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Os conselhos financeiros da Deco Proteste 10 de março 2020 – No 1125

Devo vender as ações?

D
epois de quedas de mais de 10 % Face à forte queda do preço do petró-
BOLSAS EM 2020
(em %) na última semana de fevereiro, leo, estamos agora mais cautelosos
0%
em março, os mercados acionis- para o setor e, por prudência, alterá-
-2 %
tas enfrentam uma elevada vola- mos os conselhos de compra da Galp,
-4 % tilidade e as perdas acumuladas a mais Repsol e Chevron para manter. A guer-
-6 % do que anularem os ganhos do início ra de preços irá penalizar as petrolí-
PROTESTE INVESTE – Boletim Semanal – Ano 25 – Diretora e Editora das publicações: Cláudia Maia – DECO PROTESTE, Editores, Lda – Av. Eng.° Arantes e Oliveira n.° 13, 1.° B, 1900-221 Lisboa – € 9,50

-8 %
-8,3 % -8,0 % do ano, colocando os índices bolsistas feras. Preferimos investir em setores
-10 %
-10,4 %
no vermelho em 2020, com perdas en- mais defensivos, como as utilities e o
-12 %
-12,9 %
-12,3 % -12,3 % tre -8 % em Nova Iorque e -14,3 % em farmacêutico, menos sensíveis ao ciclo
-14 %

-16 %
-14,3 % -14,0 % Londres. Já esta segunda-feira, as bol-
FTSE 100 CAC 40 DAX 30 IBEX 35 Nikkei 225 PSI-20 SMI S&P 500
(Londres) (Paris) (Frankfurt) (Madrid) (Tóquio) (Lisboa) (Zurique) (Nova
sas europeias e asiáticas abriram em
Iorque)
forte queda, superando mesmo os -7 %.
Devido à crise de saúde, as bolsas já mais do que anularam os Além das preocupações com a disse-
ganhos do início do ano e acumulam perdas significativas, em minação do coronavírus, que irá levar
muitos casos superiores a 10 %. Seja prudente e muito seletivo.
a um forte abrandamento da economia
mundial, com indicadores que deixam
TAXAS DE JURO DIRETORAS NOS EUA antever uma recessão na zona euro e no
(em %) Japão em 2020, em causa, está também
2.5 a guerra aberta no setor petrolífero.
2.0
Até agora, a OPEP tem acordado cortes
1.5 na produção que têm permitido dar
sustentação aos preços do petróleo. Po-
1.0
rém, desta vez, a Rússia não aceitou cor-
0.5 tar mais a produção e a Arábia Saudita,
adotou uma estratégia arriscada de ani-
0.0
2015 2016 2017 2018 2019 quilação da concorrência, aumentando
a produção e oferecendo reduções nos
A Reserva Federal americana cortou as taxas diretoras em
50 pontos base para o intervalo entre 1 a 1,25 %. A medida de preços de venda. Perante a crise atual, o
emergência foi a resposta da Fed à crise do coronavírus. que fazer aos seus investimentos?
económico.
Em alturas de crise, muitos investidores
reagem de forma emocional, o que ge-
ralmente conduz a decisões de investi-
mento precipitadas. O cenário bolsista
atual é difícil e incerto, mas os nossos
conselhos são emitidos numa ótica de
longo prazo. Não aconselhamos a ven-
da da sua carteira de ações desde já, tal
como também não aconselhamos en-
tradas agressivas no mercado só porque
as cotações estão em queda. E a nossa
estratégia de investimento não inclui
apenas ações mas também mercados
de obrigações para limitar o risco total
da carteira, que, na versão equilibrada,
representam 45 % do total (contra 55 %
das ações). Mantenha-se atento às nos-
sas recomendações e acima de tudo,
não ceda ao pânico.

2 Economia
Bancos centrais
4 Em destaque
Crise no setor do
6 Ações
AB InBev, Não perca
no site
reagem à crise; transporte aéreo BASF, Chevron,
China em contração Danone,
económica Engie, ENI,
5 Bolsas NOS,
3 Análise Mercados acionistas Repsol
3.ª série dos planos mutualistas
Recessão à vista na infetados Sanofi,
zona euro Total, Poupança Expresso Net
Volkswagen Poupança Mais Net
Poupança Mutualista Prazo 5.1

Questão de leitor p. 12
❱ Podem os PPR ser uma alternativa aos
depósitos a prazo?
Consulte em:
deco.proteste.pt/investe
 Economia
deco.proteste.pt/investe
Bancos centrais reagem à crise
Em resposta à epidemia de coronavírus que ameaça a
atividade económica, numa reunião extraordinária realizada
no dia 3 de março, a Reserva Federal dos Estados Unidos
reduziu a taxa diretora em 0,50 %, colocando-a no intervalo
de 1 a 1,25 %.
Umas horas mais cedo, já o banco central da Austrália tinha
também já reduzido a sua taxa diretora em 0,25 %, para um
mínimo histórico de 0,50 %. E um novo corte adicional foi
anunciado pelas autoridades monetárias australianas, tendo
em conta o impacto bastante negativo que a epidemia está a
ter na economia do país.
As autoridades dos Estados Unidos e da Austrália não são
as primeiras a usar a política monetária para sustentar a
atividade económica. Desde o início da epidemia, o banco
central da China reduziu as suas taxas de juros diretoras
e injetou maciçamente dinheiro para ajudar as empresas
à beira de asfixia financeira. Em fevereiro, as autoridades
monetárias da Indonésia, da Rússia e do Brasil já haviam
reduzido o preço do dinheiro, claramente com o intuito
de amortecer as nefastas consequências económicas do
coronavírus. Novas medidas acomodatícias de política
monetária são esperadas nesses países, mas também e
principalmente nas principais zonas económicas do globo.
O Banco Central Europeu e o Banco do Japão, com as suas
taxas de juro diretoras respetivas a zero e em -0,10 %, não
dispõem de nenhuma margem para agir por via das taxas de
juro, mas podem relançar as injeções de liquidez.
Já era esperado que a Reserva Federal norte-americana
reagisse para atenuar o impacto da crise na economia e
o corte de taxas anunciado apenas surpreendeu por ter
ocorrido no âmbito de uma reunião extraordinária e pela
amplitude da descida das taxas que foi decidida.
O dólar norte-americano tem beneficiado do seu estatuto
de refúgio e apesar da descida das taxas, o mercado
de obrigações dos Estados Unidos continua a oferecer
rendimentos superiores aos que são oferecidos na
zona euro. Por isso continua a merecer estar presente nas
nossas carteiras.
China em contração económica
Os primeiros indicadores confirmaram a paralisação da
economia chinesa em fevereiro. Os inquéritos à indústria
e ao setor de serviços revelaram indicadores em mínimos
históricos nunca antes vistos.
O índice de atividade de serviços oficiais caiu para 29,6 em
fevereiro, quando nunca havia caído abaixo de 50, a linha
entre expansão e contratação. Na indústria, a atividade caiu
para um nível mais baixo do que durante a grande recessão
mundial de 2009.
Mesmo que a extensão do declínio tenha excedido as
previsões mais pessimistas, esses primeiros indicadores não
alteram a análise económica que pode ser feita em relação
à China. A paralisação da economia em fevereiro já era
quase uma certeza. Esses indicadores iniciais confirmam,
no entanto, que o impacto económico do coronavírus é
muito grande.
Apesar das ordens das autoridades de Pequim para reativar
a atividade económica o mais rápido possível, parece que
o retorno à normalidade é mais difícil e mais lento que
o esperado. Até hoje, grandes áreas da economia chinesa
ainda estão ociosas.
2 Proteste Investe  •  10 de março 2020
Com a economia parada em fevereiro e a desacelerar em
março, é provável a contração do PIB no 1º trimestre em
relação aos três meses anteriores. Hoje, não há dúvidas
de que a epidemia penalizará severamente o crescimento
económico durante todo o ano. Fique afastado.
África do Sul em recessão
Depois de cair 0,8 % no terceiro trimestre de 2019, a
atividade económica sul-africana voltou a cair 1,4 % no
último trimestre do ano passado. Anualmente, a evolução
do PIB ficou no vermelho, em -0,5 %.
Esta é 2ª recessão em dois anos, após a 1ª metade de 2018, e
decorre das muitas dificuldades enfrentadas pela economia
sul-africana. O mais penalizador é atualmente a falta de
eletricidade. Quase falida, a empresa pública de eletricidade
não sabe como garantir o fornecimento adequado e as
perdas regulares de energia penaliza fortemente a atividade
económica.
O ano 2020 já está se antevê muito difícil para a economia
sul-africana e o crescimento do PIB permanecerá pouco
positivo, na melhor das hipóteses, tal como em 2019.
RESUMO DA SEMANA
Mercados acionistas (melhores/piores)
Turquia 4,1 % Brasil -8,8 %
China 3,1 % América Latina -7,9 %
Polónia 0,3 % Rússia -6,7 %
Mercados obrigacionistas (melhores/piores)
Suécia 1,3 % EUA High Yield -3,3 %
Austrália 0,8 % China -2,0 %
Reino Unido 0,8 % EUA Corporate -1,4 %
Outros indicadores
Dólar EUA -2,88 % Petróleo -14,3 %
Libra esterlina -0,90 % Ouro -2,88 %
Iene japonês -0,56 % Cobre -3,37 %
Evolução de índices de referência para os principais mercados desenvolvidos e
emergentes entre 28/02 e 06/03, em euros.
A ECONOMIA E OS SEUS INVESTIMENTOS
A semana foi marcada por medidas de flexibili-
zação monetária. Com o corte da taxa diretora
da Reserva Federal dos Estados Unidos, o impac-
to foi misto. A decisão do Fed preocupou mais do
que tranquilizou os investidores. Tomada com
urgência, fora das reuniões agendadas, a deci-
são de baixar o custo do dinheiro sugere que a
situação económica está a deteriorar-se rapida-
mente e é pior que o esperado. No mercado de
obrigações, esse medo levou as taxas america-
nas para baixo. O rendimento dos títulos do go-
verno a 10 anos caiu para um novo mínimo his-
tórico, abaixo de 0,80 %. Mas esse rendimento
é bastante superior ao dos títulos da zona euro.
Por isso, as obrigações em dólares continuam
presentes nas nossas carteiras.

