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18 de fevereiro de 2014 STAFF

• Angelina Harari
LACAN COTIDIANO N. 371 - PORTUGUÊS (Presidente de la AMP)
• Jésus Santiago
Domingo, 26 de janeiro de 2014 - 09h00 [GMT + 1] (Responsable de la Web de la AMP)
• Marcelo Veras
(Moderador del Blog-AMP)
NO  371
Comité de redacción:
Eu não teria faltado ao Seminário por nada no mundo — PHILIPPE SOLLERS
Maria Josefina Sota Fuentes (EBP) -
Ganharemos porque não temos outra escolha — AGNÈS AFLALO Coordenadora, Marco Bani(SLP), Marie-
José Asnoun (ECF), Clara Holguin (NEL),
Ruth Gorenberg (EOL), Beatriz Garcia
Martinez (ELP)

Movida Zadig: Jésus Santiago

Bloggers:

Marcus André Vieira (EBP), Patricia


Moraga (EOL), Isolda Alvarez (NLS),
Anaëlle Lebovits-Quenehen (ECF)

www.lacanquotidien.fr Colaboradores
Colaboración textos: Astrid Alvarez de
la Roche, Marcelo Magnelli, Patricio
Moreno Parra
Responsable técnico: Bruno Senna

O racismo 2.0 BUSCAR

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por Éric Laurent
ARCHIVO DEL BLOG

2019 (1)

Os recentes debates que têm lugar em torno da proibição do espetáculo de Dieudonné, 2018 (114)

fazem ressoar de maneira muito atual uma das «antecipações lacanianas»1 sobre a função da 2017 (236)

psicanálise na civilização. As últimas palavras do Seminário 19, em junho de 1972, visam 2016 (233)

precisamente nosso futuro. A saída da civilização patriarcal lhe parecia então consumada. A 2015 (251)

época pós-68 ainda fervilhava de proposições sobre o fim do poder dos pais e a chegada de uma 2014 (901)
sociedade dos irmãos, acompanhada do hedonismo feliz de uma nova religião do corpo. Lacan Dezembro (20)

atrapalha um pouco a festa acrescentando uma consequência que havia passado desapercebida: Novembro (23)

«Quando voltamos à raiz do corpo, se revalorizarmos a palavra irmão, (…), saibam que o que Outubro (25)

vem aumentando, o que ainda não viu suas últimas consequências e que, por sua vez, se enraíza Setembro (27)
no corpo, na fraternidade do corpo, é o racismo». A idolatria do corpo tem consequências bem Agosto (23)
diferentes do que o hedonismo narcísico o qual alguns poderiam pensar limitar essa «religião do Julho (31)
corpo». Elas anunciam na modernidade outras figuras da religião diferentes das religiões Junho (134)
seculares, como dizia Raymond Aron, que caracterizavam a época e forneciam, segundo ele, «O Maio (150)
Ópio dos Intelectuais». Abril (98)
Março (136)
Fevereiro (140)
No mesmo momento em que Lacan previa o aumento do racismo, sublinhado com XIV CONVERSACIÓN ICF-E -
FLASHES -
insistência de 1967 aos anos 1970, o ambiente era mais de regozijo diante das perspectivas de
NEL-México: El Cine, la ciudad y el
integração das nações em conjuntos mais amplos que autorizavam os «mercados comuns». Todo psicoanálisis:...
mundo era então, mais do que hoje, a favor da Europa. E Lacan acentua essa consequência Lacan Cotidiano 379
inesperada com uma precisão que, na época, surpreendeu. Interrogando Lacan em «Televisão», NEL-México: Encuentro de
em 1973, Jacques-Alain Miller fazia-se eco dessa surpresa e punha em relevo a importância Biblioteca - Presentación...

