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Robert Nozick
Anarquia, Estado e Utopia (1974) – O estado não pode usar a coação
para obrigar alguns cidadãos a ajudar os outros, nem interditar certas
atividades as pessoas para o seu próprio bem ou proteção. Embora Nozick
formule uma tese também deontológica, segue alguns princípios que não
permitiriam redistribuição. Individualismo egoísta, enaltecimento da propriedade
privada e repúdio a todas as formas de coletivismo. Cada pessoa possui um
direito legítimo sobre os bens que lhe pertencem. Qualquer partilha deve
envolver “trocas livres”. Uma vez que toda pessoa possui um direito legítimo
sobre os bens que possui, é injusto que o estado faça uma redistribuição.
Teoria das Titularidades - Princípio da aquisição – envolve a apropriação de
algo que não possuía título de propriedade. Inicialmente o mundo é de
ninguém. Princípio de transferência – podemos fazer o que quisermos com
nossa propriedade privada: trocar, vender ou alugar. Princípio de compensação
– aqui o estado pode interferir com vistas a restituição de algo.
A tese da existência do estado só se justifica pela defesa dos direitos
individuais (vida propriamente privada). O critério de avaliação de um dado
ordenamento jurídico é o da não violação da liberdade (da não inferência nas
escolhas individuais). Diferentemente de Rawls, Nozick sustenta que os
indivíduos têm o direito a tudo aquilo que seja oriundo de seus talentos
naturais. Estado mínimo não se trata da morte do estado, estado como guarda
noturno mínimo, limitado a proteger pessoas contra assassinos, roubos,
fraudes e etc...
O estado deve ser: Sensível a ambição (quando o sujeito busca o valor),
Insensível a dotação (ser dotado de valor por dote). John Rawls pretende
elementos que permeiem todas as esferas, é um universalista.
Von Hayek
O indivíduo deve determinar sozinho o seu projeto de vida, o mercado e a
instituição que satisfaz as exigências ao indivíduo radical. O mercado concilia
objetivos e interesses distintos sem controle algum. A recompensa é o lucro.
Comunitarismo
– Alasdair MacIntyre, Michael Sandel, Charles Taylor e Michael Waltzer. O
comunitarismo aproxima-se do culturalismo, que é a razão prática histórica, isto
é, é impossível a universalidade liberal. Há, aqui, uma crítica aquele que “sai da
caverna” em busca de princípios universais.
Michael Walzer
As esferas da Justiça - “A justiça é relativa aos significados sociais”. Não
pode haver uma sociedade justa enquanto não houver uma sociedade. Walzer
propõe que em Rawls há uma liberdade simples. Walzer em seu livro Esferas
da Justiça (1983) pretende descrever uma sociedade na qual bem social algum
possa servir como elemento da dominação. Temos aqui um paradigma da
comunidade, questiona as bases do liberalismo. (não é mais o paradigma do
sujeito). Este autor propõe precisamente reforçar o pluralismo possível pela
radicalização da tradição libral-democrática, é elaborar uma filosofia política
pluralista compatível com o universalismo (reiterativo), não abstrato e unitário.
Conforme a crítica comunitarista a imparcialidade é uma mera ficção na
tradição comunitarista o eu (é formado culturalmente) não precede os fins
(particularismo), ele se constitui em função da comunidade a qual pertence.
Esferas da Justiça – Capítulos -> 1. Igualdade complexa; 2. Afiliação; 3.
Segurança e bem estar; 4. Dinheiro e Mercadorias; 5. Cargos Públicos; 6.
Trabalho árduo; 7. Tempo livre-lazer; 8. Educação; 9. Parentesco e Amor; 10.
Graça divina; 11. Reconhecimento; 12. Poder político; Capítulo final –
Igualdade complexa. Esferas distributivas – âmbito da vida pessoal e coletiva
onde se estabelecem os bens e os critérios próprios da distribuição. Justiça
refere-se a distribuição dos bens sociais (naturais e espirituais), não há um
único critério de distribuição. Waltzer critica que a igualdade simples possui um
único critério de distribuição.
A teoria da justiça de Walzer parte de duas premissas:
1 – as pessoas distribuem bens umas as outras.
2 – as pessoas criam os bens que depois distribuirão entre si.
Não há concepção universal de justiça e não há bens fundamentais. A
justiça não ocorre mediante a aplicação de um único princípio critério da
distribuição: distintos princípios distributivos.Ex: (Bens necessários a uma boa
saúde: a cada um de acordo com sua necessidade); (Bens envolvendo prêmios
e castigos: mérito, educação); riquezas: habilidade e sorte no mercado. Um dos
méritos da teoria da justiça de Michael Walzer é que este tenta evitar que a
lógica do mercado invada outros espaços da vida social (Habermas – invasão
sistêmica). A igualdade complexa estabelece uma diferenciação entre as
esferas da justiça, garantindo a cada um sua autonomia ao preservar as suas
regras (interesses) – (estabelecidas socialmente no âmbito cultural).
Michael Sandel
Utiliza dois argumentos para sustentar sua crítica:
1 – Argumento da auto-percepção – a visão de Rawls não corresponde a nossa
auto-compreensão. 2 – Argumento do eu inserido – enquanto os liberais estão
preocupados em descobrir a pessoa que devemos ser, os comunitaristas estão
preocupados em descobrir o que já somos.
Alasdair McIntyre
Em seu livro “After Virtue” (Depois da Virtude 1981), parte da seguinte
tese: não podemos pensar a moral sem referência a polis da (comunidade).
“Whose Justice? Which Racionality? (Justiça de Quem,? Qual Racionalidade?