Recessão à vista na Zona euro
O ano de 2020 antevê-se perigoso para a zona euro. Isso já era assim antes
do alastrar da epidemia COVID-19, que irá pesar na economia na primeira
metade do ano e acreditamos irá causar uma recessão na zona euro.
2020 antevê-se difícil e o COVID-19 irá pesar
Após um 2019 misto, com o crescimento a desacelerar
face aos anos anteriores, sabíamos que 2020 seria o
ano de todos os perigos para a economia da zona euro.
As ameaças ao livre comércio permanecem, assim como a
incerteza associada ao Brexit e quais serão as relações com
o Reino Unido, além do período de transição. Os desafios
são assustadores. E com a epidemia COVID-19, outra
ameaça é adicionada. O vírus alastra na China desde o
final de novembro e só em fevereiro, três meses depois,
foi declarado o pico da epidemia no país. A Europa ainda
está longe do pico. Mas o impacto económico já é muito
real. No mundo empresarial, viagens canceladas ou
adiadas são a regra. Trabalhadores e consumidores são
incentivados a ser cautelosos e ficar em casa. Isso representa
um grande choque para a economia, tanto em termos de
oferta - porque algumas cadeias de fornecimento estão
temporariamente paralisadas - quanto em termos de
procura porque o consumidor final não está mais lá.
Saúde fraca e economia muito aberta
Duas ordens de fatores sugerem que uma recessão
ocorrerá neste 1º semestre. Primeiro, há fatores cíclicos:
as três principais economias da área do euro acabaram
2019 em dificuldade. Apesar do crescimento trimestral
de 0,1 % no 4º trimestre na zona euro, Itália e França
estavam em contração face ao trimestre anterior (-0,3 %
e -0,1 %, respetivamente), enquanto a Alemanha estava
estagnada. Portanto, a zona euro entrou em 2020 com
a economia muito enfraquecida. A região apresenta-se
como a vítima ideal para um vírus que, ironicamente, afeta
particularmente os mais fracos. O outro fator que nos
leva a acreditar que uma recessão é esperada é estrutural.
Ao contrário dos Estados Unidos - uma economia que
não é muito aberta e que depende principalmente do
consumo interno para crescer - a economia da zona euro é
muito aberta e muito dependente de suas exportações. Se
sofre, não é apenas porque os europeus são afetados pela
epidemia, mas também porque alguns de seus mercados
de exportação favoritos são afetados. Obviamente, os
Estados Unidos continuam a ser o principal mercado dos
produtos europeus, absorvendo 414 mil milhões de euros
(ME) de exportações europeias nos primeiros 11 meses de
2019. Mas a importância do continente asiático não deve
ser subestimada. Em conjunto, China (205 mil ME), Japão
(63 mil ME ) e Coréia do Sul (43 mil ME) representam
311 mil ME de euros em exportações, sem contar as demais
economias de uma região muito afetada pelo epidemia.
Isso está a afetar os grandes exportadores europeus, em
particular a Alemanha, que está mais uma vez a pagar pela
sua estratégia de exportação, em detrimento da procura
doméstica (moderação salarial, falta de investimento
público etc.).
Análise
deco.proteste.pt/investe
CRESCIMENTO DA ZONA EURO
(variação homóloga do PIB trimestral)
3.0%
2.5%
2.0%
1.5%
1.0%
0.5%
0.0%
2015 2016 2017 2018 2019
Tendo terminado 2019 em má forma, sabia-se que a economia europeia teria um ano
de 2020 que seria difícil. O COVID-19 é mais uma ameaça e a recessão parece inevitável.
Esperamos uma recessão em 2020
A maneira como as autoridades tentarão relançar a
economia é de suma importância. Nos EUA, a Fed
assumiu a liderança, reduzindo as taxas diretoras em 0,5 %.
Poucos economistas, porém, acreditam que a arma das
taxas diretoras seja a mais adequada para combater a crise.
Na conjuntura atual, com cadeias de abastecimento paradas
e funcionários e clientes que são convidados a ficar em casa,
não é um crédito mais barato que persuadirá as empresas a
produzir e investir mais, ou consumidores a fazer o mesmo
ou gastar. Portanto, é através da política fiscal que teremos
que passar, mas não apenas relaxando as regras orçamentais
europeias. Soluções direcionadas, como as seguidas pela
Itália, são mais interessantes: as linhas de crédito das
empresas afetadas permitem que elas permaneçam nos
negócios e não sejam encerradas. Mas as medidas têm um
custo. Depois de duplicar os montantes destas medidas,
Roma estima-as em 7,5 mil ME. Todavia, estamos longe do
aumento geral dos gastos públicos e do fim do travão fiscal
desejado pela França (como em cada crise). Sabemos que,
para limitar os danos - e é uma questão de limitar os danos,
e não de estimular o crescimento - a resposta da zona euro
deverá ser direcionada e coordenada. Mas isso não é óbvio.
Conclusão
As perspetivas económicas da zona euro já não eram as
melhores para 2020, mas o COVID-19 deteriorou-as ainda
mais e uma recessão é agora inevitável: estimamos que o PIB
da zona euro registe uma queda de 0,4 % em 2020 e, com a
informação agora disponível, prevemos uma recuperação
em 2021. Mantemos a exposição aos mercados de ações
europeus. A ausência de risco cambial contribui para isso.
O euro continua barato face ao dólar. Portanto, investimos
10 % em ações da zona euro como parte da carteira base
(Equilibrada), 5 % na Defensiva e 15 % na Agressiva.
Proteste Investe  •  10 de março 2020 3
 Em destaque
deco.proteste.pt/investe
Setor do transporte aéreo
Forçadas a mudar os planos de voo, as companhias aéreas são das mais
afetadas pela crise de saúde. Se a conjuntura do setor, que luta para
estabilizar o seu modelo de crescimento, já era difícil, o risco agravou-se.
Apesar da queda de 23,6 % no último ano, não invista no setor.
Crise do coronavírus
Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo,
as companhias aéreas estão numa situação difícil devido
ao declínio das reservas de voos originado pela crise do
coronavírus. A perda de faturação estimada a 20 de fevereiro
era de cerca de 30 mil milhões de dólares (3 a 4 % da receita
do setor) mas, atualmente, a previsão já é de um prejuízo de
mais de 100 mil milhões de dólares. O setor do transporte
aéreo, que já tinha excesso de capacidade no final de 2019
devido à guerra comercial, está em dificuldades. Sem sinais
claros de que a expansão do vírus esteja a retroceder, os
cancelamentos de voos e o menor número de potenciais
clientes (turismo, viagens de negócios) deverão manter-
se, levando as empresas a reduzir as suas previsões de
lucros e fluxos de caixa, apesar do real impacto da situação
permaneça incerto.
As dificuldades do setor
O setor do transporte aéreo já enfrenta dificuldades há
vários anos, como demonstra a falência da Thomas Cook
no final de 2019, devido ao seu elevado endividamento.
As empresas Aigle Azur, Germania, Air Berlin e XL
Airways também desapareceram por falta de dinheiro para
ultrapassar fases difíceis. Além do fecho de empresas, a
alemã Lufthansa, para garantir o acesso a rotas da América
latina, quer adquirir o controle da TAP, que foi de novo
deficitária em 2019 e que já anunciou cortes de custos e o
congelamento de investimentos para compensar os muitos
voos cancelados. As falências de empresas mais pequenas e
as tentativas de consolidação evidenciam as dificuldades do
setor em adotar um modelo económico lucrativo a longo
prazo. Mas, afinal, de onde vêm os problemas?
•  Em primeiro lugar, o setor é muito sensível à evolução
dos preços do petróleo, uma vez que os combustíveis
representam cerca de um terço dos custos das companhias
aéreas. O risco de flutuação de preços pode ser coberto por
produtos financeiros mas isso tem custos que nem todas as
empresas conseguem suportar.
•  Em segundo lugar, a guerra de preços no setor é
incessante, com a competição via preços a ocorrer sobretudo
no segmento low cost (Ryanair, EasyJet…).
•  Por fim, o setor atravessa efeitos sazonais abruptos e as
restrições ambientais a que está sujeito vão aumentar.
A obtenção de receitas adicionais, cobrando por serviços
anteriormente gratuitos, como refeições a bordo ou a
escolha de assentos, não é solução milagrosa. De facto, a
receita por passageiro transportado, que é um importante
indicador de rentabilidade do setor, permaneceu estável
nos últimos anos. Logo, as empresas que não conseguem
melhorar a tesouraria (principalmente as mais pequenas)
entram rapidamente em grandes dificuldades financeiras.
4 Proteste Investe  •  10 de março 2020
SETOR DO TRANSPORTE AÉREO
(índice World-DS Airlines)
1300
1250
1200
1150
1100
1050
1000
950
900
M A M J J A S O N D J F
2019 2020
A crise de saúde está a causar enormes problemas às companhias aéreas, gerando uma
crise também no setor do transporte aéreo, que tem estado em queda acentuada em
bolsa nas últimas semanas. Mantenha-se afastado e não invista.
A nossa visão para o futuro
A queda do setor do transporte aéreo levou os títulos
europeus para níveis de valorização muito baixos: o rácio
cotação / lucro (PER na terminologia anglo-saxónica)
baixou para cerca de 7 contra uma média de 10 nos
últimos anos. Ainda assim, o que se nota é que, mais do que
negociarem a níveis atrativos, as ações do setor estão a gerar
uma grande desconfiança nos investidores.
Estas preocupações justificam-se pelos resultados e notícias
veiculadas pelas empresas nos últimos tempos e pelos enormes
desafios que o setor enfrenta a longo prazo. Entre eles, a
necessidade de melhorar ou de, no mínimo, manter a sua
rentabilidade é uma das mais difíceis mas também das mais
prementes. Por último, o setor é mais arriscado do que a média
do mercado. Mantenha-se afastado e não invista neste setor.
Os nossos conselhos
•  A Air-France KLM (5,52 EUR) responde à crise
aumentando a sua oferta nos Estados Unidos, em África…
Os objetivos a 5 anos parecem-nos difíceis de alcançar
numa companhia que tem um longo historial de tensões
sociais. A queda do preço do petróleo compensará apenas
parte das perdas com as rotas chinesas. Não compre.
•  O IAG (4,90 EUR, Iberia, British Airways) anunciou que
não irá atingir as suas previsões de lucros para 2020 devido
à atual queda das reservas em Itália. Contudo, o grupo
permanece sólido. Se já detém o título, mantenha.
•  A Ryanair (11,25 EUR) viu a sua cotação cair 24,5 %
desde o final de janeiro. Nada de surpreendente para uma
empresa que gera 20 % das receitas em Itália. Dezenas de
voos foram cancelados. Não compre.
•  A EasyJet (1010,50 pence) responde à queda prevista
do volume de negócios reduzindo os custos e congelando
alguns investimentos. Mantenha-se afastado.
 Bolsas
deco.proteste.pt/investe

