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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA

Instituto de Ciências Humanas


Curso de Psicologia

PROJETO DE PESQUISA

Campinas – Swift
2017
UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
Instituto de Ciências Humanas
Curso de Psicologia

PROJETO DE PESQUISA

Projeto de Pesquisa apresentado


à disciplina: Psicologia Escolar do 6º
Semestre do curso de Psicologia da
Universidade Paulista - UNIP, sob
orientação da Professora. 

Campinas – Swift
2017
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................4
1.1 APRESENTAÇÃO.........................................................................................................................4
1.2 EVASÃO ESCOLAR PELA VISÃO DO ALUNO........................................................................5
1.3 OBJETIVOS..................................................................................................................................21
1.4 JUSTIFICATIVA...........................................................................................................................22
2 MÉTODOS............................................................................................................................................23
2.1 SUJEITOS.....................................................................................................................................23
2.2 INSTRUMENTOS........................................................................................................................23
2.3 APARATOS DE PESQUISA.......................................................................................................23
2.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETAS DE DADOS................................................................24
2.5 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DE DADOS..................................................................24
2.6 RESALVAS ÉTICAS....................................................................................................................24
3 REFERÊNCIAS....................................................................................................................................26
1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo nos aproximar da realidade no


âmbito educacional atualmente, nos fazendo refletir sobre as possíveis
melhorias e soluções, em um local específico, mas considerando todas as
circunstâncias que envolvem o âmbito educacional. É o resultado de uma
pesquisa realizada fora do ambiente universitário, porém complementada com
coletâneas e conteúdos dados em salas de aula que enriqueceram nossa
análise dos dados.
A Instituição em que realizamos a pesquisa, atua em um papel de auxílio
em algumas matérias essenciais. O objetivo principal é dar oportunidades na
vida, para os estudantes que participam desse projeto, tendo isso em mente,
conseguimos perceber que existem, não apenas nessa instituição, mas em
muitas outras, a chamada biologização, a qual atribui a todos os problemas em
salas de aula como resultados de fatores encontrados comumente na realidade
social da criança, mais conhecido como Patologização do Processo Ensino-
Aprendizagem. E com essa patologização, vem a medicalização da educação,
que consiste em tratar como doença e indicar medicação a todos problemas,
que na maioria das vezes poderiam ser resolvidos apenas com
acompanhamento. É aí que se dá a origem do tão perigoso senso de
homogeneização, que está impregnado no nosso cotidiano, que por sua vez é
a essência da substância social, fazendo com que, todo aquele que não se
conforme aos seus padrões, é rotulado como anormal.
A ONG a qual estamos trabalhando, tenta quebrar as barreiras de
generalizar os problemas dos estudantes que lá frequentam, e tratar com
auxílio e acompanhamento. Porém nem tudo é exatamente como as pessoas
desejam. O funcionamento de uma entidade depende de vários outros fatores
além de pessoas que querem ensinar e alunos que querem aprender.
Nos últimos anos a educação no nosso país passou por várias
alterações, houve a implantação do Plano Nacional e Municipal de Educação,
que visa sempre padronizar os meios de educação utilizados. E com isso

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houve uma maior vontade de democratizar o ensino, porém todo processo de
inovação, modernização, passa por um período de adaptação.
Muitas vezes nesses projetos faltam recursos, tanto financeiros como
culturais, as mudanças não são apoiadas pelos governantes, ou pelos
professores ou mesmo pelos alunos. O processo tem por ideal a humanização
social, porém a realidade é outra, quando se fala em Política Pública
Educacional, a democracia vigente tem como base a desigualdade e como
diretriz a escassez de recursos ocasionados pela má gestão e desvio de
verbas. Citando isso apenas para nos atualizar sobre a situação atual e os
recursos disponíveis.
Neste trabalho iremos discorrer sobre temas que influenciam na
educação nos dias de hoje. E além de abordar esses temas que envolvem a
nossa Educação, também apresentaremos situações reais e possíveis
soluções baseadas no que aprendemos em sala de aula. Realizamos então
esse projeto para mostrar o resultado de nossas experiências externas e
internas trazendo um problema real encontrado em uma instituição, a qual foi
realizada a pesquisa, e trazendo também possíveis soluções elaboradas com o
que aprendemos.

1.2 EVASÃO ESCOLAR PELA VISÃO DO ALUNO

Escola e Democracia

Demerval Saviani traz a possibilidade de pensar o processo de


marginalização, como todos os movimentos de exclusão e no aspecto da
educação, o que de alguma forma colocam os indivíduos à margem de.
Existem seis diferentes maneiras de justificar e entender o processo de
marginalização, que subdivide em dois grandes grupos: Teorias não críticas e
teorias crítico-reprodutivistas.
 Na teoria não crítica, a marginalidade é sempre um problema do
indivíduo, não fazem a crítica da sociedade, a marginalidade é identificada
como ignorância e a escola é o antídoto da ignorância que serve como
instrumento para equacionar a sociedade, a escola veio para redimir os

