEL M. R. MENDES DRUMOND BRAGA
Entre os textos que traduziu destaque para os Documentos Arábicos para a
Historia Portugueza,12 trabalho realizado a pedido do abade Correia da Serra
(1750-1823), seu confrade e secretário da Academia Real das Ciências de
Lisboa.13 Tratou-se de uma publicação com duas colunas. Numa o texto
árabe, na outra a tradução portuguesa.14 As inscrições árabes apostas em
medalhas e em material bélico também motivaram o arabista, que as
observou, transcreveu e traduziu em diferentes momentos da sua vida. Esse
labor ficou em parte manuscrito, tendo outra parte dessa actividade chegado
a dar origem a publicações e a trocas de impressões na correspondência com
frei Manuel do Cenáculo15 e com o Doutor Alexandre António. Por exemplo,
em carta não datada, frei João de Sousa pedia informações à Academia das
Ciências: “quero saber se a copea da inscripção malabarica que foi tirada da
lapide que existe em Cimtra respectiva a D. João de Castro estara no
Gabinete da Academia e se ha feito tradução della porque ha sugeito curiozo
que se offerece a faze-la”.16 Mesmo já bastante idoso, a 14 de Maio de 1811,
ainda era solicitado pela Academia das Ciências para se pronunciar sobre
papéis escritos em árabe com vista à publicação de obras, o que o levou a
lembrar a necessidade de pedir os caracteres árabes que então se
encontravam na Impressão Régia.17
Ao longo dos seus escritos, nomeadamente das relações das missões
diplomáticas, frei João de Sousa foi particularmente prolixo no que se referia
aos seus conhecimentos do árabe e à sua função de tradutor. Esses dados
autobiográficos, ou pelo menos as capacidades linguísticas, foram
———————
12
Sousa (1790).
13
Sobre esta figura, cf. Faria (2001); Simões, Diogo, Carneiro (2006).
14
O autor aplicou este mesmo método em outras circunstâncias. Por exemplo, na pequena
relação da viagem de 1803 a Argel, copiou vários documentos, entre os quais uma carta
escrita a bordo pelo enviado inglês e dirigida ao Dey. Na coluna da esquerda aparece o texto
em árabe e na da direita o texto em português. Cf. Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa
(A.C.L.), Manuscritos Vermelhos, n.º 751.
15
Cf. Figanier (1949) 9-14.
16
Lisboa, A.C.L., Processo Académico de Frei João de Sousa, fol. 8.
17
Cf. Lisboa, A.C.L., Processo Académico de Frei João de Sousa, fol. 13.
OS MANUSCRITOS ÁRABES DE FREI JOÃO DE SOUSA 7
confirmados quando Jacques Philippe de Landerset, na viagem que realizou
a Argel, pensou ficar privado do intérprete. Assim, a 7 de Novembro de
1786, considerou: “ não posso deixar de representar a precizão que eu tenho
de conservar na minha companhia a frei João de Sousa e como V. Ex.ª deixa
à minha disposição o manda llo ou não para Lisboa, manifestarey a V. Ex.ª
com sinceridade os motivos que me obrigão a conservar na minha
companhia aquelle bom e virtuozo religiozo. Eu estou a partir para Argel
aonde me verey cercado de pessoas de quem devo justamente desconfiar,
ignorando a lingua do paiz e não podendo communicar-me com a gente delle
sem interprete. Aonde acharey hum homem de honra, de segredo e
fidelidade e de quem poderei fiar-me para algumas averiguaçõens mais
particulares e importantes? Só de frey João de Sousa, porque alem de possuir
bem a lingua arabiga e escreve lla tem talento para indagar particularidades
que não devemos ignorar. Sem elle eu estou exposto a mil enganos e com
elle espero evita llos e consequentemente dar conta de mim informado a V.
Ex.ª com verdade e exactidão de tudo o que acontecer em Argel respectivo à
negociação de que sou encarregado. Se, sem embargo das minhas razoens,
que eu ponho na prezença de V. Ex.ª, a sua intenção for que elle se recolha
para a Corte eu sey obedecer e elle tambem”.18
Orgulhoso do seu domínio do idioma, crítico em relação a outros
tradutores, o arabista não se cansou de evidenciar, em todas as relações que
escreveu, os bons serviços prestados enquanto tradutor, inclusivamente útil à
Corte de Madrid, durante a missão que decorreu em Argel. Por exemplo, a
propósito do tratado assinado entre Espanha e Argel, levantaram-se dúvidas
que motivaram nova tradução: “Este caso com a duvida que havia sobre os
artigos 20 e 25 obrigou ao consul a mandar traduzir todo o Tratado e me
pedia que o fizesse para ver a differença que havia entre o original e a
traducção. Feita esta achou-se que todos os artigos padecião mais ou menos
alteração. Admirado o consul desta novidade e da pouca fidelidade de quem

