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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

RONALDO ISHIHARA

AVALIAÇÃO DE ENSAIOS EXPERIMENTAIS DE


CISALHAMENTO EM VIGAS DE CONCRETO
ARMADO SEM ARMADURA TRANSVERSAL À LUZ
DAS NORMAS

CAMPINAS
2017
RONALDO ISHIHARA

ANÁLISE DE ENSAIOS EXPERIMENTAIS DE


CISALHAMENTO EM VIGAS DE CONCRETO
ARMADO SEM ARMADURA TRANSVERSAL À LUZ
DAS NORMAS

Volume: 01/01

Dissertação apresentada à Faculdade de


Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo
da Universidade Estadual de Campinas
como parte dos requisitos exigidos para
obtenção do título de Mestre em Engenharia
Civil, na área de Estruturas e Geotécnica.

Orientador: Prof. Dr. Leandro Mouta Trautwein

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL.


DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO RONALDO
ISHIHARA, E ORIENTADA PELO PROF. DR. LEANDRO
MOUTA TRAUTWEIN.

CAMPINAS
2017
FICHA CATALOGRÁFICA
FOLHA DE APROVAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS


Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

AVALIAÇÃO DE ENSAIOS EXPERIMENTAIS DE


CISALHAMENTO EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO SEM
ARMADURA TRANSVERSAL À LUZ DAS NORMAS

Ronaldo Ishihara

Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

Prof. Dr. Leandro Mouta Trautwein

Presidente e Orientador

Universidade Estadual de Campinas

Prof. Dr. Luiz Carlos de Almeida

Universidade Estadual de Campinas

Prof. Dr. Antônio Carlos dos Santos

Universidade Federal de Uberlândia

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de


vida acadêmica do aluno.

Campinas, 10 de abril de 2017.


AGRADECIMENTOS

Dedico meus sinceros agradecimentos à minha família e aos meus amigos que

acompanharam de perto a evolução deste trabalho. Ao meu orientador Leandro, cujo apoio

e paciência foram primordiais para esta realização. À Pat, minha esposa e parceira: muito

obrigado.
"Often the hands will solve a mystery that the intellect has struggled with in vain."

Carl G. Jung
RESUMO

Modelos de predição de resistência ao cisalhamento de elementos em concreto

armado são estudados por pesquisadores há mais de um século, apresentando linhas de

pesquisa diferentes. Neste contexto, os critérios para dimensionamento apresentados nas

normas e modelos de cálculo atualmente têm como base conceitos baseados na analogia

da treliça generalizada de Mörsch ou na teoria do campo de compressão modificado. O

dimensionamento de uma seção de viga de concreto armado a partir destes diferentes

modelos pode apresentar resultados que divergem significativamente. Dentro deste cenário,

o objetivo deste estudo é avaliar os métodos de cálculo vigentes e realizar uma análise

paramétrica da influência das variáveis: taxa de armadura longitudinal de flexão, resistência

do concreto, altura útil e relação altura útil/distância entre o apoio e a carga pontual aplicada,

na resistência ao cisalhamento do concreto. Os modelos de cálculo a serem analisados e

comparados são os apresentados na NBR 6118/2014, ACI 318/2014, CEB-FIP

ModelCode/2010, CSA A.23.3/2004 e EN 1992-1-1/2004. A avaliação dos métodos é

realizada por meio da comparação com resultados experimentais de vigas encontrados na

literatura, compilados num banco de dados composto por 797 vigas ensaiadas,

selecionadas de forma a atender os pré-requisitos de seção sem armadura transversal e

cuja ruptura ocorreu por cisalhamento. A análise dos critérios de cálculo é realizada

comparando-se as cargas de ruptura apresentadas nestes ensaios e os valores resistentes

calculados para cada método. O estudo paramétrico é realizado com base nos resultados

experimentais, isolando-se a influência de cada variável estudada. Ao final do trabalho

realizado conclui-se que, embora haja variação tanto no desempenho das equações de

cisalhamento apresentadas quanto no desvio dos resultados apresentado pelas mesmas em

função dos parâmetros, é possível afirmar que a norma EN 1992-1-1/2004 resultou no

melhor desempenho em termos gerais.

Palavras-chave: Concreto armado; vigas; cisalhamento; normas; resultados experimentais.


ABSTRACT

Prediction models for shear strength of elements in reinforced concrete have been studied by

researchers for more than a century, resulting in different lines of research. In this context,

the design criteria presented in codes and models are based currently on concepts based on

the generalized Mörsch’struss analogy or on the modified compression field theory. The

design of a section of a reinforced concrete beam from these different models might produce

results that diverge significantly. In this scenario, the objective of this study is to evaluate

present calculation methods and to perform a parametric analysis of the influence of the

variables: longitudinal reinforcement ratio, concrete strength, effective depth and the ratio

effective depth / distance from support and the punctual load applied, on the concrete’s

shear strength. The calculation models to be analyzed and compared are presented in NBR

6118/2014, ACI 318/2014, CEB-FIP ModelCode / 2010, CSA A.23.3 / 2004 and EN 1992-1-1

/ 2004. The evaluation of the methods is realized by comparing it’s results with experimental

results of beams found in the literature, compiled in a database composed of 797 beams,

selected in order to meet the prerequisites: section without transverse reinforcement and with

shear failure. The analysis of the calculation criteria is performed by comparing the failure

loads presented in these tests and the result values for each code. The parametric study is

performed based on the experimental results, isolating the influence of each studied variable.

At the end of the work, it is concluded that, although there is a variation both in the

performance of the presented shear equations’ codes and in the deviation of the results

presented by them according to the parameters, it is possible to affirm that the results from

EN 1992-1-1 / 2004 code were the best in general.

Keywords: Reinfoced concrete; beams; shear; codes; experimental results.


LISTA DE FIGURAS

Figura 2-1 – Analogia da treliça clássica como apresentada por Ritter (adaptado de Ritter,
1899) ....................................................................................................................................26
Figura 2-2 – Considerações de Mörsch para a treliça clássica (adaptado de Mörsch, 1902) 26
Figura 2-3 – Modelo da treliça clássica ................................................................................27
Figura 2-4 – Treliça generalizada proposta por J. Schlaich (adaptado de Schlaich, 1987) ...28
Figura 2-5 – Modelo da treliça generalizada .........................................................................28
Figura 2-6 – Forças atuantes em viga fissurada ...................................................................29
Figura 2-7 – Representatividade dos paineis ensaiados (adaptado de Bentz, 2006) ............33
Figura 2-8 – Equações da Teoria do Campo de Compressão Modificado (adaptado de
Bentz, 2006) .........................................................................................................................34
Figura 2-9 – Influência da taxa de armadura longitudinal na resistência ao cisalhamento
(adaptado de Hedman, O.; Losberg, A., 1978) .....................................................................55
Figura 2-10 – Influência da taxa de armadura longitudinal na resistência ao cisalhamento
(adaptado de Leonhardt, F., 1979) .......................................................................................55
Figura 2-11 – Influência da taxa de armadura longitudinal na resistência ao cisalhamento
(Fusco, 2008) .......................................................................................................................57
Figura 2-12 – Influência da altura útil na resistência ao cisalhamento (adaptado de
Leonhardt, F., 1979) .............................................................................................................59
Figura 2-13 – Influência da altura útil na resistência ao cisalhamento (Fusco, 2008) ...........60
Figura 2-14 – Influência da relação 𝑎/𝑑 na resistência ao cisalhamento (adaptado de
Leonhardt, F., 1979) .............................................................................................................62
Figura 2-15 – Influência da relação 𝑎/𝑑 na resistência ao cisalhamento (adaptado de
MacGregor, J. G.; Wight, J. K., 2012) ...................................................................................64
Figura 2-16 –Resistência ao cisalhamento em função dos parâmetros (adaptado de fib
bulletin 2, 1999) ....................................................................................................................66
Figura 3-1 –Distribuição da resistência do concreto (Cerqueira, 2000).................................76
Figura 3-2 –Distribuição do número de ensaios considerando o parâmetro 𝑎/𝑑 ..................90
Figura 3-3 –Distribuição do número de ensaios considerando o parâmetro 𝑑 ......................91
Figura 3-4 –Distribuição do número de ensaios considerando o parâmetro 𝑓𝑐𝑘 ...................92
Figura 3-5 –Distribuição do número de ensaios considerando o parâmetro 𝜌 ......................93
Figura 3-6 – Nomenclatura adotada para as combinações ...................................................95
Figura 3-7 –Representação do conjunto de ensaios da combinação 𝑋𝑏𝑏𝑐 ...........................97
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 2-1 – Influência da taxa de armadura longitudinal conforme normas........................69