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desviantes, a marginalização não é produzida pelo modo de estruturação e
funcionamento do sistema, mas é um instrumento de integração dos indivíduos.
Dentro da teoria não crítica existem três diferentes pedagogias e na
teoria crítico-reprodutivistas não é pedagogia e sim teorias, a escola tem a
função de reproduzir a desigualdades, entendem como produtores e geradores
do processo de marginalização.
As que não fazem crítica da sociedade aparecem dentro dos sistemas
de ensino, enquanto fazeres pedagógicos que norteiam o professor, uma vez
que não ameaçam o sistema.
Dentro das teorias não críticas têm a pedagogia tradicional, pedagogia
nova e pedagogia tecnicista. Na tradicional o marginalizado é o ignorante, a
superação deste estado é dada via intelecto com foco no professor. Recebeu
críticas porque nem todos eram bem-sucedidos e nem todos os bem-sucedidos
se ajustavam ao tipo de sociedade que se queria consolidar.
Com a descoberta das diferenças individuais a pedagogia nova que tem
base no construtivismo e abordagem humanista tem o foco no indivíduo, o ser
humano, o afeto, as relações, o marginalizado não é mais o que não detém a
informação, mas o rejeitado (anormais, desajustados, desadaptados), tem a
ênfase em ideias de aprender a aprender. Recebeu críticas por deixar de lado
o conhecimento e domínio dos conteúdos.
Na pedagogia tecnicista o processo educativo é objetivo e operacional,
inspirada nos princípios de racionalidade, eficiência e produtividade, buscou
planejar a educação de modo a dotá-la de forma organização racional para
minimizar as interferências subjetivas que pudessem pôr em risco sua
eficiência. O elemento principal é a organização racional do meio, o professor e
aluno ficam em posição secundária. O processo define o que os professores e
alunos devem fazer, como e quando farão. Marginalizado é o incompetente,
ineficiente e improdutivo. Supera-se a marginalidade construindo indivíduos
eficientes que contribuam com a produtividade na sociedade.
A sociedade é composta de um conjunto de ideologia, vinculado por
diversos aparelhos, mídia, discurso da escola, igreja, diferentes segmentos da
sociedade produzem diferentes formas de entender e explicar porque ocorre a
marginalização de determinados segmentos da sociedade.

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Nas teorias crítico-reprodutivistas tem a teoria da violência simbólica,
teoria do aparelho ideológico do Estado e teoria da escola dualista, dentre
estas existe um conjunto de ideias que são comuns às três. O modo de
estruturação e funcionamento produz a marginalização e o fracasso da escola
faz a reprodução do status quo, aonde uma parcela vai para mão de obra
barata e poucos ascendem aos níveis mais altos para que a pirâmide social
seja mantida.
Na teoria da violência simbólica: imprimi e valoriza uma determinada
cultura burguesa, ação pedagógica é a imposição arbitrária da cultura dos
dominantes aos dominados.
Na teoria do aparelho ideológico do estado os marginalizados são todos
os trabalhadores, para que este processo continue o Estado conta com 2 tipos
de aparelhos, repressivos e ideológicos. Repressivos são todos do sistema de
legislação, exércitos, presídios e etc. e os ideológicos veiculam um conjunto de
ideias que têm a função de manutenção do poder, que são as escolas, mídia,
sendo assim um processo de alienação sutil.
A escola não vai servir como redentora, ela é aparelho ideológico do
Estado, a escola sozinha não fará a transformação da sociedade, mas a
transformação também não acontece sem a escola.
Teoria da escola dualista, a escola é aparelho da ideologia burguesa e
do proletariado, este aparelho contribui a reproduzir as relações de produção
capitalista, a divisão da sociedade em classes em proveito da classe
dominante.
Enquanto aparelho ideológico, a escola cumpre duas funções básicas:
contribui para a formação da força de trabalho e para inculcação da ideologia
burguesa, recalcando, a sujeição e o disfarce da ideologia proletária, sendo
esta ideologia do proletariado com origem e existência fora da escola, nas
massas operárias e em suas organizações.
A ideologia proletária tem alguns de seus efeitos que se apresentam
como resistência.
Na teoria dualista o papel da escola não é, então, o de simplesmente
reforçar e legitimar a marginalidade que é produzida socialmente, mas tem por
missão impedir o desenvolvimento da ideologia do proletariado e a luta
revolucionária.

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Alfabetização: Passado, Presente e Futuro.

A partir de pesquisa realizada em Campinas, foi conhecido o caso de


Reginaldo, menino de 8 anos e 8 meses que, segundo relato de professora à
mãe, precisava tomar remédio porque não conseguia aprender, já os pais o
achavam muito esperto. Porém depois de tanta insistência e encaminhamentos
médicos da professora a própria criança se vê fadada a aceitar a “sua doença”
e prever seu futuro com ela, em uma escola que simplesmente não o admite
com um diagnóstico contrário.
Diante desse contexto, nossos pesquisadores foram levados à teoria de
Agnes Heller de que os seres humanos projetam-se todos em seu cotidiano,
fazendo com que a vida cotidiana seja plena de preconceitos e é aí que se dá a
origem do tão perigoso senso de homogeneização, que está impregnado no
nosso cotidiano, que por sua vez é a essência da substância social, fazendo
com que, todo aquele que não se conforme aos seus padrões se que exista
para a maioria das pessoas, afinal, segundo Heller, a crença em preconceitos é
um excelente escudo contra conflitos, já que se opondo ao diferente o sujeito
confirma as suas próprias ações anteriores.
Um dos importantes agentes na construção desses preconceitos são os
mitos de que características externas, regionais ou sociais são quem
determinam a capacidade de aprender de uma criança, modelo que considera
o sistema educacional impecável, à medida que o seu sucesso ou fracasso
depende exclusivamente da criança, assim, sem a sua mudança é para o
professor muito difícil, senão impossível, ensinar. Mas dentre todos esses mitos
que procuram explicar, se não culpabilizar o fracasso escolar, nossos autores
priorizaram o Mito da biologização.
A biologização é a transformação de toda a problemática escolar em
algo inerente ao aluno, ou seja, fatores comumente encontrados em sua
realidade social, como desnutrição e as disfunções neurológicas, que se