dessa tese. «De onde lhe vem, por outro lado, a segurança de profetizar a escalada do racismo? E Novedad: publicación de la revista
Freudiana 69
por que diabos dizer isso?».2 Lacan respondia: «Porque não me parece engraçado e, no entanto,
XIV CONVERSACIÓN ICF-E -
é verdade. No desatino de nosso gozo, só há o Outro para situá-lo, mas na medida em estamos FLASHES -
separados dele. Daí fantasias, inéditas quando não nos metíamos nisso». Il tour degli Altri scritti di Jacques
Lacan- All'...
A lógica desenvolvida por Lacan é a seguinte. Não sabemos o que é o gozo a partir do qual NEL Delegación Tarija -
Presentación del libro: Ps...
poderíamos nos orientar. Só sabemos rejeitar o gozo do Outro. Com o fato de nos meter, Lacan
Seminario del CID Bogotá - "De la
denuncia o duplo movimento do colonialismo e da vontade de normalizar o gozo daquele que é clínica estructu...
deslocado, emigrado em nome de um dito «bem dele». «Deixar esse Outro entregue a seu modo NEL-Medellín UNA CITA CON LACAN
de gozo, eis o que só seria possível não lhe impondo o nosso, não o tomando por - 5 de marzo

subdesenvolvido. (…) como esperar que se leve adiante a humanitarice de encomenda de que se Lacan Cotidiano 376
revestiam nossas exações?». Não é o choque das civilizações, mas é o choque dos gozos. Esses Boletín BOL de Castilla y León
(Febrero 2014)
gozos múltiplos fragmentam o laço social, daí a tentação de apelo a um Deus unificador.
Noches de apl - Arequipa
UnReal - Boletín Nº 15
Lacan anuncia aí também algo, o retorno dos fundamentalismos religiosos. «Deus, EBP Delegação Geral MS/MT:
Curso: "Como o analista...
recuperando a força, acabaria por ex-sistir, o que não pressagia nada melhor do que um retorno
Antenna di Ancona dell'Istituto
de seu passado funesto». Em suas proposições sobre a lógica do racismo, Lacan leva em conta a Freudiano e Segret...
variação das formas do objeto rejeitado, suas formas distintas que vão do antisemitismo de antes Comunicado a los miembros de la
da guerra, que conduz ao racismo nazista, ao racismo pós-colonial dirigido aos imigrantes. De NEL
fato, o racismo muda seus objetos à medida em que as formas sociais se modificam, mas, XIV CONVERSACIÓN ICF-E -
FLASHES -
conforme a perspectiva de Lacan, sempre jaz, numa comunidade humana, a rejeição de um gozo
Jornadas de la NEL 2014
inassimilável, domínio de uma barbárie possível.
APRÈS-COUP: Reseña de la
presentación del libro "N...
Proyección del documental "Unes
Antes de «Televisão», Lacan evoca esta questão do racismo na «Proposição de 9 de altres veus" ("Otr...

outubro de 1967 sobre o psicanalista da Escola» e na sua «Alocução sobre as psicoses da Ciclo: Pecados, pasiones, goce - 2ª
encuentro "Sob...
criança», durante o mesmo ano. Na «Proposição…», Lacan evoca o que o racismo nazista tinha,
Lacan Cotidiano 372
na sua barbárie, de «precursor»: «Abreviemos dizendo que o que vimos emergir deles, para
HURLY-BURLY 12 - Call for Papers
nosso horror, representou a reação de precursores em relação ao que se irá desenvolvendo como
Séminaire du Champ freudien à St
consequência do remanejamento dos grupos sociais pela ciência, e, nominalmente, da Petersbourg
universalização que ela ali introduz. Nosso futuro de mercados comuns encontrará seu equilíbrio XIV CONVERSACIÓN ICF-E -
numa ampliação cada vez mais dura dos processos de segregação».3 E na «Alocução sobre as FLASHES -

psicoses da criança», ele justifica o nó entre posição do analista e movimento da civilização: Actividades en la NEL-Medellín del
24 de febrero a...
«Como responderemos, nós, os psicanalistas: a segregação trazida à ordem do dia por uma Seminario: La dirección de la cura
subversão sem precedentes».4 en la época act...
Programa de actividades GLP
De fato, a lógica pela qual Lacan constrói qualquer conjunto humano que seja, opera uma Santiago

torção naPsicologia de Grupo freudiana. Em 1921, depois de ter formulado a segunda tópica que NEL-México: Lunes 11/11 - Noches
hacia el Enapol
organiza a realidade psíquica, Freud retoma a questão do destino pulsional a partir do tipo de
Actividades en la NEL-Medellín del
identificação que rege de maneira determinante a vida psíquica: «E em completa oposição à 28 de Octubre a...
prática costumeira, não escolherei, como nosso ponto de partida, uma formação de grupo THE BLOG TOWARDS THE NLS
relativamente simples, mas começarei por grupos altamente organizados, permanentes e CONGRESS / BLOG POUR LE C...