Mercados infetados
O coronavírus infetou definitivamente as bolsas e nem o corte surpresa das
taxas de juro pela Fed animou os investidores, que o interpretaram como um
sinal de que o clima económico está a degradar-se rapidamente.
Lisboa novamente em queda PREÇO DO BARRIL DE PETRÓLEO
A bolsa de Lisboa (-2 %) fechou novamente em queda na (em dólares americanos)
90
semana passada e já acumula perdas de 10,4 % em 2020.
Tal como no exterior, em que a banca e o petróleo são dos 80
setores mais afetados pela atual conjuntura, o BCP (-12,9 %)
70
e a Galp (-7,2 %) penalizaram muito o PSI-20. Aliás, devido
à forte queda do petróleo, mudámos o conselho da Galp e 60
de outras petrolíferas (ver página 8). 50
Pela positiva, destaque para a EDP Renováveis (+4,3 %),
EDP (+3,6 %) e REN (+3 %), que beneficiaram do facto de 40
pertencerem a um setor mais defensivo. 30
Nota final para a Impresa, que caiu 4,2 %, apesar de ter
anunciado uma subida de 150 % dos lucros em 2019. 20
2015 2016 2017 2018 2019

IMPRESA O receio de abrandamento económico e o não entendimento entre os países produtores

(em euros) levaram o preço do petróleo para mínimos de junho de 2017 na semana passada. Esta
0.40 segunda-feira, a guerra aberta pela Arábia Saudita levou o preço para os 35 dólares.

0.35 também nos Estados Unidos. Ao invés, os setores mais

defensivos, como o da alimentação (inalterado), o
0.30
farmacêutico (+1,5 %) ou o dos serviços públicos (+1 %)
0.25 conseguiram encerrar no verde.

0.20 Petróleo arrasta bolsas esta segunda-feira

As bolsas europeias e asiáticas acordaram em queda
0.15
acentuada esta segunda-feira, depois de, na sexta-feira,
0.10 a OPEP e os seus aliados não terem chegado a acordo
2018 2019 quanto a novos cortes da produção para sustentar o preço
Apesar de ter alcançado a liderança das audiências televisivas no início do ano passado do petróleo. Num confronto claro com a Rússia, a Arábia
e dos bons resultados obtidos em 2019, com o lucro a crescer 150 %, a cotação continua Suadita optou por uma estratégia (muito arriscada)
pressionada pela crise estrutural do setor dos media. O título está correto, pode manter.
de aniquilação da concorrência, não só aumentando a
produção, como oferecendo reduções significativas nos
Fed corta taxas de juro preços de venda. Um incidente grave que ocorre num
A Reserva Federal norte-americana (Fed) reduziu, de forma momento crítico para as grandes economias mundiais,
inesperada, a sua principal taxa de juro diretora para tentar que lutam contra o coronavírus e os receios de recessão,
acalmar as bolsas e apoiar a economia. Porém, a intervenção sobretudo na Europa e no Japão mas, que perante este
acabou por não produzir o efeito desejado, aumentando até cenário, poderá chegar também à economia americana.
a desconfiança dos investidores quanto à real situação da Veja os nossos conselhos em deco.proteste.pt/investe.
economia, já que os consumidores continuam desconfiados
e algumas empresas estão com dificuldades de produção. A SEMANA EM NÚMEROS
O coronavírus ainda não está sob controle nem na China, BOLSAS
nem na Europa, nem nos Estados Unidos e as consequências Lisboa -2,0 % Nasdaq +0,1 %
económicas e comerciais da epidemia permanecem incertas, Frankfurt -2,9 % Nova Iorque +0,6 %
embora sejam bastante negativas. Assim, a semana passada foi Londres -1,8 % Paris -3,2 %
novamente muito volátil. Mas o S&P 500, ajudado pela decisão Madrid -4,0 % Tóquio -1,9 %
da Fed, subiu 0,6 %. Ainda sem se saber as decisões de política Milão -5,4 % Zurique -1,0 %
monetária do Banco Central Europeu, que só reunirá esta AÇÕES NACIONAIS
semana, o Stoxx Europe 50 caiu 1,5 %, com Milão a perder 5,4 %. EDP Renováveis +4,3 % BCP -12,9 %
Os setores mais sensíveis à evolução da economia foram EDP +3,6 % Mota-Engil -9,9 %
os mais penalizados: matérias-primas (-4,6 %), petróleo REN +3,0 % Galp Energia -7,2 %
(-7,7 %), aço (-5,5 %) e o transporte aéreo (-7,9 %; análise Jerónimo Martins +0,8 % Cofina -6,7 %
na pág. 4). A banca (-7 %) também foi muito penalizada Corticeira Amorim -0,2 % Altri -5,9 %
pelo clima de baixas taxas de juro, agora mais pronunciado Variação das cotações entre 28/02 e 06/03, em moeda local