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transformam na gênese do seu não aprender. A isso os nossos autores têm
chamado de Patologização do Processo Ensino-Aprendizagem.
A Desnutrição como justificativa da não aprendizagem, vem atrelada à
sua dita relação com o desenvolvimento e funcionamento do Sistema Nervoso
Central, porém o mesmo, segundo estudos conceituados, só ocorre caso a
desnutrição tenha ocorrido em seu grau mais grave, no início da vida desse
sujeito (até o 6º mês) e ter um longo período de duração. Ainda assim, nossos
autores consideram inconsistente afirmar que testes feitos a partir de outro
estrato social, possam alienar as condições fisiológicas de um sujeito às
sociais, para uma avaliação tão precisa. Além do que, os efeitos de uma
desnutrição, nos termos citados, estão relacionados a funções superiores ainda
não manifestadas e necessárias no período de alfabetização, onde se
concentram a maior parte das queixas de professores e aplicação do mito.
Já as Disfunções Neurológicas, apresentada como dislexia, DDM ou
qualquer outra nomenclatura, na prática se referem a uma mesma situação em
que a aprendizagem e/ou comportamento de um sujeito, divergem daqueles
estabelecidos como “normais” dentro da sociedade. E a grande questão
levantada pelos nossos autores nesse sentido é: “Como identificar a criança
“disléxica” e a mal alfabetizada? ”. Atestando-se que 30% da população em
geral se enquadraria em algum tipo de disfunção neurológica, 18% desses
seriam disléxicos e o potencial de consumo desse grupo para um especifico
grupo de profissionais incluindo a indústria farmacêutica parece ser a
justificativa mais plausível para hipóteses jamais comprovadas terem
conquistado o título de ciência.
Conclui-se então que, para a construção de um sistema educacional
realmente comprometido com a aprendizagem é necessária uma ruptura de
todos esses preconceitos, o que só é possível com um maior investimento na
formação dos professores, tendo como objetivo maior a interferência no
cotidiano escolar, quebrando, por conseguinte toda a culpabilização das
vítimas e se assumindo, enquanto profissionais da educação, como agentes
efetivos de transformação social.

Medicalização de Crianças e Adolescentes.

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A partir de 1980 a Psicologia levantou alguns questionamentos a
respeito da redefinição de seu objeto de estudo, papel social da Psicologia
enquanto ciência e profissão e da Psicologia Escolar, enquanto campo de
atuação do psicólogo e dos pressupostos que norteavam a construção do
conhecimento no campo da Psicologia e da Psicologia Escolar e suas
finalidades, como também a serviço de quê e de quem estariam em uma
sociedade de classes.
A crítica centrava-se no fato de a atuação profissional do psicólogo no
campo da educação avançar pouco a serviço da melhoria da qualidade da
escola e dos benefícios que esta escola deveria estar propiciando a todos, em
especial, às crianças oriundas das classes populares.
O contexto histórico das críticas que a Psicologia apresentou foi no
momento da redemocratização do Estado, da descentralização do poder para
os Municípios e Estados, onde a educação passa a ter autonomia para
planejar, implementar e gerir suas políticas educacionais.
A Constituição de 1988, abre caminhos para a institucionalização dos
espaços democráticos, na recuperação de direitos civis e sociais, centrada
em dois princípios básicos: a descentralização do poder do Estado e a
participação social ampla nas decisões políticas. A ela seguem-se o Estatuto
da Criança e do Adolescente (1990), a Declaração de Educação para Todos
(1990), a Declaração de Salamanca (1994) e a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (1996), sendo estas as mais relevantes.
A partir das discussões e críticas presentes, a Psicologia Escolar e
Educacional se voltaram para o novo objeto de estudo da psicologia: o fracasso
escolar.
A concepção teórica de que o fracasso escolar é produto da
escola resgata pelo menos duas grandes questões para o psicólogo e
para a formação de profissionais que atuam no campo da educação escolar:
a primeira referente ao posicionamento político de compromisso com o
excluído, principalmente com as crianças e adolescentes, e a segunda,
não menos importante, relativa à superação de referenciais teórico-
metodológicos oriundos da Psicologia que têm levado à produção da
exclusão por meio de concepções medicalizantes a respeito da queixa
escolar.

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Os referenciais teóricos tradicionalmente presentes na Psicologia e de
caráter heredológico, ambientalista, interacionista e behaviorista mantiveram
como eixo de análise ora os aspectos referentes ao psiquismo e ao
desenvolvimento cognitivo do indivíduo, ora os aspectos meramente
pedagógicos. Portanto, a discussão crítica no campo da Psicologia Escolar
insere um novo eixo de análise: o processo de escolarização, constituído a
partir das condições objetivas, concretas, que permitem, ou não, que a escola
possa cumprir as suas finalidades sociais.
Ao considerar o processo de escolarização, a Psicologia Escolar passa a
enfatizar a necessidade de que a escola é o espaço em que relações sociais e
individuais se articulam numa rede de relações complexas e que precisam ser
analisadas como tal.
Quando o psicólogo recebe uma queixa escolar, esta se constitui
em um fragmento de uma complexa rede de relações sociais com as quais
ele terá que trabalhar a partir do seu campo de conhecimento. O psiquismo é
um dos aspectos constitutivos do processo de escolarização e ao elegê-lo
como o aspecto central de sua análise, o psicólogo ou qualquer outro
profissional incorrerá no erro de desprezar inúmeras outras situações que,
segundo várias pesquisas na área educacional apresentam, são
constitutivas de ações realizadas pelas crianças e de reações a determinados
contextos extremamente hostis. E mais do que isso, explicitará o fato de que o
profissional desconhece o que se passa na escola, não tendo a dimensão de
que o fracasso ou o sucesso no processo de aprendizagem escolar é muito
menos determinado por questões individuais do que por mecanismos
institucionais e políticos.
Do ponto de vista da profissão, podemos dizer que as críticas
oriundas dos anos 1980 contribuíram, sobremaneira, para uma retração da
presença do psicólogo no campo da educação. A constatação de práticas
adaptativas da criança em uma escola que não correspondia às
necessidades educativas postas por sua finalidade, fez com que muitas
redes de ensino retirassem psicólogos da área de atuação educacional
para o campo da saúde.