Gráfico 2-2 – Influência da altura útil conforme normas ........................................................70
Gráfico 2-3 – Influência da relação 𝑎/𝑑 conforme normas....................................................71
Gráfico 2-4 – Influência da resistência à compressão do concreto conforme normas ...........72
Gráfico 4-1 – NBR,I – influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbc ........................................ 103
Gráfico 4-2 – NBR,I - influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbd ......................................... 104
Gráfico 4-3 – NBR,I - influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbe ......................................... 106
Gráfico 4-4 – NBR,I - influência de 𝑑 para combinação bXbb ............................................. 107
Gráfico 4-5 – NBR,I - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação bbXc ......................................... 109
Gráfico 4-6 – NBR,I - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação bcXc.......................................... 111
Gráfico 4-7 – NBR,I - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação cbXc..........................................112
Gráfico 4-8 – NBR,I - influência de 𝜌 para combinação bbbX ............................................. 114
Gráfico 4-9 – NBR,I - influência de 𝜌 para combinação bbcX ............................................. 116
Gráfico 4-10 – NBR,I - influência de 𝜌 para combinação cbbX ........................................... 117
Gráfico 5-1 – NBR,II – influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbc ....................................... 120
Gráfico 5-2 – NBR,II - influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbd ........................................ 121
Gráfico 5-3 – NBR,II - influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbe ........................................ 123
Gráfico 5-4 – NBR,II - influência de 𝑑 para combinação bXbb ............................................ 124
Gráfico 5-5 – NBR,II - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação bbXc ........................................126
Gráfico 5-6 – NBR,II - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação bcXc.........................................128
Gráfico 5-7 – NBR,II - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação cbXc.........................................130
Gráfico 5-8 – NBR,II - influência de 𝜌 para combinação bbbX ............................................ 131
Gráfico 5-9 – NBR,II - influência de 𝜌 para combinação bbcX ............................................ 133
Gráfico 5-10 – NBR,II - influência de 𝜌 para combinação cbbX .......................................... 134
Gráfico 6-1 – ACI – influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbc ............................................ 137
Gráfico 6-2 – ACI - influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbd ............................................ 138
Gráfico 6-3 – ACI - influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbe ............................................ 140
Gráfico 6-4 – ACI - influência de 𝑑 para combinação bXbb ................................................141
Gráfico 6-5 – ACI - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação bbXc ............................................. 143
Gráfico 6-6 – ACI - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação bcXc ............................................. 145
Gráfico 6-7 – ACI - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação cbXc ............................................. 147
Gráfico 6-8 – ACI - influência de 𝜌 para combinação bbbX ................................................ 148
Gráfico 6-9 – ACI - influência de 𝜌 para combinação bbcX.................................................150
Gráfico 6-10 – ACI - influência de 𝜌 para combinação cbbX............................................... 151
Gráfico 7-1 – CSA – influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbc...........................................154
Gráfico 7-2 – CSA - influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbd ........................................... 155
Gráfico 7-3 – CSA - influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbe ........................................... 157
Gráfico 7-4 – CSA - influência de 𝑑 para combinação bXbb ............................................... 158
Gráfico 7-5 – CSA - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação bbXc............................................160
Gráfico 7-6 – CSA - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação bcXc ............................................ 162
Gráfico 7-7 – CSA - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação cbXc ............................................164
Gráfico 7-8 – CSA - influência de 𝜌 para combinação bbbX ............................................... 165
Gráfico 7-9 – CSA - influência de 𝜌 para combinação bbcX ............................................... 167
Gráfico 7-10 – CSA - influência de 𝜌 para combinação cbbX ............................................. 169
Gráfico 8-1 – CEBFIP – influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbc .....................................171
Gráfico 8-2 – CEBFIP - influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbd...................................... 172
Gráfico 8-3 – CEBFIP - influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbe...................................... 174
Gráfico 8-4 – CEBFIP - influência de 𝑑 para combinação bXbb ......................................... 175
Gráfico 8-5 – CEBFIP - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação bbXc ......................................177
Gráfico 8-6 – CEBFIP - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação bcXc ...................................... 179
Gráfico 8-7 – CEBFIP - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação cbXc ...................................... 181
Gráfico 8-8 – CEBFIP - influência de 𝜌 para combinação bbbX.......................................... 182
Gráfico 8-9 – CEBFIP - influência de 𝜌 para combinação bbcX .......................................... 184
Gráfico 8-10 – CEBFIP - influência de 𝜌 para combinação cbbX ........................................ 186
Gráfico 9-1 – EC2 – influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbc ...........................................188
Gráfico 9-2 – EC2 - influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbd ...........................................189
Gráfico 9-3 – EC2 - influência de 𝑎/𝑑 para combinação Xbbe ...........................................191
Gráfico 9-4 – EC2 - influência de 𝑑 para combinação bXbb ............................................... 192
Gráfico 9-5 – EC2 - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação bbXc ............................................194
Gráfico 9-6 – EC2 - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação bcXc ............................................ 196
Gráfico 9-7 – EC2 - influência de 𝑓𝑐𝑘 para combinação cbXc ............................................197
Gráfico 9-8 – EC2 - influência de 𝜌 para combinação bbbX ............................................... 199
Gráfico 9-9 – EC2 - influência de 𝜌 para combinação bbcX................................................ 201
Gráfico 9-10 – EC2 - influência de 𝜌 para combinação cbbX..............................................202
Gráfico 10-1 – Influência de 𝑎𝑑 para a combinação Xbbc .................................................. 205
Gráfico 10-2 – Influência de 𝑎𝑑 para a combinação Xbbd ..................................................207
Gráfico 10-3 – Influência de 𝑎𝑑 para a combinação Xbbe ..................................................209
Gráfico 10-4 – Influência de 𝑑 para a combinação bXbb .................................................... 211
Gráfico 10-5 – Influência de 𝑓𝑐𝑘 para a combinação bbXc ................................................. 213
Gráfico 10-6 – Influência de 𝑓𝑐𝑘 para a combinação bcXc .................................................214
Gráfico 10-7 – Influência de 𝑓𝑐𝑘 para a combinação cbXc .................................................216
Gráfico 10-8 – Influência de 𝜌 para a combinação bbbX ....................................................218
Gráfico 10-9 – Influência de 𝜌 para a combinação bbcX .................................................... 220
Gráfico 10-10 – Influência de 𝜌 para a combinação cbbX................................................... 222
Gráfico 10-11 – DP Collins com a variação do parâmetro 𝑎/𝑑 ........................................... 224
Gráfico 10-12 – DP Collins com a variação do parâmetro 𝑑 ............................................... 225
Gráfico 10-13 – DP Collins com a variação do parâmetro 𝑓𝑐𝑘 ............................................ 227
Gráfico 10-14 – DP Collins com a variação do parâmetro 𝜌 ...............................................228
LISTA DE TABELAS

Tabela 2-1 – Resumo das equações para cisalhamento das normas ...................................53
Tabela 2-2 – Valores adotados para cada intervalo de parâmetro ........................................67
Tabela 3-1 – Limites dos parâmetros atribuídos pelas normas .............................................81
Tabela 3-2 – Classificação por pontos de demérito segundo Collins (2011) .........................86
Tabela 3-3 – Resumo dos intervalos dos critérios ................................................................94
Tabela 3-4 – Distribuição de ensaios considerando o critério crit01 (𝑎/𝑑) livre ....................96
Tabela 3-5 – Distribuição de ensaios considerando o critério crit02 (𝑑) livre ........................98
Tabela 3-6 – Distribuição de ensaios considerando o critério crit03 (𝑓𝑐𝑘) livre ....................99
Tabela 3-7 – Distribuição de ensaios considerando o critério crit04 (𝜌) livre ...................... 100
Tabela 3-8 – Resumo de combinações válidas .................................................................. 101
Tabela 4-1 – NBR,I - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbc .......................................... 103
Tabela 4-2 – NBR,I - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbd .......................................... 105
Tabela 4-3 – NBR,I - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbe .......................................... 106
Tabela 4-4 – NBR,I - DP Collins para 𝑑 e combinação bXbb .............................................. 108
Tabela 4-5 – NBR,I - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação bbXc .......................................... 110
Tabela 4-6 – NBR,I - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação bcXc...........................................111
Tabela 4-7 – NBR,I - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação cbXc........................................... 113
Tabela 4-8 – NBR,I - DP Collins para 𝜌 e combinação bbbX ..............................................115
Tabela 4-9 – NBR,I - DP Collins para 𝜌 e combinação bbcX .............................................. 116
Tabela 4-10 – NBR,I - DP Collins para 𝜌 e combinação cbbX ............................................118
Tabela 5-1 – NBR,II - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbc ......................................... 120
Tabela 5-2 – NBR,II - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbd ......................................... 122
Tabela 5-3 – NBR,II - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbe ......................................... 123
Tabela 5-4 – NBR,II - DP Collins para 𝑑 e combinação bXbb ............................................. 125
Tabela 5-5 – NBR,II - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação bbXc ......................................... 127
Tabela 5-6 – NBR,II - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação bcXc.......................................... 128
Tabela 5-7 – NBR,II - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação cbXc.......................................... 130
Tabela 5-8 – NBR,II - DP Collins para 𝜌 e combinação bbbX ............................................. 132
Tabela 5-9 – NBR,II - DP Collins para 𝜌 e combinação bbcX .............................................133
Tabela 5-10 – NBR,II - DP Collins para 𝜌 e combinação cbbX ........................................... 135
Tabela 6-1 – ACI - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbc .............................................. 137
Tabela 6-2 – ACI - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbd ............................................. 139
Tabela 6-3 – ACI - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbe ............................................. 140
Tabela 6-4 – ACI - DP Collins para 𝑑 e combinação bXbb ................................................. 142
Tabela 6-5 – ACI - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação bbXc .............................................. 144
Tabela 6-6 – ACI - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação bcXc ..............................................145
Tabela 6-7 – ACI - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação cbXc .............................................. 147
Tabela 6-8 – ACI - DP Collins para 𝜌 e combinação bbbX .................................................149
Tabela 6-9 – ACI - DP Collins para 𝜌 e combinação bbcX.................................................. 150
Tabela 6-10 – ACI - DP Collins para 𝜌 e combinação cbbX................................................152
Tabela 7-1 – CSA - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbc ............................................ 154
Tabela 7-2 – CSA - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbd ............................................ 156
Tabela 7-3 – CSA - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbe ............................................ 157
Tabela 7-4 – CSA - DP Collins para 𝑑 e combinação bXbb ................................................ 159
Tabela 7-5 – CSA - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação bbXc............................................. 161
Tabela 7-6 – CSA - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação bcXc ............................................. 162
Tabela 7-7 – CSA - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação cbXc ............................................. 164
Tabela 7-8 – CSA - DP Collins para 𝜌 e combinação bbbX ................................................166
Tabela 7-9 – CSA - DP Collins para 𝜌 e combinação bbcX ................................................ 167
Tabela 7-10 – CSA - DP Collins para 𝜌 e combinação cbbX .............................................. 169
Tabela 8-1 – CEBFIP - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbc .......................................171
Tabela 8-2 – CEBFIP - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbd.......................................173
Tabela 8-3 – CEBFIP - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbe.......................................174
Tabela 8-4 – CEBFIP - DP Collins para 𝑑 e combinação bXbb ..........................................176
Tabela 8-5 – CEBFIP - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação bbXc .......................................178
Tabela 8-6 – CEBFIP - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação bcXc ....................................... 179
Tabela 8-7 – CEBFIP - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação cbXc .......................................181
Tabela 8-8 – CEBFIP - DP Collins para 𝜌 e combinação bbbX .......................................... 183
Tabela 8-9 – CEBFIP - DP Collins para 𝜌 e combinação bbcX ........................................... 184
Tabela 8-10 – CEBFIP - DP Collins para 𝜌 e combinação cbbX .........................................186
Tabela 9-1 – EC2 - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbc ............................................. 188
Tabela 9-2 – EC2 - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbd ............................................ 190
Tabela 9-3 – EC2 - DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbe ............................................ 191
Tabela 9-4 – EC2 - DP Collins para 𝑑 e combinação bXbb ................................................ 193
Tabela 9-5 – EC2 - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação bbXc .............................................195
Tabela 9-6 – EC2 - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação bcXc ............................................. 196
Tabela 9-7 – EC2 - DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação cbXc ............................................. 198
Tabela 9-8 – EC2 - DP Collins para 𝜌 e combinação bbbX ................................................ 200
Tabela 9-9 – EC2 - DP Collins para 𝜌 e combinação bbcX................................................. 201
Tabela 9-10 – EC2 - DP Collins para 𝜌 e combinação cbbX............................................... 203
Tabela 10-1 – Comparativo DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbc ................................ 206
Tabela 10-2 – Comparativo DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbd................................ 207
Tabela 10-3 – Comparativo DP Collins para 𝑎/𝑑 e combinação Xbbe................................ 209
Tabela 10-4 – Comparativo DP Collins para 𝑑 e combinação bXbb ...................................211
Tabela 10-5 – Comparativo DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação bbXc ................................213
Tabela 10-6 – Comparativo DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação bcXc ................................ 215
Tabela 10-7 – Comparativo DP Collins para 𝑓𝑐𝑘 e combinação cbXc ................................ 216
Tabela 10-8 – Comparativo DP Collins para 𝜌 e combinação bbbX ................................... 218
Tabela 10-9 – Comparativo DP Collins para 𝜌 e combinação bbcX.................................... 220
Tabela 10-10 – Comparativo DP Collins para 𝜌 e combinação cbbX .................................. 222

Tabela I- 1 – Banco de dados obtido na literatura ..............................................................239


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACI – American Concrete Institute

CSA – Canadian Standards Association

CXX – Concreto cuja resistência característica à compressão é XX MPa

CEB – Comité Euro-International du Béton

EC2 – Eurocode 2

FEC – Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

FIP – Fédération Internationale de la Précontrainte

NBR – Norma Brasileira

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas


LISTA DE SÍMBOLOS

α → ângulo; coeficiente

𝐴 → área da seção transversal da viga

𝐴 → área de armadura longitudinal

𝑏 → largura (mesa) da seção transversal da viga

𝑏 → largura (alma) da seção transversal da viga

𝑑 → altura útil da viga

𝐸 → módulo de elasticidade do aço

𝑓 → resistência característica à compressão

𝑓 ′ → resistência característica à compressão do concreto (norma ACI)

𝑓 → resistência característica à compressão do concreto (norma NBR)

