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O cenário popular brasileiro, desde que me identifico como gente, é permeado de mitos, muitas vezes

tidos como verdade sem uma única ponderaçao sequer na relevância dos fatos.

Lembro de determinada vez em que, ao colocar água para ferver a fim de aprontar um café, minha irmã
se virou para mim e comentou que "a água gelada esquentava mais rápido". De certo, a partir de minhas
próprias experiências empíricas, muito frequentes até, de se aprontar um café, concluí imediatamente
que colocando um água fria na panela a mesma demoraria mais a ferver, acarretando assim uma demora
insuportável até o ato de consumar meu estimado café.

Minha irmã nao agiu por má fe ou mesmo com um objetivo sinistro de atrasar minha degustaçao, muito
menos havia proferido uma mentira.

No cenário político-econômico, amparadas numa espécie de incultura popular, informações cruas sao
jogadas a esmo ou mesmo maquiadas e de novo jogadas a esmo, cabe a todos o trabalho de digerir
essas informações e processá-las, não se passando por meros papagaios de intelectuais piratas, que
ecoam opnioes de terceiros aos quatro ventos não sustentando-as ante as mínimas indagações

A criaçao de riquezas é tema recorrente no livro, o estado nao se incumbe desta, pelo contrário, teima
em restringi-la sob diversos nomes bonitos: crescimento inteligente, proteção ao trabalhador, design,
revitalizaçao. Todos nomes usados para atrapalhar as partes que querem negociar, impondo-se como um
terceiro no acordo e diminuindo assim o lucro real dos dois anteriores envolvidos.

O estado é mestre em causar, com suas "políticas públicas", os problemas que ele se mostra como o
único capaz de resolver, atraindo assim diversos militantes em prol de pautas que nao signifcam nada
além da defesa da mesquinharia e atraso.

A classe pensante no Brasil atual, que muitos apontariam sendo os universitários, abraçam bandeiras de
partidos que parecem competir quem segura mais a economia. O ato de pensar e criticar o governo fica
a cargo de pessoas ideologicamente ofendidas, e que irão denegrir e tornar vil, a fim de se manter num
patamar mais alto que seu adversario politico, até mesmo atos singelos e por vezes sutilmente nobres.

Ademais as falácias contrastadas com as realidades são muitas, seu capítulo sobre falácias de cunho
racial é algo a ser relido. Merece destaque o caso das incongruências nos ganhos entre homens e
mulheres, onde o fato nao é questionado, sendo esta uma linha (a de "nao constestadora dos dados")
característica do livro, porém as interpretaçoes falaciosas dos mesmos sao seu alvo.

Sua tese central pode ser entendida na mesma cultura popular muitas vezes agredida por teorias
sinistras e contraditorias: "Quem sabe da minha vida sou eu"

essa máxima é utilizada no livro, não nestes termos é claro, mas em sua essência. Afinal ninguém mais
apto a decidir onde investir, onde trabalhar e o que poupar do que o próprio pagador de impostos.
Atribuir ao estados poderes de manipulação tão grandes de massas com suas leis e regras estranhas faz
com que aquele se sinta dotado do "dever" de redimir o rumo do povo, atribuir a si a missao de salvador
arruinou diversos países na história do sculo XX, daí a preocupação com a amplitude do poder estatal.
Um livro iluminador, com sua linguagem cativante e em nenhum momento perdendo o fôlego, cativa os
leitores distantes deste universo (político/econômico), assim como eu, e os traz a luz da reflexão, sempre
duvidando de teses de cunho marxista de um contra o outro, bem contrao mal e afins. A riqueza é uma
participaçao conjunta, e se depois de ler esse livro as falácias não passarem por você sem mais serem
analisadas, entao o objetivo do mesmo terá sido atingido.

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