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O argumento que fortaleceu esta transferência, de maneira geral,
centrou-se no fato de que tais profissionais atuavam em uma prática clínica e
diagnóstica e não educacional.
Com o advento do fortalecimento da genética, da neurologia e da
neuropsicologia, os aspectos biológicos voltaram a ser considerados como
aqueles que estariam na base dos problemas pedagógicos. Assistimos,
então, a partir do ano 2000, o retorno das explicações organicistas centradas
em distúrbios e transtornos no campo da educação. Temáticas tão populares
nos anos 1950-1960 retornam com roupagem nova. Não se fala mais em
eletroencefalograma para diagnosticar distúrbios ou problemas neurológicos,
mas sim em ressonâncias magnéticas e sofisticações genéticas, mapeamentos
cerebrais e reações químicas sofisticadas tecnologicamente. Embora esses
recursos da área da saúde e da biologia sejam fundamentais enquanto
avanços na compreensão de determinados processos humanos, quando
aplicados ao campo da educação retomam a lógica já denunciada e
analisada durante décadas de que o fenômeno educativo e o processo de
escolarização não podem ser avaliados como algo individual, do aprendiz, mas
que as relações de aprendizagem constituem-se em dimensões do campo
histórico, social e político que transcendem, e muito, o universo da biologia e
da neurologia. O avanço das explicações organicistas para a compreensão do
não aprender de crianças e adolescentes retoma os velhos verbetes tão
questionados por setores da Psicologia, Educação e Medicina, a saber,
dislexia, disortografia, disgrafia, dislalia, transtornos de déficit de atenção,
com hiperatividade, sem hiperatividade e hiperatividade.
O retorno das concepções organicistas também conta com
diagnósticos neurológicos e, portanto, com a possibilidade de medicalização
das crianças e adolescentes que recebam tais diagnósticos.
Portanto, ter dificuldade de leitura e escrita não mais questiona a
escola, o método, as condições de aprendizagem e de escolarização. Mas sim,
busca na criança, em áreas de seu cérebro, em seu comportamento manifesto
as causas das dificuldades de leitura, escrita, cálculo e acompanhamento
dos conteúdos escolares.
Os defensores das explicações organicistas no campo da educação
afirmam que é um direito da família saber o problema que esta criança tem e

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mais do que isso, que cabe ao Estado brasileiro arcar com as despesas
do diagnóstico, do tratamento e da medicação. Esse argumento vem
ganhando os espaços legislativos de grande parte de cidades e estados
brasileiros por meio de inúmeros projetos de lei que visam criar serviços sejam
nas Secretarias de Educação, seja na Secretaria de Saúde, para atender as
crianças com problemas escolares.
É o momento de uma revisão estrutural do sistema educacional para
compreendermos tantos casos de crianças que permanecem anos na
escola e continuam analfabetas. Jamais devemos atribuir a elas as causas
do não aprender, pois, neste caso, estaremos penalizando-as duplamente, por
não termos cumprido nosso papel social deixando de oferecer uma escola de
qualidade para toda uma geração e por acreditarmos que ao encontrar em seu
corpo, ou em seu cérebro, os sinais do não cumprimento desse papel social,
denominamos tal constatação de distúrbio e utilizamos terapias e tratamentos,
inclusive medicamentosos, para aliviar o peso do não aprender.
Portanto, a finalidade da atuação do psicólogo na Educação deve-
se pautar no compromisso com a luta por uma escola democrática, de
qualidade, que garanta os direitos de cidadania a crianças, adolescentes
e profissionais da Educação. Este compromisso é político e envolve a
construção de uma escola participativa, que possa se apropriar dos
conflitos nela existentes e romper com a produção do fracasso escolar.
Esta ruptura permite contribuir para o bem-estar das crianças, assim
como para a aprendizagem das mesmas e superação dos obstáculos que
barram o desenvolvimento de seu potencial, e a promoção do
autoconhecimento, de modo a possibilitar ações na comunidade em que vivem.
Dentre os complexos aspectos implicados na tentativa de se romper com esta
produção do fracasso escolar, podem ser apontados, por exemplo, os relativos
ao trabalho realizado com os professores, visando-se contribuir para a
realização profissional dos mesmos, bem como para a melhoria de sua
competência técnica, com ênfase na conscientização acerca da prática
pedagógica e de aspectos ético-políticos presentes em tal atuação profissional.
Desta maneira as autoras Retornam à patologia para justificar a não
aprendizagem escolar: a medicalização e o diagnóstico de transtornos de
aprendizagem em tempos de neoliberalismo por acreditarem que há um

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retrocesso visível no campo educacional ao transformarmos em patologia
algo que é produto das dificuldades vividas por um sistema escolar que
não consegue dar conta de suas finalidades. Sistema este fruto de
políticas que durante décadas depauperaram a escola pública e
dificultaram que desempenhasse seus papéis sociais e políticos.