𝑓 , → resistência característica inferior do concreto à tração

𝑓 → resistência à tração direta do concreto

𝑓 → resistência ao escoamento do aço

𝑓 → resistência característica ao escoamento do aço

𝛾 → coeficiente de ponderação da resistência do concreto

𝛾 → coeficiente de ponderação da resistência do aço

ℎ → altura da seção transversal da viga

ℎ → altura (mesa) da seção transversal da viga

ℎ → altura (alma) da seção transversal da viga

𝑧 → distância entre o banzo comprimido e o banzo tracionado no modelo da treliça

∅ → diâmetro das barras que compõe a armadura; fator

ρ → taxa de armadura longitudinal


𝑉 → força cortante resistente devida ao concreto na diagonal tracionada

𝜏 → tensão de cisalhamento resistente

𝜏 → tensão de cisalhamento solicitante

𝜏 → tensão de cisalhamento

𝑉 → força cortante resistente relativa a elementos sem armadura para força

cortante

𝑉 → força cortante resistente relativa à ruína das diagonais comprimidas de

concreto

𝑉 → força cortante resistente relativa à ruína por tração diagonal

𝑉 → resistência ao cisalhamento devida à armadura transversal

𝑣 → força cortante última

𝑀 → momento fletor último


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................22
1.1. Justificativa ............................................................................................................22
1.2. Objetivos ................................................................................................................23
Objetivo geral ..................................................................................................23
Objetivos específicos ......................................................................................24
1.3. Organização da dissertação ...................................................................................24
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .........................................................................................25
2.1. Esforços e tensões no modelo da treliça clássica ..................................................25
2.2. Esforços e tensões no modelo da treliça generalizada ...........................................27
2.3. Mecanismos básicos de resistência ao cisalhamento na diagonal tracionada ........29
2.4. Esforços e tensões no modelo do campo de compressão modificado ....................32
2.5. Recomendações de normas...................................................................................36
NBR 6118/2014...............................................................................................36
2.5.1.1. NBR - Procedimento I (NBR,I) – cálculo como lajes .................................37
2.5.1.2. NBR - Procedimento II (NBR,II) – cálculo como vigas ..............................38
ACI 318/2014 (ACI) .........................................................................................42
CSA A23.03-04/2004 (CSA) ............................................................................44
CEB-FIP ModelCode/2010 (CEBFIP) ..............................................................48
EN 1992-1-1/2004 (EC2) .................................................................................51
Resumo das equações das normas ................................................................53
2.6. Influência dos parâmetros na resistência ao cisalhamento .....................................54
Taxa de armadura longitudinal ........................................................................54
Altura últil ........................................................................................................58
Relação entre a distância da carga pontual e a altura útil ...............................62
Resistência à compressão do concreto ...........................................................65
Gráficos da influência dos parâmetros nas equações de normas ....................67
2.6.5.1. Taxa de armadura longitudinal .................................................................68
2.6.5.2. Altura útil ..................................................................................................69
2.6.5.3. Relação entre a distância da carga pontual e a altura útil ........................71
2.6.5.4. Resistência à compressão do concreto ....................................................72
3. METODOLOGIA ...........................................................................................................74
3.1. Critérios e considerações para a aplicação equações de normas ..........................74
Fatores de majoração e minoração .................................................................74
Ancoragem da armadura longitudinal ..............................................................74
Diâmetro dos agregados .................................................................................75
Momento fletor na seção em análise ...............................................................75
Resistência à compressão do concreto ...........................................................75
3.2. Critérios adotados para a composição do banco de dados das vigas ....................81
Limites dos parâmetros atribuídos pelas normas ............................................81
Características para consideração do ensaio ..................................................82
3.3. Cálculo da tensão de cisalhamento solicitante .......................................................84
3.4. Razão entre tensão solicitante e resistente dos modelos .......................................84
3.5. Critério de avaliação das Normas: pontos de demérito segundo Collins ................85
3.6. Parâmetros para classificação das vigas do banco de dados.................................86
3.7. Definição do intervalo de cada critério para o estudo parametrizado......................87
3.8. Resultados experimentais e de normas..................................................................88
3.9. CARACTERÍSTICAS DO BANCO DE DADOS ......................................................89
Distribuição do número de ensaios dentro dos parâmetros .............................89
3.10. Distribuição dos ensaios considerando os subgrupos dos critérios .....................95
4. AVALIAÇÃO DE RESULTADOS: NORMA NBR 618:2014 – lajes (NBR,I) ............... 102
4.1. Relação entre o ponto de aplicação da carga e a altura útil – 𝒂/𝒅 ....................... 102
Distribuição de ensaios 01 ............................................................................ 102
Distribuição de ensaios 02 ............................................................................ 104
Distribuição de ensaios 03 ............................................................................ 105
4.2. Altura útil – 𝒅 ........................................................................................................ 107
Distribuição de ensaios 04 ............................................................................ 107
4.3. Resistência à compressão do concreto – 𝒇𝒄𝒌 ...................................................... 109
Distribuição de ensaios 05 ............................................................................ 109
Distribuição de ensaios 06 ............................................................................ 110
Distribuição de ensaios 07 ............................................................................ 112
4.4. Taxa de armadura longitudinal – 𝝆 ....................................................................... 114
Distribuição de ensaios 08 ............................................................................ 114
Distribuição de ensaios 09 ............................................................................ 115
Distribuição de ensaios 10 ............................................................................ 117
5. AVALIAÇÃO DE RESULTADOS: NORMA NBR6118:2014 – vigas (NBR,II) ............ 119
5.1. Relação entre o ponto de aplicação da carga e a altura útil – 𝒂/𝒅 ....................... 119
Distribuição de ensaios 01 ............................................................................ 119
Distribuição de ensaios 02 ............................................................................ 121
Distribuição de ensaios 03 ............................................................................ 122
5.2. Altura útil – 𝒅 ........................................................................................................ 124
Distribuição de ensaios 04 ............................................................................ 124
5.3. Resistência à compressão do concreto – 𝒇𝒄𝒌 ...................................................... 126
Distribuição de ensaios 05 ............................................................................ 126
Distribuição de ensaios 06 ............................................................................ 127
Distribuição de ensaios 07 ............................................................................ 129
5.4. Taxa de armadura longitudinal – 𝝆 ....................................................................... 131
Distribuição de ensaios 08 ............................................................................ 131
Distribuição de ensaios 09 ............................................................................ 132
Distribuição de ensaios 10 ............................................................................ 134
6. AVALIAÇÃO DE RESULTADOS: NORMA ACI 318/2014 (ACI) ................................ 136
6.1. Relação entre o ponto de aplicação da carga e a altura útil – 𝒂/𝒅 ....................... 136
Distribuição de ensaios 01 ............................................................................ 136
Distribuição de ensaios 02 ............................................................................ 138
Distribuição de ensaios 03 ............................................................................ 139
6.2. Altura útil – 𝒅 ........................................................................................................ 141
Distribuição de ensaios 04 ............................................................................ 141
6.3. Resistência à compressão do concreto – 𝒇𝒄𝒌 ...................................................... 143
Distribuição de ensaios 05 ............................................................................ 143
Distribuição de ensaios 06 ............................................................................ 144
Distribuição de ensaios 07 ............................................................................ 146
6.4. Taxa de armadura longitudinal – 𝝆 ....................................................................... 148
Distribuição de ensaios 08 ............................................................................ 148
Distribuição de ensaios 09 ............................................................................ 149
Distribuição de ensaios 10 ............................................................................ 151
7. AVALIAÇÃO DE RESULTADOS: NORMA CSA A23.03-04/2004 (CSA) ................... 153
7.1. Relação entre o ponto de aplicação da carga e a altura útil – 𝒂/𝒅 ....................... 153
Distribuição de ensaios 01 ............................................................................ 153
Distribuição de ensaios 02 ............................................................................ 155
Distribuição de ensaios 03 ............................................................................ 156
7.2. Altura útil – 𝒅 ........................................................................................................ 158
Distribuição de ensaios 04 ............................................................................ 158
7.3. Resistência à compressão do concreto – 𝒇𝒄𝒌 ...................................................... 160
Distribuição de ensaios 05 ............................................................................ 160
Distribuição de ensaios 06 ............................................................................ 161
Distribuição de ensaios 07 ............................................................................ 163
7.4. Taxa de armadura longitudinal – 𝝆 ....................................................................... 165
Distribuição de ensaios 08 ............................................................................ 165
Distribuição de ensaios 09 ............................................................................ 166
Distribuição de ensaios 10 ............................................................................ 168
8. AVALIAÇÃO DE RESULTADOS: NORMA CEB-FIP ModelCode/2010 (CEBFIP) .... 170
8.1. Relação entre o ponto de aplicação da carga e a altura útil – 𝒂/𝒅 ....................... 170
Distribuição de ensaios 01 ............................................................................ 170
Distribuição de ensaios 02 ............................................................................ 172
Distribuição de ensaios 03 ............................................................................ 173
8.2. Altura útil – 𝒅 ........................................................................................................ 175
Distribuição de ensaios 04 ............................................................................ 175
8.3. Resistência à compressão do concreto – 𝒇𝒄𝒌 ...................................................... 177
Distribuição de ensaios 05 ............................................................................ 177
Distribuição de ensaios 06 ............................................................................ 178
Distribuição de ensaios 07 ............................................................................ 180
8.4. Taxa de armadura longitudinal – 𝝆 ....................................................................... 182
Distribuição de ensaios 08 ............................................................................ 182
Distribuição de ensaios 09 ............................................................................ 183
Distribuição de ensaios 10 ............................................................................ 185
9. AVALIAÇÃO DE RESULTADOS: NORMA EN 1992-1-1/2004 (EC2) ........................ 187
9.1. Relação entre o ponto de aplicação da carga e a altura útil – 𝒂/𝒅 ....................... 187
Distribuição de ensaios 01 ............................................................................ 187
Distribuição de ensaios 02 ............................................................................ 189
Distribuição de ensaios 03 ............................................................................ 190
9.2. Altura útil – 𝒅 ........................................................................................................ 192
Distribuição de ensaios 04 ............................................................................ 192
9.3. Resistência à compressão do concreto – 𝒇𝒄𝒌 ...................................................... 194
Distribuição de ensaios 05 ............................................................................ 194
Distribuição de ensaios 06 ............................................................................ 195
Distribuição de ensaios 07 ............................................................................ 197
9.4. Taxa de armadura longitudinal – 𝝆 ....................................................................... 199
Distribuição de ensaios 08 ............................................................................ 199
Distribuição de ensaios 09 ............................................................................ 200
Distribuição de ensaios 10 ............................................................................ 202
10. COMPARATIVO ENTRE NORMAS ........................................................................ 204
10.1. Parâmetro 𝒂/𝒅 (crit01)......................................................................................204
Distribuição de ensaios 01 ......................................................................... 204
Distribuição de ensaios 02 ......................................................................... 206
Distribuição de ensaios 03 ......................................................................... 208
10.2. Parâmetro 𝒅 (crit02).......................................................................................... 210
Distribuição de ensaios 04 ......................................................................... 210
10.3. Parâmetro 𝒇𝒄𝒌 (crit03) ...................................................................................... 212
Distribuição de ensaios 05 ......................................................................... 212
Distribuição de ensaios 06 ......................................................................... 214
Distribuição de ensaios 07 ......................................................................... 215
10.4. Parâmetro 𝝆 (crit04).......................................................................................... 217
Distribuição de ensaios 08 ......................................................................... 217
Distribuição de ensaios 09 ......................................................................... 219
Distribuição de ensaios 10 ......................................................................... 221
10.5. Gráficos comparativos de DP Collins ................................................................ 223
Parâmetro 𝒂𝒅 ............................................................................................ 223
Parâmetro 𝒅 .............................................................................................. 224
Parâmetro 𝒇𝒄𝒌 ........................................................................................... 225
Parâmetro 𝝆 ..............................................................................................227
11. CONCLUSÃO E SUGESTÕES DE TRABALHOS .................................................. 229
11.1. Considerações finais ........................................................................................ 229
11.2. Sugestões para trabalhos futuros ..................................................................... 231
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................232
APÊNDICE I – BANCO DE DADOS .................................................................................. 238
22

1. INTRODUÇÃO

O problema da estimativa da capacidade resistente ao cisalhamento de peças de

concreto armado tem sido objeto de estudo de pesquisadores e engenheiros estruturais há

mais de um século. Apesar da questão de peças sem armadura transversal ter sido

abordada ao longo das últimas décadas, ainda não há um consenso sobre um modelo

teórico a ser utilizado para a predição da capacidade resistente ao cisalhamento das

mesmas (TRAUTWEIN, 2014). Em parte devido à complexidade do comportamento global

das estruturas de concreto e à dificuldade de se estimar com precisão a parcela de

contribuição de cada um dos diferentes mecanismos resistentes à força cortante, a ausência

de um consenso sobre um modelo teórico para o colapso por cisalhamento de peças de

concreto armado evidencia que o estudo deste tema ainda apresenta uma ampla

possibilidade de avanço.