Proteste Investe  •  10 de março 2020 5

Ações
deco.proteste.pt/investe
NOS
Reduz o dividendo em 21 %
Telecomunicações
Bolsa de Lisboa • 3,37 EUR
Dividendo líquido: 0,20 EUR (5,9 %)
Risco: 
Os lucros de 2019 foram inferiores
ao previsto e a empresa reduziu o
dividendo para ganhar folga para
investir no 5G. Em bolsa, a cotação
reagiu em baixa mas a empresa
continua sólida e está barata.
Manter
A NOS anunciou lucros de 0,28 euros
por ação em 2019, um valor que repre-
senta uma subida de 4,2 % face ao ano
anterior mas que é inferior ao esperado.
Em causa está uma redução da rentabi-
lidade operacional no quarto trimestre
e um aumento das imparidades. Ainda
assim, as receitas anuais subiram 1,5 %,
a beneficiar do crescimento de 6,5 % do
segmento de Audiovisuais e Exibição
Cinematográfica e da maior subscrição
de serviços convergentes nas Telecomu-
nicações, que compensaram a queda
das tarifas de terminação e do consu-
mo de canais desportivos premium. Já o
EBITDA cresceu 2,7 %. Ao nível finan-
ceiro, o resultado melhorou 30 %, gra-
ças à redução do custo médio da dívida
e das perdas nas empresas associadas.
Devido ao esforço de investimento que
irá fazer na tecnologia 5G e que ainda é
incerto, a empresa quer ter maior flexi-
bilidade financeira e cortou o dividen-
do a pagar este ano em 21 % face ao ano
anterior, para os 0,278 euros por ação.
Este valor equivale à totalidade dos
lucros de 2019 e a um rendimento de
5,6 % líquidos, que é muito atrativo.
Baixámos as estimativas de lucros por
ação de 0,34 para 0,30 euros em 2020 e
de 0,35 para 0,32 euros em 2021. Ape-
sar da fraqueza atual da cotação, a NOS
é uma empresa bem gerida e está ba-
rata. Pode investir para o longo prazo.
8 140
7 120
6 100
5 80
4 60
3 40
2015 2016 2017 2018 2019
Os receios de que os investimentos no 5G sejam
demasiado elevados têm penalizado a cotação e
levaram a empresa a cortar o dividendo. Contudo,
face à queda bolsista, o título continua barato.
6 Proteste Investe  •  10 de março 2020
AB INBEV
Mudança de conselho
Bebidas
Bolsa de Bruxelas • 47,87 EUR
Dividendo bruto: 1,26 EUR (2,6 %)
Risco: 
O grupo cervejeiro procura
um segundo fôlego, mas terá
que enfrentar a crise da saúde
oriunda da China. A médio prazo,
a situação continuará delicada.
Mas a ação já corrigiu o suficiente.
Manter
Segundo  trimestre dececionante con-
secutivo, com um fraco crescimento
do volume de negócios (VN) de 2,5 %
no quarto  trimestre de 2019 e custos
de matérias-primas acima do esperado.
Ao longo do ano, o VN aumentou 4,3 %
e a rentabilidade operacional caiu, em
base comparável, 0,8 % para 31,4 %. A
AB Inbev ainda sofre as consequências
do preço excessivo pago pela aquisição
da SABMiller, em 2016, financiado por
uma dívida enorme. Implementar a ne-
cessária redução da dívida (e reduzir
despesas, além de alienações e reduzir
o dividendo) e o crescimento da ativi-
dade é um desafio. As suas marcas pre-
mium (Budweiser, Stella Artois e Coro-
na) estão a desacelerar.
O grupo ainda está a perder quota de
mercado nos Estados Unidos. No Bra-
sil, o crescimento retornou (+7 %), mas
a moeda continua frágil e a rentabilida-
de sob pressão. Na China, um mercado
muito competitivo, após um 2º semes-
tre de 2019 já menos favorável do que
em 2018, a situação deteriorou-se bas-
tante desde o início da crise da saúde.
Uma tendência que se pode espalhar a
outras regiões do mundo se surgir uma
situação de pandemia.
Após um lucro por ação de 4,13 euros
em 2019, prevemos 3,8 euros em 2020 e
4,2 euros em 2021. Alteramos o conse-
lho de vender para manter.
2015 2016 2017 2018 2019
Após a recente queda acentuada da cotação, em
parte justificada, alteramos o nosso conselho de
vender para manter a AB InBev.
BASF
Um 2020 difícil
Química
Bolsa de Frankfurt • 52,99 EUR
Dividendo bruto: 3,30 EUR (6,2 %)
Risco: 
Depois de, em 2019, o grupo
ter sofrido com os conflitos
comerciais, agora a BASF enfrenta
o Covid-19, pelo menos no
primeiro semestre deste ano.
O título desvalorizou, e agora?
Manter
2020 já será um ano difícil para a BASF.
O grupo espera um impacto significati-
vo do Covid-19 no primeiro semestre.
Mesmo que a situação melhore no se-
gundo  semestre, o efeito negativo não
deverá ser totalmente compensado.
Face à atualidade, vemo-nos obrigados
a reduzir em forte baixa as nossas esti-
mativas de lucros por ação de 3,6 para
2,9 euros em 2019 e de 4 para 3,3 euros
em 2020. Diante deste novo desafio, a
BASF está a reforçar o seu programa
de redução de custos e a acelerar a sua
implementação. E 2019 já foi um ano
complicado. O lucro operacional caiu
32 % devido à guerra comercial entre
Estados Unidos e China, bem como à
crise no setor automóvel que é o seu
principal cliente. Esta crise continuará
em 2020. O grupo, no entanto, vai be-
neficiar da sua reestruturação interna.
A sua atividade química, reforçada pe-
los ativos comprados ao seu compatrio-
ta Bayer, teve um bom desempenho,
com um lucro operacional de 57 %. E
a saída da sua subsidiária Wintershall
(petróleo e gás), cujas atividades foram
agrupadas numa joint-venture com a
DEA, permitiu obter um ganho signifi-
cativo, aumentando os lucros por ação
(9,17 euros). O suficiente para oferecer
um dividendo acima das nossas esti-
mativas (3,3 euros). O IPO desta joint-
-venture permanece programado para
o segundo semestre de 2020.
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90
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50
2015 2016 2017 2018 2019
O Covid-19 traz novas incertezas quanto às
perspetivas reais da BASF. É muito cedo para
comprar, apesar da queda no título. Pode manter.