artificiais. Os mais interessantes exemplos de tais estruturas são as Igrejas – a comunidade dos Forthcoming workshop in
Amsterdam
crentes – e os exércitos… Teremos de considerar se os grupos com líderes talvez não sejam os
Séminaire d'étude sur la passe
mais primitivos e completos, se nos outros uma idéia, uma abstração, não pode tomar o lugar do Geneve
líder (estado de coisas para o qual os grupos religiosos, com seu chefe invisível, constituem etapa XIV CONVERSACIÓN ICF-E -
transitória) e se uma tendência comum, um desejo, em que certo número de pessoas tenha uma FLASHES -

parte, não poderá, da mesma maneira, servir de sucedâneo. (…) o ódio contra uma determinada Nuevos Asociados a la NEL-La Paz

pessoa ou instituição poderia funcionar da mesma maneira unificadora».5 Para Freud, o ódio e a PAPERS Nº 9 - Boletín Electrónico
del Comité de Ac...
rejeição racista se unem, porém permanecem conectados ao líder que toma o lugar do pai ou, XIV CONVERSACIÓN ICF-E -
mais precisamente, do assassinato do pai. O ilimitado da exigência permanece no grupo e o FLASHES -
estabelecimento do laço social é fundamentado no assentamento pulsional da identificação. O [AMP-UQBAR] News N° 7 / Radio
Lacan -Todas las len...
grupo estável compõe nele mesmo o mesmo princípio de ilimitação produzido pela multidão
PAPERS Nº 9
primária. Assim Freud pôde dar conta do exército como multidão organizada e do poder de
Des réels - Vers le congrès de l'AMP
matança selvagem que a acompanha. O ódio comum pode unificar a multidão, ligada a uma à Lausanne
identificação segregada ao líder. Agradecimientos de la NEL Cali
UnReal - Boletín Nº 14
ACP NEL Caracas - Hoja semanal
Para construir a lógica do laço social, Lacan não avança a partir da identificação ao líder, del 17 al 23 de Feb...

mas a uma primeira rejeição pulsional. O seu tempo lógico chega a propor para toda formação O REAL NO PASSE - EBP-BA -
ABERTURA 2014 - Convida...
humana três tempos segundo os quais se articulam o Sujeito e o Outro social:
PROGRAMAÇÃO EBP-BA - O REAL
EM PERSPECTIVA
1) Um homem sabe que não é um homem;
LACAN COTIDIANO N. 371 -
PORTUGUÊS
2) Os homens se reconhecem entre si; Revista Ñ: 15.02.14 - O corpo
segundo Lacan
3) Eu afirmo ser um homem, com medo de ser convencido pelos homens de não ser um homem. EBP-Delegação RN: Agenda de 16 a
22 de fevereiro 2...
Esses tempos de identificação não partem de um saber sobre o que seria ser um homem e depois Curso Fundamental de Freud a
Lacan, no IPLA
de um processo de identificação, mas essa lógica parte do que não é um homem – Um homem
sabe o que não é um homem. Isso não diz nada sobre o que é um homem. Depois, os homens se Seminaire de la NLS a Poznan

reconhecem entre si por seremhomens: não sabem o que fazem, mas se reconhecem entre si. Il tour degli Altri scritti: Il Lacan
che Joysce
Enfim, eu afirmo ser um homem. Lá vai toda a questão da afirmação ou da decisão ligada à
Afinidades Hacia el IX Congreso de
função da precipitação, a função da angústia ― do medo de serconvencido pelos homens de não la AMP