Os modelos atuais apresentam, em sua maioria, equações com bases semi-

empíricas para a formulação da capacidade resistente ao cisalhamento, partindo de

conceitos baseados na analogia da treliça generalizada de Mörsch ou na teoria do campo de

compressão modificado de Vecchio e Collins. O dimensionamento de uma seção de viga de

concreto armado a partir destes diferentes modelos pode apresentar resultados que

divergem significativamente.

1.1. Justificativa

A forma como uma seção de concreto armado responde quando solicitada por um

esforço cortante é abordada por teorias distintas quando comparam-se normas vigentes em

países diversos. Esta forma de abordagem divergente gera diferenças dos critérios

apresentados pelas normas e, comparando-se os valores resistentes calculados com


23

valores obtidos em ensaios encontrados em literaturas diversas, são encontrados para cada

norma índices de segurança diferentes. Além disso, este índice de segurança não se

mantém quando parâmetros tais como geometria da seção da viga, taxa de armadura

longitudinal, resistência do concreto ou relação entre a altura útil da viga e a distância do

carregamento utilizado são alterados.

Entre as questões que justificam estas diferenças, podem ser ressaltadas a forma

como as incertezas são aferidas e o avanço tecnológico e respectivo controle realizado

sobre os materiais empregados, além dos custos inerentes para a manutenção do grau de

segurança almejado, fatores estes que são intrínsecos a cada sociedade, sendo refletidos

nas normas adotadas pelas mesmas.

Este trabalho visa comparar quantitativamente as normas em estudo quanto à

resistência ao cisalhamento, via composição de banco de dados e análise estatística das

resistências apresentadas por cada norma e comparando-as com resultados de ensaios

obtidos na literatura.

1.2. Objetivos

Objetivo geral

Este trabalho tem como objetivo geral analisar os procedimentos de cálculo para a

resistência ao cisalhamento de vigas de concreto armado sem armadura de cisalhamento

segundo os critérios vigentes e normas NBR 6118/2014, ACI 318/2014, CEB-FIP

ModelCode/2010, CSA A.23.3/2004 e EN 1992-1-1/2004.


24

Objetivos específicos

1. Avaliar os critérios de cálculo apresentados pelas normas NBR 6118/2014,

ACI 318/2014, CEB-FIP ModelCode/2010, CSA A.23.3/2004 e EN 1992-1-1/2004 para a

parcela da resistência ao cisalhamento que corresponde à força cortante resistida pela

seção de concreto;

2. Avaliar a influência dos parâmetros da viga de concreto armado (taxa de

armadura longitudinal, altura útil da seção, resistência do concreto e relação entre a altura

útil da viga e a distância do carregamento utilizado) na resistência ao cisalhamento

apresentado pelo elemento estrutural.

1.3. Organização da dissertação

Esta dissertação está divida em 11 capítulos. O primeiro capítulo é a introdução ao

trabalho realizado. No segundo capítulo, são ilustrados os mecanismos básicos de

resistência ao cisalhamento e as formulações adotadas pelas normas NBR 6118/2014, ACI

318/2014, CEB-FIP ModelCode/2010, CSA A.23.3/2004 e EN 1992-1-1/2004. O terceiro

capítulo apresenta a metodologia adotada para execução do trabalho e a caracterização do

banco de dados de vigas compilado. Os capítulos 4 a 9 apresentam a avaliação de cada

uma das normas. A recomendações normatizadas têm então seus valores teóricos

calculados comparados com os resultados experimentais de vigas ensaiadas apresentadas

na literatura, com os resultados apresentados no capítulo 10. Esta comparação é feita

considerando-se cada parâmetro estudado de forma isolada. As conclusões e sugestões de

trabalhos futuros são apresentadas no capítulo 11.

O Apêndice I apresenta o banco de dados obtidos de vigas ensaiadas em

literaturas diversas, adotado para o comparativo com as normas em estudo.


25

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo são apresentadas as equações para o cálculo da resistência ao

cisalhamento, atualmente adotadas pelas normas em estudo. Os modelos teóricos que dão

origem às equações adotadas são descritos previamente à sua apresentação. Neste

capítulo são ainda citados os trabalhos que discorrem sobre as variáveis que influênciam na

resistência ao cisalhamento dos elementos estruturais e que serão levadas em

consideração neste estudo.

2.1. Esforços e tensões no modelo da treliça clássica

Conhecido atualmente como o modelo da treliça clássica, este modelo foi

originalmente criado por W. Ritter em 1899 (RITTER, 1899) e modificado por E. Mörsch em

1902 (MÖRSCH, 1902). Este modelo considera o elemento estrutural fissurado, sendo

caracterizado pelas seguintes considerações:

 Banzo superior comprimido (cordão de concreto);

 Banzo inferior tracionado (armadura longitudinal de tração), paralelo ao banzo

superior;

 Diagonais comprimidas (bielas) de concreto com uma inclinação 𝜃 = 45° em

relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural;

 Diagonais tracionadas (armadura transversal de cisalhamento) com uma

inclinação 𝛼 entre 45° e 90° em relação ao eixo longitudinal do elemento

estrutural.
26

A Figura 2-1 apresenta o esquema proposto no trabalho de W. Ritter. A

Figura 2-2 apresenta as considerações feitas por E. Mörsch para a treliça clássica.

Figura 2-1 – Analogia da treliça clássica como apresentada por Ritter (adaptado de

Ritter, 1899)

Figura 2-2 – Considerações de Mörsch para a treliça clássica (adaptado de Mörsch,

1902)
27

A Figura 2-3 apresenta um esquema com as considerações do modelo da treliça

clássica.

banzo superior comprimido


diagonal comprimida

𝛼
𝜃 = 45°

𝑣
diagonal tracionada banzo inferior tracionado

Figura 2-3 – Modelo da treliça clássica

2.2. Esforços e tensões no modelo da treliça generalizada

Tratando-se das armaduras transversais, o modelo criado por W. Ritter e E. Mörsch

apresenta resultados conservadores quando confrontados com resultados experimentais.

Em 1987 J. Schlaich e K. Schafer apresentaram uma adaptação da treliça clássica

(SCHLAICH, 1987). Este novo modelo ficou conhecido como modelo da treliça generalizada.

As adaptações feitas incluem a consideração de um ângulo de diagonais comprimidas 𝜃

variável e banzos não mais paralelos: o banzo comprimido inclina-se em direção ao apoio

na medida em que se aproxima do mesmo. As bielas seriam engastadas no banzo

comprimido, tornando o modelo altamente hiperestático. A Figura 2-4 apresenta a

adaptação proposta da treliça clássica.


28

Figura 2-4 – Treliça generalizada proposta por J. Schlaich (adaptado de Schlaich,

1987)

Para efeito de cálculo das tensões solicitantes, este modelo é habitualmente

apresentado como isostático, sendo a única diferença em relação ao modelo da treliça

clássica, o ângulo das bielas 𝜃 que deixa de ser fixo.

A Figura 2-5 apresenta as considerações do modelo da treliça generalizada, onde 𝑧

é a distância entre os centros dos banzos.

banzo superior
comprimido
diagonal comprimida 𝑃

𝛼
𝜃

diagonal tracionada banzo inferior


𝑣 = 𝑃 ⁄2 tracionado

Figura 2-5 – Modelo da treliça generalizada


29

2.3. Mecanismos básicos de resistência ao cisalhamento na diagonal

tracionada

Considerando a diagonal tracionada do elemento estrutural, as forças atuantes na

fissura estão representadas na Figura 2-6:

armadura de cisalhamento fissuras diagonais

𝐶
𝑣
𝑣
𝑇
𝑣 𝑣
𝑣

armadura longitudinal

Figura 2-6 – Forças atuantes em viga fissurada

A capacidade resistente nominal 𝑣 é em geral considerada igual à soma das

contribuições das diversas parcelas resistentes individuais apresentadas na Figura 2-6, as

quais incluem: a parcela 𝑣 resistida pela armadura de cisalhamento, a parcela 𝑣 devida ao

efeito de pino da armadura longitudinal, a parcela 𝑣 resistida pelo concreto não fissurado

acima da fissura diagonal, e a componente vertical 𝑣 de 𝑣 , devida ao intertravamento dos

agregados entre as faces da fissura (FUSCO, 2008). A Eq. 2-1 apresenta as componentes

que formam a capacidade resistente normal 𝑣 .

𝑣 =𝑣 +𝑣 +𝑣 +𝑣 Eq. 2-1
30

Para fins de projeto, os termos 𝑣 , 𝑣 e 𝑣 são habitualmente agrupados em um

único termo denominado 𝑣 , atribuído à resistência ao cisalhamento devida ao concreto na

diagonal tracionada. No caso de vigas altas (vigas-parede), além dos mecanismos

resistentes incluídos na equação acima, a transferência de força cortante por compressão

inclinada na biela resulta no efeito de arco, o qual eleva substancialmente a carga última de

cisalhamento. É importante salientar que o efeito de arco está condicionado a uma

adequada ancoragem da armadura longitudinal de flexão nos apoios.

Com relação aos mecanismos resistentes previamente citados, as seguintes

observações podem ser feitas, levando-se em consideração o concreto armado

convencional (sem o uso de fibras ou outros materiais que podem vir a alterar a forma como

o mecanismo resistente é caracterizado):

 O mecanismo resistente efetivo na zona comprimida após a fissuração

diagonal está intimamente relacionado à resistência do concreto. O

confinamento gerado pela armadura de cisalhamento contribui para

aumentar a resistência do concreto, aumentando portanto a parcela 𝑣 ;

 O mecanismo resistente devido ao intertravamento dos agregados entre as

faces da fissura é ativado somente após a ocorrência da fissuração diagonal

e se torna significativo à medida que ocorre deslizamento entre as faces da

fissura. Esse mecanismo está relacionado à microestrutura do concreto (e

consequentemente à sua resistência mecânica) e à energia de fraturamento

do concreto (responsável pelo grau de dutilidade do material). À medida que

a resistência do concreto aumenta, a superfície de fraturamento se torna

menos áspera (comportamento mais frágil), reduzindo a dutilidade do

material e consequentemente a parcela 𝑣 em termos relativos. A presença

de armadura de cisalhamento limita a abertura da fissura, aumentando a

dissipação de energia devida ao intertravamento dos agregados, o que

eleva a parcela resistente 𝑣 ;


31

 O mecanismo resistente devido ao efeito de pino da armadura longitudinal

depende da aderência concreto-armadura e da rigidez à flexão das barras da

armadura. Esse mecanismo é mais significativo em lajes do que em vigas. A

presença de armadura de cisalhamento tem uma influência positiva no efeito de

pino da armadura longitudinal, pois impede o deslocamento das barras

longitudinais;

 De todos os mecanismos expressos na equação, a contribuição direta da

armadura de cisalhamento 𝑣 é a menos complicada de se determinar. A sua

contribuição indireta citada em cada um dos três itens anteriores, a qual afeta

de forma benéfica a parcela resistente, é no entanto difícil de ser estimada com

precisão. Por conseguinte, essa contribuição indireta é ignorada na maioria das

normas de projeto, as quais consideram que a parcela 𝑣 é a mesma para vigas

com ou sem armadura de cisalhamento.