Dificuldades de Aprendizagem (DA): Doença Neurológica ou


Percalço Pedagógico?

A Dificuldade de Aprendizagem (DA) tem sido apontada como uma


patologia, iniciada por alterações neurológicas, porem estudos recentes,
mostraram que tais alterações foram identificadas com base em pesquisas
inconsistentes. É interessante destacar a variedade de causas dessas
dificuldades, onde a patologia é mais frequente do que os aspectos
neurológicos, onde há o incentivo da utilização de remédios. Conforme
mencionado no texto, vimos à busca de solução pelo o caminho
PEDAGOGICO, e a luta por Politicas Publicas que influenciam melhores
condições de ensino no Brasil.
No texto fala sobre alguns nomes citados dentro das escolas, se
referindo ao “DA” como: Distúrbio de Aprendizagem, Dislexia, hiperativo ou
Déficit de Atenção, nos quais o texto fala que muitas vezes marcarão a vida do
aluno.
No começo da década de 80 foi entendido o DA como um termo
genérico, manifestado por dificuldades auditivas, raciocínio, fala e escrita, onde
todas são devido a disfunção do sistema nervoso, onde nesta definição, não
estariam no contexto de suas relações interpessoais.
Enfim, nos aprofundando mais nas questões que foram relacionadas
pelo texto, gostaria de enfatizar o quanto estrategicamente é desviado a
atenção dos problemas político-sociais que estão por trás das dificuldades no
aprender apresentadas pelos alunos, reduzindo-as a um problema particular do
aluno e de sua família. Ao invés da escola reconhecer seu despreparo, essas

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diferenças eram tomadas como justificativas para as crianças não
permanecerem nas escolas, onde as mesmas teriam que se moldar ao ensino.
As escolas Brasileiras ainda não se adaptaram com o aumento da
população escolar, onde complicou nas questões das diferenças entre ritmos
de aprendizagem. A falha está em acreditar que outras formas e velocidade na
aprendizagem, condizem a alterações neurológicas no sistema nervoso central,
entendidas como uma doença denominada (DA). O texto cita alguns exemplos,
que estariam dificultando a aprendizagem escolar:
Nas condições fora da escola, podemos relevar os conflitos familiares,
onde desestabilizam o emocional da criança, ou pais que chegam tarde em
casa, cansados e sem forças para verificar suas lições de casa, ou até mesmo
aquelas crianças que ficam na rua o tempo todo, sem o controle dos pais.
Condições escolares, podemos indicar as situações que dificultam a
aprendizagem como: instalações inadequadas, mudanças frequentes de
professores, professores desmotivados com baixos salários, entre outros.
Situações que ocorrem com a criança: podem-se observar doenças
frequente e consequente falta às aulas, desinteresse, agitação excessiva,
defasagem no processo de escolarização.
Na verdade, há múltiplas possibilidades causais, portanto, os problemas
de aprendizagem não são restringíveis nem a causas físicas ou psicológicas,
nem a analise das situações sociais, é preciso compreendê-lo a partir de um
enfoque multidimensional.

Fracasso Escolar e Politicas Públicas: Ampliação do Ensino


Fundamental

Nos últimos tempos, houve uma progressão relativamente boa referente


as discussões sobre o fracasso escolar, porém ainda há um conceito que
acabe responsabilizando a criança e famílias pela dificuldade na
aprendizagem. Para facilitar o entendimento do texto, gostaria de descrever
aqui o conceito de “fracasso escolar”
Fracasso escolar, é uma discussão referentes as dificuldades de
aprendizagem, que vêm mascarar a fragilidade da escola, dando ênfase no
aluno todo “insucesso” de sua não aprendizagem.

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No campo da Psicologia encontramos varias opiniões sobre as
dificuldades de escolarização que se traduzem no fracasso escolar. Opiniões
que vão desde focalizando a culpa na criança e em suas famílias, até
concepções mais criticam que procuram analisar o fracasso como um todo,
para tentar entende-lo e contribuir para sua superação.
A partir da década de 80, quando as discussões sobre esse assunto
começaram a ter certa importância dentro dos estudos , a psicologia passa a
estudar as politicas publicas no espaço da educação, onde existe também o
confronto com a exclusão, preconceito e a defesa de uma escola para todos.
Nessa situação, podemos dizer que há uma distancia entre a intenção de fazer
com a realidade do acontecer, onde passa a ser de uma grande importância,
os trabalhos que se empenham a conhecer o andamento dessas políticas, com
o intuito de identificar o que de fato acontece em suas realizações.
O texto em si, mostra algumas discussões que se englobam nos dados
de uma pesquisa qualitativa, efetuada em oito escolas publicas, onde o foco do
estudo foi a “Ampliação do Ensino Fundamental para Nove Anos” que tinha
como intenção assegurar a toda a criança um tempo maior dentro do contexto
escolar, aumentando a oportunidades de aprender, onde o sujeito inicia o
ensino fundamental aos 6 anos de idade. Dentro da pesquisa, foi discutida a
questão do posicionamento escolar diante de certa situação: “Qual a posição
das escolas quando uma criança não aprender a ler e a escrever?”.
Conforme já citado no paragrafo acima, com base nas entrevistas
realizadas, foi questionado sobre as adaptações curriculares, espaço físico,
formação de professores, enfim, a preparação a adequada junto com a
implantação do ensino fundamental. Porem, perante as pesquisas realizadas,
foi apontado um hiato existente entre o que a lei disse e o que realmente
ocorreu. Neste caso, foi questionado sobre a vantagem de colocarem as
crianças mais cedo nas escolas, sabendo sobre todo esse despreparo escolar.
É interessante citar os instrumentos realizados nas pesquisas, onde
foram utilizados alguns registros fotográficos, entrevistas e analise de
documentos. Os entrevistados foram os coordenadores e professores das
escolas envolvidas na pesquisa.
Quanto aos resultados, ficou entendido que a intenção proposta pela
ampliação do ensino fundamental, não foi totalmente alcançada, o que pode