———————
18
Lisboa, Arquivos Nacionais Torre do Tombo (A.N.T.T.), Ministério dos Negócios
Estrangeiros, cx. 271, doc. 44.
8 ISABEL M. R. MENDES DRUMOND BRAGA
fez a primeira traducção e não podendo emendar todo hum tratado, resolveo-
se a mandar a nova traducção que eu fiz acompanhada de huma attestação
feita e assignada por mim e remetteo-a ao primeiro ministro o excelentissimo
conde de Floridablanca para que á vista de huma e outra traducção se visse a
cavillação que se tinha feito á Corte de Madrid e o ludibrio que o negociador
Expelly fez em fazer que Sua Magestade Catholica assignasse hum tratado
tão viciado que para prova só apontarei huma passagem do artigo 25 que
trata das costas do mar do Estado Pontificio.19 Na traducção espanhola se
diz: “Os argelinos respeitarão as costas Pontificias deste civita vechia asta
Tarracina” e no original turco se acha escrito o seguinte: “os corsarios
argelinos respeitarão as costas de Espanha ate Ponta, Eficia” entendendo que
Eficia era huma terra assim chamada e que serve de limites ao reino de
Espanha e Ponte era cabo ou ponta de terra junto a Eficia e tanto não
entenderão os argelinos que coiza erão as costas Ponteficias que este nome
se acha no original turco dividido em dois, em Ponte e Eficia, o que não
succederia se soubesse que era nome enteiro e o que queria dizer, e á
proporção assim erão os mais artigos do tratado”.20

2. Se, como temos vindo a referir, frei João de Sousa, académico correspondente
da Academia Real das Ciências de Lisboa, desde a sua fundação em 1779, foi
autor de relações de embaixadas, percorreu o Alentejo à procura de inscrições
árabes, coleccionou moedas e examinou e leu manuscritos árabes, alguns dos
quais traduziu,21 não podemos esquecer que foi também autor de textos árabes
alguns dos quais se mantêm inéditos. Por exemplo, em 1775, escreveu uma oração
gratulatória em louvor de D. José I, Mandîhu fî hamdi sûrati ’lsultâni Yûsufa

———————
19
Este he o 9.º dos dez artigos declaratorios que Expelly levou na 2.ª viagem que fez a
Argel.
20
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Azuis, n. 696, pp. 63-64. Outras informações nas pp. 48, 60
e 61.
21
Sobre o coleccionismo português do século XVIII, cf. Brigola (2003).
OS MANUSCRITOS ÁRABES DE FREI JOÃO DE SOUSA 9
22 23
’lawwali, por ocasião da inauguração da estátua equestre do monarca. Nela
elogiou o monarca, considerando-o responsável pelo ressurgimento das ciências,
pela restauração do comércio e pela edificação de uma nova cidade de Lisboa,
considerando-o, de acordo com a teoria política da Época Moderna,24 um pai da
pátria e uma glória da nação.
Frei João de Sousa foi responsável pela doutrinação de indivíduos que
deixaram o islamismo e passavam a ser cristãos, chegando a escrever textos
para o efeito.25 Assim, foi autor de um catecismo para doutrinar os
muçulmanos antes de estes abraçarem o catolicismo. O texto tem duas
versões não datadas e ambas são bilingues, com uma coluna em árabe e
outra em português. No texto mais pequeno, quase um rascunho, aparece um
diálogo, a que se segue a indicação para constar o Padre-Nosso, a Ave-
Maria, o Credo, os 10 mandamentos, os cinco mandamentos da Igreja, os
sete Sacramentos, a Salve Rainha e, finalmente, a explicação do Santíssimo
Sacramento do Altar, de novo em diálogo.26 O texto que se destinava à
publicação é mais completo. Começa por apresentar um título —Doutrina
Christã em Portuguez e Arabico que se deve ensinar a qualquer Mouro que
quiser abraçar a nossa santa religião27— e, seguidamente, inicia com um
diálogo semelhante ao do rascunho. No interior, o texto inclui, além de tudo
o que antes se explicitou para o documento anterior, os sete pecados mortais,
as 14 obras de misericórdia, as três virtudes teológicas, os quatro pecados
que bradam ao céu, os quatro pecados novíssimos do homem e os actos de
contrição, de fé, e de caridade, os dois últimos em duas versões, uma
completa e outra abreviada. Encerra o catecismo com as seguintes
advertências: “Antes de se baptizar qualquer adulto, além da doutrina