– 1988). Os modelos modernos tentam fundamentar normas morais a partir de
certa concepção de natureza humana. Kant fala de um caráter universal; David
Hume fala das paixões. E neste sentido, todos comentem um equivoco.
MacIntyre critica especialmente a perda da dimensão de vida humana
enquanto narrativa, uma totalidade da vida. Narração – Tradição – Virtudes.
Categorias abandonadas pelo projeto iluminista. Segundo MacIntyre, as ações
adquirem inteligibilidade na unidade narrativa de um eu que possui início, meio
e fim. Daí a importância do contexto de tradição. Teoria das Virtudes: pretende
apontar para tipos de caráter admiráveis conforme a tradição. (culturalismo).
(poderíamos considerar que seria apenas arbitrária nossa escolha. É possível
identificar um bem supremo, o qual os seres humanos almejam, e segundo o
qual devem orientar suas ações. (teleológico). Temos hoje uma outra cultura
política pública, portanto, os discursos meramente totalitários não têm espaço.
McIntyre critica em seu livro – Que justiça? Que Racionalidade? – esta
concepção de Rawls da razão pública, o uso público da razão pública em Kant,
o sujeito na posição original é quase um indivíduo transcendental kantiano.
Charles Taylor
Taylor reconhece na modernidade três enfermidades: tal como Weber,
Adorno, Horkheimer e Habermas ele vê um desencantamento. O predomínio
da razão instrumental. Perda da liberdade política, devido a uma apatia. Pode
levar a um despotismo brando. O conceito fundamental em Taylor é o
reconhecimento social. Na linha comunitarista acenava o fato de que na
modernidade liberal não é levada em conta a tese social, segundo a qual
autonomia só pode ser realizada no contexto social, a concepção de bem,
conforme Charles Taylor, é engendrado no contexto social.
Acerca do “eu”, Charles Taylor defende que a “identidade humana”
adquire sua completude na interação com os outros. Tal interação não impede
a individualidade, mas é garantida dela. O reconhecimento do eu se dá no
contexto social, ocorre neste contexto.
A principal crítica de Charles Taylor ao modelo liberal diz respeito, em
grande parte, a concepção de pessoa “eu”, isso porque a defesa, por parte do
modelo liberal, de uma concepção universal de pessoa (colocado sob um véu
de ignorância, sua raça, gênero, classe), conflita com sua necessidade de
reconhecimento. A defesa dos direitos individuais de um “eu” pode gerar um
conflito com a identidade cultural à qual ele pertence. Taylor propõe uma
análise da pessoa a partir de uma rede social de interlocução lingüística, onde
o sentido do bem, do próprio eu e dos outros homens estão numa íntima
relação.
Conforme Charles Taylor, o liberalismo procedimental, é modelado sobre
uma aplicação neutra de direitos. E, por esta razão, falha em reconhecer o
papel da sociedade na formação do “eu”, da identidade pessoal. Quem sou eu?
Depende do contexto social, onde nos encontramos, diz Charles Taylor.
(Identidade – Qualquer coisa como a maneira como uma pessoa se define).
Multiculturalismo. Política da Diferença. Política do Reconhecimento.
Devemos considerar não apenas o respeito universal pelo potencial
humano universal de cada um, mas também, o valor intrínseco das diferentes
formas culturais através das quais os indivíduos exprimem suas
personalidades. Taylor de certa forma reatualiza a prioridade da sittlichkeit
hegeliana sobre as moralität kantiana, na sua crítica ao atomismo liberal que
torna o indivíduo absoluto. Faz uma retomada de uma análise histórica onde o
bem comunitário tem prioridade sobre o justo.
Ronald Dworkin
- “Todos devem ser tratados com igual consideração e respeito”. Virtude
soberana – é a consideração igualitária pelo destino de todos os cidadãos
sobre os quais o estado afirma seu domínio isso significa que o governo deve
realizar uma distribuição igualitária dos recursos. As diferenças entre as
pessoas refletem suas diferentes concepções acerca daquilo que dá valor a
vida (concepções de bem).
- Teste da cobiça – nenhuma divisão de recursos será uma divisão igualitária
se, depois de feita a divisão, qualquer um preferir o quinhão de outrem a seu
próprio quinhão. Em Dworkin, um liberalismo igualitário exige que todos os
indivíduos desfrutem de um conjunto de direitos e liberdades não apenas isso,
também exige que o governo amenize as desigualdades oriundas das
distribuições desiguais e falhas do mercado. Para tanto são necessárias
políticas de redistribuição.
- Além disso, tanto para Rawls quanto para Dworkin o homem possui direitos
cujo valor é intrínseco (direito a vida, direito a liberdade, de expressão, de
pensamento e de reunião).
- Os modelos de Rawls e Dworkin (de cunho moral kantiano), não preocupam
tão somente em justificar certos arranjos e instituições, sua preocupação é a de
legitimar (moralmente) um estado jurídico. Há, aqui, uma preocupação com
justiça, tratando-se de uma fundamentação moral (e não meramente
prudencial).
- Os modelos de Rawls e Dworkin apresentam “dispositivos procedimentais”
com pretensão de estabelecer uma concepção de justiça exeqüível em uma
sociedade democrática, constitucional e capitalista.
- Tem de ser reconhecido como aspecto fundamental da teoria do liberalismo
político de Rawls, o reconhecimento teórico e histórico do pluralismo,
pressupondo em vistas de dar conta desta característica, a tolerância (Locke).
- Rawls idealiza aquilo que o senso comum político construiu como algo
aceitável e razoável na história das sociedades.