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prejudicar na superação do fracasso escolar, onde foi identificado que a
implantação foi realizada sem nenhuma preparação que garantisse êxito nas
alterações referente aos aspectos estruturais das escolas, como por exemplo:
as adaptações de profissionais e formação de equipes pedagógicas.
Portanto, conclui-se de uma forma mais clara e pratica que a
implantação do ensino fundamental para nove anos, foi realizada, porem, sem
vantagem nenhuma para a aprendizagem, onde a luta contra o fracasso
escolar, cai por terra.

Exercício de Indignação - Escritos de Educação e Psicologia

Um processo de democratização tem por ideal contestar o que está


posto e partir em direção à humanização social, no entanto, quando se fala de
Política Pública Educacional, a democracia vigente tem como base a
desigualdade e como diretriz a escassez de recursos ocasionados pela má
gestão e desvio de verbas. Por isso se faz necessária a difusão “utópica” de
diretrizes criadas a partir de ações transformadoras que desmascarem as
“mentiras estatísticas” e resolvam de fato as deficiências alarmantes de nosso
ensino.
Quando projetos de reformas, ainda que legítimas em proposta são
comumente usadas como mecanismo de alcance estatísticos por interesses
particulares ligados à manutenção e/ou obtenção de poder, não há como
esperar reflexos positivos de tais ações, administrativamente descontinuadas,
na qualidade de nossa educação.
Somadas aos prejuízos decorrentes desse “negócio escolar” estão as
antigas práticas docentes, vinculadas sempre vinculadas aos rótulos (pobre,
pré-silábico etc.). E considerando como fundamental o princípio de “ensino ao
nível da evolução psíquica do aprendiz”, a escola desconsidera mais uma vez a
influência de fatores políticos no fracasso escolar ao quais essas crianças
“estão condenadas”. E o papel da universidade é imprescindível nessa ação
transformadora:
Análises das políticas públicas; das formas de gestão escola; da relação
professor-aluno; do compromisso político-profissional de professores bem e

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mal-sucedidos na tarefa de ensinar; das práticas de ensino e de avaliação da
aprendizagem; da natureza dos conteúdos ensinados; das práticas
disciplinares; do preconceito social e racial que estrutura as relações escolares;
dos encaminhamentos medicalizantes dos que não conseguem escolarizar-se;
das formas de organização das famílias usuárias das escolas e das
consequências delas na maneira como se inserem na escola - da participação,
enfim, da ‘cultura da escola’ na produção de seu sucesso ou fracasso como
instituição de ensino. (Exercícios de Indignação, Patto Maria H. S., Ed. Casa do
Psicólogo, 2005, p. 65)
É necessária então, uma atuação intencional no âmbito acadêmico, com
pesquisas voltadas às reformas e projetos governamentais de forma crítica em
consideração a elementos importantes a serem estudados como, por exemplo,
a etnografia, com o objetivo de compreender e denunciar as camufladas formas
de exclusão, rotuladas como inclusão em favor de interesses políticos.
Denunciando a tecnicidade das pesquisas acadêmicas atuais e superando as
contradições sociais.

Plano Nacional de Educação

O Plano Nacional de Educação (PNE) determina as metas, estratégias e


diretrizes a serem seguidas na política educacional por seguidos dez anos.
Diretrizes que garantam o direito a educação básica de qualidade e a
ampliação das oportunidades educacionais. Além disso, garantia da redução
das desigualdades e a valorização da diversidade, valorização dos
profissionais da educação e oportunidade de ensino superior.
O Plano Municipal de Educação segue pelo mesmo caminho, sendo
assim um plano que contenham especificidades municipais adaptados para
cada região, e como o PNE, é um documento que estabelece metas
educacionais para que a garantia do direito a educação de qualidade avance
um município, por um período de dez anos. Trata-se de uma exigência prevista
na Lei que aborda um conjunto do atendimento educacional existente em um
território, envolvendo redes municipais, estaduais, federais e as instituições
privadas que atuam em diferentes níveis e modalidades da educação. É o
principal instrumento da política publica educacional.

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O que os autores do Plano Municipal de educação e do Plano Nacional
de educação querem é manter em todo Brasil uma unidade nacional em torno
das premissas contidas no plano, é fazer com que o plano seja um padrão a
ser aplicado, são um importante instrumento contra a descontinuidade das
políticas, pois orientam a gestão educacional e referenciam o controle social a
participação do cidadão. Ou seja, o plano de educação basicamente consiste
nas regras para padronizar a educação, exige um trabalho ágil e organizado,
pois é necessário que todos os municípios se adaptem em no máximo um ano
depois de sua publicação. O trabalho de adaptação envolve levantamento de
dados e informações, estudos, analises, consultas publicas, decisões e
acordos políticos.
Considerar as opiniões de todas as pessoas envolvidas na educação do
país, é fundamental na elaboração e aplicação dos planos de educação em
todos os níveis, sejam eles locais, regionais ou nacionais. A participação no
processo de elaboração, monitoramento e avaliação dos planos permite
compor uma visão mais ampliada dos processos, problemas e possibilidades
da educação, gerando compromissos e responsabilidades com o planejado,
fazendo com que o governo se comprometa e a sociedade também.
A proposta de um plano para coordenar, fiscalizar e monitorar as
políticas educacionais existe desde 1930, quando foi criado o Conselho
Nacional de Educação e da divulgação do Manifesto Pioneiros da Educação
Nova, o qual foi elaborado por educadores e intelectuais brasileiros, quando
identificaram a necessidade de formulação de uma política, que tivesse
continuidade, e por isso estabeleceu como uma das competências fixar o Plano
de Educação.
Não é suficiente apenas pensar nas padronizações, precisa-se pensar
também nos recursos necessários para o cumprimento dessas metas, recursos
financeiros, estruturais, destinados a transporte e/ou alimentação, os quais a
ausência prejudicaria toda a sua aplicação. Os recursos devem seguir na
mesma velocidade com que as mudanças e demandas ocorrem. Por isso é
necessário que hajam discussões sobre as estratégias que deverão contemplar
as metas.