32

2.4. Esforços e tensões no modelo do campo de compressão

modificado

A teoria do campo de compressão modificado foi apresentada em 1986 por F. J.

Vecchio e M. P. Collins (VECCHIO, 1986). Trata-se de um modelo analítico para previsão da

relação carga-deformação de elementos de concreto armados sujeitos a esforços normais e

de cisalhamento atuantes no plano do elemento. O concreto fissurado é tratado como um

novo material com características de tensão-deformação próprias. As condições de

equilíbrio, compatibilidade e relação entre tensão e deformação são formuladas em termos

de valores médios das tensões e das deformações. Este modelo apresenta considerações

específicas para as tensões nas regiões fissuradas.

As relações entre tensão e deformação para o concreto fissurado foram

determinadas com base em 30 ensaios de painéis de concreto armado sujeitos a

carregamentos biaxiais uniformes pré-determinados, abrangendo também a atuação de

cisalhamento isolado. Estes ensaios evidenciaram que o concreto fissurado, quando

submetido a altas tensões de tração na direção normal à compressão, apresenta resistência

inferior quando comparado com os resultados de ensaios realizados com o corpo de prova

cilíndrico. Adicionalmente, tensões de tração significantes foram encontradas entre as

fissuras, mesmo quando submetido a altos valores de deformação média.


33

A Figura 2-7 apresenta a consideração da representatividade do modelo de paineis

ensaiados por Vecchio e Collins.

Figura 2-7 – Representatividade dos paineis ensaiados (adaptado de Bentz, 2006)


34

A Figura 2-8 apresenta de forma sintetizada as equações da teria do campo de

compressão modificado.

Figura 2-8 – Equações da Teoria do Campo de Compressão Modificado (adaptado

de Bentz, 2006)

No modelo do campo de compressão modificado mesmo os elementos que

apresentam apenas armaduras longitudinais obtém resistência ao cisalhamento

considerável após a fissuração, devido à contribuição destas armaduras na prevenção de

aberturas excessivas de fissuras. Em 1989 S. B. Bhide e M. P. Collins publicaram os

resultados de 24 ensaios de painéis de concreto armado com o objetivo de verificar esta

previsão do modelo, complementando os estudos já realizados neste campo (BHIDE, 1989).

Em 2006 E. C. Bentz, F. J. Vecchio, e M. P. Collins apresentaram uma formulação

simplificada do modelo do campo de compressão modificado (BENTZ, 2006). Esta

formulação simplificada foi elaborada a partir de considerações e relações encontradas com


35

os resultados obtidos pelo ensaio de 102 painéis de concreto armado submetidos ao

cisalhamento de forma isolada. As equações Eq. 2-2, Eq. 2-3 e Eq. 2-4 correspondem às

equações simplificadas da teoria do campo de compressão modificado.

𝑣 = 𝑣 + 𝑣 = β 𝑓 ′ + ρ𝑓 𝑐𝑜𝑡𝜃 Eq. 2-2

0,40 1300 Eq. 2-3


β= ×
1 + 1500𝜀 1000 + 𝑆

𝑆 Eq. 2-4
𝜃 = (29° + 7000𝜀 ) × 0,88 + ≤ 75°
2500

Onde:

β → parâmetro de espaçamento de abertura equivalente

θ → ângulo das fissuras

ρ → taxa de armadura de cisalhamento

𝜀 → deformação longitudinal no meio da seção transversal em análise

𝑆 → parâmetro de espaçamento de abertura equivalente

0,35𝑠 Eq. 2-5


𝑆 =
𝑎 + 16

Onde:

𝑎 → diâmetro máximo do agregado

𝑠 → espaçamento de abertura de fissuras na direção x


36

2.5. Recomendações de normas

Nesta seção são apresentadas as equações para o cálculo da resistência ao

cisalhamento de elementos de concreto armado dispostas nas normas vigentes em estudo,

baseadas nas teorias da treliça clássica / generalizada ou do campo de compressão

modificado.

NBR 6118/2014

O dimensionamento ao esforço cortante em vigas de concreto armado na NBR

6118/2014 é realizado com base na analogia da treliça generalizada de Mörsch. A soma da

resistência ao cisalhamento do concreto, do efeito de pino da armadura longitudinal e do

engrenamento entre os agregados são representados nesta norma pela parcela 𝑣 . Neste

procedimento deve-se respeitar um valor de armadura transversal mínimo.

Para lajes e elementos lineares, a NBR 6118/2014 apresenta outro procedimento

de cálculo com a possibilidade de ausência de armadura transversal, porém deve ser

respeitado o valor limite da altura altura últil da peça igual ou inferior a 1/5 de sua largura.

Embora o banco de dados compilado de vigas ensaiadas não atenda ao primeiro

procedimento e esteja quase que integralmente fora do limite apresentado pelo segundo,

ambos serão apresentados e farão parte do estudo comparativo como Procedimento I

(cálculo de 𝑣 para lajes) e Procedimento II (cálculo de 𝑣 para vigas), uma vez que a NBR

6118/2014 não dispõe de outra metodologia para estimativa da capacidade resistente ao

cisalhamento de vigas sem armadura transversal.


37

2.5.1.1. NBR - Procedimento I (NBR,I) – cálculo como lajes

A resistência ao cisalhamento de lajes e elementos lineares de concreto armado é

tratada na norma NBR 6118/2014, assim como para vigas, com formulações em termos de

limites máximos para o esforço cortante solicitante 𝑉 . Para elementos sem armadura

transversal, deve-se respeitar o limite dado para o esforço de cisalhamento apresentado na

Eq. 2-6.

𝑉 ≤𝑉 Eq. 2-6

A variável 𝑣 corresponde à força cortante resistente, sendo calculada pela Eq.

2-7.

𝑉 = 𝜏 𝑘(1,2 + 40𝜌 ) + 0,15𝜎 𝑏 𝑑 Eq. 2-7

Onde:

𝜏 = 0,25𝑓

𝑓 =𝑓 , ⁄𝛾

𝜌 → taxa de armadura longitudinal

𝜎 → tensão longitudinal na seção devida à protensão ou carregamento

Para elementos onde 50% da armadura longitudinal inferior não chega até o apoio,

adota-se 𝑘 = 1. Para os demais casos, adota-se 𝑘 = |1,6 − 𝑑|, com 𝑑 em metros,

respeitando-se o valor limite mínimo de 𝑘 = 1.

Para o cálculo da taxa de armadura longitudinal 𝜌 consideram-se apenas a área

das armaduras de tração que encontram-se devidamente ancoradas 𝐴 , respeitando pré-


38

requisitos de ancoragem definidos pela norma NBR 6118/2014 que não são objeto de

estudo deste trabalho.

𝐴 Eq. 2-8
𝜌 = ≤ 0,02
𝑏 𝑑

O cálculo da tensão longitudinal na seção devida à protensão ou carregamento 𝜎

é realizado conforma a Eq. 2-9.

𝑁 Eq. 2-9
𝜎 =
𝐴

Onde:

𝑁 → Força longitudinal na seção devida à protensão ou carregamento

𝐴 → Área da seção transversal de concreto

Os elementos apresentados neste trabalho não apresentam força longitudinal na

seção devida à protensão ou carregamento, portando a parcela 𝜎 é nula.

2.5.1.2. NBR - Procedimento II (NBR,II) – cálculo como vigas

A resistência ao cisalhamento de vigas de concreto armado é tratada na norma

NBR 6118/2014 com formulações em termos de limites máximos para o esforço cortante

solicitante 𝑉 . Este esforço está sujeito a valores limites conforme apresentado nas

equações Eq. 2-10 e Eq. 2-11.


39

𝑉 ≤𝑉 Eq. 2-10

𝑉 ≤𝑉 Eq. 2-11

A variável 𝑉 corresponde à resistência da diagonal comprimida (biela). A tensão

atuante nas diagonais compridas pode ser expressa conforme apresentado na equação Eq.

2-12, adotando-se as considerações representadas na Figura 2-5.

𝑉 Eq. 2-12
𝜎 =
𝑏 𝑧(𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃 + 𝑐𝑜𝑡𝑔𝛼)𝑠𝑒𝑛 𝜃

O valor da compressão limite é definido na norma NBR 6118/2014 como sendo

𝑓 , valor atribuído para quando a biela é atravessada por mais de um tirante, resultando

em fissuras transversais às tensões de compressão e reduzindo a resistência à compressão

da biela. O valor de 𝑓 é definido conforme apresentado na Eq. 2-13.

𝑓 = 0,60𝛼 𝑓 Eq. 2-13

Onde:

𝛼 = (1 − 𝑓 ⁄250), com 𝑓 em MPa

𝑓 = 𝑓 ⁄𝛾

No limite de resistência da biela temos portanto 𝜎 =𝑓 . Neste caso o termo 𝑣

é substituído por 𝑣 , valor correspondente ao limite de resistência da biela. Adotando-se

ainda como distância entre os banzos do modelo da treliça 𝑧 = 0,9𝑑, a equação Eq. 2-12

pode ser descrita conforme apresentado pela Eq. 2-14.


40

𝑉 =𝑓 𝑏 × 0,9𝑑(𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃 + 𝑐𝑜𝑡𝑔𝛼)𝑠𝑒𝑛 𝜃

𝑉 = 0,54𝛼 𝑓 𝑏 𝑑𝑠𝑒𝑛 𝜃(𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃 + 𝑐𝑜𝑡𝑔𝛼) Eq. 2-14

A equação Eq. 2-14 é apresentada na NBR 6118/2014 como modelo de cálculo II

do procedimento de cálculo da resistência ao cisalhamento. Neste modelo, o ângulo da

diagonal de compressão 𝜃 pode ser admitido com valores entre entre 30° e 45°.

A NBR 6118/2014 possibilita ainda um cálculo simplificado onde o ângulo da

diagonal comprimida 𝜃 é fixado em 45° - este modelo é apresentado como modelo de

cálculo I na NBR 6118/2014. A equação simplificada deste modelo está representada pela

Eq. 2-15.

𝑉 = 0,27𝛼 𝑓 𝑏 𝑑 Eq. 2-15

A variável 𝑣 corresponde à resistência da diagonal tracionada, constituída pela

presença da armadura transversal somada com a contribuição do concreto pelos

mecanismos apresentados em 2.3.

𝑉 = 𝑉 +𝑉 Eq. 2-16

O termo 𝑉 corresponde à resistência da armadura transversal. Para vigas onde

não há armadura trasnversal ao elemento estrutural, este termo torna-se nulo. O termo 𝑉

corresponde à contribuição do concreto na resistência ao cisalhamento na diagonal

tracionada. De acordo com o modelo apresentado na norma brasileira NBR 6118/2014 em

elementos estruturais com ausência de força normal, a resistência ao cisalhamento 𝑣 em

vigas de concreto armado é dada pela Eq. 2-17.

𝑉 = 0,6𝑓 , 𝑏 𝑑 Eq. 2-17


41

Onde:

𝑓 , → resistência característica inferior do concreto à tração

O valor de 𝑓 , é dado em função da resistência à tração direta do concreto,

conforme apresentado na Eq. 2-18.

𝑓 , = 0,7 × 𝑓 , Eq. 2-18

Na falta de ensaios para obtenção de valores da resistência à tração direta do

concreto 𝑓 , , a norma NBR 6118/2014 possibilita a utilização de seu valor médio calculado

por meio das equações Eq. 2-19 e Eq. 2-20.