ser um homem.6 Esta semana en la NEL-Bogotá -


Confirmación Activi...
WAP Congress - PAPERS Nº 5 in
English
Essa lógica coletiva é fundada na ameaça de uma rejeição primordial, uma forma de XXIIè Séminaire du Champ freudien
en Russie
racismo: um homem sabe o que não é um homem. E é uma questão de gozo. Não é homem
EBP-Delegação Paraíba: Lumen 316
aquele que rejeito como tendo um gozo distinto do meu. «Movimento que dá a forma lógica de
toda assimilação «humana», enquanto precisamente ela se coloca como assimiladora de uma What's up! n°13 - En tiempo real:
El Congreso de l...
barbárie e, portanto, reserva a determinação essencial do «Eu»…»7. Novità Editoriale
SLP Corriere- Segreteria di Torino:
Ciclo di Confe...
Quando Lacan escreveu esse texto, a barbárie nazista estava próxima. Começou por SLP Corriere- Segreteria di Torino:
Attualità di...
considerar o Judeu como aquele que não goza como o Ariano: um homem não é um homem
[SLP-Corriere] Attività
porque não goza como eu. Ao contrário, pode-se sublinhar que, nessa lógica, se os homens não dell'Antenna IF di Bologna...
sabem qual é a natureza do gozo deles, os homens sabem o que é a barbárie. A partir de lá, os WAP Congress 2014 - What's Up! 13
homens se reconhecem entre si, e não sabem bem como. E depois, subjetivamente, e um por um, [English]

eu me precipito. Afirmo ser um homem, com medo de ser denunciado como não sendo um Actividades en la NEL-Medellín del
17 al 22 de feb...
homem. Essa lógica coletiva se enovela em conjunto, a partir de uma ausência de definição
What's up ! N°13 por las listas
do ser-um-homem, o Eu que se afirma e o conjunto dos homens, curtocircuitando o líder.
Revista Ñ - 15-02-14 - El cuerpo
según Lacan
Condolencias
Essa forma lógica prosseguirá ao longo da obra de Lacan. Será complicada pela teoria do XIV CONVERSACIÓN ICF-E -
FLASHES -
desejo e pela teoria do gozo, mas vai funcionar, inclusive na lógica do passe. A lógica de
More news this week! WAP
constituição da coletividade psicanalítica será abordada segundo a mesma lógica anti- Congress Paris 2014 / Web...
identificatória, ou mais precisamente, de identificações não-segregativas, como as chamou Este jueves: Noche de Biblioteca -
Jacques-Alain Miller em sua «Teoria de Torino»8. Presentación Pu...
NEL-Cali: Actividad preparatoria
para las Jornadas...
XIV CONVERSACIÓN ICF-E - Flashes
1) ― Um psicanalista sabe o que não é um psicanalista – isso não diz em nada que o psicanalista GABINETE DE PRENSA: Entrevista a
saiba o que é um psicanalista. Mercedes de Franc...
NEL-Cali: Las Psicosis
2) ― Os psicanalistas se reconhecem entre si por serem psicanalistas – é o que se pede na NLS Congress Ghent May 2014
experiência do passe, que um cartel reconheça: ― esse daí, «é dos nossos». REGISTRATION AT REDUCE...
[EBP-Veredas] EBP-PE: Atividade
3) ― Para se apresentar ao passe, o sujeito, ele, deve afirmar, decidir ser psicanalista e se arriscar de extensão - fund...

em não convencer os outros de que ele é psicanalista.9 [EBP-Veredas] EBP-Delegação


Geral MS/MT: A direção...
SLP -Corriere Conferenza a Catania
[EBP-Veredas] LACAN COTIDIANO
Se Lacan insistiu nessa dimensão do racismo na «Proposição…», é para sublinhar que todo N. 367 - PORTUGUÊS

conjunto humano comporta em seu fundo um gozo deslocado, um não-saber fundamental sobre [EBP-Veredas] Sábados no IPLA -
Os novos sintomas ...
o gozo, que corresponderia a uma identificação. O psicanalista é simplesmente aquele que deve
Felicitaciones de la Asociación
sabê-lo para constituir a comunidade daqueles que se reconhecem como psicanalistas. Psicoanalítica de ...
LACAN COTIDIANO nº 356 (2ª
parte)
Radio Lacan / News N° 3 -Español-
O gozo maligno em jogo no discurso racista é desconhecimento dessa lógica. Ela está no
APRÈS-COUP: Reseña del 4º
fundamento de todo laço social. O crime fundador não é o assassinato do pai, mas a vontade de Coloquio de la Sede de T...
assassinato daquele que encarna o gozo que eu rejeito. Portanto, sempre o antiracismo é a [EBP-Veredas] EBP: Comunicado de
reinventar para seguir as novas formas do objeto do racismo, se deformando à medida dos Gérard Miller