DANONE
Perspetivas sombrias
Alimentação
Bolsa de Paris • 60,96 EUR
Dividendo bruto: 2,10 EUR (3,4 %)
Risco: 
A Danone não tem a vida
facilitada: volumes muito baixos,
dependência da China para o seu
crescimento e transição muito
lenta para produtos de origem
vegetal. Revisão de estimativas.
Vender
Embora em progresso, no 4º trimestre,
a queda da faturação leva a Danone a
contentar-se com um crescimento or-
gânico☞ das vendas de 2,6 % em 2019,
com os preços a subir 3,8 %, em média.
É a divisão de nutrição especializada,
em especial a infantil, que ajuda o gru-
po com um aumento de 5,8 % na sua
atividade. Problema: no segmento de
nutrição infantil, a maior parte do de-
sempenho foi alcançada … na China,
com um pico no 2º  semestre do ano
anterior a 20 % (inovações e e-com-
merce). No entanto, a crise que vive-
mos atualmente terá consequências, e
a expectativa é para uma redução das
vendas da nutrição especializada em
5 %. Noutras áreas, a situação é mais
difícil: os produtos lácteos e vegetais
(que representam mais de 50 % da fa-
turação) cresceram apenas 1,1 % e as
águas, 1,5 %. Assim, o grupo revê em
baixa os seus objetivos para 2020, e
espera agora um crescimento da ati-
vidade entre +2 % e +4 % e um lucro
operacional ao nível de 2019 (15,2 %).
Depois de 2020, o grupo espera atingir
uma taxa anual de crescimento de lu-
cro por ação, excluindo itens extraor-
dinários, entre 5 % e 10 %, com base
num crescimento orgânico das vendas
entre 3 % e 5 %. Isso implica, em par-
ticular, um reequilíbrio bem-sucedido
entre produtos lácteos em declínio e
produtos de origem vegetal.
85
80
75
70
65
60
M A M J J A S O N D
2019
Nos últimos meses, o mercado de ações parece
compartilhar das nossas dúvidas sobre a
qualidade das perspetivas da Danone.
Mas o título não está em saldos. Venda.
ENGIE
Bons resultados
Energia
Bolsa de Paris • 14,95 EUR
Dividendo bruto: 0,80 EUR (5,4 %)
Risco: 
A Engie publicou resultados anuais
sólidos, impulsionados pelo bom
desempenho da atividade de
energias renováveis e nuclear.
O rendimento do dividendo é um
ponto forte deste título.
Comprar
A Engie atingiu todos os objetivos que
tinha estabelecido para 2019. O re-
sultado líquido (excluindo itens não
recorrentes) foi de 2,7  mil  milhões
de euros, contra os 2,5 mil milhões em
2018 (+9 %). A Engie beneficiou nota-
velmente de uma melhor disponibili-
dade das suas centrais belgas de ener-
gia nuclear (Electrabel), cuja produção
aumentou 62 % em relação a 2018. Os
resultados também foram impulsiona-
dos pelo inicio de funcionamento de
novas capacidades de energia renovável
(3,0 GW instalados em 2019, ou seja, 4
vezes mais que o ano anterior). A meta
da dívida também foi atingida. Se a
aquisição da TAG no Brasil aumentou
a dívida do grupo para 26 mil milhões
de  euros (+3  mil  milhões em compa-
ração com 2018), ela permanece sob
controlo, graças ao aumento da renta-
bilidade da atividade.
Quanto às perspetivas para este ano, a
Engie quer continuar com o seu ímpe-
to e almeja um maior crescimento dos
resultados. Prevê, em particular, um re-
sultado líquido entre 2,7 e 2,9 mil mi-
lhões de  euros. Esse objetivo é basea-
do, por exemplo, no forte crescimento
da produção hidro-elétrica no Brasil e
em França. Confiantes na capacidade
do grupo de o conseguir, mantemos
as nossas previsões de lucro por ação
em 1,10  euros para 2020 e 1,15  euros
para 2021.
20
18
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J F 10
2020 2015 2016 2017 2018 2019
Demorou um pouco, mas os investidores estão
finalmente a começar a dar as boas-vindas à
recuperação do grupo. O título já valorizou 28 %
este ano. Mantemos o conselho de compra.
Ações
deco.proteste.pt/investe
ENI
Plano estratégico
Petrolífero
Bolsa de Milão • 10,23 EUR
Dividendo bruto: 0,86 EUR (8,4 %)
Risco: 
Num contexto já difícil para o
setor, as ações da Eni não foram
exceção à queda da bolsa de
valores nos últimos dias após
o agravamento do estado de
emergência sanitário.
Manter
Os gestores da petrolífera ENI são am-
biciosos e publicam um plano estratégi-
co que não se limita aos próximos anos,
mas chega até 2050, prevendo uma
“transição energética” significativa para
fontes mais sustentáveis.
O facto é que, enquanto isso, em 2019,
a Eni deve publicar, lucros de “apenas”
0,04 euros por ação, comparativamente
a 1,15 euros por ação no ano anterior.
A atividade comum não pesa muito (o
lucro operacional manteve-se pratica-
mente estável, passando de 4,98 para
4,82  euros por ação), mas sim alguns
elementos extraordinários, em especial
desvalorizações. Por um lado, isso pode
ser considerado positivo, pois sem esses
elementos não recorrentes, o lucro seria
de cerca de 0,90 euros por ação. Por ou-
tro lado, no entanto, isso significa que
as pressões sobre o preço do petróleo
estão a pesar nas contas e a “transição
energética” está ainda muito distante,
especialmente no contexto económico
incerto, como o atual, devido aos im-
pactos da emergência sanitária. À luz
dessas indicações, reduzimos as nossas
estimativas de lucros para 0,90  euros
por ação seja em 2020, seja para 2021.
Apesar do dividendo ser ligeiramente
superior às nossas estimativas (0,86 eu-
ros por ação, do qual metade já foi dis-
tribuído na conta corrente), o título é,
na melhor das hipóteses, a manter.
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2015 2016 2017 2018 2019
Num contexto difícil para o setor, a Eni (a
carregado, em base 100) caiu mais que a bolsa de
Milão. Apesar da queda, dada a incerteza sobre a
economia italiana e mundial, limite-se a manter.
Proteste Investe  •  10 de março 2020 7
 Breves Variação das cotações entre 28/02 e 06/03, em moeda local

deco.proteste.pt/investe

REPSOL CHEVRON destinada a reordenar as

Mudança de conselho
Petrolífero
Bolsa de Madrid • 9,6 EUR
Dividendo bruto: 0,00 EUR (0,0 %)
Risco: 
A queda dos preços do petróleo
esta manhã levou a uma queda
das ações da Repsol. Apesar do
balanço sólido do grupo, no curto
prazo, a situação continuará
tensa. Não compre mais!
Manter
À imagem do setor do petróleo, o 1º tri-
mestre de 2020 da Repsol promete ser
difícil com a queda nos preços do ouro
negro. O grupo estabeleceu os seus
objetivos com base no preço do barril
em 65 dólares o que, no momento, nos
parece muito otimista já que está abai-
xo de 35 dólares! A desaceleração eco-
nómica na China, acentuada pela crise
atual, está a pesar na procura. Portanto,
o aumento esperado de 8 % no lucro
operacional poderá estar comprometi-
do, o que o a cotação da ação já incor-
pora, em parte.
Os lucros da Repsol no 4º  trimestre
estão ligeiramente abaixo das nossas
estimativas (-36 % antes de encargos
não-recorrentes). A atividade de explo-
ração e produção (lucro: -40 %) sofre-
ram uma queda de 9 % nos preços de
venda no período. Mais reconfortante,
a produção de hidrocarbonetos está
a bom nível, graças ao lançamento de
novas capacidades de produção. Outro
ponto positivo, o fluxo de caixa, em
2019, permite, tal como em 2018, co-
brir os investimentos e a remuneração
dos acionistas.
A estratégia 2020-2025 será apresenta-
da a 5 de maio. O foco permanecerá na
energia verde, o que nos parece acerta-
do. Reduzimos as nossas estimativas de
lucro por ação de 1,4 euros para 1,1 eu-
ros em 2020, em comparação com o lu-
cro atual de 1,18 euros em 2019.
16
14
+2,1 % Manter
A petrolífera Chevron comu-
nicou o esboço do seu pla-
no estratégico para os pró-
ximos cinco anos. Dá lugar
de destaque ao crescimento
prudente da produção e à
remuneração dos acionistas
por meio de dividendos, o
principal atrativo da ação.
O óleo de xisto permanece
central no portfólio do gru-
po. Face à situação atual no
setor petrolífero, a recomen-
dação para esta ação passa
de comprar para manter.
SANOFI
+1,3 % Comprar
O medicamento Sarclisa aca-
bou de receber a luz verde
americana no tratamento
do mieloma múltiplo, um
cancro raro da medula óssea.
O Sarclisa, no entanto, che-
ga atrasado e só será usado
quando pelo menos dois
tratamentos para tratamen-
to do cancro falharem antes.
Ainda assim é uma vitória
para o laboratório francês
depois de anos de vacas ma-
gras na área da oncologia.
É de fato o primeiro medi-
camento para tratamento
de cancro resultante da sua
própria pesquisa interna, a
ser aprovado desde o lança-
mento do Jevtana em 2010.
Um sucesso auspicioso, mas
que ainda precisa de afirma-
ção já que a Sanofi fez da on-
cologia um dos seus eixos de
crescimento. Pode comprar.
SETOR
PETROLÍFERO
-7,7 %
A queda vertiginosa do pe-
tróleo esta manhã parece
cartas no mercado do ouro
negro. As empresas menos
sólidas estão a enfrentar
um período difícil que leva-
rá a dificuldades de finan-
ciamento e falências. As
empresas da nossa seleção,
mais sólidas, têm-se rees-
truturado nos últimos anos
para permanecerem lucrati-
vas e se preparem para estas
quedas. Mas esta crise leva-
rá a um menor volume de
faturação que antes era de-
dicado a investimentos em
energias renováveis, pre-
servando o dividendo. Se o
preço do barril permanecer
permanentemente num
nível muito baixo, a ques-
tão da sustentabilidade do
dividendo surgirá. Altera-
mos os nossos conselhos
de comprar para manter
sobre as empresas do se-
tor: Galp, Chevron e Repsol.
Consideramos prudente a
não exposição exagerada
ao setor apesar das quedas.
TOTAL
-3,2 % Manter
Num mercado marcado pela
queda do preço do barril e
queda da procura, o grupo
petrolífero francês mostra
confiança e prevê bons re-
sultados para 2020. Espera
um aumento de pelo menos
2 % na produção de hidro-
carbonetos (petróleo e gás).
Um nível acessível sem cor-
rer grandes riscos ou aumen-
tar sua dívida, graças ao au-
mento de projetos lançados
recentemente, em petróleo
em Angola ou gás natural li-
quefeito (GNL) na Rússia e na
Austrália. Além disso, a Total
confirma as suas ambições
na energia verde com 2 acor-
dos firmados em Espanha
para projetos fotovoltaicos.
Mas, para continuar o seu
desenvolvimento, o grupo
terá que aumentar ainda
mais os seus investimentos.
E isso não contribuirá para
uma rápida rentabilidade do
grupo, que permanece liga-
da ao preço do petróleo.
Prudentemente, reduzimos
as estimativas do lucro por
ação previsto para 3,5 eu-
ros em 2020 (portanto, em
2019) e para 4 euros em
2021. Mantenha.
VOLKSWAGEN
-0,7 % Mantenha
A marca alemã publicou re-
sultados sólidos referentes a
2019. O seu lucro operacio-
nal (excluindo os encargos
relacionados ao escândalo
dos motores manipulados)
aumentou 13 %, para mais
de 19 mil milhões de euros,
resultado que excedeu ligei-
ramente as nossas expectati-
vas. Para 2020, o grupo prevê
que o volume de negócios
aumente 4 % e uma margem
operacional entre 6,5 e 7,5 %
(comparado com 7,6 % em
2019). Na nossa opinião, é
bastante ambicioso, consi-
derando as incertezas que
assolam o setor. A desacele-
ração do mercado automó-
vel será mais severa do que
o esperado devido à disse-
minação do vírus corona. A
VW não conseguirá escapar
desse efeito já que 40 % das
suas vendas provém do mer-
cado chinês. O que nos leva
a ser ainda mais conservado-
res nas nossas estimativas de
lucro por ação, que reduzi-
mos para 24 euros em 2020
e para 26 euros em 2021.
Contudo, na nossa opinião, o
grupo está suficientemente
bem equipado para superar
as dificuldades que terá pela
frente. Mantenha