Para concretos com resistência à compressão do concreto 𝑓 ≤ 50 𝑀𝑃𝑎:

𝑓 , = 0,3𝑓
/ Eq. 2-19

Para concretos com resistência à compressão do concreto 55 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑓 ≤ 90 𝑀𝑃𝑎:

𝑓 = 2,12 × 𝑙𝑛(1 + 0,11𝑓 ) Eq. 2-20

Em se tratando de vigas de concreto convencional e sem armadura transversal,

como a resistência à compressão do concreto é muito superior do que sua resistência à

tração, é notório que a ruína das diagonais tracionadas ocorre antes das bielas atingirem

sua capacidade resistente máxima. Neste procedimento, a variável determinante da

resistência ao cisalhamento é portanto 𝑉 .


42

ACI 318/2014 (ACI)

Analogamente à norma brasileira, o dimensionamento ao esforço cortante em vigas

de concreto armado conforme critérios da norma ACI 318/2014 é realizado com base na

analogia da treliça generalizada de Mörsch. A resistência ao cisalhamento 𝑣 na diagonal

tracionada é calculada conforme apresentado na Eq. 2-21.

𝑣 =𝑣 +𝑣 Eq. 2-21

O termo 𝑣 corresponde à resistência da armadura transversal, nulo para elementos

estruturais sem sua presença. Para estes elementos, o ACI 318/2014 define valores limites

para 𝑣 de acordo com sua altura. Caso a altura ℎ seja igual ou inferior a 25,4𝑐𝑚 adota-se a

equação Eq. 2-24.

𝑣 =𝑣 Eq. 2-22

Caso a altura ℎ seja superior a 25,4𝑐𝑚 adota-se a equação Eq. 2-25.

𝑣 = 0,5 × 𝑣 Eq. 2-23

O termo 𝑣 é definido pela norma ACI 318/2014 conforme apresentado pela Eq.

2-24:

𝑉𝑑 Eq. 2-24
𝑣 = 0,16𝜆 𝑓 ′ + 17𝜌 ×𝑏 𝑑
𝑀

Onde:
43

𝜆 → fator de modificação para concreto leve. Para concretos convencionais, 𝜆 = 1

A parcela da resistência do concreto 𝑣 está sujeita a valores limites conforme

apresentado nas equações Eq. 2-25 e Eq. 2-26.

𝑣 ≤ 0,16𝜆 𝑓 ′ + 17𝜌 ×𝑏 𝑑 Eq. 2-25

𝑣 ≤ 0,29𝜆 𝑓 ′𝑏 𝑑 Eq. 2-26

O ACI 318/2014 impõe um limite máximo para a consideração da resistência do

concreto 𝑓 ′ na formulação apresentada acima, no valor de 68,95𝑀𝑃𝑎. Este limite é atribuído

quando o elemento estrutural não respeita o valor mínimo de armadura transversal

apresentado nesta norma.

A verificação ao cisalhamento é realizada comparando-se a capacidade resistente

fatorada com a carga última:

𝜙𝑣 ≥ 𝑣 Eq. 2-27

Onde:

𝜈 → força de cisalhamento solicitante fatorada

𝜙 → fator de redução da resistência


44

CSA A23.03-04/2004 (CSA)

O código canadense CSA A23.03-04/2004 apresenta formulações baseadas na

teoria do campo de compressão modificado. A verificação ao cisalhamento é realizada

comparando-se a capacidade resistente fatorada com a carga última conforme apresentado

na Eq. 2-28:

𝑣 ≥𝑣 Eq. 2-28

Onde:

𝜈 → força de cisalhamento última solicitante fatorada

𝜈 → força de cisalhamento resistente fatorada

A força de cisalhamento resistente é calculada pela Eq. 2-29.

𝑣 = 𝑣 +𝑣 +𝑣 Eq. 2-29

Onde:

𝜈 → componente na direção da força de cisalhamento aplicada devida à protensão

𝜈 → resistência ao cisalhamento devida à armadura transversal

Para os elementos estruturais sem armadura transversal e que não apresentam

esforços longitudinais ao elemento, 𝑣 = 0 e 𝑣 = 0, portanto a força de cisalhamento

resistente pode ser expressa como 𝑣 = 𝑣 .

O termo 𝑣 correspondente à parcela de resistência ao cisalhamento do concreto é

calculado conforme apresentado na Eq. 2-30.


45

𝑣 = ∅ 𝜆𝛽 𝑓 ′𝑏 𝑑 Eq. 2-30

Onde:

𝜙 → fator de redução da resistência

𝜆 → fator de modificação para concreto leve. Para concretos convencionais, 𝜆 = 1

𝛽 → fator que considera os efeitos da deformação do elemento estrutural e o

espaçamento de fissuras

𝑑 → altura efetiva ao cisalhamento, tomada como o maior valor entre 0,9𝑑 e 0,72ℎ

O CSA A23.03-04/2004 apresenta dois cálculos diferentes para o parâmetro 𝛽, um

descrito como modelo simplificado e outro descrito como modelo geral. As equações

apresentadas neste trabalho correspondem ao modelo geral.

O valor do coeficiente 𝛽 é calculado em função da deformação longitudinal 𝜀 do

elemento e do espaçamento de fissuras, representado pelo parâmetro 𝑆 , conforme

expresso pela Eq. 2-31.

0,40 1300 Eq. 2-31


𝛽= ×
1 + 1500𝜀 1000 + 𝑆

Onde:

𝜀 → deformação longitudinal no meio da seção transversal em análise

𝑆 → parâmetro de espaçamento de abertura equivalente

Na falta de cálculos mais precisos, o termo 𝜀 pode ser tomado como disposto na

Eq. 2-32, já simplificada para casos onde não há protensão ou carregamentos longitudinais

ao elemento estrutural.
46

𝑀 ⁄𝑑 + 𝑣 Eq. 2-32
𝜀 =
2(𝐸 𝐴 )

Onde:

𝐸 → módulo de elasticidade do aço

𝑣 → força de cisalhamento solicitante fatorada

𝑀 → momento fletor solicitante fatorado

𝐴 → área de armadura longitudinal

𝑑 → altura efetiva ao cisalhamento, tomada como o maior valor entre 0,9𝑑 e 0,72ℎ

Na Eq. 2-32 os valores de 𝑀 e 𝑣 são sempre positivos e 𝑀 tem como valor

mínimo 𝑣 𝑧. O valor da deformação 𝜀 não deve ser inferior a zero, caso contrário deve ser

tomado como zero ou o denominador na Eq. 2-41 deve considerar ainda a parcela de

contribuição do concreto 𝐸 𝐴 . Neste caso, o valor mínimo passa para 𝜀 é −0,0002. Para

ambos os casos, o valor máximo para 𝜀 é 0,003.

O termo 𝑆 presente na Eq. 2-31 é obtido pelo cálculo apresentado na Eq. 2-33.

35𝑑 Eq. 2-33


𝑆 = ≥ 0,85𝑑
15 + 𝑎

Onde:

𝑎 → diâmetro máximo do agregado

𝑑 → altura efetiva ao cisalhamento, tomada como o maior valor entre 0,9𝑑 e 0,72ℎ

Para efeito de cálculo de 𝑆 , o diâmetro do agredado é considerado nulo quando

𝑓 ′ ≥ 70𝑀𝑃𝑎. Esta consideração é adotada para representar o efeito do rompimento do


47

agregado em conjunto com o concreto quando de resistência elevada. Neste caso, o

agregado não contribui com a rugosidade da fissura e consequente acréscimo da resistência

ao cisalhamento, reduzindo o efeito de imbricamento. Para evitar descontinuidade desta

parcela, o CSA A23.03-04/2004 propõe que o valor de 𝑎 seja interpolado na faixa

60𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑓 ′ ≤ 70𝑀𝑃𝑎, reduzindo a zero para 𝑓 = 70𝑀𝑃𝑎.

A resistência ao cisalhamento 𝑣 deve respeitar o limite definido na Eq. 2-34

𝑣 ≤ 0,25∅ 𝑓 ′𝑏 𝑑 + 𝑣 Eq. 2-34

Critérios de armadura mínima podem ser negligenciados quando o elemento

estrutural respeitar as seguintes equações:

𝑣 ≤𝑣 +𝑣 Eq. 2-35

𝑏 ≤ 750mm Eq. 2-36

Há também uma limitação quando ao momento torçor máximo, como critério para

adoção de armadura mínima. O estudo de torção não é objeto de estudo deste trabalho.
48

CEB-FIP ModelCode/2010 (CEBFIP)

O modelo apresentado pelo CEB-FIP ModelCode/2010 apresenta formulações

baseadas na teoria do campo de compressão modificado. A resistência ao cisalhamento

total é calculada pela Eq. 2-37.

𝑣 =𝑣 , +𝑣 , Eq. 2-37

Onde:

𝜈 → força de cisalhamento resistente

𝜈 , → força de cisalhamento resistente devida ao concreto

𝜈 , → força de cisalhamento resistente devida à armadura transversal

O termo 𝑣 , é calculado conforme apresentado na Eq. 2-38.

𝑓 Eq. 2-38
𝑣 , =𝐾 𝑏 𝑧
𝛾

Onde:

𝐾 → fator que considera os efeitos da deformação do elemento estrutural e o

espaçamento de fissuras

𝛾 → coeficiente de minoração da resistência do concreto

O valor de 𝑓 na Eq. 2-38 é limitado a 64𝑀𝑃𝑎. O modelo apresentado pelo CEB-

FIP ModelCode/2010 justifica a utilização de um limite para a resistência do concreto por


49

conta da grande variabilidade da parcela resistente ao cisalhamento quando utilizados

concretos de alta resistência, principalmente para elementos sem armadura transversal.

O CEB-FIP ModelCode/2010 apresenta para o cálculo da resistência ao

cisalhamento de vigas de concreto armado três procedimentos distintos, declarados como

níveis de aproximação I, II e III. O nível de aproximação I é sugerido para o

dimensionamento de novas estruturas, servindo para elementos com ou sem armadura

transversal. Neste nível, o ângulo da biela é fixo: 𝜃 = 36°. O nível de aproximação II é

indicado tanto para o dimensionamento de novas estruturas quanto para a verificação de

estruturas existentes. Neste nível, a contribuição da resistência do concreto no cisalhamento

é negligenciada. O nível de aproximação III é indicado para casos com carregamentos

complexos ou onde é necessária uma avaliação mais rigorosa da estrutura. Este nível

apresenta o maior grau de complexidade e melhor aproximação dos resultados obtidos entre

os apresentados neste procedimento.

As disposições apresentadas neste trabalho fazem parte do nível de aproximação

III. As equações deste procedimento no nível III são semelhantes aos apresentados pela

norma CSA A23.03-04/2004, em seu modelo geral.

Quando não há armadura transversal, o valor do fator 𝐾 é calculado pela Eq. 2-39.

0,40 1300 Eq. 2-39


𝑘 = ×
1 + 1500𝜀 1000 + 0,7𝑘 𝑧

Onde:

𝑘 → parâmetro de espaçamento de abertura equivalente

O parâmetro 𝜀 é calculado pela Eq. 2-41, já simplificada para casos onde não há

protensão ou carregamentos longitudinais ao elemento estrutural.


50

𝑀 ⁄z + 𝑣 Eq. 2-40
𝜀 =
2(𝐸 𝐴 )

Assim como na norma canadense CSA A23.03-04/2004, na Eq. 2-41 os valores de

𝑀 e 𝑣 são sempre positivos e 𝑀 tem como valor mínimo 𝑣 𝑧. O valor da deformação 𝜀

não deve ser inferior a zero, caso contrário deve ser tomado como zero ou o denominador

na Eq. 2-41 deve considerar ainda a parcela de contribuição do concreto 𝐸 𝐴 . Neste caso,

o valor mínimo passa para 𝜀 é −0,0002. Para ambos os casos, o valor máximo para 𝜀 é

0,003.

O parâmetro 𝑘 é calculado pela Eq. 2-41.