remanejamentos das formações sociais. No entanto, nossa história põe especialmente em relevo, [EBP-Veredas] EBP-Delegação
Paraíba: Lumen 315
nas variações do racismo, o lugar central do antisemitismo, ao mesmo tempo precursor e
[EBP-Veredas] Conselho e Diretoria
horizonte. Retomarei a análise da nova forma do que vem aí para nós, feita por Bernard-Henri da EBP: Homolog...
Lévy: «O antisemitismo tem uma história. Tomou, no decorrer das épocas, formas diferentes, [AMP-UQBAR] Latigazo Nº 3
mas correspondendo, cada vez, ao que o espírito do tempo podia ou queria entender. E eu Société hellénique : journée
acredito que, por razões cujo detalhe é impossível entrar aqui, o único antisemitismo apto a d’étude à Thessaloniq...

«funcionar» hoje, o único capaz de abusar e de mobilizar, como o fez em outras épocas, um Bulletin Latigazo Nº 2 in English
grande número de mulheres e homens, é aquele que saberia enovelar o triplo fio do antisionismo KNOTTINGS SEMINAR OF THE NLS:
KRING 22-23 February...
(os judeus sustentando um «Israël assassino»), do negacionismo (um povo sem escrúpulos
Esta semana en la NEL-Bogotá
capaz, para chegar a seus fins, de inventar ou instrumentalizar o martírio dos seus) e da
AMP -Comunicado - Reseña de las
concorrência das vítimas (a memória da Shoah funcionando como a tela que esconderia os reuniones del Cons...
outros massacres do planeta). E então, Dieudonné estava a ponto de operar a conjunção desses Reseña y agradecimiento a Jorge
três fios».10 A surpreendente resposta que lhe dirige Nicolas Bedos abre uma outra questão sobre Chamorro y Flory K...

o estatuto do cômico no estômago de nossa civilização do individualismo de massa democrático. Felicitaciones de la NEL-
Delegación Tarija
Não basta aliás pôr em jogo o estômago, talvez precisem todas as vísceras para se fazer escutar.
Próximamente: Seminario del CID
Consequência inesperada: a televisão torna-se uma mídia cada vez menos soft e todos se Bogotá - De la clí...
aproximam da violência da internet. AMPBlog Últimos Posteos para
enviar por las listas...
APRÈS-COUP: Reseña de la
presentación del libro "E...
APRES-COUP: Reseña del 3º
Coloquio de la Sede de T...
Seminario de la Escuela: Clínica
1 política, Sede de...
Miller J.-A., « As profecias de Lacan », LePoint.fr, 18 de agosto de 2013.

2 Janeiro (94)
Lacan J, «Televisão» [1973], Outros Escritos, Zahar, Rio de Janeiro, 2002, p. 534.
2013 (1041)
3
Lacan J., «Proposição de 9 outubro de 1967 sobre o psicanalista da Escola», Outros Escritos, op. cit., p. 263.
2012 (1850)
4 2011 (1569)
Ibid., p. 361.
2010 (1274)
5
Freud S., «Psicologia de Grupo e Análise do Ego», Obras completas, XVIII, Rio de Janeiro, Imago, 1969, p. 127.
2009 (1251)
6
Lacan J., «O tempo lógico e a asserção de certeza antecipada» [1945], Écrits, Seuil, 1966, p. 213. 2008 (833)
2007 (597)
7
Lacan J., «O tempo lógico e a asserção de certeza antecipada» [1945], Écrits, op. cit ., p. 213.
2006 (61)
8
Miller J.-A., «Teoria de Torino», Intervenção no Iº Congresso científico de la Scuola lacaniana di Psicoanalisi (em formação), o 21 de
maio de 2000, cujo tema era «As patologias das leis e das normas », disponível no site da École de la Cause freudienne.