12

10
LEXICO Todo o jargão financeiro explicado em
deco.proteste.pt/investe/lexico
8
Crescimento Orgânico: Este termo designa o O crescimento orgânico é de grande
crescimento do volume de negócios obtido importância pois permite espelhar melhor o
6
2015 2016 2017 2018 2019 graças ao volume de atividade mais elevado progresso das vendas próprias e a capacidade
A queda nos preços do petróleo levou a uma (vendendo mais aos mesmos clientes ou de uma empresa em conquistar novos
queda do título da Repsol para níveis ainda mais a novos), contrariamente ao crescimento mercados sem proceder a aquisições.
baixos Mantenha o título em carteira apesar da conseguido através da aquisição de terceiros.
queda do preço.
Nesta edição, as análises da AB InBev, BASF, Chevron, Danone, Engie, Repsol, Sanofi, Total
8 Proteste Investe  •  10 de março 2020 e Wolkswagen foram elaboradas pela Euroconsumers e a ENI pela Altroconsumo. Consulte a
nossa metodologia em: deco.proteste.pt/investe/sobre-proteste-investe
Os nossos conselhos baseiam-se em análises internas e em fontes externas fiáveis. É impossível fazer
previsões totalmente corretas ou garantir o sucesso total dos conselhos apresentados. Todavia, esperamos
que as informações apresentadas neste boletim ajudem os leitores a realizar bons investimentos. Quadro das ações
deco.proteste.pt/investe
Nome Cotação (1) Máx. Min. Bolsa Comentário Risco Conselho
06/03/2020 (2) (3) (4) (5)
Financeiras
Aegon 2.73 EUR 4.73 2.73 Amesterdão quarto trimestre dececionante w comprar
Axa 20.00 EUR 25.50 20.00 Paris cede negócios na Europa de Leste (Polónia) w manter
Bank of America 25.71 USD 35.64 25.71 Nova Iorque queda (esperada) dos lucros no 4.º trimestre w manter
Barclays Bank 130.94 p. 192.46 130.94 Londres melhorar a rentabilidade será difícil em 2020 x manter
BBVA 4.03 EUR 5.60 4.03 Madrid México é o principal trunfo x manter
èBCP 0.14 EUR 0.29 0.14 Lisboa lucro anual cresceu 0,3 %, menos que esperado x manter
BlackRock 450.41 USD 572.48 405.47 Nova Iorque dividendo do 1.º trimestre: 3,63 dólares w manter
BNP Paribas 38.52 EUR 54.18 38.52 Paris mostra-se confiante para 2020 w comprar
Generali 15.24 EUR 19.50 15.24 Milão novos produtos de seguro com difusão Covid-19 w manter
Gimv 52.90 EUR 59.20 49.40 Bruxelas investe na Applied Micro Electronics (NL) u comprar
ING 7.55 EUR 12.05 7.55 Amesterdão estuda vender a sua atividade na Turquia x manter
Mapfre 1.88 EUR 2.73 1.88 Madrid alerta para queda dos lucros w manter
Santander 3.04 EUR 4.62 3.04 Madrid diversificação, o seu principal trunfo x manter
Société Génér. 21.40 EUR 31.94 21.13 Paris insiste no controlo dos custos para 2020 x manter
UBS Group 9.87 CHF 13.72 9.87 Zurique novo diretor geral proveniente do ING v comprar
Zurich Insur. 369.50 CHF 439.90 313.80 Zurique sobe o dividendo (2019) para 20 francos w manter

Bens de consumo
adidas Group 242.50 EUR 315.95 204.00 Frankfurt grande queda das vendas na China em fevereiro v vender
Kimberly-Clark 146.46 USD 148.25 115.18 Nova Iorque previsões para 2020 dececionantes v manter
LVMH 360.35 EUR 439.05 305.80 Paris exposta à crise de saúde na China w vender
Procter&Gamble 121.66 USD 127.14 98.41 Nova Iorque resultados trimestrais indefinidos v vender
Unilever 49.05 EUR 57.56 47.50 Amesterdão crescimento fraco no 4.º trimestre v vender

Alimentação e bebidas
AB InBev 47.87 EUR 92.71 47.87 Bruxelas baixa previsão de resultados do 1.º trimestre w manter
Coca - Cola 55.26 USD 60.13 44.84 Nova Iorque bom crescimento do VN no 4.º trimestre: +7 % v manter
èCorticeira Am. 9.94 EUR 11.72 8.94 Lisboa apresenta resultados anuais a 9 de março w manter
Danone 60.96 EUR 82.00 60.96 Paris objetivo de lucro para 2020 revisto em baixa w vender
Diageo 2740.00 p. 3625.50 2740.00 Londres resultados semestrais dentro do esperado v manter
Kraft Heinz Co 26.03 USD 33.33 24.77 Nasdaq dificuldades em relançar o crescimento x manter
Nestlé 101.14 CHF 113.20 92.70 Zurique crescimento orgânico de 3,5 % em 2019 v manter

Distribuição
Ahold Delhaize 22.64 EUR 24.41 19.50 Amesterdão 4.º trimestre melhor que o previsto w comprar
Carrefour 15.61 EUR 18.02 14.46 Paris regressou aos lucros em 2019 w manter
èJerón. Martins 16.04 EUR 17.22 12.86 Lisboa resultado ligeiramente acima do esperado w manter
Sainsbury 211.10 p. 240.60 177.10 Londres novo CEO a partir de 1 de junho de 2020 w vender
èSonae 0.69 EUR 1.00 0.69 Lisboa vendas preliminares de 2019 a 29 de janeiro w comprar
Walmart 117.23 USD 121.28 96.94 Nova Iorque prevê subida volume negócios +/-3 % em 2020-21 v manter

Saúde e farmacêuticas
Abbott 81.74 USD 91.86 72.88 Nova Iorque vendas continuarão dinâmicas em 2020 w vender
Bayer 64.10 EUR 78.26 52.53 Frankfurt previsões para 2020 desiludem x manter
Eli Lilly 141.46 USD 147.35 106.79 Nova Iorque previsões para 2020 conforme esperávamos w manter
GlaxoSmithKline 1593.60 p. 1846.00 1501.60 Londres prepara abandono dos medicamentos sem receita w vender
Merck 82.20 USD 92.04 73.19 Nova Iorque centra-se nos seus vetores de crescimento w manter
Novartis 79.27 CHF 95.82 77.03 Zurique produtos inovadores impulsionam vendas (2019) w comprar
Pfizer 35.02 USD 44.40 33.42 Nova Iorque perspetivas de 2020 dececionantes w manter
Roche GS 315.05 CHF 351.15 258.05 Zurique prevê crescer em 2020, apesar dos genéricos w manter
Sanofi 85.06 EUR 94.00 72.24 Paris quer ser importante nos “princípios ativos” w comprar
Teva Pharma 10.30 USD 17.08 6.16 Nova Iorque perdas de 2019 menos pesadas que o previsto x manter