Psicologia Educacional ou Escolar? Eis a questão

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Barbosa e Souza apresentam um estudo que busca por meio da história
da Psicologia e análise documental das diferentes formas de nomenclaturas
que se refere à relação entre a Psicologia e Educação que na verdade ensejam
pressupostos teóricos, práticos, metodológicos e inclusive ideológicos que
precisam ser compreendidos não apenas como meras diferenças de
nomeação.
Antunes diz que se deve, pois, sublinhar que Psicologia Educacional e
Psicologia Escolar são intrinsecamente relacionadas, mas não são idênticas,
nem podem reduzir-se uma à outra, guardando cada qual sua autonomia
relativa. A primeira é uma área de conhecimento (ou sub-área) e tem por
finalidade produzir saberes sobre o fenômeno psicológico no processo
educativo. A outra constitui-se como campo de atuação profissional, realizando
intervenções no espaço escolar ou a ele relacionado, tendo como foco o
fenômeno psicológico, fundamentada em saberes produzidos, não só, mas
principalmente, pela subárea da psicologia, a psicologia da educação
Em termos gerais a definição mostra Psicologia Educacional e da
Educação como sinônimos e correspondem à teorização ou produção de
saberes sobre o processo educativo e a Psicologia Escolar como um campo de
atuação ou prática do psicólogo em contextos educativos diversos. Esse
campo nasceu, desenvolveu-se e se consolidou concomitantemente à
Psicologia propriamente dita.
Os termos Pedologia, Puericultura, Paidologia, Paidotécnica
(relacionados à criança) e também Ortofrenia, Ortofrenopedia, Defectologia
(relacionados à criança “defeituosa”, “deficiente” ou “retardada”) têm origem no
tipo de pensamento adaptacionista.
Também se observa a presença da chamada Pedagogia Terapêutica,
Higiene Escolar ou Higiene Mental Escolar, quando se enfatizavam os métodos
de intervenção médico-curativos e clínicos para resolver os chamados
“problemas das crianças”.
Em resumo, a Psicologia Educacional teórica e prática tinham como
objetivo principal diagnosticar as crianças no interior da escola quanto a sua
“normalidade” ou “anormalidade” e, baseada nos experimentos e testagens,
garantia-se a divisão em classes e/ou escolas especiais para atendimento de

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suas “necessidades especiais” se fosse o caso. Entra em cena a ideia de
normatização que se acresce à de adaptação e atendimento das
“anormalidades” por meio de trabalhos terapêuticos garantidos por meio da
Higiene Mental Escolar.
Cresce a utilização da nomenclatura Psicologia Escolar com vista a se
diferenciar da Psicologia Educacional agora entendida como tradicional e
representante de todo o pensamento anterior de cunho ajustatório,
adaptacionista, discriminatório e que ora assumiu feições biologicistas,
medicalizantes, ora defendeu teorias como aquelas oriundas do pensamento
higienista e da carência cultural.
Compreende-se que o “não aprender” está relacionado a toda uma
produção do fracasso escolar, cujas origens se referem a uma multiplicidade de
fatores intervenientes, incluindo as políticas públicas educacionais, a formação
docente, o material didático, a organização do espaço escolar, entre outros.
Muitas vezes, esse “não aprender” é materializado/corporificado sob a forma de
uma queixa escolar sobre aquele indivíduo “que não aprende”. Essa queixa
chega ao psicólogo que deve, a partir de então, atuar de forma diferente da
anterior, que tinha na investigação psicométrica seu maior instrumental de
trabalho. Nessa linha de pensamento, a função do psicólogo escolar é de modo
crítico buscar ir às origens e raízes do processo de escolarização,
compreender suas diferentes facetas, incluir em seu trabalho uma atuação
junto ao aprendiz, aos docentes, à família, à escola, à Educação como um todo
e à sociedade em que está inserida
A terminologia Psicologia Educacional e Escolar é adotada pelas
autoras, para manter a consideração à história desse campo de conhecimento,
que é amplo, multifacetado, e que tanto deu contribuições relevantes para o
campo educacional, como favoreceu a discriminação e o preconceito.

1.3 OBJETIVOS

Este projeto tem por objetivo averiguar os motivos de evasão dos alunos
que tem por intuito fazer parte do projeto “Jovem aprendiz” de uma
determinada Organização Não Governamental - ONG.