9
Laurent É., « Os paradoxos da identificação », aulas de 1993 na Section Clinique, o 1o dezembro de 1993, inédito.

10
Lévy B.-H., «Para acabar (provisoriamente?) com a questão Dieudonné», Le Point, 16 de janeiro de 2014, disponível na internet.

- Os usos da supervisão, sábado 8 de fevereiro


na Mutualité –

Uma subjetividade segunda


por Philippe Hellebois

Eu queria falar de novo com você desta suas Histórias Picantes em psicanálise1, para sublinhar o que elas
só evocam de passagem, a experiência da supervisão vista do lado do supervisionado, que é, no entanto,
o que constitui a maior articulação. Histórias Picantes, título estranho, aliás, para falar da supervisão!

Preferia dizer título engraçado porque a supervisão pode ser muito


engraçada, o que não é sempre percebido. Se eu ousasse, diria que elas são
produto de uma espécie de travessia da supervisão. Pode-se atravessar muitas
coisas, a fantasia, o deserto, o oceano ou ainda o verão – basta pensar na
inesquecível Travessia do verão de Truman Capote – então, por que não a
supervisão? ( risadas)

O que quer dizer com isso ?

As Histórias Picantes não são nem um reflexo, nem um eco, nem um diário
da supervisão. É o controle mais alguma coisa. Para o dizer mais claramente,
dever-se-ia entrar um pouco no seu modo de fabricação, a cozinha interna
delas. O controle, se prepara, já que se trata de dar em pouco tempo uma idéia
duma análise às vezes bem comprida, ou de produzir um caso com o seu
material, suas linhas de força, etc. Não pensemos que a sessão de controle se
limita a ler suas notas, esperando o comentário emitido por aquele que procede ao controle, do alto de sua
experiência, em geral bem maior que aquela do controlado. Uma vez ultrapassada essa etapa, pode então
acontecer algo inédito, imprevisto – o que não é garantido! De fato, se o controlador não faz silenciar o
controlado impondo os significantes dele – mesmo se às vezes é necessário -, entram os dois, até de modo
diferente, num outro campo da palavra, uma zona desconhecida, orquestrada não mais pelo saber mas pela
associação livre.

O controle, também é isso: a associação livre a respeito de um outro que não seja você. Neste sentido, o
controle permite ao controlado aceder ao que Lacan chama de subjetividade segunda. Jacques-Alain
Miller diz, por sua vez, que o controle resubjetiva o analista. É o momento do achado que pode aliás
surgir dos dois lados – Lacan faz dessa subjetividade segunda um fruto. É a partir desse achado, do novo
ponto de vista que ele dá ao trabalho analítico longo, considerável ou breve, que essas Histórias
Picantes foram escritas. E, de uma certa maneira, pode-se dizer que elas foram a quatro mãos, o
analisante, o analista, o supervisor e a psicanálise – e isso sem contar com o grão de sal significativo da
editora!

Se supervisão é um termo indigesto, até mesmo sinistro – Lacan dixit –, sua prática não o é portanto de
forma alguma?

De fato, e não hesitaria, no que me diz respeito, em falar de alegria. Aliás alegria é uma palavra muito
bonita já que pode se usar em mais de um sentido, evocando as diversas categorias do prazer como
também, por antítese, desgraça e infelicidade – os dicionários dão muitas vezes como exemplo as alegrias
do casamento! O controle será portanto uma alegria, mas uma alegria que se merece, a alegria que não vai
sem os esforços, às vezes desagradáveis, necessários para obter um resultado de valor – não é aquilo que
se chama de trabalho?

Será que você esteja tentando responder à pergunta de Lacan no fim de sua «Alocução sobre as psicoses
da criança»: «Qual alegria encontramos no que faz o nosso trabalho?
Gostaria demais ! Em todo caso, essa alegria existe, e eu não me vejo me passar dela. Porque é que o
farei aliás ? O meu controlador não me bota pra fora, se bem que se presta à brincadeira faz mais de vinte
e cinco anos.