Proteste Investe  •  10 de março 2020 9

Quadro das ações Mais dados e indicadores em deco.proteste.pt/investe/acoes
deco.proteste.pt/investe
Nome Cotação (1) Máx. Min. Bolsa Comentário Risco Conselho
06/03/2020 (2) (3) (4) (5)
Energia e serviços públicos
BP 395.20 p. 582.50 395.20 Londres anuncia que pretende crescimento mais verde w manter
Chevron 95.32 USD 126.68 93.34 Nova Iorque prevê um crescimento prudente da produção v manter
èEDP 4.37 EUR 4.93 3.15 Lisboa lucro’19: -1 %, devido fatores não recorrentes w manter
EDP Renováveis 12.72 EUR 13.16 8.40 Lisboa lucro 2019 sobe 52 % e supera previsões w manter
Enagas 22.25 EUR 27.08 19.12 Madrid diversificação compensará redução nas tarifas w manter
Endesa 23.21 EUR 26.12 21.79 Madrid setor afetado por possíveis cortes tarifários w manter
Enel 7.89 EUR 8.57 5.46 Milão produção em baixa em 2019 w manter
Engie 14.95 EUR 16.65 12.45 Paris resultados aumentam em 2019 w comprar
ENI 10.23 EUR 15.94 10.23 Milão nova descoberta no México w manter
Exxon Mobil 47.69 USD 83.38 47.69 Nova Iorque próximos trimestres difíceis: não compre mais w manter
èGalp Energia 11.48 EUR 15.76 11.48 Lisboa forte queda preço do petróleo penaliza setor w manter
Iberdrola 10.60 EUR 11.22 7.24 Madrid diversificação dilui efeito das tarifas w manter
National Grid 1015.20 p. 1067.40 778.00 Londres possível endurecimento da regulação no RU w manter
Naturgy 20.04 EUR 26.95 20.04 Madrid resultados de 2019 melhores que o esperado w manter
Ovintiv 7.94 USD 38.10 7.94 Nova Iorque tem de melhorar a rentabilidade x manter
R.Dutch Shell A 18.51 EUR 29.12 18.51 Amesterdão 4.º trimestre 2019 sem grande dinamismo x manter
èREN 2.60 EUR 2.80 2.40 Lisboa lucro 9M cai 5 % mas fica em linha previsto v comprar
Repsol 9.60 EUR 15.02 9.60 Madrid resultados 4.ºT ligeiramente abaixo previsto w manter
Total 37.15 EUR 52.27 37.15 Paris continua a investir na energia renovável w manter
Veolia Envir. 26.96 EUR 28.90 19.69 Paris forte subida dos resultados em 2019 w manter

Químicas
BASF 52.99 EUR 74.52 52.98 Frankfurt 2020 será muito influenciado pelo Covid-19 w manter
Solvay 77.00 EUR 110.75 77.00 Bruxelas prevê resultado operacional 2020 de -3 % a 0 % w manter

Automóvel
BMW 57.30 EUR 77.86 57.30 Frankfurt visada por um inquérito da SEC w manter
Daimler 35.09 EUR 59.26 35.09 Frankfurt resultados de 2019 afetados pelo “Dieselgate” w manter
FCA 10.52 EUR 14.68 10.52 Milão acordo com o fisco por 730 milhões de euros y vender
Ferrari 135.00 EUR 167.20 114.00 Milão eleva objetivos para 2020 v vender
Michelin 93.20 EUR 118.00 91.72 Paris resiste a um mercado automóvel em queda w manter
Peugeot 16.15 EUR 26.05 16.15 Paris em boa forma antes da fusão com a FCA w manter
Renault 23.40 EUR 63.87 23.17 Paris regista perdas em 2019, prudente para 2020 w manter
Tesla 703.48 USD 917.42 178.97 Nasdaq lança um aumento de capital x vender
Volkswagen VZ 147.30 EUR 185.18 138.00 Frankfurt fecha Dieselgate na Alemanha x manter

Aço, não-ferrosos e minas

ArcelorMittal 11.56 EUR 21.29 11.44 Amesterdão afetada pela crise China (procura, preço…) x manter
Rio Tinto 3505.00 p. 4976.50 3505.00 Londres anuncia dividendo excecional w vender
Schnitzer Steel 16.18 USD 27.38 16.01 Nasdaq publicou prejuízos no 1.º trimestre x manter

Construção e imobiliário
Atenor 63.40 EUR 77.80 57.60 Bruxelas bom dividendo que deve aumentar regularmente w comprar
MDC Holdings 40.27 USD 46.00 27.70 Nova Iorque bons resultados para 2019 x manter
èMota - Engil 1.19 EUR 2.41 1.19 Lisboa contrato de 270 M€ na Colômbia x manter
èSonae Indústria 0.84 EUR 1.51 0.84 Lisboa resultados anuais a 31 de março x manter

As ações portuguesas estão assinaladas com um símbolo P. (1) Cotação de fecho na data indicada, em euros ou em divisa local (EUR = euro; CHF = franco suíço;
p. = pence; SEK = coroa sueca; USD = dólar norte-americano), 1 CHF = 0.9428 EUR, 100 p. = 1.1523 EUR, 1 SEK = 0.0944 EUR, 1 USD = 0.8841 EUR. (2) Cotação de
fecho máxima e mínima nos últimos 365 dias. (3) Principal bolsa em que está cotada. (4) Indicador de risco: quanto maior o valor (varia entre u e y), maior é
o risco associado à ação. Este indicador tem em conta a amplitude das flutuações da cotação da ação (volatilidade), o risco associado à situação financeira da
empresa e o risco ligado ao seu setor de atividade. (5) O conselho resulta das nossas análises que são baseadas nas perspetivas de longo prazo para as empresas.

10 Proteste Investe  •  10 de março 2020

 Quadro das ações
deco.proteste.pt/investe
Nome Cotação (1) Máx. Min. Bolsa Comentário Risco Conselho
06/03/2020 (2) (3) (4) (5)
Industriais e serviços diversos
Agfa - Gevaert 3.86 EUR 4.86 3.21 Bruxelas venda parcial da Healthcare IT em negociação x manter
èAltri 4.57 EUR 7.75 4.57 Lisboa dirigentes compram ações da empresa w manter
Bouygues 34.16 EUR 41.20 31.14 Paris dividendo excecional relativo a 2019 w manter
bpost 7.09 EUR 11.57 7.09 Bruxelas anuncia dividendo intercalar: 0,62 euros/ação w manter
èCTT 2.23 EUR 3.38 1.80 Lisboa forte subida dos lucros 9M, supera previsões w manter
Deutsche Post 24.97 EUR 34.91 24.97 Frankfurt objetivos 2019 e 2020 confirmados v manter
Euronav 7.53 EUR 11.71 6.56 Bruxelas preços dos fretes estabilizam a bom nível x comprar
Exmar 4.52 EUR 6.12 4.52 Bruxelas forte crescimento potencial do lucro em 2020 x manter
General Electr. 9.40 USD 13.16 7.93 Nova Iorque resultados de 2019 equilibrados y manter
Nasdaq 110.50 USD 118.67 83.36 Nasdaq bom 4.º trimestre de 2019 w manter
èNavigator 2.66 EUR 4.37 2.66 Lisboa divulga resultados anuais a 11 de fevereiro w manter
PostNL 1.25 EUR 2.51 1.25 Amesterdão 2019 e 2020 afetados pela compra da Sandd w manter
èSemapa 10.98 EUR 15.22 10.98 Lisboa resultado líquido de 2019 cai 6,4 % w manter
èSonae Capital 0.63 EUR 0.92 0.60 Lisboa comunica resultados anuais a 24 de fevereiro x manter
Waste Connect. 100.73 USD 104.67 84.39 Nova Iorque mostra-se confiante para resto de 2019 e 2020 w manter

Lazer e media
èCofina 0.42 EUR 0.66 0.37 Lisboa venda os direitos de subscrição de 25/2 a 5/3 x manter
èImpresa 0.18 EUR 0.33 0.18 Lisboa lucro 2019 sobe 150 % e supera previsões x manter
Pearson 555.40 p. 927.00 550.00 Londres perspetivas medíocres para 2020 w manter
Walt Disney 115.27 USD 151.64 107.79 Nova Iorque perdas no streaming vão pesar em 2019-20 w vender

Operadores de telecomunicações
AT & T 37.03 USD 39.63 29.92 Nova Iorque resultado anual dentro do esperado w manter
BT Group 130.90 p. 230.70 130.90 Londres resultado abaixo do esperado no 3.ºT 2019/20 x manter
Deutsche Telek. 14.67 EUR 16.60 14.41 Frankfurt fusão entre T-Mobile e Sprint validada w manter
èNOS 3.37 EUR 6.11 3.37 Lisboa lucro 2019:+4,2 % mas reduz o dividendo em 21 % w comprar
Orange 12.10 EUR 15.01 12.10 Paris resultados de 2019 conforme as expectativas w manter
Telecom Italia 0.43 EUR 0.58 0.43 Milão anuncia colaboração com a Google Cloud x manter
Telefónica 5.09 EUR 7.83 5.09 Madrid lança plano de ação, foco em menos países w comprar
Telefônica Bras 12.20 USD 14.63 10.93 Nova Iorque CEO mostra-se otimista para o 4.º trimestre x comprar
Verizon 56.87 USD 62.07 54.16 Nova Iorque resultado de 2019 superior às expectativas v manter
Vodafone Group 136.62 p. 165.24 123.32 Londres mantém objetivos anuais após bom 3.º trim. w manter