0,48 Eq. 2-41


𝑘 = ≥ 1,15
16 + 𝑎

Este fator relativo ao diâmetro do agredado é também limitado conforme

apresentado na norma canadense CSA A23.03-04/2004. O intervalo interpolado para zerar

o diâmetro do agregado no CEB-FIP ModelCode/2010 é 64𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑓 ≤ 70𝑀𝑃𝑎.

A resistência final deve ser limitada pela Eq. 2-42, já readequada para casos sem

armadura transversal e considerando o modelo de aproximação III.

𝑓 Eq. 2-42
𝑣 ≤𝐾 𝑏 𝑧
𝛾

O parâmetro 𝐾 é calculado conforme segue na Eq. 2-43.


51

30 Eq. 2-43
𝐾 ≤ 0,55 𝑓
0,55

EN 1992-1-1/2004 (EC2)

O valor da resistência ao cisalhamento apresentado no procedimento de cálculo do

Eurocode EN 1992-1-1 (2004) para elementos estruturais que não apresentam armadura

transversal é calculado conforme expresso na Eq. 2-44.

𝑣 = 𝐶 𝑘(100𝜌 𝑓 ) +𝑘 𝜎 𝑏 𝑑 Eq. 2-44


, ,

Onde:

𝐶 , → parâmetro com valor recomendado de 0,18⁄𝛾

𝜌 → taxa ded armadura longitudinal

𝑘 = 0,15

𝜎 → tensão longitudinal devida à protensão ou carregamento

Para o cálculo do valor da taxa de armadura longitudinal 𝜌 considera-se apenas a

área das armaduras de tração 𝐴 , que se estende até não menos que 𝑑 + 𝑙 além da

seção considerada, onde 𝑙 é o comprimento de ancoragem de projeto.

𝐴 Eq. 2-45
𝜌 = ≤ 0,02
𝑏 𝑑
52

O parâmetro 𝑘 é calculado de acordo com a Eq. 2-46.

Eq. 2-46
200
𝑘 =1+ ≤2
𝑑

O cálculo da tensão longitudinal na seção devida à protensão ou carregamento 𝜎

é realizado conforma a Eq. 2-47.

𝑁 Eq. 2-47
𝜎 =
𝐴

Onde:

𝑁 → Força longitudinal na seção devida à protensão ou carregamento

𝐴 → Área da seção transversal de concreto

Os elementos apresentados neste trabalho não apresentam força longitudinal na

seção devida à protensão ou carregamento, portando a parcela 𝜎 é nula.

O valor da resistência ao cisalhamento deve ainda seguir um valor mínimo,

conforme estabelecido pela Eq. 2-48.

𝑣 ≥ 0,035k 𝑓 Eq. 2-48


,
53

Resumo das equações das normas

As equações das normas apresentadas nos itens 2.5.1 a 2.5.5 seguem resumidas

na Tabela 2-1.

Tabela 2-1 – Resumo das equações para cisalhamento das normas


𝐴
NBR,I 𝑣 = 𝜏 𝑘(1,2 + 40𝜌 ) + 0,15𝜎 𝑏 𝑑 𝜌 = ≤ 0,02
𝑏 𝑑
(treliça 1 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐴 < 0,5𝐴
𝑘= 𝑁
generalizada)
|1,6 − 𝑑| 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜𝑠 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠 𝜎 =
𝐴

𝑣 = 0,6𝑓 , 𝑏 𝑑 𝑓 , = 0,7 × 𝑓 ,
NBR,II

(treliça /
𝑓 , = 0,3𝑓 (𝑓 ≤ 50 𝑀𝑃𝑎)
generalizada)
𝑓 = 2,12 × 𝑙𝑛(1 + 0,11𝑓 ) (55 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑓 ≤ 90 𝑀𝑃𝑎)

ACI
𝑉𝑑 0,29𝜆 𝑓 ′𝑏 𝑑
(treliça
𝑣 = 0,16𝜆 𝑓 ′ + 17𝜌 ×𝑏 𝑑 𝑣 ≤
𝑀 0,16𝜆 𝑓 ′ + 17𝜌 × 𝑏 𝑑
generalizada)

𝑣 = ∅ 𝜆𝛽 𝑓 ′𝑏 𝑑
CSA
35𝑑
0,40 1300 𝑆 = ≥ 0,85𝑑
(campo de 𝛽= × 15 + 𝑎
1 + 1500𝜀 1000 + 𝑆
compressão
𝑣 ≤ 0,25∅ 𝑓 ′𝑏 𝑑 + 𝑣
𝑀 ⁄𝑑 + 𝑣
modificado) 𝜀 =
2(𝐸 𝐴 )

0,48
𝑓 𝑘 = ≥ 1,15
𝑣 , =𝐾 𝑏 𝑧 16 + 𝑎
CEBFIP 𝛾
𝑓
(campo de 0,40 1300 𝑣 ≤𝐾 𝑏 𝑧
𝑘 = × 𝛾
1 + 1500𝜀 1000 + 0,7𝑘 𝑧
compressão
30
modificado) 𝑀 ⁄z + 𝑣
𝜀 = 𝐾 ≤ 0,55 𝑓
2(𝐸 𝐴 )
0,55

EC2
𝑣 , = 𝐶 , 𝑘(100𝜌 𝑓 ) +𝑘 𝜎 𝑏 𝑑
(treliça 𝑣 ≥ 0,035k 𝑓
200 ,
𝑘 =1+ ≤2
generalizada) 𝑑
54

2.6. Influência dos parâmetros na resistência ao cisalhamento

A parcela resistênte ao cisalhamento dos elementos estruturais atribuída ao

concreto é influênciada por diversos parâmetros. Neste item serão apresentados estudos e

trabalhos realizados com o objetivo de elencar os parâmetros com maior representatividade

nesta influência.

Taxa de armadura longitudinal

A armadura longitudinal presente em elementos de concreto armado contribui em

sua resistência ao cisalhamento de duas formas distintas. É responsável pelo efeito de pino

que permite a transferência de esforços diagonais através das fissuras e, ao controlar a

abertura de fissuras, a armadura longitudinal garante a transferência de esforços dado pelo

engrenamento dos agregados ao longo da fissura.

A Figura 2-9 apresenta resultados de ensaios de vigas e lajes compilados por

Hedman, O. e Losberg, A. (1978), retratando a influência da taxa de armadura longitudinal

na resistência ao cisalhamento, esta apresentada em termos dos valores de momentos na

ocorrência da falha por cisalhamento. A Figura 2-11 apresenta esta mesma influência em

termos da tensão de ruptura por força cortante relacionada com o valor correspondente a

uma taxa de 1% de armadura longitudinal. A influência da taxa de armadura na resistência

ao cisalhamento do elemento estrutural é evidente em ambas as figuras.


55

Figura 2-9 – Influência da taxa de armadura longitudinal na resistência ao

cisalhamento (adaptado de Hedman, O.; Losberg, A., 1978)

Figura 2-10 – Influência da taxa de armadura longitudinal na resistência ao

cisalhamento (adaptado de Leonhardt, F., 1979)


56

Para isolar a relação entre a taxa de armadura longitudinal 𝜌 e a tensão de

cisalhamento 𝜏 , FUSCO (2008) apresentou um gráfico ajustando o eixo das tensões por

meio da variável 𝑦 definida pela Eq. 2-49:

𝜏 Eq. 2-49
𝑦 ≥
(1,6 − 𝑑) 𝑓

O termo (1,6 − 𝑑) é o parâmetro 𝑘 apresentado pela norma NBR 6118/2014 no

cálculo da resistência ao cisalhamento 𝑣 e corresponde à influência da altura útil do

elemento.

A Figura 2-11 divide a relação entre a taxa armadura longitudinal 𝜌 e a tensão de

cisalhamento 𝜏 em dois trechos, cuja relação é apresentada como linear e crescente até

𝜌 = 2% e constante a partir deste valor. O valor de 2% corresponde ao máximo valor de 𝜌

que a norma NBR 6118/2014 permite ser considerando como contribuição da armadura

longitudinal na resistência ao cisalhamento de 𝑣 .


57

Figura 2-11 – Influência da taxa de armadura longitudinal na resistência ao

cisalhamento (Fusco, 2008)

A regressão linear da distribuição de 𝜌 no trecho ≤ 2% é expressa pela Eq. 2-50:

𝑦 = 0,090(1 + 52𝜌) Eq. 2-50

Considerando-se a taxa de armadura longitudinal 𝜌: foi adotada como variável de

distribuição normal com 95% de probabilidade de ocorrência, a variável 𝑦 pode ser

expressa comforme apresentado na Eq. 2-51.

0,090 Eq. 2-51


𝑦 = (1 + 52𝜌)
1,33
58

Esta variável representa a relação entre a taxa de armadura longitudinal e a

resistência ao cisalhamento, sendo apresentada na Figura 2-11 pela equação simplificada

Eq. 2-52.

0,090 Eq. 2-52


𝑦 = (1 + 50𝜌)
1,33

Altura últil

A parcela de contribuição da armadura longitudinal na resistência ao cisalhamento

ao controlar a abertura de fissuras dos elementos de concreto armado está intimamente

ligada à altura do elemento em questão. À medida em que a altura da peça aumenta, a

distância da armadura de flexão distancia-se dos trechos superiores da seção, reduzindo a

capacidade de controle de fissuras atribuída à armadura longitudinal. Consequentemente, a

relação entre a tensão de cisalhamento resistente e a altura útil dos elementos estruturais

não é linear.

A Figura 2-12 apresenta a influência da altura útil na resistência ao cisalhamento,

em termos da tensão de ruptura por força cortante relacionada com o valor correspondente

a uma altura útil de 20𝑐𝑚.


59

Figura 2-12 – Influência da altura útil na resistência ao cisalhamento (adaptado de

Leonhardt, F., 1979)

Analogamente ao estudo da infuência da taxa de armadura longitudinal, FUSCO

(2008) apresentou a relação entre a altura útil do elemento estrutural e a tensão de

cisalhamento 𝜏 utilizando-se de um gráfico ajustando o eixo das tensões, isolando-a da

influência dos demais parâmetros. A variável de ajuste das tensões definida por 𝑦 é

apresentada conforme a Eq. 2-53.

𝜏 Eq. 2-53
𝑦 ≥
(1 + 50𝜌) 𝑓

A equação de 𝑦 corresponde à equação de 𝑦 fazendo-se a substituição do termo

denominador que representa a influência da altura útil do elemento (1,6 − 𝑑) pelo

denominador (1 + 50𝜌), que corresponde à influência da taxa de armadura longitudinal na

resistência ao cisalhamento.

A Figura 2-13 divide a relação entre a altura útil 𝑑 e a tensão de cisalhamento 𝜏

em dois trechos, cuja relação é apresentada como linear e decrescente até 𝑑 = 0,6𝑚 e

constante a partir deste valor. O valor de 0,6𝑚 corresponde ao valor máximo apresentado na
60

norma NBR 6118/2014 para o qual o “efeito de escala” na resistência ao cisalhamento em

peças de concreto armado atue de forma plena, minorando a resistência do elemento.

Figura 2-13 – Influência da altura útil na resistência ao cisalhamento (Fusco, 2008)

A regressão linear da distribuição de 𝑑 no trecho ≤ 0,6𝑚 é expressa pela Eq. 2-54:

𝑦 = 0,090(1,75 − 1,25𝑑) Eq. 2-54


61

Considerando-se a taxa de armadura longitudinal 𝑑: foi adotada como variável de

distribuição normal com 95% de probabilidade de ocorrência, a variável 𝑦 pode ser

expressa comforme apresentado na Eq. 2-55.

0,090 Eq. 2-55


𝑦 = (1,75 − 1,25𝑑)
1,36

Esta variável representa a relação entre a altura útil do elemento estrutural de

concreto armado e sua resistência ao cisalhamento, sendo apresentada na Figura 2-13 de

forma simplificada pela Eq. 2-56.