Dito isso, não pensem que só existem dias felizes. Se Lacan qualificava o jovem analista – aquele que sem
dúvida sempre somos um pouco – de rinoceros fazendo «qualquer coisa», lembro, da minha parte, de uma
interpretação, tão viva quanto inesquecível, a respeito de uma das primeiras análises que orientava, e que
constituiu para mim uma espécie de ponto de partida ou de fuga: «Dir-se-ia dois batráquios numa poça!».
Uma poça, felizmente, é muito pequena para atravessar, exceto em latim!

Em vinte e cinco anos, teve oportunidade de dizer-lhe outra coisa, espero?

Claro, ele deve ser muito gentil! Em particular isso, de mais agradável a ouvir, e que situa sempre muito
bem o lugar do supervisor no desejo do analista: «Agora, você se vira muito bem sozinho, mas é como se
tivesse que girar em torno de mim. A supervisão não é portanto sem objeto, e esse objeto não é nunca o
analisante de quem se fala, mas o supervisor que consente a partilhar a responsabilidade da prática.
Pensemos no que J.-A. Miller já disse do objeto – a partir do ob latim – no último curso, «O Um-todo-
sozinho»: ao mesmo tempo face a e causa de. O supervisor, portanto, é muito mais que um mestre, um
bota-fogo.

1
Hellebois Ph., Histoires salées en psychanalyse, Paris, Navarin / Le Champ freudien, 2013. Disponível em ecf-echoppe.com ou na
livraria da Journée Question d’École do 8 de fevereiro de 2014.

Ler também

Lacan J., « Fonction et champ de la parole et du langage en psychanalyse », Écrits, Paris, Seuil 1966, p. 253 ; « Allocution sur les
psychoses de l’enfant », Autres écrits, Paris, Seuil, 2001, p. 369.

Miller J.-A., « La confidence des contrôleurs », Débat avec V. Baio, H. Tizio, . R. Barros, S. Cottet, J. Chamorro, E. Laurent, La Cause
freudienne, novembre 2002, n° 52, p. 121-166 ; L’orientation lacanienne. « Choses de finesse en psychanalyse »[2008-2009], ensino
pronunciado no quadro do departamento de psicanálise da Universida de Paris VIII, lições dos 12 & 26 de novembro et do 17 de dezembro
de 2008, inédito..

Lazarus-Matet C., « Philippe Hellebois et le sel du désir de l’analyste », Lacan Quotidien n°333, 18 juin 2013. [  lien vers LQ 333 ]
Informações e inscrições: http://www.causefreudienne.net/

- Em torno do homem Kertész -

Um destino singular
por Philippe De Georges

O Homem Kertész1 foi o evento do volta literária pós-festas no


campo freudiano! Esse pequeno livro, publicado sob a direção de
Nathalie Georges-Lambrichs e Daniela Fernandez nas Edições
Michèle, agrega uma série de textos redigidos por alguns dos nossos
colegas, aos quais se juntou, como ápice, uma entrevista cheia de
surpresas com Imre Kertész ele mesmo2.

O acontecimento se deve primeiro ao fato de que se acolhe e se


discute a obra de um autor que foi coroado pelo Nobel, «apesar» de
sua solidão e do desconhecimento com que é considerado na
própria Hungria, pátria do autor. Ainda se lembra que o júri tinha
reconhecido outrora a obra de Claude Simon que o público francês
mantinha então na maior ignorância – e não é absolutamente
demonstrado que isso tenha aliás mudado…

O Homem Kertész, portanto, como se diz o Homem Moisés. Ou


seja, um escritor de primeiro plano ao encontro de dois séculos, tal como a sua obra o esclarece
no mais singular do seu engajamento. Não se trata aqui de considerá-lo como «sobrevivente»,
como testemunha da vida nos campos de concentração, como herói do Holocausto. A atenção
mais fina se volta para aquilo que escreveu e que ninguém fora ele poderia ter escrito. Mesmo se
a experiência inaugural deste homem é sua deportação com quinze anos e a sua sobrevivência
após a travessia do que não foi pra ele o inferno.