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A organização trabalha com diversos projetos que tem a finalidade de
inserir os adolescentes no mercado de trabalho, oferecendo ferramentas que o
sistema oficial de ensino não alcançou, estes cursos preparatórios buscam
fortalecer os conhecimentos por meio de reforço através do projeto
“desenvolver talentos” e é neste especificamente que os alunos abandonam os
estudos.
O índice de evasão dos alunos é de 95%, desta forma temos a intenção
de dar voz aos alunos que evadiram, buscar os motivos pelos quais desistiram,
qual o sentido do projeto para eles e investigar as possíveis dificuldades
encontradas durante os estudos.
Conforme o referencial teórico apresentado estes dados que temos
como meta, serão apenas um dos aspectos constitutivos do processo de
escolarização na dimensão do fracasso escolar.

1.4 JUSTIFICATIVA

No respectivo projeto, existe um número elevado de faltas sem


justificativa, onde a evasão escolar prejudica os direitos dos adolescentes,
porém, é necessário entender a problemática, onde devemos compreender a
situação individual de cada aluno perante o “abandono” escolar, e também
identificar as dificuldades da instituição de ensino, mostrando todas as
complicações causadoras dessa questão evasiva dentro do projeto. Nosso
trabalho busca revelar alguns aspectos importantes a serem desvendados
dentro da pesquisa, com a intenção de coletar dados para compreender a
razão das evasões dentro desse especifico ambiente, onde o foco é
desenvolver talentos. O trabalho foi proposto com a intenção de fazer uma
pesquisa no contexto escolar, onde foram identificadas algumas situações de
suma importância a serem discutidas no trabalho.

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2 MÉTODOS
2.1 SUJEITOS

Os sujeitos serão adolescentes, com idade entre 15 e 20 anos,


provindos de famílias em situação de vulnerabilidade social, sendo a maioria
alunos do ensino médio regular e outros concluintes, em busca de uma
primeira oportunidade de emprego, por meio da qual, chegaram à instituição,
que lhes ofereceu essa oportunidade mediante a apresentação de
conhecimentos mínimos de português e matemática. Diante do não atingimento
dessas metas, foi-lhes oferecida a oportunidade de reforço destes conteúdos,
etapa que, ao ser concluída se torna precursora de sua evasão da
oportunidade dada pela instituição, o que se fez objeto de nossa investigação.

2.2 INSTRUMENTOS

Utilizaremos como instrumentos de investigação, questionário composto por 4


perguntas abertas:

Questionário

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1. Qual o significado do projeto para você?
2. Quais dificuldades você encontrou durante o projeto?
3. Por que você desistiu do projeto?
4. O que você faz no seu tempo livre?

2.3 APARATOS DE PESQUISA

Além do roteiro de perguntas serão utilizados os seguintes materiais:


Papel, lápis, borracha, gravador para os participantes que estiverem de acordo
com o uso, carta de apresentação e termo de consentimento.

2.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETAS DE DADOS

A princípio entramos em contato com a instituição para marcar um


melhor horário e dia para a realização de uma visita e conhecer melhor o
âmbito escolar.
No dia agendado pela instituição todas as integrantes compareceram, e
conversamos com a coordenadora pedagógica para esclarecer a proposta do
trabalho e uma carta de apresentação. Obtivemos total apoio da coordenadora
assim a mesma nos forneceu os dados necessários para elaboração deste
primeiro relatório.
A base teórica para o desenvolvimento da pesquisa foi às fontes
bibliográficas utilizadas em aula, que se encontra na ementa da disciplina.
Todas as participantes tiveram acesso aos textos para a introdução teórica.
 Instrução dada às alunas foi que a fichas disponibilizadas pela
instituição sobre alunos não poderiam ser retiradas, teriam livre acesso, porém
dentro do âmbito escolar.

2.5 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DE DADOS

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Após a coleta dos dados e a realização das entrevistas, será realizada
uma análise qualitativa.

2.6 RESALVAS ÉTICAS

Ao executar essa pesquisa, a elaboração do projeto e do relatório da


mesma, não basta apenas nos preocupar em expor os dados encontrados,
mas também devemos nos preocupar de que maneira esses dados serão
expostos. Algumas das informações coletadas são dados específicos da
instituição, que apenas tivemos acesso para elaboração deste trabalho, não
podendo expor nenhum conteúdo fora do espaço educacional.

No objetivo de proteger esses dados, mas também usufruir os mesmos,


tivemos o consentimento do representante da instituição, a assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o qual deixa claros os
objetivos e aonde exatamente serão utilizados os dados obtidos. Tivemos
muito cuidado em citar nomes e expor casos verídicos com o intuito de
preservar a identidade das pessoas envolvidas.

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3 REFERÊNCIAS

SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. São Paulo: Editores Associados,


2005.

MOYSÉS, M. A. A., COLLARES, C. A. L. Alfabetização: passado, presente e


futuro. São Paulo: FDE, 1993.

SOUZA, Marilene P. R. Medicalização de Crianças e Adolescentes. São


Paulo: Casa do Psicólogo, 2010.

SZYMANSKI, Z. Dificuldades de Aprendizagem (DA): Doença Neurológica


ou Percalço Pedagógico? Rio de Janeiro, 2012.

MARIN, Ana Paula. Fracasso Escolar e Politicas Públicas: Ampliação do


Ensino Fundamental. Paraná: Anais, 2011.

PATTO, Maria Helena Souza. Exercício de Indignação - Escritos de


Educação e Psicologia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.

BRASIL. Plano Nacional da Educação (PNE 2014 – 2024) Ministério da


Educação / Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino
(MEC/SASE), 2014

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BARBOSA, Deborah R.; SOUZA, Marilene Proença R. Psicologia
Educacional ou Escolar? Eis a questão. São Paulo, 2012.

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