0,090 Eq. 2-56


𝑦 = (1,6 − 𝑑)
1,36

O termo (1,6 − 𝑑) corresponde à influência da altura útil do elemento na resistência

ao cisalhamento.
62

Relação entre a distância da carga pontual e a altura útil

De acordo com MACGREGOR & WIGHT (2012), em elementos estruturais onde a

carga é aplicada próxima aos apoios, a transferência de força cortante por compressão

inclinada na biela resulta no efeito de arco, levando os esforços de compressão diretamente

da região de aplicação até o apoio. Este efeito eleva significativamente a resistência ao

cisalhamento do elemento e está condicionado a uma adequada ancoragem da armadura

longitudinal de flexão nos apoios.

A Figura 2-14 apresenta a influência da relação entre a distância da carga pontual e

a altura útil 𝑎/𝑑 na resistência ao cisalhamento, em termos da tensão de ruptura por força

cortante.

Figura 2-14 – Influência da relação 𝑎/𝑑 na resistência ao cisalhamento (adaptado

de Leonhardt, F., 1979)


63

A Figura 2-15 (c) adaptada de MACGREGOR & WIGHT (2012) apresenta de forma

gráfica a capacidade máxima estrutural quanto a esforços cortantes no instante da falha do

elemento ou ocorrência de fissuração inclinada, em função da razão entre a distância da

carga pontual aplicada 𝑎 e a altura útil 𝑑 de uma viga sem armadura de cisalhamento. Neste

modelo a seção transversal do elemento estrutural permanece constante, ocorrendo apenas

variação da distância 𝑎.

De acordo com MACGREGOR & WIGHT (2012) vãos de cisalhamento muito curtos

com valores de 𝑎 inferiores à 𝑑, desenvolvem fissuras inclinadas que se estendem desde o

ponto de aplicação do carga até o apoio. Estas fissuras impedem o fluxo de cisalhamento

horizontal da armadura longitudinal para a zona de compressão, mudando o comportamento

de ação de viga para ação de arco. Desta forma, a armadura longitudinal serve como uma

tirante com tensão uniforme, exigindo atenção maior quanto à ancoragem em suas

extremidades. Vão curtos de cisalhamento com relação entre distância da carga e altura útil

no intervalo 1 ≤ 𝑎/𝑑 < 2,5 desenvolvem fissuras inclinadas, e após a redistribuição de

tensão são capazes de suportar carregamento adicional atribuída ao efeito de arco. Como a

fissura inclinada se prolonga a uma altura maior, dentro da viga, do que a fissura de flexão,

a falha ocorre antes que seja atingido o momento de flexão máximo.

Em elementos com vãos no intervalo 2,5 ≤ 𝑎/𝑑 < 6,5 as fissuras inclinadas

quebram o equilíbrio em tal magnitude que a viga falha no carregamento que provoca a

fissuração inclinada. Elementos muito esbeltos com 𝑎/𝑑 ≥ 6,5 falham por flexão antes da

formação de fissuras inclinadas. A Figura 2-15 (b) traduz esta relação entre a capacidade

estrutural em termos de momentos e a “esbeltez” 𝑎/𝑑 da peça.


64

Figura 2-15 – Influência da relação 𝑎/𝑑 na resistência ao cisalhamento (adaptado

de MacGregor, J. G.; Wight, J. K., 2012)


65

Resistência à compressão do concreto

A resistência ao cisalhamento dos elementos estruturais pode ser traduzida como a

capacidade de suporte de carga do elemento, estando diretamente relacionada com a

resistência do concreto. A resistência do concreto é normalmente representada por sua

resistência à compressão e à tração, sendo cada tipo de resistência avaliada de acordo com

o mecanismo de falha que a estrutrura apresenta. Como as fissuras no concreto são

decorrentes de tensões principais de tração, a resistência do concreto à tração tem maior

influência na resistência ao cisalhamento destes elementos. Esta hipótese amplamente

aceita por muitos pesquisadores e é apresentada em quase todas as normas.

A resistência à tração do concreto é usualmente descrita em normas em função da

sua resistência à compressão, sendo tanto pela sua raiz quadrada quanto pela sua raiz

cúbica. Não há consenso nas normas para o valor adotado; enquanto o Eurocode EN 1992-

1-1 (2004) considera a raiz cúbica, a relação adotada pelo ACI 318/2014 é dada pela raiz

quadrada.

Ao descrever a influência de outros parâmetros na resistência ao cisalhamento,

FUSCO (2008) considerou a raiz quadrada tanto ao avaliar a taxa de armadura longitudinal

(Figura 2-11) quanto para a altura útil do elemento estrutural (Figura 2-13).

A Figura 2-16 apresenta os parâmetros que influenciam a resistência ao

cisalhamento citados neste estudo em termos da raiz cúbica da resistência à compressão do

concreto, relação que é considerada nas equações encontradas no MODEL CODE MC 90 e

MODEL CODE MC 2010 do CEB/FIP.


66

Figura 2-16 –Resistência ao cisalhamento em função dos parâmetros (adaptado de

fib bulletin 2, 1999)


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Gráficos da influência dos parâmetros nas equações de normas

Para apresentar a influência dos parâmetros nas equações de normas de forma

gráfica, elaborou-se um banco de dados fctício atribuindo-se valores em um intervalo pré-

determinado para os parâmetros. Os intervalos dos valores fictícios dos parâmetros foram

adotados de forma que apresentassem semelhança com os intervalos apresentados no

banco de dados de vigas de ensaios, validando a comparação entre os resultados obtidos. A

partir destes valores foram elaborados os traçados das resistências em função dos

parâmetros em estudo para cada norma.

Para o banco de dados fictício, os intervalos considerados foram:

 Taxa de armadura longitudinal: 0,23% ≤ 𝜌 ≤ 2,00%;

 Altura útil: 450𝑚𝑚 ≤ 𝑑 ≤ 2250𝑚𝑚;

 Relação entre a distância da carga pontual e a altura útil: 1,50 ≤ 𝑎/𝑑 ≤ 4,00;

 Resistência à compressão do concreto: 20𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑓 ≤ 80𝑀𝑃𝑎.

É importante ressaltar que para manter a validade das equações de cada norma,

existem limites diferentes para os intervalos dos parâmetros apresentados a serem

respeitados. Para a elaboração gráfica de um comparativo entre equações de normas, serão

representadas as curvaturas de influência considerando os intervalos citados. Cada intervalo

foi subdividido em 5 valores. Os valores adotados estão apresentados na Tabela 2-2.

Tabela 2-2 – Valores adotados para cada intervalo de parâmetro

𝜌 𝑑 𝑎 ⁄𝑑 𝑓
[%] [𝑚𝑚] [−] [𝑀𝑃𝑎]
0,23 450 1,50 20
0,67 600 2,13 30
1,12 900 2,75 40
1,56 1800 3,38 60
2,00 2250 4,00 80
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O eixo vertical apresentado nos gráficos desta seção corresponde à tensão

resistente de cisalhamento  , calculada conforme descrito na Eq. 2-57.

𝜈 Eq. 2-57
𝜏 =
𝑏 𝑑

Onde:

𝑣 → força de cisalhamento resistente para cada norma, conforme Tabela 2-1.

2.6.5.1. Taxa de armadura longitudinal

O Gráfico 2-1 apresenta a influência da taxa de armadura longitudinal na resistência

ao cisalhamento, para as equações das normas em estudo. Para elaboração deste gráfico,

o parâmetro taxa de armadura longitudinal é variável no intervalo definido pela Tabela 2-2,

sendo os demais parâmetros estabelecidos com valores fixos, de forma a isolar o efeito da

influência da taxa de armadura longitudinal. Os valores atribuídos aos demais parâmetros

foram: 𝑑 = 450𝑚𝑚; 𝑎⁄𝑑 = 1,50 e 𝑓 = 30𝑀𝑃𝑎.


69

Gráfico 2-1 – Influência da taxa de armadura longitudinal conforme normas

Tanto a formulação da norma ACI quando da NBR,I representam de forma linear a

relação entre a resistência ao cisalhamento e a taxa de armadura longitudinal, sendo que a

influência é mais acentuada na norma brasileira. A formulação da NBR,II não considera a

taxa de armadura longitudinal em suas equações. As formulações apresentadas pelas

normas EC2, CSA e CEB-FIP apresentam um acréscimo da resistência ao cisalhamento

com o aumento da taxa de armadura, porém de forma não linear.

2.6.5.2. Altura útil

O Gráfico 2-2 apresenta a influência da altura útil na resistência ao cisalhamento,

para as equações das normas em estudo. Para elaboração deste gráfico, o parâmetro altura

útil é variável no intervalo definido pela Tabela 2-2, sendo os demais parâmetros

estabelecidos com valores fixos, de forma a isolar o efeito da influência da altura útil. Os

valores atribuídos aos demais parâmetros foram: 𝜌 ≤ 2,00%; 𝑎⁄𝑑 = 1,50 e 𝑓 = 30𝑀𝑃𝑎.
70

Gráfico 2-2 – Influência da altura útil conforme normas

Tanto a formulação da norma ACI quando da NBR,II não apresentam variação da

resistência ao cisalhamento em função de variações da altura útil do elementoi estrutural. A

formulação da NBR,II não considera a taxa de armadura longitudinal em suas equações. A

formulação NBR,I apresenta uma descontinuidade da consideração da influência da altura

útil, sendo esta relação descrescente até 𝑑 = 600𝑚𝑚 e constante a partir deste valor. Esta

consideração feita pela norma é conforme descrito no item 2.6.2. As formulações

apresentadas pelas normas EC2, CSA e CEBFIP apresentam uma curva decrescente da

resistência ao cisalhamento com o aumento da altura útil, sendo mais acentuada para as

duas últimas.
71

2.6.5.3. Relação entre a distância da carga pontual e a altura útil

O Gráfico 2-3 apresenta a influência da relação entre a distância da carga pontual e

a altura útil na resistência ao cisalhamento, para as equações das normas em estudo. Para

elaboração deste gráfico, o parâmetro 𝑎⁄𝑑 é variável no intervalo definido pela Tabela 2-2,

sendo os demais parâmetros estabelecidos com valores fixos, de forma a isolar o efeito da

influência da altura útil. Os valores atribuídos aos demais parâmetros foram: 𝜌 ≤ 2,00%; 𝑑 =

450𝑚𝑚 e 𝑓 = 30𝑀𝑃𝑎.

Gráfico 2-3 – Influência da relação 𝑎/𝑑 conforme normas

As formulações das normas EC2, NBR,I e NBR,II não apresentam influência da

relação 𝑎⁄𝑑 na resistência ao cisalhamento. As formulações da norma ACI, CSA e CEBFIP

apresentam uma curva decrescente da resistência ao cisalhamento com o aumento da

relação 𝑎⁄𝑑 , sendo mais acentuada para as duas últimas.


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2.6.5.4. Resistência à compressão do concreto

O Gráfico 2-4 apresenta a influência da resistência à compressão do concreto na

resistência ao cisalhamento, para as equações das normas em estudo. Para elaboração

deste gráfico, o parâmetro 𝑓 é variável no intervalo definido pela Tabela 2-2, sendo os

demais parâmetros estabelecidos com valores fixos, de forma a isolar o efeito da influência

da altura útil. Os valores atribuídos aos demais parâmetros foram: 𝜌 ≤ 2,00%; 𝑑 = 450𝑚𝑚 e

𝑎⁄𝑑 = 1,50.

Gráfico 2-4 – Influência da resistência à compressão do concreto conforme normas

Todas as formulações das normas apresentam curvatura crescente da resistência

ao cisalhamento em função do acréscimo da resistência à compressão do concreto. As

formulações NBR,I e NBR,II apresentam influência maior do 𝑓 quando comparadas às

demais. As curvaturas encontradas para a formulação da norma ACI e EC2 são similares.
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As formulações apresentadas pela norma CSA e CEBFIP apresentam resultados de

curvatura extremamente próximos.

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