O que é próprio desse escritor é, antes de mais nada, que partiu da constatação, que pôde faltar
dramaticamente, senão a Robert Antelme, com certeza a Primo Levi: a impossibilidade de
testemunhar. Portanto, um dia, como com uma iluminação súbita, se impôs a ele a necessidade
de escrever, (para retomar a vida ao «Moloch da história») porque era impossível esquecer e que
viver apela esse ato. Porque a Europa falhou e que Auschwitz é o punto zero. Mas ninguém
poderia acreditar nessa biografia, compreender esse relato, esses «fatos reais». Nada pode
comunicar ou transmitir o que é pior que a morte, ou seja a desaparição da vida humana. Assim
se impõe a ele, que sabe que a palavra falta a dizer e a fazer entender, uma outra necessidade que
é a da ficção. A literatura responde, «não como realidade». A verdade pela ficção é o seu
programa.

Uma língua vem a se escrever. É a de um autor alemão de língua húngara, como diz. A língua
materna não tem vez e K. deve achar um instrumento, como teve de fazer também Paul Celan. A
batida singular é aqui o que o autor qualifica de língua «atonal», não sem relação com a música
húngara que marcou o início do século XX de seu gênio. É o estilo que vai marcar esse esforço
obstinado para dizer o que é a inexistência, pois inexistir é o verbo que falta à língua comum
para traduzir esse destino singular.

Kertész não se inscreve numa categoria pré-estabelecida com a qual poderia levar a
testemunhar; nem a dos antigos deportados, nem a de Judeu, de sobrevivente, de vítima. A
posição dele é o que ele nomeia de «inappartenance», de não-pertencer-a-nada. É o que o
conduz a levar alto uma palavra que reivindica tanto o singular quanto o universal. Pois, para
ele, os campos nazistas não são uma questão nacional judia. Afirma, pelo contrário, o caráter
universal do Holocausto3, como uma herança passada do judaísmo à cristandade, e depois a toda
a cultura. Já se entende aí que a loucura nazista não foi uma extravagância da história, um
acidente de percurso. Para Kertész, é da queda nos abismos dos valores da Europa de que se
tratou. Esse postulado se baseia na convicção, que comunicou à primeira esposa, no momento de
se lançar na aventura: Auschwitz foi a exacerbação das virtudes educativas e da neantização que
viveu desde a infância. Existe homogeneidade entre Auschwitz e o pai. É essa a sua lógica. A
mentalidade nacional-socialista se tornou possível pela infiltração de todo o tecido social por
uma grande renegação e uma mentira universal. No caso desse autor tão próximo de Freud, de
quem se impregnou, se trata de uma estranha transmissão, a que faz que o filho herda do pecado
do pai. Pierre Naveau faz ressoar um certo «Pai, não vês que eu estou queimando?», com o
terrível canto de Goethe do Rei dos Amieiros. De pai em filho, é a morte que caminha
galopeando na noite e no nevoeiro. «Auschwitz existe no ar faz muito tempo4». Tal seria a chave
desse «complexo universal do pai» que Kertész denuncia. Daí sem dúvida detestar seu nome
próprio. Kertész tomou a culpa sobre ele. É culpado, é criminoso. É o que manifesta
a presença da criança ausente, para sempre, aquele que nunca vai nascer, pois recusa transmitir
a possibilidade que tal destino se perpetue.

Não se trata somente do «sabre levantado de todas as guerras de cem anos», do ódio inesgotável
dos irmãos. Aqui, o pai sacrifica o filho. Trata-se da faca levantada do Holocausto, aquele que é
um instante suspenso acima do pescoço de Isaac, mas que nenhum mensageiro divino vem deter
[i]
sua corrida . Todos os filhos se chamam Isaac e o furor dos pais chega da noite dos tempos.

1
Georges-Lambrichs N. et Fernandez D. [s/Dir.], L’homme Kertész, Ed. Michèle, Paris, 2013. Com textos de Guy Briole, Catherine Lazarus-
Matet, Myriam Mitelman, Pierre Naveau, Christiane Page, Daniel Roy, uma entrevista inédita com Imre Kertész e um posfácio de Clara
Royer. Disponível em ecf-echoppe.com

2
La Cause freudienne já tinha publicado uma primeira transcrição no seu n°77

3
Kertész I., L’Holocauste comme culture, Actes Sud, Arles, 2009.

4
Kertész I., Kaddish pour l’enfant qui ne naîtra pas, Actes Sud, Arles, 1995.

Postado por Ana Viganó el terça-feira, fevereiro 18, 2014


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