———————
22
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos n. 921. Uma tradução do documento no
manuscrito 920.
23
Sobre o significado desta cerimónia, cf. Monteiro (2006) 249-260.
24
Bercé (1997) 229-322.
25
Braga (2008) 41-52.
26
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, 744, n. 5, 4 fols.
27
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Azuis, n. 1019.
10 ISABEL M. R. MENDES DRUMOND BRAGA
precedente se lhe há de ensinar a ter intenção e por dor sobrenatural e que
fação actos de fé, esperança e caridade. Tambem se lhes deve explicar os
encargos a que se obrigão e as penas com que serão castigados se não
cumprirem com a lei que professão. Deve-se-lhe finalmente declarar que o
baptismo cauza graça e nos abre as portas dos ceos”.28
O catecismo bilingue levanta o problema do uso do árabe na
doutrinação. Efectivamente, tenhamos em atenção que, no século XVI, parte
do clero castelhano e aragonês, familiarizado com os mouriscos daqueles
reinos ibéricos, era favorável à erradicação do árabe entendido como língua
que facilitava a identidade muçulmana e, consequentemente, a manutenção
da fé e das práticas proibidas, dificultando a doutrinação cristã. Porém, na
mesma centúria, uma minoria entre os elementos eclesiásticos, mais realista
e mais pragmática, defendia o recurso ao árabe para levar a efeito a
doutrinação. Entre os elementos desta corrente, conta-se o primeiro
arcebispo de Granada, frei Hernando de Talavera (1428-1507).29 De facto,
especialmente após o édito de Carlos V, de 1525, vários pregadores
franciscanos e jesuítas, encarregados de doutrinar mouriscos, sabiam árabe.
Tais foram os casos, de entre outros, frei Bartolomé de los Angeles, frei Juan
de Oliva e frei Diego de Guadix.30 Recorde-se que, ao longo da centúria de
Quinhentos, ocorreram diversas campanhas de evangelização de mouriscos,
nomeadamente em 1527-1529, 1533, 1543, 1555, 1587 e 1599.31 Para
Portugal não se encontra nada afim, a não ser o tardio texto de frei João de
Sousa, que não logrou os seus propósitos, pois manteve-se inédito.
A vertente pedagógica do arabista teve repercussão em outros textos que
escreveu e que se mantiveram manuscritos. Quando integrou a comitiva que se
dirigiu a Argel, nos anos de 1786-1787, teve oportunidade de fazer uma longa
viagem, a qual incluiu uma passagem por Espanha à ida e uma outra por França
———————
28
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Azuis, n. 1019, fol. 8.
29
Vincent (2006) 116. Sobre o conhecimento do árabe, cf. também Císcar Pallarés (1994)
131-162. Sobre este prelado, cf. Alaoui (2006) 239-246.
30
González (2005) pp. 43-47.
31
Alaoui (2006) 150.
OS MANUSCRITOS ÁRABES DE FREI JOÃO DE SOUSA 11
32
no regresso. Em Mérida, uma inscrição sobre a porta do castelo despertou-lhe
atenção, de tal maneira que a copiou em caracteres árabes e em caracteres
levantinos, tendo, em seguida, feito a tradução para português.33

Fig. 3. Inscrição árabe aposta à porta do castelo de Mérida (caracteres africanos e