Tecnológicas
Accenture 178.75 USD 215.92 161.69 Nova Iorque resultado do 1.º trimestre 2019/20 convence v manter
Alphabet A 1295.74 USD 1524.87 1038.74 Nasdaq acelera crescimento na nuvem x manter
Apple 289.03 USD 327.20 172.50 Nasdaq lucros recorde no 4.º trimestre de 2019 v manter
Applied Mat. 57.79 USD 67.41 37.57 Nasdaq previsões claramente acima do que esperávamos w comprar
Cisco Systems 39.68 USD 58.05 39.57 Nasdaq previsões dececionantes para este trimestre v manter
Corning 24.88 USD 35.01 23.86 Nova Iorque confirma objetivos (2023), apesar de mau 4.ºT w comprar
Ericsson B 71.34 SEK 96.74 71.34 Estocolmo 4.º trimestre de 2019 um pouco dececionante w manter
Facebook 181.09 USD 223.23 160.47 Nasdaq pressão regulatória, mas resultado sólido w manter
IBM 127.73 USD 156.76 126.99 Nova Iorque novo CEO é especialista na cloud w comprar
Intel 55.77 USD 68.47 43.46 Nasdaq mostra-se otimista para 2020 w comprar
èNovabase 3.04 EUR 3.32 2.03 Lisboa alienação de negócio impulsiona resultados w manter
Sage Group 668.00 p. 820.40 655.00 Londres bom crescimento no 1.º trimestre v manter
Texas Instrum. 113.16 USD 134.25 103.21 Nasdaq 4.º trimestre sem grande surpresa w manter
Xerox 31.29 USD 39.30 27.49 Nova Iorque aumenta a sua oferta sobre a HP w vender

Proteste Investe  •  10 de março 2020 11

 Entre nós
deco.proteste.pt/investe
Questão de leitor
Podem os PPR ser
uma alternativa aos
depósitos?
“Com as atuais baixas taxas de
juro é quase impossível encontrar
produtos de poupança com
um rendimento interessante.
Posso usar um PPR como
alternativa aos depósitos, podendo
resgatar em qualquer altura?”
PPR têm demasiadas exceções,
segundo a OCDE
Os Planos Poupança Reforma (PPR)
destinam-se à criação de um complemento
de reforma. Têm benefícios fiscais para
incentivar o aforrador a planear a sua própria
reforma. Mas, segundo a OCDE, as atuais
regras de resgate dos PPR são bastante
permissivas e não asseguram que eles sejam
efetivamente usados como complemento de
reforma. Esta mesma instituição recomenda
a simplificação dos incentivos fiscais já
existentes e até a introdução de outros, de
forma a que se utilizem estes produtos como
complemento à pensão de reforma.
Sob a forma de fundo, não!
No entanto, se abdicar dos benefícios fiscais,
fica livre para poder utilizar o montante que
aplicou no PPR para outros fins sem ter a
penalização fiscal (devolução dos benefícios
fiscais acrescidos de 10 % por cada ano
decorrido se resgatar fora das situações
previstas na lei). Assim, pode utilizar um
PPR, sob a forma de fundo ou de seguro,
supondo que abdica dos benefícios fiscais,
como um produto financeiro sob a forma
de fundo de investimento ou seguro de
capitalização “normal”. Contudo, note que
os fundos PPR, em regra, não têm capital
garantido, pelo que usar um fundo PPR
como alternativa a um depósito está fora de
questão, pois corre o risco de perder parte
do capital que aplicou. Já os seguros PPR,
SERVIÇO TELEFÓNICO DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA
Enquanto assinante da PROTESTE INVESTE poderá consultar o serviço telefónico de informação financeira. A nossa equipa irá
responder às suas dúvidas e questões sobre investimento e outros temas. Horário de atendimento: das 9h às 18h.
APLICAÇÕES FINANCEIRAS FISCALIDADE
E INVESTIMENTO
218 418 783
218 418 789
12 Proteste Investe  •  10 de março 2020
que na maioria garantem o capital e até um
rendimento mínimo, podem ser uma opção.
Mas os seguros também têm um senão…
Atenção às elevadas comissões!
As elevadas comissões de subscrição ou por
entrega, de gestão e de resgate antecipado são
a principal desvantagem dos seguros PPR,
que podem anular qualquer rendimento. Já os
depósitos a prazo não têm comissões (além da
eventual comissão de manutenção da conta à
ordem associada).
Vantagem fiscal
Se resgatar um PPR fora das condições
definidas na lei, é aplicada uma tributação
que varia entre 21,5 % (menos de 5 anos) e
8,6 % (mais de 8 anos). Ou seja, a nível da
tributação do rendimento, é sempre mais
vantajoso o PPR, já que um depósito cobra
sempre 28 % de imposto sobre os juros.
A ter em conta
Deve procurar um seguro PPR com bom
rendimento, comissões reduzidas e, se
possível, com um rendimento mínimo
garantido superior às comissões pagas
anualmente – dessa forma garante que, após
a dedução das comissões, tem a certeza de ter
algum rendimento. O rendimento resultante
dessa diferença deve ser superior ao melhor
depósito a um ano, de forma a compensar
optar pelo seguro PPR.
Vamos ao exemplo da Escolha Acertada
de PPR com capital garantido, o seguro
Lusitania Poupança Reforma PPR: se
subscrever ao abrigo da nossa parceria fica
isento de comissões de subscrição ou resgate e
conta apenas com a comissão de gestão (1,2 %
ao ano) e garante um rendimento mínimo de
1,5 % bruto em 2020. Assim, está garantido
um mínimo de 0,3 % bruto, mas pode
render mais pois tem ainda a participação
de resultados. Por exemplo, em 2018 obteve
3,8 % brutos, valor ao qual deve retirar 1,2 %
da comissão de gestão. De onde resulta um
rendimento bruto de 2,6 %, que é superior ao
melhor depósito a 12 meses. Assim, desde que
escolhido o seguro PPR com baixos custos e
abdique dos benefícios fiscais, pode utilizá-
lo como uma alternativa de poupança que
permite entregas regulares.
CRÉDITO
210 321 949
Proprietária, editora e redação
DECO PROTESTE, Editores, Lda.,
Av. Eng.º Arantes e Oliveira, n.º 13,
Olaias, 1900-221 Lisboa Editora
registada sob o número 215 705.
NIPC: 502 611 529.
Conselho de gerência
Vasco Colaço, Filipe Moura e Luís
Silveira Rodrigues em representa-
ção da DECO, detentora de 25%
do capital, e Daniel Stons, Armand
De Wasch, Crescenzo Passaro e Ivo
Mechels, da Euroconsumers, com
75% do capital.
Country manager
e representante legal
António Balhanas
Diretora e editora de publicações
Cláudia Maia
Responsável estudos
jurídico-económicos
Joaquim Silva
Colaboradores
Analistas financeiros do mercado
nacional: João Sousa: banca, cons-
trução, bens de consumo, papel,
distribuição, serviços informáticos;
Rui Ribeiro: media, telecomunica-
ções, papel, energia. Outros valores
mobiliários e instrumentos finan-
ceiros: António Ribeiro, João Sousa,
Jorge Duarte. Colaboradores: André
Gouveia, Filipe Campos. Na análise
do mercado internacional, a PRO-
TESTE INVESTE cede e recebe
alguns conteúdos de organizações
europeias de consumidores com as
quais definiu metodologias idên-
ticas: Euroconsumers S.A. Avenue
Guillaume 13b, L-1651 Luxem-
bourg; Altroconsumo Edizioni Fi-
nanziarie S.R.L. Via Valassina, 22
– 20159 Milano; Test-Achats S.C.
Rue de Hollande 13, 1060 Bruxelles;
OCU Ediciones S.A. C/Albarracín,
21-28037 Madrid.
As análises publicadas na PROTES-
TE INVESTE são independentes e
elaboradas de acordo com uma me-
todologia que poderá consultar em
deco.proteste.pt/investe/metodologia.
As análises nunca são enviadas à
entidade emitente dos instrumen-
tos financeiros objeto de avaliação
e, por isso, não estão sujeitas a al-
terações a pedido destas. A DECO
PROTESTE e os responsáveis pela
informação financeira não têm in-
teresses suscetíveis de prejudicar a
objetividade da mesma.
Estatuto editorial
deco.proteste.pt/investe/estatuto-
editorial
Políticas e procedimentos
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procedimentos
Tiragem
20  000  exemplares. Registo na
ERC n.º  120 152. Depósito legal
n.º 102931/96.
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por mês) –48 edições semanais de
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tes Gráficas, S.A., Estrada de São Mar-
cos, n.º 27, 2735-521 Agualva-Cacém.
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servados e a utilização para fins
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