levantinos e tradução para português).
(Lisboa, A.C.L. Manuscritos Azuis, n. 696, p. 116).
———————
32
Braga (2008a).
33
Braga (2008d) 368.
12 ISABEL M. R. MENDES DRUMOND BRAGA
Porém, a vertente pedagógica é também visível a outro nível. Frei João de Sousa
entendeu a poesia e os provérbios como fontes de sabedoria e máximas morais.
Não se trata de nenhuma novidade. Recorde-se que, no caso dos provérbios, foi
Erasmo que recuperou esse tipo de escritos ao publicar, em 1508, os Adágios
Comentados. A obra, com 72 edições até 1525, e com traduções para diversas
línguas, deu a conhecer a valor moral e a prudência da Antiguidade Clássica.
Naturalmente, o contributo de frei João de Sousa foi escassíssimo, ou mesmo
irrisório, se comparado ao do humanista, embora a motivação fosse semelhante.
Comecemos pela poesia. Numa pequena obra manuscrita que se mantém
inédita, intitulada Versos Árabes, frei João de Sousa apresentou diversos poemas.
Uns só em árabe, outros em árabe com tradução portuguesa e outros em árabe e
latim. As reflexões de foro moral e os conselhos constituem parte integrante dos
conteúdos. Pensava assim, em ensinar a língua e em transmitir valores morais, o
que mais uma vez, já vinha de trás.

Fig. 4. Frontispício do manuscrito Versos Árabes


(Lisboa, ACL, Manuscritos Vermelhos, n. 324)
OS MANUSCRITOS ÁRABES DE FREI JOÃO DE SOUSA 13
São exemplos de conselhos, advertências e reflexões, alguns inspirados
eventualmente pela própria experiência de vida, poemas como: “Auzenta-te
do lugar do teu nascimento e/ vai buscar a tua exaltação pela viagem/ pois
adquirirás cinco couzas/ alivio das tuas aflições/ sustento da vida/ sciencia/
erudição e/ boa companhia”34 ou “Ditozo daquelle que deixa ao mundo
antes/ que elle o deixe/ e aplaine a sua sepultura antes que / nella entre.”35 O
mesmo se pode afirmar em relação aos que aqui se apresentam na versão
manuscrita em árabe e português, em árabe e latim e, de novo, em árabe e
português, respectivamente.

Fig. 5. Fólio com poemas em árabe e português


(Lisboa, ACL, Manuscritos Vermelhos, n. 324, fol. 38)
———————
34
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 324, fol. 37.
35
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 324, fol. 2.
14 ISABEL M. R. MENDES DRUMOND BRAGA

Fig. 6. Fólio com poemas em árabe e latim e em árabe e português


(Lisboa, ACL, Manuscritos Vermelhos, n. 324, fol. 3)

Foram os provérbios que lhe mereceram mais cuidados. Enquanto elementos


da cultura popular, são relativamente atemporais no sentido em que
aparecem como o resultado da antiga sabedoria, impondo-se, por isso, como
argumento de autoridade, veiculando acepções tidas como verdadeiras para
diferentes tempos e espaços, não obstante remeterem mais para o passado do
que para o comportamento futuro.36 Podem assumir o aspecto de sugestões,
conselhos, avisos e regras práticas e caracterizam-se, de entre outros
aspectos, por se apresentarem no tempo presente, expressando verdades

———————
36
Mattoso (1987); Costa (1987) 561-576; Macário Lopes (1992); Viana (1993) 7-22;
Braga (2002) 261-271.
OS MANUSCRITOS ÁRABES DE FREI JOÃO DE SOUSA 15
37
sempre válidas. Descrevem estados de coisas gerais, não admitindo leituras
episódicas só compreensíveis num espaço ou num tempo. No entanto, se uns
suscitam uma interpretação literal, outros desencadeiam a necessidade de
uma interpretação figurada.38 São textos curtos, com uma estrutura concisa,
anónimos, ou melhor, da autoria da respectiva comunidade linguística e
cultural, os quais fazem circular uma experiência colectiva,39 o que não
impede a semelhança de provérbios da autoria de comunidades diferentes.40
Frei João de Sousa interessou-se por provérbios em três manuscritos.
Um pequeno, com as frases em português e árabe e algumas em castelhano
(por exemplo “achaque el viernes pera no ayunar”, ou “al hombre mayor dar
le honor”),41 outro maior, em princípio destinado à publicação, em árabe e
em português42 e, finalmente, uma cópia deste em árabe e latim.43 Em
qualquer dos casos, aparentemente, o autor mais não fez do que as traduções.
Detenhamo-nos no manuscrito mais completo, em árabe e em português,
intitulado Provérbios e Sentenças Arabicas com tradução Portugueza para
se Imprimirem quando houver occasião.

———————
37
Schmidt-Radefeldt (1984) 216.
38
Macário Lopes (1992) 21.
39
Schmidt-Radefeldt (1984) 213.
40
Ghitescu (1991) 357-360; Funk (2000) 345-353.
41
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Azuis, n. 1406.
42
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838.
43
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 839.
16 ISABEL M. R. MENDES DRUMOND BRAGA

Fig. 7. Máxima em árabe e em português


(Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 10)

Ao contrário do exemplo acima, a maioria das frases são curtas. Evidenciam


o temor a Deus (“o principio da sapiência é o temor a Deus”44), exaltam a
bondade (“o tirar o mau da sua maldade é mais dificultoso do que [tirar] a
tristeza do triste”45), valorizam a sabedoria (“a sabedoria é ornato dos moços
———————
44
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 3.
45
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 4.
OS MANUSCRITOS ÁRABES DE FREI JOÃO DE SOUSA 17
46
e as cãs a magnificência dos velhos” ), aconselham discrição (“quem guarda
o seu segredo consegue o seu desejo”,47 ou “quem muito fala, erra”, também
na variante “ver, ouvir e calar”48), salientam a prudência (“a separação é
melhor que a má sociedade” isto é, “antes só que mal acompanhado”49 ou
“procura o vizinho antes da casa e o companheiro antes da estrada”50 ou
ainda “não acordes o cão que dorme”51) e chamam a atenção para a
humildade (“aquele que recebe a dádiva não deve reparar no que se dá” ou,
numa variante “a cavalo dado não se olha para a pele”52), instigam à
cooperação (“uma mão lava a outra e as duas lavam o rosto”53) e à
pontualidade (“não atrases teu negócio de hoje para o dia de amanhã”54) e
não esquecem de referir que nada é imutável (“não há bem durável nem mal
que se não acabe”55). A contenção e o conformismo, numa sociedade que
não deseja contestação, foram características igualmente presentes (“o
estômago é depósito (casa) de todas as enfermidades, a abstinência, porém, é
o melhor remédio”56 ou “por dois modos se perdem os homens, pela
abundância do dinheiro e pelo muito falar”57 e “sê tu contente com o que
Deus te deu”,58 respectivamente).

———————
46
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 17.
47
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 4v.
48
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 6v.
49
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 13.
50
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 4v.
51
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 17v.
52
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 32.
53
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 28.
54
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 36v.
55
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 30v.
56
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 25.
57
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 9v.
58
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 9v.
18 ISABEL M. R. MENDES DRUMOND BRAGA

Fig. 8. Fólio com vários provérbios


(Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 16v)

As mulheres foram igualmente objecto de atenção. Pelo menos quatro provérbios


lhe foram dedicados: “quem deseja ser sábio não se deixe possuir das mulheres”,59
“a mulher sem vergonha é como o comer sem sal”,60 “fia-te na cobra e não te fies
em mulher”61 e “a mulher e o vidro estão em perigo”.62 Em causa estão a
———————
59
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 3.
60
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 11v.
61
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 24v.
62
Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 29.
OS MANUSCRITOS ÁRABES DE FREI JOÃO DE SOUSA 19
valorização de uma conduta ilibada, o entendimento das mulheres como seres
ignorantes, malévolos, enganadores e frágeis, aspectos que tinham repercussão não
só no discurso proverbial mas também nos discursos morais e eclesiásticos, típicos
de uma sociedade misógina.63 Receiam-se as mulheres e tenta-se que sejam objecto
de controlo, alegando a sua condição de seres fracos que necessitam de protecção,
simultaneamente valoriza-se a sua conduta, pois se esta for duvidosa, a honra, um
dos valores estruturantes da sociedade de então, fica em perigo.

Fig. 9. Fólio com vários provérbios, entre os quais o primeiro sobre as mulheres
(Lisboa, A.C.L., Manuscritos Vermelhos, n. 838, fol. 24v)

———————
63
Sobre as mulheres nos provérbios, cf. Barrocas (1988) 995-1009; Maciel (1999).
20 ISABEL M. R. MENDES DRUMOND BRAGA
Os manuscritos árabes de frei João de Sousa evidenciam-nos a sua formação
erudita e as suas preocupações ao nível do ensino. O arabista, enquanto
alguém que viveu para servir a sua comunidade, desdobrou-se em múltiplas
actividades cuja língua árabe esteve sempre no centro: a recolha de materiais
escritos em árabe independentemente do suporte em que se encontravam, a
tradução de inscrições, de cartas, de tratados e de outro tipo de documentos
e, sobretudo a produção de textos com vista ao ensino, o que passou por uma
gramática, um catecismo ou simples recolhas de provérbios.

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